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VALORES MOBILIÁRIOS E

FINANCEIROS DAS
SOCIEDADES
Amide Nhamposse
Fernando Rachide Junior
Kelven Miguel Quenesse
Humberto
Noção
 São instrumentos financeiros, representativos de situações
jurídicas homogéneas e autónomas, com excepção dos
instrumentos monetários, que podem ser transaccionados
com meras qualidades dentro da respectiva categoria.
 São classificados como valores mobiliários:
a) As acções;
b) As obrigações;
c) Os títulos de participação;
d) As unidades de participação em instituições de
investimento colectivo;
e) Os warrants autónomos;
f) Outros documentos representativos de situações jurídicas
homogéneas, desde que sejam susceptíveis de transmissão
em mercado.

 Características dos valores mobiliários


a) Representação em documento;
b) Resultante de situação jurídica homogénea;
c) Susceptível de transmissão em mercado.
Regime jurídico do valor mobiliário

Em Moçambique a regulamentação do mercado de


valores mobiliários foi inicialmente feita através do
Decreto nº48/98, de 22 de Setembro, que aprovou
o regulamento do mercado de valores mobiliários.
Decorrida uma década de funcionamento de
mercado a luz deste regulamento, em 2009, o
conselho de ministros revogou o regulamento do
mercado de valores mobiliários através do Decreto
– Lei nº4/2009 de 24 de Julho, que aprova o
Código de Mercado de Valores Mobiliários.

 Em linhas gerais o Código de Mercados de Valores


Mobiliários, refere que actualmente constitui o regime jurídico
dos valores mobiliários, entre outros aspectos, a saber:
a) A clarificação e o reforço das competências de supervisão dos
mercados atribuídas ao Banco de Moçambique, nomeadamente
quanto á sua competência reguladora;
b) A sistematização do regime dos valores mobiliários, consoante
a sua forma de representação e categorias, a modernização e
simplificação do regime de transmissão;
c) O reforço do princípio, agora tornado absoluto, da
obrigatoriedade de transmissão através da bolsa de valores de
Moçambique dos valores nela constados.
Mercado Primário
É definido como o mercado de valores mobiliários através do qual
as entidades emitentes procedem à emissão desses valores e à sua
distribuição pelos investidores. Ressalta do regime estabelecido o
princípio da liberdade de emissão.
Em regra, a emissão de valores mobiliários pelas sociedades
comerciais e outras pessoas e entidades autorizadas a emiti-los é
livre, não dependendo de autorização administrativa. O regime de
autorização administrativa, da competência do ministro da
economia e finanças, é excepcional e reservado para casos
tipificados no código.
Mercado Secundário

É definido como o conjunto dos mercados de valores


mobiliários organizados para assegurar a compra e venda
desses valores, depois de distribuídos aos investimentos
através do mercado primaria. O mercado secundário é afinal
um conceito plural: há ou pode haver vários mercados
secundários, e com efeito o código desde logo prevê que
existam dois, sendo qualificados como mercados secundários
de valores mobiliários: bolsa de valores; e o mercado fora da
bolsa.
Acções

O termo acção apresenta-se no direito comercial como


um conceito polissémico que se apresenta como
sendo uma das formas de participação social (capital
social) que é feito no contrato de sociedade.
Outro significado que apresenta é de ser uma
representação de participação social que se constitui
como valor mobiliário, este que é o principal foco do
nosso do trabalho.
Tipos de Acções
Quanto a espécie

Nominativas, quando;
 Não estiverem integralmente liberadas;

 Não puderam ser transmitidas sem o

consentimento da sociedade;
 Os sócios beneficiarem do direito de

preferência na sua transmissão, nos termos


regulados contrato de sociedades;
 Se tratar de acções cujo titular esteja obrigado,

segundo o contrato de sociedade, a efectuar


prestações acessórias à sociedade.

Ao Portador- quando não esta registada em nome do
seu proprietário, cuja titularidade é determinada pela
detenção física do titulo.

Quanto a Categoria
 Ordinarias- aquelas que asseguram aos seus titulares a
plenitude dos direitos de accionista, inclusive o de votar
nas deliberações das assembleias gerais e o de eleger os
administradores da sociedade art.352 do Ccom.
As séries ou classes destas acções são definidas no art.357
do Ccom.
• Preferenciais- aquelas que conferem aos seus titulares
dividendos prioritários em cada exercício, assegurados
no art.356, e que ultrapassem, de qualquer forma, os
valores atribuídos a este título aos titulares de acções
ordinárias no mesmo período.
As classes são definidas no art.358 do Ccom.
Admissão a cotação de Acções
A admissão a cotação de acções depende da verificação
cumulativa dos requisitos apresentados no nº1 do art.60 do
Código de Mercados de Valores Mobiliários, que são:
 A sociedade emitente encontra – se constituída e funciona
de acordo com as disposições legais e estatutarias
aplicáveis;
 A situação jurídica das acções esta em conformidade com
as disposições legais aplicáveis;
 A capitalização bolsista previsível das acções que são
objecto do pedido da admissão a cotação oficial ou, na sua
falta, os capitais próprios da sociedade, incluindo os
resultados não distribuídos do último exercício, não serem
inferiores ao valor que seja estabelecido no mês de Março
de cada ano mediante regulamento da bolsa de valores;

