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16h OT – E (206)
20h OT – F (210)
27 fev a 04 mar Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Direitos da Personalidade | Capacidade Jurídica (Menor, Maior Acompanhado)
3 a 9 abr PÁSCOA
15 a 20 mai Título III - Capítulo II Prestações / Capítulo III Outros possíveis objetos / Capítulo IV - A representação
“As dificuldades de distinção … não são… inultrapassáveis, desde que se abandone a técnica da
classificação dicotómica e se adote um modo de qualificação polar” - PPV/PLPV (9)
“vertente pessoal, a componente individual, particular, “vertente comunitária, a componente social, coletiva,
privada, relativa às pessoas comuns e aos seus interesses, estatal, relativa à comunidade e ao bem comum, de todos
num modo de relacionamento em princípio paritário” - ou da maioria, ou dos interesses que ao Estado cabe
PPV/PLPV (9) prosseguir assistido de poderes de autoridade e de modo
sobre-ordenado” - PPV/PLPV (9)
Tutela dos interesses particulares Tutela dos interesses públicos
Direito do Trabalho Direito Privado (ex.: limitações a autonomia privada no contrato de trabalho)
Direito Civil --» componente privada é dominante mas não exclusiva (“interesse e ordem pública”)
“o Direito Civil constitui o cerne fundamental do Direito Privado. É no seu âmbito que se
concentram os princípios, institutos e regulações que são comuns ao sub-ramos do Direito
Privado e que constituem os próprios fundamentos do Direito Privado, entendido como o
direito das pessoas comuns” - PPV/PLPV
Pessoas
Criado PELAS Pessoas e PARA as Pessoas
Ações
Comportamentos e Finalidades – Sociedade não é inerte
Bens
Satisfação de necessidades e vontades
“pode-se detectar uma série de princípios
1. O Personalismo Ético fundamentais do actual direito civil. esses
princípios formam a ossatura do direito civil,
2. O princípio da autonomia
sustentando as normas que os desenvolvem e
3. O princípio da responsabilidade danto-lhes um sentido e uma função... Esses
princípios jurídicos oferecem-nos assim os traços
4. O princípio da confiança e da aparência fundamentais do sistema do direito civil, na
5. O princípio da boa fé medida em que modelam o conteúdo do direito
vigente, penetrando e cimentando os seus
6. O princípio da paridade jurídica elementos normativos” - CAMP (96)
7. O princípio da equivalência
8. O reconhecimento da propriedade e a sua função
9. O respeito pela família e pela sucessão por morte
Artigo 66.º
Pessoa ≠ Ser Humano
Começo da personalidade
(Pessoa propriamente dita, organização de pessoas, conjunto de 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
bens --» personalidade jurídica) 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.
FUNDAMENTAÇÃO:
Também Geraldo Rocha Ribeiro, a este propósito afirma que “a ordem jurídica assenta, pois, no personalismo ético que reconhece liberdade
para a autodeterminação individual e responsável da pessoa (ou seja, reconhecer a dignidade da pessoa humana é consagrar a sua
autodeterminação e consequente responsabilidade). A imposição de limites por parte do Estado a estas dimensões essenciais da ordem jurídica é
admissível apenas a título excepcional e por necessidade de protecção de interesses jurídicos superiores ou equivalentes. Reconhece-se à
pessoa a liberdade real e jurídica de conformar a sua vida e gerir os seus interesses, não podendo o Estado, por isso, impor arbitrariamente um
paternalismo anacrónico e redutor da essência humana (…) Estas considerações implicam que o princípio da dignidade da pessoa humana seja
centrado a partir da perspectiva da pessoa e que nela se desenvolva e se materialize, recusando-se qualquer imposição ou determinação
exógena, quer pelo Estado, quer por terceiros. A cada ser humano deverá ser reservada a competência para definir e conformar a sua própria
vida, o que implica uma realização inevitavelmente circunstancial deste princípio, quanto à definição e materialização do seu concreto conteúdo.
Não pode, por isso, o Estado assumir uma função paternalista e impor uma protecção não querida pelo próprio
FUNDAMENTAÇÃO DA ILICITUDE:
Quando tal se revele inviável, num sistema jurídico assente, como é o caso do ora vigente, em lei fundamental
centrada no primado da dignidade da pessoa humana, em que não será difícil descortinar um personalismo ético
que exige o reconhecimento de cada pessoa como sujeito (de direitos fundamentais) e a sua protecção enquanto tal,
a colisão desses direitos deve, em princípio, resolver-se pela prevalência daquele direito de personalidade (nº2 do
art. 335º, do CC) (...) Só assim não deverá ser quando, em concreto, concorram circunstâncias susceptíveis de, à luz
de bem entendido interesse público, justificar a adequação da solução oposta: sempre, então, também, ilícito o
excesso, se exigindo o respeito por um princípio, não apenas de verdade, necessidade e adequação, mas também
de proporcionalidade (ou razoabilidade)”.
Não é absoluta!
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/ea5081c0eece5aca80257e4c0037d20a?OpenDocument
FUNDAMENTAÇÃO:
O princípio da autonomia da vontade não é absoluto, sendo que, os direitos fundamentais não podem, em caso algum, ser postos em causa
pela execução de um contrato, razão pela qual, sempre que de demonstrem factores dos quais se fora inferir a denegação a alguém do acesso
de á justiça arbitral (a que voluntariamente e de acordo com o seu poder de autodeterminação se submeteu), deverá então sobrepor-se de novo
o dever do Estado de a todos garantir o acesso à justiça, uma vez que a sua afirmação suplanta a autonomia privada contida na convenção
arbitral.
Como evidente decorre, assim, que, sendo a arbitragem uma forma de acesso à justiça, tal como o são os tribunais estaduais, quando o
cumprimento da cláusula compromissória possa implicar o absoluto comprometimento da concretização do valor fundamental do nosso
ordenamento, em que consiste o acesso à justiça, deverá ser excluída a sua aplicação, pois, em nenhuma situação, a execução dum contrato
pode significar a negação desse valor.
Responsabilidade Civil –-» Caráter Ressarcitório (*função punitiva da indemnização para impedir que o autor
da lesão persista – é uma solução recente, autores como PPV/PLPV (18) defendem ser aplicados somente
nos casos conexos com o processo criminal)
“punitive damages”
“skimming off”
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt enriquecimento sem causa
Resp. Civil Resp. Penal/Criminal
Legislação Código Civil – 483.º ss | 798.º ss Código Penal /Processo Penal
Esfera Direito Civil, Direito Privado Direito Penal, Direito Público
Inimputável também – a partir dos
Responsabilidade Maior de Idade (exceções do 127.º CC)
7 anos (488.º n.º2)
Defesa da ordem social (caráter público
Interesse Pessoa lesada (caráter privado)
e indisponível)
Prevenção Geral e Especial –
Finalidade Restituição dos interesses lesado
Intimidação e Reeducação
5 pressupostos
-Facto Voluntário
-Ilicitude 5 pressupostos
Factos ilícitos - 483.º -Facto Voluntário
Violação dos direitos absolutos -Ilicitude
Responsabilidade Violação de regras de proteção de Não cumprimento definitivo
Subjetiva interesses alheios
Abuso de direito Atraso no cumprimento
Casos Especiais – 334.º, 484.º a 486.º Cumprimento defeituoso
Responsabilidade
Objetiva Risco – 499.º (sem culpa) -Culpa (presumida)
Factos lícitos - 339.º n.º2; 1348.º n.º2, 1367.º etc. -Danos (patrimoniais e não patrimoniais)
-Culpa -Nexo de Causalidade
-Danos (patrimoniais e não patrimoniais)
-Nexo de Causalidade
Obrigação de Indemnizar – 562.º
Reconstituição natural | Dinheiro
Responsabilidade Inimputável também – a partir dos 7 anos (488.º n.º2 CC) Ter capacidade de direito (exceções do 123.º, 127.º, 139.º e 156.º CC)
Cabe ao lesado provar a existência do dano e da relação direta entre facto e o Basta provar a existência da relação e a violação, cabendo a outra parte ilidir a culpa -
Regime de Provas dano, assim como a culpa (art. 487.º n.º1 CC – concretização do art. 342.º CC). Presume-se a culpa do devedor/lesante. Isso é cabe ao lesante provar que não agiu de forma
*(Presunção legal de culpa art. 491º , 492.º n.º1, 493.º e 503º n.º3 CC). censurável (art. 799.º, n.º 1 e n.º2 do art. 350.º CC).
Responsabilidade do comitente (art. 500.º e 497.º CC) Responsabilidade do Devedor (art. 800.º CC) – possibilidade de previamente excluir u
Responsabilidade por fato de terceiro
limitar a responsabilidade
Obrigação de Indemnizar Prevista no art. 562.º ss CC Prevista no art. 562.º ss CC
Cabe compensação por não danos
Sim - art. 496.º CC Sim - art. 496.º do CC
patrimoniais
Momento de constituição de mora Desde a citação - art. 805.º n.º 3 segunda parte CC Diversas situações - art. 805.º n.º 1, 2 e 3 na primeira parte CC
Foro Competente Local onde facto ocorreu – art. 71.º n.º2 CPC Domicílio do Réu – art. 71.º n.º1 CPC
Termos Lesado e o agente ou lesante. Credor e devedor
“o princípio da boa fé se ajusta a – contribui para – uma visão do direito em conformidade com a que subjaz ao Estado de
Direitos Social dos nossos dias, intervencionista e preocupado por corrigir os desequilíbrios e injustiças, para lá das meras
justificações formais" - PMP (124)
Subjetiva ou Objetiva --» são perspetivas de análise
“tem em vista a situação de quem julga a atuar em conformidade “constitui uma regra deconduta segundo a qual os
com o direito, por desconhecer ou ignorar, designadamente, contraentes devem agir de modo honesto, correcto e leal,
qualquer vício ou circunstância anterior” – CAMP (125) não só impedindo assim comportamentos desleais como
impondo deveres de colaboração entre eles.” – CAMP (125)
243.º n.º2 "a boa fé consiste na ignorância da simulação"
291.º n.º3 "desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou 227.º n.º1 "regras da boa fé"
anulável" 239.º "ditames da boa fé"
612.º má fé como "la consciência do prejuízo que o ato causa ao 334.º "limites impostos pela boa fé"
credor"
437.º n.º1 "princípios da boa fé"
1260.º n.º1 posse de boa fé quando "quando o possuidor ignorava, ao
adquiri-la, que lesava direito de outrem" Tutela da Confiança
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“as partes, no contrato, devem ter assegurada uma posição paritária, quer na negociação, quer na
celebração, quer no desenvolver da relação contratual. Do mesmo modo, deve ser respeitada a
igualdade dos cônjuges no casamentos e dos filhos na filiação, e bem assim a não discriminação
dos sócios na sociedade ou dos consortes na compropriedade” - PPV/PLPV (26)
Artigo 237.º
Casos duvidosos
Em caso de dúvida sobre o sentido da declaração, prevalece, nos negócios gratuitos, o menos gravoso para o disponente e, nos onerosos, o que
conduzir ao maior equilíbrio das prestações.
