Você está na página 1de 32

Serviço no Domicílio PSB

Serviço de Proteção Social Básica


no Domicílio para Pessoas com
Deficiência e Idosas

Módulo 3
Gestão da Oferta do Serviço de
Proteção Social Básica no Domicílio
para Pessoas com Deficiência e
Idosas.

1
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons –
Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0
Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, para
fins não comerciais, desde que citada a fonte e que licenciem as novas criações sob termos
idênticos.

Ficha catalográfica elaborada pela Seção de Catalogação e


Classificação da Biblioteca Central da Universidade Federal de
Viçosa – Campus Viçosa

Martins, Simone, 1969-


M386s Serviço no domicílio PSB : serviço de proteção social
2022 básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas
[recurso eletrônico] / Simone Martins, Cristina Caetano de
Aguiar, Andréia Queiroz Ribeiro ; coordenação Marcelo José
Braga ; Ministério da Cidadania – Viçosa, MG : UFV, IPPDS,
2022.
1 apostila eletrônica (138 p.) : il. color.

Disponível em: https://novoead.cidadania.gov.br/index


ISBN: 978-85-66148-36-7

1. Serviços de cuidados de saúde domiciliares.


2. Idosos – Cuidados de saúde domiciliares. 3. Pessoas com
deficiência – Cuidados de saúde domiciliares. 4. Idosos –
Política governamental. 5. Pessoas com deficiência – Política
governamental. I. Aguiar, Cristina Caetano de, 1990-.
II. Ribeiro, Andréia Queiroz, 1973-. IV. Braga, Marcelo
José, 1969-. V. Brasil. Ministério da Cidadania. VI. Sistema
Único de Assistência Social (Brasil). VII. Universidade
Federal de Viçosa. Instituto de Políticas Públicas e
Desenvolvimento Sustentável. VIII. Universidade
Federal de Viçosa. Coordenadoria de Educação Aberta
e à Distância. IX. Título.

CDD 22. ed. 362.14

Bibliotecário responsável: Euzébio Luiz Pinto – CRB 6/3317


Conjunto de Ícones da Apostila

Buscando facilitar a leitura e a compreensão dos conteúdos disponibilizados,


apresentaremos um conjunto de ícones para auxiliar a organização do estudo.

Esses ícones são pequenas figuras associadas a um tipo de texto que julgamos
relevante, buscando, assim, chamar a sua atenção. Os ícones também são
utilizados para indicar textos complementares.

Cada ícone tem uma função específica, conforme descrito a seguir:

TEXTO-DESTAQUE:
São definições, conceitos ou afirmações importantes às quais você deve estar
atento.

SAIBA MAIS!:

Conteúdos complementares, indicados por links, apresentando vídeos, sites ou


artigos relacionados ao tema, visando um aprofundamento do nosso estudo.

ATENÇÃO:
! Utilizado como um convite a refletir sobre os aspectos apontados no texto,
relacionando-os com a prática profissional e cotidiana.

PARA REFLETIR
Quando vir este ícone, você deve refletir sobre os aspectos apontados,
relacionando-os com a sua prática profissional e cotidiana.

3
LISTA DE SIGLAS
BPC | Benefício de Prestação Continuada

CADUNICO |Cadastro dos Programas Sociais

CNAS| Conselho Nacional de Assistência Social

CNEAS| Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social

CRAS | Centro de Referência de Assistência Social

CREAS | Centro de Referência Especializado de Assistência Social

LOA | Lei Orçamentária Anual

LOAS | Lei Orgânica de Assistência Social

NOB-RH-SUAS| Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema


Único de Assistência Social

PAIF |Proteção e Atendimento Integral à Família

PAS| Plano de Assistência Social

PDU| Plano de Desenvolvimento do Usuário

PPA| Plano Plurianual

RMA| Relatórios Mensais de Atendimento

SIPIA| Sistema de Informação para a Infância e Adolescência

SUAS | Sistema Único de Assistência Social

4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 6

UNIDADE 1: COMPOSIÇÃO E CAPACITAÇÃO DA EQUIPE DE REFERÊNCIA


PARA O DESENVOLVIMENTO DO SERVIÇO 8

UNIDADE 2: GESTÃO DA OFERTA DO SERVIÇO DE PRESTAÇÃO SOCIAL


BÁSICA NO DOMICÍLIO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E IDOSAS 20

REFERÊNCIAS CONSULTADAS 29

5
Apresentação
Módulo 3
Este é o último módulo do curso Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio
para Pessoas com deficiência e idosas – Serviço no Domicílio PSB. Neste Módulo
3, vamos tratar de dois temas relevantes para a oferta do Serviço: a) a equipe de
referência e b) a gestão do serviço.

O Módulo 3 tem duração de 8 (oito) horas, considerando todas as atividades


programadas e está organizado em duas unidades. Conforme podemos observar
na Figura 1, na Unidade 1, iremos aprofundar os conhecimentos sobre como
formar e capacitar a equipe de referência para o desenvolvimento do Serviço.
Já na Unidade 2, vamos tratar da gestão do Serviço, abordando temas como o
planejamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação.

Figura 1- Proposta de conteúdos para o Módulo 3

Unidade 1
Gestão da Oferta

Equipe de Referência
do Serviço

Unidade 2
Gestão do Serviço

Fonte: Elaborada pelos autores

Além desta apostila, que contém os conteúdos das unidades 1 e 2 do Módulo


3, foram preparados materiais de orientação e materiais audiovisuais para lhe
proporcionar um bom aproveitamento. São eles:

• Guia de estudos;
• Vídeo de apresentação do módulo;
• Aulas narradas;

6
• Exercícios e jogos interativos.
Sugerimos que realize, primeiramente, a leitura do Guia de Estudos. Nele,
você encontrará dicas valiosas para organizar os seus estudos e o seu tempo. Em
seguida, assista ao vídeo de apresentação do Módulo. Basta acessá-lo no Portal
do curso.

Após a leitura desta apostila, não deixe de assistir as aulas narradas. Com as
aulas narradas, você poderá verificar se compreendeu tudo que leu e, se não,
basta voltar e realizar a leitura novamente.

Você também terá acesso às atividades de fixação. Elas não tomarão muito o
seu tempo e são interativas e divertidas.

Todos os materiais foram preparados com uma linguagem simples e clara e


esperamos que faça a diferença na sua atuação junto ao seu município.

