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CÁLCULO

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R721c Rogawski, Jon.


Cálculo [recurso eletrônico] / Jon Rogawski ; tradução Claus
Ivo Doering. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2009.

Editado também como livro impresso em 2009.


ISBN 978-85-7780-411-5

1. Cálculo. 2. Matemática. I. Título.


CDU 517
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Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/Prov-021/08
CÁLCULO DE FUNÇÕES
14
VETORIAIS
N este capítulo, estudamos funções vetoriais e suas derivadas e
as utilizamos para analisar curvas e movimento no espaço tri-
dimensional. Embora muitas técnicas do Cálculo a uma variável
transportem para o contexto vetorial, há um aspecto novo impor-
tante na derivada. Uma função real f (x) só pode variar de uma de
duas maneiras: crescer ou decrescer. Diferentemente disso, uma
função vetorial pode variar não só na magnitude mas também na
direção e no sentido, e a taxa de variação não é só um número,
mas é, ela mesma, um vetor. Para desenvolver esses novos con-
ceitos, começamos com uma introdução a funções vetoriais.

14.1 Funções vetoriais


Considere uma partícula em movimento no e suponha que
suas coordenadas no instante t sejam (x(t), y(t), z(t)). É conve-
niente representar a trajetória da partícula pela função vetorial
A Matemática dos vôos espaciais é
baseada no Cálculo Vetorial. Nessa foto, os
astronautas Piers Sellers e Michael Fossum
trabalham no sistema de manipulação
remota do ônibus espacial.
O vetor r(t) aponta da origem à posição da partícula no instante t (Figura 1).

Muitas vezes dizemos que as funções z


f (x) (com valores reais) são escalares,
Trajetória da
para distingui-las das funções vetoriais.
partícula

r(t) = 〈x(t), y(t), z(t)〉

y
x
FIGURA 1

A letra t é uma escolha conveniente de Mais geralmente, uma função vetorial é qualquer função r(t) da forma (1) cujo domí-
parâmetro (e muitas vezes representa nio é um conjunto de números reais e cuja imagem é um conjunto de vetores posição. A
o tempo), mas temos liberdade de
escolher qualquer outra variável, tal
variável t é denominada parâmetro e as funções x(t), y(t) e z(t) são denominadas funções
como s ou . É melhor não escrever componentes ou coordenadas. Em geral, o domínio é simplesmente o conjunto de todos
r(x) ou r(y) para evitar confusão com os valores de t para os quais r(t) está definida, ou sejam, todos valores de t que pertencem
os componentes x e y de r. ao domínio das três funções coordenadas x(t), y(t) e z(t). Por exemplo,
CAPÍTULO 14 Cálculo de Funções Vetoriais 721

Se os componentes de r(t) forem funções contínuas então, à medida que variar t, o


ponto final de r(t) traça um caminho em . Dizemos que r(t) é uma parametrização ve-
torial desse caminho; já o conjunto de todos os pontos (x(t), y(t), z(t)), com t no domínio
de r, é uma curva espacial .
A descrição de um caminho por uma função vetorial r(t) = (x(t), y(t)) é equiva-
lente à descrição por uma curva parametrizada c(t) = (x(t), y(t)) que foi estudada no
Capítulo 12. A única diferença consiste em visualizar o caminho como sendo traçado
por um vetor r(t) “em movimento” ou um ponto c(t) “em movimento”. A forma ve-
torial r(t) é mais natural no contexto de derivadas vetoriais e, por isso, neste capítulo
será usada em vez de c(t).
Um caso especial de funções vetoriais foi tratado no Capítulo 13, quando estudamos
parametrizações vetoriais de retas. Lembre que a reta por de vetor dire-
tor tem a parametrização vetorial

Em alguns casos, é útil considerar as projeções sobre os planos coordenados. A proje-


ção de sobre o plano xy é o caminho (Figura
1). Analogamente, as projeções sobre os planos yz e xz são os caminhos e
, respectivamente.

■ EXEMPLO 1 Hélice A curva traçada por é uma hélice. Des-


creva essa curva e sua projeção sobre os planos coordenados.

