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Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão


Licenciatura em Contabilidade

Parte III - Análise Financeira

- Capítulo 6: Análise da situação de liquidez e


solvabilidade
- Capítulo 7: Análise dos Fluxos Monetários
- Capítulo 8: Análise da Rendibilidade e do Risco

Pedro Coelho - 2021/2022

2021/2022 – 1.º Semestre 1


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Análise e Plan. Financeiro

Capítulo 6 - Análise da situação de liquidez e solvabilidade


6.1 Liquidez, Fundo de Maneio e Necessidades de Fundo de Maneio
6.2 O Balanço Funcional e a relação fundamental de tesouraria
6.3 Análise de Rácios de Liquidez
6.4 Análise de Rácios de Atividade
6.5 Outras Medidas de Liquidez
6.6 A Solvabilidade
6.7 Estrutura de Capitais e Solvabilidade
6.8 Rácios Solvabilidade e de cobertura de encargos
6.9 Perda e recuperação de solvabilidade
Leituras recomendadas:
• Neves, J. C. (2012). Análise e Relato Financeiro – um visão integrada de gestão, Texto Editores
(Solidez financeira e equilíbrio financeiro, cap. 9, 10 e 11).
• Subramanyam e Wild (2009). Financial Statement Analysis, McGraw-Hill (Cap. 10).
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6.1 Liquidez, Fundo de Maneio e Necessidades de Fundo


de Maneio
➢ O Conceito de Liquidez
✓ Existência de uma situação que pressupõe o ajustamento do
grau de liquidez dos elementos do ativo ao grau de exigibilidade
das dívidas.

➢ Regra do Equilíbrio Financeiro Mínimo


✓ Os capitais utilizados pela empresa para financiar um
determinado ativo deverão ficar à disposição da empresa
durante um prazo que corresponda pelo menos à duração do
ativo adquirido com esses capitais.

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Liquidez: Regra do Equilíbrio Financeiro Mínimo


➢ Mas, para se atingir uma situação de equilíbrio financeiro, a
Regra do Equilíbrio Financeiro Mínimo não é suficiente!

Ativo = Capitais
não corrente permanentes

Ativo Passivo
corrente = corrente

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Liquidez e Fundo de Maneio


É necessária uma margem de segurança!

Ativo Capital próprio


não corrente
Passivo não corrente
FM ou capital alheio de MLP)

Ativo
corrente Passivo corrente

A esta Margem de Segurança dá-se o nome de Fundo de Maneio


(FM)
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Fundo de maneio
➢ Fundo de maneio é o conjunto de valores submetidos às
transformações cíclicas de período curto, e cujo destino normal,
no final de cada ciclo de exploração (i.e., aquando da sua
conversão em meios financeiros), é serem reutilizados no
circuito de exploração.

A função do fundo de maneio é financiar o ciclo de exploração

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O Indicador Fundo de Maneio (FM)


➢ Definição tradicional: FM na ótica investimento (patrimonial)
FM = Ativo corrente – Passivo corrente

➢ Definição funcional: FM na ótica dos capitais


FM= Capitais Permanentes – Ativo Fixo

➢ Normalmente, o investimento em fundo de maneio é


proporcional ao crescimento económico (crescimento das
vendas) da empresa.

➢ Do ponto de vista operacional, é essencial conhecer as


necessidades de fundo de maneio (NFM).

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Necessidades de Fundo de maneio (NFM)


➢A noção de NFM está relacionada com a necessidade de financiar
o ciclo de exploração – stocks, clientes, fornecedores, etc.

NFM = NECESSIDADES CÍCLICAS – RECURSOS CÍCLICOS


✓ Necessidades Cíclicas = contas a receber + inventários
✓ Recursos Cíclicos = contas a pagar

➢O sinal das NFM dá informação sobre a necessidade, ou não, de


fundo de maneio dependendo, em grande parte, da atividade da
empresa.

