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Sólido elástico linear isotrópico

Conteúdo
Capítulo 9 - Sólido elástico linear isotrópico ................................................................................. 2
9.1 Significado físico do módulo de elasticidade ...................................................................... 6
9.1.1 Tração simples .............................................................................................................. 6
9.1.2 Cisalhamento puro ....................................................................................................... 7
9.1.3 Compressão hidrostática.............................................................................................. 7
9.2 Equações da teoria da elasticidade infinitesimal ................................................................ 8
9.3 Relações constitutivas termoelásticas ................................................................................ 9
9.4 Energia de deformação U .................................................................................................. 13
9.4.1 Tensão uniaxial ........................................................................................................... 15
9.4.2 Cisalhamento simples................................................................................................. 16
9.4.3 Pressão hidrostática ................................................................................................... 16
Referências .................................................................................................................................. 17

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

Capítulo 9 - Sólido elástico linear isotrópico

Para um sólido elástico linear, com relação à base 𝒆̂𝑖 , tem a seguinte a relação entre a
tensão e a deforma (LAI; RUBIN; KREMPL, 2010):

𝑻 = 𝑪𝜺 (9.1)

e na forma de componentes fica:

𝑇𝑖𝑗 = 𝐶𝑖𝑗𝑘𝑙 𝑘𝑙 (9.2)

na qual T e  são tensores de segunda ordem e C é um tensor de quarta ordem conhecido


como tensor elasticidade (tensor constitutivo).
Em relação à base 𝒆̂′𝑖 ,

𝑇′𝑖𝑗 = 𝐶′𝑖𝑗𝑘𝑙 ′𝑘𝑙 (9.3)

Se o material é isotrópico, as componentes do tensor elasticidade C devem permanecer


as mesmas, independentemente de como a base retangular é rotacionada ou refletida.
Então,

𝐶𝑖𝑗𝑘𝑙 = 𝐶′𝑖𝑗𝑘𝑙 (9.4)

sob toda a transformação ortogonal de base. Um tensor tendo as mesmas componentes


com relação à toda base ortonormal é conhecido como um tensor isotrópico.
O tensor de tensões T é determinado por:

𝑻 = 𝑒𝑰 + 2 (9.5)

na qual e = kk = 11 + 22 + 33 = tr() é a dilatação e  e  são conhecidos como
coeficientes ou constantes de Lamé.
Em notação de componentes, a equação constitutiva para um sólido elástico linearmente
isotrópico (Equação (9.5)) fica:

𝑇𝑖𝑗 = 𝜀𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 + 2𝜀𝑖𝑗 (9.6)

As componentes do tensor de tensões são:

𝑇11 = (𝜀11 + 𝜀22 + 𝜀33 ) + 2𝜀11


𝑇22 = (𝜀11 + 𝜀22 + 𝜀33 ) + 2𝜀22
𝑇33 = (𝜀11 + 𝜀22 + 𝜀33 ) + 2𝜀33
𝑇12 = 2𝜀12
𝑇13 = 2𝜀13 (9.7)
𝑇23 = 2𝜀23
𝑇12 = 𝑇21
𝑇13 = 𝑇31
𝑇23 = 𝑇32

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

O tensor de elasticidade C tem 34 = 81 componentes. Contudo, devido à simetria de ambos


os tensores de tensão e de deformação, reduz a 36 coeficientes distintos.
As componentes de deformação podem ser escritas em termos das componentes de
tensão:

1 
𝜀𝑖𝑗 = (𝑇𝑖𝑗 − 𝑇 𝛿 ) (9.8)
2 3 + 2 𝑘𝑘 𝑖𝑗

O módulo de Young (módulo de elasticidade longitudinal) EY é:

(3 + 2)
𝐸𝑌 = (9.9)
+

O coeficiente de Poisson  é dado por:


= (9.10)
2( + )

Assim, a equação para ij fica em termos de EY e :

1
𝜀𝑖𝑗 = ((1 + )𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 ) (9.11)
𝐸𝑌

Na forma de invariante, tem-se:

1
𝜺= ((1 + )𝑻 − 𝑡𝑟(𝑻)𝑰) (9.12)
𝐸𝑌

Combinando as constantes EY e , definimos o módulo de elasticidade transversal G por


(MASE; MASE, 1999):

𝐸𝑌
𝐺= = (9.13)
2(1 + )

O módulo de Bulk  é definido por:

𝐸𝑌
= (9.14)
3(1 − 2)

______________________________________________________________________
Exemplo 9.1: Um corpo elástico isotrópico (EY = 207 GPa,  = 79,2 GPa) tem um estado
de tensão uniforme dado por:

100 40 60
𝑻 = [ 40 −200 0 ] 𝑀𝑃𝑎
60 0 200

a) Quais são as componentes de deformação?


b) Qual é a mudança total de volume para um cubo com 5 cm de lado do material?

