Você está na página 1de 54

Laís Pereira Khoury Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira

Luiz Renato Rodrigues Carreiro José Salomão Schwartzman


Adriana de Fátima Ribeiro Carla Nunes Cantieri

Manejo comportamental

de crianças com

Transtornos do Espectro do Autismo

em condição de inclusão escolar

Guia de orientação a professores


São Paulo, 2014 .
© Pr ogr a m a d e Pós -gr a d u a çã o em Dis t ú r b ios d e Des en volvim en t o d a
Un iver s id a d e Pr es b it er ia n a Ma ck en zie, S ã o Pa u lo, S P, 2 0 1 4 .

IS BN 9 7 8 -8 5 -7 9 5 4 -0 5 3 -0

S u p er vis ã o ed it or ia l: S ilva n a S a n t o s
Pr ojet o gr á fico e ed it or a çã o: Ca t a r in a R ic c i
Ca p a : S é r gio Br a ga n t i
Revis ã o gr á fica : S ilv ia Cr is t in a R o s a s

P a t r o c ín io :
Cen t r o d e Ap er feiçoa m en t o d e Pes s oa l d e Nível S u p er ior /
Pr ogr a m a d e Ap oio à E d u ca çã o E s p ecia l (CAPE S / PRO-
E S P).

Ap o io :
Pr ogr a m a d e Pós -gr a d u a çã o em Dis t ú r b ios d o Des en volvi-
m en t o e Cen t r o d e Ciên cia s Biológica s e d a Sa ú d e d a Un i-
ver s id a d e Pr es b it er ia n a Ma ck en zie.

S ecr et a r ia d e E d u ca çã o d a Pr efeit u r a d e Ba r u er i.

Da d o s In t e r n a c io n a is d e Ca t a lo ga ç ã o n a P u blic a ç ã o (CIP )
(Câ m a r a Br a s ile ir a d o Liv r o , SP, Br a s il)

Ma n ejo com p or t a m en t a l d e cr ia n ça s com Tr a n s t or n os d o E s p ect r o d o


Au t is m o em con d içã o d e in clu s ã o es cola r : gu ia d e or ien t a çã o a
p r ofes s or es [livr o elet r ôn ico]. -- S ã o Pa u lo : Mem n on , 2 0 1 4 .
1 .0 0 4 ,2 3 Kb ; PDF

Vá r ios cola b or a d or es .
Bib liogr a fia .
IS BN 9 7 8 -8 5 -7 9 5 4 -0 5 3 -0

1 . Cr ia n ça s a u t is t a s 2 . Cr ia n ça s a u t is t a s - ed u ca çã o 3 . E d u ca -
çã o in clu s iva 4 . E d u ca çã o – Fin a lid a d e e ob jet ivos 5 . S ín d r om e d e
As p er ger .

1 4 -0 0 7 0 8 CDD-3 7 1 .9 4

Ín d ic e s p a r a c a t á lo go s is t e m á t ic o :
1 . Cr ia n ça s a u t is t a s : E d u ca çã o es p ecia l 3 7 1 .9 4
2 . Cr ia n ça s com Tr a n s t or n o d o E s p ect r o d o Au t is m o : E d u ca çã o
es p ecia l 3 7 1 .9 4
As in for m a ções con t id a s n es t e gu ia s ã o r ecom en d a ções
b a s ea d a s em evid ên cia s cien t ífica s d e es t u d os s ob r e cr i-
a n ça s e a d oles cen t es com Tr a n s t or n os d o E s p ect r o d o
Au t is m o. Pa r a ou t r os a s p ect os , p s icológicos e p ed a gógi-
cos , p a r t icu la r es d e cr ia n ça s com a lgu n s d es s es t r a n s -
t or n os , p a is e/ ou cu id a d or es d ever ã o p r ocu r a r p r ofis s io-
n a is d evid a m en t e qu a lifica d os .
Nos s os a gr a d ecim en tos es p ecia is a o Progra m a d e Ed u -
ca çã o Es p ecia l d a Coor d en a çã o d e Ap er feiçoa m en to d e Pes -
s oa l d e Nível S u p er ior – CAPE S / PROES P. A rea liza çã o
d es te livr o fa z p a r te d o Pr ojeto d e Pes qu is a fin a n cia d o p ela
CAPE S / PROE S P in titu la d o “Política s Pú b lica s e E d u ca çã o
E s p ecia l n o Mu n icíp io d e Ba r u er i d a Gra n d e S ã o Pa u lo:
d ia gn ós tico d a rea lid a d e d o a ten d im en to ed u ca cion a l à s
cr ia n ça s e p r op os ta s d e in ter ven çã o”, coord en a d o p ela Pr o-
fes s or a Dou tor a Ma r ia E lois a Fa m á D’An tin o, d o Pr ogr a m a
d e Pós -gr a d u a çã o em Dis tú r b ios d o Des en volvim en to.
Agr a d ecem os a os a lu n os e a os p rofes s or es d e p ós -
gr a d u a çã o d o Pr ogra m a d e Pós -gr a d u a çã o em Dis tú r b ios d o
Des en volvim en to (PPG-DD) d a Un iver s id a d e Pres b iter ia n a
Ma ck en zie.
Agr a d ecem os a os a lu n os d e gra d u a çã o d o cu r s o d e Ps i-
cologia (b ols is ta s d o Pr ogr a m a d e In icia çã o Cien tífica – PI-
BIC) d a Un iver s id a d e Pres b iter ia n a Ma ck en zie.
Agr a d ecem os a os p rofis s ion a is d a s equ ip es ed u ca cio-
n a is d a Secreta r ia Mu n icip a l d e Ba r u er i qu e têm con tr ib u í-
d o com a rea liza çã o d e d iver s os es tu d os cien tíficos con d u -
zid os p elos gr u p os d e p es qu is a d o Pr ogr a m a d e Pós -
gr a d u a çã o em Dis tú r b ios d o Des en volvim en to d a Un iver s i-
d a d e Pres b iter ia n a Ma ck en zie (PPGD).
SUMÁRIO

APRE S E NTAÇÃO .................................................................... 6

TRANS TORNOS DO E S PE CTRO DO AUTISMO ........................ 8


1 . Defin içã o e ca r a ct er iza çã o .............................................. 8
2 . Pr ob lem a s d e com u n ica çã o, d e in t er a çã o s ocia l e d e
com p or t a m en t o .................................................................. 12
3 . Dificu ld a d es em h a b ilid a d es cogn it iva s ........................... 19
4 . Dificu ld a d es em h a b ilid a d es d e t eor ia d a m en t e ............. 20
5 . S ín t es e d o ca p ít u lo ......................................................... 23

ORIE NTAÇÕE S A PROFE S S ORE S S OBRE A INCLUS ÃO E S -


COLAR E OS TRANS TORNOS DO E S PE CTRO DO AUTIS MO ... 25
1 . Com o a An á lis e Ap lica d a d o Com p or ta m en t o p od e a ju d a r
o p r ofes s or n a a va lia çã o e n o m a n ejo d e p r ob lem a s d e
com p or t a m en t o n os TE A? .................................................. 27
2 . Tip os d e com p or t a m en t os in a d eq u a d os d e m a ior p r eva -
lên cia em cr ia n ça s e a d oles cen t es com TE A ........................ 39
3 . Or ien t a ções a p r ofes s or es p a r a m a n ejo com p or t a m en t a l
em s a la d e a u la b a s ea d a s n a An á lis e d o Com p or t a m en t o ... 43

RE FE RÊ NCIAS ....................................................................... 51

5
APRESENTAÇÃO

Cr ia n ça s e a d oles cen tes com u m d os Tr a n s tor n os d o


E s p ectr o d o Au tis m o (TE A) têm s id o id en tifica d os com m a i-
or frequ ên cia d o qu e ocor r ia a té p ou cos a n os a tr á s . E s tim a -
s e, a tu a lm en te, qu e a p reva lên cia s eja d e u m in d ivíd u o a fe-
ta d o em ca d a 1 0 0 p es s oa s , a u m en to s ign ifica tivo em r ela -
çã o à s ta xa s ob s er va d a s h á a lgu m a s d éca d a s . O a u m en to
d a id en tifica çã o ocor re, p os s ivelm en te, p orqu e es s a s con d i-
ções s ã o m a is con h ecid a s a tu a lm en te e p or qu e os cr itér ios
d ia gn ós ticos s ã o m a is a b ra n gen tes .
É n eces s á r io lem b r a r a gr a n d e va r ia b ilid a d e n a a p re-
s en ta çã o d os TE A, n o qu e d iz res p eito ta n to a os p reju ízos
em in ter a çã o s ocia l, com p or ta m en to e com u n ica çã o qu a n to
a o gr a u d e even tu a l com p r om etim en t o in telectu a l. E s tim a -
s e qu e cer ca d e 5 0 % d a s p es s oa s com TEA a p res en tem a l-
gu m gr a u d e d eficiên cia in telect u a l.
E m u m m om en to em qu e a s p olítica s p ú b lica s n o Br a -
s il têm evid en te viés “in clu s ivis ta ”, ou s eja , s e or ien ta m n o
s en tid o d e qu e tod os , ou a o m en os a m a ior p a r te d a s p es -
s oa s com a lgu m tip o d e d eficiên cia (in clu íd a s a qu i a s com
TE A), es teja m in clu íd os em es cola s regu la r es d e en s in o,
fa z-s e m a is d o qu e n eces s á r io in s tr u m en ta liza r os p r ofes s o-
r es n o s en tid o d e qu e ten h a m in for m a ções b á s ica s s ob re
com o lid a r com es s a s p es s oa s em s a la d e a u la , n o qu e d iz
r es p eito a os p r oced im en tos p ed a gógicos e a com o con d u zir -

6
s e fren te a os p r ob lem a s com p or ta m en ta is frequ en tem en te
p res en tes .
O tr a b a lh o a qu i a p res en ta d o p reten d e s er u m p a s s o
in icia l d e a u xílio a os p r ofes s ores qu e n eces s ita m d e in for -
m a ções con fiá veis e or ien ta ções p os s íveis d e s erem im p le-
m en ta d a s n o a m b ien te es cola r . É cla r o qu e n ã o s e p reten d e
a qu i es gota r es s e com p lexo a s s u n to, m a s , s im , p os s ib ilita r
o m ín im o d e con h ecim en to n eces s á r io.
Os leitores en con tr a r ã o a d es cr içã o d os qu a d r os qu e
com p õem os TE A, b em com o con h ecim en tos b á s icos s ob re
a An á lis e Ap lica d a d o Com p or ta m en to (ABA) qu e p od em s er
u tiliza d os n o a m b ien te d e s a la s d e a u la .
É n eces s á r io coloca r a qu i, n o en t a n to, qu e, n os ca s os
em qu e os p reju ízos p r es en tes s ã o a cen tu a d os , n em s em p re
a in clu s ã o em s a la d e a u la regu la r s er á a m elh or s olu çã o,
e, p a r a es s es in d ivíd u os , cla s s es ou m es m o es cola s es p eci-
a is a in d a d evem s er p r eferid a s .

P r o f. Dr . J o s é S a lo m ã o Sc h wa r t z m a n

Pr ogr a m a d e Pós -gr a d u a çã o em


Dis t ú r b ios d o Des en volvim en t o
Un iver s id a d e Pres b iteria n a Ma ck en zie.

7
TRANSTORNOS DO
ESPECTRO DO AUTISMO

1 . DE F INIÇÃO E CAR ACTE R IZAÇÃO

Até o com eço d e 2 0 13 , os m a n u a is em qu e os p rofis s io-


n a is s e b a s ea va m p a ra d ia gn os tica r es s e tip o d e tr a n s tor n o
er a m o Ma n u a l Dia gn ós tico e E s ta tís tico d e Tr a n s tor n os
Men ta is (DS M-IV-TR) e a Cla s s ifica çã o In ter n a cion a l d e Do-
en ça s (CID-1 0 ). Es s es m a n u a is d e cla s s ifica çã o d ia gn ós tica
u tiliza m os ter m os Tr a n s tor n o Glob a l d o Des en volvim en to
(TGD) e Tr a n s tor n o In va s ivo d o Des en volvim en to (TID).
A ver s ã o p a ra o Por tu gu ês b r a s ileiro d a CID-1 0 d es cre-
ve oito tip os d e TGD: “Au t is m o In fa n til, Au tis m o Atíp ico,
S ín d r om e d e Rett, Tr a n s tor n o Des in tegr a tivo d a In fâ n cia ,
Tr a n s tor n o com Hip er cin es ia a s s ocia d a a Reta rd o Men ta l e
Movim en tos E s tereotip a d os , S ín d r om e d e As p er ger , Ou tr os
Tr a n s tor n os Glob a is d o Des en volvim en to e Tr a n s tor n os
Glob a is d o Des en volvim en to Nã o Es p ecifica d os ”1 . J á a ver -
s ã o p a r a o Por tu gu ês b r a s ileir o d o DS M-IV-TR a p res en ta
cin co tip os clín icos n a ca tegor ia TID: “Tr a n s tor n o Au tis ta ,
Tr a n s tor n o d e Rett, Tr a n s tor n o Des in t egra tivo d a In fâ n cia ,
Tr a n s tor n o d e As p erger e Tr a n s tor n o In va s ivo d o Des en vol-
vim en to s em Ou tr a Es p ecifica çã o”2 .

