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Capítulo 9 - Sólido elástico linear isotrópico ................................................................................. 2
9.1 Significado físico do módulo de elasticidade ...................................................................... 6
9.1.1 Tração simples .............................................................................................................. 6
9.1.2 Cisalhamento puro ....................................................................................................... 7
9.1.3 Compressão hidrostática.............................................................................................. 7
9.2 Equações da teoria da elasticidade infinitesimal ................................................................ 8
9.3 Relações constitutivas termoelásticas ................................................................................ 9
9.4 Energia de deformação U .................................................................................................. 13
9.4.1 Tensão uniaxial ........................................................................................................... 15
9.4.2 Cisalhamento simples................................................................................................. 16
9.4.3 Pressão hidrostática ................................................................................................... 16
Referências .................................................................................................................................. 17
Para um sólido elástico linear, com relação à base 𝒆̂𝑖 , tem a seguinte a relação entre a
tensão e a deforma (LAI; RUBIN; KREMPL, 2010):
𝑻 = 𝑪𝜺 (9.1)
na qual e = kk = 11 + 22 + 33 = tr() é a dilatação e e são conhecidos como
coeficientes ou constantes de Lamé.
Em notação de componentes, a equação constitutiva para um sólido elástico linearmente
isotrópico (Equação (9.5)) fica:
1
𝜀𝑖𝑗 = (𝑇𝑖𝑗 − 𝑇 𝛿 ) (9.8)
2 3 + 2 𝑘𝑘 𝑖𝑗
(3 + 2)
𝐸𝑌 = (9.9)
+
= (9.10)
2( + )
1
𝜀𝑖𝑗 = ((1 + )𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 ) (9.11)
𝐸𝑌
1
𝜺= ((1 + )𝑻 − 𝑡𝑟(𝑻)𝑰) (9.12)
𝐸𝑌
𝐸𝑌
𝐺= = (9.13)
2(1 + )
𝐸𝑌
= (9.14)
3(1 − 2)
______________________________________________________________________
Exemplo 9.1: Um corpo elástico isotrópico (EY = 207 GPa, = 79,2 GPa) tem um estado
de tensão uniforme dado por:
100 40 60
𝑻 = [ 40 −200 0 ] 𝑀𝑃𝑎
60 0 200
Solução:
Sendo o volume inicial do cubo V0 = 125 cm3, a mudança de volume V é calculada por:
∆𝑉 = 𝑉0 𝑒
--> e=trace(epsilon)
e =
0.0001866
--> V0=5^3
V0 =
125.
--> deltaV=V0*e
deltaV =
0.0233311
--> Vf=V0+deltaV
Vf =
125.02333
Solução:
No estado plano de tensão, as componentes de tensão T33 = T31 = T23 = T31 = T32 = 0.
Partindo da Equação (9.8), tem-se:
1 𝑇11 𝑇22
𝜀11 = ((1 + )𝑇11 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )𝛿11 ) = −
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝑇11 = 𝐸𝑌 𝜀11 + 𝑇22
1 𝑇22 𝑇11
𝜀22 = ((1 + )𝑇22 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )𝛿22 ) = −
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝑇22 = 𝐸𝑌 𝜀22 + 𝑇11
1 (1 + )𝑇12
𝜀12 = ((1 + )𝑇12 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )𝛿12 ) =
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝐸𝑌 𝜀12
𝑇12 =
1+
𝐸𝑌 𝜀12
𝑇12 = 𝑇21 =
1+
Observa-se que:
𝑇11 = 𝐸𝑌 𝜀11 + 𝐸𝑌 𝜀22 + 2 𝑇11
𝑇11 − 2 𝑇11 = (1 − 2 )𝑇11 = 𝐸𝑌 𝜀11 + 𝐸𝑌 𝜀22
𝐸𝑌
𝑇11 = (𝜀 + 𝜀22 )
1 − 2 11
𝐸𝑌 1 0 11
𝑇11 𝜀
2 1 0
[𝑇22 ] = [ ] [𝜀22 ]
1 −
𝑇12 0 0 1 𝜀12
______________________________________________________________________
Para o caso isotrópico, o módulo de elasticidade tem um significado físico simples. Esse
pode ser determinado por meio da investigação de estados particulares de tensão
comumente realizados em testes de laboratório de materiais (SADD, 2009).
