Cap I - Capitalização e Desconto

27/09/2022
Cálculo
Financeiro
Capítulo 1 – Introdução
CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha
1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO
► Capital (entenda-se capital financeiro) - é o conjunto de meios

líquidos cedidos durante um determinado período de tempo,
que geram uma remuneração para o seu possuidor.
Tomando uma decisão racional, dispomos de liberdade para

decidir que destino dar ao capital:
• Consumo;
• Poupança;
• Uma parte para consumo e a outra para poupança.

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 2
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► A essência do cálculo financeiro reside basicamente naquilo

que habitualmente se chama valor temporal do dinheiro.
“Uma mesma quantia não tem para nós o mesmo valor se pusermos
dispor dela imediatamente ou apenas dentro de algum tempo”.
Por exemplo: receber o subsídio de férias de 1.200 euros, podendo escolher

entre recebê-lo por duodécimos ao longo do ano ou todo de uma vez em
julho.
► Tempo – refere-se ao prazo durante o qual o capital é

aplicado.
► Contagem exata ou aproximada …

► Na contagem de qualquer prazo não se inclui o dia em que ocorrer o
evento a partir do qual o prazo começa a contar (art. 279, alínea b do
Código Civil).
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► Juro - é a variação que sofre o valor de um capital (ou

capitais) durante um determinado período de tempo – o
período de aplicação.
► O JURO É A RECOMPENSA POR RENUNCIAR (OU

APENAS ADIAR) O CONSUMO
► O JURO É O VALOR A SUPORTAR PELA UTILIZAÇÃO DE

CAPITAL ALHEIO
► O processo de produção de juro designa-se por “processo de capitalização”.

► Algumas notas…
► Capitais reportados a momentos diferentes não são diretamente
comparáveis. Qualquer operação matemática sobre dois ou
mais capitais requer a sua homogeneização (equivalência) no
tempo.
► Isto é, dados dois capitais C e C’, só se pode fazer C + C’, ou C
– C’, ou C > C’, ou C = C’, etc., se e só se eles estiverem
referidos ao mesmo momento.
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► As variáveis n e i devem estar referidas à mesma unidade de

tempo.
► Contagem do tempo: anos, meses ou dias.

• Bases de cálculo para contagem dos dias:
ACT/ACT (ou - Numerador: dias reais entre duas datas, tendo em
REAL/REAL) consideração a existência de anos bissextos;
- Denominador: dias reais do ano (365, se ano comum,
366, se for ano bissexto).
• Bases de cálculo para contagem dos dias (cont.):

ACT/365 (ou - Numerador: dias reais entre duas datas, tendo em consideração a existência de
REAL/365) anos bissextos;
- Denominador: 365 (independentemente de ser ano comum ou bissexto).
ACT/360 (ou - Numerador: dias reais entre duas datas, tendo em consideração a existência de
REAL/360) anos bissextos;
30/360 - Numerador: admite-se que todos os meses têm 30 dias;

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1.2 TAXA DE JURO E DE DESCONTO
► Taxa de juro – a taxa de juro, i (r em termos percentuais)

representa a remuneração (juro) (j) produzido por uma unidade
de capital (100 unidades de capital) durante uma unidade de
tempo.
► O JURO e TAXA JURO são

conceitos distintos.
► Diferentes conceitos de taxas de juro (a aprofundar mais tarde):

• taxas nominais/taxas efetivas – a distinção tem a ver com o facto
de a taxa refletir ou não juros de juros - efeito das capitalizações.
• taxas proporcionais/taxas equivalentes - a distinção tem a ver
com o facto de a taxa refletir ou não juros de juros - efeito das
capitalizações.
• taxas ilíquidas/taxas líquidas - a distinção tem a ver com o facto
de a taxa refletir ou não e existência de impostos sobre os juros -
efeito da fiscalidade.
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► As taxas de juro podem ser classificadas em ativas