 A sociedade ter publicado os seus relatórios de gestão e contas
anuais relativos aos dois exercícios anteriores ao pedido de
admissão;
 As acções serem livremente negociáveis;
 Estar assegurada, até ao momento da admissão a cotação, uma
suficiente dispersão das acções pelo público;
 O pedido de admissão a cotação englobar todas as acções da
mesma categoria que encontrem emitidas;
 A sociedade apresentar uma adequada situação económica –
financeira.
 O art.60 no seu número 2 do Código de Mercados de Valores
Mobiliários, a bolsa de valores excepcionalmente pode derrogar a
condição prevista na alínea d) do número 1 que sempre que seja
recomendável por razões de mercado e desde que os investidores
disponham das informações necessárias para formarem um juízo
fundamentado sobre e sobre acções cuja admissão a cotação é
pedida.
OBRIGAÇÕES

 São títulos representativos de um mútuo,


emitidos em massa pela sociedade, negociáveis
que, numa mesma emissão, conferem direitos
de crédito iguais para o mesmo valor nominal.
Quanto a tipologia as obrigações tanto podem ser,
iguais as acções;
 Nominativas;

 Ao Portador;

Em qualquer uma daquelas modalidades de obrigações,
podem ser emitidas obrigações que:
 Confiram aos titulares o direito a um juro fixo e os
habilitem a um juro suplementar ou a um prémio de
reembolso, quer fixo, quer dependente dos lucros
obtidos pela sociedade;
 Declarem juro e plano de reembolso, dependentes de
lucros e variáveis em função do montante destes;
 Permitam a sua conversão em acções, com ou sem
prémio de emissão;
 Confiram o direito a subscrever uma ou várias acções.
Admissão a cotação de Obrigações
A admissão a cotação de obrigações são aplicáveis, com as necessárias
adaptações o disposto nas alíneas a), b), d), g) e h) do numero 1 do
artigo 60° bem como o número 2 do mesmo artigo.
A admissão a cotação de obrigações depende ainda, comutativamente da
verificação das seguintes condições;
 O montante do empréstimo obrigacionista a admitir não ser inferior ao
valor que seja estabelecido no mês de Março de cada ano mediante
regulamento da bolsa de valores;
 Encontrar-se comprovado que o pagamento do capital e dos juros esta
garantido, de acordo com uma analise económico-financeira baseada em
critérios razoáveis de prudência
 As obrigações convertíveis e as obrigações ou outros valores que dêem
direitos a subscrição ou aquisição de acções só podem ser admitidos a
cotação se as acções as quais elas se referem tiverem já sido
anteriormente admitidas a cotação ou ai forem admitidas
simultaneamente.
Instrumentos financeiros derivados
Conceito
São contratos derivados a prazo, que tem como activos
subjacentes, os seguintes:
 Valores mobiliários, divisas, taxas de juro ou de
rendibilidades ou relativos a outros instrumentos derivados,
indicadores financeiros ou indicadores financeiros, com
liquidação física ou financeira;
 Mercadorias variáveis climáticas, tarifas de frestas, licenças de
emissão, taxas de inflação ou quaisquer outras estatísticas
económicas oficias, com liquidação financeira ainda que por
opção de uma das partes.
 Mercadorias, com liquidação física, desde que sejam
transacionados em mercado regulamentado ou em sistema de
negociação multilateral ou, não se destinando a finalidade
instrumentos financeiros derivados.
Prestacoes Suplementares
São prestações em dinheiro sem juros que a sociedade exigira
aos sócios quando, havendo permissão do estatuto,
deliberação social o determine.
Esta prestação, deve respeitar os seguintes preceitos;
 A permissão por parte dos estatutos, seja ela originária ou
alterada;
 Caso a permissão tenha originado de uma alteração, esta
deve ser introduzida como resultado da decisão de uma
maioria qualificada, e ainda que esta se verifique, não se
pode exigir a mesma prestação dos sócios minoritários que
não tenham aprovado a alteração;
 O estatuto social que permite a prestação deverá fixar o
montante global da prestação nas suas cláusulas;
Prestações Acessórias
Os estatutos da empresa podem impor a todos ou a alguns sócios a
obrigação de efetuarem prestações para além das entradas. Estas
podem ser criadas através de alteração ao contrato de sociedade mas,
neste caso, o aumento das prestações impostas apenas é eficaz para os
sócios que nele tenham consentido.
Normalmente, as prestações acessórias, que podem ser gratuitas ou
onerosas (caso haja contrapartida para o sócio ou não), podem
consistir em:
 Entradas em dinheiro (ex.: mútuo de determinada quantia);
 Proporcionar à empresa o gozo de um determinado bem (ex.: veículo
automóvel ou um escritório);
 Prestação de determinadas funções (ex.: o exercício da gerência).
As prestações acessórias extinguem-se com a dissolução da empresa e,
salvo disposição contratual em contrário, a falta de cumprimento das
obrigações acessórias não afeta a situação do sócio como tal.
Reserva

