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ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

KAIO ALEXANDRE VIEIRA DA SILVA – RA: 292222020

EQUACIONAMENTO DE UM SISTEMA COM BOMBA


DE DIAFRAGMA E AMORTECEDOR DE PULSAÇÕES
PARA BOMBEAMENTO DE SOLUÇÃO DE SODA
CÁUSTICA

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São Paulo
2022
KAIO ALEXANDRE VIEIRA DA SILVA 292222020

EQUACIONAMENTO DE UM SISTEMA COM BOMBA


DE DIAFRAGMA E AMORTECEDOR DE PULSAÇÕES
PARA BOMBEAMENTO DE SOLUÇÃO DE SODA
CÁUSTICA

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de


Engenharia de Produção do Centro
Universitário ENIAC para a disciplina Equações
Diferenciais

Prefº. SERGIO FERNANDES DE FREITAS

São Paulo
2022
Introdução
O bombeamento de líquidos na indústria, como por exemplo soluções de soda
cáustica, é uma operação bastante crítica e que requer um trabalho de
dimensionamento perfeito, não apenas pelo aspecto de desempenho, mas também pela
segurança da operação como um todo, pois muitas vezes trata-se de líquidos que
representam real perigo às pessoas envolvidas na operação. Tubulações requerem um
projeto adequado da tubulação e de todos os componentes do sistema.
Esse trabalho buscará mostrar um pouco da matemática envolvida nesse sistema
que envolve bombas de diafragma e amortecedores de pulsação, procurando mostrar o
equacionamento diferencial que dá origem às funções que regem a operação desse tipo
de sistema.

Bombas pneumáticas de duplo diafragma


As bombas de diafragma funcionam pela ação de membranas fabricadas com
borracha resistente ao material bombeado que são acionadas por um mecanismo
pneumático. São utilizadas principalmente em processos industriais que envolvam o
escoamento de líquidos de difícil escoamento, como corrosivos, inflamáveis, voláteis,
com sólidos em suspensão ou não, de alta ou baixa viscosidade.

Figura 1. Uma típica bomba pneumática de duplo diafragma industrial e sua operação.

F
onte: adaptado de figuras disponíveis em (GRABE) e em
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diaphragm_pump_animated.gif
É notório que esse tipo de bomba gera um fluxo de saída de líquido pulsado e
não constante, devido à característica de funcionamento baseado no movimento
oscilatório dos diafragmas. Golpes de aríete (VALLAIR, 2022) também podem
ocorrer durante a partida da bomba e acionamento de válvulas no circuito. Esse
problema pode ser minimizado com a utilização de amortecedores de pulsação no
circuito.

Amortecedores de pulsação e seu princípio de operação


Amortecedores de pulsação são dispositivos que visam uniformizar o fluxo de
saída em linhas de descarga de bombas de diafragma, eliminando ou minimizando
as pulsações observadas no sistema e permitindo um escoamento do líquido em
processo o mais próximo possível ao laminar (VALLAIR, 2022). Assim, um
amortecedor de pulsações é um dispositivo que absorve a energia excedente do
pulso, permitindo um escoamento regular do fluído na saída da bomba.

Figura 2. Aspecto de um amortecedor de pulsação e seu princípio de operação.

Font
e: adaptado de (BLACOH) e de (VALLAIR).

O princípio de operação de um amortecedor de pulsações é baseado em duas


câmaras separadas por uma membrana flexível. Na parte superior é injetado ar
comprimido de forma a produzir uma área de baixa pressão que permitirá a absorção
dos pulsos. Na parte inferior passa o líquido com fluxo pulsante, do qual desejamos
deixar o mais laminar possível. Uma válvula e um manômetro permitem o controle da
pressão do ar na câmara superior até que se obtenha uma redução satisfatória da
pulsação.
Estudo de caso - item “a” do portfólio

Supondo que a bomba pneumática de Duplo Diafragma trabalha em MHS,


determine a equação e representação gráfica, da posição, da velocidade e da
aceleração, como resposta da equação diferencial de um sistema equivalente massa
mola. Dados:
massa do sistema = 2,7 Kg;
K = 100 N/m
Xmáx = 0,04m.

A solução desse problema, conforme citado no item a, é baseada na lei de


Hooke, ou na equação que rege um sistema massa-mola, conforme a equação
abaixo:

= − (1)

Onde: F: força elástica;


k: constante elástica
x: deslocamento da massa

O sinal de “– “na equação deve-se ao fato de que a força tem sentido oposto
ao da variação do deslocamento da massa e, portanto, da deformação da mola.

Para um sistema com massa constante, a 2ª lei de Newton é dada por:

= (2)

Onde: F: força;
m: massa;
a: aceleração.