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6.2 O Balanço Funcional e a relação fundamental de


tesouraria
➢ No sentido de colmatar algumas das limitações do indicador do FM, a
abordagem funcional ao equilíbrio financeiro de curto prazo recorre a
um conjunto de indicadores baseados na estrutura do balanço
funcional.
➢ O balanço funcional é construído tendo por base os três ciclos
financeiros: Investimento, Exploração e Financiamento, sendo que
neste último ciclo podem distinguir-se dois subciclos: Operações de
Capital e Operações de Tesouraria.
➢ Indicadores da análise funcional da liquidez:
✓Fundo de Maneio Funcional ou na ótica dos capitais
✓Necessidades de Fundo de Maneio
✓Tesouraria Líquida
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Abordagem Funcional: os ciclos financeiros

Decisões
estratégicas Ciclo de investimento

Decisões
operacionais Ciclo de exploração

Decisões Ciclo das operações


financeiras financeiras
- Operações de Capital
- Operações de Tesouraria
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O Ciclo de Investimento
➢ Investimento em Ativo Fixo (Caráter de permanência >1 ano)
➢ Inclui a análise e tomadas de decisão em relação a investimentos ou
desinvestimentos, tais como:
✓ Ativo fixo e adiantamentos a fornecedores de investimentos;
✓ Ativo intangível;
✓ Investimentos financeiros;
✓ Contas a receber MLP (associadas a atos estratégicos ou financeiros);
✓ Níveis estratégicos de inventários e respetivos adiantamentos a
fornecedores;
✓ Acréscimos e Diferimentos (mais de um ano);
✓ Empréstimos intragrupo (empresas do grupo e associadas) e outros
sócios/acionistas, quando têm tendência para a estabilidade.

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O Ciclo de Exploração
➢ Ciclo de Exploração – é o prazo, em dias, que decorre entre o momento em
que se compra a matéria-prima até ao momento em que se recebe do
cliente, passando pela fase de aprovisionamento, pelo processo de produção
e comercialização dos produtos.
1ª fase 2ª fase 3ª fase
aprovisionamento produção comercialização

Compra de Início da Obtenção


Pagamentos de Venda Cobranças
matérias produção produtos
acabados

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O Ciclo de Exploração e o Ciclo de Caixa


➢ O esquema anterior mostra que existe um período de
tempo entre o momento em que se pagam as matérias e o
momento em que se cobra aos clientes.

➢ Isto significa que existe um intervalo, dentro do ciclo de


exploração, no qual a empresa tem que investir fundos para
efetuar os pagamentos de exploração. Só no final do ciclo é
que esses fundos são recuperados.

➢ A este intervalo chamamos CICLO DE CAIXA.

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O Ciclo de Caixa
Prazo médio pagamentos (PMP) CICLO DE CAIXA

Compra da Pagamento ao
mercadoria fornecedor

Prazo médio inventários (PMI) Prazo médio recebimentos (PMR)

Compra da Venda da Recebimento


mercadoria mercadoria do ciente

➢ O ciclo de caixa indica o número de dias em que a empresa terá que


financiar a atividade de exploração com recurso a capitais próprios ou
alheios onerosos.
✓ Ciclo de Caixa = PMI + PMR - PMP
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O Ciclo de Caixa: Empresas Industriais


➢ Quando estamos perante empresas industriais, o ciclo de exploração tende
a ser mais prolongado comparativamente com outras empresas.

Prazo médio pagamentos (PMP) CICLO DE CAIXA

Compra da Pagamento ao
mercadoria fornecedor
PMImp PMIpvf PMIpa Prazo médio de recebimentos

Compra das Início da Fim da Venda do Recebimento


mat. primas produção produção produto acabado do ciente

Ciclo de Caixa = PMImp + PMIpvf + PMIpa + PMR - PMP


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O Ciclo de Caixa: Exemplo I


Exemplo 1:
✓ nº de dias de armazenamento = 28
✓ nº de dias que dura a produção = 20
✓ nº de dias de armazenamento de produtos acabados = 30
✓ prazo de pagamento a fornecedores = 15
✓ prazo de recebimento de clientes = 60

Ciclo de Caixa = 28 + 20 + 30 + 60 - 15 = 123 dias

➢ Isto significa que a empresa demora, em média, 123 dias


entre os primeiros pagamentos de exploração e os
recebimentos de clientes.

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O Ciclo de Caixa: Exemplo II


Exemplo 2:
Um hipermercado fornece os seguintes dados:
✓ nº de dias de armazenamento = 15
✓ prazo de recebimento de clientes = 0
✓ prazo de pagamento a fornecedores = 45

Ciclo de Caixa = ?

