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CÁLCULO I

INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala


de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar,
interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja
esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta
em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma
coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina
é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações
propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para
isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos
definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 NÚMEROS REAIS

1.1 Conjunto dos números reais

Um número real pode ser representado como um decimal (ou expansão


decimal) finito, periódico ou infinito não periódico. Para ficar mais claro, observe os
exemplos a seguir:

2
= 0,5
4
1
̅2
= 0,142857142857 … = 0,1485̅7̅
7

𝜋 = 3,141592653589793...

2 1
Nesses exemplos, é representado por um decimal finito; já é representado
4 7

por um decimal periódico, também conhecido como dízima periódica. A barra sobre
142857 destaca que essa sequência se repete indefinidamente. No caso do π, temos
uma expansão decimal infinita, mas não periódica (ROGAWSKI, 2008).

Denota-se o conjunto dos números reais por R, em negrito. Utiliza-se o símbolo ∈ para
indicar que “pertence a”, com em:

a ∈ R é lido como “a pertence a R”

Vejamos agora alguns conjuntos que estão contidos no conjunto dos números
reais: elemento “pertence” a um conjunto. Subconjunto “está contido” em um conjunto.

O conjunto dos números inteiros, denotado pela letra Z, é composto por


números negativos e positivos. Assim, Z = {…, –2, –1, 0, 1, 2, …}. Um número natural
é um número inteiro não negativo. O conjunto dos números racionais é composto por
𝑝
aqueles números que podem representar um quociente , em que p e q são inteiros
𝑞

com q ≠ 0, ou seja, as frações podem representa-los. Esse conjunto é denotado pela

letra Q. Cabe destacar que os números como π e √2 não são racionais, e sim
denominados irracionais (ROGAWSKI, 2008).
A reta numérica nos permite visualizar os números reais como pontos sobre
ela. A Figura 1, a seguir, mostra o conjunto dos números reais representado como
uma reta.

Figura 1 – Representação dos números reais na reta numérica.

Fonte: Rogawski (2018, p. 1).

Você já consegue definir o conjunto dos números reais maiores que zero
(positivos) sobre a reta real.

Figura 2 – Números reais positivos.

Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles e Lorandil (2015).

Na Figura 2, um círculo aberto sobre o zero indica que o mesmo não está dentro
do intervalo numérico representado. O mesmo pode ser observado na Figura 3, a
seguir, com a representação dos números reais negativos, ou menores que zero.

Figura 3 – Números reais negativos.

Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles e Lorandil (2015).

Sempre que for necessário representar conjuntos numéricos em uma reta, caso
o primeiro número da sequência a ser representada pertença ao conjunto desejado, o
círculo deverá ser preenchido, o que também deverá ocorrer com o último número da
sequência a ser representada. Como exemplo, verifique que, na Figura 4, está
representado o intervalo entre o número 2, inclusive, até o número 4:

Figura 4 – intervalo [2,4] representado no eixo real.

Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles e Lorandil (2015).

Verifique, agora, este outro intervalo: ]–3, 2] O colchete aberto em –3 indica


que esse número não pertence ao intervalo que iremos representaremos. Por outro
lado, o número 2 ainda está dentro desse conjunto. Assim, queremos representar na
reta real o conjunto de todos os x, maiores que –3 e menores ou iguais a 2 (Figura
5):

Figura 5 – intervalo ]-3,2] representado no eixo real.

Fonte: Adaptada de Adami, Dornelles e Lorandil (2015).

1.2 Valor Absoluto

O valor absoluto de um número real, conforme representação na Figura 6, pode


ser observado quando olhamos para o módulo desse número. Ou seja:

Figura 6 – Valor absoluto |a|.

Fonte: Rogawski (2018, p. 1).


Vejamos alguns exemplos numéricos do valor absoluto de um número real:

Observe que a distância entre dois números reais a e b é |b – a|, ou seja, é o

comprimento do segmento de reta que liga a a b, como mostra a Figura 7


(ROGAWSKI, 2008).

Figura 7 – Distância entre a e b é |b – a|.

Fonte: Rogawski (2018, p. 2).

Rogawski (2008) destaca que, dados os números reais a < b, teremos quatro

intervalos com extremidades a e b. O intervalo fechado [a, b] é o conjunto de todos os

números reais x, tais que a ≤ x ≤ b. Note que a e b fazem parte e estão contidos no
intervalo. Algebricamente, podemos representar da seguinte forma:

[a, b] = {x ∈ R: a ≤ x ≤ b}

1.3 Propriedades e operações com números reais

Ao realizar operações matemáticas com os números reais, as propriedades


básicas utilizadas com qualquer outro conjunto numérico também se aplicam. Na
sequência, você relembrará e exercitará um pouco cada uma dessas propriedades e
verá alguns exemplos. Não existe divisão de um número real por zero:

−4
=∄
0
Zero dividido por qualquer número real será sempre zero:

0 0
=0 ; =0
7 −10

Qualquer número real, diferente de zero e elevado a zero, valerá 1:

50 = 1 ; (-9)0 = 1

Qualquer número real, positivo ou negativo, elevado a um expoente para


sempre resultará em um número real positivo:

54 = 625 ; (-9)2 = 81

No conjunto dos números reais, uma multiplicação de potências de mesma


base apresentará como resultado na conservação da base, com a soma dos
expoentes:

(-3)5 x (-3)5+3= (-3)8 = 6.561

No conjunto dos números reais, uma divisão de potências de mesma


baseapresentará como resultado na conservação da base, com a subtração dos
expoentes:

27 ÷ 24 = 27-4 = 23 = 8

Sempre que um número real estiver representado com uma potência de


potência, conserve a base e multiplique os expoentes:

[(-17)3]3 = (-17)3x3 = (-17)9 = 118.587.876.497


Potência de sinal negativo inverte o número que está sob a potência, caso
mude o sinal:
−3 −2 9 2 2

( 9 ) = (−3) = (-3) = 9

É possível transformar uma operação de radiciação em uma de potenciação,


da seguinte maneira:
4√(−6)2 = |-6|2/4 ≈ 2,4495

1.4 Operações com números reais

Para realizar as operações matemáticas, inclusive no uso das propriedades


que você acabou de verificar, algumas regras devem ser seguidas. Acompanhe, a
seguir, como operar em relação aos sinais (positivo e negativo) dos números reais.
Nas operações de adição e subtração, quando os sinais que acompanham os
números que estão sob a operação forem iguais, o resultado permanecerá com o
mesmo sinal:
+4 +7 = +11
-9 -2 = -11

Nas operações de adição e subtração, quando os sinais que acompanham os


números que estão sob a operação forem diferentes, o resultado apresentará o
mesmo sinal do número com maior módulo:

+7 -2 = +5
-11 +4 = -7
-2,35 + 8 = +5,65

Nas operações de multiplicação e divisão, quando os sinais que acompanham


os números que estão sob a operação forem iguais, o resultado apresentará sinal
positivo (+):
(-7) x (-3,7) = +25,9
(+6,3) x (+9) = +56,7
(-50) ÷ (-2,5) = 20
(+50) ÷ (+5) = +10

Nas operações de multiplicação e divisão, quando os sinais que acompanham


os números que estão sob a operação forem diferentes, o resultado apresentará sinal
negativo (–):

(-7) x (+3,7) = -25,9


(-6,3) x (+9) = -56,7
(+50) ÷ (-2,5) = -20
(+50) ÷ (-5) = -10
2 LIMITES E CONTINUIDADE

Na linguagem corrente, a palavra “contínua” significa não ter quebras ou


interrupções. No cálculo, a continuidade é usada para descrever as funções cujos
gráficos não tem quebras. Se imaginarmos o gráfico de uma função f como um arame

metálico sinuoso, então f é contínua se seu gráfico consiste num único pedaço de
arame como na Figura 1. Uma quebra no arame como na Figura 2 é denominada uma
descontinuidade (ROGAWSKI, 2008).

Figura 1 - f (x) é contínua em x = c.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.63).

Agora observe que a função g(x) na Figura 2 tem uma descontinuidade em x


= c e que lim g(x) não existe (os limites laterais não são iguais). Contrastando com
𝑥→𝑐

isso, na Figura 1, existe lim e é igual ao valor funcional f(c). Isso sugere a definição
𝑥→𝑐

seguinte de continuidade em termos de limites:

Figura 2 - g(x) tem uma descontinuidade em x = c.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.64).