Artigo 1305.º
Propriedade das coisas
O proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem, dentro dos limites da lei e com observância das restrições por ela impostas.
“A família tem evoluído, nas suas regras internas, não por imposição da Lei, mas sim de acordo com a evolução das conceções
éticas, culturais e sociais dominantes – «entia moralia» - que fazem parte da Lei Natural, da Natureza das Coisas. Na legislação e
na aplicação do Direito Civil da Família deve haver um particular cuidado em não ofender as regras institucionais que lhe são
próprias e uma consciência clara do papel institucionalmente subsidiário da Lei neste domínio.” - PPV/PLPV (32)
Artigo 36.º
Família, casamento e filiação
1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.
2. A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e da sua dissolução, por morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.
3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos.
4. Os filhos nascidos fora do casamento não podem, por esse motivo, ser objeto de qualquer discriminação e a lei ou as repartições oficiais não podem usar
designações discriminatórias relativas à filiação.
5. Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos.
6. Os filhos não podem ser separados dos pais, salvo quando estes não cumpram os seus deveres fundamentais para com eles e sempre mediante decisão judicial.
7. A adoção é regulada e protegida nos termos da lei, a qual deve estabelecer formas céleres para a respetiva tramitação.
Destino das coisas (excluída da sucessão as relações pessoais) após a morte --» distribuição do espólio pela família e de acordo coma última vontade do falecido
2133.º – quando o autor da Cônjuges, descendentes e os ascendentes – 1874.º Testamento – 2179.º ss. Contrato (Doação) 2028.º e 1700.º ss.
sucessão não se manifesta e 2157.º
previamente sobre a atribuição dos Benefício a certos sucessores – Herdeiros
seus bens Legitimários (“conservar no seio da família um
património para o qual todos contribuíram;
(Inclui o Estado – não numa ideia assegurar a permanência e coesão do agregado
de socialização da propriedade mas familiar e o cumprimento do dever de assistência
sim com a finalidade de não haver recíproca (arts. 1874.º e 2009.º CC” – RLX (31))
bens no abandono)
Quota Indisponível (legítima) – o autor da sucessão Liberalidade (inter vivos ou mortis causa) limitada a 1/3, ½ ou 2/3 da
não pode dispor – 2156.º herança (2158.º - 1262.º) conforme herdeiros legitimários
Inclui bens deixados e bens doados (“restituição
fictícia dos bens doados”)
Há tributação em sede de Imposto Não há tributação em sede de Imposto de Selo Há tributação em sede de Imposto de Selo (*exceto o unido de facto
de Selo sobrevivo que tenha sido designado como sucessor testamentário)
(ex.: irmãos, primos, tios,
sobrinhos…)
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http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/-/6E40177A3D076F1E80257DCE005194DF
“uma relação jurídica quando ao(s) direito(s) de um (sujeito) ou ao(s) de vários sujeitos corresponde
uma obrigação de respeitar este(s) direito(s) por parte de outros(s) sujeito(s), seja(m) este(s)
último(s) determinado(s) ou não” – EEH/ESMS (171)
Relação Jurídica --» atribuição de direitos subjetivos (resultam em obrigações)
Relação Virtual --» como está regulamentado na lei Relação Real --» “as regras da relação em sentido abstrato
ganham vida num caso concreto” EEH/ESMS (173)
Pessoas/Objetos determinados
Ex.: Normas que regulam o contrato de arrendamento Ex.: A relação entre o inquilino A e o senhorio B
Facto jurídico corresponde a um dever jurídico ou Facto jurídico resulta numa pluralidade de direitos e
sujeição obrigações
Ex.: comodato / obrigação de restituir Ex.: contrato de compra e venda
“a relação constitui a matéria ou objecto regulado” EEH/ESMS (175) “designa o conjunto de preceitos legais relativamente às
"A relação jurídica é pois a matéria sobre que incide a regulamentação" - relações jurídicas de um determinado tipo” EEH/ESMS (175)
CAMP (178)
Direitos potestativos constitutivos - ato unilateral do seu titular – ex.: constituição de servidão de passagem em benefício de prédio
encravado (1550.º)
Direitos potestativos modificativos - simples modificação numa relação jurídica existente e que continuará a existir - ex. mudança
da servidão para outro sítio (1568.º)
Direitos potestativos extintivos - extinguem uma relação jurídica ex.: direito de obter o divórcio (1773.º)
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RELAÇÃO JURÍDICA SIMPLES
Sujeito Ativo?
Sujeito Passivo?
Objeto Imediato?
Facto jurídico?
Garantia?
Capítulo I – As
As Pessoas Capítulo II – As
pessoas coletivas
QUALIDADE de ser Pessoa
“A personalidade jurídica costuma ser definida formalmente como a suscetibilidade de direitos e
obrigações ou titularidade, ou de ser sujeito de direitos e obrigações ou de situações jurídicas.
Pessoa jurídica é então, nesta perspectiva, todo o centro de imputação de situações jurídicas ativas
ou passivas, de direito ou de obrigações” - PPV/PLPV (37)
“O nascituro não é, pois, objeto do direito. Como pessoa humana viva, o nascituro é pessoa jurídica” - PPV/PLPV (78)
“A personalidade jurídica das pessoas humanas tem início concomitantemente com o início da sua vida e existência enquanto pessoas” - PPV/PLPV (79)
“Se houver nascimento com vida, a pessoa continua a vida e a personalidade jurídica que já tinha, a sua capacidade de gozo torna-
se genérica, com as limitações apenas de natureza humana e aquelas que a lei estabelece, e fica numa situação de incapacidade de
exercício geral, como menor” - PPV/PLPV (80)
“É incontestável que o nascituro tem vida e substância humana desde a conceção” - PPV/PLPV (85)
PRIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA – não tem verdadeiramente personalidade (no caso da sucessão é uma expectativa ao futuro chamamento)
DIAS MARQUES – não tem personalidade, mas ao nascer há uma retroação dos direitos e consequentemente da personalidade jurídica
MOTA PINTO – considera direitos sem sujeitos aqueles atribuídos por doação ou herança a nascituro – mas admite indemnizações em caso de wrongful actions
GALVÃO TELLES – é um ser vivo, carece de proteção jurídica, mas não tem personalidade jurídica
CARVALHO FERNANDES – direitos sem sujeito, ao nascer adquire os direitos (sem retroação)
HÖSTER – não admite personalidade jurídica ao nascituro, somente com nascimento (aceita indemnização em casos de wrongful actions)
MENEZES CORDEIRO – considera que o artigo 66.º n.º1 deveria ser alterado, e haver personalidade jurídica desde a conceção
PAULO OTERO – início da personalidade jurídica deveria coincidir com o início científico da vida -» reconhecimento de uma personalidade jurídica pré-natal
LEITE CAMPOS – “«o ser humano concebido não é menos pessoa que o já nascido»” - PPV/PLPV (85)
Aqui deve-se interpretar que a doação é feita mediante uma condição suspensiva – a
conceção.
Se houver conceção --» o bem ou direito doado entram na titularidade do nascituro
E se não houver conceção? --» A doação caduca nos termos do artigo 275.º n.º1
E se o nascituro morrer antes de nascer? --» A doação caduca com eficácia retroativa
(como se o bem nunca tivesse deixado a titularidade do doador)
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Artigo 2033.º
Princípios Gerais
1 - Têm capacidade sucessória, além do Estado, todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão, não excetuadas por lei, bem
como as pessoas concebidas, nos termos da lei, no quadro de um procedimento de inseminação post mortem.
2. Na sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade:
a) Os nascituros não concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da abertura da sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades.
NASCITURO CONCENTURO
Sucessão Pode ser chamado na Sucessão Legítima e Está limitado a Sucessão Testamentária e Contratual
Legitimária
Doação Pode haver doação ao Nascituro Doação sob condição suspensiva da conceção ou
nascimento
Administração dos 1878.º n.º1 – Cabe aos pais -
bens doados 2237.º n.º2 – regime de administração enquanto não
há o nascimento 2237.º n.º2 – regime de administração enquanto não
Herança ou 2240.º n.º2 - administração “compete a quem há a conceção/nascimento
Legado administraria os seus bens se ele já tivesse nascido”
2240.º n.º 1 – Ao Pai/Mãe - “esta pessoa ou, se ela
for incapaz, ao seu representante legal”
Jahi McMath Seus pais defenderam manutenção do suporte vital – em 20 de dezembro de 2013 apresentaram ação judicial no
Tribunal Superior do Condado de Alameda.
13´
Após 4 dias, o pedido dos pais foi negado (avaliação pericial confirmou a morte encefálica).
Em 30 de dezembro de 2013, a família apelou da decisão para o Segundo Distrito, os Tribunais de Recurso da
Califórnia e o Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte da Califórnia.
Mãe defendeu que a Lei de Determinação da Morte violava os direitos religiosos e constitucionais, afetando a
privacidade.
Em 3 de janeiro de 2014, foi emitido certificado de óbito oficial com data de óbito indicada em 12 de dezembro de 2013,
faltando a determinação da morte (ausência de autópsia).
Hospital deu custódia a mãe (com ventilador e linhas de líquidos intravenosos, mas não efetuou a trasqueotomia).
A família moveu a menina para um local não revelado onde uma traqueostomia foi realizada e um tubo de alimentação
foi inserido.