Conclusão quanto às NFM…

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O Ciclo de Caixa e as Necessidades de FM


➢ As necessidades de FM (NFM) podem ser calculadas em unidades
monetárias ou em dias, o que corresponde a um ciclo de caixa em
função do volume de negócios. É o chamado método indireto de
cálculo das NFM, também designado por ciclo financeiro de
exploração.
➢ Para calcular as NFM pelo método indireto:
1) Calcular os prazos médios do ciclo de caixa.
2) Conversão dos prazos do ciclo de caixa em dias de venda, ao preço de
venda.
3) Cálculo do nº de dias de vendas (ao preço de venda) a financiar.
4) Converter em unidades monetárias o número de dias a financiar,
obtendo assim as NFM.

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Cálculo das NFM: Exemplo


➢ Suponha uma empresa pretende calcular as NFM em dias de
vendas. Sabe-se que:
✓ Vendas anuais: 500 000 u.m.

✓ Outras informações:

Prazos do ciclo de caixa: Percentagem de Investimento face às


PMImp 10 dias Vendas:
PMIpvf 20 dias Custo MP 20%
PMIpac 25 dias Custo MOD e GGF 60%
PMP fornec. MP 60 dias Custo PVF e PAC 80%
PMP outros fornec. 10 dias Outr. Compras 20%
PMR 90 dias

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O Ciclo de Financiamento
➢ Corresponde ao conjunto de atividades de obtenção de fundos
adequados aos investimentos e às necessidades de
financiamento gerados pelo ciclo de exploração. Neste ciclo,
distinguem-se ainda:
✓ Ciclo de operações de capital - Obtenção de fundos estáveis
(capitais próprios + passivo não corrente) para financiar ativos
estáveis (fixos);
✓ Ciclo das operações de tesouraria - Gestão de disponibilidades e
ativo cíclico de forma a assegurar a cobertura financeira a curto
prazo no caso de insuficiência temporária de fluxos de caixa, ou no
caso de excedentes a sua aplicação.

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Análise e Plan. Financeiro

O Ciclo de Financiamento
➢ Capitais Próprios
✓ Capital Próprio
✓ Provisões
✓ Subscrição capital totalmente realizado
✓ Dívidas estáveis a sócios (quando há garantia que não são reembolsados
antes do previsto)
✓ Ajustamentos
✓ Subsídios para investimento e outros Proveitos e Custos Diferidos MLP

➢ Capitais Alheios estáveis (Caráter de permanência >1 ano)


✓ Todas as dívidas de MLP (que não sejam do ciclo de exploração)
✓ Contas a pagar, mas que têm tendência para se manterem estáveis
✓ Rendas de MLP de contratos de locação financeira, referentes ao
reembolso de capital
✓ Dívidas a empresas interligadas
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O Balanço Funcional e a relação fundamental de


tesouraria
➢ Tesouraria Líquida (TL)
✓ Está relacionada com o ciclo de financiamento de curto prazo da
empresa.
✓ Deverá apresentar um valor positivo para que exista equilíbrio de
tesouraria (se TL > 0, então FM > NFM).
✓ TL = FM – NFM

➢ Em resumo, a abordagem funcional ao equilíbrio financeiro de


curto prazo inclui os seguintes indicadores:
✓ Fundo de Maneio Funcional (FMF) ou na ótica dos capitais
✓ Necessidades de Fundo de Maneio (NFM)
✓ Tesouraria Líquida (TL)

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Análise e Plan. Financeiro

O Balanço Funcional e a relação fundamental de


tesouraria
➢ É possível calcular os indicadores funcionais de liquidez – FMF,
NFM e TL – através da construção do balanço funcional.

➢ Assim, o balanço funcional visa reproduzir, em determinada


data, as origens de fundos e aplicações relacionados com os
ciclos financeiros da empresa – ciclo operacional, de
investimento e de financiamento.

➢ O balanço funcional permite o cálculo de forma direta das


NFM (designado por método direto).

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Análise e Plan. Financeiro

O Balanço Funcional e a relação fundamental de


tesouraria
Estrutura conceptual do balanço funcional
Nº RUBRICAS ANO N ANO N+1 …
1 Capitais Próprios
2 Capitais Alheios estáveis
3 Capitais Permanentes (1+2)
4 Ativo Fixo
5 Fundo de Maneio (3-4)
6 Clientes (e outras contas a receber)
7 Inventários
8 Estado e outros entes públicos (a receber)
9 Necessidades Cíclicas (6+7+8)
10 Fornecedores (e outras contas a pagar)
11 Estado e outros entes públicos (a pagar)
12 Recursos Cíclicos (10+11)
13 Necessidades em Fundo de Maneio (9-12)
14 Tesouraria Líquida (5-13)
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Análise e Plan. Financeiro