8
E m b or a os m a n u a is d e cla s s ifica çã o d ia gn ós tica a n te-
r ior m en te cita d os u tilizem os ter m os TGD e TID, h á m a is d e
2 0 a n os qu e os es tu d os s ob re o a u tis m o u tiliza m o ter m o
Tr a n s t o r n o s d o E s p e c t r o d o Au t is m o (TE A) p a ra s e refe-
r ir a a p en a s três tr a n s tor n os rela cion a d os a os TGD ou a os
TID, qu e s ã o o Tr a n s tor n o Au tis ta , o Tr a n s tor n o d e As p er -
ger e o Tr a n s tor n o Glob a l ou In va s ivo d o Des en volvim en to
S em Ou tr a E s p ecifica çã o 3 -7 . Ou s eja , n em tod os os tr a n s -
tor n os cla s s ifica d os com o TGD ou TID n o DS M-IV e n a
CID-1 0 s ã o con s id er a d os n a ca tegor ia d ia gn ós tica d os TE A.
As s im , o Tr a n s tor n o d e Rett e o Tr a n s tor n o Des in tegr a tivo
d a In fâ n cia n ã o fa zem p a r te d es s e es p ectr o.
De a cord o com o DS M-IV-TR, o Tr a n s t o r n o Au t is t a
(TA) s e ca r a cter iza p or u m qu a d r o clín ico em qu e p reva le-
cem p reju ízos n a in ter a çã o s ocia l, n os com p or ta m en tos n ã o
verb a is (com o con ta to vis u a l, p os t u r a e exp res s ã o fa cia l) e
n a com u n ica çã o (verb a l e n ã o verb a l), p od en d o exis tir a tr a -
s o ou m es m o a u s ên cia d a lin gu a gem . Pod e h a ver, ta m b ém ,
ecola lia e u s o d e lin gu a gem es ter eotip a d a . As p es s oa s com
o TA a p res en ta m d ificu ld a d es n o es ta b elecim en to d e rela -
ções s ocia is , p referin d o a tivid a d es m a is s olitá r ia s . Ta m b ém
a p res en ta m d ificu ld a d es s ocia is p a ra com p a r tilh a r in teres -
s es , in icia r ou m a n ter in ter a ções s ocia is ; p os s u em d ificu l-
d a d es em com p reen d er exp res s ões fa cia is d e s en tim en tos e
a fetos . Com p or ta m en tos es tereotip a d os s ã o ob s er va d os
(com o b a ter p a lm a s ou flapping – m ovim en ta r os b r a ços
com o qu e b a ten d o a s a s ), os in ter es s es s ã o lim ita d os , e h á
d ificu ld a d e em m u d a r r otin a s , d en tr e ou tra s a lter a ções 2 .
Os p r im eir os s in a is d o tr a n s t or n o p od em s er id en tifica d os
a n tes d os 3 a n os d e id a d e. É im p or ta n t e rela ta r qu e h á r is -
co m a ior d e ocor rên cia d es s e tr a n s t or n o en tre ir m ã os d e
p es s oa s a feta d a s 8 .

9
Ta m b ém d e a cor d o com o DS M-IV-TR 2 , o Tr a n s t o r n o
d e As p e r ge r é a p res en ta d o com o u m t r a n s tor n o qu e oca s i-
on a d e leves a gr a ves p reju ízos n a in ter a çã o s ocia l, res tr i-
çã o d e in teres s es e a tivid a d es , a d es ã o a p a ren tem en te in fle-
xível a r otin a s e ritu a is , a lter a çã o d a p r os ód ia (en ton a çã o
d a fa la ) e com p or ta m en tos rep etitivos . Um a d iferen ça clín i-
ca qu e exis te en tr e o Tr a n s tor n o d e As p er ger e o Tr a n s tor n o
Au tis ta é qu e, n es s e ú ltim o, ger a lm en te têm s id o id en tifica -
d os a tr a s os d e lin gu a gem e a tr a s os exp res s ivos n a s h a b ili-
d a d es cogn itiva s e d e a u tocu id a d o, d iferen tem en te d o qu e
ocor re em p es s oa s com Tr a n s tor n o d e As p er ger 4 ,9 .
O DS M-IV-TR 2 con s id er a com o cla s s ifica çã o d ia gn ós tica
d e Tr a n s t o r n o In va s ivo d o De s e n v o lvim e n t o S e m Ou t r a
E s p e c ific a ç ã o (TID-S OE ) o qu a d r o clín ico ca r a cter iza d o
p or p reju ízos s ever os n a in ter a çã o s ocia l e n a com u n ica çã o
verb a l e n ã o verb a l e p or com p or ta m en tos es tereotip a d os
qu e n ã o s a tis fa zem o cr itério d e TA d evid o a o s eu in ício
ta r d io. De a cord o com Klin 4 , p a r a es s e d ia gn ós tico s er a d o-
ta d o o cr itér io d eve s er o d e exclu s ã o d e TA. E s s a con d içã o
p od e s er con s id era d a m es m o s e a p es s oa a p res en ta r m en os
d o qu e s eis s in tom a s n o tota l, qu e é o m ín im o requ er id o
p elo DS M-IV-TR, e/ ou a p res en ta r id a d e d e in ício m a ior d o
qu e 3 6 m es es , ta m b ém requ er id o p elo DSM-IV-TR. Con tu -
d o, a u tor es d es ta ca m qu e o d ia gn ós tico d e TID-S OE é m a is
com p lexo qu e o d ia gn ós tico d a s ou tr a s ca tegor ia s 4 .
E m m a io d e 2 0 1 3 , a qu in ta ed içã o d o Ma n u a l Dia gn ós -
tico e E s ta tís tico d e Tr a n s tor n os Men ta is – DS M-5 * foi p u -
b lica d a in clu in d o m u d a n ça s exp res s iva s n os cr itér ios d ia g-
n ós ticos d e a u tis m o e a d ota n d o, fin a lm en te, o ter m o TE A
com o ca tegor ia d ia gn ós tica .

* Aces s o: h ttp :/ / www.d s m 5 .or g/ Docu m en t s / Au tis m Sp ectr u m Dis or d er .

10
O DS M-5 a gr u p ou e in clu iu qu a tr o d a s cin co ca tegoria s
d os TID d o DS M-IV n a con d içã o d e Tr a n s torn o d o E s p ectr o
d o Au tis m o (TE A). For a m ela s : Tr a n s tor n o Au tis ta , Tr a n s -
tor n o Des in tegr a tivo d a In fâ n cia , Tr a n s torn o d e As p er ger e
Tr a n s tor n o In va s ivo d o Des en volvim en t o S em Ou tr a Es p e-
cifica çã o. De a cord o com o DS M-5 , es s es tr a n s tor n os n ã o
ter ã o m a is va lid a d e em ter m os d e con d ições d ia gn ós tica s
d is tin ta s . As s im , p a s s a r ã o a s er con s id er a d os n o m es m o
es p ectr o d o a u tis m o. O tr a n s tor n o d e Rett, n o DS M-5 , ta m -
p ou co foi con s id er a d o com o u m d os TE A e, s im , com o u m a
d oen ça d is tin ta .

ATE NÇÃO
--------------------------------------------------------------------------
Nã o h á m a is s u bc a t e go r ia s c o m o Tr a n s t o r n o d e As -
p e r ge r , Tr a n s t o r n o Au t is t a , e n t r e o u t r o s ; t o d o s a go -
r a s ã o t r a t a d o s c o m o Tr a n s t o r n o d o Es p e c t r o d o Au -
t is m o (TE A).

11
2 . P R OBLE MAS DE COMUNICAÇÃO,
DE INTE R AÇÃO S OCIAL E DE COMP OR TAME NTO

ÁREAS DE MAIOR COMPROMETIMENTO NO


TRANSTORNO AUTISTA, CONFORME O DSM-IV-TR E A CID-10

Interação Social

Comunicação Comportamento

2 .1 Ár e a d a in t e r a ç ã o s o c ia l

Os s eres h u m a n os s ã o es s en cia lm en te s ocia is , ou s eja ,


vivem e p er ten cem a vá r ios gr u p os , rela cion a m -s e com d ife-
r en tes p es s oa s o tem p o tod o. Por m eio d es s a s ocia liza çã o
s ã o p a s s a d a s a s regra s d a s ocied a d e e, a s s im , s ã o a p ren d i-
d a s a s m a n eir a s a d equ a d a s d e com u n ica r-s e, d e a p ren d er
e d e d es en volver -s e.

12
Pa r a in tera gir efetiva m en te com a s p es s oa s , s ã o n eces -
s á r ia s h a b ilid a d es s ocia is qu e en glob a m a ca p a cid a d e d e
d ivid ir es p a ços com ou tr os d e m a n eir a a d equ a d a , d e a d a p -
ta r -s e a d iferen tes con textos e d e in ter p reta r p en s a m en tos
e d es ejos d os ou tr os . Des s a m a n eir a , p erceb e-s e o qu a n to
es s a h a b ilid a d e é es s en cia l p a r a a in ter a çã o, m a s ta m b ém
p a r a com p or ta r -s e a d equ a d a m en te em d ifer en tes con textos
com o a s a la d e a u la e o a m b ien te d e tr a b a lh o, en tr e ou tr os .
As cr ia n ça s com TE A a p res en ta m d ificu ld a d es em s oci-
a liza çã o em d iferen tes n íveis d e gr a vid a d e 1 0 :
- Cr ia n ç a s q u e a p r e s e n t a m p r o ble m a s m a is gr a ve s
E s s a s cria n ça s s e en con tr a m , n a gr a n d e m a ioria d o
tem p o, s ozin h a s e is ola d a s , b a la n ça m -s e e p od em b a lb u cia r
d e m a n eir a es tereotip a d a d u r a n te p er íod os lon gos d e tem -
p o.
- Cr ia n ç a s q u e s ã o , m u it a s v e z e s , d e s c r it a s e a t é
c o n fu n d id a s c o m o q u ie t a s , e s t r a n h a s , e s q u is it a s e / o u
n er d s
S ã o cr ia n ça s qu e tr a n s ita m en tr e a s p es s oa s , m a s en -
con tr a m d ificu ld a d es em in ter a gir s ocia lm en te, n ã o con s e-
gu in d o es treita r os r ela cion a -
m en tos .

E x e m p lo 1
Má r cio n ã o con s egu ia con ver s a r
s ob re d iver s os a s s u n tos com os
a m igos . Qu a n d o eles fa la va m , Má r cio s ó qu er ia e
s ó s a b ia fa la r o tem p o in teir o s ob re d in os s a u r os ,
fa zen d o com qu e a s cr ia n ça s o ch a m a s s em d e
ch a to e, m u ita s vezes , o exclu ís s em .

13
O con t a t o s ocia l é s em p r e p r eju d ica d o. Nã o
n eces s a r ia m en t e p or qu e es t ã o d es in t er es s a d os ,
m a s p or qu e n ã o s a b em e n ã o a p r en d er a m a a r t e d e
in t er a gir e m a n t er vín cu los . 1 0

E s s a fa lta d e h a b ilid a d e s ocia l a s m a n tém d is ta n tes d e


ou tr a s cr ia n ça s , já qu e ela s n ã o s a b em o qu e fa zer p a ra
m a n ter rela cion a m en tos . Mu ita s vezes , “p od em a té ch a m a r
os a m igos p a r a irem a s u a s ca s a s , m a s a s b r in ca d eir a s n ã o
cos tu m a m d em or a r m u ito tem p o, eles a ca b a m d eixa n d o o
gr u p o d e la d o p a r a b rin ca r s ozin h os ”1 0 .

E x e m p lo 2
J a im e ch a m ou d ois colegu in h a s p a ra p a s -
s a r o d ia com ele em s u a ca s a . Com eça -
r a m b r in ca n d o ju n -
tos d e vid eoga m e e,
d e rep en te, J a im e
s a iu e s e is olou n o s eu qu a r to, b r in -
ca n d o d e en fileira r ca r r in h os , d eixa n -
d o os a m igos s ozin h os .

Des s a m a n eir a , p od em os p er ceb er qu e cr ia n ça s com


TE A a p res en ta m d ificu ld a d es n a s s egu in tes á rea s :
- Dific u ld a d e s e m in t e r p r e t a r s in a is (exp res s ões fa ci-
a is , exp res s ões verb a is ).
E x e m p lo : Qu a n d o Má r cio n ã o p a r a d e fa la r s ob re d i-
n os s a u r os , a s cria n ça s fa la m : “a a a a fzz”, r evir a m os olh os , e
d ã o ou tr os s in a is d e qu e n ã o a gu en ta m m a is a qu ele a s s u n -
to; m a s Má r cio n ã o con s egu e ca p ta r es s es s in a is e, in d e-

14
p en d en tem en te d e tod os os s in a is e exp r es s ões d os a m igos ,
Má r cio con tin u a fa la n d o s ob re os d in os s a u r os .
- Dific u ld a d e s e m in t e r p r e t a r e e n t e n d e r a s in t e n -
ções dos ou t ros.
E s s a s d ificu ld a d es im p ed em qu e eles con s iga m p er ce-
b er cor reta m en te a lgu m a s s itu a ções im p or ta n tes e es s en ci-
a is n o a m b ien te on d e vivem .
Cr ia n ç a s c o m TE A:
- Ap r es en ta m p reju ízos n a qu a lid a d e d a in ter a çã o s o-
cia l. Exem p lo: An in h a foi a p r es en ta r s eu ir m ã o J oã o
p a r a u n s a m igos ; eles fa la r a m “Oi!”, m a s J oã o p a s s ou
d ireto s em cu m p r im en tá -los .
- Nã o con s egu em es ta b elecer con ta t o vis u a l d ireto ou ,
qu a n d o olh a m , n ã o m a n têm o olh a r.
- Têm d ificu ld a d e em com p a r tilh a r m om en tos e s itu a -
ções com os ou tr os .
- Preferem ob jetos e a n im a is à s p es s oa s .
- Pod em u s a r p es s oa s com o fer ra m en ta s e/ ou in s tr u -
m en tos p a ra d em on s tr a r o qu e d es eja m . E xem p lo: Ri-
ca r d o qu er ia ir p a ra a á rea d e la zer . En tã o, p egou o
b r a ço d e s u a m ã e e o colocou n a p or ta p a ra qu e ela p u -
d es s e a b r ir e ele p u d es s e s a ir p a r a b r in ca r.
- Ap r es en ta m r is os in a d equ a d os e/ ou for a d e con texto.