(associadas a operações ativas – o banco é o ator que recebe
os juros) e passivas (associadas a operações passivas – o
banco é o ator que paga os juros).
► Muitas operações são realizadas com taxas de juro
indexadas a outras taxas, sendo a mais comum a
Euribor.
11
► Desconto - inverso à capitalização – corresponde decréscimo do

valor do capital durante um determinado período de tempo.
► Taxa de desconto – a taxa de desconto, d representa o

desconto (D) produzido por uma unidade de capital durante uma
unidade de tempo.
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1.3 VALOR ATUAL E VALOR ACUMULADO
► Valor actual - valor no momento de referência (data em que a

empresa se encontra para efeitos de cálculo de valores).
► Valor acumulado - valor futuro do capital – corresponde ao

capital inicial acrescido do juro vencido.
13
2.1 CAPITALIZAÇÃO
Regimes de Capitalização:
 Regime de Juro Simples (aplica-se sobretudo em operações de curto prazo –

inferiores a um ano)
• O juro não capitaliza, podendo ser pago ou ficar retido.
 Regime de Juro Composto

• O juro capitaliza.
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2.1.1 REGIME DE JURO SIMPLES
► O juro produzidos em cada período de capitalização (juro

periódico) é excluído do processo e não produz juros nos
períodos seguintes (ou seja, o juro não capitaliza).
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2.1.1 REGIME DE JURO SIMPLES “PURO”
Capital no início do Capital no final do

Período Juro periódico Juro pago
período período
1 10.000 500 500 10.000

2 10.000 500 500 10.000
3 10.000 500 500 10.000
4 10.000 500 500 10.000
5 10.000 500 500 10.000
6 10.000 500 500 10.000
7 10.000 500 500 10.000
n 10.000 500 500 10.000
𝒊 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒂𝒅𝒂 = 𝟓% Nota: a única fórmula aplicável é a do juro periódico
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2.1.1 REGIME DE JURO “DITO” SIMPLES

Período Juro periódico Juro acumulado
período período
1 10.000 500 500 10.500

2 10.000 500 1.000 11.000
3 10.000 500 1.500 11.500
4 10.000 500 2.000 12.000
5 10.000 500 2.500 12.500
6 10.000 500 3.000 13.000
7 10.000 500 3.500 13.500
n 10.000 500 4.000 14.000
𝒊 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒂𝒅𝒂 = 𝟓% Nota: permite calcular o juro e o capital acumulados
17
► Neste regime de juro, sendo constante o capital no início

de cada período, é também constante o juro vencido em
cada período.
► Há portanto uma proporcionalidade directa entre o juro

de qualquer período (j0) e o capital inicial (C0).
É constante a relação j0/C0, qualquer

que seja o período.
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► Em RJS o capital inicial, C0, gera um juro (j= C0.i)

constante em cada período de capitalização. E, sendo
constante o juro periódico, o juro produzido pelo capital
ao fim de n períodos será:
Com taxa
contratada fixa Jn =C0.i.n
19
► Exemplo:
Calcule o juro simples produzido por um capital de
3.000€, aplicado durante 5 meses, à taxa de 11,5%.
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► Capital acumulado num dado momento - corresponde à

soma do capital inicial com o juro produzido até esse
momento. Este varia em progressão aritmética de razão
C0.i.
Com taxa Fórmula geral de capitalização em

contratada fixa Cn=C0 (1+i.n) regime de juros simples
Com taxas
contratadas variáveis Cn=C0 (1+i1n1+i2n2 +…+innn)
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2.1.2 REGIME DE JURO COMPOSTO
► Os juros são vencidos em cada momento são incorporados ao

processo de capitalização (ou seja, o juro capitaliza, ou seja, há
juro de juro).
► C1=C0+j1; C2=C1+j2; … Ct=Ct-1+jt
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Período Juro periódico Juro acumulado
período período
1 10.000,00 500,00 500,00 10.500,00

2 10.500,00 525,00 1.025,00 11.025,00
3 11.025,00 551,25 1.576,25 11.576,25
4 11.576,25 578,81 2.155,06 12.155,06
5 12.155,06 607,75 2.762,82 12.762,82
6 12.762,82 638,14 3.400,96 13.400,96
7 13.400,96 670,05 4.071,00 14.071,00
n 14.071,00 703,55 4.774,55 14.774,55
𝒊 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒂𝒅𝒂 = 𝟓%
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► Em RJC o capital inicial, C0, gera um juro crescente

