Você está na página 1de 69

Ética e Cidadania

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Armando de Queiroz Monteiro Neto


Presidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Conselho Nacional

Armando de Queiroz Monteiro Neto


Presidente

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Departamento Nacional

José Manuel de Aguiar Martins


Diretor Geral

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora de Operações
Confederação Nacional da Indústria
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Departamento Nacional

Ética e Cidadania

José Olavo Braga

Brasília

2010
© 2010. SENAI – Departamento Nacional
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs Coordenador de EaD – SENAI/SC em


Luciano Mattiazzi Baumgartner - Florianópolis
Departamento Regional do SENAI/SC Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em
Florianópolis
Coordenador de EaD – SENAI/AM
José Nabir de Oliveira Ribeiro - Departamento Design Educacional, Design Gráfico,
Regional do Amazonas Diagramação e Ilustrações
Equipe de Desenvolvimento de Recursos
Coordenador de EaD – SENAI/GO Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis
Ariana Ramos Massensini - Núcleo Integrado
de Educação a Distância SESI e SENAI Revisão Ortográfica e Normativa
FabriCO
Coordenador de EaD – SENAI/PB
Felipe Vieira Neto - Centro de Educação Fotografias
Profissional Prof. Stenio Lopes Banco de Imagens SENAI/SC
http://www.sxc.hu/
http://office.microsoft.com/en-us/images/
http://www.morguefile.com/

Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB 14/937 – SENAI/SC Florianópolis

B813e
Braga, José Olavo
Ética e cidadania / José Olavo Braga. Brasília: SENAI/DN, 2010.
71 p. : il. color ; 30 cm.

Inclui bibliografias.

1. Ética. 2. Ética profissional. 3. Ética empresarial. 4. Cidadania. 5.


Conduta. I. SENAI. Departamento Nacional. II. Título.

CDU 174

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Departamento Nacional

Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C


Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF
Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190
http://www.senai.br
Sumário

Apresentação do Curso.................................................................................. 07
Plano de estudos.............................................................................................. 09
Unidade 1: Ética e Cidadania . ..................................................................... 11
Unidade 2: Ética Profissional ....................................................................... 33
Unidade 3: Ética no Ambiente de Trabalho............................................. 47
Conhecendo o autor........................................................................................ 67
Referências.......................................................................................................... 69
Apresentação
do Curso

Olá! Seja bem-vindo ao curso Ética e Cidadania.


Durante este curso você estudará um pouco mais a
história desses dois temas, qual a visão atual sobre
esses conceitos e como foram evoluindo ao longo
dos anos.

Terá oportunidade de conhecer as relações


existentes entre ética e trabalho e entre ética e
moral, além do individualismo e as mudanças de
paradigmas. Também serão abordados neste curso
assuntos sobre assédio no ambiente de trabalho,
virtudes profissionais e código de ética profissional.
Então, ajeite-se confortavelmente e prepare-se para
começar os estudos. Vamos lá?!

Professor José Olavo Braga

7
Plano de Estudos

Carga horária:
16h

Ementa
Ética. Evolução do trabalho. Ética e trabalho. Éti-
ca profissional. Individualismo e ética profissional.
Mudanças de paradigmas. Assédio no ambiente de
trabalho. Virtudes profissionais. Código de Ética
Profissional.

Objetivos
Objetivo geral

Estudar os conceitos de ética e moral, no contexto


da cidadania dentro e fora das organizações.

Objetivos específicos

‡‡ Adquirir conhecimento sobre ética e cidadania;


‡‡ Desenvolver percepção crítica sobre o tema;
‡‡ Compreender conceitos de termos referentes ao
assunto;
‡‡ Conhecer sobre os tipos de ética existentes e
suas relações.

9
Ética e Cidadania

Objetivos de aprendizagem
Ao final desta unidade, você terá subsídios para:

‡‡ Reconhecer assuntos relacionados aos te-


1
mas de ética, moral, cidadania e evolução do
trabalho;
‡‡ Compreender como esses assuntos estão
relacionados entre si e quais os seus funda-
mentos;
‡‡ Conceituartermos sobre ética, moral e cida-
dania e conhecer a história da evolução do
trabalho.

Aulas
Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas
seguintes.

Aula 1: Ética

Aula 2: Ética e moral

Aula 3: Cidadania

Aula 4: Evolução do trabalho

11
Para Iniciar
Bem vindo ao curso Ética e Cidadania. Este curso foi desenvolvido especialmente
para você. Nesta unidade, você estudará os conceitos de ética, moral e cidadania,
para entender suas diferenças e conhecer um pouco mais suas histórias, desde
suas origens até os dias de hoje.

Este estudo também explanará a história e o desenvolvimento da ética e da ci-


dadania no Brasil. Você vai observar que a história desse tema está diretamente
relacionada às histórias das lutas pelos direitos humanos e que houve um grande
avanço quando se estabeleceu a Constituição de 1988, garantindo aos cidadãos
brasileiros direitos e deveres outrora não instituídos.

Você estudará a importância da ética no dia a dia de uma sociedade, tendo em


vista que ela funciona como uma reguladora de desenvolvimento histórico-cultu-
ral. Verá que, sem os princípios fundamentais de ética, a humanidade já teria se
despedaçado até a autodestruição. Com base nesse tema, você terá oportunidade
de refletir sobre a aplicação de valores éticos e morais em suas práticas diárias.

Para enriquecer ainda mais seu conhecimento a respeito de ética e cidadania, será
explicado como se dá a aplicação dos conceitos já aprendidos no ambiente de
trabalho e sua evolução ao longo dos anos.

Finalizando a unidade, você conhecerá mais alguns temas que estão relacionados
à ética, pois são atuais e muitas vezes polêmicos, tais como valores éticos na vida
privada e profissional, ética e convivência humana, ética e justiça social, ética e
meio ambiente, política, corrupção, entre outros.

Há muita coisa para aprender, então, mãos à obra!

12
Ética e Cidadania

Aula 1:
Ética
Atualmente é muito comum ouvirmos ou falarmos
sobre ética, mas o que é isso exatamente?
ÉTICA:
Conceituando, a palavra “ética” vem do grego
ethos e significa “costume”, “uso” ou “forma de Conjunto de regras e de
conduzir-se”. Conforme salienta Vaz (1988), duas valores a que se subme-
palavras gregas, parecidas, explicam o sentido tem os fatos e as ações
etimológico da palavra: ethos e éthos. humanas, para apreciá-los
e distingui-los.
‡‡ Ethos pode ser entendido como “costume”,
referindo-se aos usos e costumes de um grupo.
Praticamente tem o mesmo significado do que ETIMOLÓGICO (adj.):
em latim seria “costume”, correspondendo a
mos e moris, originando a palavra “moral”. Tratado da origem das
‡‡ Éthos pode ser entendido como domicílio, palavras.
moradia, ou seja, a morada habitual de alguém.
Passou a designar a maneira de ser habitual, o
caráter, a disposição da alma. Caráter é marca, MORAL:
sigilo, timbre ou disposição interna da vontade
Relativo aos princípios
que a inclina a agir habitualmente de determi-
do bem e do mal; ético;
nada maneira. É o hábito, para o bem ou para
conjunto de faculdades
o mal, virtuoso ou vicioso. Hábito é efeito de
morais.
atos, pois a repetição de atos causa o hábito,
mas, uma vez adquirido, o hábito toma-se cau-
sa de atos (ANJOS, 2009).
TIMBRE:
A ética está presente em todas as etnias. Ela é
um conjunto de regras, princípios ou maneira de Marca, sinal.
pensar e expressar. Uma espécie de teoria sobre a
prática moral, uma reflexão teórica que analisa e
critica os fundamentos e os princípios que re- ETNIA:
gem um determinado sistema moral. Diante dis-
so, considera-se que a ética pode ser ensinada e Grupo humano biológica
aprendida. e culturalmente homogê-
neo.

Unidade 1 13
Construída pela sociedade, a ética contempla va-
lores históricos e culturais. Portanto, do ponto de
vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda
os valores e os princípios morais de uma sociedade
FILOSOFIA:
e seus grupos.
Ciência da busca pelo co-
Conforme Nalini (1999), Ética é a ciência do com-
nhecimento, especialmen-
portamento moral dos homens em sociedade; é
te da origem e do sentido
o conjunto de normas de comportamento e de
da existência.
formas de vida, por meio do qual o homem tende
a realizar o valor do bem.

Atenção

A ética não tem como função julgar as


distintas práticas morais de cada sociedade,
mas explicar o porquê de tantas diferenças
ao longo dos anos, resultando muitas vezes
em práticas morais diferentes e até mesmo
opostas.

Cada sociedade e cada grupo possuem seus pró-


prios códigos de ética. Em um país, por exemplo,
sacrificar animais para pesquisa científica pode ser
ético. Em outro país, essa atitude pode desrespei-
tar os princípios éticos estabelecidos.

Saiba mais
Aproveitando o exemplo, a ética na área
de pesquisas biológicas é denominada
bioética.

Além dos princípios gerais que norteiam o bom


funcionamento social, existe a ética de determina-
dos grupos ou locais específicos. Nesse sentido,
podemos citar a ética médica, de trabalho, empre-
sarial, educacional, nos esportes, jornalística, na
política etc.

14
Ética e Cidadania

A ética serve para que haja equilíbrio e bom funcionamento social, possibili-
tando que ninguém saia prejudicado. Embora não possa ser confundida com as
leis, a ética está relacionada ao sentimento de justiça social.

Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamada de
antiética, assim como o ato praticado é denominado dessa forma.

O surgimento da ética
O estudo da ética iniciou-se com filósofos gregos há cerca de 25 séculos. Atu-
almente, inúmeros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao estudo da
ética e seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia. Nesse contexto,
sociólogos, psicólogos, biólogos e muitos outros profissionais desenvolvem
trabalhos no campo da ética.

Sócrates foi o grande iniciador da ética. Ele deu início a questionamentos a


respeito da razão. Não interessava a ele apenas cumprir a lei, mas saber qual o
sentido dela.

Unidade 1 15
O homem antigo se satisfazia com as respostas
dadas pelo simples mito e nada questionava. Afi-
nal, em sua concepção, o mito dizia a verdade dos
deuses, ou seja, se o mito mandava agir de acordo
com a lei divina, isso era inquestionável. Em um
dado momento, o homem começou a questionar a
lei e as respostas dadas pelo mito. Deu-se, assim,
grosso modo, o aparecimento da filosofia.

