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ALINE NASCIMENTO LINS

CÁLCULO VETORIAL
UNIDADE 3
COMPETÊNCIAS
NÚMEROS COMPLEXOS

Neste capítulo, vamos entender a origem dos números complexos, como eles estão
descritos matematicamente e sua representação geométrica e polar. Esse conheci-
mento é fundamental para o desenvolvimento da sua profissão. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!

1.1 INTRODUÇÃO
A inexistência de raiz quadrada de um número negativo parece ter sido sempre conheci-
da pelos matemáticos que se depararam com a questão. Durante muito tempo ao longo
da história, era comum, ao se confrontar com tal situação em equações de segundo
grau, por exemplo, simplesmente aceitar o fato que tal problema não tinha solução.

No século XVI, em meio a disputa entre dois matemáticos italianos, Cardano e Tartaglia,
pela resolução da equação de 3º grau, é que se percebeu a insuficiência dos números
reais, surgindo então as primeiras ideias da criação do conjunto dos números comple-
xos (CERRI; MONTEIRO, 2001).

Outro italiano, o matemático R. Bombelli (1526-1573), utilizando a fórmula de Tartaglia-


-Cardano para o cálculo de raízes de uma equação de terceiro grau, conseguiu obter
uma solução, ainda que tenha a presença de radicais negativos. A partir dos estudos
de Bombelli, vários matemáticos se debruçaram no estudo dos números complexos até
a formalização final em 1833, pelo irlandês W. R. Hamilton (1805-1865) (ARAGONA;
OLIVEIRA, 2010).

1.2 NÚMEROS COMPLEXOS


Ao resolver uma equação de segundo grau, sempre se busca uma solução cujas raízes
obtidas sejam pertencentes ao conjunto dos números reais. Porém, existem situações
em que a resolução de equações quadráticas retorna valores que não pertencem aos
números reais.

A resolução de uma equação de segundo grau pode ser obtida por meio da seguinte
expressão:

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Números Complexos U3

Em que o termo é denominado discriminante e representado pela letra grega


delta maiúsculo (Δ):
`` Quando Δ > 0, obteremos duas raízes reais.

`` Quando Δ = 0, obtemos apenas uma única raiz real.

`` Quando Δ < 0, não haverá raízes reais.

As raízes que não pertencem ao conjunto dos números reais pertencem a um conjunto
denominado de números complexos, representado por z:

Em que .

Assim, operando o símbolo como se fosse um número, é possível encontrar


uma solução para os casos em que Δ < 0. Para isso, ele deve ter a propriedade
e operar ao lado dos números reais seguindo as mesmas leis formais que regem esses
números. Introduzimos, então, os números complexos na forma (ÁVILA, 2008):

Em que é chamado unidade imaginária, “a” representa a parte real e “b” a


parte imaginária do número complexo “z”.

Ao introduzir os números complexos, operações de adição e multiplicação precisam ser


definidas de forma que se mantenham válidas as propriedades associativa, distributiva
e comutativa que essas operações possuem no que diz respeito aos números reais.
Dessa forma, as seguintes regras determinam os números complexos (ÁVILA, 2008):

EXEMPLO:

Considerando os números complexos Z1 = 3 + i e Z2 = 4 + 5i, determine Z1 + Z2:

Cálculo Vetorial 3
U3 Números Complexos

SOLUÇÃO:

A soma Z1 + Z2 será dada por

ZR = (3 + 4) + (1+5)·i

ZR = 4 + 6i

Esse resultado também pode ser lido como um par ordenado, sendo ZR = (4,6).

E considerando os números complexos Z1 = 3 + i e Z2 = 4 + 5i, determine Z1 · Z2:

SOLUÇÃO:

ZR = (3+i)(4+5i) = (12 - 5) + (15 + 4)·i

Quanto à subtração de números complexos, esta é definida em termos da adição e do


oposto de um número. Sendo o oposto de z = x + iy igual a –z = (-x) – i(-y). Posto isto,
dados z1 = x1 + iy1 e z2 = x2 + iy2, tem-se (ÁVILA, 2008):

EXEMPLO:

Considerando os números complexos Z1 = 7 + 2i e Z2 = 5 + i, determine Z1 - Z2:

SOLUÇÃO:

ZR = (7 - 5) + (2-1)·i

ZR = 2 + i ou ZR = (2,1)

Antes de apresentar como é calculado o quociente de números complexos, é necessá-


rio introduzir os conceitos de módulo e conjugado de números complexos.