(jt,t+1= Ct.i) em cada período de capitalização, variando em
progressão geométrica de razão (1+i).
► Neste caso, o juro produzido pelo capital ao fim de n

períodos será:
Jn= C0[(1+i)n-1]
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► Exemplo:
Calcule o juro produzido por um capital de 3.000€,
aplicado durante 5 meses, à taxa de 11,5%, em RJC.
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► Capital acumulado num dado momento - corresponde à soma

do capital inicial com o juro produzido até esse momento. Tal
como o juro periódico, o capital acumulado varia em progressão
geométrica de razão igual a (1+i).
Fórmula geral de capitalização

Com taxa
contratada fixa Cn= C0 (1+i)n em regime de juro composto
Com taxas
contratadas variáveis Cn= C0 x(1+i1)n1 x (1+i2)n2 x… x (1+in)nn
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► Em RJC, a periodicidade das capitalizações (anual, semestral,

trimestral, etc.) é muito importante: o juro será maior quanto
menor for o período de capitalização.
► Devemos ter muita atenção quando for dada uma taxa nominal.
► Na ausência de outra informação, considera-se que as

capitalizações são feitas de acordo com a periodicidade da taxa de
juro.
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JURO “DITO” SIMPLES VS. JURO COMPOSTO
• São iguais os juros produzidos ao

fim do primeiro período da taxa, em
ambos os regimes de capitalização.
• Para aplicações em períodos

inferiores ao da taxa, é superior o
juro vencido em regime de juro
simples.
• Para aplicações em períodos

superiores ao da taxa é superior o
juro vencido em regime de juro
composto.
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2.2 DESCONTO
Regimes de Desconto:
 Regime de Juro Simples:

 Desconto por dentro
 Desconto por fora
 Regime de Juro Composto
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2.2.1 DESCONTO EM REGIME DE JURO SIMPLES
1) Desconto por dentro (desconto racional)

(O desconto por dentro, ainda que seja o verdadeiro desconto financeiro, caiu em
desuso com o decorrer dos tempos)
► A partir da fórmula geral do processo de capitalização deduz

imediatamente a fórmula geral do processo de actualização:
Com taxa
contratada fixa Co=Cn (1+i.n)-1
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► Por definição de desconto:

Dd=Cn – C0
► Donde:
Dd = Cn - Cn(1+i.n)-1
Com taxa
Dd = Cn[1-(1+i.n)-1] = C0.i.n contratada fixa
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O desconto por dentro corresponde ao Juro

produzido pelo valor actual do capital no
prazo n.
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2) Desconto por fora ou desconto comercial
O desconto por fora, também designado por desconto

comercial, corresponde ao juro produzido pelo valor
nominal/final do capital durante o prazo que falta para o
seu vencimento.
Com taxa
contratada fixa Df = Cn .i.n
33
► Por definição de desconto:

Df =Cn - Cof
► Então:
Cof = Cn - Df
Com taxa
contratada fixa Cof = Cn (1- i.n)
Com taxas
contratadas variáveis Cof = Cn [1-(i1.n1+i2n2+…+innn)]
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► Exemplo:
A entidade G possui um título de crédito com o valor nominal de
10.000 euros. Para vencer dificuldades financeiras resolveu descontá-
lo quando faltavam 18 meses para o seu vencimento, à taxa de juro
de 12% ao ano:
a) qual o valor recebido por G, na situação de desconto por
dentro;
b) e se fosse na situação de desconto por fora.
35
► a) substituiu-se o direito de receber 10.000 € daqui a 18 meses pelo

recebimento actual de cerca de 8.474,58 €;
► b) substituiu-se o mesmo direito mas recebendo apenas 8.200,00 €.
► Ou seja, em a) pagou-se um juro de 1.525,42 € pelo crédito de

8.474,58 € durante 18 meses, enquanto em b) pagou-se 1.800 €
pelo crédito de 8.200 € durante os mesmos 18 meses.
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APLICAÇÕES DO DESCONTO SIMPLES
► Aplicações do desconto comercial simples

• Juros antecipados ou pagos à cabeça
• Desconto bancário de letras
► Aplicações do desconto comercial simples