Quando os gregos iniciaram suas buscas por res-


postas, a lógica mística já não os satisfazia, dessa
forma eles superaram o mito. Surgiu, naquele mo-
mento, um novo modo de vida e respostas que ge-
raram novas perguntas. Houve uma procura pelo
saber e não mais pelo mito, pois suas respostas
perderam o sentido para os homens. Assim, surgiu
o filósofo, definido como aquele que concretiza o
saber. Mais precisamente, o filósofo concretiza as
virtudes.

VIRTUDE:

Disposição firme para


Virtude é definida como o bem moral - inte-
o bem; boa qualidade
lectuais, porque elas dão sentido às coisas. É o
moral.
advento de um novo modo de vida, em que a
cultura passa a ser julgada pela razão, pois as
coisas começam a ser explicitadas e fundamen-
tadas pelo próprio homem. (CARVALHO, 2003,
p. 3). Tarefa própria do filósofo.

Ética é, portanto, o estudo da ação humana e de


suas consequências. Um ramo do saber que reflete
sobre a ação humana, que tenta identificar os prin-
cípios práticos que regulam essa ação. Lembrando
que somente com o surgimento da filosofia pode-
se falar de ética como uma reflexão racional sobre
o agir.

16
Ética e Cidadania

Relembrando

Nesta aula, você aprendeu que ética é um conjunto de regras, princípios ou


a maneira de pensar e expressar-se e que seu surgimento foi por meio de
Sócrates, quando deu início a questionamentos a respeito da razão.
Na próxima aula, você aprenderá sobre a relação de ética e moral e dará
continuidade aos seus estudos neste curso.
Até lá!

Colocando em prática
A aula seguinte será muito interessante para compreender melhor o
assunto estudado. Mas antes realize as atividades propostas no am-
biente virtual (AVA). Lembre-se de utilizar as ferramentas do ambiente
para compartilhar informações e tirar dúvidas com o professor tutor e
os colegas. Preparado?

Unidade 1 17
Aula 2:
Ética e moral
Ética e moral são expressões que não devem ser confundidas, sendo a segunda
mais ampla que a primeira, de maneira que, quando superpostas, sempre have-
rá um resíduo.

A moral está relacionada à regulação de valores, costumes e crenças de uma


determinada sociedade, religião, tradição cultural etc. Salienta-se que também
existem morais específicas em grupos sociais mais restritos: uma instituição, um
partido político entre outros.

“Ou seja, a decisão de agir corretamente em uma situação concreta é


uma questão prática-moral, mas investigar se a pessoa pôde escolher
entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua
decisão é um problema teórico ético, pois verifica a liberdade ou
o determinismo aos quais nossos atos estão sujeitos” (FERREIRA e
FRANCISCO, 2007, p. 3).

“Há, portanto, muitas e diversas morais. Isso quer dizer que uma moral é um fe-
nômeno social particular, que não tem compromisso com a universalidade, isto
é, com o que é válido e de direito para todos os homens” (PAULUCCI, 2008).

É comum o uso dos termos “ética” e “moral” como sinônimos, na maioria das
vezes, de forma inadequada. A ética não cria a moral. Além disso, tem-se que a
moral engloba determinados princípios, normas ou regras do comportamento,
e não é a ética que os estabelece.

Segundo Aurélio século XXI (FERREIRA, 1999, p. 136), o termo moral significa:
“Conjunto de regras de condutas consideradas como válidas, quer de modo ab-
soluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada
[...]”. É “[...] o conjunto de nossas faculdades morais; brio, vergonha”. A moral é
algo adquirido como herança e preservado pela comunidade.

Em suas definições, os termos “ética” e “moral” se relacionam, sendo a moral


instrumento de ação e a ética a norma, isto é, um homem moralmente bom é
aquele que faz o que é correto, definido pelos padrões sociais.

18
Ética e Cidadania

Relacionando moral e direito


Goldim (2003) relaciona os conceitos de moral e direito, conforme trecho a
seguir:

Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam a


estabelecer certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas,
porém, se diferenciam.

A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma
forma de garantir o seu bem viver. A Moral independe das fronteiras
geográficas e garante uma identidade entre pessoas que sequer se
conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum.

O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade


delimitada pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base
territorial, elas valem apenas para aquela área geográfica onde uma
determinada população ou seus delegados vivem.

O mesmo autor continua seu pensamento relacionando ética, moral e direito:

A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau. Um dos objetivos da


Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral
e pelo Direito. Ela é diferente de ambos – Moral e Direito – pois
não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que a
caracteriza. (GOLDIM, 2003)

Diferenças entre ética e moral


Veja a seguir uma lista de diferenças existentes entre ética e moral. Não leve em
consideração que um seja bom e o outro ruim, pois os dois devem ser levados a
sério, porém são distintamente diferentes. Vejamos:

Quadro 1 – Diferenças entre ética e moral

Ética Moral
O princípio Aspectos de condutas específicas
Temporal Temporária
Universal Cultural
Prática Teoria

Unidade 1 19
Relembrando

Você aprendeu que ética e moral são expres-


sões que não devem ser confundidas e que a
moral está relacionada à regulação de valores,
costumes e crenças de uma determinada socie-
dade, religião, tradição cultural etc.
Na próxima aula você estudará sobre o tema
cidadania e, assim, dará continuidade aos seus
estudos neste curso. Até lá!

Colocando em prática
Chegou a hora de colocar em prática o
que você aprendeu até agora. Que tal
realizar uma atividade? Então, acesse o
ambiente virtual (AVA) e bom trabalho!

Aula 3:
Cidadania
Assim como a ética, a cidadania é hoje questão
fundamental na educação, na família e nas enti-
CIDADANIA:
dades para o aperfeiçoamento de um modo de
Qualidade ou condição vida. Ninguém nasce cidadão, mas torna-se cida-
de cidadão. dão pela educação porque a educação atualiza a
inclinação potencial e natural dos homens à vida
comunitária ou social.
CIDADÃO:
Não basta o desenvolvimento tecnológico ou cien-
Indivíduo no gozo de tífico para que a vida fique melhor. É preciso uma
seus direitos civis e polí- boa e razoável convivência na comunidade política
ticos. para que os gestos e as ações de cidadania pos-
sam estabelecer um viver harmônico, mais justo e
menos sofredor.

20
Ética e Cidadania

A cidadania não possui uma definição simples e


definitiva devido à sua natureza de mudança. Nes-
se sentido, trata-se de um processo que iniciou
nos primórdios da humanidade e que se efetiva
por meio do conhecimento e da conquista dos
direitos humanos, não como algo pronto, acabado,
mas como aquilo que se constrói.

O surgimento da cidadania
Segundo o Novo dicionário Aurélio (FERREIRA,
2004), cidadania é qualidade ou estado de cida-
dão. Já o conceito de cidadão se define como indi-
víduo no gozo dos direitos civis e políticos de um
Estado ou no desempenho de seus deveres para
com este. Habitante da cidade. Indivíduo, homem,
sujeito.

O conceito de cidadania também está relacionado


à capacidade dos homens de exercerem direitos
e deveres. Ora, na atuação de cada indivíduo, há
uma esfera privada (particular) e uma esfera públi-
ca (comum a todos os cidadãos).

Em Roma, o poder político e a cidadania somente


eram exercidos por seus patrícios. A plebe, cons
tituída de romanos não nobres, e os estrangeiros
não eram considerados cidadãos, portanto não
lhes cabia qualquer tipo de direitos políticos, civis
e religiosos. Esse tipo de conceito romano deu ori-
gem a inúmeras lutas internas. Após diversos con-
flitos políticos que se estenderam até o século III
PATRÍCIO:
a.C. com a criação de instituições plebeias (como
o Tribunato e a Assembleia da Plebe), esse quadro Indivíduo de classe nobre
foi se alterando aos poucos e o acesso à cidadania na antiga Roma.
passou a todos os romanos de nascimento, ainda
que fossem escravos libertos.
PLEBE:
Como você observou, a cidadania é uma ideia
tão antiga como a ética ou a política. Contudo, Povo, ralé.
é a partir das últimas décadas do século XX que
se observa um crescente interesse pela cidadania
como conceito filosófico-político e como ferra-
menta politicamente útil.

Unidade 1 21
Pergunta
?
Por que a ética é necessária e importante?

A ética tem sido o principal regulador do desen-


volvimento histórico-cultural da humanidade.
Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios
humanitários fundamentais, comuns a todos os
povos, nações, religiões etc., a humanidade já teria
se despedaçado até a autodestruição. Também é
verdade que a ética não garante o progresso moral
da humanidade.

O fato de que os seres humanos são capazes de


concordar minimamente entre si sobre princípios
como justiça, igualdade de direitos, dignidade da
pessoa humana, cidadania plena, solidariedade
DIGNIDADE:
etc. cria chances para que esses princípios pos-
Qualidade de digno; res- sam ser postos em prática, mas não garante o seu
peitabilidade. cumprimento. As nações do mundo já entraram
em acordo em torno de muitos desses princípios.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela
SOLIDARIEDADE: ONU, em 1948, é uma demonstração de o quanto
a ética é necessária e importante. Mas a ética não
Aderida à causa, à opi- basta como teoria, nem como princípios gerais
nião, ao sentimento etc. acordados pelas nações, povos, religiões etc.

Não basta que as Constituições dos países repro-


duzam esses princípios (como a Constituição Bra-
sileira o fez, em 1988). É preciso que cada cidadão
e cidadã incorporem esses princípios como uma
atitude prática diante da vida cotidiana, de modo a
pautar por eles seu comportamento. Isso traz uma
PAUTAR: consequência inevitável: frequentemente o exer-
cício pleno da cidadania (ética) entra em colisão
Relacionar; regular, regrar frontal com a moral vigente. Até porque a moral
(conduta, comportamen- vigente, sob pressão dos interesses econômicos
to). e de mercado, está sujeita a frequentes e graves
degenerações (VIEIRA, 1995).
VIGENTE:

Que vigora ou vige, que


vale.

22
Ética e Cidadania

Reflita

É ou não ético roubar um remédio, cujo


preço é inacessível, para salvar alguém
que, sem ele, morreria? Colocado de
outra forma: deve-se privilegiar o valor
“vida” (salvar alguém da morte) ou o valor
“propriedade privada” (não roubar)?