Desejamos sucesso na realização do Módulo 3 e na finalização do Curso de


Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com deficiência e
idosas – Serviço no Domicílio PSB!

Bons estudos!!!

7
Unidade 1
Composição e Capacitação
da Equipe de Referência
para o Desenvolvimento do
Serviço
No módulo anterior, apresentamos os eixos estratégicos e pistas para ajudar
você e a sua equipe a ofertarem o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio
em seu município. Agora, é hora de conhecer como deve ser composta a equipe
que irá atuar nesse Serviço. Vamos lá?

Primeiramente, é importante saber que a equipe de referência do Serviço é


formada por um conjunto de profissionais efetivos de nível superior e de nível
médio. De forma planejada, esses profissionais compartilham a responsabilidade
com os processos de trabalho e com os resultados obtidos pelo atendimento de
proteção e cuidado no domicílio de pessoas com deficiência e de pessoas idosas
da mesma área territorial.

Em função das características do Serviço, cujo foco é o atendimento periódico


e planejado no domicílio dos usuários, a definição da equipe de referência e
da sua capacidade de atendimento pressupõe considerar algumas questões
importantes, quais sejam:

• Regularidade, frequência, tempo da visita ou encontro e características


do atendimento aos usuários e a seus cuidadores e famílias;

• Singularidades das atribuições dos profissionais de nível médio e


superior;

• Possíveis heterogeneidades das situações dos usuários, como: tipo


de deficiência, ciclo de vida, gênero, grau de autonomia, suporte de
cuidados existentes, entre outras;

• Contextos familiares: composição do núcleo familiar, perfil do cuidador


familiar e rede de apoio existente;

• Contexto territorial: área com dispersão territorial ou com grande


densidade urbana, condições de deslocamento, rede de serviços
existentes.

!
ATENÇÃO!
A definição da equipe do Serviço tem forte vinculação à realidade local.
Todavia, é importante dimensionar, como diretriz nacional, a equipe de
referência, tendo em vista resguardar, minimamente, a natureza do Serviço,
a composição, a capacidade de atendimento, a qualificação da equipe e,
também, de alguma forma, definir parâmetros de custos e de investimentos
das esferas de governo no Serviço.

Para a composição da equipe, é importante consultar a Norma Operacional de


Recursos Humanos (NOB-RH/SUAS, 2006) e as resoluções do Conselho Nacional
de Assistência Social (Resolução nº 17 e Resolução nº 9).

9
Quanto às resoluções, a Resolução nº 17, de 20 de junho de 2011, reconhece
as categorias profissionais de nível superior obrigatórias para a proteção social
básica (Assistente Social e Psicólogo), para a de média complexidade (Assistente
Social, Psicólogo e Advogado) e para a de alta complexidade (Assistente Social
e Psicólogo), além das categorias para atender as especificidades dos serviços
socioassistenciais (Antropólogo, Economista Doméstico, Pedagogo, Sociólogo,
Terapeuta Ocupacional e Musicoterapeuta).

Já a Resolução nº 9, de 15 de abril de 2014, reconhece as ocupações e as áreas


de ocupações dos profissionais de nível médio do SUAS, podendo, assim, a equipe
de referência do Serviço também incluir profissionais de nível médio. De acordo
com tal Resolução, as ocupações profissionais com escolaridade de ensino médio
que compõem as equipes de referência do SUAS desempenham funções de apoio,
sendo compostas por Cuidador Social e Orientador Social ou Educador Social.

É imprescindível observar também a NOB-RH/SUAS (2006) para garantir


profissionais efetivos, ou seja, concursados, pois, além de atender os preceitos
da administração pública, contribui para que a oferta do Serviço no Domicílio
seja contínua e ininterrupta, além de favorecer a construção de vínculos entre os
usuários e a equipe.

Em relação à atuação de estagiários, seja na modalidade curricular ou


extracurricular, é importante que sejam atendidos os dispositivos previstos em
lei, inclusive a garantia de supervisão. De maneira alguma, o estagiário poderá
executar tarefas de um profissional de nível superior. Todavia, nada impede
que estudantes universitários sejam admitidos também para a realização de
atribuições definidas para os profissionais de nível médio.

A partir dessas considerações, recomenda-se que a composição da equipe de


referência contemple:

• A perspectiva multidisciplinar, assegurando profissionais de nível


superior de, pelo menos, duas áreas;

• Profissionais de nível médio, seja orientador social, educador social,


cuidador social ou ambos profissionais, considerando as necessidades
e perfis do conjunto de usuários;

• Uma coordenação para o Serviço no território de abrangência do CRAS,


desempenhada por um profissional de nível superior com experiência
e habilidades para fazer gestão de equipe e serviço. No caso de oferta
do serviço em parceria com entidade ou organização de Assistência
Social, essa coordenação vinculada ao CRAS será a responsável pela
referência junto à entidade.

10
Após essas recomendações, conforme apresentado na Figura 2, a equipe de
referência deverá, de preferência, ter essa composição:

Figura 2- Composição da Equipe de Referência

Uma
2 profissionais de
coordenação do
nível superior,
Serviço no
sendo um Até 20
território
assistente social profissionais de
vinculada ao
e um psicólogo nível médio.
CRAS do
ou terapeuta
território de
ocupacional.
abrangência.

Fonte: Elaborada pelos autores

Em se tratando da capacidade de atendimento da equipe de referência, é


preciso considerar o respeito às singularidades locais, a exemplo de: capacidade
de atendimento ou referenciamento do CRAS, perfil dos usuários, dispersão
territorial e meio de deslocamento dos profissionais para os territórios e dentro
dos territórios.

As diferenças locais devem ser observadas, uma vez que o número de


profissionais e o número de usuários sob a responsabilidade da equipe pode ser
determinante para a qualidade do Serviço.

A atuação dos profissionais de nível médio no Serviço, por meio da realização


de visitas domiciliares sistemáticas, deverá ocorrer sob a orientação técnica e o
acompanhamento dos profissionais de nível superior.

A definição do número de usuários e de profissionais de nível médio por equipe,


respeitadas as referências de capacidade de atendimento, deve considerar a
localização e a proximidade espacial dos domicílios, os meios de deslocamento,
o perfil das atividades e a frequência dos atendimentos no domicílio, pois alguns
usuários podem demandar atendimentos semanais, outros, quinzenais e outros,
mensais.