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

Solução:

a) Determinação do tensor de deformações infinitesimais :

As componentes do tensor de deformações infinitesimais são obtidas conforme a Equação


(9.11).

Utilizando o programa Scilab (2021), tem-se:

--> T=[100 40 60;40 -200 0;60 0 200]


T =
100. 40. 60.
40. -200. 0.
60. 0. 200.
--> EY=207*10^3;
--> nu=EY/(2*79.2*10^3)-1
nu =
0.3068182
--> epsilon=1/EY*((1+nu)*T-nu*trace(T)*eye(3,3))
epsilon =
0.0004831 0.0002525 0.0003788
0.0002525 -0.0014108 0.
0.0003788 0. 0.0011144

Assim, o tensor é  na forma matricial:

0,0004831 0,0002525 0,0003788


 = [0,0002525 −0,0014108 0 ]
0,0003788 0 0,0011144

b) Determinação da mudança total de volume para um cubo com 5 cm de lado do


material:

A dilatação e é dada pela seguinte equação:

𝑒 = 𝑡𝑟(𝜺) = 𝜀𝑘𝑘 = 𝜀11 + 𝜀22 + 𝜀33

Sendo o volume inicial do cubo V0 = 125 cm3, a mudança de volume V é calculada por:

∆𝑉 = 𝑉0 𝑒

--> e=trace(epsilon)
e =
0.0001866
--> V0=5^3
V0 =
125.
--> deltaV=V0*e

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


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deltaV =
0.0233311
--> Vf=V0+deltaV
Vf =
125.02333

A mudança de volume é V = 0,0233311 cm3.


______________________________________________________________________
Exemplo 9.2: Supondo o plano x1 – x2 para descrever um problema, e no caso de assumir
a hipótese de estado plano tensão, determinar as componentes de tensão do tensor de
tensões T a partir da Equação (9.8).

Solução:

No estado plano de tensão, as componentes de tensão T33 = T31 = T23 = T31 = T32 = 0.
Partindo da Equação (9.8), tem-se:

1 𝑇11 𝑇22
𝜀11 = ((1 + )𝑇11 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )𝛿11 ) = −
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝑇11 = 𝐸𝑌 𝜀11 + 𝑇22

1 𝑇22 𝑇11
𝜀22 = ((1 + )𝑇22 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )𝛿22 ) = −
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝑇22 = 𝐸𝑌 𝜀22 + 𝑇11

1 (1 + )𝑇12
𝜀12 = ((1 + )𝑇12 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )𝛿12 ) =
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝐸𝑌 𝜀12
𝑇12 =
1+

Como 𝜀12 = 𝜀21 , então:

𝐸𝑌 𝜀12
𝑇12 = 𝑇21 =
1+

Observa-se que:
𝑇11 = 𝐸𝑌 𝜀11 + 𝐸𝑌 𝜀22 + 2 𝑇11
𝑇11 − 2 𝑇11 = (1 − 2 )𝑇11 = 𝐸𝑌 𝜀11 + 𝐸𝑌 𝜀22
𝐸𝑌
𝑇11 = (𝜀 + 𝜀22 )
1 − 2 11

𝑇22 = 𝐸𝑌 𝜀22 + 𝐸𝑌 𝜀11 + 2 𝑇22


𝑇22 − 2 𝑇22 = (1 − 2 )𝑇22. = 𝐸𝑌 𝜀22 + 𝐸𝑌 𝜀11 +
𝐸𝑌
𝑇22 = (𝜀 + 𝜀11 )
1 − 2 22

Portanto, a equação constitutiva na hipótese de estado plano tensão fica:

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Sólido elástico linear isotrópico

𝐸𝑌 1  0 11
𝑇11 𝜀
2  1 0
[𝑇22 ] = [ ] [𝜀22 ]
1 − 
𝑇12 0 0 1 𝜀12
______________________________________________________________________

9.1 Significado físico do módulo de elasticidade

Para o caso isotrópico, o módulo de elasticidade tem um significado físico simples. Esse
pode ser determinado por meio da investigação de estados particulares de tensão
comumente realizados em testes de laboratório de materiais (SADD, 2009).