Figura 9. 1 – Estruturas sujeitas a esforços: a) barra sujeita à tração simples; b) barra circular sujeita à torção pura; e
c) cubo sujeito à compressão hidrostática. Fonte: adaptada de Sadd (2009).
Considere o teste de tração simples com uma amostra sujeita à tração na direção x. O
estado de tensão é representado por um campo unidimensional (T11 = , T22 = T33 = T12 =
T13 = T23 = 0):
0 0
𝑻 = [0 0 0] (9.15)
0 0 0
1+𝜈 𝜈
𝜀𝑖𝑗 = 𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 (9.16)
𝐸𝑌 𝐸𝑌
1+𝜈 𝜈 𝑇11
𝜀11 = 𝑇11 − 𝑇11 = = (9.17)
𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝜈 𝜈
𝜀33 = 𝜀22 = − 𝑇11 = − (9.18)
𝐸𝑌 𝐸𝑌
0 0
𝐸𝑌
𝜈
= 0 − 0 (9.19)
𝐸𝑌
𝜈
0 0 −
[ 𝐸𝑌 ]
0 0
𝑻 = [ 0 0] (9.20)
0 0 0
1+𝜈 𝜈
𝜀𝑖𝑗 = 𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 (9.21)
𝐸𝑌 𝐸𝑌
1+𝜈
𝜀12 = 𝜀21 = (9.22)
𝐸𝑌
1+𝜈 0 0
= [ 0 0] (9.23)
𝐸𝑌
0 0 0
Seja uma amostra com carregamento uniforme de compressão. Este tipo de teste é
realizável se a amostra for colocada em uma câmara de compressão de alta resistência. O
estado de tensão para este caso é dado por:
−𝑝 0 0
𝑻 = [ 0 −𝑝 0 ] = −𝑝𝑰
(9.24)
0 0 −𝑝
𝑇𝑖𝑗 = −𝑝𝛿𝑖𝑗
1 − 2𝜈
− 𝑝 0 0
𝐸𝑌
1 − 2𝜈
= 0 − 𝑝 0 (9.25)
𝐸𝑌
1 − 2𝜈
0 0 − 𝑝
[ 𝐸𝑌 ]
𝑝 = − 𝑒 (9.26)
𝐸𝑌
= (9.27)
3(1 − 2𝜈)
𝑥𝑖 ≅ 𝑋𝑖 (9.28)
𝜕𝑢
e a magnitude das componentes do gradiente de deslocamento 𝜕𝑋𝑖 é também pequena.
𝑗
A relação entre as deformações e os deslocamentos é:
1
𝜺 = (𝜵𝒖 + 𝜵𝒖𝑇 ) (9.29)
2
e na forma de componentes:
1 𝜕𝑢𝑖 𝜕𝑢𝑗
𝜀𝑖𝑗 = ( + ) (9.30)
2 𝜕𝑋𝑗 𝜕𝑋𝑖
É bem conhecido que uma mudança de temperatura num sólido elástico sem restrições
produz deformação. Assim, um campo de deformação geral resulta de efeitos mecânicos
e térmicos. Dentro do contexto da teoria de pequena deformação linear, a deformação
total pode ser decomposta na soma de componentes mecânicos e térmicos como
(SADD, 2009):
1+𝜈 𝜈
𝜀𝑖𝑗 = 𝑇𝑖𝑗 − 𝑇𝑘𝑘 𝛿𝑖𝑗 + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿𝑖𝑗 (9.33)
𝐸𝑌 𝐸𝑌
______________________________________________________________________
Exemplo 9.3: Para um material isotrópico, encontre a relação entre os primeiros
invariantes de tensão e de deformação (LAI; RUBIN; KREMPL, 2010).
Solução:
______________________________________________________________________
Exemplo 9.4: Considere o problema unidimensional termoelástico de uma barra
uniforme restringida na direção x1, mas podendo se expandir livremente nas direções x2 e
x3. Tendo como referência que a temperatura inicial t0 seja nula e a barra esteja à
temperatura t, mostre que somente as componentes T11 e 22 e 33 são não nulas (SADD,
2009).