Em março de 2015, a família apresentou ação de negligência contra o Children's Hospital Oakland e contra o cirurgião
que realizou a cirurgia de McMath (sangramento, demora no atendimento, pressão para doação de órgãos,)
Em 25 setembro de 2016 – Publicação de um vídeo “Jahi taking breaths on her own. Glory to God. Always trust your
instincts when it comes to your children, but above all TRUST GOD.”
Dr. Alan Shewmon, um renomado neurologista pediátrico da UCLA, declarou a menina viva em 29 de junho de 2017
(vídeos)
Ex.: Casal que sofre acidente, não sendo possível identificar quem faleceu antes, considera-
se que nenhum sobreviveu ao outro, e por isso nenhum deles entra na sucessão do outro --»
nos termos do artigo 350.º n.º2 pode ser ilidida a comoriência.
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CASO 1 CASO 2
X e Y são vítimas de acidente de Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
trânsito, vindo a falecer em decorrência podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu os outros,
do evento. Nos termos do Código Civil, presumir-se-ão mortos primeiro os mais velhos e depois os mais
se dois ou mais indivíduos falecerem na novos.
mesma ocasião, não se podendo
averiguar a precedência de algum dos Certo Errado
falecimentos, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. Trata-se do
instituto da: CASO 3 - RLX (52)
Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra
pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou
reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que
não permitam duvidar da morte dela.
http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
?OpenDocument
“A existência de uma massa de bens carente de administração, na titularidade de alguém que desapareceu e se não sabe se está vivo ou morto,
constitui fator de perturbação e de potencial perigo. Perigo para os bens do ausente, que estão por administrar e a mercê das cobiças alheias, e
perigo para a paz pública que pode ser perturbada por apetências ou cobiças eventualmente geradoras de conflito.” - PPV/PLPV (108)
Artigo 71.º
Ofensas a pessoas já falecidas
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de protecção depois da morte do respectivo titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências previstas no n.º 2 do artigo anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer descendente,
ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido.
3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, só as pessoas que o deveriam prestar têm legitimidade, conjunta ou separadamente, para
requerer providências a que o número anterior se refere
“O cadáver é o corpo humano sem vida … O cadáver já não é pessoa. Mas também não é uma coisa, no sentido jurídico do artigo
202.º do Código Civil” - PPV/PLPV (91)
Código Penal
Artigo 253.º
Impedimento ou perturbação de cerimónia fúnebre
Quem, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, impedir ou perturbar a realização de cortejo ou de cerimónia fúnebre, é punido com pena de prisão até 1 ano
ou com pena de multa até 120 dias.
Artigo 254.º
Profanação de cadáver ou de lugar fúnebre
1 - Quem:
a) Sem autorização de quem de direito, subtrair, destruir ou ocultar cadáver ou parte dele, ou cinzas de pessoa falecida;
b) Profanar cadáver ou parte dele, ou cinzas de pessoa falecida, praticando actos ofensivos do respeito devido aos mortos; ou
c) Profanar lugar onde repousa pessoa falecida ou monumento aí erigido em sua memória, praticando actos ofensivos do respeito devido aos mortos;
é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias.
2 - A tentativa é punível.
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https://observador.pt/especiais/como-se-mantem-vivo-um-bebe-na-barriga-de-uma-mulher-em-morte-cerebral/
Cadáver vai desaparecer e por isso o uso não afeta dignidade e sacralidade se for utilizado para cura e
alívio de outro ou para desenvolvimento do conhecimento da ciência.
Algumas questões:
Artigo 70.º
Tutela geral da personalidade
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso,
com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.
Estado deve proteger a dignidade de cada pessoa, mas cada pessoa deve exigir o respeito de sua
personalidade
Direito Objetivo da Personalidade Direito Subjetivo da Personalidade
Regulação jurídica relativa à defesa da personalidade Direito de defender a dignidade própria personalidade
Defesa da globalidade da espécie humana. Defesa individual – podendo prescindir da sua defesa, ou dispor (gratuitamente ou
onerosamente)
“basta” a participação à entidade competente sobre a violação para que reaja e
faça cessar a violação por atuação administrativa ou policial (ex.: constituir crime) Tem de exercer direta e livremente, não adianta ficar a espera do Estado.
Artigos 24.º, 25.º, 26.º CRP Direito ao nome ou à privacidade (Código Civil)
Imposição do próprio legislador, não cabendo ao Estado legislar sobre estas
matérias.
Direito Indisponível, encontra-se no campo da Heteronomia Direito disponível (limitado pelo direito objetivo da personalidade)
Para além da Responsabilidade civil e criminal, Processo próprio 878.º a 880.º CPC
Personalidade cessou com a morte, o que está em causa é a memória do falecido – regime próprio, não sendo aplicável o n.º do artigo 70.º
Para PPV/PLPV – 71.º n.º2 aparenta limitar as providências do n.º2 do 70.º. Mas é passível aplicar o n.º1 do 70 conjugada com 483.º para
aplicação da responsabilidade civil extracontratual
Direito Objetivo --» respeito pelos mortos
Direito Subjetivo --» titularidades das pessoas vivas a tutela do respeito devido aos seus mortos
Artigo 280.º
Requisitos do objeto negocial
1. É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário à lei ou indeterminável.
2. É nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes.
Autonomia privada limitada pela ordem pública, contrariedades à lei e aos bons costumes.
Sempre revogáveis (cabe indemnização pela frustração da expectativa e não por um direito subjetivo da outra parte)
Revogação unilateral, pelo detentor dos direitos de personalidade (não pode nunca perder definitivamente o controlo)
Comum a limitação do direito de personalidade voluntária --» domínio da publicidade | forças armadas | experimentos científicos
Controverso nos casos de experiências médicas e científicas mas necessárias para o bem comum.
Mais controverso são casos de aviltamento público da dignidade de pessoas em meios de comunicação social… a ganância material
como fator para se aceitar (considerar lícita) certas ofensas à dignidade é controverso (“vida não pode ser trocada por dinheiro”)
Direito à privacidade
Direito à identidade pessoal e ao nome
Direito à imagem
Artigo 70.º
Tutela geral da personalidade
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso,
com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.
Desafios:
Condições de ilicitude do aborto (142.º interrupção da gravidez não punível | descriminalização)
Definição legal da morte
Prolongamento da vida com recurso de suporte vital artificias
Interrupção da vida meramente vegetativa artificialmente suportada
“Este regime parece-nos incompatível com o direito à vida do filho ainda não nascido, com direito do pai à paternidade e com o princípio da igualdades do pai e mãe” - PPV/PLPV (63)
Morte
Medicamente
Distanásia Eutanásia Assistida
(Suicídio Assistido)
Ortotanásia Mistanásia
http://www.scott-morgan.com/blog/
1969 Living Will”, Advogado Louis Kutner (Sociedade Americana
Pró Eutanásia)
1970 Outros documentos – “Advanced Directives”
15/04/1975 Karen Ann Quinlan
31/03/1976 New Jersey Supreme Court: DIREITO à
Karen Ann
Quinlan PRIVACIDADE
29 de março de 1976 Estado da Califórnia - Natural Death Act
1954 - 11 de junho
de 1985 1990 Caso Nancy Cruzan – Supreme Court
1991 Patient SelfDetermination Act (PSDA)
Declaração
Diretiva Médica/ Instruções
Antecipada de
para Médicos prévias (ESP)
Tratamento
d) «Obstinação diagnóstica e terapêutica» os procedimentos diagnósticos e terapêuticos que são desproporcionados e fúteis, no contexto global
de cada doente, sem que daí advenha qualquer benefício para o mesmo, e que podem, por si próprios, causar sofrimento acrescido;
Caso de Barulho / Ruído --» que impeçam o sono, violam o direito da personalidade,
impedem o direito ao repouso (mesmo que não ultrapasse os limites fixados em lei)
Apesar do Regulamento fixar limites --» não há um direito a fazer ruído, nem é lícito
impedir o repouso alheio, por isso direito de personalidade prevalece perante o
regulamento.
Artigo 335.º
Colisão de direitos
1.Havendo colisão de direitos iguais ou da mesma espécie, devem os titulares
ceder na medida do necessário para que todos produzam igualmente o seu
efeito, sem maior detrimento para qualquer das partes.
2. Se os direitos forem desiguais ou de espécie diferente, prevalece o que
deva considerar-se superior.
DESONRA – perda de respeito em termos pessoais pode ser maior ou menos do quem em termos sociais.
*Divergência no gravame à honra --» uma pessoa pode ser eticamente mais exigente que outra, ou menos
exigente que a sociedade.
Direito de imprensa não sobreleva o direito à honra (apesar de ambos estarem consagrados no
rol de direitos, liberdades e garantias da CRP), como direito de personalidade é
hierarquicamente superior.
DESAFIO – figuras públicas (menor tutela da honra e da privacidade).
Nos casos de interesse público da revelação de certos factos ou situações, o direito à honra e
à privacidade não podem impedir a revelação do que for estritamente necessário.
Excluída a ilicitude pelo caráter público do interesse na questão – 180.º n.º2 – buscar o princípio
do mínimo dano.
Casos de “voyeurismo” e curiosidade malsã/doentia --» ilícito (ainda que exista interesse público
se for em excesso)
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Espaço de privacidade em que possa estar à vontade --» “direito de ser deixado em paz”
Rigidez não corresponde à realidade (degraus e não uma rampa | quebra abrupta)– os limites variam de pessoa para pessoa
Identificar não só o que é mais intimo/privado do que aquilo, e que esta pessoa é mais intima do que aquela.
Artigo 67.º
Capacidade jurídica Capacidade Jurídica
As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo ≠
disposição legal em contrário: nisto consiste a sua capacidade jurídica.
Personalidade Jurídica
“é a suscetibilidade de ser titular de direitos, de situações jurídicas” - PPV/PLPV (94) “é a suscetibilidade que a pessoa tem de exercer pessoal e livremente os direitos e cumprir as
obrigações que estão na sua titularidade, se a intermediação de um representante legal ou
consentimento de um assistente” - PPV/PLPV (95)
Pessoa pode ter capacidade de gozo mas não ter capacidade de exercício.