Rogaeski (2008) explica que uma função f(x) pode ser contínua em alguns

pontos e descontínua em outros. Se f(x) for contínua em todos os pontos do intervalo

I, então dizemos que f(x) é contínua em I. Se I for um intervalo [a, b] ou [a, b) que
inclua a como extremidade esquerda, exigimos que lim f(x) = f(a) . Então é exigido
𝑥 → 𝑎+

que lim f(x) = f(b) se I incluir b como extremidade direita. Se f(x) for contínua em
𝑥 → 𝑏−

todos os pontos de seu domínio, dizemos simplesmente que f(x) é contínua.

Exemplo 1

Mostre que as funções seguintes são contínuas:

(a) f(x) = k (k qualquer constante)

(b) g(x) = x

Solução

(a) Como f(x) = k para qualquer x,

lim f(x) = lim k = k = f(c)


𝑥→𝑐 𝑥→𝑐

O limite existe e é igual ao valor da função, portanto f(x) é contínua em x = c para

todo c (Figura 3).

Figura 3 - O gráfico de f (x) = k.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.64).

(b) Como g(x) = x para qualquer x,


lim g(x) = 𝑥lim
→𝑐
x = c = g(c)
𝑥→𝑐

Novamente, o limite existe e é igual ao valor da função, portanto g(x) é contínua em

c para todo c (Figura 4).

Figura 4 - O gráfico de g(x) = x.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.64).

2.1 Descontinuidades

Para entender melhor a continuidade, vejamos algumas maneiras pelas quais uma
função pode deixar de ser contínua (ROGAWSKI, 2008). Lembre que a continuidade
num ponto requer mais do que a simples existência de um limite. Para f(x) ser contínua

em x = c, devem ser atendidas três condições:

1. existe ,
2. existe f(c) e,
3. são iguais.

Uma descontinuidade ocorre quando uma dessas condições não valer.

Se a primeira condição valer, mas falharem a segunda e a terceira, dizemos


que f tem uma descontinuidade removível em x = c. A função na Figura 5(A) tem

uma descontinuidade removível em c = 2 porque...

lim f(x) = 5 / mas / f(2) = 10 → O limite existe mas não é igual ao valor da função.
𝑥→2
Figura 5 - Descontinuidade removível: a descontinuidade pode ser removida
redefinindo f (2).

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.65).

As descontinuidades removíveis são “leves” no seguinte sentido: redefinindo


f(c), podemos tornar f contínua em x = c. Na Figura 5(B), redefinimos o valor f(2) por
f(2) = 5, o que torna f contínua em x = 2.
Um tipo de descontinuidade que é mais “pesada” é a descontinuidade de
salto, que ocorre quando existirem ambos limites laterais lim f(x) e lim f(x) e
𝑥 → 𝑐− 𝑥 → 𝑐+

mas não forem iguais. A Figura 6 mostra duas funções com descontinuidades de salto
em c = 2. Ao contrário do caso removível, não podemos tornar f(x) contínua

redefinindo f(c).

Figura 6 - Descontinuidades de salto.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.65).


Por causa das descontinuidades de salto, convém definir a continuidade
lateral.
Na Figura 6, a função em (A) é contínua à esquerda, mas a função em (B) não
é contínua nem à esquerda nem a direita. O exemplo que expõe Rogawski (2008),
explora a continuidade lateral usando uma função definida por partes, ou seja, uma
função definida por fórmulas diferentes em intervalos diferentes.

Exemplo 2

Função definida por partes - Discuta a continuidade da função F(x) definida por:

𝑥 𝑠𝑒 𝑥 < 1
F(x) = {3 𝑠𝑒 1 ≤ 𝑥 ≤ 3
𝑥 𝑠𝑒 𝑥 > 3

Solução

As funções f(x) = x e g(x) = 3 são contínuas, portanto F também é contínua, exceto,

nos pontos de transição x = 1 e x = 3, onde a fórmula para F(x) muda (Figura 7).

Observamos que F(x) tem uma descontinuidade de salto em x = 1, já que os limites


laterais existem mas não coincidem:

lim F(x) = lim x = 1, lim F(x) = lim 3 = 3


𝑥 → 1− 𝑥 → 1− 𝑥 → 1+ 𝑥 → 1+

Além disso, o limite pela direita é igual ao valor funcional F(1) = 3, portanto F(x) é

contínua à direita em x = 1. Em x = 3,

lim F(x) = lim 3 = 3, lim F(x) = lim x = 3


𝑥 → 3− 𝑥 → 3− 𝑥 → 3+ 𝑥 → 3+
Figura 7 - A função F(x) definida por partes do Exemplo 2.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.66).

Ambos limites laterais existem e são iguais a F(3), portanto F(x) é contínua em x = 3.

Dizemos que f(x) tem uma descontinuidade infinita em x = c se um ou ambos

limites laterais for infinito (mesmo se a própria f(x) não estiver definida em x = c). A

Figura 8 ilustra três tipos de descontinuidades infinitas que ocorrem em x = 2

(ROGAWSKI, 2008). Observe que x = 2 não pertence ao domínio das funções nos
casos (A) e (B).

Figura 8 - Funções com uma descontinuidade infinita em x = 2.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.66).


Deveríamos mencionar que algumas funções podem ter tipos mais “graves” de
1
descontinuidades do que os já discutidos. Por exemplo, f(x) = sen oscila uma
𝑥

infinidade de vezes entre +1 e −1 quando x → 0 (Figura 9). Nenhum dos dois limites

laterais existe em x = 0, de modo que essa descontinuidade não é de salto.

Figura 9 - O gráfico de y = sen 1 . A descontinuidade em x = 0 é mais “grave”. Não


𝑥

é uma descontinuidade de salto nem removível nem infinita.

Fonte: Jon Rogawski (2018, p.66).


3 MÁXIMO E MÍNIMO

3.1 Ponto de máximo e mínimo local

Vamos iniciar com os conceitos de ponto máximo e mínimo local, analisando a


definição proposta por Ávila (2006). Dizemos que:

1. f(x) tem máximo absoluto (global) em x = c e se f(x) ≤ f(c) para cada x no domínio
em que estamos trabalhando;

2. f(x) tem um máximo relativo ou local em x = c se f(x) ≤ f(c) para cada x no

intervalo aberto ao redor de x = c;

3. f(x) tem um mínimo absoluto (global) em x = c se f(x) ≥ f(c) para cada x no domínio
em que estamos trabalhando;

4. f(x) tem um mínimo relativo (ou local) em x = c se f(x) ≥ f(c) para cada x em um

intervalo aberto em torno de x = c.

Um intervalo aberto em torno de x = c significa que podemos encontrar algum

intervalo (a,b), de modo que a < 𝑐 < 𝑏. Em outras palavras, c está contido em algum
lugar dentro do intervalo e não será nenhum dos pontos de extremidade. Além disso,
chamaremos coletivamente os pontos mínimo e máximo de uma função de extremos
da função. Assim, extremos relativos se referem aos mínimos e máximos relativos,
enquanto extremos absolutos se referem aos mínimos e máximos absolutos.
Há uma diferença entre o absoluto e o relativo na definição anterior. Teremos
um máximo absoluto (ou mínimo) em x = c quando f(c) é o maior (ou o menor) valor
que a função assumirá no domínio em que estamos trabalhando. O domínio em que
estamos trabalhando se refere simplesmente ao intervalo de x que escolhemos

trabalhar para um determinado problema. Pode haver outros valores de x para


realmente conectar à função, mas os excluímos por algum motivo. Já um máximo ou
mínimo relativo é ligeiramente diferente. Tudo o que é necessário para um ponto ser
um máximo ou mínimo relativo é que esse ponto seja um máximo ou mínimo em algum
intervalo que x está por x = c. Pode haver valores maiores ou menores da função em

algum outro lugar, mas em relação a x = c, ou local x = c, f(c) é maior ou menor do


que todos os outros valores da função próximos a ele.
Consideramos assim, que extremos relativos não ocorrem nos pontos finais de
um domínio, e só podem ocorrer no interior. Portanto, para que um ponto seja um
extremo relativo, devemos ser capazes de olhar para os valores da função em ambos
os lados de x = c para ver se há realmente um máximo ou mínimo nesse ponto.
Segundo Dawkins (2020), para a função mostrada na Figura 1, temos máximos
relativos em x = b e x = d. Ambos os pontos são máximos relativos, pois são internos
ao domínio mostrado e são o maior ponto no gráfico em algum intervalo ao redor do
ponto. Também temos um mínimo relativo em x = c, já que esse ponto é interno ao
domínio e é o mais baixo do gráfico em um intervalo ao seu redor. O ponto final da
extrema direita, x = e, não será um mínimo relativo, pois é um ponto final.

Figura 1 - Esquema de uma função, com destaque para os pontos críticos, máximos
e mínimos relativos e absolutos.

Fonte: Adaptada de Dawkins (2020).

A função terá um máximo absoluto em x = d e um mínimo absoluto em x = a.