Seria um erro pensar que, desde sempre,


os homens têm as mesmas respostas para
questões desse tipo. Com o passar do
tempo, as sociedades mudam e também
mudam os homens que as compõem. Na
Grécia antiga, por exemplo, a existência
de escravos era perfeitamente legítima:
as pessoas não eram consideradas iguais
entre si, e o fato de umas não terem
liberdade era considerado normal. Outro
exemplo: até pouco tempo atrás, as mu-
lheres eram consideradas seres inferiores
aos homens, e, portanto, não merecedo-
ras de direitos iguais (deviam obedecer a
seus maridos). Outro exemplo ainda: na
Idade Média, a tortura era considerada
prática legítima, seja para a extorsão de
confissões, seja como castigo. Hoje, tal
prática indigna a maioria das pessoas e é
considerada imoral. Portanto, a moralida
de humana deve ser enfocada no contexto
IMORAL:
histórico e social. (ABREU et al., 2010).
Contrário a moral; pessoa
sem moral.

Figura 3 – Ética

Unidade 1 23
A ética no Brasil
Como você já viu, “a cidadania expressa um con-
junto de direitos que dá à pessoa a possibilidade
de participar ativamente da vida e do governo de
seu povo.” (DALLARI, 1998, p. 14).

A história da cidadania está diretamente relaciona-


da às histórias das lutas pelos direitos humanos. Já
a segunda metade do século XX foi marcada por
avanços sociopolíticos importantes: o processo de
transição democrática, a volta de eleições diretas,
a promulgação da Constituição de 1988.

Hoje é possível dizer que passos importantes já fo-


ram dados. Mas há muito a ser feito. E não se pode
esperar que ninguém o faça senão os próprios
brasileiros. A começar pela revisão de conceitos,
valores, concepções.

Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de


direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade,
à igualdade de direitos, enfim, direitos civis, políti-
cos e sociais. Mas esse é um dos lados da moeda.
Cidadania pressupõe também deveres. Assim, o
cidadão tem responsabilidades a serem cumpri
das para com a coletividade em que está inserido
(DALLARI, 1998).
COLETIVIDADE:

Sociedade; comunidade.

Figura 4 – Coletividade

24
Ética e Cidadania

Relembrando

Nesta aula, você estudou que a cidadania é hoje questão fundamental para
o aperfeiçoamento de um modo de vida. Aprendeu que em Roma a cida-
dania somente era exercida por seus patrícios e que a história da cidadania
está diretamente relacionada às histórias das lutas pelos direitos humanos.
O assunto da próxima aula é a evolução do trabalho. Prepare-se para dar
continuidade aos seus estudos neste curso!

Colocando em prática
Continue estudando sobre o tema e não deixe de realizar os exercícios
propostos no ambiente virtual (AVA). Eles são muito importantes para
lembrar dos assuntos estudados!

Saiba mais
Para saber mais sobre cidadania, acesse o link <http://www.almg.gov.
br/index.asp?grupo=escola_legislativo&diretorio=escola&arquivo=esco
la_videoaulas> e assista às videoaulas disponíveis. Você vai precisar de
um player de mídias instalado em seu computador para assistir.

Unidade 1 25
Aula 4:
Evolução do
trabalho
Nesses tempos de globalização e reestruturação
competitiva, as empresas que se preocupam com
GLOBALIZAÇÃO:
a ética e conseguem converter suas preocupações
Processo de integração, em práticas efetivas mostram-se mais capazes de
organização e internacio- competir com sucesso e conseguem obter não
nalização de empresas e apenas a satisfação e a motivação dos seus profis-
economias em escala pla- sionais, mas também resultados compensadores
netária com repercussões em seus negócios.
em outras áreas.

Figura 5 – Evolução do trabalho


Fonte: Autor desconhecido apud Machado

Ética, como filosofia e consciência moral, é es-


sencial à vida em todos os seus aspectos, sejam
pessoais, familiares, sociais ou profissionais. Assim,
como profissionais, dependendo do comporta-
mento nas relações de trabalho, pode-se estar
colocando seriamente em risco a sua reputação, a
da empresa e o sucesso nos negócios.
REPUTAÇÃO:

Ação ou efeito de con-


siderar ou julgar; fama;
renome.

26
Ética e Cidadania

Dessa maneira, a sobrevivência e a evolução das


empresas e dos negócios estão associadas cada
vez mais à sua capacidade de adotar e aperfeiçoar
condutas marcadas pela seriedade, humildade, jus-
tiça e preservação da integridade e dos direitos
dos profissionais.
INTEGRIDADE:
Ganhos e benefícios que estão relacionados a tais
Qualidade de inteiro;
condutas:
íntegro; moral.

‡‡ Fortalecimentodas relações da empresa com


todos os agentes envolvidos direta ou indire-
tamente com suas atividades;
da imagem e da credibilidade da
‡‡ Melhoria
empresa e de seus negócios;
CREDIBILIDADE:
‡‡ Satisfação
e motivação dos colaboradores e
melhoria da sua qualidade de vida integral; Qualidade de crível, acre-
ditável; confiabilidade.
‡‡ Gerando a melhoria da qualidade, resultados
e realizações empresariais;
‡‡ Possibilidades de construir uma cultura ética
profissional e empresarial verdadeira e apro-
priada aos novos tempos;
‡‡ Harmonia e equilíbrio dos interesses individu-
ais e institucionais. (SOUZA FILHO, 2010)

Unidade 1 27
Ética e convivência humana
Uma das principais características do ser humano é o convívio em sociedade,
pois faz parte de sua constituição vital. A convivência humana é modelada por
diferentes “desafios de relacionamento”.

Então, o julgamento do certo e do errado está diretamente ligado à postura e


aos valores, ou seja, à ética de uma sociedade. A vida de um ser humano é fun-
damentada por seus direitos e sua dignidade.

A convivência humana é constituída por obrigações éticas inerentes a conquis-


tas do passado, presente e futuro. Dessa forma, integram a ética da convivência
os direitos e deveres de cada um, em uma sociedade em que a dignidade da
vida deve ser recíproca a todos.

Ética e justiça social


Quanto à moral da justiça social, é de costume “lavar as mãos”, quanto à res-
ponsabilidade ética de problemas como o desemprego, a fome, o imigrante que
foge da seca etc.

Contudo, um sistema econômico-político-jurídico que produz estruturalmente


desigualdades, injustiças, discriminações e exclusões de direitos é um sistema
eticamente mau, por mais que seja legalmente (moralmente) constituído (SU-
SIN, 1999).

Na sociedade, tanto a ordem como a desordem podem ser diretamente influen-


ciadas pelo sistema econômico. O fato de parecer que esse sistema tem vida
própria, independentemente da vontade dos homens, contribui para ofuscar a
responsabilidade ética dos que estão em seu comando.

Porém, a moral dominante do sistema econômico diz que, pelo trabalho, qual-
quer indivíduo pode ter acesso à riqueza. Já a crítica econômica afirma que a
reprodução da miséria econômica é estrutural.

Assim, segundo a ética, são necessárias transformações radicais e globais na


estrutura do sistema econômico.

28
Ética e Cidadania

Ética e meio ambiente


Há pouquíssimo tempo o sistema econômico vigente enxergava a natureza
apenas como fonte de matérias-primas para a produção de mercadorias. Com
isso, a natureza tornou-se uma mercadoria. Esse tipo de postura gerou um dos
problemas éticos mais radicais da nossa geração, pois ameaça a sobrevivência
futura do planeta e da humanidade.

Para se falar em dignidade da vida, é preciso, primeiramente, que haja vida. A


preservação da natureza e o seu cuidado é uma responsabilidade ética e moral
diante da natureza humana, pois reconhece o valor da natureza para a preser-
vação da espécie humana: da importância da fauna, da flora, da variedade das
espécies animais, da vida selvagem, do ar puro e da água limpa para a vida dos
seres humanos.

Trata-se do reconhecimento de uma qualidade que a natureza objetivamente


possui: a de possibilitar e garantir a nossa sobrevivência física e o nosso desen-
volvimento social.

Unidade 1 29
Ética e educação
No processo educacional, a comunicação é a es-
sência do ensino. A educação tem o papel de
subsidiar o desenvolvimento do estudante. A
SUBSIDIAR: adoção da ética no processo de formação deve ser
encarada como fator primordial à educação, pois,
Dar subsídio; auxiliar;
mesmo que seja, as práticas educacionais eficien-
ajudar.
tes no aprendizado ainda podem ser eticamente
incoerentes com o ato de ensinar. Assim, a edu-
cação ética é aquea, que busca valores humanos
como a justiça, a democracia, a solidariedade, o
respeito, a verdade e a igualdade cívica.
DEMOCRACIA:

Governo do povo; consti-


tuição do poder por meio
do voto popular.
Ética e política
A função ética da política é fazer valer a real
necessidade coletiva dos cidadãos e o interesse
público, eliminando quaisquer intenções de pri
vilegiar a um pequeno grupo em detrimento da
maioria.
DETRIMENTO:
Política é a ação humana que deve ter por objetivo
Dano, prejuízo, desfavor.
a realização plena dos direitos pelos próprios polí-
ticos e pelos cidadãos, reforçando-se e aprimoran-
do-se as instituições políticas, fazendo-as valer de
direito e de fato.

São inegáveis os aprimoramentos das instituições


políticas no Brasil, ao longo da sua história e essas
práticas não devem cessar, pois são o exercício
cotidiano da ética na política.

Ética e corrupção
A corrupção é a suprema perversidade da vida
econômica e da vida política de uma sociedade.
CORRUPÇÃO: É a subversão dos valores social e culturalmente
proclamados e assumidos como legítimos.
Ação ou efeito de cor-
romper, subordinar, peitar.

30
Ética e Cidadania

A corrupção, seja ativa ou passiva, é a força con-


trária, ou seja, o contrafluxo destruidor da ordem
social. É a negação radical da ética, porque destrói
na raiz as instituições criadas para realizar direitos.
A corrupção é antiética. A corrupção pode, em si-
tuações extremas e absurdas, chegar a tornar-se a
moral estabelecida, a ponto de gerar nos cidadãos
o conformismo com o mal social.