Solução:
Nesse caso, não há deformação na direção x1 (11 = 0) e nem tensões normais nas direções
x2 e x3 (T22 = T33 = 0).
1+𝜈 𝜈
𝜀11 = 𝑇11 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ) + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿11 = 0
𝐸𝑌 𝐸𝑌
1+𝜈 𝜈
𝑇 − (𝑇 + 0 + 0) + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿11 = 0
𝐸𝑌 11 𝐸𝑌 11
1+𝜈 𝑇11
𝑇11 − + (𝑡 − 0)1 = 0
𝐸𝑌 𝐸𝑌
(1 + 𝜈)𝑇11 − 𝑇11 + 𝐸𝑌 𝑡 = 0
𝑇11 = −𝐸𝑌 𝑡
1+𝜈 𝜈
𝜀22 = 0 − (−𝐸𝑌 𝑡 + 0 + 0) + (𝑡 − 0)1
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝜀22 = 𝜈𝑡 + 𝑡 = 𝑡(𝜈 + 1)
1+𝜈 𝜈
𝜀33 = 0 − (−𝐸𝑌 𝑡 + 0 + 0) + (𝑡 − 0)1
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝜀33 = 𝜈𝑡 + 𝑡 = 𝑡(𝜈 + 1)
−𝐸𝑌 𝑡 0 0
𝑻=[ 0 0 0]
0 0 0
0 0 0
= [0 𝑡(𝜈 + 1) 0 ]
0 0 𝑡(𝜈 + 1)
______________________________________________________________________
Exemplo 9.5: Seja uma barra uniforme de concreto (EY = 2,5 × 107 kPa, = 0,2 e =
0,00001/°C) com comprimento inicial L0 = 2 m está sujeita a uma força axial F = 100 kN.
Se a temperatura inicial t0 for igual a 20°C e a temperatura aumentar para t = 80°C,
determinar o alongamento u1 na mesma. Comparar com o resultado obtido com o do
programa Ftool (MARTHA, 2018).
Figura 9. 2 – Barra sujeita a uma força axial e à diferença de temperatura. Fonte: adaptada do programa Ftool
(MARTHA, 2018).
Solução:
1+𝜈 𝜈
𝜀11 = 𝑇11 − 𝑇11 𝛿11 + (𝑡 − 𝑡0 )𝛿11
𝐸𝑌 𝐸𝑌
𝑇11
𝜀11 = + (𝑡 − 𝑡0 )
𝐸𝑌
--> EY=2.5*10^7;
--> nu=0.2;
--> alfa=0.00001;
--> t0=20;
--> t=80;
--> A=.2^2;
--> F=100;
--> T11=F/A;
--> L0=2;
--> epsylon=T11/EY+alfa*(t-t0)
epsylon =
0.0007
--> u1=epsylon*L0
u1 =
0.0014
Programa u1 (m)
Scilab (2021) 0,0014
Ftool (2018) 0,0014
_____________________________________________________________________________
Exemplo 9.6: Seja uma placa de aço (EY = 207 GPa e = 0,29) com espessura 4 mm
sujeita a um campo de tensão biaxial. Assumindo que os campos sejam uniformes,
determine a mudança nas dimensões da mesma (SADD, 2009).
Solução:
Seja T11 = 20 MPa e T22 = 30 MPa. Então, o tensor de tensões T é na forma matricial:
20 0 0
𝑻 = [ 0 30 0] 𝑀𝑃𝑎
0 0 0
1
𝜀11 = ((1 + )𝑇11 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ))
𝐸𝑌
1
𝜀22 = ((1 + )𝑇22 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ))
𝐸𝑌
1
𝜀33 = ((1 + )𝑇33 − (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 ))
𝐸𝑌
--> nu=0.29;
--> EY=207*10^3;
--> for i=1:3
> epsylon(i,i)=1/EY*((1+nu)*T(i,i)-nu*trace(T));
> end
--> epsylon
epsylon =
0.0000546 0. 0.
0. 0.0001169 0.
