UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

LUCAS MIRANDA DE MACEDO

RELATÓRIOS DOS EXERCÍCIOS DE ESTABILIDADE E

CARGA CRÍTICA DE FLAMBAGEM

Florianópolis - SC
2023
 LUCAS MIRANDA DE MACEDO

RELATÓRIOS DOS EXERCÍCIOS DE ESTABILIDADE E

CARGA CRÍTICA DE FLAMBAGEM

Relatórios referentes aos exercícios de flambagem 16.1,

16.3 e 16.5 do Livro de Materiais Compostos no âmbito
da disciplina ECM-410414-41000064ME (20231) –
Projeto de Estruturas de Materiais Compostos B.
Professor: Paulo De Tarso Rocha De Mendonca, Phd.

Florianópolis - SC
2023
 SUMÁRIO

1EXERCÍCIO 16.1 ..................................................................................................................... 6

1.1. ENUNCIADO ............................................................................................................ 6
1.2. EMBASAMENTO TEÓRICO................................................................................... 6
1.3. SOLUÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................... 7
2EXERCÍCIO 16.3 ..................................................................................................................... 9
2.1. ENUNCIADO ............................................................................................................ 9
2.2. EMBASAMENTO TEÓRICO................................................................................... 9
2.3. SOLUÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................. 11
3COMENTÁRIOS ................................................................................................................... 13
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 14
 6

1 EXERCÍCIO 16.1

1.1. ENUNCIADO

Para a situação ilustrada na Figura 01 a seguir, determine a carga crítica de flambagem.

Figura 1 – Viga engastada-apoiada sob efeito de uma carga Nx0

1.2. EMBASAMENTO TEÓRICO

As equações diferenciais de equilíbrio de uma viga advêm de uma simplificação das

equações de placa, visto que não se contempla os termos que envolvem a direção y. O
equilíbrio pode ser apresentado em função de uma única equação, como é mostrado na
Equação 1 a seguir.

𝑑4 𝑤 𝑑2𝑤 𝜆𝑁𝑥0
+ 𝜆̅
2
= 0, 𝜆2̅ = 1
𝑑𝑥 4 𝑑𝑥 2 𝐸𝑥𝐹 𝐼

A clássica solução da equação diferencial ordinária anterior é conhecida e apresentada

conforme a Equação 2, sendo que as constantes Ci devem satisfazer as condições de contorno
do problema.

𝑤1 (𝑥) = 𝐶1 𝑠𝑒𝑛(𝜆̅𝑥) + 𝐶2 cos(𝜆̅𝑥) + 𝐶3 𝑥 + 𝐶4 2

 7

1.3. SOLUÇÃO DO PROBLEMA

As condições de contorno do problema são apresentadas nas Equações 3 e 4 seguir.

𝑤(0) = 𝑤 ′ (0) = 0 → 𝑒𝑛𝑔𝑎𝑠𝑡𝑎𝑑𝑎 3

𝑤(𝑙) = 𝑤 ′′ (𝑙) = 0 → 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑎𝑑𝑎 4

Substituindo as condições de contorno na Equação 2, obtém-se o seguinte sistema

algébrico, representado pela Equação 5.

0 1 0 1 𝐶1
𝑠𝑒𝑛(𝜆̅𝑙) cos (𝜆̅𝑙) 𝑙 1] {𝐶2 } = 0̅
[ ̅ 5
𝜆 0 1 0 𝐶3
𝑠𝑒𝑛(𝜆̅𝑙) −𝜆̅²cos (𝜆̅𝑙) 0 0 𝐶4

O sistema possui solução não trivial se o determinante da matriz for nulo. O determinante
é apresentado na Equação 6 a seguir.

det = 𝜆2̅ 𝑙 (𝜆̅ cos(𝜆̅𝑙) − 𝑠𝑒𝑛(𝜆̅𝑙)) = 0 6

Como l não pode ser 0 e buscamos uma solução cujo λ também é diferente de 0, por
conseguinte, é obtida a Equação 7 a seguir.

𝜆̅ cos(𝜆̅𝑙) − 𝑠𝑒𝑛(𝜆̅𝑙) = 0 7

É possível obter as raízes visualmente plotando-se a equação anterior. Assim, obtém-se a

Figura 2 a seguir.
 8

Figura 2 - Plotagem da Equação característica do problema

É possível se obter visualmente os intervalos para se buscar a raiz da função em questão, é

utilizado o MATLAB para encontrar esses valores. Apesar da análise de flambagem parar do
menor valor positivo da raiz, cujo valor corresponde ao início do processo de flambagem,
buscou-se as três primeiras raízes na tentativa de achar uma periodicidade na resposta. Essas
raízes são mostradas na Tabela 1 a seguir.