A história recente de nosso país tem nesse ponto


um dos maiores desafios a enfrentar. Ou bem os
cidadãos reagem ativamente e os responsáveis
legais agem exemplarmente sem concessões à
impunidade ou bem o país avança rapidamente
para a desagregação. Indignar-se, resistir e comba-
IMPUNIDADE:
ter a corrupção é um dos principais desafios éticos
da política no Brasil (WHITAKER e DELGADO, 1999). Que escapou da punição.

Reflita

Não é difícil nos depararmos com


escândalos estampados nas colunas de
jornais. Então surge a pergunta: onde estão
os valores éticos e morais de nosso país?

Relembrando

Você aprendeu nesta aula que a ética está di-


fundida nos mais diferentes assuntos da socie-
dade, na convivência humana, na justiça social,
no meio ambiente, na educação, na política e
na corrupção.
Ética profissional, além de ser um tema interes-
sante, é o assunto da próxima aula. Até lá!

Unidade 1 31
Colocando em prática
Chegou a hora de acessar o ambiente virtual (AVA) para trocar ideias
com os colegas e com o professor tutor, e, claro, realizar as atividades
que estão disponíveis. Acesse lá!

Finalizando
Nesta unidade, você viu que a ética é uma ferramenta muito aplica-
da na análise e no estudo do ser humano e em sua interação com os
outros. Lembre-se de que moral e ética não devem ser confundidas:
moral é normativa e ética busca a justificativa de ações do indivíduo em
diversas situações.

Exemplo: levar escondido para casa um bem da empresa é roubo.


Nesse caso, o infrator sabe quais as consequências, pois tem noção
dos valores, mas eticamente não se detém, pois seu “freio” moral está
deturpado.

É importante salientar que, embora a lei tenha seus princípios baseados


na ética, ela não pode ser confundida com ética. As profissões têm o
seu próprio código de ética profissional, que é um conjunto de normas
de cumprimento obrigatório, derivadas da ética, frequentemente incor-
poradas à lei pública.

A ética, portanto, é um item indispensável ao profissional do futuro.

Antes de você iniciar a próxima unidade, tente revisar o assunto estu-


dado resolvendo o desafio proposto a seguir.

32
Ética Profissional

Objetivos de aprendizagem
Ao final desta unidade, você estará apto a:

‡‡ Identificartemas relacionados à ética profis-


2
sional, ao individualismo e às mudanças de
paradigma que aconteceram na história da
ética no mundo.

Aulas
Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas
seguintes.

Aula 1: Ética profissional

Aula 2: Individualismo e ética profissional

Aula 3: Mudança de paradigmas

33
Para Iniciar
Nesta unidade você estudará sobre a ética profis-
sional, que é definida como um conjunto de nor-
mas de conduta a serem seguidas no exercício de
qualquer profissão. Aplicável a todos os campos de
conhecimento, a ética profissional embasa também
os instrumentos normativos e jurídicos que regem
o exercício das atividades regulamentadas.

Também aprenderá que, no campo pessoal, muitos


são os conflitos que envolvem a ética profissional.
Um deles é o individualismo. O homem, por na-
tureza, tende a defender em primeiro lugar seus
próprios interesses. Sempre que ele prioriza seus
interesses individuais, sua consciência de grupo
diminui, perdendo o interesse pelo que ocorre
na comunidade e na sociedade. Isso pode trazer
sérios problemas para o desenvolvimento de qual-
quer atividade que necessite do trabalho coletivo.
Assim, a ética profissional mostra-se como um
instrumento justo e adequado para balancear os
interesses individuais e coletivos em benefício de
todos.

Na sociedade contemporânea, situações de falta


de ética e individualismo são frequentes. Por sua
vez, essa mesma sociedade está cada vez mais
atenta à ética nas ações de qualquer profissão. A
corrida por novas abordagens e conceitos destaca
a relevância da ética nos relacionamentos profis-
sionais.

Em vista disso, serão abordados nesta unidade


os conceitos e as definições de ética profissional
e individualismo e a mudança de paradigmas no
PARADIGMA: campo da ética.

Modelo, padrão; protóti- Você tem muita coisa para aprender, então mãos à
po. obra!

34
Ética e Cidadania

Aula 1:
Ética
profissional
A ética profissional é definida como um conjunto
de normas de conduta a ser seguida no exercício
de qualquer profissão. Aplicável a todos os cam-
pos de conhecimento, a ética profissional embasa
também os instrumentos normativos e jurídicos
que regem o exercício das atividades regulamen-
tadas.

O conceito “ética profissional” em geral é aplicado


no sentido normativo e jurídico, estabelecendo
normas e regulamentos a partir de estatutos e có-
digos específicos das diferentes profissões.

Além de ter um papel regulador do desempenho


profissional, a ética também estuda o relaciona-
mento do profissional com o cliente, buscando
tanto o bem-estar como a dignidade no exercício
da profissão.

Comparando esses conceitos de “ética profissio-


nal” com os conceitos de “ética” que você apren-
deu na Unidade 1, poderá verificar que a ética
profissional, como “código”, está mais próxima da
“moral” que da ética, ou seja, dos “costumes”.

Aspectos
EUTANÁSIA:
Existem aspectos relevantes que, mesmo não sen-
do considerados na regulamentação profissional, Morte calma, sem sofri-
como o aborto, a eutanásia, a aids, o preconceito, mento; prática pela qual
entre outros, devem fazer parte da “ética profissio- se provoca a morte para
nal” por se tratar de aspectos morais inerentes à poupar dores a um pa-
vida humana. ciente incurável.

Unidade 2 35
Dessa forma, sendo a ética profissional inerente à
vida humana – pois envolve pessoas que dela se
beneficiam –, está presente tanto nas responsabili-
dades individuais como nas sociais de cada profis-
sional.

Outros aspectos que tornam a ética profissional


essencial são “o fazer” e “o agir”. O primeiro está
ligado à capacidade do profissional e o segundo as
atitudes e condutas do profissional no desenvolvi-
mento das atividades inerentes à profissão.

Portanto, a ética profissional deve ser vista não


somente como normas e instrumentos de regula-
ção profissional, mas como uma filosofia de valores
morais compatíveis com o meio e a expectativa do
ser humano. Isto é, estar em conexão com as duas
premissas consideradas básicas pela ética: “o que
é” o homem e “para que vive”.

Ética profissional: o dever da ajuda na prática da


virtude.

O “ajudar”, entre os deveres éticos, talvez seja o


mais importante dentre os deveres que um pro-
fissional deve ter, pois envolve um conjunto de
atitudes que proporcionam o fortalecimento social,
excluindo apenas a conivência com o vício, com o
erro e com a fraude.

A princípio, porém, não se deve condenar uma


pessoa por ela ter cometido enganos, pois o erro
é inerente à natureza humana. Inexperiência, falta
de orientação, educação insuficiente, más compa-
nhias, circunstâncias adversas, desilusões, depres-
sões e problemas de saúde podem levar ao erro.

Dessa forma, estando o ser humano constante


mente suscetível ao erro, o “ajudar” figura como
uma especial assistência àqueles que necessitam
SUSCETÍVEL:
dela e a aceitam para a recondução ao caminho da
Capaz de alguma coisa; verdade.
passível.

36
Ética e Cidadania

Portanto, uma boa prática do “ajudar” pode ocorrer pela aproximação de um


colega que tenha cometido erros, pelo incentivo e pela orientação para que ele
se recupere por meio de bons exemplos e boas palavras.

Reflexões sobre a ética profissional


A prática profissional, em qualquer atividade, inicia-se quando da escolha de
uma profissão, pois, a partir deste momento, os deveres inerentes à profissão
tornam-se obrigatórios. Entretanto, as reflexões necessárias ao exercício profis-
sional devem anteceder o período da escolha pela profissão desejada.

Assim, é primordial à formação profissional que o aprendizado das competên-


cias e habilidades inclua reflexões quanto aos deveres, ao comprometimento, à
prática e à ética profissional.

Nesse contexto, reflexões como “Estou sendo um bom profissional?”, “Estou


agindo corretamente?” ou “Desenvolvo corretamente minhas atividades?” são
mecanismos a serem utilizados como busca da melhoria à “prática profissional”.

Unidade 2 37
É importante mencionar também o fato de que nem sempre se atua na área
profissional desejada. São inúmeros os casos de pessoas que desenvolvem ativi-
dades profissionais diferentes de sua formação, o que não as isentam do exercí-
cio da ética profissional e da responsabilidade de pertencer a uma classe.

Por fim, a principal reflexão a se fazer para a melhoria da “prática profissional”


não está escrita nos códigos e nas normas profissionais, pois trata do compor-
tamento e das atitudes do profissional. Entre os exemplos, encontram-se estar
sempre disposto a aprender, estar propício às mudanças, buscar novas soluções
a problemas antigos, ou seja, buscar sempre a inovação profissional. Isso pode
contribuir diretamente à realização profissional e pessoal.

Reflita

Glock e Goldim (2003) lecionam que:

O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de


água da chuva, o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade
no local destinado para colocar caixas de alimentos, o médico cirurgião
que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia,
a atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora
idosa após ir ao banheiro, o contador que impede uma fraude ou
desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa, o engenheiro
que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte,
todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões, ao
fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que, alguém descobrindo,
não saberá quem fez, mas que estão preocupados, mais do que com os
deveres profissionais, com as PESSOAS.

As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger


os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que
dependem daquele profissional, mas há muitos aspectos não previstos
especificamente e que fazem parte do comprometimento do profissional
em ser eticamente correto, aquele que, independente de receber elogios,
faz A COISA CERTA.

38
Ética e Cidadania

Relembrando

Nesta aula, você estudouaprendeu que a ética


profissional embasa os instrumentos normati-
vos e jurídicos que regem o exercício das ativi-
dades regulamentadas e é aplicável a todos os
campos de conhecimento. Aprendeu também
que as reflexões necessárias ao exercício profis-
sional devem anteceder ao período da escolha
pela profissão desejada.
Prepare-se porque o assunto da próxima aula é
individualismo e ética. Continue concentrado
nos estudos
INDIVIDUALISMO:

Sistema de antepor os
interesses individuais aos
coletivos.

Colocando em prática
Agora, que tal realizar os exercícios pro-
postos no ambiente virtual de aprendiza-
gem (AVA)? Aproveite também para trocar
ideias e tirar dúvidas com o professor
tutor e os colegas por meio das ferramen-
tas do AVA. Adiante com os estudos!