Figura 9. 1 – Estruturas sujeitas a esforços: a) barra sujeita à tração simples; b) barra circular sujeita à torção pura; e
c) cubo sujeito à compressão hidrostática. Fonte: adaptada de Sadd (2009).

9.1.1 Tração simples

Considere o teste de tração simples com uma amostra sujeita à tração na direção x. O
estado de tensão é representado por um campo unidimensional (T11 = , T22 = T33 = T12 =
T13 = T23 = 0):

 0 0
𝑻 = [0 0 0] (9.15)
0 0 0

O campo de deformação é dado como segue:

1+𝜈 𝜈
𝜀𝑖𝑗 = 𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 (9.16)
𝐸𝑌 𝐸𝑌
1+𝜈 𝜈 𝑇11 
𝜀11 = 𝑇11 − 𝑇11 = = (9.17)
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝜈 𝜈
𝜀33 = 𝜀22 = − 𝑇11 = −  (9.18)
𝐸𝑌 𝐸𝑌

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0 0
𝐸𝑌
𝜈
= 0 −  0 (9.19)
𝐸𝑌
𝜈
0 0 − 
[ 𝐸𝑌 ]

Portanto, 𝐸𝑌 = /𝜀11 e é simplesmente a inclinação da curva tensão-deformação,


𝜀 𝜀
enquanto 𝜈 = − 𝜀22 = − 𝜀33 é a razão entre a deformação transversal e a deformação axial.
11 11
Medição padrão de sistemas podem facilmente obter a tensão axial e dados de
deformações transversais e axiais.

9.1.2 Cisalhamento puro

Se um cilindro de parede fina estiver sujeito a momentos torsores, o estado de tensão na


superfície da amostra cilíndrica é dado por (T12 = T21 = , T11 = T22 = T33 = T13 = T23 = 0):

0  0
𝑻 = [ 0 0] (9.20)
0 0 0

Novamente, usando a lei de Hooke, o campo de deformação correspondente torna-se:

1+𝜈 𝜈
𝜀𝑖𝑗 = 𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 (9.21)
𝐸𝑌 𝐸𝑌
1+𝜈
𝜀12 = 𝜀21 =  (9.22)
𝐸𝑌
1+𝜈 0  0
= [  0 0] (9.23)
𝐸𝑌
0 0 0

O módulo de cisalhamento G é simplesmente a inclinação da curva de tensão de


cisalhamento versus a deformação de cisalhamento.
9.1.3 Compressão hidrostática

Seja uma amostra com carregamento uniforme de compressão. Este tipo de teste é
realizável se a amostra for colocada em uma câmara de compressão de alta resistência. O
estado de tensão para este caso é dado por:

−𝑝 0 0
𝑻 = [ 0 −𝑝 0 ] = −𝑝𝑰
(9.24)
0 0 −𝑝
𝑇𝑖𝑗 = −𝑝𝛿𝑖𝑗

Este é um estado isotrópico de tensão e as deformações seguem da lei de Hooke:

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

1 − 2𝜈
− 𝑝 0 0
𝐸𝑌
1 − 2𝜈
= 0 − 𝑝 0 (9.25)
𝐸𝑌
1 − 2𝜈
0 0 − 𝑝
[ 𝐸𝑌 ]

A dilatação que representa a mudança no volume do material é dada por 𝑒 = 𝑘𝑘 =


1−2𝜈
−3 ( 𝐸 ) 𝑝, que pode ser escrita como:
𝑌

𝑝 = − 𝑒 (9.26)
𝐸𝑌
= (9.27)
3(1 − 2𝜈)

A constante  é chamada módulo de Bulk. Essa constante elástica adicional representa a


relação de pressão para a dilatação, que pode ser referida como a rigidez volumétrica do
material (MASE; MASE, 1999).
Observa-se que, quando o coeficiente de Poisson se aproxima de 0,5, o módulo de Bulk
se torna ilimitado e o material não sofre nenhuma deformação volumétrica e, portanto, é
incompressível.
Nossa discussão sobre módulos elásticos para materiais isotrópicos levou à definição de
cinco constantes , , EY,  e . No entanto, apenas duas delas são necessárias para
caracterizar o material.