Esses dois pontos são os maiores e os menores que a função jamais terá. Também
podemos notar que os extremos absolutos para uma função ocorrerão nos pontos
finais do domínio ou nos extremos relativos. Usaremos essa ideia nas próximas
seções.
Abaixo alguns exemplos para confirmar as definições de extremos absolutos e
extremos relativos.
3.2 Teorema de valor extremo

Supondo que f(x) é contínuo no intervalo [a,b], existem dois números a ≤ c, d

≤ b de maneira que f(c) é um máximo absoluto para a função, e f(d) é um mínimo


absoluto para a função. Se houver uma função contínua em um intervalo [a,b], haverá
a garantia de um máximo absoluto e um mínimo absoluto para a função em algum
lugar no intervalo.
Hughes-Hallett et al. (2011) argumentam que o teorema não nos mostra onde
eles ocorrerão ou se ocorrerão mais de uma vez, mas mostram que existem em algum
lugar. Às vezes, tudo o que precisamos saber é que eles existem. Esse teorema não
mostra nada sobre extremos absolutos se não estivermos trabalhando em um
intervalo. O requisito para que uma função seja contínua também é necessário para
que possamos usar o teorema. Considere o seguinte caso e o gráfico da Figura 2.

Figura 2 - Gráfico da função f(x) = 1


𝑥2
em [ –1,1 ].

1
f(x) = em [ -1,1 ]
𝑥2

Fonte: Adaptada de Dawkins (2020).

Essa função não é contínua em x = 0; conforme avançamos em direção a zero,


a função se aproxima do infinito. Portanto, a função não tem um máximo absoluto. No
entanto, ela tem um mínimo absoluto. O mínimo absoluto ocorre duas vezes tanto em
x = –1 quanto em x = 1.
Mudando um pouco o intervalo...
1
f(x) = em [ ½ ,1 ]
𝑥2

...a função teria ambos os extremos absolutos. Só podemos ter problemas se o


intervalo contiver o ponto de descontinuidade. Caso contrário, o teorema será válido.
Além disso, só porque uma função não é contínua em um ponto não significa
que ela não terá ambos os extremos absolutos em um intervalo que contém aquele
ponto. A Figura 3 mostra o gráfico de uma função que não é contínua em um ponto
no intervalo dado e que tem ambos os extremos absolutos.

Figura 3 - Esquema de uma função com destaque para os pontos de máximo e


mínimos absolutos.

Fonte: Adaptada de Dawkins (2020).

Esse gráfico não é contínuo em x = c, mas há um máximo absoluto (x = b) e

um mínimo (x = c). Além disso, nesse caso, um dos extremos absolutos ocorreu no
ponto de descontinuidade, mas não é necessário. O mínimo absoluto poderia
facilmente estar no outro ponto final ou em algum outro ponto no interior da região.
Portanto, esse gráfico não é contínuo, mas tem ambos os extremos absolutos.
Dawkins (2020) explica que precisamos ter cuidado para usar o teorema do
valor extremo apenas quando as condições do teorema forem atendidas e não
interpretar mal os resultados se as condições não forem atendidas. Para usar o
teorema de valor extremo, devemos ter um intervalo que inclua seus pontos finais,
geralmente chamado de intervalo fechado, e a função deve ser contínua nesse
intervalo. Se não tivermos um intervalo fechado e/ou a função não for contínua no
intervalo, a função pode ou não ter extremos absolutos.

3.3 Teorema de Rolle e teorema do valor médio

Nesta seção, abordaremos dois importantes teoremas que nos auxiliam nos
problemas envolvendo máximos e mínimos: o teorema de Rolle e o teorema do valor
médio. Vamos abordá-los aqui, conforme Hughes-Hallett et al. (2011) e Dawkins
(2020).

3.3.1 Teorema de Rolle

Suponha f(x) é uma função que satisfaz as seguintes condições:

1. é contínua no intervalo fechado [a,b];

2. é diferençável no intervalo aberto (a,b);

3. f(a) = f(b).

Então, existe um número c em (a, b) tal que f'(c) = 0.

Sendo assim, é válido demonstrar em três casos:

Caso 1

f(x) = k em [a,b] onde k é constante. No caso em que f’(x) = 0 para todos os pontos
em [a,b], tomamos um número c qualquer em [a,b].

Caso 2

Há algum número d em um intervalo (a,b) tal que Tendo em vista o teorema do valor

extremo, onde f(x) é contínua em [a,b], sabemos que f(x) terá um máximo dentro de

[a,b]. Isso também ocorre em virtude de f(a) = f(b) e Sabemos que de fato o valor
máximo terá ocorrido em algum ponto c que está no intervalo aberto (a,b), ou Porque

c existe no interior do intervalo, significa que f(x) terá um máximo relativo em x = c e,


pela segunda hipótese apresentada, sabemos que f’(c) existe. Finalmente, pelo
teorema de Fermat, sabemos que x = c deve ser um ponto crítico. Assim, f’(c) existe

e devemos ter f’(c) = 0 (como oposto de f’(c) não existir).

Caso 3

Existe algum número d em (a,b) tal que f(d) < f(a). De modo idêntico ao caso 2, pelo

teorema do valor extremo, f(x) terá um mínimo em [a,b]. Porque f(a) = f(b) e f(d) <

f(a), sabe-se que o mínimo existe em x = c, onde a < c < b. Pelo teorema de Fermat,
sabemos que f’(c) = 0.

3.3.2 Teorema do valor médio

Suponha que f(x) é uma função que satisfaz as seguintes condições:

1. f(x) é contínua no intervalo fechado [a,b];

2. f(x) é diferenciável no intervalo aberto (a,b).

Então há um número c tal que a < c < b e:

𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
f’(c) = ou f(b) - f(a) = f’(c) (b - a)
𝑏−𝑎

Suponha que f(x) segue o gráfico da Figura 5.

Figura 5 - Gráfico da função f(x) em vermelho com a linha secante em azul entre os
pontos A e B no intervalo [a,b].

Fonte: Adaptada de Dawkins (2020).


Verifique que pode não ocorrer assim, mas precisamos apenas de um rápido
esboço para tornar mais fácil a explicação. O primeiro elemento que precisamos é a
equação da linha secante que passa pelos dois pontos A e B, como mostrado na
Figura 5. Ou seja:

𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
y = 𝑓(𝑎) + (𝑥 − 𝑎)
𝑏−𝑎

Definimos uma função g(x) correspondente à diferença da equação f(x) e a


linha secante:
𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎) (𝑏)−𝑓(𝑎)
g(x) = 𝑓(𝑥) − (𝑓(𝑎) + (𝑥 − 𝑎)) = f (x) - f (a) – 𝑓 (x-a)
𝑏−𝑎 𝑏−𝑎

Precisamos notar que g(x) é a soma de f(x), assumido no contínuo no intervalo

[a,b], sendo linear ou polinomial (contínuos em todo lugar). Sabemos que g(x) deve

também ser contínuo em [a,b]. Observamos que g(x) deve ser diferenciável em (a,b)

em virtude da soma em f(x), assumindo ser diferenciável no intervalo (a,b). Além


disso, poderíamos ter calculado a derivada da seguinte forma:

𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
g’(x) = f’(x) -
𝑏−𝑎

Nesse ponto, existe em (a,b), porque assumimos que f’(x) existe em (a,b), e o
último termo é apenas uma constante. Finalmente, temos:

𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
g(a) = f(a) – f(a) - (a – a) = f(a) – f(a) = 0
𝑏−𝑎
𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
g(b) = f(b) – f(a) - (b – a) = f(b) – f(a) – (f(b) – f(a)) = 0
𝑏−𝑎

Em outras palavras, g(x) satisfaz as três condições do teorema de Rolle, e deve haver
um número c de tal modo que a < 𝑐 < 𝑏 e:

𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎) 𝑓(𝑏)−𝑓(𝑎)
0 = g’(c) = f’(c) - → f’(c) =
𝑏−𝑎 𝑏−𝑎
Exemplo

Uma fábrica precisa construir um objeto com 45 m2 de volume com uma basequadrada
e sem a parte superior. Determine as dimensões da caixa que irão maximizar o volume
fechado.

O primeiro passo é fazer um esboço rápido do problema (Figura 6). Provavelmente,


poderíamos pular o esboço nesse caso, mas esse é um péssimo hábito de se adquirir.
Para muitos desses problemas, um esboço é realmente conveniente e pode ser usado
para ajudar a acompanhar algumas das informações importantes do problema e para
definir variáveis.

Figura 6 - Caixa com dimensões h x l x w.

Fonte: Adaptada de Dawkins (2020).