Além disso, deve ser levado em conta o tempo necessário de atendimento por
domicílio, que poderá ser organizado em horas por turno ou em turnos. É possível
que a equipe tenha que atender usuários com demandas de frequência e tempo
de atendimento diferentes. Cabe à gestão do Serviço, adequar a organização da
equipe às particularidades dos usuários e do território.

11
Para resguardar a qualidade dos vínculos dos profissionais com os usuários, as
condições técnicas de atendimento e de saúde emocional desses, recomenda-
se que cada profissional de nível médio, considerando uma carga horária de
40 horas semanais, atenda, no máximo, dois (2) usuários por turno e organize a
programação de atendimento no domicílio por, no máximo, oito (8) turnos por
semana, reservando dois turnos semanais para as atividades de planejamento,
estudo de caso com os técnicos, participação em outras atividades internas ou
externas desenvolvidas pela equipe. Essas referências devem adequar-se à
carga horária de trabalho dos profissionais.

Considerando o perfil dos usuários, pessoas com deficiência de todas as idades


e pessoas idosas, recomenda-se que a equipe de profissionais de nível médio seja
integrada por homens e mulheres, com idade a partir de 18 anos, boas condições
de saúde física e emocional, facilidade de adesão às orientações sobre o Serviço
e boa capacidade de trabalhar em equipe.

É importante ressaltar que as equipes de nível superior, recomendadas


anteriormente, poderão ser ampliadas, conforme categorias reconhecidas pelo
SUAS, de acordo com as necessidades locais, sendo observadas: a heterogeneidade
das situações vivenciadas pelos usuários; o ciclo de vida; as características dos
territórios - a exemplo de comunidades tradicionais, ribeirinhos e rurais; a carga
horária de trabalho dos profissionais da equipe, entre outros aspectos.

! ATENÇÃO!
A oferta do Serviço pelo CRAS requer a garantia de condições de trabalho
à equipe, sem prejuízo à oferta do PAIF. Para isso, a gestão deve destinar,
no mínimo, uma sala de referência com telefone e computadores, mesa de
reunião, cadeiras e armários. Essa infraestrutura é necessária para a guarda
de material de trabalho, para a definição de agendas e atividades diárias e
semanais, discussões de casos, planejamento, definição de atividades com
os parceiros envolvidos, entre outras rotinas do Serviço. Quando a oferta do
Serviço for compartilhada com uma entidade ou organização de Assistência
Social, as condições de trabalho devem ser igualmente garantidas.

Agora que já sabemos como deve ser composta a equipe de referência para a
oferta do Serviço, iremos descobrir qual o perfil e as atribuições de cada membro
da equipe. Vamos juntos?

12
Perfil e Atribuições dos Profissionais da Equipe

Os recursos humanos do Serviço constituem elemento essencial para a


qualidade do trabalho social com os usuários, seus cuidadores e suas famílias.
Portanto, a organização da equipe de referência requer profissionais com perfil
apropriado, reunindo um conjunto de conhecimentos técnicos e habilidades que
sejam compatíveis com a natureza, com a metodologia e com os objetivos do
serviço.

Nessa lógica, é importante que todos os profissionais da equipe tenham


conhecimento básico sobre:

• Política de Assistência Social e suas principais normativas;


• Políticas, legislações e convenções relacionadas a crianças e
adolescentes, a pessoas idosas, a pessoas com deficiência e a mulheres;

• Envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social;


• Acessibilidade e inclusão social das pessoas com deficiência;
• Deficiência – conceito e tipos de deficiência;
• Ética e direitos humanos;
• Direito à privacidade e ao sigilo, observadas as normativas de
notificação compulsória de situações de violações de direito;

• Direito de optar ou não pela adesão ao Serviço;

• Direito de um atendimento qualificado e respeitoso;

• Mitos, preconceitos e representações sociais em relação à pessoa


idosa e à pessoa com deficiência;

• Cuidados e orientações em relação a atividades da vida diária;

• Dimensão ética do trabalho com a pessoa idosa e com a pessoa com


deficiência no domicílio;

• Cuidado familiar - direitos e deveres da família no cuidado com a


pessoa idosa e com a pessoa com deficiência;

• Reconhecimento de redes informais de cuidado existentes no território;


• Cuidado no domicílio – cuidado formal e cuidado no campo das
políticas públicas;

• Organização e ofertas locais da rede socioassistencial;


• Organização e ofertas locais das políticas públicas e órgãos de defesa
de direitos.

13
Além dos conhecimentos básicos, também é importante que a equipe possua
algumas habilidades, sendo elas:

• Habilidade para trabalhar em equipe interdisciplinar;


• Capacidade de comunicação e para escutar e conversar com pessoas
idosas e com pessoas com deficiência, respeitando suas limitações,
desabafos e necessidade de contar sua história;

• Aptidão para relacionar-se com diferentes arranjos e dinâmicas


familiares e comunitárias territoriais;

• Vocação para relacionar-se com diferenças e com os diferentes;


• Faculdade de observar e de manter-se atento a detalhes;
• Inteligência para lidar com a imprevisibilidade;
• Proficiência para respeitar as relações de afeto e a privacidade familiar.

Também é desejável que a equipe disponha de:

• Sensibilidade para ser ponto de afeto, carinho e cuidado;


• Autocontrole para transmitir segurança e tranquilidade em situações
críticas;

• Flexibilidade e discrição para lidar com novas situações;


• Criatividade, paciência, capacidade de exercitar a tolerância e de
trocar experiências.

Definida a equipe, os conhecimentos


básicos e as habilidades esperadas,
agora iremos falar sobre as atribuições,
ou seja, as funções que a coordenação
do Serviço no Domicílio, os profissionais
de nível superior e os profissionais
de nível médio devem desempenhar,
conforme Quadro 1.