Levando (2) em (1), tem-se que:

= − (3)

Sabe-se que a aceleração é a segunda derivada da equação do deslocamento


em função do tempo. É importante estabelecer essa relação, haja vista que é
fornecido o deslocamento máximo do sistema. Assim, fica-se com:

= − (4)
A equação (4) pode ser reescrita na forma de uma Equação diferencial ordinária de
segunda ordem homogênea, conforme abaixo:
+ = 0 (5)

Equações diferenciais podem ser escritas utilizando várias notações. A


equação acima, por exemplo, está escrita utilizando a notação de Leibnitz. Algumas
notações conhecidas são:

+ = Notação de Leibnitz
+ = Notação de Lagrange

+ = Notação de Newton

+ = Notação de Legendre
(mais utilizada para EDP)

Para a solução da equação (5), será utilizada doravante a notação de


Lagrange, a qual facilitará na solução. Portanto, a equação a ser solucionada será:

+ = 0 (6)

A solução de uma equação diferencial linear ordinária de 2ª ordem, do tipo

+ + = 0 é dada por:

!
= !" + # (7)

As constantes C1 e C2 dependerão das condições iniciais do problema. Já os


índices r1 e r2 podem ser obtidos a partir da técnica de soluções de Báskara para
solução de equações algébricas de 2º grau:
∆ = # − 4 (8)

& = ' ( ) √∆
# + (9)

&# = '( ' √∆


# + (10)

+
onde a, b e c são as constantes da equação, , + , = 0. Assim,

para a equação (6), tem-se que:

′′
+ 0′+ = 0 (6)

onde: a = m;
b = 0;
c = k;

Levando os valores acima em (8):

∆ = 0# − 4
∆ = −4 → √∆ = 20 √

Percebe-se que ao resolver-se o delta (< 0), a solução terá raízes imaginárias.

Assim:

& = '1) #2 √34


#3= 0 543 (11)

#3= − 0 543(12)
&# = '1' #2 √34

Sabe-se que a frequência natural de oscilação de um sistema massa-mola é


4
dada pela fórmula 5 3e é representada por 6. Assim, tem-se que:

6 = 543 = 278 (13)


A partir de (11) e (12), tem-se os índices imaginários r1 e r2 que farão parte da
solução da equação diferencial:

& = 0 6 (14)
&# = − 0 6 (15)

A solução para a equação diferencial com raízes imaginárias requer uma solução
utilizando o teorema fundamental de Euler:

29
= cos 6 + 0 sin 6 (16)

E a solução é dada por:

= e+ cos + # e+ sin (17)

Das raízes r1 e r2 em (14) e (15), tem-se que:

a = 0 (parte real)
b = 1 (parte imaginária)

Com a = 0, os termos com “e” na equação (17) são iguais a 1. Assim:

= cos 6 + # sin 6 (18)

Para determinar as constantes C1 e C2, é importante olhar para as condições


iniciais conhecidas. O movimento da massa no sistema massa-mola se inicia a partir
de uma posição inicial dessa massa situada a uma certa distância da posição de
repouso, e essa posição é conhecida como a amplitude (A) do movimento, ou o
máximo valor que X poderá assumir. Assim, tem-se a primeira condição inicial, para t
= 0:
0=@
∴ 0 = @ = cos 60 + # sin 60

Como: cos (0) = 1 e sin (0) = 0, conclui-se finalmente que:


= @ (19)

Para a obtenção de C2, é necessária outra condição inicial conhecida do


sistema. Sabe-se que no momento do início do movimento em A, a velocidade da
massa é nula. Assim, é preciso obter a equação da velocidade do sistema, que é a
derivada da equação (18) da posição em relação ao tempo:

= B = −6 sin 6 + 6 # cos 6 (20)

Para t = 0, V = 0. Assim, tem-se que:

0 = −6 sin 60 + 6 # cos 60 (20)

∴ # = 0 (21)

Finalmente, com as constantes definidas, tem-se, a partir da equação (18), a


solução geral da equação:

= C DEF G (22)

Para o presente estudo de caso, tem-se que:


A = 0,04 m
m = 2,7 kg
k = 100 N/m
De (13), pode-se obter:

6 = H = H100

2,7 = 6,085 ~6,1 & P/R

A equação da posição, solução da equação diferencial (5) para o estudo de


caso é:

=, S DEF T, U (23)
Figura 3. gráfico da posição em função do tempo (equação 23).

A equação da velocidade é a derivada da equação (23):

V = −, S FWX T, U (24)

Figura 4. gráfico da velocidade em função do tempo (equação 24).

A equação da aceleração é a segunda derivada da equação (23):

Y = − U, SZ DEF T, U (25)
Figura 5. gráfico da aceleração em função do tempo (equação 25).