Em seguida, precisamos configurar o vínculo e a equação que estamos sendo


solicitados a otimizar. O volume total é de 45 m2 , que é o vínculo limitador. O total de
material necessário para construir a caixa será:

45 = lm + 2(lh) + 2(wh) = w2 + 2wh + 2wh = w2 + 4wh

Observe que, como não há topo, o primeiro termo não terá o 2 que o segundo
e o terceiro termos têm. Tenha cuidado com isso, porque é fácil se perder se não
houver atenção. Estamos sendo solicitados a maximizar o volume para que a equação
seja V = lwh = w2h. Seguimos em frente e usamos o fato de que, em ambas as
equações, para reduzir as três variáveis, há duas variáveis.
Agora, vamos resolver a restrição para h, que evitará as raízes, além de haver
apenas um h no vínculo.

45−𝑤2
h=
4𝑤

O volume será:
2
2 45−𝑤
V(w) = w ( ) = 1 w(45 – w2) = 1 (45w – w3)
4𝑤 4 4

Encontrando os pontos críticos:

1 1 45
V’(w) = (45 – 3w2) → (45 – 3w2) = 0 → w = ± √ ( ) = ± √15
4 4 3

Como estamos lidando com as dimensões de uma caixa, a largura negativa


não faz sentido e, portanto, o único ponto crítico que podemos usar é w = √15. Tenha
cuidado com o hábito de apenas eliminar os valores negativos. A única razão para
eliminá-lo, nesse caso, seria física. Se tivéssemos dado as equações sem nenhum
raciocínio físico, elas teriam que ser incluídas no resto do trabalho.

A segunda derivada da função de volume é:


−3
V’’(w) = w
2

Com isso, podemos ver que a segunda derivada é sempre negativa para
positiva w que sempre teremos para esse caso, desde que w é a largura de uma

caixa. Sendo w positivo, V(w) será sempre côncavo para baixo e, portanto, o único
ponto crítico que obtivemos anteriormente deve ser um máximo relativo; ou seja, deve
ser o valor que fornece um volume máximo.
Agora, vamos terminar o problema obtendo as dimensões restantes.
45−15
l = w = √15 = 3,8730 = 1,9365
4√15

Por tanto, as dimensões finais serão:

l = w = 3,8730 e h = 1,9365
4 FUNÇÃO

A função é uma relação entre dois elementos explica Vaccaro e Accaro (2001).
Sejam dois conjuntos, por exemplo, A e B; uma função é a relação que cada elemento
de A associa a um único elemento de B, indicadas por:

f:A→B

A relação entre os conjuntos A e B é dada por uma regra de associação por meio da
expressão:

y = f(x)

Essa regra diz que o elemento x є A, chamado de variável independente, está

relacionado de modo único ao elemento y = f(x) є B, chamado de variável

dependente. O conjunto A é chamado de domínio e o indicamos A = Dom(f); o


conjunto B é chamado de contradomínio.

O conjunto imagem indicado como Im(f) é o conjunto dos elementos de B aos


quais foram associados elementos de A, isto é:

lm(f) = {y ∈ B | y = f(x) para algum x ∈ A}

4.1 Definição e exemplos

Uma função f (de uma variável real) é um mecanismo que, a um número real

x, chamado entrada (ou variável), associa um único número real construído a partir
de x, denotado f(x) e chamado saída (ou imagem). Essa associação costuma ser
denotada da seguinte forma:

x → f(x)

4.2 Representação gráfica

Uma forma de representar a função no plano cartesiano é pelo seu gráfico, pois
este permite extrair a informação essencial contida na função. Seja f uma função com
domínio D. A construção do gráfico consiste em traçar todos os pontos do plano
cartesiano desta forma: (x, f(x)); onde x ∈ D. Por exemplo, a Figura 1 ilustra f tendo

um domínio D = [a,b].

Figura 1- f com um domínio D = [a,b]

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

Quando x varre o seu domínio [a,b], o ponto (x, f(x)) traça o gráfico de f.

4.3 Representação analítica

Outra maneira de indicar uma função consiste em dar a regra de associação


seguida do seu domínio. A função do exemplo anterior pode ser assim indicada:

f(x)= x2, x ∈ :ℜ

Nesse modo de indicar a função, subentende-se que o contradomínio é o


conjunto ℝ dos números reais.

Quando o domínio e o contradomínio de uma função estão contidos no conjunto


dos números reais, a função é chamada de uma função real de variável real. Uma
função tem três constituintes básicos: domínio, contradomínio e regra de associação.
Duas funções são iguais somente quando têm os mesmos domínio, contradomínio e
regra de associação, descreve Vaccaro e Canto, (2001).

4.4 Funções injetoras

Sejam A e B conjuntos e f : A → B uma função. Dizemos que:

f é injetora de A em B ⇔ (∀ 𝑥1 , 𝑥2 ∈ A) (f(𝑥1 ) = f(𝑥2 ) →𝑥1 = 𝑥2)


Note que isso é o mesmo que (∀ 𝑥1 , 𝑥2 ∈ A)( 𝑥1 ≠ 𝑥2 → f(𝑥1) ≠ f(𝑥2)).

Note que isso não é o mesmo que (∀ 𝑥1 , 𝑥2 ∈ A)( 𝑥1 = 𝑥2 → f(𝑥1) = f(𝑥2)).

4.5 Funções sobrejetoras

Sejam A e B conjuntos e f : A → B uma função. Dizemos que:

f é sobrejetora de A em B ⇔ (∀ y ∈ B) (∃ x ∈ A) (y = f(x))

Note que dizer que uma função é sobrejetora é o mesmo que mostrar que Im(f)

= C(f). Ou seja, para qualquer função, sempre será verdade que Im(f) ⊆ C(f), porém,
somente para as funções sobrejetoras poderemos escrever Im(f) = C(f).

4.6 Funções bijetoras

Sejam A e B conjuntos e f : A → B uma função. Dizemos que f é bijetora se e

só se f é sobrejetora e injetora. Isto é:

f bijetora ⇔ f injetora 𝖠 f sobrejetora


Ou seja:

f bijetora ⇔ (∀𝑥1, 𝑥2 ∈ A)( f (𝑥1) = f (𝑥2) → 𝑥1 = 𝑥2 𝖠 (∀ y ∈ B)(∃ x ∈ A)(y = f (x)).

Lembrando que para algumas equações — por exemplo, as equações


polinomiais do segundo grau, existem fórmulas explícitas que dão as raízes em função
dos coeficientes por exemplo a regra de Bháskara.

4.7 Zeros de uma função e identificação gráfica da mudança de sinal

Vamos ilustrar o significado dos zeros de uma função por meio dos gráficos a seguir,
os quais representam as funções:

f(x) = 1 + x + x2
f(x) = 1 + x + x2 + x2
f(x) = 1 + x + x2 + x2 + x4
1 + 𝑥 + 𝑥2
f(x) =
1 + 𝑥 + 𝑥2 + 𝑥3
f(x) = |x|
f(x) = x2/3(x – 2)2
f(x) = x2/3(x – 2)2
f(x) = x3

A raiz de uma função é o ponto em que f (x) = 0. Graficamente representa o

valor de x onde a curva corta (ou toca) o eixo x. Caso isso não ocorra, dizemos que a
função não possui raiz real. Para encontrar algebricamente as raízes de uma função,
igualamos f (x) a zero e resolvemos a equação.

O gráfico do polinômio P2 (x) = 1 + x + x2 de grau 2 é representado na Figura

2.

Figura 2 - Gráfico do polinômio P2 (x) = 1 + x + x2 de grau 2.

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

O gráfico do polinômio P3 (x) = 1 + x + x2 + x3 de grau 3 é representado na


Figura 3.
Figura 3 - Gráfico do polinômio P3 (x) = 1 + x + x2 + x3 de grau 3.

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

O gráfico do polinômio P4 (x) = 1 + x + x2 + x3 + x4 de grau 4 é representado na

Figura 4.

Figura 4 - Gráfico do polinômio P4 (x) = 1 + x + x2 + x3 + x4 de grau 4.

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

2
O gráfico da função racional f (x) = 1+𝑥+𝑥
é representado na Figura 5.
1+𝑥+𝑥2+𝑥3
1+𝑥+𝑥2
Figura 5 - Gráfico da função racional f (x) =
1+𝑥+𝑥2+𝑥3

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

−𝑥, 𝑥 < 0
O gráfico da função valor absoluto |x| = { é representado na Figura
𝑥, 𝑥 ≥ 0
6.
−𝑥, 𝑥 < 0
Figura 6 - Gráfico da função valor absoluto |x| = {
𝑥, 𝑥 ≥ 0

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).


Considere uma função f.

A função g(x) = f(x) + c é obtida pela translação (deslocamento) vertical de f

em c unidades.