Balanço Funcional e a Tesouraria Líquida


➢ A tesouraria líquida (TL) pode ser calculada pela diferença entre as
operações de tesouraria ativa e de tesouraria passiva
✓ Tesouraria Ativa: Depósitos bancários e caixa e outras rubricas que
possam ser convertidas em liquidez no curto prazo (até 1 ano)
• Ativos financeiros (detidos para negociação e para venda) + Outras contas a
receber e Acréscimos e Diferimentos (que não sejam de exploração) + Empresas
do Grupo e outros acionistas (com elevada liquidez) + EOEP

✓ Tesouraria Passiva: Todas as contas a pagar no curto prazo (até 1 ano)


que não sejam afetas à exploração
• Empréstimos por obrigações + empréstimos por títulos de participação e
bancários + passivos financeiros detidos para negociação + outras contas a pagar
e acréscimos e diferimentos (que não sejam de exploração) + Rendas imediatas
de reembolso de capital de contratos de locação financeira + letras descontadas
e não vencidas + Empresas do Grupo e outros acionistas + EOEP

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Análise e Plan. Financeiro

Relação Fundamental de Tesouraria


➢ De acordo com Neves (2012, pág. 268), da análise conjunta dos 3
indicadores - FM, NFM e TL - é possível identificar seis situações financeiras
típicas

Fonte: Neves, J. C. (2012). Análise e Relato Financeiro – um visão integrada de gestão, Texto
Editores
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Análise e Plan. Financeiro

Relação Fundamental de Tesouraria: Situações


Financeiras Típicas
Tipo I - _______________________________________________

Tipo II - _______________________________________________

Tipo III - ______________________________________________

Tipo IV – ______________________________________________

Tipo V - _______________________________________________

Tipo VI - ______________________________________________

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Balanço Funcional:
Limitações
➢ Críticas e limitações do balanço funcional:

✓ É extremamente difícil reclassificar as rubricas do balanço em


função do ciclo respetivo – facto que resulta da falta de
sensibilidade das normas contabilísticas para as questões das
finanças e da gestão.
✓ A obrigatoriedade de relação entre origens e aplicação de fundos
vem contrariar o princípio de que “o dinheiro não tem olhos”,
pois o conjunto de recursos financia o conjunto de aplicações.
✓ Classificar recurso estável tem um grau de dificuldade enorme,
pois dívidas CP podem ser regularmente renovadas (p.e., conta
corrente caucionada) mas correm sempre o risco de não o
serem.

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Análise e Plan. Financeiro

6.3 Análise de Rácios de Liquidez


➢Os Rácios de Liquidez apreciam o equilíbrio entre as aplicações e as
obrigações correntes, avaliando a capacidade da empresa para fazer
face aos seus compromissos de curto prazo.

➢Exemplos:
Ativo corrente
▪ Rácio de Liquidez Geral =
Passivo corrente

▪ Rácio de Liq. Reduzida =


Ativo corrente−Inventários−Ativos biológicos
Passivo corrente
Meios financeiros líquidos
▪ Rácio de Liquidez Imediata =
Passivo corrente

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Análise e Plan. Financeiro

6.4 Análise de Rácios de Atividade


➢ Os rácios de atividade ou funcionamento podem ser
analisados sob duas perspetivas:

✓ Rotação – Quantificação da rapidez de conversão de um


investimento em meios líquidos. Apesar da sua natureza
eminentemente económica, são considerados rácios de eficiência
do ciclo de exploração.
✓ Prazo – Indicação da duração de tempo necessária para
conversão de uma determinada rubrica em liquidez. São
considerados rácios de eficácia do ciclo de exploração.

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Análise e Plan. Financeiro

Análise de Rácios de Atividade: Eficiência


➢ Para aferir a eficiência do ciclo de exploração, utilizam-se
indicadores que exprimem a rotação do ativo e dos
inventários.

➢ Exemplos:
Volume de negócios
▪ Rotação do Ativo =
Ativo

Volume de negócios
▪ Rotação do Ativo Fixo =
Ativo fixo

CMVMC
▪ Rotação dos Inventários =
Inventários

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Análise de Rácios de Atividade: Eficácia


➢ Para aferir a eficácia do ciclo de exploração, utilizam-se
indicadores que exprimem a duração média de
recebimentos, pagamentos e de inventários em armazém.