2 .2 Ár e a d a c o m u n ic a ç ã o

A com u n ica çã o n ã o verb a l é u m a d a s h a b ilid a d es qu e o


s er h u m a n o d es en volve a n tes m es m o d e d es en volver rep er -

15
tór ios verb a is . A lin gu a gem é n eces s á ria p a r a a s rela ções
s ocia is e p a r a a a p ren d iza gem , a s s im com o a ju d a a in ter -
p reta r exp res s ões fa cia is .
Cr ia n ça s com TE A a p res en ta m p reju ízos n a com u n ica -
çã o, ta n to n a lin gu a gem ver b a l qu a n t o n a n ã o verb a l. Mu i-
ta s vezes , n ã o con s egu em en ten d er exp res s ões em ocion a is ,
ges tos , s ím b olos e m etá for a s .

Algu m a s cr ia n ça s com a u t is m o p od em t er u m
excelen t e d es en volvim en t o d e lin gu a gem fa la d a e,
p or vezes , em it em p a la vr a s p er feit in h a s . E m ou t r os
ca s os , os p a is p er ceb em qu e, com u m a n o d e id a -
d e, s ob r in h os ou colegu in h a s já a r t icu la m a s p r i-
m eir a s p a la vr a s , m a s s eu filh o a in d a n ã o [...] à s
vezes s eu s p equ en os n em p a r ecem ou vir qu a n d o
s ã o ch a m a d os . 1 0

Cr ia n ça s com TE A, m u ita s vezes , em item p a la vr a s e/ ou


fr a s es s em a in ten çã o d e s e com u n ica r . Por exem p lo, rep e-
tem d iá logos d e film es , ecoa m p a la vr a s fa la d a s p or p rofes -
s or es , colega s , p a is etc. (ecola lia ).
E x e m p lo : J oã o, em u m a con ver s a s ob re á gu a -viva com
a p s icóloga , d is s e: “E u r io d a ca ra d a s á gu a s -viva s , h a h a -
h a ” – fa la es tereotip a d a d o Rei Leã o, d es en h o qu e J oã o a s -
s is te m u ito.

As ecola lia s , p res en tes em m u ita s cr ia n ça s com TE A,


p od em s er :

- E c o la lia s im e d ia t a s : r ep etiçã o d e fra s es qu e a ca b a m


d e ou vir .

16
E x e m p lo : A p r ofes s or a d iz: “Tu r m a , va m os cop ia r a li-
çã o!” e Leon a r d o fa la : “Liçã o, liçã o”.
- E c o la lia s t a r d ia s : rep etiçã o d e fr a s es a n tiga s gu a r -
d a d a s n a m em ór ia .
E x e m p lo : J oã o es ta va fa zen d o liçã o e n ã o s a b ia com o
fa zer ; en tã o, rep etiu vá r ia s vezes fra s es d e u m film e qu e ele
a d ora va e qu e n ã o tin h a r ela çã o n en h u m a com o con texto.
Ou tr a d ificu ld a d e e ou tr o p r eju ízo p res en tes em cr ia n -
ça s com TE A s e referem à fa la n a ter ceir a p es s oa .
E x e m p lo : “Mã e, d á b r in qu ed o p a r a Leon a r d o?” [Leo-
n a r d o fa la n d o].

Mu it a s cr ia n ça s t êm u m d is cu r s o m on ot ôn ico,
com o s e fos s em r ob ozin h os p r ogr a m a d os . Nã o h á
a lt er a çã o d e t on s ou volu m e n o s eu jeit o d e fa la r .
Nã o en fa t iza m qu es t ion a m en t os ou r es s a lt a m t r e-
ch os m a is im p or t a n t es d a fr a s e. E la s t êm d ificu l-
d a d e d e coloca r em oções n o s eu d is cu r s o. Ta m b ém
cos t u m a m fa la r a p en a s d e cois a s d o s eu in t er es s e,
t or n a n d o a s s im a fa la m on ot em á t ica . 1 0

Ou tr a ca r a cter ís tica qu e m u ita s cr ia n ça s com TE A


a p res en ta m é a p ou ca cu r ios id a d e s ocia l; n ã o rela ta m com o
foi s eu d ia es p on ta n ea m en te n em p er gu n ta m s ob re o d ia
d os ou tr os . Des s e m od o, n ã o con s egu em m a n ter u m a con -
ver s a coeren te e, m u ita s vezes , retor n a m a o a s s u n to d o s eu
in teres s e 1 0 .
E x e m p lo : A cr ia n ça qu e fa la o tem p o tod o s ob re d in os -
s a u r o.

17
Cr ia n ça s com TE A gos ta m d e m on ologa r (fa la r s ó p a ra
s i) e, m u ita s vezes , n ã o p er m item qu e os ou tr os en trem n a
con ver s a ; m u ita s vezes , ta m b ém , n ã o en ten d em ir on ia s
n em m etá fora s , a s s im com o r es p on d em m on os s ila b ica m en -
te à qu ilo qu e foi p er gu n ta d o 6 ,1 0 .
E x e m p lo : A p r ofes s or a d is s e: “Poxa , Lu ís ,
você fa la p elos cotovelos , h ein ?” Au gu s to s ol-
tou u m a ga r ga lh a d a en or m e n a s a la d e a u la
p or qu e ele im a gin ou o cotovelo d o colegu in h a
fa la n d o.

2 .3 Ár e a d o c o m p o r t a m e n t o

Cr ia n ça s com TE A p od em a p res en t a r p r ob lem a s d e


com p or ta m en to. Lis ta m os a lgu n s a s egu ir :
- Co m p o r t a m e n t o s m o t o r e s e s t e r e o t i-
p a d o s e r e p e t it ivo s .
E x e m p lo : Pu la r, b a la n ça r , fa zer m ovi-
m en tos com os d ed os e/ ou m ã os , fa zer ca re-
ta , b a ter p a lm a s , en tr e ou tr os .

- Co m p o r t a m e n t o s d is r u p t ivo s , com o
r itu a is e r otin a s , in teres s es res tr itos , a d e-
r ên cia r ígid a a u m a regra , en tr e ou tr os .

E x e m p lo 1
J oã o gos ta d a s “Cr ôn ica s d e Ná r n ia ”, en tã o ele s ó fa la
d is s o, s ó b r in ca d is s o e s ó d es en h a is s o.

18
E x e m p lo 2
S egu n d a -feir a é d ia d e a u la d e E d u ca çã o Fís ica , m a s o
p r ofes s or fa ltou , e An d r é s ó s ou b e n a h or a . E le ficou
d es es p er a d o e a gita d o s em en ten d er p or qu e, n a qu ele
d ia , n ã o teria Ed u ca çã o Fís ica , já qu e é o d ia d a a u la .

3 . DIF ICULDADE S E M H ABILIDADE S COGNITIVAS

Cr ia n ça s com TE A p od em a p res en ta r gr a u s va r ia d os d e
d eficiên cia in telectu a l (leve, m od er a d o e s evero). Gera lm en -
te a s cria n ça s n ã o ver b a is a p res en ta m in d ica d ores d e d efi-
ciên cia in telectu a l m od er a d a a s ever a .
Há in d ivíd u os com TE A s em d eficiên cia in telectu a l qu e
p od em a p res en ta r h a b ilid a d es cogn itiva s p res er va d a s , co-
m o, p or exem p lo, h a b ilid a d es vis u oes p a cia is 1 1 . Por ou tro
la d o, p es s oa s n a m es m a con d içã o a p res en t a m d ificu ld a d es
ou d éficits em h a b ilid a d es d e m em ór ia d e tra b a lh o, d ificu l-
d a d e p a r a or ga n iza r e p r oces s a r in for m a ções e p a r a es ta b e-
lecer p r ior id a d es p a ra a execu çã o d e t a refa s 1 2 ,1 3 .
Mu itos d es s es p reju ízos cogn it ivos a s s ocia d os a p r o-
b lem a s d e com p or ta m en to e d e com u n ica çã o in terferem
con s id era velm en te n a a d a p ta çã o d e u m a cr ia n ça à es cola e
a con textos s ocia is e fa m ilia res em ger a l. Ela s a p res en ta m
d ificu ld a d es p a r a res olver p rob lem a s d a vid a d iá r ia , p a ra
com u n ica r -s e d e m a n eir a efica z, p a r a m a n ter rela cion a -
m en tos s ocia is e p a ra lid a r com im p revis tos e d ificu ld a d es
d iá r ia s .
Em n ível va ria d o, a s cria n ça s p od em ter dificu ld a d es em :
- s egm en ta r ta refa s ;

19
- or ga n iza r o tem p o d e tr a b a lh o d u r a n te lon gos p er ío-
d os d e tem p o a té u m a m eta fin a l;
- com p reen d er a in form a çã o / in s tr u ções rela cion a d a s
a u m a ta refa ;
- p la n eja r e or ga n iza r e, qu a n d o n eces s á rio, s olicita r
a ju d a a o p rofes s or .

E x e m p lo :
A m ã e d e J oã o p ed e p a r a ele ir a o m erca d o com p ra r
b a n a n a s e tr a zer o tr oco. J oã o p od e fica r con fu s o p or
ter d ificu ld a d e em p la n eja r e execu ta r o qu e a m ã e p e-
d iu . Pa rece u m a ta refa s im p les ? Ir a o m er ca d o e com -
p r a r b a n a n a s ! E n treta n to n ã o é, p ois é n eces s á r io qu e
a cr ia n ça : a ) p la n eje o ca m in h o a té o m erca d o; b ) ch e-
gu e a o loca l e p r ocu re p elo qu e foi p ed id o, n o ca s o b a -
n a n a ; c) olh e o p reço; d ) vá p a r a o ca ixa ; e) p a gu e p ela s
b a n a n a s ; f) con fir a o tr oco; g) volte p a r a ca s a .

Des s a m a n eir a , cr ia n ça s com TE A p recis a m qu e es s a s


h a b ilid a d es s eja m en s in a d a s d ireta m en te a ela s .

4 . DIF ICULDADE S E M H ABILIDADE S DE


TE OR IA DA ME NTE

Ou tr a s h a b ilid a d es a feta d a s n os TE A, qu e s ã o a lvos d e


es tu d o m a is recen tes , in clu em : Te o r ia d a m e n t e ; At e n ç ã o
c o m p a r t ilh a d a ; In ic ia ç ã o d e r e s p o s t a s s o c ia is e c o m p o r -
t a m e n t o d e s o lic it a ç ã o .

20
4 .1 Te o r ia d a m e n t e

Teor ia d a m en te s e refere à h a b ilid a d e d e:


- coloca r -s e n o lu ga r d o ou tr o;
- fa zer s u p os ições p recis a s s ob re o qu e os ou tr os p en -
s a m ou s en tem ;
- s er ca p a z d e p rever o qu e os ou tr os fa r ã o, com o s e
com p or ta r ã o.
Cr ia n ça s com TE A têm d ificu ld a d es em rep res en ta r a s -
s u n tos d o p on to d e vis ta d e ou tr a s p es s oa s e em s e coloca r
n o lu ga r d o ou tr o.
E x e m p lo : Am a n d a fa lou com u m a exp res s ã o fa cia l tr is -
te p a r a Ma r cos : “Ma r cos , eu qu er ia m u ito u m a b on eca n o
Na ta l, m a s Pa p a i Noel m e tr ou xe u m a b ola . Com o você
a ch a qu e m e s en ti?” Ma r cos res p on d eu : “Feliz! E u gos ta r ia
d e ga n h a r u m a b ola .”
Cr ia n ça s com TE A têm d ificu ld a d es em com p reen d er
in ten ções , p en s a m en tos ou com p or ta m en tos d e ou tr a s p es -
s oa s e/ ou d e s e coloca r n o lu ga r d ela s .
Preju ízos em h a b ilid a d es d e teoria d a m en te p od em a fe-
ta r a s r ela ções in terp es s oa is e a a p ren d iza gem , p ois in ter fe-
r em n a com p reen s ã o e n a in terp reta çã o d e textos , n o en -
ten d im en to d e com p or ta m en tos s ocia is , a s s im com o n a in -
ter p reta çã o d e in s tr u ções d a d a s p or p r ofes s or es .
Por a p res en ta rem p reju ízos rela cion a d os à teoria d a m en -
te, es s a s cria n ça s cos tu m a m a p res en ta r d ificu ld a d es em :
- a p on ta r cois a s p a r a ou tr os ;
- es ta b elecer con ta to vis u a l;

21
- s egu ir o olh a r d e ou tr o in d ivíd u o qu a n d o ele fa la s o-
b re a lgu m ob jeto qu e es tã o olh a n d o;
- u s a r ges tos d e m a n eir a s ocia l;
- en ten d er em oções em r os tos a lh eios ;
- u s a r va r ia çã o n or m a l d e exp res s ões em ocion a is n o
p r óp r io r os to;
- m os tr a r in teres s es em ou tr a s cr ia n ça s ;
- s a b er com o en volver -s e com ou t r a s cr ia n ça s ;
- m a n ter -s e ca lm a qu a n d o s e s en te fr u s tr a d a ;
- en ten d er qu e a lgu ém p od e a ju d á -la ;
- en ten d er com o os ou tr os s e s en t em em a lgu m a s s itu -
a ções .
Ou s eja , teor ia d a m en te es tá rela cion a d a com in ter a -
çã o s ocia l, com u n ica çã o e m es m o com h a b ilid a d es a ca d ê-
m ica s ; p or ta n to, o p r eju ízo n es s a h a b ilid a d e p reju d ica o
fu n cion a m en to a d a p ta tivo d a cr ia n ça com TE A2 8 .