“não podem atuar no Direito a não ser por intermédio de representantes
Menores (atentar as exceções -124.º e 127.º) legais, ou estão sujeitos, na sua atuação jurídica, à autorização e
*Maiores acompanhados – Lei n.º 49/2018 de 14 de agosto vigilância dos pais ou dos acompanhantes” - PPV/PLPV (95)
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Caso de ausência de capacidade de gozo:
Menor de 16 anos –» impedimento absoluto para casamento - artigo 1601.º alínea c)
Caso de ausência de capacidade de exercício:
Menor entre 16 e 18 anos –» depende de autorização dos pais – artigo 1612.º n.º 1
Se Casamento ocorre sem o suprimento do consentimento dos pais ou tutor (ou sem
suprimento judicial), continua ser considerado menor, e por isso a administração dos
seus bens pelos seus pais/tutor/administrador judicial – artigo 1649.º
Capacidade Legitimidade
SITUACIONAL RELACIONAL
Abstrata – podemos ser titulares ou Concreta - diante de um concreto ato
podemos exercer jurídico
“é a suscetibilidade de ser titular de direitos, de “é a particular posição da pessoa perante um
situações jurídicas” - PPV/PLPV (94) concreto interesse ou situação jurídica que lhe
permite agir sobre eles.” - PPV/PLPV (97)
“Em alguns casos a pessoa que pretende agir não tem legitimidade porque não é titular de uma situação jurídica que possibilite
essa atuação, sendo que essa falta de titularidade pode decorrer de uma incapacidade de gozo. Não tendo capacidade de gozo,
não é titular, e sem ser titular não terá legitimidade” - PPV/PLPV (100)
Personalidade
Jurídica
Pessoa está obrigada em consequência dos factos
ilícitos (*risco) que cometeu.
Capacidade
Jurídica
Capacidade negocial está para a
Responsabilidade Contratual assim como a
Capacidade Delitual está para a Responsabilidade Capacidade de Capacidade
agir Delitual
Extracontratual.
MENORES
MAIORES ACOMPANHADOS
Artigo 123.º
Artigo 122.º Incapacidade dos menores
Menores Salvo disposição em contrário, os menores carecem de capacidade para o
É menor quem não tiver ainda completado dezoito anos de idade. exercício de direitos.
“eles não estão habilitados a reger a sua pessoa (incapacidade de praticar actos pessoais) e a dispor dos seus bens (incapacidade para realizar
negócios jurídicos patrimoniais) e não tem capacidade para adquirir direitos ou assumir obrigações por ato próprio (ou por meio de um
representante voluntário) - HEH/ESMS (349)
Responsabilidades Parenta
REPRESENTAÇÃO
Artigo 124.º Outra pessoa age pelo incapaz (designada pela lei ou
Responsabilidades parentais Suprimento da incapacidade dos menores entidade), com inteira independência, mas as vezes precisando
A incapacidade dos menores é suprida pelo de autorização de outra entidade
poder paternal e, subsidiariamente, pela ASSISTENCIA
tutela, conforme se dispõe nos lugares Incapaz pode agir ele mesmo, mas depende do consentimento
respectivos. de certa pessoa ou entidade para validar os respetivos
negócios
SUPRIMENTO
Responsabilidades Parentais Tutela Administração de bens
Artigo 1971.º
Direitos e deveres do administrador
Artigo 1938.º
1. No âmbito da sua administração, o administrador tem os
Actos dependentes de autorização do tribunal
1 - O tutor, como representante do pupilo, necessita de autorização do tribunal:
direitos e deveres do tutor.
a) Para praticar qualquer dos actos mencionados no n.º 1 do artigo 1889.º; 2. O administrador é o representante legal do menor nos actos
b) Para adquirir bens, móveis ou imóveis, como aplicação de capitais do menor; relativos aos bens cuja administração lhe pertença.
c) Para aceitar herança, doação ou legado, ou convencionar partilha extrajudicial; 3. O administrador deve abonar aos pais ou tutor, por força dos
d) Para contrair ou solver obrigações, salvo quando respeitem a alimentos do menor ou se mostrem rendimentos dos bens, as importâncias necessárias aos alimentos
necessárias à administração do seu património; do menor.
e) Para intentar acções, salvas as destinadas à cobrança de prestações periódicas e aquelas cuja demora 4. As divergências entre o administrador e os pais ou tutor são
possa causar prejuízo; decididas pelo tribunal de menores, ouvido o conselho de
f) Para continuar a exploração do estabelecimento comercial ou industrial que o menor haja recebido família, se o houver.
por sucessão ou doação.
2. O tribunal não concederá a autorização que lhe seja pedida sem prèviamente ouvir o conselho de
família.
3. O disposto no n.º 1 não prejudica o que é especialmente determinado em relação aos actos
praticados em processo de inventário.
Artigo 253.º
Artigo 126.º PIRES LIMA / ANTUNES VARELA e HÖSTER – o dolo
Dolo do menor
Dolo
1. Entende-se por dolo qualquer
Não tem o direito de invocar a não impede que o representante legal peça a
sugestão ou artifício que alguém anulabilidade o menor que para anulabilidade (mas os herdeiros já não poderiam)
empregue com a intenção ou praticar o acto tenha usado de
consciência de induzir ou manter em dolo com o fim de se fazer CARVALHO FERNANDES - considera ser aplicável a
erro o autor da declaração, bem como passar por maior ou
a dissimulação, pelo declaratário ou emancipado. todos que teriam legitimidade.
terceiro, do erro do declarante.
Menoridade não releva para o caso de ERRO
2. Não constituem dolo ilícito as Atentar ao 764.º n.º2
sobre a pessoa -» 251.º e 247.º
sugestões ou artifícios usuais,
considerados legítimos segundo as Dolo em relação a idade!
concepções dominantes no comércio
jurídico, nem a dissimulação do erro, “Se é eticamente insustentável a posição do menor que, depois de enganar a outra parte fazendo-se crer que é maior, vem
quando nenhum dever de elucidar o invocar a sua própria menoridade para anular o negócio, também é demasiadamente inseguro e nocivo para o exercício
declarante resulte da lei, de
jurídico, e injusto para a outra parte, permitir a anulação nessas condições.” - PPV/PLPV (124)
estipulação negocial ou daquelas
concepções.
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Artigo 125.º
Anulabilidade dos actos dos menores
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 287.º, os negócios jurídicos celebrados pelo menor podem ser anulados:
a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor ou do administrador de bens, desde que a acção seja proposta no prazo de um ano a
contar do conhecimento que o requerente haja tido do negócio impugnado, mas nunca depois de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.º;
b) A requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação;
c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alínea anterior.
2. A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a maioridade ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder paternal, tutor
ou administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como representante do menor.
Capacidade para o exercício / maioridade não pode ser avaliada caso a caso
Atos da vida corrente – 127.º n.º1 b) Até um ano após a morte (até um ano após a
Derivados do seu trabalho – 127.º n.º1 a) e c) maioridade), os herdeiros podem arguir a anulação
- 125.º n.º 1 c)
Casamento autorizado emancipa – 132.º
Até a maioridade os responsáveis podem
arguir a anulação - 125.º n.º 1 a) (atentar ao
131.º)
Artigo 138.º
(Pessoas sujeitas a interdição) Artigo 152.º
1. Podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psíquica, (Pessoas sujeitas a inabilitação)
surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens. Podem ser inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-
2. As interdições são aplicáveis a maiores; mas podem ser requeridas e decretadas dentro do ano mudez ou cegueira, embora de carácter permanente, não seja de tal
anterior à maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor se torne modo grave que justifique a sua interdição, assim como aqueles que,
maior. pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas
3. A interdição por anomalia psíquica pode, todavia, ser requerida e decretada a partir dos dezassete ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger
anos do interditando, com os efeitos do número anterior, mas sem prejuízo do disposto no artigo convenientemente o seu património.
2299.º
Maior Autonomia
Impede os pedidos sucessíveis de
parentes – delimita quem pode pedir.
Em causa património
"a lei deixa muito claro que a sua possibilidade de agir e de participar no tráfico jurídico negocial só será restringida na exacta medida da diminuição da sua capacidade
real, a qual deverá ser concretamente atestada em juízo" - HEH/ESMS (373)
Artigo 154.º
Atos do acompanhado Artigo 257.º
1 - Os atos praticados pelo maior acompanhado que não observem as medidas de Incapacidade acidental
acompanhamento decretadas ou a decretar são anuláveis: 1. A declaração negocial feita por quem, devido a qualquer causa, se
a) Quando posteriores ao registo do acompanhamento; encontrava acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela
b) Quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas apenas após a ou não tinha o livre exercício da sua vontade é anulável, desde que o
decisão final e caso se mostrem prejudiciais ao acompanhado. facto seja notório ou conhecido do declaratário.
2 - O prazo dentro do qual a ação de anulação deve ser proposta só começa a contar- 2. O facto é notório, quando uma pessoa de normal diligência o teria
se a partir do registo da sentença. podido notar.
3 - Aos atos anteriores ao anúncio do início do processo aplica-se o regime da Serão inválidos se ficar provado que no ato estava
incapacitado de entender
incapacidade acidental.
Interpretação corretiva do artigo 154.º n.º1 alínea b) --» “quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas antes
do registo da decisão final”
Regime da Incapacidade Acidental – 154.º n.º3 | Aplicável o disposto no 1920.º-B e 1920.º.-C e 1.º
257.º (Legitimidade é de quem está no proc. De n.º1 h) CRC. Enquanto não houver registo, não
maior acompanhado, e o prazo é a partir da pode ser invocado – boa fé. Aplica-se 154.º n.º1
sentença) al. b)
psíquica. Mediante autorização de G, Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente sucessível" (2133.º n.º1 al. b) -
H seu pai, de imediato requereu ação "ascendentes"), ainda mais que possui a autorização do próprio G – 141.º - ainda que G não tivesse
dado autorização poderia a mesma ser suprida pelo tribunal n.º2.
judicial de acompanhamento de O Pai pode ser nomeado acompanhante, seja pela indicação do próprio G (143.º n.º1), mas como não o
maiores. fez, cabe ao tribunal decidir seguindo a ordem de preferência do 143.º n.º2. Como G não tem
cônjuge/unido de facto, aplica-se a al. c) "a qualquer dos pais"
Na pendência da ação (e após
anunciada a sua proposição) G vende Como a decisão indica que os atos de disposição dependem de autorização prévia de H, as vendas
realizadas sem a autorização são consideradas anuláveis - 154.º n.º1 al. a).
a I (produtor de vinho), por metade do
preço, toda a colheita de uva de uma Contudo, as vendas ocorreram durante o processo, antes do registo. E por isso é necessário
vinha que tinha herdado de J, seu tio. verificar se efetivamente serão decretadas medidas de acompanhamento que abranja os atos que estão
em causa (145.º n.º2 al- c)), assim como se foram prejudiciais ou não, para então se avaliar se cabe ou
Dois meses depois, ainda na não a anulação - 154.º n.º1 al. b)
pendência da ação, vende o próprio
Venda das Uvas – Valor abaixo do mercado - após o anúncio do início do processo - 154.º n.º1 al.
terreno da vinha a L pelo preço normal b) - por ser prejudicial, ainda que antes do registo, cabe a sua anulação.
do mercado.