14
Quadro 1: Funções relacionadas à oferta do Serviço

FUNÇÕES
COORDENAÇÃO DO SERVIÇO PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR PROFISSIONAIS DE NÍVEL MÉDIO
Coordenar o planejamento, a organização Participar dos processos de planejamento, Participar dos processos de planejamento do
e a implantação do Serviço no território de organização e implantação do Serviço no território. Serviço.
abrangência do CRAS, seja para execução
direta ou indireta.
Representar o Serviço nos processos de Participar da elaboração, implementação e Participar da elaboração de instrumentais de
planejamento e monitoramento promovidos avaliação dos fluxos com a rede socioassistencial e trabalho.
pelo CRAS ou órgão gestor de Assistência intersetorial relacionados à atuação do Serviço em
Social. rede.
Manter a coordenação do CRAS informada Participar de reuniões, encontros ou grupos de Participar dos processos de organização
DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES

sobre o desenvolvimento do Serviço. trabalho para discussões de casos em atendimento do atendimento dos usuários por território
comum, análise de informações sobre o território, de moradia para facilitar e potencializar o
alinhamento conceitual entre os serviços existentes deslocamento dos profissionais até o domicílios.
no território, entre outras.
Articular reuniões com a equipe do PAIF para Promover permanente articulação com a equipe Participar da elaboração do Plano de
assegurar a complementariedade entre os do PAIF para estudo de casos ou para assegurar a Desenvolvimento do Usuário (PDU) de cada
dois Serviços. complementariedade entre os dois serviços. pessoa acompanhada.
Participar da elaboração, da implementação Organizar o atendimento dos usuários por território Organizar a programação periódica das visitas
e da avaliação dos fluxos com a rede de moradia para facilitar e potencializar o ou encontros no domicílio de cada usuário
socioassistencial. deslocamento dos profissionais até o domicílios. acompanhado, com a definição da frequência e do
tempo de atendimento.

Participar da elaboração de fluxos Planejar, organizar e realizar a acolhida Planejar o desenvolvimento das visitas ou
intersetoriais relacionados à atuação do no domicílio, definindo a metodologia e os encontros no domicílio, de acordo com as
Serviço em rede. profissionais envolvidos. atividades previstas para cada usuário.
Participar de reuniões, encontros ou grupos Realizar a busca ativa de usuários e /ou orientar Prestar orientação aos usuários e a suas famílias
de trabalho para discussões de casos em educadores ou orientadores sociais para fazê-los. sobre o Serviço, sobre o SUAS e sobre a rede de
atendimento comum, análise de informações serviços e ações existentes no território.
sobre o território, construção coletiva de
indicadores, alinhamento conceitual entre os
serviços existentes no território, entre outras.

... continua Quadro 2.

15
FUNÇÕES
COORDENAÇÃO DO SERVIÇO PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR PROFISSIONAIS DE NÍVEL MÉDIO
Organizar a dinâmica dos Coordenar a elaboração e a avaliação participativa Contribuir para o reconhecimento de direitos dos usuários e
processos de trabalho das do Plano de Desenvolvimento do Usuário– PDU de cuidadores familiares e para o estímulo à participação social e
equipes, seja de execução direta cada pessoa atendida. a melhoria da autoestima.
ou indireta.
Prestar suporte à equipe na Planejar com os profissionais de nível médio a Apoiar a realização de atividades envolvendo o usuário, o
organização das ações ou natureza, a organização, a periodicidade e a duração cuidador (a) e/ou outros familiares no espaço do domicílio
estratégias metodológicas do das atividades no domicílio aos usuários. como: orientar os cuidados com a organização de espaços
Serviço. acessíveis na moradia, a organização da higiene do ambiente, a
DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES

organização de atividades lúdicas que favoreçam as interações


no ambiente do domicílio, o acesso à alimentação e à adoção
de hábitos alimentares saudáveis e/ ou orientação e suporte a
atividades de autocuidados.
Apoiar à equipe na organização Orientar e apoiar os profissionais de nível médio no Estimular a mobilização de cuidadores-colaboradores junto à
do atendimento dos usuários desenvolvimento das atividades no domicílio. família ampliada/extensa, à vizinhança ou junto ao círculo de
por território de moradia para amizades da pessoa.
facilitar e potencializar o
deslocamento dos profissionais
até os domicílios.
Coordenar a organização Avaliar e definir a necessidade de suporte aos Orientar os usuários e cuidadores familiares sobre o acesso
e o monitoramento dos cuidados familiares para lhes permitir descanso e/ou à documentação pessoal e à tecnologia assistiva, a partir
encaminhamentos de usuários à autocuidado. da identificação de demandas durante o atendimento e do
rede. reconhecimento da dimensão da intersetorialidade nessas
questões.
Definir com a equipe a Planejar, organizar e facilitar as rodas de diálogos Apoiar o usuário e o seu cuidador familiar no planejamento e
organização, a periodicidade com a família no domicílio, definindo a metodologia na organização de sua rotina diária, favorecendo a autonomia e
e o tempo das atividades no e a periodicidade mais adequada. a proteção mútua entre os membros da família.
domicílio e no território.

... continua Quadro 2.

16
FUNÇÕES
COORDENAÇÃO DO SERVIÇO PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR PROFISSIONAIS DE NÍVEL MÉDIO
Participar da organização Articular a inserção do Serviço nos processos de mobilização Apoiar e acompanhar os usuários em atividades externas, por meio de
dos processos de educação para a cidadania no território. metodologias que favoreçam a autonomia e a participação social.
permanente da equipe.
Articular a integração do Serviço Planejar e coordenar os encontros grupais com as famílias e Apoiar a equipe técnica nos processos de encaminhamentos dos usuários
aos processos de mobilização cuidadores familiares no território, definindo a metodologia e a e suas famílias para acesso a serviços, programas, projetos, benefícios e
social no território em relação a periodicidade mais adequada. transferência de renda, quando necessário.
temáticas afins.
Prestar suporte à equipe na Elaborar instrumentais de trabalho e a organização dos registros Estimular a participação de cuidadores e familiares nos encontros do
elaboração de instrumentais de informações produzidos no âmbito do atendimento. território e nas atividades de mobilização para a cidadania.
de trabalho e na organização
dos registros de informações
produzidos no âmbito do serviço.
DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES

Realizar reuniões de equipe para Definir as estratégias e as ferramentas teórico-metodológicas Utilizar o instrumental para o registro do dia, horário de chegada e de
avaliação das ações e resultados que possam qualificar a atuação do Serviço no domicílio e no saída do ambiente domiciliar e anotações de ocorrências com impacto
alcançados. território. na sua atuação.
Organizar relatórios de gestão de Definir e organizar as agendas e as rotinas de trabalho. Participar das reuniões de estudo de caso dos usuários atendidos.
informações sobre o Serviço.
Outras atividades inerentes à Manter as informações sobre o atendimento aos usuários Dar suporte à equipe técnica nas rodas de diálogo com as famílias e nos
coordenação do Serviço, de atualizadas. encontros territoriais com famílias e cuidador(a) familiar.
acordo com a realidade local.