4 .2 At e n ç ã o c o m p a r t ilh a d a

Aten çã o com p a r tilh a d a s ign ifica d ivid ir a exp er iên cia


em rela çã o a ob jetos ou even tos com o ou tr o. Pa ra Bu tter -
wor th e J a r ret 1 4 , o olh a r é u m a d im en s ã o es p ecia l d o com -
p or ta m en to s ocia l n a m ed id a em qu e s e torn a u m in d ica d or
d e in teres s e e d e a ten çã o p a ra u m ob s er va d or (a s s im com o
a p on ta r e ges ticu la r ), ou s eja , é u m a for m a d e o in d ivíd u o
r ela cion a r -s e e com u n ica r -s e com os ou tr os . Cr ia n ça s com
TE A a p r es en ta m p reju ízos n a a ten çã o com p a r tilh a d a , d ifi-
cu lta n d o, a s s im , a recip r ocid a d e e a in ter a çã o.

22
Os res u lta d os d e vá rios es tu d os exp er im en ta is 1 5 -1 7 têm
m os tr a d o com p r om etim en to ta n to n a p r od u çã o qu a n to n a
com p reen s ã o d e a tos d e a ten çã o com p a r t ilh a d a . Ou s eja ,
ta n to em u tiliza r vis ã o, ges t os , fa la , com o ob jetivo d e co-
m u n ica çã o, qu a n to em en ten d er ges tos , vis ã o e fa la d e ou -
tr os .
Ou tr o com p or ta m en to qu e s e en con t r a p reju d ica d o em
cr ia n ça s com TE A é o “com p or ta m en to d e s olicita çã o” qu e,
p or exem p lo, em con texto es cola r , p od e s er im p or ta n te p a r a
tir a r d ú vid a s , p ed ir a lgo e a té s u p r ir n eces s id a d es . Mu ita s
cr ia n ça s com TE A n ã o con s egu em exp res s a r s u a s n eces s i-
d a d es .

5 . S ÍNTE S E DO CAPÍTULO

Cr ia n ça s com TE A a p res en ta m , em n íveis qu e va r ia m


d e u m a cr ia n ça p a r a ou tr a :
- in teres s es res tr itos ;
- p ou co ou n en h u m con ta to vis u a l;
- ecola lia (rep etiçã o d e elem en tos d a fa la );
- fr equ en tem en te n ã o r es p on d em qu a n d o s ã o ch a m a -
das;
- d ificu ld a d es p a r a exp r es s a r n eces s id a d es ;
- a p ego a r otin a s (rejeiçã o à s m u d a n ça s );
- m ovim en tos es tereotip a d os e r ep etitivos ;
- fr equ en tem en te n ã o gos ta m d o t oqu e fís ico, s en tem -
s e in com od a d a s ;
- p od em a n d a r n a s p on ta s d os p és ;

23
- a u toa gres s ã o (p od em m or d er -s e, b a ter -s e);
- p referem b r in ca d eira s d e gir os ou b a la n ços ;
- p od em ter h a b ilid a d es es p ecífica s b em d es en volvid a s
ou ilh ota s d e h a b ilid a d es ;
- a ver s ã o a b a r u lh os a ltos ;
- d ificu ld a d es em m a n ter e em s u s ten ta r a a ten çã o p or
lon gos p er íod os d e tem p o;
- in s ta b ilid a d e d e h u m or ;
- lim ia res d e d or eleva d os ;
- p referên cia s p or b r in ca d eir a s rela cion a d a s a en filei-
r a r ou em p ilh a r cois a s ;
- d ificu ld a d es em coord en a çã o m ot or a fin a .

24
ORIENTAÇÕES A
PROFESSORES SOBRE A
INCLUSÃO ESCOLAR E OS
TRANSTORNOS DO
ESPECTRO DO AUTISMO

As s im com o em ou tr os tr a n s tor n os d o d es en volvim en to,


cr ia n ça s com TE A p os s u em n eces s id a d es ed u ca cion a is es -
p ecia is d evid o à s con d ições clín ica s , com p or ta m en ta is ,
cogn itiva s , d e lin gu a gem e d e a d a p t a çã o s ocia l qu e a p re-
s en ta m 1 8 -2 0 . Precis a m , m u ita s vezes , d e a d a p ta ções cu r r i-
cu la res e d e es tr a tégia s d e m a n ejo a d equ a d a s .
Qu a n d o a s n eces s id a d es ed u ca cion a is d e cr ia n ça s com
TE A s ã o a ten d id a s , r es p eita n d o a con d içã o es p ectr a l d o
tr a n s tor n o, a ções ed u ca cion a is p od er ã o ga r a n tir qu e a lca n -
cem o n ível u n iver s itá r io (es p ecia lm en te a qu ela s qu e n ã o
a p res en ta m d eficiên cia in telectu a l im p or ta n te), a s s im com o
qu a lid a d e d e vid a in d ivid u a l e fa m ilia r e in s er çã o s ocia l n o
m er ca d o d e tr a b a lh o, s em p re qu e a s con d ições fen otíp ica s
d a d oen ça p os s ib ilitem .

25
Qu a n d o h á p reju ízos cogn itivos e com p or ta m en ta is
gr a ves , a a d a p ta çã o d e u m a lu n o com TEA em con textos d e
s a la d e a u la regu la r in clu s iva s e tor n a , m u ita s vezes , in viá -
vel. Por es s e fa tor , d en tr e ou t r os , a in clu s ã o d e m u ita s cr i-
a n ça s com TE A n o con texto es cola r b ra s ileir o tem oca s io-
n a d o m a is p reju ízos d o qu e b en efícios ta n to a o a lu n o qu a n -
to à s equ ip es ed u ca cion a is . E s s a s d ificu ld a d es ta m b ém têm
s id o ver ifica d a s em ou tr os p a ís es 2 1 .
E s tu d os b a s ea d os em evid ên cia s m os t ra m qu e cr ia n ça s
com TE A, n a gr a n d e m a ior ia d os ca s os , n ã o a p ren d em p e-
los m étod os d e en s in o tr a d icion a is 2 2 -2 4 . E s tu d os a n ter iores ,
qu a n d o a in d a n ã o er a d is cu tid a com t a n ta veem ên cia a
p r á tica es cola r in clu s iva , já a ler ta va m qu e cr ia n ça s d ia g-
n os tica d a s com TE A n ã o con s egu ia m m a n t er a a ten çã o,
r es p on d er a in s tr u ções com p lexa s n em m a n ter e foca r a
a ten çã o em d iferen tes tip os d e es tím u los s im u ltâ n eos (p or
exem p lo, vis u a l e a u d itivo), e qu e, d es s e m od o, p recis a va m
d e es tr a tégia s es p ecífica s e d iferen cia d a s d e in ter ven çã o d e
en s in o 2 2 .
Um a a b or d a gem qu e con tr ib u iu exp r es s iva m en te com a
m elh ora d e p r ob lem a s d e com p or t a m en to d e cr ia n ça s e
a d oles cen tes com TEA e, con s equ en tem en te, com a a d a p ta -
çã o p s icos s ocia l é a An á lis e Ap lica d a d o Com p or ta m en to
(Applied Behavior Analy sis – ABA), e m a is es p ecifica m en te o
m étod o d e in s tr u çã o p r ogr a m a d a d a An á lis e d o Com p or ta -
m en to 2 5 .
Dois p r in cíp ios b á s icos d a An á lis e Ap lica d a d o Com p or -
ta m en to s ã o:
- E n ten d er com p or ta m en tos com o u m a rela çã o en tre
even tos : o com p or ta m en to p r op r ia m en te d ito e os even tos
a m b ien ta is d en om in a d os d e es tím u los a n teced en tes (qu e

26
a n teced em o com p orta m en to) e even tos con s equ en tes (qu e
s egu em o com p or ta m en to e qu e m a n têm u m a r ela çã o fu n -
cion a l com o com p or ta m en to).
- Pa r a qu e ocor r a a m od ifica çã o d e com p or ta m en to é
n eces s á r io qu e h a ja in ter ven çã o e a ltera çã o n o a m b ien te
em qu e o in d ivíd u o es tá in s er id o (os es tím u los a n teced en -
tes e con s equ en tes )2 6 .

1 . COMO A ANÁLIS E AP LICADA DO COMPOR TAME NTO


P ODE AJ UDAR O P R OF E S S OR NA AVALIAÇÃO E NO
MANE J O DE P R OBLE MAS DE COMP OR TAME NTO NOS
TE A?

1 .1 Co m p o r t a m e n t o

O qu e é u m com p or ta m en to?
- É qu a lqu er a çã o qu e u m a p es s oa fa z ou d iz.
- Nã o é u m a ca r a cter ís tica d a p es s oa .
E x e m p lo : Um com p or ta m en to é ves tir -s e, ca n ta r u m a
m ú s ica , con ver s a r n a s a la d e a u la , b r in ca r , fa zer a ta r efa ,
s en ta r n a ca d eira , en tr e ou tr os .

Cu id a d o 1 :
É er ra d o d efin ir com o com p or ta m en to os s egu in tes
exem p los : Ra fa ela é tím id a , Am a n d a é b a gu n ceir a , en -
tr e ou tr os .
Co m p o r t a m e n t o n ã o é c a r a c t e r ís t ic a !

27
Cu id a d o 2 :
a ) Tir a r n ota 1 0 em u m a p r ova é u m com p or ta m en to?
b ) E n gord a r é u m com p or ta m en to?
Res p os ta : Nã o s ã o com p or ta m en tos ! Es s es s ã o os re-
s u lta d os d o com p or ta m en to! No exem p lo (a ), p a r a tir a r
n ota 1 0 n a p r ova , é p recis o es t u d a r (es s e é o com p or -
ta m en to). No exem p lo (b ), é p recis o com er exa gera d a -
m en te (es s e é o com p or ta m en t o) p a r a en gor d a r , qu e é a
con s equ ên cia d o com p or ta m en to.

O com p or ta m en to d ep en d e d o qu e a con tece a n tes e d e-


p ois d ele m es m o, e a s c o n s e q u ê n c ia s o r iu n d a s d o c o m -
p o r t a m e n t o t e n d e m a a lt e r a r a p r o b a b ilid a d e d e o c o r -
r ê n c ia fu t u r a d o m e s m o c o m p o r t a m e n t o . Des s e m od o:

Boa s con s equ ên cia s ten d em a a u m en ta r a fre-


qu ên cia d e ocor rên cia s d o com p or ta m en t o.

Con s equ ên cia s a ver s iva s ten d em a d im in u ir a fre-


qu ên cia d e ocor rên cia s d o com p or ta m en t o.

ATE NÇÃO
----------------------------------------------------------------------------
Algu n s e v e n t o s a v e r s ivo s , c o m o gr it a r c o m a c r ia n -
ç a , p o d e m n ã o d im in u ir c o m p o r t a m e n t o s -p r o b le m a ,
m a s a u m e n t á -lo s e p r o p ic ia r a e m is s ã o d e o u t r o s
p r o b le m a s d e c o m p o r t a m e n t o .

28
O a n t e c e d e n t e é a q u ilo q u e a c o n t e c e lo go
an t es do com p ort am en t o. O com p ort am en t o é a
r e s p o s t a a o a n t e c e d e n t e e a c o n s e q u ê n c ia é o
q u e o c o r r e lo go d e p o is d o c o m p o r t a m e n t o . Is s o
é c o n h e c id o c o m o o s ABC’s d o Be h a v io r is m o . 2 7

Ou s eja :
A = An teced en te
B = Com p or ta m en to ou r es p os t a
C = Con s equ ên cia

E x e m p lo 1

Ant ecedent e: Com por t am ent o: Consequência:


Professora deu a Juca fez a lição A professora deu
instrução para Juca parabéns para Juca
fazer uma tarefa e deixou ele brincar
com a massinha.