NÃO!
Mais um mês volvido, o tribunal
decreta o acompanhamento de Se a venda das uvas corresponderem a um ato de disposição que, ai sim dependerá de autorização.
maiores em regime de autorização Venda das uvas é um ato de Administração -» não está abrangido pela sentença. Não cabe a anulação,
ainda que tenha sido prejudicial - é considerado um negócio jurídico válido.
prévia para atos de disposição entre
vivos, designado H, na falta de Venda do Terreno – Valor de mercados - após o anúncio do início do processo – Negócio jurídico
aqui é uma disposição de bens entre vivos, portanto, está abrangida pela sentença de G.
escolha de G, acompanhante do seu Como não foi prejudicial a G, não ocorreu após o registo da sentença, ainda que esteja dentro do
filho. âmbito das restrições, o negócio não tem de ser anulável.
1) tinha H legitimidade para requerer a Se as vendas tivessem ocorrido antes do início do processo aplicar-se-ia o regime de incapacidade
acidental – 154.º n.º3 e 257.º - Mas como ocorreram já com o processo em andamento, é necessário
ação judicial de acompanhamento de verificar se houve ou não prejuízos.
maiores? Podia ser designado
acompanhante de G? H, acompanhantes poderá intentar ação de anulação da venda das uvas no prazo de um ano a contar do
registo da sentença - 154.º n.º2
2) É válida a venda das uvas?
3) É válida a venda do terreno?
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de
"o maior impossibilitado, por razões de saúde... de exercer,
plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o
A nascido em 1 de outubro de 2001 viciou-se no
objetivos de "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a
consumo de estupefacientes. 904.º CPC
VENDA DO QUADRO X (abril/19)
Em de maio de 2019, C, seu pai, interpôs uma MENORIDADE 122.º e 123.º! Sem capacidade de exercício para dispor
ação para que viesse a ser decretado o regime
de maior acompanhado do seu filho.
dos seus direitos. Aplica-se o 125.º n.º1, al. A -» Pais (1901.º) podem
requerer a anulação até outubro de 2019.
Em 1 de abril de 2019, A vendera uma quadro INÍCIO DO PROCESSO (maio/19)
valioso que tinha herdado de uma tia, para X. Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente
sucessível" (2133.º n.º1 al. b) - "ascendentes"), ainda que A não
Em 1 de novembro de 2019, A arrendou a J um
apartamento que tinha herdado da mesma tia. O
concordasse, o Tribunal poderia conceder a autorização - 141.º n.º2.
contrato foi feito por três anos. Ainda que fosse menor 142.º
Além do contrato de arrendamento vendeu CONTRATO DE ARRENDAMENTO A J (nov/19)
também um outro quadro valioso que tinha para Ato praticado na pendência da ação. Tratado como menor, 131.º.
J, com preço acima do mercado.
Cabe a anulação por parte dos pais 125.º n.º1 al. A) até a
Em 15 de janeiro de 2020 foi decretado o regime sentença, mesmo que haja maioridade antes!
de maior acompanhado tendo como nomeado C VENDA DO QUADRO A J (nov/19)
seu acompanhante.
Idem
Ficou em sentença que os atos de disposição SENTENÇA (jan/20)
ficariam sujeitos a autorização prévia. A partir da sentença não pode contrariar a decisão (154.º), no
Um mês depois, A vendeu, abaixo do preço, caso a sentença especificou atos de DISPOSIÇÃO!
toda fruta produzida na sua quinta. VENDA DA FRUTA (fev/2020)
Venda da fruta não é um ato de Disposição, e sim de
ADMINISTRAÇÃO, portanto não precisa de autorização do
progenitor. Ainda que tenha vendido com prejuízo não cabe a
anulação!
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de "o maior impossibilitado, por
A, com 20 anos de idade, padece já há razões de saúde... de exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o
vários meses de uma forte depressão, que objetivos de "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a 904.º CPC
coloca em causa as suas capacidades. VENDA DO QUADRO (15/01/2020)
Maior, contrato de compra e venda (874.º, 879.º, 498.º n.º)
B, pai de A, após conversar com um Passível de anulação nos termos do 154.º n.º3, remissão para 257.º
Advogado, propõe com acordo de A, uma INÍCIO DO PROCESSO (1/02/2020)
ação de maior acompanhado. Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente sucessível" (2133.º n.º1 al. b) -
A ação deu entrada em 1 de fevereiro de "ascendentes"), ainda que A não concordasse, o Tribunal poderia conceder a autorização -
2020. 141.º n.º2.
Em 30 de janeiro de 2021, e logo a seguir LOCAÇÃO POR 10 ANOS (15/06/2020)
foi decretado o regime de maior 1024.º Ato de Administração EXTRAORDINÁRIO.
acompanhado com necessidade de Sentença que depois será apresentada não limita atos de administração, ainda que extraordinários.
autorização prévia para atos de disposição. Não se aplica o 154.º n.º1 b)
LOCAÇÃO POR 2 ANOS (15/06/2020)
A praticou os seguintes atos: 1024.º Ato de Administração ORDINÁRIO.
- 15/01/2020 vendeu um quadro valioso Sentença que depois será apresentada não limita atos de administração.
- 15/06/2020, locou por 10 anos, um Não se aplica o 154.º n.º1 b)
apartamento herdado DOAÇÃO DO QUADRO (15/06/2020)
- 15/06/2020, locou pelo prazo de 2 anos Aplicação do 154.º n.º1 b) depende de dois requisitos, que seja um ato que posteriormente
outro apartamento esteja impedido de o fazer por sentença - ATO DE DISPOSIÇÃO - e que o mesmo seja
- 15/06/2020 doou um valioso quadro a prejudicial
um amigo Doação (940.º) é contrato gratuito, é um prejuízo. Portanto cabe a anulação.
- 15/06/202 vendeu um automóvel pelo VENDA DOAUTOMÓVEL (15/06/2020)
preço de mercado Venda é um disposição (874.º e 879.º, 408.º), o que não poderia fazer, como será declarado
- 10/05/2021 fez um testamento em sentença. Contudo, não foi prejudicial, e por isso não cabe a anulação pelo 154.º n.º1 al. B)
SENTENÇA (30/01/2021)
Todos os atos praticados por A são A partir do registo da sentença poderá o acompanhantes requerer a anulação - 154.º n.º2
válidos? TESTAMENTO (10/05/2021)
Já após a sentença. Mas não estava limitado – 147.º n.º2 | 2189. O testamento será válido.
“O domicílio é a sede jurídica da pessoa... É o local onde, para efeitos jurídico, ou para certos efeitos jurídicos, o Direito tem a
pessoa como localizada... Para além da localização pessoal e efetiva, é importante, para fixar qual a sede jurídica das
pessoas, a localização que é relevante para o Direito. Esta localização relevante para o direito é o domicílio...Para a fixação
desta localização, o Direito não pode ignorar – e efetivamente não ignora – a real localização da pessoa, mas não fica
completamente preso a essa localização, podendo fixar domicílios especiais, para certos efeitos restritos...” - PPV/PLPV (106)
Paradeiro: "o sítio em que uma pessoa em dada altura efectivamente se encontra"
Residência: "o sítio que serve de base de vida a uma pessoa, podendo a residência ser
habitual ou ocasional"
Domicílio: "o lugar de residência habitual de uma pessoa"
Domicílio voluntário - 82.º a 84.º
Domicílio legal – 85.º a 88.º
“o domicílio de uma pessoa serve, ao lado e além do seu nome, para a individualizar e , sobretudo, para manter os estabelecer
relações juridicamente relevantes com ela” - HEH/ESMS (395)
DOMICÍLIO
ESPECIAIS ELETIVO
Empregados
públicos
LEGAL
Agentes
diplomáticos
portugueses
Artigo 85.º
Domicílio legal dos menores e dos maiores acompanhados
1. O menor tem domicílio no lugar da residência da família; se ela não existir, tem por domicílio o do progenitor a cuja guarda estiver.
2. O domicílio do menor que em virtude de decisão judicial foi confiado a terceira pessoa ou a estabelecimento de educação ou assistência é o do progenitor
que exerce o poder paternal.
3 - O domicílio do menor sujeito a tutela é o do seu tutor.
4 - O domicílio do maior acompanhado é o determinado nos artigos anteriores, salvo se a sentença que decretou o acompanhamento dispuser de outro modo.
5 - Quando tenha sido instituído o regime de administração de bens, o domicílio do menor ou do maior acompanhado é o do administrador, nas relações a que
essa administração se refere.
6 - Não são aplicáveis as regras dos números anteriores se delas resultar que o menor ou o maior acompanhado não tem domicílio em território nacional.
competente
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http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/0c0daa41d2ebea918025890f003cdda4?OpenDocument
“A existência de uma massa de bens carente de administração, na titularidade de alguém que desapareceu e se não sabe se está vivo ou morto,
constitui fator de perturbação e de potencial perigo. Perigo para os bens do ausente, que estão por administrar e a mercê das cobiças alheias, e
perigo para a paz pública que pode ser perturbada por apetências ou cobiças eventualmente geradoras de conflito.” - PPV/PLPV (108)
Primeira Fase
Proteção do património na expectativa do regresso
3 Requisitos
1. Desaparecimento sem que haja notícias – sobre o paradeiro ou sobre se está ou não morta
(98.º al. e) n.º2 - Se há certeza da morte extingue o processo)
2. Ausente não tenha deixado representante legal ou procurador que queira* e possa
representar (*artigo 89.º n.º 2)
3. Tem de ser requerida por interessado ou pelo MP (91.º)
Artigo 91.º Artigo 92.º
Legitimidade A quem deve ser deferida a curadoria provisória
A curadoria provisória e as providências a que se 1. O curador provisório será escolhido de entre as pessoas seguintes: o cônjuge do ausente, algum ou alguns dos
refere o artigo anterior podem ser requeridas pelo herdeiros presumidos, ou algum ou alguns dos interessados na conservação dos bens.