O módulo, também conhecido como norma ou valor absoluto de um número z = x + iy,


é dado por:

Nada mais é do que a distância do ponto z até a origem. Já o complexo conjugado de


z = x + iy é dado por:

Módulo e complexo conjugado estão mostrados na Figura 1.

4 Cálculo Vetorial
Números Complexos U3

Figura 01. Módulos e complexos conjugados

Fonte: Elaborada pelo autor, com base em Ávila (2008).

Assim, temos:

Isto é:

Por meio dessa propriedade, é possível calcular o quociente z = z1/z2 de dois números
complexos z1 e z2, para , que se define pela condição , com isso, para
resolver o quociente de dois números complexos, basta multiplicar numerador e deno-
minador pelo complexo conjugado, de forma geral, para e
, tem-se (ÁVILA, 2008):

EXEMPLO:

Considerando os números complexos e , determine .

SOLUÇÃO:

Cálculo Vetorial 5
U3 Números Complexos

Os números complexos podem ser representados por meio de coordenadas polares,


para isso, consideramos a representação geométrica de um número . O ângulo
θ formado entre o eixo e o vetor denomina-se “argumento” de z e denota-se por
“arg.z”, este, só pode ser definido quando , ainda assim, o argumento só fica
determinado a menos de múltiplos inteiros de . Dessa forma, para e
, sendo e , as coordenadas polares de z (Figura 2), a representação
polar de z será (ÁVILA, 2008):

,
Figura 02. Coordenadas polares de z

Fonte: Elaborada pelo autor, com base em Ávila (2008).

Conhecendo a representação polar dos números complexos, podemos aplicar as re-


gras do produto e do quociente.

O produto dos números e é


dado por (CHURCHIL, 1975):

Reduzindo a eq. 14, chega-se à forma polar do produto:

Portanto, temos como um dos argumentos do produto a soma , com isso, dos
argumentos dos fatores, tem-se (CHURCHIL, 1975):

Vemos assim que o produto de dois números complexos é o número cujo módulo é o
produto dos módulos dos fatores e cujo argumento é a soma do argumento dos fatores.
(ÁVILA, 2008, p. 9)

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Números Complexos U3

A definição supracitada pode ser observada na Figura 3, em que percebe-se que os


triângulos de vértices 0, 1 e e 0, e são semelhantes, facilitando, assim, a
construção do produto a partir dos dados 0, 1 e .
Figura 03. Demonstração geométrica do produto de números complexos

Fonte: Elaborada pelo autor, com base em Ávila (2008).

Com isso, deduz-se de forma análoga a regra do quociente, considerando que:

Tem-se, então:

Logo:

1.3 POTENCIAÇÃO
Retomando a fórmula do produto, temos de forma geral:

Por conseguinte, se e sendo n um número inteiro positivo

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U3 Números Complexos

Quando , a fórmula anterior se reduz ao Teorema de De Moivre para expoentes


inteiros positivos,

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para
termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os números complexos
surgiram para dar soluções a equações que até então não tinham devido a apresentar
RESUMINDO

raízes de números negativos. Além disso você aprendeu que os números complexos
se apresentam, entre outras formas como , em que . Vimos
que os números complexos podem ser representados ainda como par ordenado na
forma geométrica e polar. Certamente, você aprendeu também que é possível realizar
operações matemáticas com esses números, vimos como é feita a adição, a subtra-
ção, o produto e o quociente de números complexos e, por fim, vimos como se dá a
potenciação de números complexos.

3. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exercício Comentado

Os números complexos podem ser representados por meio de coordenadas polares, para
isso, consideramos a representação geométrica de um número . Considerando a regra
de potenciação, apresente o resultado correto para , sabendo que .

Resposta:

. Ao aplicar a fórmula 21 que trata da potenciação de números complexos temos como


resultado de , .

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Números Complexos U3

4. ATIVIDADES PRÁTICAS
Atividade Prática

Os números complexos podem ser representados por meio de coordenadas polares, para
isso, consideramos a representação geométrica de um número . Considerando a re-
gra de potenciação, assinale a questão que mostra o resultado correto para , sabendo que
.

a.  .

b.  .

c.  .

d.  .

e.  .

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U3 Números Complexos

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U3 Números Complexos

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Números Complexos U3

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