E x e m p lo 2

Ant ecedent e: Consequência:


Com por t am ent o:
Professora deu a A professora deve
Mateus não fez a ensinar a Mateus
instrução para lição
Mateus fazer uma que isso é errado e
tarefa mostrar o
comportamento
adequado.

29
OBS E R VAÇÕE S IMP OR TANTE S
----------------------------------------------------------------------------
- Devem -s e refor ça r p os it iva m en te os com p or ta m en tos
a d equ a d os e NÃO s e d evem refor ça r os com p or ta m en -
tos in a d equ a d os . Qu a n d o ocor rer u m com p or ta m en to
in a d equ a d o, d eve-s e en s in a r o com p or ta m en to a d equ a -
d o qu e é es p er a d o. Rep ete-s e o en s in o tod a s a s vezes
qu e s eja m n eces s á r ia s e con tr ola -s e o a m b ien te p a r a
evita r qu e even tos d o a m b ien te d eter m in em , p r op iciem
ou fa voreça m a em is s ã o d e p r ob lem a s d e com p or ta -
m en to ou com p or ta m en tos in a d equ a d os .
- As r ecom p en s a s s ó d evem s er d a d a s à cr ia n ça s e ela
a p res en ta r u m com p or ta m en to a d equ a d o, p ois ela p o-
d er á a p ren d er qu e n ã o p recis a res p eita r e cu m p r ir a
in s tr u çã o / regr a d a d a p elo p r ofes s or p or qu e, m es m o
a s s im , h a ver á u m a con s equ ên cia p os itiva .
- Deve-s e p res ta r a ten çã o p a r a o tip o d e es tím u lo qu e a
cr ia n ça gos ta ou p refere p a r a u s á -lo com o refor ça d or .
Cr ia n ça s com TE A p os s u em ten d ên cia a n ã o s er tã o
s en s íveis a qu a lqu er tip o d e recom p en s a 2 6 .

As s im , é im p or ta n te ob s er va r e a s s ocia r :

o q u e a c o n t e c e (c o m p o r t a m e n t o ),
a s c ir c u n s t â n c ia s e m q u e a c o n t e c e (a n t e c e d e n t e ),
e o s r e s u lt a d o s q u e e s s e c o m p o r t a m e n t o p r o d u z
(c o n s e q u ê n c ia ).

30
Ap r en d em os , d es s e m od o, d u a s regra s es s en cia is :

Refor ce o com p or ta m en t o a d equ a d o im ed ia ta -


R e gr a 1
m en te d ep ois d o com p or ta m en to d es eja d o.

Cu id a d o p a r a n ã o refor ça r a cid en ta lm en te com -


R e gr a 2
p or ta m en tos in a d equ a d os .

O qu a d r o a b a ixo, b a s ea d o n o tr a b a lh o d e Lea r 2 7 , a u xi-


lia o p r ofes s or a or ga n iza r in for m a ções s ob re o com p or ta -
m en to, s eu s a n teced en tes e s u a s con s equ ên cia s p a r a en -
ten d er p os s íveis fa tores a s s ocia d os a com p or ta m en tos ta n -
to a d equ a d os qu a n to in a d equ a d os :

Hor á r io em qu e Com p or ta m en to E ven tos qu e E ven tos qu e


o com p or ta m en - a n teced em a o s egu em a o com -
to ocor r eu com p or ta m en to p or ta m en to

(d es cr eva a qu i o (d es cr eva a qu i o (d es cr eva a qu i o


com p or ta m en to) qu e ocor r eu logo qu e a con teceu
a n tes d o com - logo a p ós o com -
p or ta m en t o) p or ta m en to)

E x e m p lo :
Veja , n a p á gin a a s egu ir , u m qu a d r o com in for m a ções
s ob re com p or ta m en tos h ip otéticos . Você p od e rea lizá -lo d a
m es m a for m a ou en fa tiza n d o u m com p orta m en to-a lvo p or
vez.

31
Hor á r io em qu e o Com p or ta m en to E ven tos qu e E ven tos qu e s e
com p or ta m en to a n teced em a o s egu em a o com -
ocor r eu com p or ta m en to p or ta m en to

8h 05 Gu s ta vo fa la a lto A p r ofes s or a lê A p r ofes s or a


em h or a in con - u m text o em voz p a r a d e ler p a ra
ven ien te a lt a ou vir Gu s ta vo
fa la r

8h 15 Gu s ta vo in ter - Um a lu n o fez O a lu n o in ter -


r om p e in con ve- u m a p ergu n ta r om p e a p er gu n -
n ien tem en te p a r a o p r ofes s or ta d ele e p er m ite
qu e Gu s ta vo fa le

8h 45 Gu s ta vo fa la em Pr ofes s or a p a s - Tod os p a r a m d e
h or a in con ven i- s ou u m a in s tru - fa zer a liçã o e
en te çã o p a ra os a lu - olh a m p a r a Gu s -
n os ta vo

9h 10 Gu s ta vo s e b a - Qu a tr o a lu n os A p r ofes s or a
la n ça r ep etid a - es ta va m toca n d o gr ita e s olicita
m en te n a ca d eira em Gu s ta vo e a os a lu n os p a r a
fa la n d o em voz s a ír em
a lta p er to d ele

O qu e s e p od e p er ceb er n o qu a d r o a cim a ?
Os com p or ta m en tos “fa la r a lto”, “in ter r om p er con ver -
s a s ”, “fa la r d e m a n eir a in con ven ien te” s ã o a n teced id os p or
d iferen tes s itu a ções . O qu e a con tece qu a n d o ele em ite es -
s es com p or ta m en tos ? E le con s egu e a ten çã o.
A p a r tir d a í p od e-s e m on ta r u m m od elo d e m od ifica çã o
d e com p or ta m en to. Gu s ta vo es tá con s egu in d o a ten çã o, ou
s eja , refor ço p os itivo com u m com p or ta m en to in a d equ a d o.
Pod e-s e, en tã o, m u d a r o a m b ien te. Na p róxim a vez em qu e
Gu s ta vo in ter r om p er, a p r ofes s or a d eve p ed ir p a r a qu e ele
es p ere u m p ou co, p ois n ã o p od e fa la r com ele n a qu ele m o-
m en to, e con tin u a r a s u a fa la . Qu a n d o a ca b a r , a p rofes s or a

32
d eve d a r a vez p a ra Gu s ta vo e elogiá -lo p elo com p or ta m en to
a d equ a d o d e es p era r a s u a vez. Na m a ior ia d os ca s os , o
a lu n o n ã o va i res p eita r n a p r im eir a vez e, p or vezes , va i re-
p etir o com p or ta m en to in a d equ a d o; m a s é p recis o ir a té o
fin a l com a regr a , p a r a qu e o a lu n o con s iga d es en volver o
com p or ta m en to a d equ a d o. Ca s o o p r ofes s or volte a a b rir
exceçã o, o a lu n o va i en ten d er qu e o com p orta m en to in a d e-
qu a d o p od e ocor r er.
Ap r en d em os , a qu i, a r econ h ecer u m com p or ta m en to e
qu e, p a r a a n a lis á -lo, é n eces s á r io en ten d er o qu e a con tece
a n tes e d ep ois . O qu e a con tece d ep ois , a con s equ ên cia , p o-
d e s er refor ça d or a ou n ã o. E m s egu id a , p orta n to, a n a lis a -
r em os com m a is d eta lh es o qu e é u m a con s equ ên cia refor -
ça d ora .

1 .2 R e fo r ç a m e n t o

O qu e é refor ça m en to?

Refor ça m en t o é u m p r oces s o n o qu a l u m
com p or t a m en t o é for t a lecid o p or u m a con s equ ên -
cia im ed ia t a qu e r egu la r m en t e s egu e a s u a ocor -
r ên cia . 2 7

O refor ça d or p od e s er p os itivo ou n ega tivo:

R e fo r ç a d o r P o s it iv o
É a a d içã o d e a lgo qu e res u lte n o forta lecim en to d o

33
com p or ta m en to p ela s con s equ ên cia s p os itiva s (recom p en -
s a s ) qu e o p r óp r io com p or ta m en to p r od u z.
E x e m p lo s :
- Você s e a p res en ta em u m a p eça d e tea tr o e tod os
a p la u d em .
- Você tr a b a lh a tod os os d ia s e receb e s eu s a lá r io n o
fim d o m ês .
- A cr ia n ça a p ren d e a fa la r u m a p a la vr a , os p a is s or r i-
em e p a r a b en iza m a cr ia n ça .
- Você s egu e u m a d ieta p a s s a d a p ela n u tr icion is ta e vê
r es u lta d os p os itivos .
- A cr ia n ça es p era s u a vez p a ra fa la r n a s a la d e a u la e
r eceb e “p a r a b én s ” p elo s eu com p or ta m en t o.
Logo, é p r ová vel qu e es s es com p or ta m en tos s e rep ita m ,
p ois fora m s egu id os d e refor ça d ores p os itivos .
No qu a d r o qu e s e en con tr a n a p á gin a s egu in te s ã o
a p res en ta d a s s u ges tões d e Refor ça d ores Pos itivos 2 7 .

R e fo r ç a d o r Ne ga t iv o
É a rem oçã o d e a lgo d es a gr a d á vel com a em is s ã o d e d e-
ter m in a d os com p or ta m en tos e qu e, qu a n d o con s egu id a es -
s a rem oçã o, res u lta n o for ta lecim en to d o com p or ta m en to.
E x e m p lo s :
- O ch a p éu es tá es qu en ta n d o s u a ca b eça e in com od a n -
d o; logo, você tir a o ch a p éu e s e s en te m elh or .
- Você en tr a n o ca r r o e s oa u m a la r m e ir r ita n te p ed in d o
p a r a você coloca r o cin to; en tã o, você o coloca e o a la r m e
p a r a d e toca r 2 7 .

34
S UGE S T ÕE S DE R E F OR ÇADOR E S P OS ITIVOS

Fa zer elogios en t u s ia s m a d os (m u it o
b em , p a r a b én s , viva , qu e lin d o, u a u ,
R e fo r ç a d o r e s s o c ia is
b om t r a b a lh o), s or r ir , a p la u d ir , a d e-
s ivos , fin gir s u r p r es a , b eija r , r ir , p is -
ca d ela s , d a r a t en çã o.

J oga r ca r t a s , qu eb r a -ca b eça , jogos d e


m em ór ia , m a s s in h a , p in t a r , d es e-
R e fo r ç a d o r e s c o m n h a r , en ch er a s b och ech a s d e a r e
d eixa r a cr ia n ça a p er t a r , jogos d e
u s o d e a t iv id a d e s t a b u leir o, b r in ca r de es con d e-
es con d e, d e p ega -p ega , d a n ça r , fa zer
b olh a s d e s a b ã o, ca m in h a r .

R e fo r ç a d o r e s c o m u s o Figu r in h a s , ca r r in h os , b a lões , livr os ,


flor es , cola r , p u ls eir a s , a d es ivos , m a s -
d e b r in q u e d o s e b r in d e s s in h a , b r in qu ed os .

R e fo r ç a d o r e s c o m u s o d e Ab r a ça r , fa zer cócega s , b eija r , b a t er


c o n t a t o fís ic o a s m ã os .

O refor ça m en to p os itivo é es s en cia l p a ra a a p ren d iza -


gem d e n ovos com p or ta m en tos . Con t u d o é p recis o s egu ir
a lgu m a s regr a s 2 5 ,2 7 .

P r im e ir a :
S elecion e / es colh a o com p or ta m en to qu e d es eja refor -
ça r . Refor ce a lgo es p ecífico. Deixe cla r o o com p or ta m en to
qu e você es tiver reforça n d o, p ois is s o va i a ju d a r a cr ia n ça a

35
en ten d er p or qu e ela es tá ga n h a n d o u m elogio (o qu e ela
es tá fa zen d o, qu e m er ece “p a ra b én s ”?).
E x e m p lo : Zequ in h a gu a r d ou s eu m a ter ia l n a m och ila .
Ao r efor ça r es s e com p or ta m en to, você d eve d es crever o
com p or ta m en to a d equ a d o: “Mu ito b em Zequ in h a , você a r -
r u m ou s eu m a ter ia l. Pa r a b én s !”.

S e gu n d a :
O r efor ço p os itivo d eve s er u tiliza d o IMEDIATAME NTE
a p ós o com p or ta m en to ocor rer .
E x e m p lo : Zequ in h a s en tou n a ca d eir a cer ta . A p r ofes -
s or a im ed ia ta m en te elogiou Zequ in h a : “Mu ito b em Zequ i-
n h a , você s en tou n a s u a ca d eira . Pa r a b én s !”.
Ou : “Nos s a Lu ís , com o você es tá ca lm o h oje! Ad oro
qu a n d o es tá a s s im qu ieto e s en ta d o b on itin h o n a s u a ca -
d eir a . S a b e o qu e você m erece? Br in ca r com s eu qu eb r a -
ca b eça ”.

Te r c e ir a :
Fiqu e a ten to p a r a s a b er qu a is s ã o os refor ça d ores m a is
a d equ a d os e p refer id os p ela cr ia n ça .

