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ALINE NASCIMENTO LINS

CÁLCULO VETORIAL
UNIDADE 8

O LAPLACIANO E APLICAÇÕES

1. O OPERADOR LAPLACIANO E SUAS APLICAÇÕES


COMPETÊNCIAS

Neste capítulo, vamos conhecer o operador Laplaciano e aplicá-lo a diversos proble-


mas, como condução de calor, escoamento de fluidos e no eletromagnetismo para
determinar o potencial. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E
então? Motivado para desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Avante!

1.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, estudaremos as equações de Laplace e de Poisson, veremos como es-
crevê-las em coordenadas cartesianas, bem como em outros sistemas de coordenadas,
e aplicaremos esse conhecimento para solucionar alguns problemas.

1.2 OPERADOR DE LAPLACE


O operador de Laplace, ou laplaciano, é obtido quando fazemos o produto escalar do
operador diferencial, nabla, com ele mesmo (LEITHOLD, 1994):

Na equação (24) temos o operador laplaciano em coordenadas cartesianas.

1.2.1 A equação de Laplace


Na Física, esse operador tem uma grande importância, uma vez que aplicando-o a uma
função de três variáveis, , obtemos a equação de Laplace:

A equação de Laplace tem diversas aplicações, e é um caso especial da equação de


Poisson:

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Em que é o potencial eletrostático, é a densidade de carga e é uma constante.

Na eletrostática, utilizamos a equação de Poisson em problemas em que o potencial


é conhecido apenas em algumas regiões, então, solucionando a equação de Poisson,
utilizando as condições de contorno apropriadas.

EXEMPLO:

Mostre que é solução da equação de Laplace.

SOLUÇÃO:

Começamos calculando as derivadas parciais de ,

mas precisamos das derivadas de segunda ordem, então:

Logo:

E dizemos que satisfaz a equação de Laplace.

A depender do problema, pode ser conveniente utilizar o operador de Laplace em um


sistema de coordenadas cilíndricas ou esféricas, em vez de coordenadas cartesianas.

A equação de Laplace em coordenadas cilíndricas é:

E em coordenadas esféricas, a equação de Laplace fica:

O problema geralmente está relacionado em resolver a equação de Laplace, que é uma


equação diferencial parcial e que algumas vezes pode ser um pouco complicada, sendo
necessário recorrer a alguns métodos matemáticos, como o método da separação de
variáveis

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1.3 APLICAÇÕES
Nesta seção, serão apresentadas algumas aplicações em que se faz necessária a so-
lução da equação de Laplace (ou Poisson).

Por se tratar de uma equação diferencial, parcial, de segunda ordem, que em geral não
é homogênea, para que a solução da equação de Laplace seja única, é necessário que
ela seja resolvida sob condições de contorno que são provenientes do problema em
questão.

1.3.1 Carga pontual entre planos condutores

Considere uma partícula pontual, de carga , localizada em algum ponto entre dois
planos condutores que estão separados por uma distância , e mantidos a potenciais
elétricos fixos e , como mostra a Figura 1 a seguir.
Figura 01. Carga pontual entre planos condutores

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Estamos interessados em calcular o campo elétrico nesse arranjo. Para isso, vamos
começar investigando como o potencial se comporta na região entre os planos e, então,
obter o campo elétrico.

Observe, na Figura 1, que esse problema é unidimensional, então a equação de Pois-


son se reduz a:

Onde localizamos a partícula em um ponto , com ,e é a função


delta de Dirac (a distribuição delta representa a densidade de carga de uma carga uni-
forme , em que representa o volume).

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De acordo com a Figura 1, conseguimos facilmente identificar as condições de contor-


no:

e a solução da equação de Poisson sob tais condições, deve ser única.

A natureza da função delta nos obriga a estudar a equação de Poisson (29) em duas
regiões separadamente:

`` Região , em que , com .

`` Região , em que , com .

Essas equações são bem simples de se resolver. Em ambos os casos, a solução geral
é uma função polinomial de primeiro grau, então, escrevemos as soluções para cada
uma das regiões como sendo:

Em que e são constantes que serão determinadas pelas condições de


contorno.

A condição de contorno deve ser imposta na solução da região , pois

O que implica em:

Já a condição deve ser imposta sobre a solução da Região , pois :

O que implica em:

E podemos reescrever a equação (31) da seguinte forma:

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Restando determinar as constantes e , para isso, podemos estudar como o po-


tencial e sua primeira derivada se comportam no ponto . Para estudar a primeira
derivada, vamos integrar a equação (29) em um intervalo que contenha ,

Em seguida, devemos tomar o limite de :

Então, encontramos:

O lado esquerdo da equação (36) podemos obter derivando a expressão em (34), res-
peitando a região, note que está na região e que está na região ,
assim obtemos:

Além disso, o potencial deve ser contínuo, isso significa que em deve ser o mes-
mo quando calculado pela expressão da região e pela expressão da região :

Substituindo o resultado da equação (37) em (38), temos:

Isolando na expressão anterior, temos:

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E substituindo o resultado de na equação (39) em (37), podemos determinar


como sendo:

E o potencial é:

1.3.2 Cilindro condutor muito longo


Considere um cilindro condutor muito longo, cujo eixo de simetria está ao longo do
eixo . Nesse caso, estamos interessados em calcular o potencial dentro do cilindro
e, devido à simetria do problema, é conveniente utilizar um sistema de coordenadas
cilíndricas, de modo que o potencial será uma função de e , , em que
e são as coordenadas do sistema polar usual. Na Figura 2, temos a seção transversal
desse cilindro condutor.
Figura 02. Seção transversal do cilindro condutor

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Se o cilindro tem raio , a região interior do cilindro é expressa por e o


contorno que usaremos diz respeito ao potencial exatamente sobre o cilindro, ou seja,
. Se cortarmos o cilindro em uma seção meridiana, ele será dividido em duas
fatias, uma delas será mantida a um potencial fixo e positivo, , e a outra a um po-

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tencial fixo negativo, , de mesma magnitude. Esse contorno pode ser representado
da seguinte forma:

A equação de Poisson que devemos resolver se reduz à equação de Laplace, que em


coordenadas polares é dada por:

Para resolver essa equação diferencial, utilizamos o método de separação de variáveis,


para isso, vamos considerar que a nossa solução possa ser escrita na forma do produto
entre duas funções, uma que depende apenas de e a outra que depende apenas de
, então, estamos interessados em encontrar soluções do tipo:

Substituindo (43) em (42), podemos escrever:

Dividindo a equação (44) por e multiplicando por , temos:

Note que o primeiro termo da equação (44) depende apenas de , e o segundo termo
depende apenas de , desse modo, para que essa equação seja satisfeita, é necessá-
rio que:

A equação na variável é mais simples:

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E a solução é a combinação linear de e , se , com sendo


um número inteiro, para cada inteiro existe uma solução da forma:

Em que e são constantes a determinar.

Para a equação que depende de , temos:

Que podemos escrever na forma:

Essa equação é conhecida como equação de Euler, e sua solução é uma combinação
linear de e :

Para inteiro, exceto , em que ou . Mas, o po-


tencial deve ser limitado dentro do cilindro, desse modo, não deve haver divergência

para , logo, as soluções e devem ser descartadas, e:

Agora, podemos finalmente escrever a solução para o potencial:

Em que e , e a solução geral é:

Devemos, ainda, aplicar as condições de contorno e determinar as constantes, fazendo


isso, devemos obter o seguinte resultado para o potencial:

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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para
termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o operador de Laplace
é obtido quando calculamos o produto escalar do operador nabla com ele mesmo.
Aplicando o Laplaciano a uma função e igualando-o a zero, obtemos a equação de
RESUMINDO

Laplace, que é uma equação diferencial, parcial de segunda ordem. Podemos verificar
se uma função satisfaz ou não a equação de Laplace, para isso, basta calcular as de-
rivadas parciais de segunda ordem e igualar a zero. Você também deve ter aprendido
que a equação de Laplace pode ser utilizada para diversas aplicações, como na de-
terminação do potencial eletrostático. Você também deve ter aprendido a representar
o operador de Laplace em coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas, e que a
depender da simetria do problema é mais interessante utilizar um determinado siste-
ma de coordenadas.

3. EXERCÍCIOS COMENTADOS

Exercício comentado

Você deve ter aprendido em seu e-book que a equação de Laplace possui diversas aplica-
ções, como em problemas de escoamento de fluidos, condução de calor e no eletromagne-
tismo para a determinação do potencial. Então, sua atividade de hoje é conseguir um smar-
tphone ou câmera e gravar um vídeo resolvendo um problema em que é possível aplicar a
equação de Laplace, realizando todo o passo a passo para encontrar a solução da equação
diferencial parcial de segunda ordem, esse vídeo deve ter duração de 15 minutos e você
deve ser capaz de explicar o sistema de coordenadas mais apropriado para a simetria do
problema, o método de separação de variáveis e a solução da equação diferencial.

Resposta:
O aluno será considerado excelente nesta atividade se demonstrar contextualização, refle-
xão e convergência de informações e opiniões nos assuntos abordados na atividade, apre-
sentar um vídeo de 15 minutos demonstrando sua proficiência no conteúdo, apresentando
uma aplicação para a equação de Laplace, explicando a escolha do sistema de coordenadas
(que podem ser cartesianas, cilíndricas ou esféricas), o método da separação de variáveis e
a solução da equação diferencial.

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4. ATIVIDADES PRÁTICAS
Atividade Prática

A equação de Laplace tem diversas aplicações. O operador laplaciano é obtido ao realizar


o produto escalar entre dois operadores nabla, a equação de Laplace é dada por
Verifique em quais pontos a função satisfaz a equação de Laplace
e assinale a alternativa correta.

a.  A função satisfaz a equação de Laplace em todos os pontos, exceto a origem.

b.  A função não satisfaz a equação de Laplace.

c.  A função satisfaz a equação de Laplace apenas na origem.

d.  A função satisfaz a equação de Laplace em todos os pontos, exceto .

e.  A função satisfaz a equação de Laplace apenas no ponto .

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