9.2 Equações da teoria da elasticidade infinitesimal

Considerando o caso de deformações infinitesimais, assumimos que (LAI; RUBIN;


KREMPL, 2010):

𝑥𝑖 ≅ 𝑋𝑖 (9.28)

𝜕𝑢
e a magnitude das componentes do gradiente de deslocamento 𝜕𝑋𝑖 é também pequena.
𝑗
A relação entre as deformações e os deslocamentos é:

1
𝜺 = (𝜵𝒖 + 𝜵𝒖𝑇 ) (9.29)
2

e na forma de componentes:

1 𝜕𝑢𝑖 𝜕𝑢𝑗
𝜀𝑖𝑗 = ( + ) (9.30)
2 𝜕𝑋𝑗 𝜕𝑋𝑖

A tensão correspondente é dada pela Equação (9.6).

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


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9.3 Relações constitutivas termoelásticas

É bem conhecido que uma mudança de temperatura num sólido elástico sem restrições
produz deformação. Assim, um campo de deformação geral resulta de efeitos mecânicos
e térmicos. Dentro do contexto da teoria de pequena deformação linear, a deformação
total  pode ser decomposta na soma de componentes mecânicos e térmicos como
(SADD, 2009):

 = (𝑚) + (𝑡) (9.30)


(𝑚) (𝑡)
𝜀𝑖𝑗 = 𝜀𝑖𝑗 + 𝜀𝑖𝑗 (9.31)

Se to é tomado como a temperatura de referência e t como uma temperatura arbitrária, as


deformações térmicas em um sólido sem restrições podem ser escritas na forma
constitutiva linear:

𝜀𝑖𝑗 (𝑡) = (𝑡 − 𝑡0 )𝛿𝑖𝑗 (9.32)

em que  é uma constante material chamada de coeficiente de expansão térmica. Observe


que, para materiais isotrópicos, nenhuma tensão de cisalhamento é criada pela mudança
de temperatura. A deformação é dada por:

1+𝜈 𝜈
𝜀𝑖𝑗 = 𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿𝑖𝑗 (9.33)
𝐸𝑌 𝐸𝑌

Os resultados correspondentes para a tensão em termos de deformação podem ser escritos


como:

𝑇𝑖𝑗 = 𝐶𝑖𝑗𝑘𝑙 𝑘𝑙 − 𝛽𝑖𝑗 (𝑡 − 𝑡0 ) (9.34)

na qual 𝛽𝑖𝑗 é um tensor de segunda ordem contendo o módulo termoelástico.

______________________________________________________________________
Exemplo 9.3: Para um material isotrópico, encontre a relação entre os primeiros
invariantes de tensão e de deformação (LAI; RUBIN; KREMPL, 2010).

Solução:

Os primeiros invariantes de tesão e de deformação são, respectivamente, Tkk e kk.


Da Equação (9.6), tem-se:

𝑇11 = 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀11


𝑇22 = 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀22
𝑇22 = 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀33

O primeiro invariante de tensão Tkk pode ser escrito por:

𝑇𝑘𝑘 = 𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 = 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀11


𝑇𝑘𝑘 = 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀11 + 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀22 + 𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀33

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Sólido elástico linear isotrópico

𝑇𝑘𝑘 = 3𝜀𝑘𝑘 + 2(𝜀11 + 𝜀22 + 𝜀33 )


𝑇𝑘𝑘 = 3𝜀𝑘𝑘 + 2𝜀𝑘𝑘
𝑇𝑘𝑘 = (3 + 2)𝜀𝑘𝑘

______________________________________________________________________
Exemplo 9.4: Considere o problema unidimensional termoelástico de uma barra
uniforme restringida na direção x1, mas podendo se expandir livremente nas direções x2 e
x3. Tendo como referência que a temperatura inicial t0 seja nula e a barra esteja à
temperatura t, mostre que somente as componentes T11 e 22 e 33 são não nulas (SADD,
2009).

Solução:

Nesse caso, não há deformação na direção x1 (11 = 0) e nem tensões normais nas direções
x2 e x3 (T22 = T33 = 0).