• Obrigações do tesouro
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2.2.2 DESCONTO EM REGIME DE JURO COMPOSTO
►A partir da fórmula geral do processo de capitalização

deduz imediatamente a fórmula geral do processo de
actualização:
Com taxa
contratada fixa Co=Cn (1+i) e-n ou Co=Cn .v n e v n =(1+i)-n
Com taxas
contratadas variáveis C0= Cn x(1+i1)-n1 x (1+i2)-n2 x… x (1+in)-nn
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2.2.2 DESCONTO EM REGIME DE JURO COMPOSTO
► Por definição:
D =Cn – C0
► Donde:
D =Cn – Cn . v n
D =Cn .(1 - v n)
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2.2.2 TAXAS EM REGIME DE JURO COMPOSTO
► Até agora assumimos que o período de capitalização (i.é., a frequência

com que se vence o juro) coincide com o período a que está referida a
taxa de juro;
► No entanto, isto nem sempre corresponde à realidade. É normal haver

disparidade entre os dois períodos de referência;
► Numa grande parte das situações do dia-a-dia, a taxa anunciada está

reportada a um dado período (geralmente, o ano), mas as
capitalizações são efetuadas com periodicidade diferente (semestrais,
trimestrais, mensais, ...).
40
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► Nestes casos, o que se deve fazer:

• Sempre que o período de referência da taxa de juro dada não
coincida com o período de capitalização, haverá necessidade de
calcular, a partir da taxa de juro dada, a taxa de juro referida ao
período capitalização;
► Nota: em RJC, quando o período a que está reportada a taxa de juro

não coincide com o período de capitalização há diferenças entre:
• taxa proporcional e taxa equivalente
• taxa nominal e taxa efetiva
41
► m - n.º de vezes que o período da taxa cabe na base de cálculo. Supondo que
é anual:
► i ou i1 – se a capitalização for anual
► i2 – se a capitalização for semestral
im ► i – se a capitalização for trimestral
4
► i12 – se a capitalização for mensal
► i – taxa anual efetiva

► im ou i’- taxa periódica efetiva (ex: mensal, trimestral, semestral…)
► i(m) – taxa anual nominal com m capitalizações
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► Considerando m a relação entre os períodos de duas taxas de juro:

• i – taxa efetiva
• i’ (ou i(m)/m) – taxa efetiva referida ao sub-período do período inteiro.
i'
0 1/m 2/m (m-1)/m 1 n
Aos n períodos da taxa i correspondem n x m períodos de capitalização da taxa i’.
43
3. EQUIVALÊNCIA DE TAXAS
► Duas ou mais taxas, referidas a períodos diferentes, dizem-se

equivalentes, quando aplicadas a capitais iguais durante períodos de
tempo também iguais, produzem o mesmo valor acumulado ou o
mesmo rendimento, sendo as capitalizações efectuadas de acordo com o período a que cada
uma das taxas está referida.
44
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3.1 TAXAS DE JURO EQUIVALENTES
► Cálculo em Regime de Juro Simples

Considerando a fórmula geral do processo de capitalização, e que 𝐶 = 1 e
𝑛 = 1, dado que 𝑖 = 𝐽(1,1), virá:
Taxa i 𝐶 = 𝐶 1 + 𝑖. 𝑛  𝐶 = 1 + 𝑖
Taxa i’ 𝐶 = 𝐶 1 + 𝑖′. 𝑚  𝐶 = 1 + 𝑖′. 𝑚
As taxas i e i’ serão equivalentes se os seus valores acumulados também o forem, então:
i
1 + i = 1 + 𝑖′. 𝑚  i´  As taxas i e i’ equivalentes, são
proporcionais (RJS)
m
45
3.1 TAXAS DE JURO EQUIVALENTES
► Cálculo em Regime de Juro Composto

Considerando a fórmula geral do processo de capitalização, e que 𝐶 = 1 e
𝑛 = 1, dado que 𝑖 = 𝐽(1,1), virá:
Taxa i 𝐶 =𝐶 1+𝑖 𝐶 =1+𝑖

Taxa i’ 𝐶 = 𝐶 1 + 𝑖′  𝐶 = 1 + 𝑖′
As taxas i e i’ serão equivalentes se os seus valores acumulados também o forem, então:
As taxas i e i’ equivalentes, não