Solução A projeção sobre o plano xy é o caminho , que descreve


um ponto em movimento anti-horário em torno do círculo unitário. A própria função r(t)
descreve um ponto cuja projeção percorre o círculo enquanto a altura z = t cresce line-

r(t)
(C) A projeção sobre
o plano yz

(A) A projeção
sobre o plano xz p(t)
y

FIGURA 2 As projeções da hélice


. (B) A projeção sobre o plano xy
722 CÁLCULO

armente com o tempo, resultando na hélice da Figura 2. A projeção sobre o plano xz é o


z caminho , que é uma onda em movimento ao longo do sentido z positivo.
Analogamente, a projeção sobre o plano yz é a onda . ■

1
É importante distinguir entre o caminho r(t) e a curva espacial subjacente. O caminho
r(t)
é uma maneira particular de percorrer a curva: pode percorrer várias vezes a curva, trocar
de sentido de percurso, ir para frente e para trás, etc. Por exemplo, à medida que t varia
de a , o caminho percorre infinitas vezes o círculo unitário à
y altura z = 1 (Figura 3).
x
Em geral, as curvas espaciais podem ser bem complicadas e difíceis de esboçar à
mão. Entretanto, os computadores fornecem bons gráficos de perspectivas diferentes
FIGURA 3 O caminho
(Figura 4). É conveniente traçar uma curva “engordada” para auxiliar a visualização,
.
como nas Figuras 4 e 5, mas não esqueça que as curvas espaciais são unidimensionais
e não têm espessura.

z z

y
y

x y x
FIGURA 4 A curva
,
com . x

Lembre que qualquer curva pode ser parametrizada de infinitas maneiras. No exem-
plo seguinte descrevemos duas parametrizações bem diferentes da mesma curva.

■ EXEMPLO 2 Parametrização de interseção de superfícies Parametrize a interseção das


superfícies e (Figura 5).

z z z z

y y y y

x x x x

FIGURA 5 A interseção das superfícies e .

Solução Nosso objetivo é expressar as coordenadas de um ponto da curva como funções


de um parâmetro t. Resolvemos de duas maneiras esse problema. Inicialmente, resolve-
CAPÍTULO 14 Cálculo de Funções Vetoriais 723

mos y e z em termos de x. As duas equações podem ser reescritas como e


. Assim,

Tomando t = x como parâmetro, obtemos . Os dois sinais da


raiz quadrada correspondem às duas metades da curva, em que y > 0 e y < 0 (Figura 6).
Portanto, precisamos de duas funções vetoriais para parametrizar toda a curva:

FIGURA 6 As duas metades da curva


de interseção do Exemplo 2. A parte da curva em que A parte da curva em que

Obtemos uma segunda parametrização, que é, possivelmente, melhor, observando


que a equação tem uma parametrização trigonométrica: x = 2 cos t, y =
sen t. A segunda equação fornece

Assim, podemos parametrizar toda a curva por meio de uma única função vetorial:

■ EXEMPLO 3 Parametrize o círculo de raio 3 centrado em P = (2, 6, 8) situado num


plano
(a) paralelo ao plano xy (b) paralelo ao plano xz.

Solução Um círculo de raio R no plano xy centrado na origem tem parametrização


. Para colocar o círculo no espaço tridimensional, usamos a parametriza-
ção .
(a) O círculo de raio 3 centrado na origem no plano xy tem uma parametrização
. Para mover esse círculo de maneira paralela até ter seu centro em P =
(2, 6, 8), transladamos pelo vetor :

(b) A parametrização nos dá um círculo de raio 3 centrado na origem


no plano xz. Para mover esse círculo de maneira paralela até ter seu centro em (2, 6, 8),
transladamos pelo vetor :

Esses dois círculos aparecem na Figura 7. ■


724 CÁLCULO

z z
〈2, 6, 8〉 〈2, 6, 8〉
8 8
P P

2 6
2 6
y y
x x
FIGURA 7 Os círculos horizontal e
vertical de raio 3 e centro P = (2, 6, 8)
obtidos por translação. (A) (B)

14.1 RESUMO
• Uma função vetorial é uma função da forma

Costumamos pensar no parâmetro t como sendo o tempo e em r(t) como um vetor “em
movimento” cujo ponto final traça um caminho como função do tempo. Dizemos que
r(t) é uma parametrização vetorial do caminho.
• Se os componentes x(t), y(t) e z(t) forem contínuos, então o conjunto constituído dos
pontos (x(t), y(t), z(t)) de , com t no domínio de r(t), é denominado curva espacial.
• Cada curva espacial pode ser parametrizada de infinitas maneiras.
• A projeção de r(t) sobre o plano xy é a curva traçada por . A projeção sobre
o plano xz é e a projeção sobre o plano yz é .
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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