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Valores mobiliários:
Importa, em primeiro lugar, destacar que, por força do artigo 1º CVM, podemos
constatar que estamos perante uma tipicidade enunciativa ou não esgotante, já que a
alínea g) introduz “outros documentos representativos de situações jurídicas
homogéneas, desde que sejam suscetíveis de transmissão em mercado”:
a) Ações;
b) Obrigações;
c) Títulos de participação;
d) Unidades de participação em instituições de investimento coletivo;
e) Warrants autónomos;
f) Direitos destacados;
Ações
As AÇÕES são valores mobiliários que correspondem a uma situação jurídica
complexa contendo um conjunto de direitos e obrigações. Representam uma parcela
do capital social (que representado por um documento constitui um valor mobiliário).
Ter ações numa sociedade significa ser acionista, o que confere ao investidor um
conjunto de direitos sobre a sociedade. Não obstante, estes direitos variam em função
do número e da categoria de ações detidas.
Obrigações
As obrigações são valores mobiliários com uma duração limitada que representam
uma parte de um empréstimo contraído por uma empresa ou entidade junto dos
investidores. Ter obrigações significa ser credor de um emitente. Decorrido um
determinado período, o investidor terá direito a receber o valor que inicialmente
investiu e periodicamente receberá juros, se estes tiverem sido acordados. Portanto,
obrigações são valores mobiliários que representam direitos de crédito face à entidade
emitente e que podem ser emitidos por sociedades anónimas e por sociedades em
comandita por ações (artigos 348º e 478º CSC), assim como também por sociedades
por quotas (DL nº 160/87 de 3 de abril) e outras entidades.
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São obrigações semelhantes às clássicas, mas que não têm uma data de maturidade, ou seja, o direito
a recebimento periódico de juros é eterno e o capital em dívida não é reembolsado.
Não obstante, avaliar uma obrigação consiste em determinar o seu preço justo,
que pode não coincidir com o seu valor nominal ou com o valor a que é comprada ou
vendida. Assim, o preço de uma obrigação vai corresponder ao valor atual dos
rendimentos a gerar no futuro (soma dos juros periódicos e reembolso).
Unidades de participação
As unidades de participação são as parcelas em que se divide o património de um
fundo de investimento. A duração das unidades de participação deve ser equivalente
ao prazo de duração do fundo. Traduzem quotas-partes (fação alíquota) de um
património autónomo de uma instituição de investimento coletivo. Ora, os fundos de
investimento são organismos de investimento coletivo constituídos pelas poupanças
de vários investidores. O conjunto dessas poupanças constitui um património em
partes iguais, com as mesmas características e sem valor nominal, designadas por
unidades de participação.
Títulos de participação
Os títulos de participação são valores mobiliários tendencialmente perpétuos que
conferem o direito a uma remuneração com duas componentes: uma fixa e outra
variável. Tanto a remuneração fixa como a variável são determinadas sobre a
percentagem do valor nominal do título de participação. Estes títulos podem ser
emitidos por empresas públicas ou sociedades anónimas pertencentes
maioritariamente ao Estado.
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São obrigações que não pagam juros periódicos, sendo adquiridas/subscritas a um preço abaixo do par
(abaixo do valor nominal), por forma a proporcionar aos investidores uma compensação sob a forma de
ganho de capital. Este tipo de obrigação pode igualmente ser adquirida/subscrita ao par (ao valor
nominal) e verificar-se um reembolso na data de maturidade acima do valor nominal (prémio de
reembolso) por forma a atingir o mesmo fim.
Os títulos de participação só são reembolsáveis se as entidades que os emitiram o
decidirem, mas nunca antes de terem decorrido 10 anos desde a sua emissão, ou se
essas entidades entrarem em falência.
Warrants autónomos
Os warrants são valores mobiliários com uma duração limitada que conferem ao
investidor um direito sobre outros valores mobiliários ou ativos financeiros,
designados “ativo subjacente”. Por exemplo, uma emissão de warrants autónomos
sobre ações pode conferir ao investidor o direito a comprar ou vender essas ações
numa data pré-definida. Esses ativos podem ser ações, obrigações, índices bolsistas,
taxas de juro ou taxas de câmbio.
O investidor tem sempre a possibilidade de optar por exercer ou não o seu direito.
O warrant confere, portanto, um direito e não uma obrigação.
Os warrants podem ser emitidos por bancos, pela Caixa Económica Montepio
Geral, pela Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, por sociedades de investimento,
pelo Estado, por sociedades anónimas (desde que os ativos subjacentes sejam valores
mobiliários próprios) e por outras instituições de crédito e sociedades financeiras de
corretagem previamente autorizadas pelo Banco de Portugal. Podem ainda emitir
warrants autónomos as entidades que tenham uma garantia prestada por outra
entidade idónea.
Direitos destacados
Alguns valores mobiliários conferem direitos que podem ser destacados e
negociados separadamente, por exemplo, em bolsa. Estes direitos destacados são
valores mobiliários e têm como principal característica o prazo de duração muito
curto. São direitos destacados, por exemplo os direitos de subscrição e os direitos de
incorporação. No fundo, são direitos destacados os que decorrem do facto de
existirem direitos inerentes (diversas situações jurídicas ativas) representados num
valor mobiliário, que podem ser destacados ou cindidos (porque consubstanciam
situações jurídicas distintas e tal cisão se encontra prevista), e circular ou ser objeto de
negociação (artigo 1º/1 e 55º/3 CVM).
Criptoativos ou Tokens
Os criptoativos são representações digitais de ativos baseadas em tecnologia
blockchain, não emitidas por um banco centro, instituição de crédito ou instituição de
moeda eletrónica e que podem ser usadas como forma de pagamento numa
comunidade que o aceite ou ter outras finalidades como a atribuição do direito à
utilização de certos bens e serviços ou a um retorno financeiro.
Nem todos os criptoativos são valores mobiliários, já que a sua classificação como
tal depende de uma análise casuística. Desta forma, para serem considerados
criptoativos têm que, cumulativamente, verificar-se os diversos requisitos que estão
definidos pela lei.
Representação;
Legitimação.
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Os valores mobiliários escriturais facilitam a circulação dos valores, são mais seguros e possibilitam um
exercício de direitos mais eficientes.