➢ Exemplos:
Clientes
▪ Prazo Médio Recebimentos PMR = ×
Volume de negócios× 1+Tx.Iva
365

Fornecedores
▪ Prazo Médio Pagamentos PMP = × 365
(Compras+FSE)× 1+Tx.Iva

Saldo médio de inventários


▪ Prazo Médio Inventários PMI = × 365
CMVMC

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6.5 Outras medidas de liquidez


➢Indicadores ou rácios calculados com base na demonstração
de fluxos de caixa, como p.e.:
✓Fluxo de Caixa Operacional (FCO)/Passivo corrente

➢Analisar outros indicadores financeiros da empresa, tais


como:
✓ Notação de rating de papel comercial e de empréstimos
obrigacionistas;
✓ Restrições na venda de ativos;
✓ Capacidade para responder a alterações (procura, greves, quebras
de fornecimento,…).

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6.6 A Solvabilidade
➢A análise de equilíbrio financeiro de longo prazo implica o
estudo da solvabilidade, ou seja, a capacidade para honrar
compromissos de médio e longo prazo.

➢Duas condições de solvabilidade:


1. A estrutura de capitais deverá assentar fundamentalmente em
capitais próprios, pois só assim se garante que a empresa
sobreviva ano após ano.
2. Para que o equilíbrio financeiro de MLP seja sustentável é
necessário que a empresa possua uma exploração rendível, ou
seja, é necessário que consiga gerar resultados positivos.

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6.7 Análise da Estrutura de Capitais


Capitais Próprios vs Capitais Alheios

➢Motivações para o recurso a Capitais Alheios:

✓ Poderá implicar menores custos (desde que a taxa de juro


seja inferior à rendibilidade que a empresa consegue
gerar);
✓ Juros são dedutíveis para efeitos de apuramento de
imposto (o que não acontece com os dividendos).

2021/2022 – 1.º Semestre 35


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6.8 Rácios Solvabilidade e Estrutura de Capitais


➢ Solvabilidade

Capitais próprios
▪ Autonomia Financeira =
Ativo total
Capitais próprios
▪ Rácio de Solvabilidade =
Passivo
EBIT
▪ Cobertura dos Encargos Financeiros =
Custos financeiros

➢ Estrutura de Capitais

Passivo
▪ Endividamento =
Ativo total
Passivo Financeiro
▪ Rácio Estrutura de Capitais =
Capitais próprios

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6.9 Perda e Recuperação da Solvabilidade


Quando é que uma empresa deixa de ter solvabilidade?

✓Quando não pode, a título permanente, fazer face às suas


dívidas, i.e., quando deixa de ter liquidez e a sua estrutura
não permite a sua recuperação.

Como se deteta a insolvência?

✓Uma degradação gradual e sistemática dos indicadores de


solvabilidade reflete uma situação em que a empresa se vai
tornando cada vez mais dependente dos seus credores.

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Perda e Recuperação da Solvabilidade


▪ De acordo com o Código de Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE),
existem 2 situações distintas:

Empresa insolvente Empresa falida ou em


situação de falência jurídica

Quando a totalidade (ou pelo Quando a empresa vai de facto


menos 2/3) dos cap. próprios ser dissolvida
estão absorvidos por prejuízos

2021/2022 – 1.º Semestre 38


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Perda e Recuperação da Solvabilidade


➢ Uma empresa insolvente, pode ser recuperada desde que seja
previsível atingir o equilíbrio financeiro em termos futuros.

➢ Como saber se a empresa é recuperável?


✓ É necessário reunir provas de que a atividade de exploração da
empresa será rentável no futuro.
✓ Essas provas são constituídas por estudos previsionais
(Orçamentos, Balanços e Demonstrações de Resultados
Previsionais, etc.)
• Depois de reunidas as provas de que a empresa é viável
economicamente, apura-se o défice de capitais permanentes e a
capacidade de reembolso futura em termos de capital e juros.

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Análise e Plan. Financeiro

Perda e Recuperação da Solvabilidade


Medidas de Saneamento Financeiro
➢ Consolidação do Passivo: conversão do passivo de CP em passivo de
MLP.
➢ Transformação das dívidas em capital: os credores passam a
sócios/acionistas da empresa.
➢ Perdão das dívidas (geralmente não vai além dos 50%); é uma
medida demorada e difícil de negociar quando não há consenso
entre os credores.
➢ Entrada de novos capitais (implica transformações quantitativas nos
1º e 2º membros do balanço):
✓ Contratação de empréstimos de MLP;
✓ Aumento de capital por entrada de dinheiro.
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