Ministério Público ou por qualquer interessado. 2. Havendo conflito de interesses entre o ausente e o curador ou entre o ausente e o cônjuge, ascendentes ou
descendentes do curador, deve ser designado um curador especial, nos termos do n.º 3 do artigo 89.º.
Pode ser requerido por qualquer um, mas é o
tribunal que define quem será o curador. Curador --» Semelhante ao Acompanhante no que respeita aos bens
Artigo 93.º
Relação dos bens e caução
1. Os bens do ausente serão relacionados e só depois entregues ao curador provisório, ao qual será fixada
caução pelo tribunal.
2. Em caso de urgência, pode ser autorizada a entrega dos bens antes de estes serem relacionados ou de o
curador prestar a caução exigida.
3. Se o curador não prestar a caução, será nomeado outro em lugar dele.
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Administração unitária do património do ausente
Artigo 94.º Artigo 95.º
Direitos e obrigações do curador provisório Prestação de contas
1. . O curador fica sujeito ao regime do mandato geral em tudo o que não contrariar as disposições desta 1. O curador provisório deve prestar contas do seu mandato
subsecção. perante o tribunal, anualmente ou quando este o exigir.
2. Compete ao curador provisório requerer os procedimentos cautelares necessários e intentar as acções que 2. Deferida a curadoria definitiva nos termos da subsecção
não possam ser retardadas sem prejuízo dos interesses do ausente; cabe-lhe ainda representar o ausente em seguinte, as contas do curador provisório são prestadas aos
todas as acções contra este propostas. curadores definitivos.
3. Só com autorização judicial pode o curador alienar ou onerar bens imóveis, objectos preciosos, títulos de
crédito, estabelecimentos comerciais e quaisquer outros bens cuja alienação ou oneração não constitua acto
de administração. Artigo 96.º
4. A autorização judicial só será concedida quando o acto se justifique para evitar a deterioração ou ruína dos Remuneração do curador
bens, solver dívidas do ausente, custear benfeitorias necessárias ou úteis ou ocorrer a outra necessidade O curador haverá dez por cento da receita líquida que realizar.
urgente.
Entrega de bens aos herdeiros – 103.º (até a entrega fica sob administração do cabeça de casal 2080.º ss)
*Os Curadores definitivos não são remunerados pois passam a ter direito à totalidade dos frustos dos bens que tiverem recebido.
Artigo 118.º
Óbito em data diversa
1. Quando se prove que o ausente morreu em data diversa da fixada na sentença de declaração de morte presumida, o direito à herança compete aos que naquela data lhe deveriam
suceder, sem prejuízo das regras da usucapião.
2. Os sucessores de novo designados gozam apenas, em relação aos antigos, dos direitos que no artigo seguinte são atribuídos ao ausente.
Fundamentação:
Pode casar de novo, sendo certo que nesse caso a dissolução do casamento por divórcio apenas acontecerá, automaticamente, ope
legis (nos termos do art. 1160 do C.C.) se o ausente regressar (verificando-se até este momento, conforme se refere no despacho
recorrido, e conforme referem P. Lima e A. Varela, in ob.cit., pag. 117, uma situação de bigamia legal).
Mas pode acontecer que não queira casar de novo, apenas querendo ver (com fundamento legal) o seu casamento dissolvido, da
mesma forma que pode querer casar novamente mas apenas depois de ver dissolvido o anterior casamento.
Afigura-se-nos assim mais correcto e adequado o entendimento de que, inexistindo dissolução do casamento, pode o cônjuge do
ausente (cuja morte presumida foi declarada), tendo fundamento para tal, pedir e obter o divórcio.
Aliás, contrariamente ao que se refere no despacho recorrido, não resulta do art. 1160 do C. Civil que o casamento só se dissolve se o
cônjuge do ausente casado civilmente contrair novo casamento.
O que ali se refere é que, podendo o cônjuge do ausente contrair novo casamento, este se considera dissolvido se o ausente regressar
ou houver notícias de que era vivo à data da celebração das novas núpcias.
Aliás, jamais faria qualquer sentido que, mesmo depois de o ausente regressar, o seu cônjuge, tendo fundamento legal, continuasse
impossibilitado de requerer o divórcio.
Artigo 120.º
Direitos que sobrevierem o ausente
Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que desapareceu sem dele haver notícias e
que sejam dependentes da condição da sua existência passam às pessoas que seriam chamadas à
titularidade deles se o ausente fosse falecido.
Artigo 121.º
Curadoria provisória e definitiva
1. O disposto no artigo anterior não altera o regime da curadoria provisória, à qual ficam sujeitos os
direitos nele referidos.
2. Instaurada a curadoria definitiva, são havidos como curadores definitivos, para todos os efeitos legais,
aqueles que seriam chamados à titularidade dos direitos nos termos do mesmo artigo.
Artigo 119.º
Direitos que sobrevierem o ausente
1.Se o ausente regressar ou dele houver notícias, ser-lhe-á devolvido o património no estado em que se encontrar, com o preço dos
bens alienados ou com os bens directamente sub-rogados, e bem assim com os bens adquiridos mediante o preço dos alienados,
Morte presumida quando no título de aquisição se declare expressamente a proveniência do dinheiro.
2. Havendo má fé dos sucessores, o ausente tem direito a ser indemnizado do prejuízo, sofrido.
3. A má fé, neste caso, consiste no conhecimento de que o ausente sobreviveu à data da morte presumida.
Ausência
CC se encontram preenchidos; depois, identificar a
fase em que se encontram e qual a sua finalidade
principal; a seguir, dizer quem tem legitimidade para
requerer a ausência e se o prazo foi cumprido; e
finalmente, explicar os efeitos e o regime dessa fase.
CURADORIA PROVISÓRIA
Finalidade: O sentido jurídico deste regime é o da proteção do património do ausente, na expectativa do seu regresso.
Legitimidade:
Para requerer a curadoria provisória: artigo 91º CC - Ministério Público e “qualquer interessado” [nota: esse “interessado” não
tem de ser um familiar ou herdeiro, basta ser alguém que esteja interessado na administração dos bens do ausente]
Para exercer a função de curador provisório: artigo 92º/1 CC – cônjuge do ausente, herdeiros ou os interessados na
conservação dos bens, cabendo ao tribunal nomear o curador provisório [artigo 89º/1 CC, “in fine”].
Prazo: Não há prazo para requerer a curadoria provisória, bastando estarem verificados os pressupostos da ausência e o
tribunal nomear curador provisório [artigo 89º/1 CC].
Regime:
Artigo 94º/1 CC: A curadoria segue o regime do mandato geral, remetendo assim para os artigos 1157º CC e ss. [fazer esta
remissão no vosso CC]
Artigo 1157º CC: Mandato = contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais atos jurídicos por conta da
outra.
Artigo 1159º/1 CC: O mandato só compreende os atos de administração ordinária.
CONCLUSÃO: Os curadores apenas podem praticar atos de administração ordinária, não podendo, regra geral, dispor nem
alienar os bens do ausente.
Artigo 94º/3 CC: Curador provisório apenas pode alienar ou onerar bens do ausente com autorização judicial.
Artigo 94º/4 CC: Restrição dos casos em que a autorização judicial é concedida ao curador, nos termos do número anterior: a)
evitar deterioriação ou ruína dos bens; b) solver dívidas do ausente; c) custear benfeitorias necessárias ou úteis [remissão para
o artigo 216º CC]; d) ocorrer a outra necessidade urgente.
Artigo 96º CC: Remuneração do curador de 10% da receita líquida que realizar.
Artigo 98º CC: Termo da curadoria provisória.
CURADORIA DEFINITIVA
Finalidade: O sentido deste regime é mais o da proteção do interesse dos futuros titulares dos bens, embora ainda não seja
realizada a partilha definitiva dos bens do ausente.
Legitimidade:
Para justificar a ausência: Ministério Público [artigo 99º CC, “in fine”] ou algum dos interessados consagrados no artigo 100º CC.
Para ser curador definitivo: Artigo 104º CC – herdeiros e demais interessados a quem tenham sido entregues os bens do ausente.
Prazo: O artigo 99º CC consagra dois prazos mínimos para requerer a curadoria definitiva, sendo estes prazos relativos à data das
últimas notícias do ausente:
i) 2 anos – se não tiver deixado representante legal nem procurador [se nada for dito no enunciado da frequência, é isto que presumem];
ii) 5 anos – se tiver deixado representante legal ou procurador bastante.
Regime:
Artigo 110º CC: Aplica-se o regime do artigo 94º CC
Artigo 101º CC: Abertura de testamento.
Artigo 102º CC: Entrega de bens aos legatários e outros interessados.
Artigo 103º CC: Entrega dos bens aos herdeiros.
Artigo 106º CC: Suspende-se a exigibilidade das obrigações que se extinguiriam pela morte do ausente.
Artigo 108º CC: Cônjuge não separado de pessoas e bens pode requerer inventário e partilha e exigir os alimentos [ver artigo 2003º/1 CC] a que tiver
direito.
Artigo 111º CC: Os ascendentes, descendentes e cônjuge nomeados curadores definitivos têm direito à totalidade dos frutos percebidos [nº 1]; o
curador definitivo que, não os anteriores, tem de reservar para o ausente 1/3 da receita líquida que realizarem [nº 2].
Artigo 112º CC: Termo da curadoria definitiva. Artigo 113º CC: Se o ausente regressar ou se houver notícias da sua existência e do lugar onde reside,
os seus bens ser-lhe-ão entregues após este os requerer [nº1].
MORTE PRESUMIDA
Finalidade: Há uma descrença da sobrevivência do ausente e, portanto, a lei presume a sua morte e os seus bens serão
entregues aos sucessores e àqueles que a eles teriam direito por morte do ausente.