 O jurisconsulto Jorge Manuel nos apresenta a noção de reserva


dizendo que “reserva societária é cifra representativa de valores
patrimoniais da sociedade, derivados normalmente de lucros que
os sócios não podem ou não querem distribuir, que serve
principalmente para cobrir eventuais perdas sociais e para auto
financiamento.’’
 (JORGE, 2013, 481). Do conceito apresentado acima subtrai-se o
seguinte entendimento que as reservas efectuadas pelas sociedades
comerciais consistem na transformação no todo ou em parte do
lucro obtido, como reforço permanente do capital que se vai
inverter a favor da sociedade. As reservas derivam normalmente de
lucros obtidos pela sociedade no exercício das suas actividades e
estas funcionam normalmente como meio de auto financiamento
que as sociedades adoptam para fazer face a situações inesperadas.
Tipos de reservas

Reserva Legal- é um meio estabelecido por lei que obriga as


sociedades de constituírem uma reserva como meio de fazer face a
inesperadas situações que a sociedade não o consiga fazer ou seja,
a lei obriga a que as sociedades possam reservar uma parte do
lucro obtido durante um exercício económico para responder a
todas situações que sejam impossíveis de o fazer pelo património
da sociedade.
As reservas legais só podem ser usadas nos seguintes casos:
 Para a cobertura de perda de exercício que não possa ser coberto
pela utilização de outras reservas (estatutária ou livre);
 Para a cobertura de perdas transitadas de exercício anterior que
não possam ser cobertas pelo lucro do exercício e nem por outras
reservas;
 Este tipo de reserva é verificado nas sociedades por quotas e nas
sociedades anónimas.

Reserva Estatutária
Este tipo de reserva decorre dos estatutos estabelecidos
pelos sócios no contrato de sociedade. Os sócios acordam
ainda na constituição da sociedade em criar uma reserva
que será usada para suprir ou fazer face aos problemas
que a sociedade vier a ter e que não consiga por si só
resolver e esta reserva. Na criação desta reserva os sócios
podem ou não indicar para que fim será utilizado.
Todas as deliberações que forem tomadas com
vista a distribuição da reserva estatutária ou que
directamente ou indirectamente prejudique as
reservas estatutárias são nulas.
Contrato de suprimento
Considera-se contrato de suprimento o contrato pelo qual o
sócio empresta a sociedade dinheiro ou outra coisa fungível,
ficando esta obrigada a restituir outro tanto do mesmo
género e qualidade, ou pelo qual o sócio convenciona com a
sociedade a diferimento de créditos seus sobre ela, desde
que em qualquer dos casos o crédito fique tendo o carácter
de permanência.
O contrato não necessita de ser reduzido a forma escrita. De
facto, a sua validade não depende de forma especial.
A celebração deste contrato não necessita de estar prevista no
contrato de sociedade nem depende da prévia deliberação
dos sócios, salvo deposição estatutária em contrário,
revestindo carácter facultativo, resultando de acordo entre a
empresa e o sócio.
Bibliografia
 Decreto – Lei nº2/2005 de 25 de Dezembro (Aprova o Código
Comercial)

 Decreto-Lei nº 4/2009, de 24 de Julho (Aprova o Código do


Mercado de Valores Mobiliários)

 ALMEIDA, António Pereira De, Sociedade Comerciais –


Valores mobiliários e mercados: 6a ed., Coimbra editora, Lisboa

 ABREU, Jorge Manuel Coutinho, Curso de direito Comercial: 4a


ed., Almedina, 2013
 CORREIA, Miguel J. A Pupo, Direito Comercial: 8a ed.,
Coimbra editora, Lisboa, 2003, p. 294
FIM
MUITO OBRIGADO PELA VOSSA ATENÇÃO

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