Realizar reuniões interdisciplinares para estudos de casos. Participar das ações de mobilização para a cidadania no território.
Organizar e realizar o monitoramento dos encaminhamentos à Participar das reuniões de equipe para o planejamento de atividades,
rede. avaliação de processos, fluxos de trabalho e resultados.
Participar nas atividades de capacitação e formação Participar da capacitação introdutória, ou seja, prévia à atuação no
permanente. domicílio.
Realizar reuniões de equipe, estudos de casos e atividades Participar das atividades de educação permanente da equipe.
correlatas.
Participar das reuniões para avaliação das ações e resultados Apoiar aos demais profissionais no que se refere ao registro e
atingidos. organização de informações sobre o Serviço.
Elaborar relatórios das ações realizadas. Outras atividades inerentes ao Serviço, de acordo com a realidade local.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir do Caderno de Orientações técnicas: Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e
idosas.

17
Descritas as funções, destaca-se que tão importante quanto a composição
da Equipe de Referência é a capacitação de seus membros para que o Serviço no
Domicílio seja bem ofertado aos usuários e atinja os objetivos propostos. Iremos
falar um pouco mais sobre esse assunto no próximo tópico.

Capacitação da Equipe do Serviço


O trabalho social, na perspectiva da proteção social básica no domicílio com
pessoas idosas e pessoas com deficiência, exige, para além do conhecimento
da realidade local, capacidade teórico-metodológica, técnico operativa e ético-
política, tanto dos profissionais de nível superior quanto dos profissionais de
nível médio. Essa capacidade é construída não só pela formação acadêmica
ou cursos formais, mas também pelas vivências, experiências acumuladas na
trajetória profissional, sendo especialmente ampliada nos processos de educação
permanente, possibilitados pelas ações de formação e capacitação empreendidas
no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

PARA REFLETIR!
A cultura da educação e formação permanente dos profissionais, no sentido
amplo e enquanto processo sistemático e contínuo, é de responsabilidade
e iniciativa da gestão e também do trabalhador do SUAS. Formação não é
somente acúmulo de informação. É, sobretudo, saber utilizar a informação
para ampliar a leitura da realidade e aperfeiçoar as práticas profissionais.

Para a Norma Operacional de Recursos Humanos (NOBRH–SUAS, 2006), a


educação permanente é fundamentada na qualidade dos serviços, programas,
projetos e benefícios socioassistenciais e prima pelo investimento em múltiplas
formas de capacitação e formação. Essas múltiplas formas se concretizam na
elaboração de ações de capacitação e formação, pautadas em instrumentos
criativos e inovadores que consideram as especificidades das diferentes situações
e dos diferentes públicos da Política de Assistência Social.

Nesse sentido, é indispensável que o órgão gestor de Assistência Social


institua programação ou processos de formação e capacitação para toda a
equipe, buscando qualificar as intervenções profissionais, as ações do Serviço e a
articulação com a rede.

Os processos de capacitação podem abordar temáticas gerais, transversais


e relacionadas às demandas específicas dos usuários, das famílias e dos
territórios. É igualmente importante abordar e refletir sobre as funções que cada
profissional desempenha no Serviço, assim como sobre as diversas estratégias de
trabalho, metodologias utilizadas e instrumentos de registro e sistematização de
informação.

18
Para além de programações específicas de capacitação ofertadas no âmbito
do SUAS, pode-se adotar várias estratégias voltadas à formação da equipe, a
exemplo de:

• Disponibilização aos profissionais de materiais institucionais, textos,


legislações, regulamentos, livros e outros que contribuam para
discussões organizadas pela própria equipe;

• Acompanhamento dos profissionais iniciantes no Serviço por


profissionais mais experientes, visando que esses, gradativamente,
apropriem-se da dinâmica do trabalho e ampliem seus conhecimentos
sobre a realidade local e as demandas específicas dos usuários;

• Organização de momentos de integração em equipe para a troca de


informações e de experiências, estudos de caso e grupos de estudos;

• Participação da equipe em cursos, seminários, palestras e outros


eventos ofertados pela rede socioassistencial ou intersetorial;

• Multiplicação e socialização de conhecimento entre os componentes


da equipe;

• Identificação de alguma demanda de formação mais específica


(aperfeiçoamento, capacitação, especialização, mestrado profissional,
dentre outras), decorrente da natureza do trabalho e negociação de
vagas de formação junto a instituições de ensino;

• Organização de programação de supervisão técnica, no sentido da


aquisição de subsídios teóricos e metodológicos, operativos e éticos
sobre as alternativas de intervenção profissional.

Recomenda-se que a formação seja abrangente,


de natureza técnica, gerencial operacional, dirigida
ao conjunto dos(as) profissionais envolvidos(as) no
atendimento.

Após compreendermos como deve ser composta


a equipe de referência, é hora de conhecermos
algumas ferramentas de gestão adotadas na
oferta do Serviço, dentre elas, o planejamento, o
monitoramento, o acompanhamento e a avaliação.

19
Unidade 2
Gestão da Oferta do Serviço
de Prestação Social Básica
no Domicílio para Pessoas
com Deficiência e Idosas
20
Antes de iniciarmos esta unidade, que é dedicada ao tema da gestão da oferta
do Serviço, serão apresentados alguns pressupostos de referência para a gestão
e a organização do Serviço, sendo eles:

• Ético-político: relaciona-se ao compromisso pessoal, profissional e de


gestão de cada uma das unidades federadas de valorizar e promover
ações integradas, oferecer as melhores condições para favorecer a
autonomia, a acessibilidade, a mobilização e a participação social dos
usuários e suas famílias;

• Técnico-metodológico: prima por intervenções e práticas planejadas


e embasadas em aportes interdisciplinares e de conhecimento e
reconhecimento das pessoas, de suas famílias, do território e das redes
de proteção e defesa de direitos existentes. A capacitação da equipe
e a construção do Plano de Desenvolvimento do Usuário - PDU são
aportes de suma importância para as pactuações de convivência entre
o Serviço e os usuários.