Legitimidade:
O artigo 114º/1 CC, “in fine”, remete para o artigo 100º CC relativamente aos interessados com legitimidade para requerer a
morte presumida.
Prazo: Existem três prazos mínimos para a declaração da morte presumida, todos eles dependentes da idade do ausente
e relativos à data das últimas notícias:
i) 10 anos – regime geral [artigo 114º/1 CC];
ii) 5 anos – se entretanto o ausente tiver completado 80 anos de idade [artigo 114º/1 CC];
iii) 5 anos após atingir a maioridade – se o ausente for menor [artigo 114º/2 CC]. [notem que este prazo é INDEPENDENTE da
idade do menor].
Regime:
Artigo 115º CC: A declaração da morte presumida produz os mesmos efeitos da morte com exceção da dissolução do
casamento, ou seja: termo da personalidade jurídica [artigo 68º/1 CC] e abertura da sucessão [artigo 2024º CC e ss.]
Artigo 116º CC: Cônjuge do ausente casado civilmente pode ser contrair novo casamento; se o ausente regressar, considera-se
o primeiro matrimónio dissolvido à data da declaração da morte presumida.
Artigo 117º CC: Entrega dos bens, remetendo para o artigo 101º CC, não havendo, porém, caução (contrariamente à curadoria
definitiva: artigo 107º CC)
Artigo 119º/1 CC: Se o ausente regressar, terá direito à devolução do seu património no estado em que se encontrar, bem como
o preço dos bens alienados e sub-rogados e, ainda, os bens adquiridos mediante o preço dos alienados.
Artigo 119º/2 CC: Sucessores de má fé [sentido subjetivo: conhecimento de um facto ou situação juridicamente relevante, neste
caso a sobrevivência do ausente à data da declaração da morte presumida: artigo 119º/3 CC] devem indemnizar o ausente
[artigo 562º CC e ss.] pelos prejuízos causados.
Situação de A
A casado com B no regime de Desaparecimento em circunstâncias que não permitem dúvidas da sua
separação de bens. Certo dia A e B, morte – 68.º n.º3
junto do filho C foram fazer um Sua personalidade cessa com a "suposta" morte.
passeio de barco. Devido a uma forte Os direitos pessoais cessam, e quanto aos patrimoniais é aberta a sua
sucessão nos termos do 2024.º.
tempestade sofreram um naufrágio. B
C é um dos herdeiros, mas diante da ausência de B, se habilita como
e C conseguiram se salvar. Mas A cabeça de casal e pode administrar os bens - 2079.º e 2080.º
desapareceu. *Justificação Judicial da morte nos termos do artigo 207.º
CRC
A tinha vários imóveis, alguns estavam
arrendados e outros estavam a ser Situação de B
sujeitos a obras de conservação. Caso de B é aplicável o instituo da ausência. Podendo C requerer nos
termos do 89.º a Curadoria Provisória, já que tudo indica que B está
apenas ausente, e por isso, há expetativa do seu regresso.
B ficou desgostoso com
Caso B não regresse no prazo de 2 anos, já que não deixou qualquer
desaparecimento de A, e acabou por procuração, poderá C requerer a Curadoria Definitiva nos termos do
viajar não dando mais notícias. 99.º ss.
Como curador definitivo têm direito à totalidade dos frutos percebidos
B tinha uma empresa no ramo têxtil. [111.º nº 1]; não precisa reservar para o ausente 1/3 da receita líquida
que realizarem [nº 2].
C, sozinho, e diante dos bens e
negócio dos pais, precisa intervir para
E após 10 anos do sumiço, requerer a morte presumida, e assim.
administrar os bens.
Causa Violação de uma norma imperativa (que protegem interesses Violação de normar que estão particularizadas.
públicos/difusos/gerais) e que não podem ser afastadas pela
vontade das partes. Tipicidade -» legislador indica quando determinado comportamento pode resultar em
anulação.
Atipicidade --» norma não precisa indicar que o ato será nulo
Efeitos Ineficácia total. O negócio produz efeitos até ser arguida a anulação.
Como se o ato nunca tivesse produzido efeitos. A anulação é retroativa.
Consequência 289.º n.º1 "Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito retroactivo, devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se
a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente."
Legitimidade 286.º "A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer 287.º n.º 1 "1. Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em cujo
interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal." interesse a lei a estabelece, e só dentro do ano subsequente à cessação do vício que
Mesmo que as partes não requeiram. lhe serve de fundamento."
Legitimidade de quem é protegido, tem interesse.
Prazo NÃO HÁ PRAZO Tem prazo de caducidade
287.º n.º1 - "só dentro do ano subsequente à cessação do vício que lhe serve de
fundamento"
n.º2 - "Enquanto, porém, o negócio não estiver cumprido"
Sanação INSANÁVEL - nulo sempre nulo SANÁVEL
Pelo decurso do prazo ou pela confirmação.
288.º n.º 2 - "compete à pessoa a quem pertencer o direito de anulação"
Artigo 25.º
Âmbito da lei pessoal
O estado dos indivíduos, a capacidade das pessoas, as relações de família e as sucessões por morte são regulados pela lei pessoal dos respectivos sujeitos, salvas as
restrições estabelecidas na presente secção.
Originária
Derivada
Sim
Ana é cubana e reside em Portugal idocumentada há cinco
anos. A Ana viu na internet que os estrangeiros que residam
em Portugal há mais de cinco anos podem requerer a
nacionalidade portuguesa por naturalização.
Ana pode pedir a Naturalização?
Não
N
a) ____ Tatiana é brasileira, e reside legalmente em
Portugal há mais de cinco anos.
b) ____
Q Júlio é americano, e vive em união de facto
com Filipa há mais de três anos.
c) ____
A Fernanda e Mauro, são venezuelanos e
estão em Portugal há mais de um ano.
Recentemente tiveram um filho, o Arthur.
d) ____
A John é australiano, mas recentemente
descobriu que sua avó Amália, era portuguesa.
e) ____
Q Jacira nasceu no Congo, mas foi adotada
pela Joana e pelo Afonso que são portugueses.
União de Facto
Casados
União de Facto
Cônjuge Filha
Neta Filho
Companheira
Neto
Filha
Filho
Casados
União de Facto
Nasceu em Portugal
Atribuição?
Nascer + Progenitor nascer e residir
Naturalização?
Nascer + 1 ano de educação pré-escolar ou ensino básico,
secundário, profissional – pedido aos 16 anos
Aquisição?
Progenitores naturalizarem (5 anos) + requererem
Nasceu em Portugal?
Lei nº 2098, de 29 de julho de 1959
C 1985
Código Civil de Seabra (186
Nacionalidade C 1960
2005
D 1973
215
SM©
Comunhão Geral Comunhão de Adquiridos Separação Pacto Antenupcial -
Regimes Mistos
Bens Próprios “Todos” os bens 1722.º e 1723.º ss *Possibilidade de renúncia *Possibilidade de renúncia
são comuns exceto à condição de herdeiro no à condição de herdeiro –
roupas, correspondência pacto – 1707.º -A 1707.º -A
bens doados com cláusula
de incomunicabilidade e
os estritamente
pessoais (usufruto e direito
de uso ou habitação)
“é o complexo de direitos e vinculações de que uma determinada pessoa é titular” - PPV/PLPV (102)
PATRIMONIALIDADE
é a suscetibilidade de avaliação em dinheiro
Património modifica-se por consequência direta e imediata de uma ação por parte do seu titular (ex.: vender a casa) ou não, ou seja, pode ser
modificada por ato de outrem de um direito ou de um simples poder potestativo pode ter implicância direta no património (ex.: com a morte do
pai passa a ser herdeiro), assim como a modificação pode se dar por um simples facto jurídico (ex.: raio que causa um incêndio que destrói a
casa).
“conjunto de relações jurídicas; não se trata do conjunto de imóveis, móveis, créditos ou outros direitos patrimoniais, pois as
cosias móveis ou imóveis não são entidades do mesmo tipo de créditos ou dos outros direitos. O património é integrado por
direitos sobre as coisas (propriedade, usufruto, etc), direitos de crédito, obrigações e outros direitos patrimoniais” - CAMP (344)
“O património de uma pessoa corresponde à sua esfera jurídica patrimonial e compreende todas as situações jurídicas ativas e
passivas de caráter patrimonial que em cada momento se encontram na titularidade dessa pessoa. Situações jurídicas ativas
correspondem a direitos patrimoniais; situações jurídicas passivas, são obrigações de caráter patrimonial.” - PPV/PLPV (103)
Não faz parte do património (ainda que tenha relevância para a vida económica da pessoa, mas que
não são relações jurídicas existentes, sendo antes meras fontes de rendimentos futuros:
- Força de trabalho
- Crédito
Património pode ser modificado por ação do seu titular, por ato de outrem ou por facto
jurídico:
- Destruição ou perecimento (forças da natureza)
- Exercício de direito ou poder potestativo de outrem
- Simples facto de outrem (ex.: morte)
“Fala-se, outras vezes, de património para designar o chamado património bruto ou património ilíquido. Tem-se então em vista o
conjunto de direitos avaliáveis em dinheiro, pertencentes a uma pessoas, abstraindo, portanto, das obrigações. É esta noção de
património que reveste, talvez, o maior interesse jurídico, pois é ele que interessa para o domínio institucional (a
responsabilidade civil) em que se situa a principal função jurídica do património: a garantia dos credores” - CAMP (345)
UNIDADE
AUTONOMIA
"o direito recebe da sociedade esta realidade de atuação plural e de institucionalização de fins e reflete-a através de
configurações diversas, que se traduzem principalmente no contrato, na comunhão e na personalidade coletiva” - PPV/PLPV
(135)
*Partes ganham com a cooperação e compatibilização de interesses Estrutura jurídica é uma cotitularidade de um mesmo bem, aproveita-se a
utilidade potenciada do bem em conjunto, é uma polarização sobre o bem.
Essa cotitularidade não é necessariamente equilibrada, pode divergir quanto
ao valor (quantitativamente) e no modo de gozo (qualitativamente) - ex.:
Compropriedade e propriedade horizontal 1404.º CC
uma deliberação por unanimidade/consenso/acordo entre as partes Comunhão Romana -» deliberação por maioria (característica chamada
de socialidade – consagrada no 1406, 1407.º, 1498.º sendo mais forte na
propriedade horizontal – 1430.º - em que se verifica uma orgânica
institucionalizada e deliberações sociais -» ex.: Assembleia de condóminos e
administração)
Comunhão Romana -» o bem que determina o modo de exercício e a afetação. Partes com direito a uma quota-parte, parte não determinada. Possível
uma das partes requerer a divisão, existindo um direito de preferência na aquisição. Há possibilidade de impor a indivisibilidade por certo período de
tempo (1404.º aponta que está foi a opção do legislador).