1 + i = 1 + 𝑖′  i'= (1+i)1/m -1 são proporcionais (RJC)
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3.2 PROPORCIONALIDADE ENTRE TAXAS
► Duas taxas referidas a períodos de tempo diferentes dizem-se

proporcionais quando o quociente entre elas é o mesmo que
existe entre os períodos de tempo a que elas se referem.
► Ex: Uma taxa anual de 20% e uma taxa semestral de 10% dizem-se proporcionais, já que:
20% 12
 2
10% 6
► As taxas proporcionais não consideram a existência de várias

capitalizações (juros de juros).
47
3.2 PROPORCIONALIDADE EM RJCOMPOSTO
► Se, em RJC, i e i’ são equivalentes mas não proporcionais, podemos,

a partir daquelas, definir as taxas que lhe sejam proporcionais.
► Assim, a taxa anual nominal capitalizável m vezes no ano i (m) :
é uma taxa proporcional à taxa efectiva i’, mas é meramente

nominal.
i (m) = m x i’
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3.2 PROPORCIONALIDADE EM RJCOMPOSTO
► Obviamente que partindo de i, se pode calcular uma taxa

proporcional, quer designaremos por i (b), e:
i (b) = i/m
i (b) é uma taxa proporcional à taxa efectiva i, mas é meramente

nominal ou aparente.
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3.3 TAXA EFETIVA E NOMINAL
► Taxa efetiva – a taxa efetiva tem em conta o efeito das sucessivas

capitalizações e é calculada através da relação de equivalência.
• Em RJC é necessário trabalharmos com taxas efetivas, pois só estas incorporam o
efeito da existência de juro de juros.
► Taxa nominal - a taxa nominal não considera o efeito das sucessivas

capitalizações e é calculada através da relação de proporcionalidade.
► NOTA: A diferenciação entre taxa efetiva e taxa nominal coloca-se

apenas no RJC.
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► ATENÇÃO:
Quando queremos comparar diferentes taxas devemos usar sempre
taxas efetivas.
► Nos empréstimos (taxas ativas): usamos a taxa anual efetiva

(TAE) ou a taxa anual efetiva global (TAEG);
► Nos depósitos (taxas passivas): usamos a taxa anual efetiva líquida

(TAEL).
51
► A T.A.E.G. (taxa anual de encargos efetiva global) nos contratos

de crédito ao consumo é um exemplo de taxa de custo efetiva para
o consumidor (incluindo todas as despesas deste, nomeadamente,
seguros ou outras garantias e encargos fiscais).
► A T.A.E. (taxa anual efetiva) nos restantes contratos de crédito é

um exemplo de taxa de rentabilidade efetiva para a instituição de
crédito (excluindo, nomeadamente, impostos, taxas ou
emolumentos notariais ou de registo).
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EXEMPLOS
Taxas efetivas e taxas nominais

Taxa nominal m Taxa efetiva proporcional à nominal
i(m)
Taxa anual nominal de 1
i(1)=4% i1= i(1)/1=4% Taxa efectiva anual
capitalização anual
i(2)=3% i2= i(2)/2=1,5% Taxa efectiva semestral
capitalização semestral
i(4)=2% i4= i(4)/4=0,50% Taxa efectiva trimestral
capitalização trimestral
Taxas proporcionais
53
TAXAS DE JURO EFETIVAS EQUIVALENTES

Taxa efetiva com
Taxa nominal periodicidade
correspondente
Taxa efetiva i(2)

i(2) =4% i2   2%
semestral 2
Taxa equivalente trimestral

Taxa equivalente anual
1
Taxa equivalente mensal
i 4  (1  i 2 )  1
2
1
i1  (1  i 2 ) 2
 0 ,995 % i 12  (1  i 2 ) 6
 4 ,04 %
 0 ,331 %
54
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3.4 TAXA BRUTA E TAXA LÍQUIDA
► Taxa bruta:
Não considera o efeito de impostos sobre juros.
► Taxa líquida:
Reflete o efeito fiscal, encontrando-se desonerada desse encargo.
ilíquida = (1-t) * ibruta Onde:

il = taxa de juro líquida
t = taxa de imposto (28%)
i = taxa de juro bruta
55
3.4 TAXA BRUTA E TAXA LÍQUIDA
► Assim, para obter o Juro Total e o Capital Acumulado Líquidos,