• Qualificação da proteção e do cuidado no contexto familiar e


territorial e do autocuidado: voltada ao usuário e ao cuidador(a)
familiar. Relaciona-se com a ideia de que, o suporte do Serviço no
Domicílio, embora centrado no usuário (pessoas que não conseguem
realizar com plena autonomia as atividades básicas da vida diária ou
as atividades de convívio social), não pode deixar de considerar as
necessidades do(a) cuidador(a) familiar, uma vez que a qualidade do
cuidado ofertado no contexto familiar e no convívio comunitário são
essenciais à qualidade de vida de ambos.

• Permanente reflexão das equipes sobre todas as formas de preconceitos


e discriminação: trata-se de manter a atenção para as questões de
gênero, etnia, raça/cor, culturas, religiões, regionalidades, condições
sociais e econômicas, orientação sexual, deficiência e velhice.

• Em hipótese alguma, a oferta de proteção e cuidado pelo Serviço no


Domicílio pode ser utilizada como forma de controle da organização
e da dinâmica familiar: é importante atentar-se que as intervenções
profissionais não configuram nenhum tipo de controle em relação à
dinâmica familiar, seja do uso da renda auferida por meio do acesso
a benefícios previdenciários, socioassistenciais ou de programas de
transferência de renda ou de qualquer outro aspecto da organização
familiar.

• Consentimento da família (usuário, cuidador familiar): a oferta do


Serviço no ambiente do domicílio não pode ser imposta, pois o contexto
das relações familiares deve ser respeitado. É recomendável que toda
a família esteja ciente da dinâmica e da responsabilidade do Serviço.
De igual modo, é de suma importância o consentimento, assim como
o agendamento prévio do atendimento para que todos se sintam
21
confortáveis. Vale ressaltar o preceito constitucional de que a casa é
o espaço inviolável do indivíduo, assim, ninguém nela pode penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito,
desastre, para prestar socorro ou, durante o dia, por determinação
judicial (art. 5º, CF/1988).

Agora sim, iremos conhecer as ferramentas de gestão importantes para


a oferta do Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com
deficiência e idosas. Iniciaremos pelo Planejamento.

Planejamento da Oferta do Serviço

O planejamento é uma função fundamental da gestão pública, pois possibilita


prever ações, organizar os meios para sua realização e monitorar e avaliar os
resultados alcançados.

A gestão pública, em geral, conta com alguns instrumentos de planejamento,


definidos em lei, que orientam a atuação do Estado, a exemplo do Plano Plurianual
(PPA) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Interligada a essas leis, a Lei Orgânica
de Assistência Social (LOAS) define como obrigatória a elaboração do Plano de
Assistência Social (PAS), um instrumento específico de planejamento da área.

O Plano de Assistência Social, o Orçamento, o Monitoramento, a Avaliação e


a Gestão da Informação e o Relatório Anual de Gestão são os instrumentos
de gestão da área da Assistência Social. Caracterizam-se como ferramentas
de planejamento técnico e financeiro do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS) nas três esferas de governo, tendo como parâmetro o diagnóstico
social e os eixos de proteção social básica e especial.

O pleno funcionamento do Serviço pressupõe a definição da capacidade de


atendimento, o conhecimento das características dos territórios de abrangência,
o reconhecimento das especificidades das demandas das pessoas com deficiência
e idosas a serem atendidas, assim como a realização de estudos sobre o seu
custo financeiro e a sua previsão na legislação orçamentária. Logo, percebe-se a
importância do planejamento.
Um passo indispensável ao planejamento é a elaboração do diagnóstico dos
territórios para conhecer e reconhecer as demandas da sociedade e decidir,
minimamente, o que fazer, como fazer e com que recursos fazer.

22
O diagnóstico territorial deve ser capaz de reconhecer as dinâmicas sociais,
econômicas, políticas e culturais dos territórios, identificar especificidades
locais, dados geográficos, demográficos, potencialidades, vulnerabilidades,
riscos sociais e relacionais, ou seja, compreende “informações na forma de
números e estatísticas, como também informações que se traduzem em
histórias de vida dos lugares, de suas famílias e instituições, atores sociais
os mais diversos”. (...)Trata-se de duas formas de ler a realidade que são
complementares (BRASIL, 2013, p.71).

Em relação ao Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas


com Deficiência e Idosas, algumas fontes de informações podem contribuir com
o diagnóstico local, a saber: CadÚnico, Programa de transferência de renda,
Benefício de Prestação Continuada, Relatórios Mensais de Atendimento (RMA)
dos CRAS e dos CREAS, Registros de denúncias sobre ameaça e violação de
direitos humanos, recebidos no Disque 100, Sistema de Informação para a Infância
e Adolescência –SIPIA, vinculado aos Conselhos Tutelares (no caso de criança e
adolescentes com deficiência) e dados do Censo IBGE, entre outros.

É válido ressaltar que a vigilância socioassistencial1 tem papel fundamental


na elaboração desse diagnóstico.

!
ATENÇÃO!
Ao órgão gestor da política de Assistência
Social do Distrito Federal e dos municípios,
cabe coordenar o processo de planejamento
da implantação, da implementação ou
mesmo do reordenamento da oferta do
Serviço, quando for o caso. O planejamento
do Serviço requer a sua devida inclusão no
Plano de Assistência Social e a sua aprovação
pelo Conselho de Assistência Social local
(municipal ou distrital).

1 Conforme informado pelo Ministério da Cidadania (https://www.gov.br/cidadania/


pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/gestao-do-suas/vigilancia-socioassistencial-1),
a Vigilância Socioassistencial tem como objetivo a produção, sistematização, análise e
disseminação de informações territorializadas: I – das situações de vulnerabilidade e risco que
incidem sobre famílias e indivíduos e dos eventos de violação de direitos em determinados
territórios; II – do tipo, volume e padrões de qualidade dos serviços ofertados pela rede
Socioassistencial.

23
É importante, no processo de planejamento, ter sempre em vista que se
trata de um serviço continuado. É igualmente importante considerar, no
planejamento, a elaboração de projeto técnico-político da oferta do Serviço
no município ou DF. Essa iniciativa possibilita definir, dentre outras questões:

• Aspectos do funcionamento do Serviço;


• Metodologia de trabalho a ser adotada pela equipe;
• Composição e perfil da equipe;
• Infraestrutura necessária ao Serviço;
• Territórios de abrangência;
• Política de capacitação e educação permanente dos trabalhadores;
• Diretriz orientadora das ofertas em parceria com entidades;
• Organizações de assistência social e previsão de fluxos de articulação
no âmbito do SUAS e da rede intersetorial.