A função g(x) = f(x − γ) é outra função obtida pela translação

(deslocamento) horizontal de f em γ unidades.

O gráfico da Figura 7 mostra a translação vertical da função algébrica f(x) =

x2/3(x − 2)2 considerando c = 3.

Figura 7 - Translação vertical da função algébrica f(x) = x2/3(x − 2)2

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

O gráfico da Figura 8 mostra a expansão horizontal da função algébrica f(x) =

x2/3(x − 2)2 considerando γ = 3.


Figura 8 - Expansão horizontal da função algébrica f(x) = x2/3(x − 2)2

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

4.8 Propriedades de funções

Função par: f(–x) = f(x).

Função ímpar: f(–x) = –f(x).

Existem funções que não são pares nem ímpares.

Função crescente: t < x implica f(t) < f(x).

Função decrescente: t < x implica f(t) > f(x).

Existem funções que não são crescentes nem decrescentes. Exemplo: a


função f(x) = x2 é uma função par (Figura 9).
Figura 9 - Exemplo de função par.

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

Essa função é simétrica em relação ao eixo y (função par). O gráfico dela é simétrico
com respeito ao eixo vertical.

A função f(x) = x3 é uma função ímpar (Figura 10).

Figura 10 - Função ímpar.

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

Essa função é simétrica em relação à origem (função ímpar). O gráfico dela é simétrico
em relação à origem.
5 TIPOS DE FUNÇÕES

5.1 Funções algébricas

Funções definidas por meio de operações algébricas em polinômios são


chamadas de funções algébricas e envolvem apenas operações algébricas (adição,
subtração, divisão, multiplicação e potenciação) sobre números reais. As funções que
não são algébricas são chamadas de funções transcendentes. Vaccaro e Canto
(2001) cita que funções transcendentes são as funções trigonométricas, as funções
exponenciais e as funções logarítmicas.

5.2 Funções polinomiais

É toda função cuja regra de associação é um polinômio, isto é, f(x) = 𝑎𝑛 xn +

𝑎𝑛−1 xn−1 + … + 𝑎1 x + 𝑎0 , onde os coeficientes 𝑎0 , 𝑎1 , … , 𝑎𝑛 são números reais


e n é algum natural.
Funções polinomiais têm a forma:

f(x) = 𝑎0 xn + 𝑎1 xn−1 + … + 𝑎𝑛−1 x + 𝑎𝑛

Nela, 𝑎0 , … 𝑎𝑛 são constantes, e n é um inteiro positivo chamado de grau do

polinômio se 𝑎𝑛 ≠ 0. O domínio deste tipo de função são os todos os números reais,


ou seja, não há restrições.

5.3 Funções racionais

É toda função f cuja regra de associação é da forma f(x) = p(x) / q(x), onde

p(x) e q(x) são funções polinomiais. Note que uma função racional está definida em
qualquer domínio que não contenha raízes do polinômio q(x).
Uma função é dita racional quando se encontra representada pelo quociente
entre dois polinômios, sendo o divisor um polinômio não nulo.
O domínio de uma função racional f(x) = N(x) / D(x) é dado por:

Df = {x ∈ R / D(x) ≠ 0}
Ou seja, o domínio desse tipo de função são os todos os números reais, exceto
o(s) valor(es) que torne(m) o denominador nulo.

5.4 Funções trigonométricas

Funções trigonométricas são as que estão associadas a ângulos e retas. Elas


são importantes no equacionamento de situações práticas que tenham caráter
periódico. Confira os valores de funções trigonométricas para alguns ângulos no
Quadro 1.

Quadro 1 - Valores de funções trigonométricas para determinados ângulos

Graus –180° –135° –90º –45° 0° 30° 45° 60° 90° 135° 180°

θ
–π – 3π/4 – π/2 – π/4 0 π/6 π/4 π/3 π/2 3π/4 π
(radianos)

sen θ 0 -√2/2 –1 -√2/2 0 1/2 √2/2 √3/2 1 √2/2 0

cos θ –1 -√2/2 0 √2/2 1


√3/2
√2/2 1/2 0 -√2/2 –1

tg θ 0 1 — –1 0
√3/3
1 √3 — –1 0

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

5.5 Função seno

A função seno é definida da seguinte forma (Figura 11):

sen: R → R
x → sen(x) y = sen x
Figura 1 - Função seno

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

D(sen) = ] -∞, +∞ [
Im(sen) = [ – 1, +1]
Período = 2 π

5.6 Função cosseno

A função cosseno é definida da seguinte forma (Figura 2):

cos: R → R
x → cos(x) y = cos x

Figura 2 - Função cosseno

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).


D(sen) = ] -∞, +∞ [
Im(sen) = [ – 1, +1]
Período = 2 π

5.7 Função tangente

A função tangente é definida como sendo o quociente da função seno pela


função cosseno (Figura 13).

tg: A → R

x → tg(x) = sen(x) / cos(x)

y = tg(x)

Figura 3 - Função tangente

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

D(tg) = {x ∈ R / x ≠ π/2 + kπ}, para k ∈ Z


Im(sen) = -∞ < y < +∞
Período = π
5.8 Funções inversas trigonométricas

5.8.1 Função arco-seno

A função f: R → [–1;1] definida por f(x)= sen x não é bijetora. Entretanto,

restringindo o domínio ao intervalo [–π/2; π/2], obtemos uma função bijetora cuja
inversa denominamos função arco-seno.
Temos, para x ∈ [–π/2; π/2] e y ∈ [–1;1]:

sen y = y ⇔ x = arcsen y

Trocando x por y e y por x, temos y = arcsen x. Portanto, a função inversa de

f: [–π/2; π/2] → [–1;1], f(x) = sen x é:

f –1: [–1;1] → [–π/2; π/2], f –1(x) = arcsen x

Observe a Figura 4.

Figura 4 - y = sen x, x Є [–π/2 ; +π/2] e y = arcsen x.

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

5.8.2 Função arco-cosseno

A função f:[0;π] → [–1;1] definida por f(x) = cos x, restrição do cosseno ao

intervalo [0;π], é bijetora, e sua inversa é denominada função arco-cosseno. Temos,

para x Є [0;π] e y Є [–1;1]: cos x = y ⇔ x = arccos y. Trocando x por y e y por x,

temos y = arccos x. Portanto, a função inversa de f é f –1: [– 1;1] → [ 0 ; π ], f –


1(x) = arccos x. Observe a Figura 5.
Figura 5 - Função arco-cosseno: y = cos x, x Є [ 0 ; π ] e y = arccos x

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

5.8.3 Função arco-tangente

A função f:]-π/2; π/2[ definida por f(x) = tg x com restrição da tangente ao


intervalo ]-π/2; π/2[ é bijetora, e sua inversa é denominada função arco-tangente.

Temos, para x ∈ ]-π/2; π/2[ e y ∈ R, tg x = y ⇔ x = arctg y. Trocando x por y e y

por x, temos y = arctg y. Portanto, a função inversa de f é f -1: R → ]-π/2; π/2[

f -1(x) = arctg x. Observe a Figura 6.

Figura 6 - Função arco-tangente: y = tg x, x Є ] -π/2 ; +π/2 [ e y = arctg x

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).


5.9 Exponencial

Uma das funções mais importantes da matemática é a exponencial de base a (Figura


7):

expa : R → ]0, ∞[
x → ax

Figura 7 - Exponencial de base a

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

Sendo a um número positivo e a ≠ 1. Os gráficos dessas funções mudam de acordo

com o valor de a, e estão ilustrados na Figura 8.

Figura 8 - Gráficos das funções exponenciais

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).


5.10 Função logarítmica

A função logarítmica é a inversa da função exponencial. Considere f(x) = ax ;


sua função inversa é: Observe também a Figura 9.

loga : ]0,∞[ → ℜ
x → loga x

Figura 9 - Função logarítmica: loga 1 = 0 e loga a = 1

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).

Graficamente, a função logarítmica é representada na Figura 10.

Figura 10 - Representação gráfica da função logarítmica

Fonte: Vaccaro; Canto (2001).


As propriedades operatórias são definidas por determinadas expressões. Para
todo x, y > 0, valem as seguintes regras.

a) Propriedade do produto: loga (xy) = loga x + loga y

b) Propriedade do quociente: loga (x / y) = loga x – loga y

c) Propriedade da potenciação: loga (yx) = x loga y

6 FUNÇÕES LINEARES E QUADRÁTICAS

Você aprenderá a identificar o coeficiente angular, o coeficiente linear e o zero


da função afim. Em seguida, estudará o conceito de função quadrática e os seus
elementos característicos, e aprenderá a calcular as coordenadas do vértice da
parábola. Conexão entre biologia e matemática nas funções complementares e
quadráticas, esclarece como é o padrão de crescimento de uma planta, a lei da queda
dos corpos e o índice de massa corporal, por exemplo.

