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ALINE NASCIMENTO LINS

CÁLCULO VETORIAL
UNIDADE 5

CAMPOS ESCALARES E
VETORIAIS

1. CAMPOS ESCALARES E VETORIAIS

Neste capítulo, vamos entender qual a diferença de um campo escalar e de um campo


COMPETÊNCIAS

vetorial. Você irá aprender que podemos utilizar as curvas (superfícies) de nível para
estudar o comportamento de uma função, sem a necessidade de construir o gráfico
dela, que em alguns casos podem ser bem complicados. Esse conhecimento é funda-
mental para o desenvolvimento da sua profissão. E então? Motivado para desenvolver
essa competência? Então, vamos lá. Avante!

1.1 CAMPOS ESCALARES


Um campo escalar, ou função escalar, é uma função que nos retorna a um escalar.
Podemos ter um campo escalar que depende de uma única variável ou de várias vari-
áveis. Você já deve ter estudado funções de uma única variável ao longo do seu curso
(funções do tipo , em que a função depende apenas de e retorna a um valor
). Aqui, estamos interessados em estudar campos escalares de várias variáveis, por
simplicidade, vamos começar com funções escalares de duas variáveis. Para visualizar
melhor o que será discutido, imagine que esteja interessado em determinar a tempera-
tura, , em um dado ponto da superfície da Terra em um dado instante de tempo, note
que essa medida irá depender de duas grandezas, a longitude, , e a latitude, . Desse
modo, pode-se dizer que a temperatura é uma função do par (STEWART, 2010).
Indicamos essa dependência funcional escrevendo .

1.1.1 Campos escalares de duas variáveis

Uma função de duas variáveis é uma regra que associa, a cada par ordenado de
números reais de um conjunto , um único valor real denotado por .O
conjunto é o domínio de , e sua imagem é o conjunto de valores possíveis de ,
ou seja, . Frequentemente, escrevemos para
tornar explícitos os valores tomados por em um ponto genérico . As variáveis
e são as variáveis independentes, e a variável é a variável dependente.

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IMPORTANTE

Um campo escalar de duas variáveis é uma regra que transforma um par ordenado de
um subconjunto de num único número real.

Figura 01. Domínio e imagem de uma função de duas variáveis

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

EXEMPLO:

O domínio da função é o subconjunto de :

De fato, note que se , teremos zero no denominador, logo não pode per-
tencer ao domínio dessa função. E a raiz quadrada só existe (no conjunto dos números
reais) se o número dentro dela for positivo, ou seja, deve ser sempre maior
que zero.

Agora, vamos calcular :

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Na Figura 2, temos um esboço da região que constitui o domínio de .

Figura 02. Esboço da região que constitui o domínio de

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

1.1.2 Gráficos
Uma forma de visualizar o comportamento de uma função de duas variáveis é conside-
rar o seu gráfico.

Se é uma função de duas variáveis com domínio , então o gráfico de é o conjun-


DEFINIÇÃO

to de todos os pontos , tais que e ,


IMPORTANTE

Assim como o gráfico de uma função de uma única variável é uma curva com
equação , o gráfico de uma função de duas variáveis é uma superfície
com equação (STEWART, 2010).

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EXEMPLO:

Esboce o gráfico da função .

SOLUÇÃO: Para esboçar o gráfico, precisamos determinar o domínio,

Isto implica que,

ou ainda, o gráfico de é a solução da equação .

que representa uma esfera de raio , mas como , o gráfico dessa função é apenas
a metade superior da esfera, como mostrado na Figura 3.

Figura 03. Gráfico da função

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

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1.1.3 Curvas de nível


Além do gráfico, outra forma de visualizar funções é por meio de um mapa de contor-
nos, em que os pontos com elevações constantes são ligados para formar curvas de
contorno ou curvas de nível.

As curvas de nível de uma função de duas variáveis são aquelas com equações
, em que é uma constante (na imagem de ).
DEFINIÇÃO

Uma curva de nível é o conjunto de todos os pontos do domínio de nos


quais o valor de é . Em outras palavras, a curva de nível mostra em que o gráfico
de tem altura . Se conhecemos uma quantidade suficiente de curvas de nível, de
alturas variadas, obtemos uma ideia do gráfico da função .

Veja, na Figura 4, o gráfico do paraboloide e suas curvas de nível.


Figura 04. Curvas de nível de um paraboloide

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Na prática, as curvas de nível podem ser vistas nos mapas geográficos.

1.1.4 Campos escalares de três variáveis


Até agora, estudamos apenas funções escalares de duas variáveis, para três ou mais
variáveis o procedimento é bastante similar, estudaremos nessa seção funções com
três variáveis.