Qu a r t a :
A voz d eve s er con s is ten te com a m en s a gem . Se você
es tiver elogia n d o a cria n ça , ten h a cer teza d e qu e o fa z com
u m tom d e voz en tu s ia s m a d o. Se p ed ir p a r a a cr ia n ça ten -
ta r d e n ovo, m a n ten h a o tom d e voz n eu tr o.

36
Qu in t a :
Va r ie a s fr a s es , o tom d e voz e os refor ça d or es . Nã o u ti-
lize a m es m a fr a s e in ú m er a s vezes .
E x e m p lo : Nã o fa le s om en te “p a r a b én s ”, m a s ta m b ém
u tilize “m u ito b em ”, “ótim o tr a b a lh o”, “gos tei d e ver ”, en tre
ou tr os . Va r ie ta m b ém os refor ça d ores : u tilize, s e p os s ível,
ou tr os b r in d es s im p les .

Sext a :
As s ocie recom p en s a com elogios ; is s o va i fa zer com qu e
s eu s elogios s eja m tã o p od er os os qu a n to a s recom p en s a s .

S é t im a :
Nã o é n eces s á r io es p er a r qu e a cr ia n ça fa ça a lgo “gr a n -
d e” ou a p en a s fa ça a lgo qu e você p ed iu ; ob s er ve-a em itin d o
com p or ta m en tos a d equ a d os e refor ce ta m b ém p os itiva m en -
te es s es com p or ta m en tos .
ATE NÇÃO: Mu ita s vezes , es p er a -s e qu e a cr ia n ça fiqu e
m u ito ca lm a ou fa ça a lgo 1 0 0 % cer to, m a s is s o p od e d em o-
r a r m u ito tem p o. Nã o es p ere qu e tod os os com p or ta m en tos
d is r u p tivos s eja m elim in a d os ou qu e o com p or ta m en to
a d equ a d o s eja p erfeito. Refor ce p equ en a s red u ções d e com -
p or ta m en to-p r ob lem a , a s s im com o refor ce ta m b ém p equ e-
n a s m elh or a s em com p or ta m en tos a d equ a d os .

Oit a v a :
Tom e m u ito cu id a d o e p res te a ten çã o! O r efor ça m en to
p os itivo p od e a ju d a r a cria n ça a a p ren d er com p or ta m en tos

37
a d equ a d os , m a s você p od e es ta r refor ça n d o com p or ta m en -
tos in a d equ a d os ta m b ém .
E x e m p lo : Zequ in h a fica ch a m a n d o você o tem p o tod o,
e você d iz p a ra ele es p er a r , m a s ele con tin u a ch a m a n d o.
Você p ed e m a is u m a vez qu e es p ere, d iz qu e você es tá ocu -
p a d a e qu e, logo qu e a ca b a r d e p a s s a r a liçã o n o qu a d r o,
você va i con ver s a r com ele. Ele n ã o d es is te e você va i à ca r -
teir a d ele. Qu a is a s ch a n ces d e Zequ in h a es p er a r p or você
n os p r óxim os d ia s ?

No n a :
A cr ia n ça s ó d eve ter a ces s o a o refor ça d or s e cu m p rir o
ob jetivo. Va m os s u p or qu e Zequ in h a a m e b r in ca r com
m a s s in h a , m a s você o d eixa b r in ca r a qu a lqu er m om en to:
s e ele fez a tivid a d e, ele b r in ca ; s e ele n ã o fez, ele b r in ca
ta m b ém . S e ele fica qu ieto, ele b rin ca ; s e ele fa z b a gu n ça ,
ele b r in ca . O p od er d o refor ça d or va i d im in u ir p orqu e ele
es tá a ces s ível a qu a lqu er m om en t o, m es m o qu a n d o Zequ i-
n h a n ã o es tá s e com p or ta n d o ou ob ed ecen d o à s in s tr u ções .

Dé c im a :
Tem os qu e refor ça r com p or ta m en tos a d equ a d os , m a s
ta m b ém refor ça r a a u s ên cia d e com p or ta m en tos in a d equ a -
d os e d is r u p tivos .
E x e m p lo : Zequ in h a a d or a leva n ta r n a s a la e a tr a p a lh a r
tod o m u n d o. No d ia em qu e Zequ in h a fica r com p or ta d o n a
ca d eir a , is s o d eve s er r efor ça d o. Se Zequ in h a fica r s en ta d o
e a in d a fizer a liçã o, ele d eve receb er a lgo m u ito b a ca n a .
ATE NÇÃO: Com o d is s em os a cim a , n ã o é p recis o es p e-
r a r qu e Zequ in h a fiqu e ca lm o o d ia in teiro, p ois ta lvez n es -

38
s e m om en to is s o s eja m u ito p a r a ele. Refor ce qu a lqu er a u -
m en to d e com p or ta m en to a d equ a d o e qu a lqu er red u çã o d e
com p or ta m en to in a d equ a d o.

ATE NÇÃO
----------------------------------------------------------------------------
Ao e lo gia r , e lo gie e x a t a m e n t e o c o m p o r t a m e n t o
a d e q u a d o q u e d e s e ja fo r t a le c e r n o r e p e r t ó r io c o m -
p o r t a m e n t a l d a c r ia n ç a .

2 . TIP OS DE COMP OR TAME NTOS INADE QUADOS


DE MAIOR P R E VALÊ NCIA E M CR IANÇAS E
ADOLE S CE NTE S COM TE A

E s tereotip ia s com p orta m en ta is (flapping, b a la n ça r -s e,


en tr e ou tr os ) e com p or ta m en tos a gres s ivos e a u toa gres s i-
vos s ã o p r ob lem a s com p or ta m en ta is m u ito com u n s em cr i-
a n ça s com TE A2 7 . Mu itos d es s es com p orta m en tos p od em
s er fu ga s d e d em a n d a s a m b ien ta is qu e s ã o exces s iva s ou
a ver s iva s p a r a a cr ia n ça , ou s ã o res p os ta s a a m b ien tes p o-
b res d o p on to d e vis ta d e es tim u la çã o (a m b ien tes en ted ia n -
tes , p or exem p lo).
O qu e é u m c o m p o r t a m e n t o d e fu ga ?
Pa r a a tr a s a r ou evita r o cu m p r im en to d e u m a a tivid a -
d e, a cr ia n ça em ite u m com p or t a m en to d en om in a d o fu ga 2 7 .

39
E x e m p lo 1
A cr ia n ça vê a p r ofes s or a s egu r a n d o u m a m a s s in h a e
p ed e p a r a a p r ofes s or a en trega r a ela , p ois ela qu er
b r in ca r d e m a s s in h a . A p r ofes s or a d iz qu e s ó en tr ega rá
d ep ois qu e ela fizer a a tivid a d e, m a s a cr ia n ça com eça a
b er r a r , e a p r ofes s ora d á a m a s s in h a p a r a a cr ia n ça .

E x e m p lo 2
A p rofes s ora fa z u m a s olicita çã o à cria n ça e ela com eça
a grita r e a b a la n ça r o corp o. A p rofes s ora , en tã o, ofere-
ce u m d es ca n s o d a a tivid a d e. As s im , a cria n ça tem m a i-
or p rob a b ilid a d e d e grita r qu a n d o a p rofes s ora p ed ir a ti-
vid a d es p a ra ela . Ou s eja , o com p orta m en to d e grita r ou
b a la n ça r o corp o é m a n tid o p orqu e p rod u z con s equ ên -
cia s qu e, em a m b os os ca s os , foi s e livra r d a ta refa .

Pa r a lid a r com com p or ta m en tos in a d equ a d os e in d es e-


ja d os , p od em s er u tiliza d a s a s s egu in tes es tr a tégia s d e re-
for ça m en to.

DR L
R e fo r ç a m e n t o d ife r e n c ia l d e r e s p o s t a lim it a d o
S ign ifica qu e o com p or ta m en to in a d equ a d o em itid o p e-
la cr ia n ça p od e s er tolera d o, d es d e qu e s eja em itid o p ou ca s
vezes . Ou s eja , em u m a fr equ ên cia b a ixa , o com p or ta m en to
d a cr ia n ça con s egu e s er toler á vel. É p refer ível qu e ocor ra
em frequ ên cia m en or qu e a qu e vem ocor r en d o n o p res en te.
E x e m p lo : Ma teu s é u m a cr ia n ça qu e gr ita m u ito n a s a -
la d e a u la , e a p r ofes s or a n ã o es t á con s egu in d o d im in u ir ou

40
extin gu ir es s e com p or ta m en to. E m tod a s a s a u la s , Ma teu s
gr ita u m a s d ez vezes . A p r ofes s ora qu er ia qu e es s e com p or -
ta m en to n ã o ocor res s e, m a s ela n ã o qu is im p or a Ma teu s
u m n ível d e exigên cia exa ger a d o; en t ã o ela es tip u lou e a vi-
s ou Ma teu s qu e ele p od er ia b r in ca r com s eu b r in qu ed o p re-
fer id o s e, n a qu ele p eríod o d e a u la (5 0 m in u tos ), ele em itis s e
tr ês , d ois , u m ou zer o com p or ta m en tos d e grita r .

DR O
R e fo r ç a m e n t o d ife r e n c ia l d e r e s p o s t a z e r o
S ign ifica id en tifica r u m com p or ta m en to in a d equ a d o
e/ ou in d es eja d o e refor ça r a cr ia n ça qu a n d o es s e com p or -
ta m en to n ã o ocor rer p or u m d eter m in a d o p er íod o. Prim eiro
é p recis o d efin ir qu a l com p or ta m en to in a d equ a d o s e qu er
extin gu ir; d ep ois , qu a n to tem p o é p os s ível qu e a cr ia n ça
n ã o em ita o com p orta m en to in d es eja d o e, gr a d u a lm en te,
a u m en ta r o tem p o.
E x e m p lo : Ped r o leva n ta -s e m u ito n a s a la d e a u la . S u a
p r ofes s or a es tip u lou qu e, s e Ped r o fica r s en ta d o p or d ez
m in u tos , ele va i s er elogia d o e ter á o d ireito d e b r in ca r d e
p in ta r a figu r a , o qu e ele a d ora . Dep ois d e u m tem p o,
qu a n d o Ped r o con s egu ir fica r s en ta d o p or p elo m en os 1 0
m in u tos , a u m en ta -s e o tem p o p a r a 2 0 m in u tos s en ta d o n a
ca d eir a , e a s s im p or d ia n te. Ca s o a cr ia n ça s e leva n te a n tes
d os 1 0 m in u tos , a con ta gem com eça d e n ovo.
Vá r ios es tu d os m os tr a m qu e u tiliza r o DRO em s a la d e
a u la foi m u ito efica z p a r a d im in u ir com p or ta m en tos -
p r ob lem a 2 6 .

41
DR I
R e fo r ç a m e n t o d ife r e n c ia l d e r e s p o s t a in c o m p a t íve l
S ign ifica qu e você d eve p os s ib ilita r qu e a cr ia n ça em ita
a lgu m com p or ta m en to qu e s eja in com p a tível em rela çã o a o
com p or ta m en to in a d equ a d o.
E x e m p lo : Se você es tá ten ta n d o red u zir o com p or ta -
m en to d e Ped r o ca m in h a r n a s a la d e a u la , você va i refor çá -
lo qu a n d o ele es tiver s en ta d o, já qu e es ta r s en ta d o e em p é
a o m es m o tem p o é im p os s ível. Ou , a in d a , é m elh or refor ça r
a rea liza çã o d e a tivid a d es es cola r es .
IMP OR TANTE : Nã o lem b re à cr ia n ça d o com p or ta m en -
to in d es eja d o / in a d equ a d o. Nã o d iga : ”Pa r a b én s p or n ã o
b a ter em Rica r d o!” ou “Pa r a b én s p or n ã o leva n ta r d a ca d ei-
r a !”. E m vez d is s o, foqu e n o com p or ta m en to a d equ a d o, re-
com p en s e a p en a s o com p or ta m en to a d equ a d o.

DR A
R e fo r ç a m e n t o d ife r e n c ia l d e r e s p o s t a a lt e r n a t ivo
Pod e s er ch a m a d o ta m b ém d e s u b s titu içã o a p r op r ia d a .
Pr im eir o s elecion e qu a l com p or t a m en to qu er elim in a r . De-
fin a , em s egu id a , qu a l com p or t a m en to a lter n a tivo s er á re-
for ça d o. Ob s er va çã o: tem qu e s er u m com p or ta m en to qu e
já es teja ocor ren d o.
Lea r 2 7 tr a z a lgu n s exem p los in teres s a n tes , com o:
- A cr ia n ça qu e b elis ca os colegu in h a s é r efor ça d a
qu a n d o u s a m a s s in h a d e m od ela r (u m a a tivid a d e a p rop r ia -
d a p a ra b elis ca r ).
- Cr ia n ça s qu e b a tem em ou tr a s cr ia n ça s s ã o refor ça -
d a s qu a n d o d ã o s ocos em u m b on eco in flá vel, ou u m b r in -

42
qu ed o a p r op r ia d o p a r a b a ter , em vez d e b a ter n os colegu i-
nhas.
E xtin gu ir u m com p or ta m en to-p r ob lem a é m a is efica z
qu a n d o a s cr ia n ça s s ã o en s in a d a s a a p r es en ta r u m com -
p or ta m en to d es eja d o. Note qu e, n os exem p los a cim a , n ã o é
a p en a s en s in a d o à cr ia n ça qu a l com p or ta m en to é in a d e-
qu a d o, m a s , a o m es m o tem p o, é en s in a d o qu a l é o com p or -
ta m en to a d equ a d o.