- Cálculo da componente de tensão T11:

Utilizando a Equação (9.33), tem-se:

1+𝜈 𝜈
𝜀11 = 𝑇11 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ) + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿11 = 0
𝐸𝑌 𝐸𝑌
1+𝜈 𝜈
𝑇 − (𝑇 + 0 + 0) + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿11 = 0
𝐸𝑌 11 𝐸𝑌 11
1+𝜈 𝑇11
𝑇11 − + (𝑡 − 0)1 = 0
𝐸𝑌 𝐸𝑌
(1 + 𝜈)𝑇11 − 𝑇11 + 𝐸𝑌 𝑡 = 0
𝑇11 = −𝐸𝑌 𝑡

- Cálculo da componente de deformação 22:

1+𝜈 𝜈
𝜀22 = 0 − (−𝐸𝑌 𝑡 + 0 + 0) + (𝑡 − 0)1
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝜀22 = 𝜈𝑡 + 𝑡 = 𝑡(𝜈 + 1)

- Cálculo da componente de deformação 33:

1+𝜈 𝜈
𝜀33 = 0 − (−𝐸𝑌 𝑡 + 0 + 0) + (𝑡 − 0)1
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝜀33 = 𝜈𝑡 + 𝑡 = 𝑡(𝜈 + 1)

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- Os tensores de tensão de Cauchy T e de deformações infinitesimais  na forma matricial


são, respectivamente:

−𝐸𝑌 𝑡 0 0
𝑻=[ 0 0 0]
0 0 0
0 0 0
 = [0 𝑡(𝜈 + 1) 0 ]
0 0 𝑡(𝜈 + 1)

______________________________________________________________________
Exemplo 9.5: Seja uma barra uniforme de concreto (EY = 2,5 × 107 kPa,  = 0,2 e  =
0,00001/°C) com comprimento inicial L0 = 2 m está sujeita a uma força axial F = 100 kN.
Se a temperatura inicial t0 for igual a 20°C e a temperatura aumentar para t = 80°C,
determinar o alongamento u1 na mesma. Comparar com o resultado obtido com o do
programa Ftool (MARTHA, 2018).

Figura 9. 2 – Barra sujeita a uma força axial e à diferença de temperatura. Fonte: adaptada do programa Ftool
(MARTHA, 2018).

Solução:

A deformação 𝜀11 é calculada a partir da Equação (9.33):

1+𝜈 𝜈
𝜀11 = 𝑇11 − 𝑇11 𝛿11 + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿11
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝑇11
𝜀11 = + (𝑡 − 𝑡0 )
𝐸𝑌

Utilizando a deformação de engenharia ou de Cauchy, o alongamento da barra u1 é:


𝜀11
𝑢1 =
𝐿0

Utilizando o programa Scilab (2021), tem-se:

--> EY=2.5*10^7;
--> nu=0.2;
--> alfa=0.00001;
--> t0=20;
--> t=80;
--> A=.2^2;
--> F=100;
--> T11=F/A;
--> L0=2;
--> epsylon=T11/EY+alfa*(t-t0)

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epsylon =
0.0007
--> u1=epsylon*L0
u1 =
0.0014

O alongamento da barra u1 obtido com os programas Scilab (2021) e Ftool (MARTHA,


2018) aparece na Tabela 9.1.

Tabela 9. 1 Resultados numéricos.

Programa u1 (m)
Scilab (2021) 0,0014
Ftool (2018) 0,0014
_____________________________________________________________________________

Exemplo 9.6: Seja uma placa de aço (EY = 207 GPa e  = 0,29) com espessura 4 mm
sujeita a um campo de tensão biaxial. Assumindo que os campos sejam uniformes,
determine a mudança nas dimensões da mesma (SADD, 2009).

Solução:

Seja T11 = 20 MPa e T22 = 30 MPa. Então, o tensor de tensões T é na forma matricial:

20 0 0
𝑻 = [ 0 30 0] 𝑀𝑃𝑎
0 0 0

Da Equação (9.11), calcula-se as componentes 11, 22 e 33 do tensor de deformações


infinitesimais  por, respectivamente:

1
𝜀11 = ((1 + )𝑇11 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ))
𝐸𝑌
1
𝜀22 = ((1 + )𝑇22 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ))
𝐸𝑌
1
𝜀33 = ((1 + )𝑇33 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ))
𝐸𝑌

Observa-se que as demais componentes desse tensor são nulas.