Tabela 1 – Raízes da equação característica

1ª raiz 2ª raiz 3ª raiz

𝜆1̅ 𝑙 𝜆̅2 𝑙 𝜆̅3 𝑙

4.4934 7.7252 10.9041

Portanto, 𝜆1̅ é apresentado na equação 8 a seguir.

4.4934 𝜋 1.4303𝜋
𝜆1̅ = ∗ = 8
𝑙 𝜋 𝑙
 9

Como definido na Equação 2, é feita a substituição para achar a carga crítica de Euler a
partir do 𝜆𝑐𝑟 a partir do 𝜆̅, mostrado nas equações 9 e 10 a seguir. Usualmente adota-se 𝑁𝑥0 =
1

1.4303𝜋 2
𝐸𝑥𝐹 𝐼( )
𝑙 = 𝜆𝑐𝑟 9
𝑁𝑥0

𝐸𝑥𝐹 𝐼𝜋²
𝑁𝑥0 𝜆𝑐𝑟 = 2.045 10
𝑙²

2 EXERCÍCIO 16.3

2.1. ENUNCIADO

Programe a solução do problema de cisalhamento puro em placa ortotrópica simplesmente

apoiada visto na Seção 16.6 . A Figura x a seguir ilustra a situação.

Figura 3 – Ilustração do problema de placa sob cisalhamento coplanar puro

2.2. EMBASAMENTO TEÓRICO

O equacionamento matemático da forma fraca de Galerkin da configuração equilibrada de

uma placa laminada delgada é mostrado na Equação 11 a seguir. (R. MENDONÇA, 2019)
 10

𝑁1ℎ 𝑇 𝜀̂1ℎ
∫ { } { } + {𝑄1ℎ }𝑇 {𝛾𝑐1ℎ } − 𝑞1ℎ 𝑤
̂1ℎ
Ω
𝑀1ℎ 𝜅̂1ℎ

{
11
𝜕𝑤1ℎ 𝑇 𝜕𝑤
̂1ℎ
𝜕𝑥 𝑁𝑥0 𝑁𝑥𝑦0 𝜕𝑥
+ 𝜆 𝜕𝑤 [𝑁 ] 𝜕𝑤
̂1ℎ 𝑑Ω = 0
1ℎ 𝑥𝑦0 𝑁𝑦0
{ 𝜕𝑦 } { 𝜕𝑦 }
}

Para a solução do problema em questão, algumas simplificações serão consideradas, sendo

elas: placa simétrica, ortotrópica, delgada e simplesmente apoiada. Por se tratar de uma
análise de cisalhamento puro, tem-se que 𝑁𝑥0 = 𝑁𝑦0 = 0. Além disso, a parcela referente ao
incremento de carga na configuração flambada também é zero, isto é, 𝑞1ℎ 𝑤
̂1ℎ = 0.

Como o cisalhamento transversal não está sendo levado em conta, apenas o coplanar, a
parcela {𝑄1ℎ }𝑇 {𝛾𝑐1ℎ } é anulada. Por fim, como o laminado é simétrico, a matriz B é 0.
Incorporando tais simplificações na Equação x, obtém-se a Equação 12 mostrada a seguir.

𝑤1,𝑥𝑥 𝑇 𝐷11 𝐷12 0 𝑤

̂1,𝑥𝑥
𝑤 𝑇 𝑤
̂
∫ {{ 𝑤1,𝑦𝑦 } [𝐷12 𝐷22 ̂1,𝑦𝑦 } + 𝜆𝑁𝑥𝑦0 {𝑤1,𝑥 } [0 1] { 1,𝑥 }} 𝑑Ω = 0
0 ]{ 𝑤 12
2𝑤1,𝑥𝑦 1,𝑦 1 0 𝑤 ̂1,𝑦
Ω 0 0 𝐷33 2𝑤 ̂1,𝑥𝑦

Por sua vez, a matriz de rigidez para flexão D é obtida conforme a Equação 13 a seguir, ou
seja, o somatório da matriz de rigidez reduzida Q percorrendo todas as lâmina do laminado.
(R. MENDONÇA, 2019)

𝑁
1
𝐷𝑖𝑗 = [∑ 𝑄̅𝑖𝑗
𝑘
(𝑧𝑘3 − 𝑧𝑘−1
3
)] 13
3
𝑘=1

Caso uma lâmina possua um ângulo de laminação em relação à direção principal do sistema
adotado, a matriz de rigidez reduzida Q computa essa angulação segunda a Equação 14
mostrada a seguir

𝑄̅𝑘 = 𝑇𝑘−1 𝑄𝑇𝑘−𝑇 , 𝑐𝑜𝑚 𝑇𝑘 = 𝑇𝑘 (𝜃) 14

 11

Visto que não é conhecido uma base de funções que satisfação o equacionamento anterior,
a solução será via aproximação numérica, sendo a base trigonométrica apresentada na
Equação 15 a seguir.