Unidade 2 39
Aula 2:
Individualismo e ética
profissional
Relacionando individualismo e ética profissional
Estudiosos acreditam que a defesa de interesse próprio ao coletivo seja uma
tendência do ser humano. Porém, a valorização ética do esforço humano é fruto
de uma relação com a comunidade em seu entorno. Por exemplo, trabalhos rea-
lizados por amor em benefício de terceiros são vistos como de expressão social.
Aqueles que têm por finalidade somente o acúmulo de renda e/ou lucros são
vistos como restritos, tendem a ter menor consciência de grupo, pois a preocu-
pação monetária torna desprezível a preocupação com o entorno e a sociedade
em que está inserido.

O caso transcrito a seguir é utilizado para ilustrar essa questão.

Dizem que um sábio procurava encontrar um ser integral, em relação


a seu trabalho. Entrou, então, em uma obra e começou a indagar.
Ao primeiro operário perguntou o que fazia e este respondeu que
procurava ganhar seu salário; ao segundo repetiu a pergunta e
obteve a resposta de que ele preenchia seu tempo; finalmente,
sempre repetindo a pergunta, encontrou um que lhe disse: “Estou
construindo uma catedral para a minha cidade”.

A este último, o sábio teria atribuído a qualidade de ser integral em


face do trabalho, como instrumento do bem comum. (VIANNA, 2010)

40
Ética e Cidadania

Entretanto, como é grande o número de pesso-


as que trabalham primordialmente em busca do
maior rendimento econômico, os grupos profissio-
nais procuram defender-se da dilapidação de sua
imagem e de seus conceitos. Essa defesa é feita
DILAPIDAÇÃO:
pela tutela do trabalho e pelo zelo para que uma
luta encarniçada não ocorra na disputa por con- Do verbo dilapidar =
tratos. Esse tipo de luta, fruto de individualismos esbanjar.
exacerbados, manifesta-se na forma de guerra de
preços, propaganda enganosa, boataria e tramas
para eliminar concorrentes e maximizar os pró-
prios benefícios. TUTELA:

Amparo, proteção, defesa.

ZELO:

Interesse cuidadoso;
dedicação.

Figura 9 – Individualista

Essa consciência de grupo tem surgido mais por


interesses de mercado que por altruísmo. Quando
a liberdade de trabalho está garantida, o individu-
alismo poderá resultar em agressão mútua se não
houver regulação e tutela da conduta. A tutela do
trabalho é imposta por meio de conselhos profis-
sionais e de agremiações classistas. As normas de-
vem estar em consonância com as diversas formas
de prestar o serviço de organização profissional
CONSONÂNCIA:
para esse fim.
De acordo, conforme.
Como as atitudes virtuosas podem garantir o bem
comum, a ética tem sido o caminho justo e ade-
quado, para o benefício geral.

Unidade 2 41
Vocação para coletivo
É fácil reparar que a espécie humana tem uma
forte tendência ao individualismo, não é mesmo?
Com a divisão do trabalho, a necessidade de pro-
teção e o desenvolvimento cultural da humanida-
de, a espécie ficou cada vez mais voltada para as
ações coletivas que resultam em benefícios maio-
res do que os possíveis de serem alcançados por
cada um dos indivíduos.

Entretanto, a vocação para a ação coletiva precisa


ser constantemente percebida, aprendida, compre-
VOCAÇÃO:
endida, estudada, planejada e fomentada para que
Escolha, predestinação. possa tornar-se algo presente e internalizado nas
pessoas e nos grupos sociais. Você deve perce-
ber o grande número de estímulos e convites que
recebe constantemente para o seu engajamento
coletivo em diferentes níveis da vida social.

Comunidades, escolas, clubes, associações, reli-


giões, partidos e muitas outras formas de orga-
nização coletiva clamam constantemente pela
participação dos indivíduos, representando, em
contrapartida, possibilidades de desenvolvimen-
to e realização pessoal. No mundo empresarial,
a ação coletiva representada pelo associativismo
classista é também uma forma de busca da repre-
sentação e da legitimação dos interesses comuns.

Ainda nas empresas, a ação coletiva coordenada é


cada vez mais valorizada. Expressões e conceitos,
como saber trabalhar em grupo, cooperar com a
equipe, sinergia dos indivíduos e gerenciamen-
to de projetos estão presentes no dia a dia das
corporações e são constantemente ensinados e
treinados.

O profissional do tipo “deixa que eu resolvo so-


zinho” ou “eu não preciso de vocês” e até mes-
mo o “vocês só me atrapalham” estão obsole-
tos e não terão futuro no universo corporativo.

42
Ética e Cidadania

Procure lembrar-se de ações em prol da coletividade que tenham sido apresen-


tadas a você nos últimos anos e faça uma lista delas como no exemplo apresen-
tado a seguir:

‡‡ Criança Esperança;
‡‡ Ajuda às Vítimas de Enchentes em Santa Catarina;
‡‡ Ajuda às Vítimas do Terremoto no Haiti;
‡‡ Amigo da Escola;
‡‡ Adote uma Praça;
‡‡ Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE);
‡‡ SOS Mata Atlântica;
‡‡ Movimento de Prevenção do Câncer da Mama;
‡‡ Coleta Seletiva de Resíduos Recicláveis.
Procure lembrar-se da forma como cada uma dessas ações chegou até você,
qual foi a sua reação e que tipo de desenvolvimento elas trouxeram para a sua
vida pessoal e social.

Relembrando

Você aprendeu nesta aula que, com a divisão do trabalho, a necessidade de


proteção e o desenvolvimento cultural da humanidade, a espécie ficou cada
vez mais voltada para as ações coletivas que resultam em benefícios maiores
do que os possíveis de serem alcançados por cada um dos indivíduos.
Na próxima aula você aprenderá sobre as mudanças de paradigmas e assim
dar continuidade aos seus estudos neste curso.
Até a próxima aula!

Colocando em prática
Depois de tudo isso que você acabou de estudar, que tal testar os seus
conhecimentos para ver se já está ficando fera no assunto? Acesse o
AVA e realize a atividade.

Unidade 2 43
Aula 3:
Mudança de paradigmas
Em meio a crises globais de caráter econômico, político, social e ambiental, a
discussão sobre a ética tem se tornado cada vez mais um tema do cotidiano.
Talvez pela necessidade e sensibilidade da sociedade de crer em um futuro em
que se assegure o bem-estar e a saúde do planeta e daqueles que o habitam.

Atualmente as exigências na compra de um determinado produto ou serviço


não mais se restringem à sua qualidade.

Você pode perceber que, aos poucos, os consumidores em busca de um produ-


to ou de um serviço passam a se preocupar em avaliar questões como impactos
ambientais e sociais oriundos de sua fabricação. Outro exemplo é a exigência
do mercado consumidor por veículos com maior eficiência energética e menos
poluentes.

Assim, é provável que empresas voltadas não somente ao lucro, mas também a
questões ambientais e sociais, passem a ser mais procuradas.

Nesse contexto, evidencia-se que a sociedade, sensível às questões globais,


busca uma mudança de postura ética, passando a se preocupar com o próximo
e principalmente com o futuro do planeta.

44
Ética e Cidadania

Dica

Como ser um profissional ético?

Ser um profissional ético nada mais é do que ser profissional mesmo nos
momentos mais inoportunos. Para ser uma pessoa ética, devemos seguir
um conjunto de valores. Ser ético é proceder sem prejudicar os outros.
Algumas das características básicas de como ser um profissional ético
é ser bom, correto, justo e adequado. Além de ser individual, qualquer
decisão ética tem por trás valores fundamentais. Eis algumas das
principais:

1 Ser honesto em qualquer situação – é a virtude dos negócios.

2 Ter coragem para assumir as decisões – mesmo que seja contra a


opinião alheia.

3 Ser tolerante e flexível – deve-se conhecer para depois julgar as


pessoas.

4 Ser íntegro – agir de acordo com seus princípios.

5 Ser humilde – só assim conseguimos reconhecer o sucesso individual.

Relembrando

Você aprendeu que, em meio a crises globais de caráter econômico, político,


social e ambiental, a discussão sobre a ética tem se tornado cada vez mais
um tema do cotidiano e que qualquer decisão ética tomada por um profis-
sional baseia-se em valores fundamentais. O assunto da próxima aula é ética
no ambiente de trabalho. Ainda há muita coisa para aprender. Até lá!

Colocando em prática
Está na hora de testar seus conhecimentos. Para isso, utilize o apren-
dizado desta aula e responda as questões no AVA. Lembre-se também
que as ferramentas do AVA estão disponíveis para interagir com o pro-
fessor tutor e os colegas.

Unidade 2 45
Finalizando
Você estudou nesta unidade que a ética profissional embasa os instru-
mentos normativos e jurídicos que regem o exercício das atividades
regulamentadas e é aplicável a todos os campos de conhecimento.
Aprendeu também que as reflexões necessárias ao exercício profissional
devem anteceder ao período da escolha pela profissão desejada.

Viu que, com a divisão do trabalho, a necessidade de proteção e o


desenvolvimento cultural da humanidade, a espécie ficou cada vez mais
voltada para as ações coletivas que resultam em benefícios maiores
que os possíveis de serem alcançados por cada um dos indivíduos.

Aprendeu também que, em meio a crises globais de caráter econômico,


político, social e ambiental, a discussão sobre a ética tem se tornado
cada vez mais um tema do cotidiano e que qualquer decisão ética to-
mada por um profissional baseia-se em valores fundamentais.

Na próxima unidade, você estudará sobre ética no ambiente de tra-


balho, mas, antes de seguir, revise o assunto estudado resolvendo o
desafio proposto, que se encontra no ambiente virtual.

46
Ética no Ambiente
de Trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final desta unidade, você estará apto a:

‡‡ Identificar
assuntos relacionados ao tema de
3
assédio no ambiente de trabalho, as virtudes
profissionais;
‡‡ Conhecer o código de ética profissional.

Aulas
Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas
seguintes.

Aula 1: Assédio no ambiente de trabalho

Aula 2: Virtudes profissionais

Aula 3: Código de ética

47
Para Iniciar
Nesta unidade, você saberá o que caracteriza
assédio moral e sexual no trabalho e quais são as
principais vítimas e consequências desse ato. É
bom lembrar que o assédio ocorre geralmente em
relações hierárquicas e que os danos causados não
se restringem somente às vítimas, mas também às
organizações como um todo.