0. 0. -0.00007
0,0000546 0 0
=[ 0 0,0001169 0 ]
0 0 −0,00007
0,3
𝒅𝑿 = [ 0,2 ]
0,004
𝒅𝒙 = 𝒅𝑿 + 𝒅𝑿
--> dX=[0.3;0.2;0.004];
--> dx=dX+epsylon*dX
dx =
0.3000164
0.2000234
0.0039997
A energia de deformação U é dada por (SADD, 2009; LAI; RUBIN; KREMPL, 2000):
1 𝑇
𝑈= 𝜺 𝑪𝜺 (9.36)
2
1
𝑈 = 𝐶𝑖𝑗 𝜀𝑗 𝜀𝑖 , 𝑖, 𝑗 = 1, ⋯ ,6 (9.37)
2
______________________________________________________________________
Exemplo 9.7: Demonstre que, se apenas 2 e 3 forem diferentes de zero, então:
𝐶22 𝐶23 𝜀2
2𝑈 = [𝜀2 𝜀3 ] [ ][ ]
𝐶32 𝐶33 𝜀3
Solução:
1 1 1
𝑈 = 𝐶𝑖𝑗 𝜀𝑗 𝜀𝑖 = (𝐶2𝑗 𝜀𝑗 𝜀2 + 𝐶3𝑗 𝜀𝑗 𝜀3 ) = (𝐶22 𝜀2 𝜀2 + 𝐶23 𝜀3 𝜀2 + 𝐶32 𝜀2 𝜀3 + 𝐶33 𝜀3 𝜀3 )
2 2 2
1 1
𝑈 = 𝐶11 𝜀11 2 = 𝑇11 𝜀11 (9.38)
2 2
Figura 9. 3 - Energia de deformação U para deformação uniaxial. Fonte: adaptada de Sadd (2009).
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 (9.39)
1 1 − 2𝜈 1 − 2𝜈
𝑈𝑣 = 𝑇𝑖𝑖 𝜀𝑗𝑗 = 𝑇𝑖𝑖 𝑇𝑘𝑘 = (𝑇11 + 𝑇22 + 𝑇33 )2 (9.40)
6 6𝐸 6𝐸
1
𝑈𝑑 = [(𝑇 − 𝑇22 )2 + (𝑇22 − 𝑇33 )2 + (𝑇33 − 𝑇11 )2
12𝜇 11 (9.41)
+ 6(𝑇12 2 + 𝑇23 2 + 𝑇23 2 )]
𝑇11 0 0
𝑻=[ 0 0 0] (9.42)
0 0 0
Para esse caso, das Equações (9.39) a (9.41), a energia de deformação U reduz a:
1 − 2𝜈 2(1 + 𝜈)
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 𝑇11 2 + 2𝑇11 2
6𝐸 12 𝐸
1 − 2𝜈 + 2 + 2𝜈
𝑈= 𝑇11 2 (9.43)
6𝐸
𝑇11 2
𝑈=
2𝐸
Uma vez que 𝜇 = 𝐸/[2(1 + 𝜈)]. Como a energia de deformação é definida positiva, a
relação dada na Equação (9.43) implica que o módulo de elasticidade E deve ser positivo
(E > 0).
0 𝑇12 0
𝑻 = [𝑇21 0 0] (9.44)
0 0 0
2(1 + 𝜈)
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 0 + 6𝑇12 2
12 𝐸 (9.45)
1+𝜈
𝑈= 𝑇 2
𝐸 12
Considere o caso de pressão hidrostática definido pelo tensor de tensão (SADD, 2009):
−𝑝 0 0
𝑻=[ 0 −𝑝 0] (9.46)
0 0 −𝑝
1 − 2𝜈 2
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 9𝑝 + 0
6𝐸 (9.47)
3(1 − 2𝜈) 2
𝑈 = 𝑈𝑣 + 𝑈𝑑 = 𝑝
2𝐸
Usando a propriedade positiva definida com E > 0, então (1 − 2𝜈) > 0 𝜈 < −0,5. A
evidência experimental indica que a maioria dos materiais reais têm valores positivos do
coeficiente de Poisson e, portanto, 0 < 𝜈 <0,5 (SADD, 2009).
Referências
MARTHA, L. F. Ftool – Two Dimensional Frame Analysis Tool, versão 4.00.04. Rio
de Janeiro: Tecgraf/PUC-RIO, 2018.
MASE, G. T.; MASE, G. E. Continuum mechanics for engineers. CRC Press: New
York, 1999.