em RJS ou RJC, teremos que usar a taxa de juro efetiva líquida.
Jn =C0.iliquida.n Jn= C0[(1+ilíquida)n-1]
Cn=C0 (1+ilíquida.n) Cn= C0(1+ilíquida)n
56
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3.5 TAXA CORRENTE E TAXA REAL
► Taxa corrente:
Não reflete o efeito da inflação.
► Taxa real:
Reflete o efeito da inflação.
ir = (1+i)/(1+z)-1 Onde:
ir = taxa de juro real
z = taxa de inflação
i = taxa de juro corrente
57
3.5 TAXA CORRENTE E TAXA REAL
► A taxa de juro real ao expressar a taxa de juro corrente

“corrigida” pela taxa de inflação permite aferir a rendibilidade real
das aplicações financeiras.
► Contudo, deve notar-se que o juro efetivamente produzido

corresponde ao juro corrente; o juro real é apenas um valor de
referência, que reflete a perda de poder de compra resultante da
inflação.
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4. EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS
► Por vezes, existe a necessidade ou interesse de comparar dois ou

mais capitais (ou conjunto de capitais), com diversos vencimentos
(isto é, com vencimento em diferentes momentos de tempo).
► Como já foi referido anteriormente, não é possível comparar

ou operar diretamente com capitais que estejam reportados
a momentos diferentes!
59
4. EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS
► Para o podermos fazer, é necessário homogeneizar os capitais, ou seja,

reportá-los a um mesmo momento no tempo;
• Para tal é necessário elaborar uma equação de valor que traduz a
equivalência, num determinado momento, entre todos os capitais;
► Trata-se de substituir um conjunto de capitais com diferentes
vencimentos, por um capital único equivalente (C* – Capital
Comum) com um único vencimento.
► Ao momento de tempo que corresponde a esse capital chamamos de
Vencimento Comum (n*).
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EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS: EQUAÇÃO DE VALOR
► Dois conjuntos de capitais dizem-se equivalentes num dado

momento, quando, aí, forem iguais os seus valores atuais, sendo o
valor atual de cada conjunto igual à soma dos valores atuais de cada
um dos seus elementos. Admite-se que ambos os conjuntos vencem juros a
uma mesma taxa i, cujo período coincide com a unidade de tempo em que se
exprime os vencimentos dos capitais.
► Dois conjuntos dizem-se equivalentes no momento 0, quando a

soma dos valores atuais forem iguais.
61
EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS: EQUAÇÃO DE VALOR
► Para estabelecer uma equivalência entre dois capitais (ou conjunto

de capitais), com vencimentos em diferentes momentos de tempo
dever-se-á:
• Escolher um momento de tempo que sirva de referência;
• Reportar todos os capitais a esse momento de referência;
• Estabelecer a equação do valor, igualando um capital (ou

conjunto decapitais) ao outro capital (ou conjunto de capitais).
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EQUAÇÃO DE VALOR
► Em RJS a Equivalência de Capitais só é possível para prazos curtos

e é muito sensível à escolha do momento de referência;
► Em RJC a Equivalência de Capitais é sempre possível
independentemente do prazo e é considerada a abordagem mais
robusta;
► Como tal, para efeitos de Equivalência de Capitais, vamos pressupor
o RJC.
63
EQUAÇÃO DE VALOR: CAPITAL ÚNICO
► Considerem-se os capitais abaixo esquematizados. Pretende-se

substituir o conjunto dos capitais por um único capital, vencível no
momento n, tendo como referência o momento 0:
descontar
𝛴
C*
64
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► Pressupondo o regime de juro composto:

C* (1+i)-n* = C1 (1+i)-n1 + C2 (1+i)-n2 + C3 (1+i)-n3+ …+ Ck (1+i)-nk
► Sintetizando:
C* = ∑ Ck (1+i)-nk x (1+i)n*
65
► Considerem-se os capitais abaixo esquematizados. Pretende-se

substituir o conjunto dos capitais por um único capital, vencível no
momento n, tendo como referência o momento n:
𝛴
C*
66
33
27/09/2022
► Pressupondo o regime de juro composto:

C* = C1 (1+i)n-n1 + C2 (1+i)n-n2 + C3 (1+i)n-n3
► Sintetizando:
C* = ∑ Ck (1+i)n-nk Se n > nk então n – nk > 0 (capitalização)
Se n < nk então n – nk< 0 (desconto)
Se n = nk então n – nk= 0 (momento n – não se
capitaliza nem se desconta)
67
EQUAÇÃO DE VALOR: VENCIMENTO COMUM
► Pode também pretender-se saber em que momento (n*), um dado

capital substitui, de forma equivalente, um dado conjunto de capitais
vencíveis em momentos distintos – Vencimento Comum.
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EQUAÇÃO DE VALOR: VENCIMENTO MÉDIO
► Caso Particular em que:

• O valor do Capital Comum no momento n* é o somatório do
valor nominal dos capitais Ck.
► Deste modo para um conjunto de capitais Ck, e os respetivos

vencimentos nk e taxa de juro i,
• O valor do Vencimento Médio (n*) é: o momento de tempo no
qual o capital comum é equivalente àquele conjunto de capitais,
sendo determinado da mesma forma que o vencimento comum.
69
EQUAÇÃO DE VALOR: TAXA MÉDIA
► Considere um conjunto de capitais (C1, C2, … Cn) aplicados a partir

do mesmo momento 0, durante vários prazos (n1, n2 … nn) e a
diferentes taxas de juro (i1, 12, … in)
► Designa-se por taxa média, a taxa de juro única que aplicada a esses
capitais durante os mesmos prazos produzia o mesmo juro
acumulado.
70
35
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EQUAÇÃO DE VALOR: EXERCÍCIO
Suponha que a frequência da Pós-Graduação em Marketing implicava

o pagamento das seguintes propinas:
– Outubro ~ 500€;
– Janeiro ~ 500€;
– Abril ~ 500€;
– Julho ~ 500€.
Considerando que, para alguns alunos, seria preferível dividir o
pagamento das propinas por dois únicos momentos (Dezembro e
Junho), importa perceber como se determinam esse dois novos
montantes, considerando a sua equivalência financeira.
71
36

Cap I - Capitalização e Desconto

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27/09/2022

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

► Capital (entenda-se capital financeiro) - é o conjunto de meios

Tomando uma decisão racional, dispomos de liberdade para

• Uma parte para consumo e a outra para poupança.

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

► A essência do cálculo financeiro reside basicamente naquilo

Por exemplo: receber o subsídio de férias de 1.200 euros, podendo escolher

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 3

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

► Tempo – refere-se ao prazo durante o qual o capital é

► Contagem exata ou aproximada …

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 4

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

► Juro - é a variação que sofre o valor de um capital (ou

► O JURO É A RECOMPENSA POR RENUNCIAR (OU

► O JURO É O VALOR A SUPORTAR PELA UTILIZAÇÃO DE

► O processo de produção de juro designa-se por “processo de capitalização”.

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 6

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

► As variáveis n e i devem estar referidas à mesma unidade de

► Contagem do tempo: anos, meses ou dias.

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 7

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.1 TEMPO, CAPITAL E JURO

• Bases de cálculo para contagem dos dias (cont.):

30/360 - Numerador: admite-se que todos os meses têm 30 dias;

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 8

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.2 TAXA DE JURO E DE DESCONTO

► Taxa de juro – a taxa de juro, i (r em termos percentuais)

► O JURO e TAXA JURO são

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 9

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.2 TAXA DE JURO E DE DESCONTO

► Diferentes conceitos de taxas de juro (a aprofundar mais tarde):

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.2 TAXA DE JURO E DE DESCONTO

► As taxas de juro podem ser classificadas em ativas

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 11

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.2 TAXA DE JURO E DE DESCONTO

► Desconto - inverso à capitalização – corresponde decréscimo do

► Taxa de desconto – a taxa de desconto, d representa o

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 12

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

1.3 VALOR ATUAL E VALOR ACUMULADO

► Valor actual - valor no momento de referência (data em que a

► Valor acumulado - valor futuro do capital – corresponde ao

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 13

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

 Regime de Juro Simples (aplica-se sobretudo em operações de curto prazo –

 Regime de Juro Composto

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO - 2022/2023 Pág. 14

CÁLCULO FINANCEIRO Vera Cunha

2.1.1 REGIME DE JURO SIMPLES