Na elaboração do projeto técnico-político, cabe considerar as especificidades


dos territórios do campo/rural ou com dispersão territorial e também dos
territórios de comunidades tradicionais. Esses podem requerer estratégias
singulares a serem avaliadas no planejamento, inclusive na composição do perfil
e na organização das equipes.

É no planejamento que a gestão define as bases e a previsibilidade da oferta


do Serviço em uma ou mais unidades do CRAS e ainda se certifica sobre a
possibilidade de fazer ofertas em parceria com entidades ou organizações de
Assistência Social. Informações do Cadastro Nacional de Entidades de Assistência
Social – CNEAS (2016) revelam que, em alguns municípios, já há entidades atuando
em parceria com o poder público nas ofertas socioassistenciais no domicílio para
as pessoas com deficiência e as pessoas idosas.

Acompanhamento, monitoramento e avaliação do Serviço

O acompanhamento, o monitoramento e a avaliação são elementos de


responsabilidade comuns à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios no que se refere a todos os serviços e ações socioassistenciais. São
processos interligados, que perpassam a gestão e o cotidiano do trabalho, por
isso, é fundamental garantir o seu caráter participativo, no sentido de envolver os
gestores, as equipes, os usuários e a rede parceira.

24
No caso particular desse Serviço, seu efetivo monitoramento e avaliação
pressupõem o registro, a produção e a organização de informações sobre sua
gestão, sobre as ações desenvolvidas e sobre os processos de trabalho. Tudo
isso na forma adequada e com a integridade, a qualidade e a confiabilidade
necessária, pois as ações de monitorar e avaliar exigem a interpretação de
informações confiáveis.

Não se pode esquecer que somente a partir de informações claras, a gestão e a


equipe podem fazer novas escolhas, redimensionar ações ou mesmo ressignificar
intervenções, vivências e compromissos.

Os gestores da Assistência Social têm papel estratégico, tanto na instituição


de instrumentos de registro confiáveis como na sistematização e disseminação
de informações que possam produzir conhecimento, a partir da implementação
do serviço. Para isso, a criação de espaços intrassetoriais e intersetoriais de
diálogo e de construção de indicadores de monitoramento e avaliação torna-se
fundamental.

Em relação aos registros dos atendimentos, são parte constitutiva do Serviço,


devendo atender a parâmetros técnicos e éticos, com base em direitos como a
privacidade, o sigilo e a dignidade humana.

Nessa linha, a utilização de instrumentos técnicos adequados permite registrar


e armazenar um conjunto de informações pertinentes ao trabalho desenvolvido,
a exemplo das ações realizadas, recursos utilizados, usuários e situações
atendidas, encaminhamentos realizados e resultados alcançados, entre outros.
Esse conjunto de informações permite construir, minimamente, um painel de
indicadores capazes de possibilitar a leitura do funcionamento do Serviço e do
seu impacto junto aos usuários e às suas famílias.

25
Para tanto, pode-se pensar em construir painéis de indicadores que abarquem
certos aspectos/ dimensões, a exemplo de:

I. Territórios com cobertura do Serviço;

II. Ofertas diretas pelos CRAS e por entidades de Assistência Social;

III. Quantidade de usuários atendidos;

IV. Ciclo de vida, gênero, prevalência dos tipos de deficiência e


condição de dependência dos usuários;

V. Acesso à transferência de renda;

VI. Acesso a outros serviços socioassistenciais e às demais políticas


públicas;

VII. Vínculo do cuidador com o usuário;


VIII. Regularidade e periodicidade do atendimento no domicílio com
usuários e família;

IX. Tipos de atividades desenvolvidas no território;

X. Permanência dos usuários no convívio familiar; entre outras


possibilidades.

A Tipificação aponta alguns impactos sociais esperados pelo Serviço,


conforme segue:

• Prevenção da ocorrência de situações de risco social, tais como o


isolamento, situações de violência e violações de direitos e demais
riscos identificados pelo trabalho de caráter preventivo junto aos
usuários;

• Redução e prevenção de situações de isolamento social e de


abrigamento institucional;

• Famílias protegidas e orientadas;


• Pessoas com deficiência e pessoas idosas inseridas em serviços e
oportunidades;

• Aumento de acessos a serviços socioassistenciais e setoriais;


• Ampliação do acesso aos direitos socioassistenciais.
À luz da previsibilidade desses impactos, é possível, dentre os inúmeros
impactos esperados, ampliar o painel de indicadores tanto para avaliar os
resultados do Serviço quanto as possíveis transformações no contexto do cuidado
familiar e no contexto do território.

26
Para isso, é muito importante promover o registro e o armazenamento do
conjunto de informações existentes na ocasião da inserção dos usuários no
Serviço, pois, no futuro, a leitura dos resultados e impactos alcançados carece do
conhecimento do passado para sua comparação. Isso se chama linha de base, por
isso o registro da acolhida no domicílio é fundamental.

Ao pensar na construção de indicadores, cabe observar o que diz Jannuzzi


(2014) em relação à objetividade dos indicadores. Para ele, há os indicadores
objetivos – normalmente, quantitativos, construídos a partir de registros
administrativos ou de estatísticas públicas – e há os indicadores subjetivos -
em geral, qualitativos, construídos a partir da avaliação dos indivíduos ou de
especialistas com relação a diferentes aspectos da realidade. Ambos se referem
a dimensões sociais semelhantes.

SAIBA MAIS!
Para saber mais sobre a construção de indicadores, consulte o artigo
“Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas
sociais no Brasil” do autor Paulo de Martino Jannuzzi, publicado em 2005 e
republicado em 2014 na Revista do Serviço Público e disponível no link https://
doi.org/10.21874/rsp.v56i2.222.

Por fim, terminamos esta unidade apontando alguns desafios para um SUAS cada
vez mais acessível e inclusivo, visto que os desafios a seguir certamente estarão
implicados na gestão e operacionalização do Serviço de Proteção Social Básica no
Domicílio para pessoas com Deficiência e Idosas. Dentre os desafios estão:

• A garantia de acessibilidade nas ações e serviços do SUAS, de modo


que se aperfeiçoe a infraestrutura dos equipamentos e a qualificação
do trabalho em rede intrassetorial e intersetorial;

• A elaboração e a adoção de protocolos e fluxos de atendimento


integrado, considerando que as políticas específicas para esses
segmentos são transversais a todas as políticas públicas;

• A utilização das diversas dimensões territoriais na elaboração do


planejamento dos serviços, de modo que cada região do país, município
ou mesmo território tenha as suas particularidades e demandas
específicas identificadas e consideradas;

• A implementação do atendimento para a população nos territórios


rurais e com dispersão territorial;

• A criação de condições para o apoio aos usuários em relação à sua


participação nos espaços de controle social;

• A integração das ofertas públicas não estatais desenvolvidas pelas


entidades e organizações de Assistência Social às ofertas públicas
estatais desenvolvidas diretamente pelo órgão gestor local da
Assistência Social.