6.1 Funções lineares

Oliveira (2016) destaca que podemos encontrar números desconhecidos em


cálculos de matemática, física, química, biologia, assim como em problemas do nosso
cotidiano. Quando reunimos informações sobre esse valor para expressá- -lo de forma
algébrica, isso resultará em uma equação. As equações lineares — ou do primeiro
grau — são aquelas em que o expoente da incógnita é um.
Nesse contexto, Friedrich e Manzini (2010, p. 42) formalizam a função afim da
seguinte forma: “Chama-se de função afim ou função polinomial do 1º grau a toda
função definida por f : R → R, y = ax + b, onde as constantes a e b pertencem ao

conjunto dos números reais e a e b devem ser diferentes de zero”.


Para compreender melhor o conceito de função afim na prática, pense no
crescimento das plantas: cada uma tem o seu ritmo, que, por natureza, é diferente
entre as espécies. O bambu é um dos recordistas em crescimento. Após uma
pesquisa, verificou-se que ele cresce em média um metro por dia. Vejamos um
exemplo de função afim específica para esse caso do bambu.
Sabendo que o bambu cresce em média um metro por dia, construímos o Quadro 1 a
seguir, que pode representar o crescimento diário e o tamanho do bambu. Temos aqui
uma função afim, pois o comportamento da função é linear e, pelo gráfico (Figura 1),
podemos observar que uma reta é gerada com base nas informações da planta.

Quadro 1 – Crescimento diário e o tamanho do bambu

x y=x
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7

Figura 1 – Crescimento do bambu em m x dias.

Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 42).

Note que a equação do exemplo está com a variável x em primeira potência,


logo o que temos é uma equação do primeiro grau — função afim. A busca agora é
pela compreensão dos coeficientes de uma função afim, ou seja, a partir da equação
geral dessa função, você aprenderá o que representa o a e o b da equação.

6.2 Coeficiente angular

O coeficiente angular, na equação geral da função afim y = ax + b, é

representado pela letra a e é a razão entre a variação da função e a variação da


variável independente x (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Entenderemos a defi nição
analisando o gráfico da Figura 2.

Figura 2 - Representação gráfica do coeficiente angular

Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 44).

𝑦2−𝑦1
Note que a = , e isso ocorre para quaisquer dois pontos escolhidos, pois
𝑥2−𝑥1

os triângulos formados são semelhantes. Essa razão é constante para cada função e
depende apenas da inclinação da reta. Por esse motivo, a é denominado coeficiente
angular, também conhecido como declividade ou taxa de variação.

6.3 Coeficiente linear

O coeficiente linear, na equação geral da função afim y = ax + b, é


representado pela letra e é a ordenada do ponto em que o gráfico da função cruza o
eixo das ordenadas y (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Analisando o gráfico da Figura
3, percebemos a definição.
Figura 3 - Representação gráfica do coeficiente linear

Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 47)

Note que b é o ponto que corta o eixo y.

6.4 Funções quadráticas

Equações em que o expoente de maior grau é 2 são chamadas de equações


do segundo grau — ou funções quadráticas. Nem sempre é possível resolver esse
tipo de equação isolando a incógnita. É importante mencionar que se chama de raiz
de uma equação o valor para o qual a equação se anula. No caso da equação do
segundo grau, ela terá de zero até duas raízes reais e pode ser escrita, de forma geral,
como y = ax² + bx + c, em que a, b e c são números reais e a ≠ 0 (OLIVEIRA, 2016).
As funções quadráticas têm diversas aplicações. Veja alguns exemplos

Exemplo 1: A lei da queda dos corpos

2
Se você ainda não estudou essa lei, aprenderá que d = (1 )Gt . Nessa
2
fórmula:

d é a distância percorrida pelo corpo até chegar ao chão;


G é a constante de aceleração da gravidade;
t é o tempo que o corpo leva para chegar ao chão.
Exemplo 2: Índice de Massa Corporal (IMC)

É importante acompanhar esse índice, já que a obesidade é um problema sério.


Ela é considerada uma doença grave quando o IMC do indivíduo se apresenta
superior a 30. Para calcular o IMC, utilizamos a fórmula:

𝑝𝑒𝑠𝑜(𝑘𝑔) 𝑝𝑒𝑠𝑜(𝑘𝑔)
IMC = ou seja, IMC =
𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚)−𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚), 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚)2

Note que, nas equações dos exemplos acima, as variáveis independentes (t,

m) estão em segunda potência. Portanto, o que temos são equações do segundo grau
(funções quadráticas).

6.5 Raízes da função quadrática

Vimos que a equação do segundo grau terá de zero até duas raízes reais e
pode ser escrita, de forma geral, como y = ax² + bx + c. Assim, para resolvê-la,
utilizamos a conhecida fórmula de Bhaskara, que nos permite encontrar as raízes da
função quadrática. Para isso, vamos relembrá-la:

−𝑏 ± √𝑏2 − 4𝑎𝑐
2𝑎
Para resolver essa fórmula, olhamos para a forma geral da função quadrática
e buscamos seus elementos: a, b e c. Friedrich e Manzini (2010) lembram que a

expressão b² – 4ac é conhecida como discriminante e pode ser representada pela

letra grega ∆. Portanto, podemos reescrever a fórmula de Bhaskara como:

−𝑏 ± √∆
𝑥=
2𝑎

Nesse contexto, Friedrich e Manzini (2010, p. 65) definem a função quadrática


da seguinte forma: “A função f: R → R, definida por f(x) = ax² + bx + c, com a, b e

c reais e a diferente de zero, é chamada de função quadrática ou função do segundo


grau”.
6.5.1 Representação gráfica

As funções afins, em função das suas características, vão gerar como


representação gráfica no plano cartesiano uma reta; já as funções quadráticas vão
gerar parábolas (TAN, 2014).

6.5.2 Função afim

Mostra a representação de duas retas e explica as suas declividades (TAN,


2014). Conforme aexemplo abaixo:

Exemplo

A Figura 4 mostra uma reta L1 com declividade 2. Note que, nessa reta, o

aumento de uma unidade em x resulta em um aumento de duas unidades em y. Para


ver isso, basta recordar que:

𝑦2 − 𝑦1 ∆𝑦
𝑎= =
𝑥2 − 𝑥1 ∆𝑥

Figura 4 - Reta crescente (com a > 0)

Fonte: Tan (2014, p. 33–34).


Na Figura 5, a reta L2 tem declividade −1. Nesta reta, o aumento de uma unidade em

x resulta em uma redução de uma unidade em y.

Figura 5 - Reta decrescente (com a < 0)

Fonte: Tan (2014, p. 33–34).

Observe que uma reta com declividade positiva se inclina para cima, da
esquerda para direita (y cresce à medida que x cresce), enquanto uma reta com

declividade negativa se inclina para baixo, da esquerda para direita (y decresce à

medida que x cresce).

6.6 Função quadrática

Estudamos que o gráfico de uma função quadrática é uma parábola. Agora


vamos entender o que caracteriza a parábola com concavidade voltada para cima ou
para baixo. Oliveira (2016) mostra esses casos com exemplos gráficos, conforme
exemplo abaixo:

Exemplo

O coeficiente a diz se a concavidade da parábola está voltada para cima ou


para baixo (Figuras 6 e 7). Lembre-se de que a lei de formação de uma função
quadrática é dada por y = ax2 + bx + c.
Figura 6 - Concavidade para cima (com a > 0)

Fonte: Oliveira (2016, p. 66–67).

Figura 7 - Concavidade para baixo (com a < 0).

Fonte: Oliveira (2016, p. 66–67).

O coeficiente c indica a ordenada do ponto em que o gráfico corta o eixo y, ou

seja, em (0, c). Os pontos em que as funções cortam o eixo x são as raízes ou os

zeros da função. Para encontrá-los, basta resolver a equação do segundo grau f(x) =

0.
6.7 Vértice da parábola

Uma parábola tem infinitos pontos; um deles é o vértice v(xv , yv). O vértice se
encontra no ponto médio das raízes da equação do segundo grau e pode ser obtido
−𝑏
pela seguinte fórmula xv = . Para encontrar o yv , basta substituir o valor do x
2𝑎
−∆
encontrado na função ou fazer yv = (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Observe no
4𝑎

exemplo o significado do vértice da parábola.

Exemplo

Se a > 0, o vértice é o ponto que tem o menor valor de y entre todos os pontos
da curva. Por isso, é chamado também de ponto de mínimo absoluto da função.
Assim, o ponto mínimo da função y = x2 – 4x + 3 é o ponto (2, –1), como mostra a
Figura 8.

Figura 8 - Vértice da parábola (com a > 0).

Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 69).


Figura 9 - Vértice da parábola (com a < 0).

Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 69).

6.8 Resoluções matemáticas

Existe uma forte relação entre matemática e biologia. O exemplo mais


comumente discutido é a relação das bactérias geradas pelo nosso corpo, revelando-
se pelo suor ou pela saliva. Além disso, a poluição do ar nas cidades é calculada em
função do número de carros em circulação, a sobrevivência de um inseto, em função
da temperatura. A afinidade entre biologia e matemática, é exemplificada em uma
cultura de bactérias, de acordo com o exemplo abaixo.

Exemplo

Vamos abordar um experimento que ocorreu em um laboratório, com o objetivo


de compreender a reação de um cultivo de bactérias a determinada toxina. Foi
introduzida a toxina em uma cultura de bactérias, cuja população, no momento da
introdução da toxina, era estimada em 8 milhões. No desenvolvimento do
experimento, estimou-se que, t horas após a introdução da toxina, a população era de
34𝑡 + 40
.
𝑡2 + 5𝑡
O Quadro 2 a seguir sintetiza alguns dos dados obtidos com o experimento e
destaca a relação de dependência existente entre o tempo (t) transcorrido, após a

introdução da toxina e a população P, após t horas da introdução dessa toxina. Vale


destacar ainda que o experimento teve duraçõa de 48 horas, pois esse período foi
suficiente para os propósitos do estudo.
Quadro 2 –Dados obtidos com o experimento
Tempo (t) transcorrido após a População de bactérias após t horas
introdução da toxina da introdução da toxina
0 (início do experimento) 8 milhões
1/2 (meia hora após a introdução) 10.86 milhões
1 (uma hora após a introdução) 12,33 milhões
3 (três horas após a introdução) 10,17 milhões

t (t horas após a introdução) 34𝑡 + 40


𝑡2 + 5𝑡
Fonte: Elaborado pelo autor.

Você já viu que uma relação de dependência como essa é chamada de função.
Em geral, utiliza-se notação similar à seguinte:

34𝑡+ 40
P(t) =
𝑡2+ 5𝑡

Dessa forma, explicita-se que, t horas após a introdução da toxina, a população


correspondente é P(t). Em essência, P(0) corresponde à população inicial (t = 0), P(1)
corresponde à população uma hora após a introdução da toxina, e assim
sucessivamente.

34.(0)+ 40
P(0) = =8
(0)2+ 5

34.(1) + 40
P(0) = 2 = 10,86
12
( )+5
2

34.(1)+ 40
P(1) = = 12,33
(1)2+ 5

Fonte: Mendes e Bueno ([201-?]).

Na relação acima, a população P é calculada em função do tempo t transcorrido

após a introdução da toxina. Em outras palavras, P é um valor que varia com a


variação de t; por essa razão, dizemos que P é uma variável dependente (do valor de

t), enquanto t é uma variável independente. Os possíveis valores para t são aqueles
maiores ou iguais a zero e menores ou iguais a 48, pois t representa o número de
horas passadas após o início do experimento, o qual teve duração de 48 horas.
Mendes e Bueno ([201-?)] explicam que uma função pode ser útil para compreender
melhor uma situação.

Um exemplo aplicado de função afim agora:

Exemplo

A regra de Friend é um método para calcular a dosagem de drogas pediátricas


de acordo com a idade da criança. Se a indica a dose para um adulto (em miligramas)

e t é a idade de uma criança (em anos), então a dose para a criança é dada por:

D(t) = 2 ta
25

Se a dose para um adulto é de 500 mg, qual é a dose para a uma criança de
quatro anos?

Solução:

Temos que a = 500 e t = 4 anos. Assim, basta substituir a informação da dose


para o adulto que conhecemos na fórmula:

D(4) = 2
. 4 . 500 → D(4) =160 mg
25

Portanto, a dose para uma criança de quatro anos deve ser de 160 mg.
7 DERIVADA DE FUNÇÃO DE UMA VARIÁVEL

7.1 Derivada e coeficiente angular

De acordo com a geometria analítica, uma reta descrita em um plano cartesiano


é definida pelo seus coeficientes linear e angular. O coeficiente linear trata da
translação vertical de uma reta, ao passo que o coeficiente angular mostra o grau de
inclinação de uma reta (STEWART, 2013). Veja um exemplo da equação de uma reta:

y=a∙x+b

onde a é o coeficiente angular e b é o coeficiente linear. Em uma reta, o coeficiente


angular pode ser dado pelo valor da tangente do ângulo dessa reta (Figura 1):

∆𝑦 𝑦2−𝑦1
a = tg𝛼 = =
∆𝑥 𝑥2 − 𝑥 1

Perceba que a diferença y2 – y1 se trata do cateto oposto, enquanto x2 – x1 é o

cateto adjacente. Deste modo, a divisão entre eles gera a tangente do ângulo α. Esse

ângulo está entre o eixo x e a reta f(x), o que pode ser visto porque o cateto adjacente

é paralelo ao eixo x, indicado na Figura 1.

Figura 1 - Coeficiente angular de uma equação de reta.

Fonte: Adaptada de Santos e Ferreira (2009).


A partir de dois pontos pertencentes à reta f(x), é possível determinar o valor
do coeficiente angular de uma reta. A obtenção desse valor no exemplo abaixo:

Exemplo 1

Dado uma reta onde os pontos A (0,1) e B (2,5) a ela pertencem, calcule o
coeficiente angular. Calculando o valor coeficiente angular como visto anteriormente:

∆𝑦 𝑦𝐵−𝑦𝐴 5−1 4
a= = = = =2
∆𝑥 𝑥𝐵− 𝑥𝐴 2−0 2

No entanto, nem todas as funções são lineares. Assim, o coeficiente linear para
uma função que não é uma reta passa a ser um valor instantâneo (STEWART, 2013).
Por isso, podemos utilizar a equação de uma reta como uma reta tangente à função
não linear para determinar seu grau de inclinação naquele ponto (Figura 2).

Figura 2 - Reta tangente a uma função não linear.

Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 133).

Ao escolher os pontos para determinar o coeficiente angular da reta, se esses


pontos forem distantes, um falso valor do coeficiente angular da reta tangente pode
emergir, pois a reta tangente toca a curva em um único ponto (ponto P). Se a reta
tocar em dois pontos da mesma curva, teremos um coeficiente angular de uma reta
chamada de secante (reta que contém P e Q). Veja, na Figura 2, que a reta tangente
toca unicamente em P quando 𝑥0; já a reta secante toca em P e Q.
Temos, então, de aproximar os pontos P e Q para o mais perto possível e,
assim, ter o valor do coeficiente angular dessa reta (HOFFMANN, 2018). Por isso, a
equação deve ser atribuída ao operador-limite para diminuir a diferença da distância
entre os pontos:

Deixando de uma forma mais simples, vamos aplicar esse cálculo do


coeficiente angular em cima da função no exemplo a seguir.

Exemplo 2

Calcule o coeficiente angular da função a seguir no ponto P (2,1):

Para calcular o valor do coeficiente angular, utilizamos a equação:

onde:

Substituindo o ponto P (2,1):


Aplicando no limite:

Analisando a função dada e a equação tangente no ponto P (2,1), o resultado


é visto na Figura 3.

Figura 3 - Equação tangente no ponto P da função y = 2/x.

Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 133).

7.2 Definição de derivada

A inclinação da reta tangente apresentada anteriormente pode ser interpretada


como variação instantânea da função f(x) em relação à variável x (STEWART, 2013).
Com base na formulação, a derivada pode ser conceituada como:

onde que f′ representa a derivada. Outras formas de representação de derivadas são


apresentadas abaixo (STEWART, 2013):
A primeira derivada também é conhecida como notação de Lagrange, e a
segunda, como notação de Leibniz, e a terceira é conhecida como notação de Newton.
Cálculo de derivada de uma função polinomial de 3º grau logo abaixo:

Exemplo 3

Calcule a derivada da função a f(x) = x3 - x

Aplicando o limite com h tendendo a zero: onde:

Substituindo no limite:

Agrupando os limites:
Agrupando os limites:

Simplificando e dividindo o que sobrou por h:

Percebe no resultado que a inclinação da reta tangente a função f(x) agora é


uma função e vai variar em função do ponto escolhido. Sendo assim,o resultado de
uma derivada será na forma de uma expressão matemática. Conforme a Figura 4, a
função original f(x) e a derivada f′(x).

Figura 4 - A função original f(x) e a derivada f′(x).

Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 145).