Uma função de três variáveis, , é uma regra que associa a cada tripla em um
domínio um único número real denotado por .

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É muito difícil visualizar uma função de três variáveis por seu gráfico, uma vez que o
gráfico de uma função de três variáveis é

E seriam necessárias quatro dimensões para esboçar esse gráfico, mas podemos ana-
lisar o comportamento de uma função de três variáveis a partir das superfícies de ní-
vel, que são as superfícies com equações , em que é uma constante
(STEWART, 2010).

1.2 CAMPOS VETORIAIS DE UMA VARIÁVEL

Uma função vetorial (ou campo vetorial) de uma variável real é a função  que
associa a cada um único vetor, em que é um subconjunto de e representa
o número de componentes nesse vetor (STEWART, 2010). Então, a imagem da função
vetorial é um vetor, e temos:

em que as funções são funções reais, , com , e são chama-


das de funções coordenadas ou funções componentes de  .

No caso particular , se , e , podemos es-


crever

O conjunto é o domínio de e será indicado por . O conjunto

é a imagem de .

Suponha que , e sejam funções reais contínuas em um intervalo . O conjunto


de todos os pontos no espaço, em que:

Assim, chama-se de curva espacial. As equações são denominadas equações


paramétricas de , e é conhecido como parâmetro.

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Se uma curva é dada por , e , dizemos que é uma curva


parametrizada.

EXEMPLO:

Seja uma função vetorial dada por . Calcule e .

SOLUÇÃO: e .

A imagem de está esboçada na Figura 5.

Figura 05. Imagem de

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

EXEMPLO:

Desenhe ou esboce a curva cuja equação vetorial é dada por

SOLUÇÃO: O esboço dessa curva é mostrado na Figura 6. Note que a curva gira ao
redor do cilindro circular

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Figura 06. Esboço da função vetorial

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

EXEMPLO:

Trace a curva definida pelas equações paramétricas:

SOLUÇÃO: Para traçar a curva, podemos criar uma tabela de valores, atribuindo valo-
res para e determinando os valores para e , esses valores encontram-se na Tabela
1 e a curva está esboçada na Figura 7.

Tabela 01. Tabela de valores para , em que e

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

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Figura 07. Curva definida pelas equações paramétricas e

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

EXEMPLO:

Identifique geometricamente a curva do exemplo anterior, eliminando o parâmetro e


obtendo uma equação algébrica para e .

SOLUÇÃO:

Note que podemos isolar e escrevê-lo em termos de e de , para , temos:

e para , temos:

Subtraindo em ambos os lados dessa expressão, temos:

Agora, podemos igualar as duas expressões para e obter uma expressão que depen-
de de e apenas:

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Elevando ambos os lados ao quadrado, temos,

que é a equação da parábola, deslocada em uma unidade para cima no eixo , exata-
mente como mostrado na Figura 7.

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para
termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que campos escalares são
funções que levam as variáveis ( ) a um escalar, então essas funções funcionam
como uma transformação do ao . Você também deve ter aprendido que o gráfico
de uma função de duas variáveis pode ser esboçado no espaço, , e que em mui-
tos casos esse gráfico pode ser complicado, sendo mais viável estudar as curvas de
RESUMINDO

nível. Você deve ter aprendido que as curvas de nível são as curvas obtidas quando
fazemos a função de duas variáveis constante, ou seja, , que podemos
esboçar facilmente do plano . Para o caso de funções de três variáveis, você
deve lembrar que não é possível fazer o gráfico, uma vez que seriam necessárias 4
dimensões, mas podemos estudar as superfícies de nível, fazendo .
Estudamos também os campos vetoriais, que são funções que levam uma única va-
riável a um vetor, sendo, então, uma transformação do tipo . Você deve ter
aprendido as aplicações de cálculo funcionam de forma muito semelhante em funções
reais e em funções vetoriais.

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3. EXERCÍCIOS COMENTADOS

Exercício comentado

Uma função vetorial é uma regra que associa um número real a um vetor, então
, onde é o número de componentes do vetor. Para que uma função vetorial
seja contínua, todas as funções componentes devem ser contínuas. Considere a função
, a função é contínua em:

Resposta:

quando a função não existe, não existe e, desse modo, não é


contínua.

4. ATIVIDADES PRÁTICAS
Atividade Prática

Um campo escalar de duas variáveis reais é uma regra que transforma um par ordenado
em um número real . Uma forma de estudar o campo escalar de duas variáveis
é a partir do gráfico dessa função e, para isso, é necessário conhecer o seu domínio e ima-

gem. Assinale a alternativa que contém corretamente o domínio da função .

.
a. 

.
b. 

.
c. 

.
d. 

.
e. 

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