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RESUMO: O sensacionalismo midiático influencia notadamente o Direito Penal Contemporâneo, pois cria
temor na sociedade, que passa a enxergar o recrudescimento das penas como solução para criminalidade.
O expansionismo punitivo atende anseios da classe dominante e significa excessiva perda de tempo com
casos de potencial lesivo insignificativo. O Direito Penal Mínimo trata-se de uma solução equilibrada, que
faz com que apenas os bens mais importantes e necessários ao convívio social sejam protegidos
juridicamente.
1 INTRODUÇÃO
O Direito Penal Contemporâneo, mediante notável influência midiática e de uma
sociedade amedrontada, tende ao recrudescimento das penas e ao aumento das hipóteses
típicas. No contexto de expansionismo punitivo, surge a ideia do Direito Penal Máximo, com
ênfase aos movimentos como o de Lei e Ordem e aos discursos quanto ao direito penal de
emergência e direito penal do inimigo.
O Direito Penal Mínimo, por sua vez, surge como crítica ao expansionismo punitivo, à
medida que possibilita ao aparato policial investigar apenas os casos de real importância.
A sociedade, por sua vez, amedrontada diante da violência veiculada, cede diante dos
apelos dos comunicadores de massa e passa a aderir às teses de maior criminalização e da
criação de leis que inviabilizem a possibilidade de recuperação do agente e seu retorno ao
convívio social.
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Novamente, ressalta-se o clamor social, ou, melhor ainda, o clamor midiático, como um
dos propulsores da legislação de emergência, a exemplo da lei nº. 8.072/90, que definiu os
crimes hediondos e afins.
O que se percebe é que o direito penal do inimigo prevê uma minimização de regras
garantistas, de forma a tratar o criminoso como um estranho à comunidade.
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Sabe-se que a criminologia tenta, por meio de suas vertentes teóricas, explicar os vários
tipos de criminalidade, à medida que busca resolver a origem dos desvios que importem na
prática de infrações penais. O que não se pode permitir, contudo, é a propagação do falso
argumento de que o homem criminoso é incorrigível por possuir um defeito de caráter, que o
impede de agir conforme os demais cidadãos.
Desse modo, a adoção do Direito Penal Mínimo é ferramenta essencial que possibilitará
ao aparato policial investigar apenas os casos de real importância. Incontáveis infrações
penais, nessa lógica, deverão ser retiradas de nosso ordenamento jurídico-penal,
possibilitando a agilidade necessária na solução de condutas que afetem bens jurídicos de
especial relevo.
O discurso repressivo atende somente aos anseios da classe dominante, que nele
vislumbra um instrumento de coação cuja finalidade básica é atender egoisticamente seus
interesses. O que se precisa aferir, contudo, é que a própria sociedade não toleraria a punição
de todos os seus comportamentos antissociais, os quais, inclusive a classe dominante, está
acostumada a praticar cotidianamente.
Como se viu, o Direito Penal Máximo pretende que este seja protetor de, basicamente,
todos os bens existentes na sociedade. Nesse raciocínio, procura-se educar a sociedade
sob a ótica penal, de modo a criar-se um Direito puramente simbólico e impossível de ser
aplicado.
Essa atuação, no entanto, acaba por conduzir à falta de credibilidade do Direito, posto
que, quanto mais infrações penais, menores são as possibilidades de serem efetivamente
punidas as condutas infratoras. O Direito Penal, portanto, torna-se ainda mais seletivo e maior
a cifra negra. Nesse sentido, as palavras de Rogério Greco (2011):
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Vale frisar que não se trata de deixar impune um comportamento que mereça a
reprovação do Estado. Contudo, existe um rol de sanções de naturezas diversas (civil,
administrativa etc.) que podem cumprir esse papel de reprimir comportamentos que não são
tolerados socialmente, mas que, por outro lado, também não podem sofrer os rigores da lei
penal, posto que, se assim o fosse, vislumbrar-se-ia a banalização do direito de liberdade do
cidadão.
3 CONCLUSÃO
É preciso mostrar à sociedade a verdadeira face do Direito Penal, revelando que este
seleciona as pessoas que serão punidas e perde tempo demasiado com infrações de
pequena ou nenhuma importância, enquanto que processos mais graves sofrem as
consequências da justiça morosa. O Direito Penal Mínimo, nessa lógica, apresenta-se como
alternativa viável e equilibrada que, longe de defender a ausência de sanções penais, significa
combater efetivamente o alvo principal do direito, qual seja, infrações de maior potencial
ofensivo.
REFERÊNCIAS
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GRECO, Rogério. Direito Penal do Equilíbrio: Uma visão minimalista do direito penal. Rio
de Janeiro: Impetus, 2011.
JAKOBS, Gunther. MELIÁ, Manuel Cancio. Direito Penal do Inimigo: Noções e Críticas.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
Assuntos relacionados
Direito Penal Direito Penal mínimo Escolas penais Criminologia
Sobre a autora
Gabriela Serra Pinto de Alencar
Acadêmica do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão.
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