Se percebemos bem, o resultado da derivada em comparação com a função


original podemos já definir uma regra de como aplicar derivada em funções
polinomiais. A técnica de derivação em polinômios é chamada de regra da potência e
se baseia a seguir (STEWART, 2013):
Em um polinômio, portanto devemos olhar para o seu expoente e “descer” ele
ao lado da variável, diminuindo o valor de um (HOFFMANN, 2018). Vale ressaltar que
se houver um número constante a derivada é nula, pois uma reta constante não tem
grau de inclinação e logo não terá derivada. Um exemplo de aplicação dessa técnica
logo abaixo:

Exemplo 4

Calcule a derivada da função polinomial a seguir:

Aplicando a regra da potência para cada parcela do polinômio acima:

Também é possível realizar derivadas sucessivas, ou seja, após o cálculo de


uma derivada, realizar nova derivada. Para isso, a nomenclatura desse tipo de
derivada passa a ter algumas modificações, por exemplo:

Perceba que os índices aumentam à medida que os números de derivadas


aumentam. Veja, no exemplo a seguir, o cálculo de derivada sucessiva de um
polinômio.

Exemplo 5

Calcule a derivada sucessiva de terceira ordem da função polinomial a seguir:


Derivando pela primeira vez:

Derivando pela segunda vez:

Derivando pela terceira vez:


8 DERIVADAS DIRECIONAIS

Considere que você está em uma sala com o ar-condicionado ligado e que a
porta esteja aberta. Se você caminhar em direção à porta, perceberá que a
temperatura vai aumentando, mas, ao caminhar em direção ao ar-condicionado, a
temperatura vai diminuindo (STEWART, 2008).
A derivada direcional ajuda a determinar essa taxa de variação da temperatura
em relação à direção que você caminha.
Se f(x, y) compreende uma função de duas variáveis, as derivadas parciais de

f são dadas por:

Tais derivadas representam a taxa de variação da função f na direção positiva

dos eixos x e y, respectivamente. Podemos analisar tais derivadas como a taxa de

variação da função na direção do vetor 𝑖⃗ = ( 1, 0 ) e na direção do vetor 𝑗⃗ = ( 0, 1 ).

E se quisermos determinar a taxa de variação da função f na direção e no

sentido de um vetor unitário 𝑢 qualquer?

Definiremos então, a taxa de variação de f no ponto (𝑥0 , 𝑦0 ) na direção de 𝑢

= (a, b). Inicialmente, consideremos que a superfície S é o gráfico da equação z = f(x,


y) (gráfico de f) e o ponto P( 𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0 ) está na superfície S, em que 𝑧0= f(x0 , y0).
O plano vertical que passa por P na direção do vetor 𝑢 intercepta a superfície

S conforme uma curva C. Seja a T reta tangente a C passando por P, a inclinação da

reta tangente T é a taxa de variação de f na direção e no sentido do vetor unitário 𝑢

no ponto (𝑥0 , 𝑦0) (Figura 1).


Figura 1 - Curva C e tangente T no ponto P (𝑥0 , 𝑦0 , 𝑧0).

Fonte: Adaptada de Stewart (2008, p. 939).

Seja Q(x, y, z) outro ponto qualquer sobre a curva C e P´ e Q´ e as projeções

de P e Q sobre o plano xy (Figura 2), o vetor 𝑃′𝑄′ é paralelo ao vetor 𝑢 e, portanto,

pode ser escrito como um múltiplo escalar de 𝑢:

Para algum escalar h.

Figura 2 - Projeção dos pontos P e Q no plano xy

Fonte: Adaptada de Stewart (2008, p. 939).


Assim,

Se tomarmos o limite quando h tende a zero, obteremos a taxa de variação de

f na direção e no sentido de 𝑢, que é chamada derivada direcional de f na direção e


no sentido de 𝑢.

Estabelecemos então, a derivada direcional de f em (𝑥0 , 𝑦0) na direção e no

sentido do vetor unitário 𝑢 = (a, b) como:

Exemplo

Encontre a derivada direcional de:

f( x,y ) = x2 + xy
Em P (1,2) na direçãodo vetor unitário:
1
𝑢=( , 1 )
√2 √2

Aplicando a definição de derivada direcional, temos que:

𝐷 𝑓 (x y ) = lim (𝑓(𝑥0+ℎ𝑎,𝑦0+ℎ𝑏)−𝑓(𝑥0,𝑦0))
𝑢 0, 0

ℎ →0
1 1
𝑓(1+ℎ. , 2 +ℎ. )−𝑓(1,2)

𝐷 𝑢 𝑓 (1, 2) = lim √2 √2
ℎ →0 ℎ

ℎ 2 ℎ ℎ
(1+ ) +(1+ )(2+ ) − (12+1.2)
= lim √2 √2 √2
ℎ →0 ℎ
2ℎ ℎ2 3ℎ ℎ2
(1+ 2+ 2 )+(2+ 2+ 2 )−3
√ √
= lim
ℎ →0 ℎ

5ℎ
+ℎ2 5 5
= lim √2 = lim ( + ℎ) =

ℎ →0 ℎ ℎ →0 √2 √2
5
Concluímos do exemplo que 𝐷 𝑢 𝑓 (1,2) = . Podemos dizer que a taxa de
√2

variação da função f(x, y) = x2 + xy em P(1, 2) na direção do vetor unitário:

1 1 5
𝑢=( , ) é de .
√2 √2 √2

8.1 Cálculo da derivada direcional

Da seção anterior, aprendemos que, por definição, a derivada direcional de f

em (𝑥0 , 𝑦0 ) na direção e no sentido do vetor unitário 𝑢 = (a, b) é:

Podemos calcular a derivada direcional de uma função definida por uma


fórmula dada pelo seguinte teorema:
Teorema: se f(x, y) é uma função diferenciável em x e y, então f tem derivada

direcional na direção e no sentido do vetor unitário 𝑢 = (a, b) dada por:

onde fx é a derivada parcial de f em relação a x, e fy a derivada parcial de f em relação

a y.

Exemplo 1

Encontre a derivada direcional de:


f(x,y) = x2 + xy
Em P (1,2) na direçãodo e no sentido do vetor unitário:
1
𝑢=( , 1 )
√2 √2

Pelo teorema, temos:

𝐷 𝑢 𝑓(x,y)= fx (x,y). a + fy (x,y). b

fx (x,y) = 2x + y → fx (1,2) = 2 . 1 + 2 = 4

fy (x,y) = x → fy (1,2) = 1
Assim,

𝐷 𝑢 𝑓(1,2)= fx (1,2). a + fy (1,2). b

=4. 1 +1. 1
√2 √2

4 1 5
= + =
√2 √2 √2

Exemplo 2

Encontre a derivada direcional de:

f( x,y ) = x3 - 3xy + 4y2


√2 √2
Na direção e no sentido do vetor unitário 𝑢=( , ).
2 2

Sabemos que

𝐷 𝑢 𝑓(x,y)= fx (x,y). a + fy (x,y). b

fx (x,y) = 3x2 – 3y

fy (x,y) = 3x + 8y
Assim,
𝐷 𝑢 𝑓(x,y)= fx (x,y). a + fy (x,y). b
√2 √2
= (3x2 – 3y). +(-3x +8y) .
2 2

3√2 𝑥2 3√2 𝑦 3√2 𝑥 8√2 𝑦


= ( − )+( + )
2 2 2 2

√2
= (3𝑥2 − 3𝑥 + 5𝑦)
2

Exemplo 3

Considere a função f(x, y) = 3x2 – cos y + 5xy2

a) Encontre a derivada direcional de f na direção e no sentido do vetor


unitário

𝑣⃗ = (4,3).

b) Determine a derivada direcional obtida no item anterior no ponto (–1, 0).


Observe que o vetor dado no exemplo não é unitário:

|𝑣⃗ | = |(4,3)| = √42 + 32 = √16 + 9 = √25 = 5

Então, o versor de 𝑣⃗ é
𝑣⃗ (4,3) 4 3
𝑢= = =( , )
|𝑣⃗ | 5 5 5

Dessa forma, vamos calcular a derivada direcional de f utilizando o versor:

4 3
𝑢= ( , )
5 5
a)
𝐷 𝑢 𝑓(x,y) = fx (x,y). a + fy (x,y). b

2).
4 3
= (6𝑥 + 5𝑦 + (𝑠𝑒𝑛 𝑦 + 10 𝑥𝑦.
5 5

24𝑥 3 𝑠𝑒𝑛 𝑦
+ 4𝑦2 + + 6𝑥𝑦
5 5
24𝑥 3𝑠𝑒𝑛 𝑦
𝐷 𝑓(x,y) = +4y2 + +6xy
𝑢 5 5

b)
24 (−1) 3𝑠𝑒𝑛 (0) 24
𝐷 𝑓(-1,0) = + 4 (0)2 + + 6 (-1)(0) = -
𝑢 5 5 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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