Estudará as virtudes que o profissional necessita


para ter um bom desempenho no decorrer de sua
carreira, entendendo que essas virtudes estão além
dos deveres comuns de cada um. Virtudes funda-
mentais como responsabilidade, lealdade e ini-
ciativa serão também abordadas no âmbito desta
unidade.

Por fim, você conhecerá o código de ética pro-


fissional. Para tanto, será dada importância ao
estabelecimento de pontos de convergência para
todos os integrantes de uma organização, tendo
como base as virtudes exigíveis no exercício da
profissão, abrangendo o relacionamento com usu-
ários, colegas de profissão, classe e sociedade.

Você tem muita coisa para aprender. Pronto para


começar? Vamos lá!

Aula 1:
Assédio no
ambiente de
trabalho
ASSÉDIO:

Insistência importuna. Você já deve ter ouvido falar de assédio moral e


sexual no ambiente de trabalho. O que caracteriza
esse assédio?

48
Ética e Cidadania

O assédio moral e sexual no ambiente de


trabalho é caracterizado pela exposição dos
trabalhadores a situações humilhantes e cons-
trangedoras, repetitivas e prolongadas durante
a jornada de trabalho. É uma atitude “violenta
e sem ética” nas relações de trabalho, pratica-
da por um ou mais chefes contra seus
subordinados.

Trata-se da exposição de trabalhadoras e trabalhadores a situações vexatórias,


constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função. É o que cha-
mamos de violência moral. “Esses atos visam humilhar, desqualificar e desesta-
bilizar emocionalmente a relação da vítima com a organização e o ambiente de
trabalho, o que põe em risco a saúde, a própria vida da vítima e seu emprego.”
(MTE, 2010, p. 20).

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), a palavra “assédio”


significa “insistência impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constan-
tes em relação a alguém”.

Unidade 3 49
Esse tipo de situação não é comum apenas nas or-
ganizações privadas, mas também nas instituições
públicas, fortalecendo a discriminação no traba-
lho, a manutenção da degradação das relações de
DISCRIMINAÇÃO:
trabalho e a exclusão social.
Ação ou efeito de dife-
A agressão moral pode causar vários transtornos
renciar, separar, distinguir.
emocionais, atingindo a dignidade e a identidade
da pessoa humana, alterando valores, causando
danos mentais, interferindo negativamente na
saúde, na qualidade de vida, podendo até levar à
morte.

Estudos sobre o tema confirmam que a humilha-


ção constitui um risco “invisível”, porém concreto,
nas relações de trabalho, que compromete, sobre-
tudo, a saúde dos trabalhadores. O jornal Folha de
S. Paulo, de junho de 2001, publicou um estudo
realizado com 97 empresas de São Paulo mostran-
do que dos 2.071 entrevistados, 870 deles (42%)
apresentam histórias de humilhação no trabalho.
Segundo o estudo realizado pela médica Margari-
da Barreto, pesquisadora da PUC-SP, as mulheres
são as maiores vítimas — 65% das entrevistadas
têm histórias de humilhação, contra 29% dos ho-
mens (MOTHÉ, 2005).

Ainda segundo Mothé (2005), desse modo, a partir


do final do século XX, os organismos internacio-
nais, os Estados, os movimentos de trabalhadores,
as empresas e o Direito têm se dedicado cada vez
mais não apenas à adoção de medidas e estudos
visando à proteção da integridade física do tra-
balhador, mas também à sua saúde e integridade
mental, psicológica e emocional.

50
Ética e Cidadania

De um modo geral, os principais alvos de assédio


moral são mulheres, homens, doentes, acidenta-
dos, pessoas que possuem etnias ou orientação
sexual divergentes. Já o assédio sexual é uma das
muitas violências mais comuns contra as mulheres.
Geralmente são vítimas de piadinhas, brincadeiras
consideradas machistas ou comentários cons-
trangedores sobre a figura feminina. Esse tipo de
situação tem componentes de extrema violência
moral à medida que coloca a vítima em situações
vexatórias, provocando insegurança profissional
pelo medo de perder o emprego, de ser transferi-
da para setores indesejados, de perder direitos etc.

Os homens e as mulheres respondem de maneiras


diferentes ao assédio: as mulheres, quando asse-
diadas, demonstram seu abalo por meio de choro,
tristeza, ressentimentos e mágoas. Sentimento de
inutilidade, fracasso e baixa autoestima, tremores RESSENTIMENTO:
e palpitações, insônia, depressão e diminuição da
libido geralmente são manifestações característi- Sofrimento pelas conse-
cas desse trauma. Já os homens sentem-se revolta- quências de atos.
dos, indignados, desonrados, com raiva, traídos e
têm vontade de se vingar. Sentem-se envergonha- INUTILIDADE:
dos diante da mulher e dos filhos, sobressaindo o
sentimento de inutilidade, fracasso e baixa autoes- Falta de utilidade; pessoa
tima. Podem surgir ideias de suicídio e tendência ou coisa inútil.
ao alcoolismo.

Unidade 3 51
“Analisar o assediador e entender suas atitudes são os primeiros passos para
incrementar o combate ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho.”
(MTE, 2009, p. 12). Geralmente, o assédio acontece da seguinte forma:

[...] a vítima escolhida é isolada do grupo, sem explicações. Passa


a ser hostilizada, ridicularizada e desacreditada no seu local de
trabalho. É comum os colegas romperem os laços afetivos com
a vítima e reproduzirem as ações e os atos do(a) agressor(a) no
ambiente de trabalho. O medo do desemprego, e a vergonha
de virem a ser humilhados, associados ao estímulo constante da
concorrência profissional, os tornam coniventes com a conduta do
assediador. (MTE, 2009, p. 14)

Ainda segundo o MTE (2009), para as organizações o assédio também causa


enormes danos, gerando a queda da produtividade e menor eficiência, imagem
negativa da empresa perante os consumidores e o mercado de trabalho; a alte-
ração na qualidade do serviço/produto e baixo índice de criatividade; doenças
profissionais, acidentes de trabalho e danos aos equipamentos; troca constante
de empregados, ocasionando despesas com rescisões, seleção e treinamento de
pessoal; aumento de ações trabalhistas, inclusive com pedidos de reparação por
danos morais.

52
Ética e Cidadania

Um ambiente de trabalho saudável é uma conquis-


ta diária possível. Para que isso aconteça, é preci-
so vigilância constante e cooperação. Contudo,
quanto menos organizadas forem as empresas, VIGILÂNCIA:
maiores serão os problemas relacionados ao assé-
dio, principalmente se houver tolerância do em- Ação ou efeito de vigiar;
pregador em relação às praticas de assédio moral. cuidado, preocupação.

Algumas ações preventivas também podem evitar


tais ocorrências nas organizações, tais como:

[...] estabelecer diálogo sobre


os métodos de organização de
trabalho com os gestores (RH) e
trabalhadores(as); realização de
seminários, palestras e outras atividades
voltadas à discussão e sensibilização
sobre tais práticas abusivas; criar um
código de ética que proíba todas as
formas de discriminação e de assédio
moral. (MTE, 2009, p. 27)

Relembrando

Como você pôde ver nesta aula, o assédio


moral e sexual são atos que caracterizam uma
atitude violenta e sem ética nas relações de
trabalho, praticada por um ou mais chefes con-
tra seus subordinados. Estudou também que o
medo do desemprego e a vergonha de vir a ser
humilhada, associados ao estímulo constante
da concorrência profissional, torna a pessoa
conivente com a conduta do assediador.
As virtudes profissionais são o assunto da pró-
xima aula. Siga em frente e bons estudos!

Unidade 3 53
Colocando em prática
Espero que esteja gostando e aproveitan-
do o curso. Antes de seguir para a próxi-
ma aula, realize os exercícios propostos no
ambiente virtual (AVA) para fixar o conhe-
cimento.

Aula 2:
Virtudes
profissionais
Segundo Silva (2007), além dos deveres comuns
de um profissional, devem ser levadas em conta
as qualidades pessoais que também concorrem
para o enriquecimento de sua atuação profissional,
algumas delas facilitando o exercício da profissão.

Muitas dessas qualidades poderão ser adquiridas


com esforço e boa vontade, aumentando, nesse
caso, o mérito do profissional que, no decorrer de
sua atividade, consegue incorporá-las à sua per-
MÉRITO:
sonalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos
Merecimento deveres profissionais

Virtudes como responsabilidade, lealdade e inicia-


tiva são fundamentais para a formação dos recur-
sos humanos.

Em um artigo publicado no Portal Exame (1996),


o consultor dinamarquês Clauss Moller faz uma
associação entre as virtudes da lealdade, respon-
sabilidade e iniciativa como fundamentais para a
formação de recursos humanos.

54
Ética e Cidadania

Para Augusto (2010),


O senso de responsabilidade
é o elemento fundamental
da empregabilidade. Sem
responsabilidade a pessoa não pode
demonstrar lealdade, nem espírito
de iniciativa [...]. Uma pessoa que se
sinta responsável pelos resultados
da equipe terá maior probabilidade
de agir de maneira mais favorável
aos interesses da equipe e de
seus clientes, dentro e fora da
organização [...]. A consciência de
que se possui uma influência real
constitui uma experiência pessoal
muito importante.

Ainda segundo o autor, o senso de responsabi-


lidade fortalece a autoestima de cada pessoa.
Só pessoas que têm autoestima e sentimento de
poder próprio são capazes de assumir responsa-
bilidades. Elas têm sentido para a vida e, desse
modo, alcançam metas com as quais concordaram
previamente e pelas quais assumiram responsabi-
lidade real, de maneira consciente. As pessoas que
optam por não assumir responsabilidades podem
ter dificuldades em encontrar significado para suas
vidas. Seu comportamento é regido pelas recom-
pensas e sanções de outras pessoas, como chefes
e pares. “[...]. Pessoas desse tipo jamais serão boas
integrantes de equipes.”

A lealdade é o segundo dos três principais ele-


mentos que compõe a empregabilidade. Uma pes-
soa leal se alegra quando a organização em que
trabalha ou o seu departamento é bem-sucedido,
defende a organização, toma medidas concretas
quando ela é ameaçada, tem orgulho de fazer par-
te da organização, fala positivamente sobre ela e a
defende contra críticas.