Utilizando o programa Scilab (2021), tem-se:


--> T=[20 0 0;0 30 0;0 0 0];

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

--> nu=0.29;
--> EY=207*10^3;
--> for i=1:3
> epsylon(i,i)=1/EY*((1+nu)*T(i,i)-nu*trace(T));
> end
--> epsylon
epsylon =
0.0000546 0. 0.
0. 0.0001169 0.
0. 0. -0.00007

Assim, o tensor de deformações infinitesimais  é dado por:

0,0000546 0 0
=[ 0 0,0001169 0 ]
0 0 −0,00007

O vetor que representa os comprimentos indeformados dos lados da placa é:

0,3
𝒅𝑿 = [ 0,2 ]
0,004

Os comprimentos deformados nas direções x1, x2 e x3 são obtidos por:

𝒅𝒙 = 𝒅𝑿 +  𝒅𝑿

--> dX=[0.3;0.2;0.004];
--> dx=dX+epsylon*dX
dx =
0.3000164
0.2000234
0.0039997

Portanto, as dimensões da placa deformada nas direções x1, x2 e x3 são 0,3000164 m,


0,2000234 m e 0,0039997 m, respectivamente.
_____________________________________________________________________________

9.4 Energia de deformação U

A energia de deformação U é dada por (SADD, 2009; LAI; RUBIN; KREMPL, 2000):

1 𝑇
𝑈= 𝜺 𝑪𝜺 (9.36)
2

ou em notação de componentes e contraída:

1
𝑈 = 𝐶𝑖𝑗 𝜀𝑗 𝜀𝑖 , 𝑖, 𝑗 = 1, ⋯ ,6 (9.37)
2

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Sólido elástico linear isotrópico

______________________________________________________________________
Exemplo 9.7: Demonstre que, se apenas 2 e 3 forem diferentes de zero, então:

𝐶22 𝐶23 𝜀2
2𝑈 = [𝜀2 𝜀3 ] [ ][ ]
𝐶32 𝐶33 𝜀3

Solução:

Da Equação (9.37), tem-se que, para 𝑖, 𝑗 = 2, 3:

1 1 1
𝑈 = 𝐶𝑖𝑗 𝜀𝑗 𝜀𝑖 = (𝐶2𝑗 𝜀𝑗 𝜀2 + 𝐶3𝑗 𝜀𝑗 𝜀3 ) = (𝐶22 𝜀2 𝜀2 + 𝐶23 𝜀3 𝜀2 + 𝐶32 𝜀2 𝜀3 + 𝐶33 𝜀3 𝜀3 )
2 2 2

Multiplicando por 2 a energia U, tem-se:

2𝑈 = 𝐶22 𝜀2 𝜀2 + 𝐶23 𝜀3 𝜀2 + 𝐶32 𝜀2 𝜀3 + 𝐶33 𝜀3 𝜀3


𝐶 𝐶23 𝜀2
2𝑈 = [𝜀2 𝜀3 ] [ 22 ][ ]
𝐶32 𝐶33 𝜀3
______________________________________________________________________

Para um corpo elástico idealizado, a energia armazenada é completamente recuperável


quando o sólido retorna a sua configuração inicial original. A fim de quantificar esse
comportamento, pode-se determinar a energia de deformação em termos dos campos de
tensão e de deformação resultantes no interior do sólido elástico. Para o caso de
deformação uniaxial na direção do eixo x1 sem forças de corpo, a energia U é (SADD,
2009):

1 1
𝑈 = 𝐶11 𝜀11 2 = 𝑇11 𝜀11 (9.38)
2 2

A partir da curva tensão-deformação para um material elástico, a energia de deformação


para o caso uniaxial é simplesmente a área sombreada sob a curva (Figura 9.3).

Figura 9. 3 - Energia de deformação U para deformação uniaxial. Fonte: adaptada de Sadd (2009).