𝑚1 𝑛1
𝑚𝜋𝑥 𝑛𝜋𝑦
𝑤(𝑥, 𝑦) = ∑ ∑ 𝑊𝑚𝑛 𝑠𝑒𝑛 ( ) 𝑠𝑒𝑛 ( ) 15
𝑎 𝑏
𝑚=1 𝑛=1

O equacionamento do PTV, por fim, é mostrado nas Equações 16 a 18 a seguir.

̂𝑇 + 𝜆𝑾𝑲𝐺 𝑾
𝑾𝑲𝑾 ̂𝑇 = 0 16

̂𝑇 = 0
𝑾(𝑲 + 𝜆𝑲𝐺 )𝑾 17

𝑾(𝑲 + 𝜆𝑲𝐺 ) = 0 18

Nota-se que é um problema clássico de autovalor e autovetor, cuja solução pode ser obtida
utilizando, por exemplo, o software MATHLAB. Analisa-se o determinante do sistema de
equações acima, necessitando-o ser nulo para que a solução possua raízes não-triviais.

As matrizes 𝑲 e 𝑲𝐺 podem ser calculadas conforme as Equações 19 e 20 (R. MENDONÇA,

2019)

𝜋4
𝑲𝒊𝒋𝒎𝒏 = [𝐷 𝑚4 + 2(𝐷12 + 2𝐷33 )(𝑚𝑛𝑅)2 + 𝐷22 (𝑛𝑅)4 ], 𝑝/ 𝑖 = 𝑚 𝑒 𝑗 = 𝑛 19
4𝑅 3 𝑏 2 11
−8𝑁𝑥𝑦0 𝑖𝑗𝑚𝑛
𝑠𝑒 𝑖 + 𝑚 𝑒 𝑗 + 𝑛 í𝑚𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠
𝑲𝑮𝒊𝒋𝒎𝒏 ={ (𝑖 2 − 𝑚²)(𝑗 2 − 𝑛²) 20
0 se 𝑖 + 𝑚 𝑒 𝑗 + 𝑛 forem pares

Apesar das matrizes de rigidez 𝑲𝒊𝒋𝒎𝒏 e de rigidez geométrica 𝑲𝑮𝒊𝒋𝒎𝒏 serem, pelos seus
índices, matrizes de 4ª ordem, é possível transformar dois índices em um vetor. Assim, os
índices i e j se transformam em um vetor ij, e os índices m e n se transformam em um vetor
mn. Portanto, a título de exemplo, a matriz de rigidez pode ser representada por 𝑲𝒊𝒋 𝒙 𝒎𝒏.

2.3. SOLUÇÃO DO PROBLEMA

Os valores m e n definem o a quantidade de termos que aproximares a solução exata, ou

seja, quanto maior seu valor, melhor deverá ser a convergência da solução aproximada. Neste
trabalho foi-se adotado um truncamento de 𝑚1 = 𝑛1 = 4.
 12

A angulação das lâminas adotada foi de 45°/-45°/45°.

Foi-se construído um código computacional utilizando MATLAB.

Os dados de entrada utilizados são mostrados na Tabela 2 a seguir

Tabela 2 – Dados de entrada

𝐸1 181e9 (N/m²)

𝐸2 10.3e9 (N/m²)

𝜈12 0.28 (adimensional)

𝐺12 7.17e9 (N/m²)

𝜌 1600 kg/m³

𝐻 (espessura do
12e-3 m
laminado)

𝑎 1,5 m

𝑏 1m

𝑛 (número de lâminas) 3

𝑁𝑥𝑦0 1

As matrizes calculadas são apresentadas a baixo.

 13

Os autovalores associados ao problema foram calculados e mostrados na Figura x a seguir,

sendo 𝜆𝑐𝑟 = 0.8964, menor valor positivo.

3 COMENTÁRIOS

O objetivo geral desse trabalho foi entender como se dá a formulação de estabilidade de

uma placa. Para isso, partindo-se das equações de equilíbrio para uma placa delgada, foi-se
adotado simplificações até que se chegasse na equação a ser trabalhada. Como ela não possuía
solução analítica fechada, optou-se por uma aproximação numérica via método de Galerkin,
partindo do PTV. Além disso, buscou-se avançar na utilização do software MATHLAB para os
cálculos necessários e rotinas de programações. Por parte do autor deste trabalho, foi-se
aprendido a programar resolução de sistemas lineares com infinitas soluções, assim como
 14

implementar a solução de problemas de autovalor e autovetor, aprendido nos exercícios

anteriores.

REFERÊNCIAS

R. MENDONÇA, Paulo de Tarso. Materiais compostos e estruturas-sanduíche: projeto e

análise. 2. ed. Florianópolis: Editora Orsa Maggiore, 2019.