Ser leal não quer dizer que você fará tudo o que a
pessoa ou a organização, a qual você quer ser fiel, LEGÍTIMO:
peça para você fazer. Lealdade não é sinônimo de
Conforme a lei; legal;
obediência cega. Lealdade significa fazer críticas
autêntico.
construtivas, mas mantê-las dentro do âmbito da
organização. Significa agir com a convicção de
que seu comportamento promoverá os legítimos

Unidade 3 55
interesses da organização. Assim, ser leal às vezes pode significar a recusa em
fazer algo que você acha que poderá prejudicar a organização ou a equipe de
funcionários.

As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma tercei-


ra – a iniciativa – capaz de colocá-las em movimento.

Nota

Iniciativa: tomar a iniciativa de fazer algo de interesse da organização


significa, ao mesmo tempo, demonstrar lealdade pela organização.
Em um contexto de empregabilidade, tomar iniciativas não quer dizer
apenas iniciar um projeto de interesse da organização ou da equipe,
mas também assumir responsabilidade por sua complementação e
implementação.

Para Augusto (2010), existem outras qualidades que são importantes no exercí-
cio de uma profissão:

Honestidade – está relacionada com a confiança que nos é


depositada, com a responsabilidade perante o bem de terceiros e
a manutenção de seus direitos. É muito fácil encontrar a falta de
honestidade quando existe a fascinação pelos lucros, privilégios
e benefícios fáceis, pelo enriquecimento ilícito em cargos que
outorgam autoridade e que têm a confiança coletiva de uma
coletividade.

Sigilo – O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios,


das empresas, deve ser desenvolvido na formação de futuros
profissionais, pois se trata de algo muito importante. Uma informação
sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é
obrigatória.

Competência – sob o ponto de vista funcional, é o exercício do


conhecimento de forma adequada e persistente a um trabalho ou
profissão.

É de extrema importância a busca da competência profissional em qualquer


área de atuação. Recursos humanos devem ser incentivados a buscar sua com-
petência e maestria por meio do aprimoramento contínuo de suas habilidades e
de seus conhecimentos.

56
Ética e Cidadania

Prudência – todo trabalho, para ser executado, exige muita


segurança. A prudência, fazendo com que o profissional analise
situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma
mais profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança,
principalmente das decisões a serem tomadas. A prudência é
indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita
os julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis.
(AUGUSTO, 2010)

Coragem – todo profissional precisa ter coragem, pois “o homem que evita e
teme a tudo, não enfrenta coisa alguma, torna-se um covarde.” (ARISTÓTELES)

A coragem nos ajuda a reagir às críticas quando injustas, e a nos


defender dignamente quando estamos cônscios de nosso dever.
Nos ajuda (sic) a não ter medo de defender a verdade e a justiça,
principalmente quando estas forem de real interesse para outrem ou
para o bem comum. Temos que ter coragem para tomar decisões,
indispensáveis e importantes, para a eficiência do trabalho, sem
levar em conta possíveis atitudes ou atos de desagrado dos chefes
ou colegas.

Perseverança – qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária,


pois todo trabalho está sujeito a incompreensões, insucessos e
fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o profissional
em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas. [...]

Compreensão – qualidade que ajuda muito um profissional,


porque é bem aceito pelos que dele dependem, em termos de
trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no
relacionamento profissional. (AUGUSTO, 2010)

É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para que o profis-
sional não se deixe levar por opiniões ou atitudes nem sempre válidas para a
eficiência do seu trabalho e, para que não se percam os verdadeiros objetivos a
serem alcançados pela profissão.

Vê-se que a compreensão precisa ser condicionada, muitas vezes, pela prudên-
cia. A compreensão que se traduz principalmente em calor humano pode bene-
ficiar muito uma atividade profissional, dependendo de ser convenientemente
dosada (MÖLLER, 1996).

“Humildade – o profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que


não é o dono da verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedade
de um grande número de pessoas.” (AUGUSTO, 2010)

Unidade 3 57
Representa a autoanálise que todo profissional deve praticar em função de sua
atividade profissional, a fim de reconhecer melhor suas limitações, buscando
a colaboração de outros profissionais mais capazes, caso tenha necessidade,
dispondo-se a aprender coisas novas, numa busca constante de aperfeiçoamen-
to (MÖLLER, 1996).

Imparcialidade – é uma qualidade tão importante que assume


as características do dever, pois se destina a se contrapor aos
preconceitos, a reagir contra os mitos (em nossa época dinheiro,
técnica, sexo...), a defender os verdadeiros valores sociais e éticos,
assumindo principalmente uma posição justa nas situações que terá
que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial, logo a justiça
depende muito da imparcialidade.

Otimismo – em face das perspectivas das sociedades modernas, o


profissional precisa e deve ser otimista para acreditar na capacidade
de realização da pessoa humana, no poder do desenvolvimento,
enfrentando o futuro com energia e bom-humor. (AUGUSTO, 2010)

É de suma importância ajudar uns aos outros na prática dessas virtudes Muitos
são os deveres que um profissional possui em relação aos seus colegas. Entre
todos, um dos que se torna mais importante é o dever ético da ajuda para o
fortalecimento de uma comunidade. O ajudar envolve um conjunto de atitudes.

Isso não significa, todavia, que se deve abandonar ou condenar definitivamen-


te um colega porque ele cometeu enganos. Todos podem cometer erros e é
natural que sejam cometidos em situações de inexperiência, falta de orientação,
educação insuficiente, más companhias, circunstâncias adversas, fortes desilu-
sões, depressões mentais, problemas de saúde, em suma, muitos fatores ad-
versos podem conduzir ao rompimento com a virtude. Ninguém deve julgar-se
absolutamente perfeito e todos estão sujeitos a enganos maiores ou menores.
A ajuda, portanto, inclui essa especial assistência a um colega para que possa
reconduzir-se ao caminho do bem, para que possa retornar a virtude ou até
absorver exemplos que, em verdade, não havia ainda sido despertado para eles
(YUKA, 2008).

É normal que o ser humano possa ser vítima, e de fato o é, da inveja, da calúnia,
da perseguição pertinaz, da traição, isto é, de vícios de terceiros que nos atin-
gem e que para combatê-los outros venham a ser praticados, como o de igua-
lar-se ao malfeitor. Partindo do princípio de que o semelhante com o semelhan-
te se cura (como é o caso de injetar-se no corpo o veneno de ofídios, ou seja, as
vacinas, quando a pessoa é por ele atingida), muitos outros erros se acumulam
quando se revida com a prática do mal (YUKA, 2008).

58
Ética e Cidadania

Reflita

O referido princípio que tão bem se aplica ao corpo deixa de


aplicar-se aos domínios da ética, no caso enfocado, pois, ninguém
se ajuda sem ajudar o seu semelhante. Quando um colega pratica
erros, a primeira coisa que nos cabe fazer é aproximarmos dele
para contribuir com exemplos e boas palavras para que se recupere.
Ninguém está absolutamente perdido se tem ainda dentro de si a
capacidade de absorver a virtude e se não é infensa a orientação.
(YUKA, 2008)

Relembrando

Nesta aula você viu que as virtudes profissionais, como responsabilidade,


lealdade e iniciativa, são fundamentais para a formação dos recursos huma-
nos. Porém, existem outras qualidades que são importantes no exercício de
uma profissão, como honestidade, sigilo, competência, prudência, coragem,
perseverança, compreensão, humildade, imparcialidade e otimismo.
Na próxima aula você conhecerá o código de ética, dando continuidade aos
seus estudos neste curso. Prepare-se!

Colocando em prática
A aula seguinte será muito interessante, mas, antes de seguir, lembre-
se de realizar as atividades propostas no ambiente virtual (AVA). Utilize
as ferramentas do ambiente para compartilhar informações e tirar dúvi-
das com o professor tutor e os colegas.

Unidade 3 59
Aula 3:
Código de ética
Um código de ética em si é um acordo explícito
entre os membros de um grupo social: uma cate-
goria profissional, um partido político, uma as
sociação civil etc. Seu objetivo é explicitar como
EXPLICITAR: aquele grupo social que o constitui pensa e define
sua própria identidade política e social; e como
Tornar explícito, claro, aquele grupo social se compromete a realizar seus
declarado. objetivos particulares de um modo compatível com
os princípios universais da ética (SUSIN, 1999).

60
Ética e Cidadania

O código de ética é importante porque proporciona um tipo de estabilidade e


estabelece pontos de convergência para qualquer um dentro de uma organiza-
ção (YUKA, 2008). Um código não são princípios abstratos colocados em um
papel. É preciso encará-lo como uma parte viva da empresa.

Atenção

Um código que não é aplicável ou utilizável não é um código.

O código de ética profissional

É uma espécie de contrato de classe e os órgãos de fiscalização do


exercício da profissão passam a controlar a execução de tal peça
magna. [...] Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e
respeitadas no exercício da profissão, abrangendo o relacionamento
com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade. (YUKA, 2008)

Ainda para o autor, “O interesse no cumprimento do aludido código passa,


entretanto, a ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória torna-se
exigível de cada profissional, como se uma lei fosse, mas com proveito geral”.
Acompanhe:

1 Interessar-se pelo bem público e com tal finalidade contribuir com


seus conhecimentos, capacidade e experiência para melhor servir a
humanidade.

2 Considerar a profissão com autotítulo de honra e não praticar nem


permitir a prática de atos que comprometam a sua dignidade.

3 Não cometer ou contribuir para que se cometam injustiças contra


colegas.

4 Não praticar qualquer ato que, direta ou indiretamente, possa


prejudicar legítimos interesses de outros profissionais.

5 Não solicitar nem submeter propostas contendo condições que


constituam competição de preços por serviços profissionais.

6 Atuar dentro da melhor técnica e do mais elevado espírito público,


devendo, quando Consultor, limitar seus pareceres às matérias
específicas que tenham sido objeto da consulta.

Unidade 3 61
7 Exercer o trabalho profissional
com lealdade, dedicação e
honestidade para com seus clientes
e empregadores ou chefes, com
espírito de justiça e equidade para
EQUIDADE: com os contratantes e empreiteiros.

Sentimento de justiça, 8 Ter sempre em vista o bem-estar


imparcialidade. (sic) e o progresso funcional dos
seus empregados ou subordinados
e tratá-los com retidão, justiça e
humanidade.
RETIDÃO:
9 Colocar-se a par da legislação
Conformidade com o que que rege o exercício profissional,
é correto, justo, moral. visando cumpri-la corretamente e
colaborar para sua atualização e
aperfeiçoamento. (YUKA, 2008)

De um modo geral, os principais problemas con-


cernentes aos profissionais são o desrespeito, o
despreparo e as fraudes.