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Sólido elástico linear isotrópico

A energia de deformação em um sólido elástico pode ser decomposta em duas parcelas -


uma associada com a mudança volumétrica Uv; e a outra causada por deformação de
distorção (mudança na forma) Ud (SADD, 2009):

𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 (9.39)

Para materiais isotrópicos, a tensão esférica produz somente deformação volumétrica,


enquanto que a tensão desviadora causa apenas alterações de distorção. A energia de
deformação volumétrica 𝑈𝑣 é determina considerando as componentes esféricas ou
hidrostáticas de tensão e de deformação:

1 1 − 2𝜈 1 − 2𝜈
𝑈𝑣 = 𝑇𝑖𝑖 𝜀𝑗𝑗 = 𝑇𝑖𝑖 𝑇𝑘𝑘 = (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )2 (9.40)
6 6𝐸 6𝐸

A energia de deformação de distorção Ud resulta das componentes desviadoras:

1
𝑈𝑑 = [(𝑇 − 𝑇22 )2 + (𝑇22 − 𝑇33 )2 + (𝑇33 − 𝑇11 )2
12𝜇 11 (9.41)
+ 6(𝑇12 2 + 𝑇23 2 + 𝑇23 2 )]

Teorias particulares de falha de sólidos incorporam a energia de deformação de distorção,


propondo que a falha ou o escoamento do material terá início quando Ud atingir um valor
crítico.
A partir dos conceitos de energia de deformação para o caso isotrópico, considere a seguir
três estados de tensão.

9.4.1 Tensão uniaxial

A deformação uniaxial uniforme na direção de x1 é dada pelo estado de tensão (SADD,


2009):

𝑇11 0 0
𝑻=[ 0 0 0] (9.42)
0 0 0

Para esse caso, das Equações (9.39) a (9.41), a energia de deformação U reduz a:

1 − 2𝜈 2(1 + 𝜈)
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 𝑇11 2 + 2𝑇11 2
6𝐸 12 𝐸
1 − 2𝜈 + 2 + 2𝜈
𝑈= 𝑇11 2 (9.43)
6𝐸
𝑇11 2
𝑈=
2𝐸

Uma vez que 𝜇 = 𝐸/[2(1 + 𝜈)]. Como a energia de deformação é definida positiva, a
relação dada na Equação (9.43) implica que o módulo de elasticidade E deve ser positivo
(E > 0).

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

9.4.2 Cisalhamento simples

Considere o caso de cisalhamento simples uniforme definido pelo tensor de tensão


(SADD, 2009):

0 𝑇12 0
𝑻 = [𝑇21 0 0] (9.44)
0 0 0

Tal que 𝑇12 = 𝑇21 . A energia de deformação é dada por:

2(1 + 𝜈)
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 0 + 6𝑇12 2
12 𝐸 (9.45)
1+𝜈
𝑈= 𝑇 2
𝐸 12

Novamente, invocando a propriedade definida positiva da energia de deformação e


usando o resultado anterior de E > 0, então (1 + 𝜈) > 0  𝜈 > −1 (SADD, 2009).

9.4.3 Pressão hidrostática

Considere o caso de pressão hidrostática definido pelo tensor de tensão (SADD, 2009):

−𝑝 0 0
𝑻=[ 0 −𝑝 0] (9.46)
0 0 −𝑝

A energia de deformação U é dada por:

1 − 2𝜈 2
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 9𝑝 + 0
6𝐸 (9.47)
3(1 − 2𝜈) 2
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 𝑝
2𝐸

Usando a propriedade positiva definida com E > 0, então (1 − 2𝜈) > 0  𝜈 < −0,5. A
evidência experimental indica que a maioria dos materiais reais têm valores positivos do
coeficiente de Poisson e, portanto, 0 < 𝜈 <0,5 (SADD, 2009).

Professor Luiz Antonio Farani de Souza


Sólido elástico linear isotrópico

Referências

LAI, W. M.; RUBIN, D. H.; KREMPL, E. Introduction to continuum mechanics.


Burlington: Butterworth-Heinemann, 2010.

MARTHA, L. F. Ftool – Two Dimensional Frame Analysis Tool, versão 4.00.04. Rio
de Janeiro: Tecgraf/PUC-RIO, 2018.

MASE, G. T.; MASE, G. E. Continuum mechanics for engineers. CRC Press: New
York, 1999.

SADD, M. H. Elasticity - Theory, applications and Numerics. Burlington: Academic


Press, 2009.

SCILAB, versão 6.1.1. France: ESI Group, 2021.

Professor Luiz Antonio Farani de Souza

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