Estudo de caso - item “b” do portfólio

O amortecedor de Pulsações para Bombas de Diafragma Pneumático trabalha num


MHS amortecido, trabalhando pela equação F = -bV, onde B é chamado de
constante de amortecimento. Determine a equação de amortecimento e sua
representação gráfica através da resposta da equação diferencial de um sistema
equivalente massa-mola. Dados:
m: 5,0 Kg
y (0): -0,02 m
y´ (0): 2 m/s
k: 4000 N/m
b: 300 Ns/m.

Mais uma vez é necessária uma análise por meio do equilíbrio de forças,
como já visto no item “a” desse portfólio:

= − − [(26)

Nota-se o acréscimo do termo “-bv”, pois essa é uma simplificação para o


efeito do amortecimento imposto pelo amortecedor, onde:

b: fator de amortecimento
v: velocidade
O sinal de “– “em “bv” também deve-se ao fato de que a força de
amortecimento tem sentido oposto ao da variação do deslocamento da massa.

Aplicando a equação (2) em (26), fica-se com:

= − − [(27)

Velocidade e aceleração são a primeira e segunda derivadas da posição em função


do tempo. Assim:

=− −
(27)
Reescrevendo a equação (27) e deixando-a na forma homogênea:

+ = 0 (28)

Percebe-se que para um movimento amortecido, tem-se uma equação

diferencial ordinária linear de 2ª ordem na sua forma + + = 0, com todos os


índices a, b e c presentes. Aplicando-se a mesma forma de resolução baseada em
Bháskara, pode-se calcular o delta e as raízes:

& = '( ± √(' ] 34


#3 (29)

Aqui cabe comentar que o termo # − 4 já foi estudado em Física ondulatória


e definia o tipo de amortecimento que o sistema pode ter, dependendo do valor de b:

Para # − 4 < 0 sistema sub amortecido (item “a” desse portfolio) Para #
− 4 = 0 sistema criticamente amortecido
Para # − 4 > 0 sistema superamortecido

Calculando esse termo para os valores fornecidos, tem-se que:

#
− 4 = 300 # − 4 5 4000 = 10000

Espera-se então que o sistema proposto seja superamortecido, ou seja, o


gráfico não deverá apresentar praticamente nenhuma oscilação e mostrar uma
rápida atenuação.

A equação diferencial

+ = 0 terá solução na forma:


= !" + # ! (7)

Calculando as raízes r1 e r2, tem-se que:

& = ‘(± √ (‘] 34


#3 (29)

& = −300 + 100


10 = −20

&# = −300 − 100

10 = −40

Assim:
'#1 +
= # ']1 (30)
Como no item “a” desse portfólio, faz-se necessário estabelecer as condições de
contorno para que as constantes C1 e C2 sejam determinadas. Para tal, foram
fornecidas as seguintes condições:

y (0) = -0,02 m;
y’ (0) = 2 m/s;

Aplicando a primeira condição na equação (30):

'#1.1
−0,02 = + # ']1.1
−0,02 = + # (31)

É necessário derivar a equação (30) de forma a aplicar a segunda condição de


contorno (y’ (0) = 2m/s). Assim, temos:

′ = −20 '#1 − 40 # ']1


2 = −20 '#1.1 − 40 # ']1.1
2 = −20 − 40 # (32)

Resolvendo o sistema de equações formado pelas equações (31) e (32),


obtém-se:
= 0,06
#= −0,08

Finalmente pode-se escrever a equação do amortecimento desse estudo de


caso:

=, T b' − , c b'S (33)


Figura 6. gráfico do amortecimento (equação 33).
Conclusão

A proposta do portifólio desta disciplina vem com o objetivo de aguçar os sentidos


lógicos dos fenômenos oscilatórios nas equações diferenciais que a projeção da
Engenharia proporciona. Sendo assim conforme estudados nas semanas passadas
foi possível notar o como a bomba pneumática trabalha em MHS na equação
representativa, bem como os amortecedores das bombas.

Bibliografia

BLACOH. Pulsation Dampeners for AODD Pumps. 2011. – PhoenixPumps.com.


Vídeo acessado em 16/04/2022. https://www.youtube.com/watch?v=wBVxQr_ekYU

GRABE Bombas pneumáticas. https://www.grabe.com.br/bombas-


pneumaticas.php. Acesso em 16/04/2022.

PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO DE UMA BOMBA PNEUMÁTICA DE DUPLO


DIAFRAGMA. Acesso em 16/04/2022.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diaphragm_pump_animated.gif.

VALLAIR AIRFLUID. https://www.vallair.com.br/pt/produtos/amortecedores-de


pulsacao. Acesso em 16/04/2022.

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