O artigo 8o do Código de Ética Profissional da En-


genharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geo-
grafia e Meteorologia relata os princípios éticos da
prática da profissão aos quais o profissional deve
pautar sua conduta. Veja a seguir:

Do objetivo da profissão

I – A profissão é bem social da


humanidade e o profissional é
o agente capaz de exercê-la,
tendo como objetivos maiores a
preservação e o desenvolvimento
harmônico do ser humano, de seu
ambiente e de seus valores;

Da natureza da profissão

II – A profissão é bem cultural


da humanidade construído
permanentemente pelos
conhecimentos técnicos e
científicos e pela criação artística,
manifestando-se pela prática
tecnológica, colocado a serviço da
melhoria da qualidade de vida do
homem;

62
Ética e Cidadania

Da honradez da profissão

III – A profissão é alto título de honra e sua prática exige conduta


honesta, digna e cidadã;

Da eficácia profissional

IV – A profissão realiza-se pelo cumprimento responsável e


competente dos compromissos profissionais, munindo-se de técnicas
adequadas, assegurando os resultados propostos e a qualidade
satisfatória nos serviços e produtos e observando a segurança nos
seus procedimentos;

Do relacionamento profissional

V – A profissão é praticada através do relacionamento honesto, justo


e com espírito progressista dos profissionais para com os gestores,
ordenadores, destinatários, beneficiários e colaboradores de seus
serviços, com igualdade de tratamento entre os profissionais e com
lealdade na competição;

Da intervenção profissional sobre o meio

VI – A profissão é exercida com base nos preceitos do


desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes
natural e construído, e da incolumidade das pessoas, de seus bens e
de seus valores;

Da liberdade e segurança profissionais

VII – A profissão é de livre exercício aos qualificados, sendo a


segurança de sua prática de interesse coletivo. (CONFEA, 2002)

Relembrando

Como você acompanhou nesta aula, o código de ética é um acordo explícito


entre os membros de um grupo social que pode ser uma categoria profissio-
nal, um partido político, uma associação civil etc. Tem como objetivo expli-
citar como aquele grupo social que o constitui pensa e define sua própria
identidade política e social e como se compromete a realizar seus objetivos
particulares de um modo compatível com os princípios universais da ética.

Unidade 3 63
Colocando em prática
Para reforçar todo esse conhecimento, lembre-se se acessar o ambiente
virtual (AVA) e realizar as atividades propostas, certo?

Finalizando
Você estudou nesta unidade que o assédio moral e sexual é um ato que
caracteriza uma atitude violenta e sem ética nas relações de trabalho,
praticada por um ou mais chefes contra seus subordinados, e que o
medo do desemprego e a vergonha de virem a ser humilhados, asso-
ciados ao estímulo constante da concorrência profissional, os tornam
coniventes com a conduta do assediador.

Aprendeu que as virtudes profissionais, como responsabilidade, le-


aldade e iniciativa, são fundamentais para a formação dos recursos
humanos. Existem outras qualidades que são importantes no exercício
de uma profissão, como honestidade, sigilo, competência, prudência,
coragem, perseverança, compreensão, humildade, imparcialidade e
otimismo.

E aprendeu também que o código de ética é um acordo entre partes


que tem por objetivo explicitar o pensamento e a própria identidade
política e social dos grupos que o compõem.

Finalizando esta unidade você completa os seus estudos sobre ética e


cidadania. É importante que você resolva agora o desafio desta última
unidade, que está disponível no ambiente virtual, para encerrar o curso.

64
Conhecendo o
autor

JOSÉ OLAVO BRAGA, formado em Engenharia


Ambiental pela Universidade Luterana do Brasil em
Manaus, mestre em Ciências Florestais e Ambientais
pela Universidade Federal do Amazonas.

Atualmente é professor na ULBRA de Manaus e em-


presário nas áreas de engenharia e meio ambiente.

Ocupou cargos de coordenação do curso de Enge-


nharia Ambiental da ULBRA de Manaus, coordena-
ção dos setores de geoprocessamento da Agência
Reguladora de Serviços Públicos do Amazonas (AR-
SAM) e da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana
de Manaus.

65
Referências

ABREU, A. R. et. al. Ética. Disponível em: <http://


portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro082.pdf>.
Acesso em: 01 jun. 2010.

ANJOS, H. L. C. L. Ética na educação. 2009. Dis-


ponível em: <http://www.webartigos.com/arti-
cles/26673/1/Artigo-Etica-na-Educacao/pagina1.
html>. Acesso em: 20 jun. 2010.

ARISTÓTELES. A ética. Rio de Janeiro: Ediouro.

AUGUSTO, Jordan. O alvo que ninguém está sal-


vo!!! Crônica. Disponível em: < http://www.bugei.
com.br/ensaios/index.asp?show=ensaio&id=863>.
Acesso em: 8 ago. 2010.

CARVALHO, Luis Carlos Ludovikus Moreira de. Ética


e cidadania. Assembleia Legislativa do Estado de
Minas Gerias. Jun. 2003. p. 8.Disponível em: <http://
www.almg.gov.br/bancoconhecimento/tematico/Eti-
Cid.pdf>. Acesso em: 9 ago. 2010.

CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA, ARQUITE-


TURA E AGRONOMIA. Resolução Nº 1.002, de 26
de Novembro de 2002. Diário Oficial [da] Repúbli-
ca Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 dez. 2002. /
seção 1, p. 359.

DALLARI, D.A. Direitos humanos e cidadania. São


Paulo: Moderna, 1998.

DIAS, B. O que é ser ético e entre outros. 2009.


Disponível em: <http://www.bdscon09.jex.com.
br/artigos/o+que+e+ser+etico+e+etre+outros>.
Acesso em: 20 maio 2010.

EVOLUÇÃO do trabalho. Disponível em: <http://3.


bp.blogspot.com/_xleLWPjL7HQ/S7tQk3oix6I/AA-
AAAAAAACg/Kn_7LUq43Nw/S730/evolucao20do-
20trabalho.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2010.

67
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio século XXI: o dicionário
da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2128 p.

______. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. rev. e


ampl. Curitiba: Positivo, c2004. 2120 p.

FERREIRA, Julio César; FRANCISCO, Antonio Carlos de. Ética e res-


ponsabilidade social: modelo de sustentabilidade na gestão da pro-
dução. Ponta Grossa/PR, 2007. Disponível em: <http://ava.ead.ftc.
br/conteudo/circuito1/Circuito_Novo/Periodo_01/materias_comuns_
BACHARELADO/01-filosofia_etica_e_o_mundo_do_trabalho/anexo1adm.
pdf>. Acesso em: 02 ago. 2010.

GLOCK, R. S.; GOLDIM J. R. Ética profissional é compromisso social.


Porto Alegre: Mundo Jovem (PUCRS), 2003.

GOLDIM, J. R. Ética, moral e direito. Texto atualizado em 24 ago. 2003.


Disponível em <http://www.ufrgs.br/bioetica/eticmor.htm>. Acesso em:
30 maio 2010.

HOUAISS, Antônio; FRANCO, Francisco Manoel de Mello. Dicionário


Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro/RJ: Objetiva: Instituto
Antônio Houaiss de Lexicografia, c2001. 2922 p.

MACHADO, João Luís de Almeida. O fim do emprego. Disponível em


http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1069.
Acesso em: 14 set. 2010.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Assédio moral e sexual no


trabalho. Brasília: MTE, ASCOM, 2009. Disponível em: <http://www.eln.
gov.br/opencms/export/sites/eletronorte/ouvidoria/assedioMoral.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2010.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Gêneros diferentes, direitos


iguais. Brasília/DF, 2010. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/comis-
sao_igualdade/arquivos/cart_generos_diferentes_direitos_iguais.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2010.

MÖLLER, Claus. A santíssima trindade que leva ao sucesso. Portal Exa-


me. Publicado em 06 nov. 1996. Disponível em: <http://portalexame.
abril.com.br/revista/exame/edicoes/0622/m0049651.html>. Acesso em:
13 ago. 2010.

68
MOTHÉ, C. B. Código de ética nas empresas pode evitar o assédio
moral. 2005. Disponível em: <http://www.sintufsc.ufsc.br/conteudo/
assediomoral/m_13.pdf>. Acesso em: 25 maio 2010.

NALINI, José R. Ética geral e profissional. 2. ed. São Paulo: RT Didáticos,


1999.

PAULUCCI, Alvaro. Caminhos da ética, da moral e da lei. 2008. Dispo-


nível em: <http://www.comunidadecarisma.net/portal/colunistas/arti-
go_detalhes.asp?id=190&colunista=16>. Acesso em: 30 jul. 2010.

SILVA, M. G. Ser ético é respeitar o trabalho profissional. Sinal Aberto,


ano 1, n. 6, p. 2, semana 2, abr. 2007. Disponível em: <http://www.cle-
ongostinski.com/files/arquivos/Aula6-InformativoPlacom6.pdf>. Acesso
em: 28 maio 2010.

SOUZA FILHO, Pedro. Ética nas organizações modernas. Disponível em:


<http://www.guiarh.com.br/pp56.htm>. Acesso em: 29 maio 2010.

SUSIN, F. L. C. Por uma ética da liberdade e da libertação. São Paulo:


Paulus, 1999.

VAZ, H.C. Lima. Escritos de filosofia II: ética e cultura. São Paulo: Loyola,
1988.

VIANNA, Cybeli. Introdução: professor vê a ética na vida profissional.


Módulo 1 - 1ª Pedagogia. Desenvolvimento Profissional e Ético - D.P.E.
Disponível em: < http://blogdafisa.juliosilva.net/2008/02/dep-mdulo-1-
1-pedagogia.html>. Acesso em: 7 ago. 2010.

VIEIRA, Jair Lot. A Ética – Aristóteles. Bauru/SP: EDIPRO, 1995.

WHITAKER, C.; DELGADO, G. Pela ética na gestão do sistema financeiro


nacional. São Paulo: Loyola, 1999.

YUKA, C. Ética Profissional - Aula 02: Ética Geral e Profissional. 2008.


Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/yuka/etica.htm>. Aces-
so em: 30 mar. 2010.

69

Você também pode gostar