3 . OR IE NTAÇÕE S A P R OF E S S OR E S P AR A MANE J O
COMP OR TAME NTAL E M S ALA DE AULA BAS E ADAS NA
ANÁLIS E DO COMP OR TAME NTO

1 ) Us o d e in s t r u ç õ e s c la r a s , d ir e t a s e s im p le s p a r a c a d a
t a r e fa o r ie n t a d a
Veja m os o s egu in te exem p lo: Qu a n d o a p r ofes s or a d iz
a os a lu n os : “Ab r a m o ca d er n o, cop iem o qu e es tou es cre-
ven d o n a lou s a , leia m o en u n cia d o e rea lizem a s s egu in tes
qu es tões ”, cr ia n ça s com d es en volvim en to típ ico p od em n ã o
a p res en ta r , em s u a m a ior ia , p r ob lem a s p a r a en ten d er e
r ea liza r vá r ia s in s tru ções s im u ltâ n ea s , m a s u m a cr ia n ça
com a u tis m o p od e a in d a es ta r ten ta n d o en ten d er a p r im ei-
r a ou a s egu n d a p a r te d o qu e a p r ofes s ora
d is s e, n ã o rea liza n d o com s u ces s o o qu e foi
p ed id o. Logo, é im p orta n te qu e s e
d ivid a u m a in s tr u çã o com p lexa
em vá r ia s in s tr u ções s im p les .

43
2 ) Us o d e e s t ím u lo s v is u a is p a r a o e s -
t a b e le c im e n t o d e r o t in a e in s t r u ç õ e s
Utilize ca r t a zes e figu r a s qu e or ien tem a
cr ia n ça em rela çã o à s ta refa s e à s a tivid a d es
qu e ela p recis a rea liza r ou a d eter m in a d os
tip os d e com p or ta m en t o em qu e ela d eve s e
en volver , com o, p or exem p lo, p er m a n ecer s en -
ta d a .

3 ) E n s in o d e c o m p o r t a m e n t o s d e o be d iê n -
c ia a r e gr a s
Cria n ça s com d es en volvim en to a típ ico, co-
m o n o ca s o d os TEA, ta m b ém en ten d em in s tru ções e regra s .
Mu ita s vezes , p r ofis s ion a is , p a is e cu id a d or es n ã o exi-
gem n em s e or ga n iza m p a r a qu e cr ia n ça s com TE A cu m -
p r a m regra s . Mu ita s vezes , a cr ed ita m qu e, p elo fa to d e u m a
cr ia n ça ter a u tis m o, ela n ã o p r ecis a s egu ir r egr a s com o a s
ou tr a s cr ia n ça s , e d eixa m qu e d ecid a o qu e qu er fa zer .
Cr ia n ça s com TE A d evem s er t rein a d a s p a r a o cu m p r i-
m en to d e regra s .
E x e m p lo : Ma r cos era u m a cr ia n ça com TE A qu e fre-
qu en ta va a s a la d e a u la d o en s in o regu la r . In ter r om p ia a
p r ofes s or a a tod o o m om en to, fa la n d o a lto, em i-
tin d o gritos , leva n ta n d o e a té pega n d o o giz d e
cera d a m ã o d a p rofes s or a p a ra d es en h a r n a
lou s a , a tra p a lh a n d o a a u la . En treta n to, com o
Ma rcos tin h a TE A, a p rofes s ora o d eixa va fa zer o
qu e qu is es s e, tra n s form a n d o a s a la d e a u la em
u m a m b ien te d es orga n iza d o. Dep ois d e a p rofes -
s ora ter en ten d id o qu e, a s s im com o ou tr a s cri-
a n ça s , Ma rcos ta m b ém p od eria a p ren d er e s e-

44
gu ir regra s , ela con s egu iu m od ifica r es s es com -
p orta m en tos in a d equ a d os . Hoje em d ia , Ma rcos
a n d a p ela s a la m u ito m en os d o qu e a n tes , es p e-
ra s u a vez p a ra fa la r e grita m u ito p ou co, em
com p a ra çã o a com o fa zia a n teriorm en te.

4 ) E n s in o d e c o m p o r t a m e n t o s d e s o lic it a ç ã o
Mu ita s vezes , cr ia n ça s com TE A n ã o s a b em s olicita r e
p ed ir a ju d a , a gin d o d e for m a in a d equ a d a . É m u ito im p or -
ta n te en s in a r à s cria n ça s qu a is s ã o os com p or ta m en tos
a d equ a d os p a r a p ed ir o qu e p recis a m (ver b a l ou n ã o ver -
b a l).
E x e m p lo : Ma r cos , qu a n d o qu er ia b or r a ch a ou lá p is , le-
va n ta va d a ca d eir a e p ega va o ob jeto d o colega m a is p r óxi-
m o s em p ed ir . A p rofes s ora en s in ou a Ma r cos qu e es s e
com p or ta m en to er a er r a d o, qu e ele p recis a ria p ed ir p a r a o
colegu in h a a n tes d e p ega r. Ma r cos com eçou a p ed ir em -
p res ta d o o m a ter ia l e a s er r efor ça d o p elos colegu in h a s e
p ela p r ofes s or a .

5 ) E s t ím u lo a o d e s e n v o lv im e n t o d a a u t o n o m ia e d a in -
d e p e n d ê n c ia
Ex e m p lo : Felip e com ia n a es cola s om en te qu a n d o lh e
d a va m com id a n a b oca , e s om en te s u b ia p a ra s a la d e a u la
com a com p a n h a m en to d e u m a a s s is ten te, a n tes d e tod os os
ou tros a lu n os . Felip e foi in cen tiva d o a com er
s ozin h o (já qu e a p res en ta va es s e com p orta m en -
to em ca s a ) e a s e d es loca r a té a s a la d e a u la
com a p rofes s ora e s eu s colega s .

45
6 ) Co n t r o le d e e s t ím u lo s a n t e c e d e n t e s e c o n s e q u e n t e s
p a r a fa c ilit a r a e m is s ã o d e c o m p o r t a m e n t o s a d e q u a d o s
E x e m p lo : O p r ofes s or e/ ou o cu id a d or d evem con h ecer
e m a n eja r even tos qu e a n teced em os com p or ta m en tos , d e
m a n eira ta l qu e fa cilitem e a u m en tem a p r ob a b ilid a d e d e
em is s ã o d e com p or ta m en tos a d equ a d os . Ao m es m o tem p o,
d evem for n ecer, im ed ia ta m en te a p ós o com p or ta m en to ter
ocor r id o, es tím u los e recom p en s a s ver b a is p os itiva s p elo
b om d es em p en h o d a cr ia n ça .

7 ) Us o d e a va lia ç ã o d a fu n c io n a lid a d e d o c o m p o r t a m e n t o
S em p re qu e u m com p or ta m en to in a d equ a d o ocor rer, é
im p or ta n te en ten d er, ob s er va r e a n a lis a r qu a l a fu n çã o
d es s e com p or ta m en to, o qu e ocor reu a n tes e logo d ep ois
d ele. Des s e m od o, é p os s ível en ten d er p or qu e o com p or ta -
m en to ocor r e e m od ifica r o a m b ien te p a r a p r op icia r a em is -
s ã o d e ou tr os com p orta m en tos m a is a d equ a d os .

8 ) Ut iliz a ç ã o d e r e fo r ç a m e n t o p o s it ivo p a r a m o d ific a ç ã o


de com port am en t o
Utilize elogios , recom p en s a s e a gr a d os , p or exem p lo,
s em p re a p ós a em is s ã o d e com p or ta m en tos a d equ a d os .

9 ) Na p r e s e n ç a d e c o m p o r t a m e n t o s in a d e q u a d o s é n e -
c e s s á r io fo r n e c e r f eed ba ck
É n eces s á r io en s in a r p a r a a cr ia n ça o qu e p od e (o qu e é
lega l fa zer) e o qu e n ã o p od e (o qu e n ã o é lega l fa zer ).
E x e m p lo : Qu a n d o Ma r cos p ega va a b or ra ch a d o cole-
gu in h a s em p ed ir , ele n ã o s a b ia qu e n ã o p od ia . Qu a n d o a

46
p r ofes s or a en s in ou qu e n ã o é a s s im , ele com eçou a em itir
com p or ta m en tos a d equ a d os (qu e p od em s er rea liza d os , qu e
s ã o lega is ).
IMP OR TANTE : Mu itos a cred ita m qu e, s e o com p or ta -
m en to d a cr ia n ça for ign or a d o, ele d eixa d e exis tir , o qu e
n ã o é d e tod o ver d a d e.

1 0 ) Alu n o s c o m TE A q u e t ê m d e fic iê n c ia in t e le c t u a l
p r e c is a m d e c u r r íc u lo s a d a p t a d o s (s o b r e p o s t o s )
Nes s es cu r r ícu los d evem s er con tem p la d a s a s m eta s d a
es cola p a r a a id a d e e p a r a o a n o es cola r d a cr ia n ça , em
con gr u ên cia com m a n ejo com p or ta m en ta l a d equ a d o qu e
p os s ib ilite a a d a p ta çã o d es s e a lu n o a o cu r r ícu lo. Nos cu r r í-
cu los a d a p ta d os é es s en cia l o u s o d e d ica s textu a is (p a la -
vr a s es cr ita s ), a u d itiva s (fa la s ) e ges tu a is (fís ica s )2 6 .
Nos qu a d ros s egu in tes , es tã o rela cion a d a s ou tr a s re-
com en d a ções ger a is p a r a m a n ejo d e d ificu ld a d es com p or -
ta m en ta is 2 8 .

Tip o d e d é fic it
Hu m o r o s c ila n t e e d ific u ld a d e d e r e la c io n a m e n t o s
Co m o is s o a fe t a a in t e r a ç ã o s o c ia l?
Dificu ld a d e em in t er a gir com ou t r os .
Co m o is s o a fe t a o fu n c io n a m e n t o n a s a la d e a u la ?
A cr ia n ça p od e t en t a r s er en gr a ça d a ou ch a m a r a t en çã o n a s a la
d e a u la .
O q u e fa z e r ?
1 ) E n s in e qu e b r in ca d eir a s t êm h or a e lu ga r .
2 ) E n s in e o a lu n o a s egu ir r egr a s .

47
Tip o d e d é fic it
Nã o a p r e s e n t a c o n t a t o vis u a l e a p r e s e n t a p r e ju ízo n a a t e n ç ã o
Co m o is s o a fe t a a in t e r a ç ã o s o c ia l?
1 ) Nã o ob s er va a in t er a çã o s ocia l en t r e ou t r os .
2 ) Nã o p r oces s a ou en t en d e o s ign ifica d o d a s m en s a gen s e s i-
n a is d os ou t r os
3 ) Ap r es en t a p ob r e con t a t o vis u a l.
Co m o is s o a fe t a o fu n c io n a m e n t o n a s a la d e a u la ?
1 ) Nã o p r oces s a fa cilm en t e o s ign ifica d o d e m en s a gen s ver b a is .
2 ) Nã o con s egu e p r ever p la n os .
4 ) Ap r es en t a p ob r e con t a t o vis u a l, o qu e d im in u i e p r eju d ica a
com u n ica çã o.
5 ) Ap r es en t a d ificu ld a d es p a r a fu n cion a r em gr u p os ; a cr ia n ça
p r ecis a d e in s t r u ções m a is d ir et a s .
O q u e fa z e r ?
1 ) Fr a gm en t e a in s t r u çã o ou in for m a çã o em p a r t es m en or es
p a r a a u m en t a r a a t en çã o.
2 ) Us e es t r a t égia s vis u a is p a r a a ju d a r a cr ia n ça a ob t er a t en çã o
e en t en d im en t o.
3 ) E n s in e com o u s a r os olh os e o cor p o p a r a ou vir .

Tip o d e d é fic it
Dific u ld a d e e m e n t e n d e r o “t o d o ”
Co m o is s o a fe t a a in t e r a ç ã o s o c ia l?
Nã o con s egu e en ten d er, m u ita s vezes , o tóp ico d e u m a con vers a .
Co m o is s o a fe t a o fu n c io n a m e n t o n a s a la d e a u la ?
1 ) A cr ia n ça s e p r en d e a d et a lh es e p er d e o p r in cip a l con ceit o /
t em a .
2 ) Ao es cr ever ou ler , p od e n egligen cia r a s p ect os es s en cia is .
O q u e fa z e r ?
1 ) Fr a gm en t e a s in for m a ções em p equ en a s p a r t es (vis u a is ).
2 ) Fr a gm en t e a s in for m a ções e con ceit os e a ju d e o a lu n o a en -
ca ixá -los p a r a , a s s im , ver o t od o.
3 ) E n s in e com o ele p od e en t en d er a id eia p r in cip a l.