27
RESUMINDO:
No módulo 3, vimos dois temas relevantes para a oferta do Serviço de
Proteção Social Básica no Domicílio para pessoas com deficiência e idosas, sendo
eles: a composição da Equipe de Referência e a gestão do Serviço. Dessa forma,
na Unidade 1, foi possível compreender como deve ser composta a Equipe de
Referência, quais profissionais compõem a equipe, quais as suas atribuições, bem
como a importância da capacitação continuada.

A unidade 2 tratou sobre a gestão, apresentando alguns pressupostos de


referência para a organização do Serviço, além de ferramentas de gestão
importantes para a sua oferta, dentre elas, o planejamento, o acompanhamento,
o monitoramento e a avaliação. Por fim, foram apontados alguns desafios para um
SUAS cada vez mais acessível e inclusivo, visto que tais desafios têm implicação
direta na gestão e operacionalização do Serviço.

28
REFERÊNCIAS
CONSULTADAS
BRASIL. Resolução nº 17, de 20 de junho de 2011. Ratifica a equipe de referência
definida pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de
Assistência Social – NOB-RH/SUAS e reconhece as categorias profissionais de nível
superior para atender as especificidades dos serviços socioassistenciais e das funções
essenciais de gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 21 jun. 2011. Disponível em: https://www.blogcnas.com/_files/
ugd/7f9ee6_d825fc918a98454682401c0261ceb251.pdf. Acesso em: 23 dez. de 2021

BRASIL. Resolução nº 9, de 15 de abril de 2014. Ratifica e reconhece as ocupações e


as áreas de ocupações profissionais de ensino médio e fundamental do Sistema Único
de Assistência Social – SUAS, em consonância com a Norma Operacional Básica de
Recursos Humanos do SUAS – NOBRH/SUAS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15
abr. 2014. Disponível em:http://blog.mds.gov.br/redesuas/resolucao-no-9-de-15-de-
abril-de-2014/https. Acesso em: 23 dez. de 2021

BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 109, de 11 de novembro


de 2009. Aprova a Tipificação Nacional de ServiçosSocioassistenciais. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 25 nov. 2009. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/
public/resolucao_CNAS_N109_%202009.pdf. Acesso em: 31/12/2021

BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução nº 269, de 13 de dezembro


de 2006. Aprova a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único
de Assistência Social - NOB-RH/SUAS. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 dez.2006.
Disponível em: https://idoso.mppr.mp.br/arquivos/File/CNAS_269_2006.pdf. Acesso em:
30/12/2021

BRASIL, CapacitaSUAS Caderno 3. Vigilância Socioassistencial: Garantia do Caráter


Público da Política de Assistência Social/ Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome. 2013. Disponível em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/assistencia_social/Cadernos/CapacitaSUAS_Caderno_3.pdf. Acesso em:
03/01/2022

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Orientações técnicas: Proteção Social


Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Brasília, DF: MDS, Secretaria
Nacional de Assistência Social, 2017.

JANNUZZI, P. de M. Indicadores para diagnóstico, monitoramento e avaliação de


programas sociais no Brasil. Revista Do Serviço Público, 56(2), p. 137-160. 2014.
Disponìvel em: https://doi.org/10.21874/rsp.v56i2.222. Acesso em: 03/01/2022

REIS. K. Plano de Assistência Social: garantindo a gestão com qualidade do SUAS. 2018.
Disponível em: https://www.gesuas.com.br/blog/plano-de-assistencia-social/. Acesso
em 03/01/2022.

29
Curso Serviço no Domicílio PSB: Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para
Pessoas com deficiência e idosas.
Material de base: O curso foi desenvolvido tendo como base o Caderno de Orientações
Técnicas: Proteção Social Básica nos Domicílios para Pessoas com Deficiência e Idosas –
Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2017.
Distribuição e informações: Ministério da Cidadania, Secretaria Nacional de Assistência
Social (SNAS/MC)

FICHA TÉCNICA
MINISTÉRIO DA CIDADANIA
Coordenação:
Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS/MC)
Departamento de Proteção Social Básica
Coordenação Geral de Serviços Socioassistenciais a Famílias

Supervisão:
Mariana Lelis Moreira Catarina
Camila Salvador Cipriano

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA


Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável - IPPDS

Coordenação e Gestão Financeira:


Marcelo José Braga – Diretor e Professor do Instituto de Políticas Públicas e
Desenvolvimento Sustentável (IPPDS/UFV)

Suporte Técnico e Gestão Financeira:


Karinne Nogueira Galinari - Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
(IPPDS/UFV)

Organização e Desenvolvimento de Conteúdo:


Simone Martins – Professora e Pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa
Cristina Caetano de Aguiar – Professora e Pesquisadora do Instituto Federal do Norte de
Minas Gerais
Andréia Queiroz Ribeiro – Professora e Pesquisadora da Universidade Federal de Viçosa

Revisão de vernáculo:
Juliano de Oliveira Pires - Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Projeto Gráfico e Diagramação:


Adriana Helena de Almeida Freitas – Jornalista e Editora do Instituto de Políticas Públicas
e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS/UFV)

Ilustração, Produção e Edição de Vídeos:


Elisa Vieira Martins – Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFV)

Produção, Locução e Edição de Vídeos:


José Timóteo Júnior - Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFV)
Raphael Baía Nicolato - Coordenadoria de Educação Aberta e a Distância (CEAD/UFV)

© 2022 Ministério da Cidadania. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução


parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou
qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens
desta obra é da área técnica.
Esplanada dos Ministérios, Bloco A CEP 70 054 906 Brasília/DF
www.cidadania.gov.br
Serviço no Domicílio PSB
Serviço de Proteção Social Básica
no Domicílio para Pessoas com
Deficiência e Idosas

Você também pode gostar