48
Tip o d e d é fic it
Dific u ld a d e e m a b s t r a ç ã o e in fe r ê n c ia
Co m o is s o a fe t a a in t e r a ç ã o s o c ia l?
Nã o con s egu e in t er p r et a r o s ign ifica d o d e a lgu m a s p a la vr a s .
Co m o is s o a fe t a o fu n c io n a m e n t o n a s a la d e a u la ?
1 ) Ap r es en t a lim it a ções p a r a in fer ir e in t er p r et a r o s ign ifica d o
d e t ext os , livr os ou con ver s a çã o.
2 ) É lit er a l n a s s u a s in t er p r et a ções e com u n ica çã o.
O q u e fa z e r ?
1 ) Ten h a con s ciên cia d e qu e os a lu n os p od er ã o a p r es en t a r r es -
p os t a s es qu is it a s qu a n d o n ã o con s egu ir em in t er p r et a r .
2 ) Tr a b a lh e o en t en d im en t o e a in t er p r et a çã o d o a lu n o com
r ela çã o a os colega s e com h is t or in h a s e es t ím u los vis u a is ,
3 ) Ap r es en t e u m qu a d r o com o n om e e a r ep r es en t a çã o ilu s t r a -
t iva d e em oções p a r a qu e a cr ia n ça a s a s s ocie à exp r es s ã o d a
em oçã o.

Tip o d e d é fic it
P o b r e c o m p r e e n s ã o a c e r c a d o s o u t r o s (t e o r ia d a m e n t e )
Co m o is s o a fe t a a in t e r a ç ã o s o c ia l?
Dificu ld a d e em s e coloca r n o lu ga r d o ou t r o ou em en t en d er a
p er s p ect iva d o ou t r o.
Co m o is s o a fe t a o fu n c io n a m e n t o n a s a la d e a u la ?
1 ) Dificu ld a d e em en t en d er e com p r een d er t ext os .
2 ) Dificu ld a d e em s e com p or t a r n a s a la d e a u la .
3 ) Dificu ld a d e em t r a b a lh a r em gr u p os .
O q u e fa z e r ?
1 ) E s t im u le o a lu n o a en t en d er o con ceit o d e s e coloca r n o lu ga r
d o ou t r o e es t im u le-o a s e coloca r n o lu ga r d os colegu in h a s .
2 ) E n t en d a qu e exis t ir ã o m u it a s d ificu ld a d es d e com p r een s ã o e
d e in t er p r et a çã o p or con t a d es t e d éficit.
3 ) Aju d e com es t ím u los vis u a is .

49
Tip o d e d é fic it
P o b r e in ic ia ç ã o d e c o m u n ic a ç ã o o u a ç ã o
Co m o is s o a fe t a a in t e r a ç ã o s o c ia l?
A cr ia n ça n ã o in icia in t er a çã o s ocia l a p r op r ia d a e n ã o com eça a
t r a b a lh a r em u m a a t ivid a d e.
Co m o is s o a fe t a o fu n c io n a m e n t o n a s a la d e a u la ?
1 ) Nã o p ed e a ju d a .
2 ) E n qu a n t o ou t r os a lu n os fa zem e cu m p r em a in s t r u çã o, a
cr ia n ça com TE A n ã o fa z o qu e foi p ed id o.
3 ) E m gr u p o, a cr ia n ça p r ova velm en te n ã o p a r t icip e ou n ã o
s a ib a com o s e d ir igir a os ou t r os .
O q u e fa z e r ?
1 ) E n s in e u m a r es p os t a cla r a d e in icia çã o.
2 ) Recom p en s e s u ces s os .
3 ) Aju d e o a lu n o a t er a ces s o a n ova s in for m a ções e a n ovos
com p or t a m en t os .
4 ) Dem on s t r e p a r a a cr ia n ça qu e, qu a n d o ela d iz u m a p a la vr a
in t eir a (ou fr a s e, a d ep en d er d a cr ia n ça ), d e for m a cla r a , ela
con s egu e m a is r a p id a m en t e o qu e qu er d o qu e qu a n d o fa z ges -
t os ou d iz ou t r a s p a la vr a s n ã o r ela cion a d a s a o qu e qu er .
5 ) Com b in e o in t er es s e d a cr ia n ça com a a t ivid a d e. Fa ça ca r t a -
zes com o n om e, d es en h os e/ ou figu r a d a s a t ivid a d es ; d eixe a
cr ia n ça es colh er qu a l ela qu er r ea liza r ou a a ju d e n a es colh a ;
r ea lizem a a t ivid a d e ju n t os . Qu a n d o a cr ia n ça es t iver m ot iva d a ,
t en t e fa zê-la d izer a p a la vr a .

50
REFERÊNCIAS

1 . Orga n iza çã o Mu n d ia l d a Sa ú d e (OMS). Cla s s ifica çã o In tern a cion a l d e Do-


en ça s e Prob lem a s Rela cion a d os à Sa ú d e – 1 0 ª Revis ã o (CID-1 0 ). OMS; 2 0 0 0 .
Dis p on ível em : h ttp :/ / www.d a ta s u s .gov.b r/ cid 1 0 / v2 0 0 8 / web h elp / cid 1 0 .h tm .
2 . Am erica n Ps ych ia tric As s ocia tion (APA). Ma n u a l Dia gn ós tico e Es ta tís tico
d e Tra n s torn os Men ta is – 4 ª Ed içã o Revis a d a (DSM-IV-TR). Por to Alegre: Ar t-
m ed ; 2 0 0 2 .
3 . Klin A, J on es W, Sch u ltz R, Volk m a r F, Coh en D. Defin in g a n d qu a n tifyin g
th e s ocia l p h en otyp e in a u tis m . Am J Ps ych ia try 2 0 0 4 ; 1 5 9 (6 ):8 9 5 -9 0 8 .
4 . Klin A. Au tis m o e s ín d rom e d e As p erger: Um a vis ã o gera l. Rev Bra s Ps iqu i-
a tr 2 0 0 6 : 2 8 (Su p l 1 ):S3 -S1 1 .
5 . Merca d a n te MT, Va n Der Ga a g RJ , Sch wa r tzm a n J S. Tra n s torn os in va s ivos
d o d es en volvim en to n ã o-a u tís ticos : s ín d rom e d e Rett, tr a n s torn o d es in tegra ti-
vo d a in fâ n cia e tra n s torn os in va s ivos d o d es en volvim en to s em ou tra es p ecifi-
ca çã o. Rev Bra s Ps iqu ia tr 2 0 0 6 ; 2 8 (Su p l 1 ):5 1 2 -2 0 .
6 . Sch wa rtzm a n J S, Ara ú jo CA. Tra n s torn os d o Es p ectr o d o Au tis m o: Con cei-
to e en era lid a d es . In : Sch wa rtzm a n J S, Ar a ú jo CA. Tr a n s torn os d o Es p ectro
d o Au tis m o. Sã o Pa u lo: Mem n on ; 2 0 1 1 .
7 . Win g L, Gou ld J , Gillb er g C. Au tis m Sp ectru m Dis ord ers in th e DSM-V:
Better or wors e th a n th e DS M-IV? Res Dev Dis a b il 2 0 1 1 ; 3 2 (2 ):7 6 8 -7 3 .
8 . Mecca TP, Bra vo RB, Vellos o RL, Sch wa r tzm a n S, Bru n on i D, Teixeira
MCTV. Ra s trea m en to d e s in a is e s in tom a s d e Tra n s torn os d o Es p ectro d o
Au tis m o em irm ã os . Rev Ps iqu ia tr Rio Gd Su l 2 0 1 1 ; 3 3 (2 ):1 1 6 -2 0 .
9 . Ta m a n a h a AC, Peris s in oto J , Ch ia r i BM. Um a b reve revis ã o h is tór ica s ob re
a con s tru çã o d os con ceitos d o Au tis m o In fa n til e d a s ín d rom e d e As p erger.
Rev Soc Bra s Fon oa u d iol 2 0 0 8 ; 1 3 (3 ):2 9 6 -9 .
1 0 . Silva ABB, Ga ia to MB, Reveles LT. Mu n d o s in gu la r: En ten d a o a u tis m o.
Rio d e J a n eiro: Ob jetiva ; 2 0 1 2 .
1 1 . Ed gin J O, Pen n in gton BF. Sp a tia l cogn ition in a u t is m s p ectru m d is ord ers :
Su p erior, im p a ired , or ju s t in ta ct? J Au t is m Dev Dis ord 2 0 0 5 ; 3 5 (6 ):7 2 9 -4 5 .
1 2 . Ozon off S, Rogers SF, Pen n in gton BF. As p erger's s yn d rom e: Evid en ce of
a n em p irica l d is tin ction from h igh -fu n ction in g a u tis m . J Ch ild Ps ych ol Ps y-
ch ia try 1 9 9 1 ; 3 2 (7 ):1 1 0 7 -2 2 .
1 3 . Gola n O, Ba ron -Coh en S, Wh eelwrigh t S, Hill J J . Sys tem izin g em p a th y:

51
Tea ch in g a d u lts with As p er ger s yn d rom e a n d h igh fu n ction in g a u tis m to rec-
ogn ize com p lex em otion s u s in g in tera ctive m u ltim ed ia . Dev Ps ych op a th ol
2 0 0 6 ; 1 8 (2 ):5 9 1 -6 1 7 .
1 4 . Bu tter wor th G, J a rrett N. Wh a t m in d s h a ve in com m on is s p a ce: Sp a cia l
m ech a n is m s s ervin g join t vis u a l a tten t ion in in fa n cy. Brit J Dev Ps ych ol
1 9 9 1 ; 9 :5 5 –7 2 .
1 5 . Wh a len C, Sch ereib m a n L. J oin a tten tion tra in in g for ch ild ren with a u -
tis m u s in g b eh a vior m od ifica tion p roced u res . J Ch ild Ps ych ol Ps ych ia try
2 0 0 3 ; 4 4 (3 ):4 5 6 -6 8 .
1 6 . Bru in s m a Y, Koegel RL, Koegel LK. J oin t a tten tion a n d ch ild ren with a u -
tis m : A review of th e liter a tu re. Men t Reta rd Dev Dis a b il Res Rev 2 0 0 4 ;
1 0 (3 ):1 6 9 -7 5 .
1 7 . Bos a C. Aten çã o com p a rtilh a d a e id en tifica çã o p recoce d o a u tis m o. Ps icol
Reflex Cr ít 2 0 0 2 ; 1 5 (1 ):7 7 -8 8 .
1 8 . Gom es CGS. Au tis m o e en s in o d e h a b ilid a d es a ca d êm ica s : Ad içã o e s u b -
tra çã o. Rev Bra s Ed u c Es p 2 0 0 7 ; 1 3 (3 ):3 4 5 -6 4 .
1 9 . Ca m a rgo SPH, Bos a CA. Com p etên cia s ocia l, in clu s ã o es cola r e a u tis m o:
Revis ã o crítica d a litera tu ra . Ps icol Soc 2 0 0 9 ; 2 (1 ):6 5 -7 4 .
2 0 . Gom es CGS, Men d es E G. Es cola r iza çã o in clu s iva d e a lu n os com a u tis m o
n a Red e Mu n icip a l d e En s in o d e Belo Hor izon te. Rev Bra s Ed u c Es p 2 0 1 0 ;
1 6 (3 ):3 7 5 -9 6 .
2 1 . Syriop ou lou -Delli CK, Ca s s im os DC, Tr ip s ia n is GI, Polych ron op ou lou SA.
Tea ch ers ’ p ercep tion s rega rd in g th e m a n a gem en t of ch ild ren with a u tis m
s p ectru m d is ord ers . J Au tis m Dev Dis ord 2 0 1 2 ; 4 2 (5 ):7 5 5 -6 8 .
2 2 . Lova a s OI, Sch reib m a n L, Koegel R, Reh m R. Selective res p on d in g b y
a u tis tic ch ild ren to m u ltip le s en s ory in p u t. J Ab n orm Ps ych ol 1 9 7 1 ;
7 7 (3 ):2 1 1 -2 2 1 .
2 3 . Lova a s OI. Beh a viora l trea tm en t a n d n orm a l ed u ca tion a l a n d in tellectu a l
fu n ction in g in you n g a u tis tic ch ild ren . J Con s u lt Clin Ps ych ol 1 9 8 7 ; 5 5 (1 ):3 -
9.
2 4 . Lova a s I. Th e d evelop m en t of a trea tm en t-res ea rch p roject for d evelop -
m en ta lly d is a b led a n d a u tis tic ch ild ren . J Ap p l Beh a v An a l 1 9 9 3 ; 2 6 (4 ):6 1 7 -
30.
2 5 . Ba ga iolo L, Gu ilh a rd i C, Rom a n o C. An á lis e Ap lica d a d o Com p orta m en to.
In : Sch wa rtzm a n J S, Ara ú jo CA. Tra n s torn os d o E s p ectro d o Au tis m o. Sã o
Pa u lo: Mem n on ; 2 0 1 1 .
2 6 . Ma rtin G, Pea r J . Mod ifica çã o d o com p orta m en to: O qu e fa zer e com o
fa zer. Sã o Pa u lo: Roca ; 2 0 0 9 .
2 7 . Lea r K. Help u s lea rn : A s elf-p a ced tra in in g p rogra m for ABA. Pa rt I:
Tra in in g m a n u a l. 2 . ed . Tor on to: Pu b lis h er K. Lea r; 2 0 0 4 .
2 8 . Win n er MG. Th in k in g a b ou t you , th in k in g a b ou t m e. 2 . ed . Lon d on /
New Yor k : J es s ica Kin gs ley Pu b lis h er s ; 2 0 0 7 .

52

Você também pode gostar