Comunhão Germânica (mão comum)-» foco deixa de ser o próprio bem e sua utilidade, e passa a ser um fim separado do bem e cuja prossecução do fim
fica afeto. Uma estrutura mais sólida e duradoura, impedindo que haja alienação das quotas ou divisão do bem - » Comunhão matrimonial e os baldios.
Sociedades
Objetivo -» o que é fixo é o fim social, na prossecução podem variar os bens que são
afetados, os sócios…
“são agrupamentos de pessoas que se associal para a prossecução de fins comuns” - PPV/PLPV (138)
Objetivo -» limitada ao fim social. Bens são aqueles que forem necessários para a
prossecução dos fins.
“correspondem à institucionalização de fins dos seus fundadores a cuja prossecução são afetados os meios patrimoniais
necessários” - PPV/PLPV (138)
"As pessoas colectivas são indispensáveis para o tráfico jurídico moderno. Correspondem às actuais necessidades económicas
e sociais. A sua existência é necessária com vista à realização de propósitos económicos e sociais que, em virtude do seu
significado, grandeza ou duração e dos riscos que lhes são inerentes, não podem ser assumidos por uma pessoa singular (ou
por meras sociedades civis, associações sem personalidade jurídica ou comissões especiais)” - HEH/ESMS (402)
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Com a pessoa coletiva há um limite ao risco e a responsabilidade de quem irá a compor, visto ter
uma natureza jurídica própria, com autonomia patrimonial.
Autonomia privada permite a(s) pessoa(as) singular(es) criar(em) uma pessoa coletiva, passando a
ser esta uma pessoa em sentido jurídico, com própria autonomia..
Autonomia da Pessoa Coletiva -» quanto aos seus membros (substrato pessoal - sócios,
associados...) como quanto ao pessoal ao seu serviço (funcionários), e também quanto aos terceiros.
*Fundações -» ainda que não tenha membros, a autonomia é perante os destinatários e ao pessoal ao seu serviço,
aos titulares de órgãos, e terceiros.
= Pessoas Singulares no que refere a aquisição de personalidade, o seu termo, a capacidade negocial
de exercício, responsabilidade civil que viabilizam a sua participação no tráfico jurídico.
PC conhecidas dos Romanos, mas não teorizaram, surgindo várias teorias modernas a partir do
século XIX.
Modelo-guia -» partem da pessoa singular que possui a personalidade jurídica de forma inata.
Teoria da ficção (romanística) -» Personalidade jurídica da Pessoa Coletiva seria uma ficção jurídica | (parte
Importância prática reduzida
diante do reconhecimento e
estabelecimento do regime
da pessoa singular)
Teoria orgânica -» Pessoa Coletiva como um organismo (como a Pessoa Singular) com uma vontade
de PC no OJ
*Não podemos comparar Pessoa Coletiva com a Pessoa Singular, é apenas uma analogia limitada.
"A personalidade jurídica do homem é pré-existente ao direito, que se limita a aceitá-la. Bem ao contrário, pode dizer-se que «o essencial e dominante
das pessoas colectivas reside no elemento jurídico, obra da lei». A pessoa colectiva é uma entidade de actuação (Wirkungseinheit) ou organizada
(Organisationseinheit) que, com base na ordem jurídica, é dotada de personalidade jurídica” - HEH/ESMS (408)
Necessário 2 pressupostos para que haja uma Pessoa Coletiva, e consequentemente a atribuição de personalidade jurídica:
1. Formação e organização do substrato – conjunto de pessoas com estatuto que defina o objetivo ou massa patrimonial (elemento pessoal) + bens (elemento
patrimonial) + prossecução de um fim definido por um estatuto (elemento teleológico)
Elemento Pessoal -» *Sociedades Unipessoais para limitação do risco económico da empresa
- Fundador / Sócios / Associados (leis especiais -» Ordem dos Advogados somente por Advogados | n.º mínimo de sócios, 5 mas SA ou 2 PQ)
- Há extinção com ausência de associados ou n.º mínimo (quando previsto em lei)
Elemento Patrimonial -» Unidade de negócios, permite a limitação e o controlo dos riscos económicos da empresa
- Bens do Fundador | Capital de entrada e aumento | que são obtidos -» papel instrumental para alcançar os seus fins
- Não é prescindível ainda que possa ter menor relevância -» cabe extinção por falência
*Nas Fundações é um elemento com maior relvo do que o elemento pessoal.
Elemento Teleológico -» o fim, orientador da atividade da pessoa coletiva
- Fundações necessariamente um fim social | Sociedade é lucro | Associações é mais abrangente
- Extinção quando se alcança o fim ou fim não coincida com o estatuto, ou se seguir meios ilícitos ou imorais, etc.
2. Ato de atribuição de personalidade jurídica - RECONHECIMENTO pela ordem jurídica
Dois sistemas de reconhecimento/concessão de Personalidade Jurídica para a Pessoa Coletiva:
Reconhecimento Normativo -» requisitos estabelecidos em lei (generalidades abstrata), que ao serem preenchidos viabiliza a aquisição da personalidade jurídica, são
constituídas por exemplo através de escritura pública com respeito a lei, e matrícula no Registo Comercial (Ex.: Sociedades civis sob a forma comercial e outra)
Reconhecimento Individual/concessão -» análise caso-a-caso por parte da administração pública do cumprimento dos requisitos (Ex.: Fundações)
*Combinação dos dois sistemas -» atenção que a licitude da formação substrato não coincide sempre com os critérios necessários para atribuição da personalidade, de modo que o
sistema de reconhecimento individual acaba por ser o mais eficaz (apesar do risco de haver discricionariedade pela administração), ainda que o sistema normativo possa vir a
dificultar a formação devido a natureza ou grau de requisitos exigidos.
numerus clausus
Pessoas coletivas de direito privado e utilidade privada ou utilidade particular
Pessoas coletivas de direito privado e utilidade privada vocacionadas de utilidade pública
Outras:
Cooperativas
Agrupamentos complementares de empresas
Agrupamentos Europeus de interesse económico
Organizações internacionais não governamentais
"devido à sua subordinação a princípios, regras, participações ou mesmo intervenções oriundos de entidades ou hierarquias eclesiásticas, não
possuem a mesma autonomia ou não disfrutam de autonomia idêntica à das associações privadas” - HEH/ESMS (413)
"Segundo esta lei as igrejas e as comunidades religiosas são comunidades sociais organizadas e duradouras, livres na sua organização, em que os
crentes podem realizar todos os duns religiosos que lhe são propostos pela respectiva confissão. Sendo livres na sua organização, gozam de
autonomia quanto à constituição e funcionamento dos seus órgãos e são livres no exercício das suas funções e do culto. Podem ainda exercer
actividades com fins não religiosos que sejam instrumentais ou complementares das suas funções religiosas” - HEH/ESMS (413)
Em alguns casos será necessário critérios auxiliares para fazer a distinção, por nem
sempre o critério de criação do substrato ser suficiente para distinguir a natureza
pública/privada da Pessoa Coletiva em causa.
Assunção de iniciativa particular pela administração pública como tarefa sua
Obrigatoriedade de inscrição nos organismos de tipo associativo ou atribuição do ius imperii à
entidade em causa.
1.Associações - Não têm por fim o lucro económico dos associados – 157.º
Regimes no CÓDIGO DAS SOCIEDADES COMERCIAIS, em que se verifica a diferença dos regimes conforme a
separação dos patrimónios (pessoa singular e da pessoal coletiva) e responsabilidade por dívidas:
Sociedade em nome coletivo 175.º n.º1 CSC Sócio responde individualmente pela sua entrada, e subsidiariamente pelas obrigações
sociais (solidariamente com os outros sócios)
Sociedade por quotas 197.º n.º1 e 3 CSC Sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas
Sociedade unipessoal 270.º-A n.º1 CSC Único sócio (pessoa singular ou pessoa coletiva) é titular da totalidade do capital social
Sociedade em comandita 271.º CSC Sócios Comanditários respondem pela sua entrada e os Sócios Comanditados respondem
pelas dívidas das sociedades nos mesmos termos que os scócios da sociedade em nome
coletivo
• Ato -» Contrato é celebrado por escrito particular com assinatura dos subscritores, reconhecida presencialmente (pode haver formas mais
solenes), em que a personalidade jurídica depende de um ato constitutivo que é o registo definitivo.
• Personalidade Jurídica -» "a partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do disposto quanto à
constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras" (5.º CSC).
• Capacidade -» "a capacidade da sociedade compreende os direitos e as obrigações necessários ou convenientes à prossecução do seu
fim, exceptuados aqueles que lhe sejam vedados por lei ou sejam inseparáveis da personalidade singular." (6.º n.º1 CSC)
"as «pessoas colectivas de utilidade pública» caracterizam-se fundamentalmente pelo aspecto de resultarem de uma distinção especial, conferida caso
a caso pela Admnistração, normalmente a pedido da própria pessoa interessada” - HEH/ESMS (419)
Domicílio:
designação estatutária, o lugar em que funciona normalmente a administração
principal.
Artigo 33.º
Pessoas Colectivas
É a sede - designação da sede é obrigatória - 167.º n.º 1. A pessoa colectiva tem como lei pessoal a lei do Estado onde se encontra situada a
(associações) e 186.º n.º (Fundações) sede principal e efectiva da sua administração.
2. À lei pessoal compete especialmente regular: a capacidade da pessoa colectiva; a
constituição, funcionamento e competência dos seus órgãos; os modos de aquisição e
Nacionalidade: perda da qualidade de associado e os correspondentes direitos e deveres; a
responsabilidade da pessoa colectiva, bem como a dos respectivos órgãos e membros,
perante terceiros; a transformação, dissolução e extinção da pessoa colectiva.
Lei pessoal é a Lei do Estado onde está a sede principal, não é a Lei 3. A transferência, de um Estado para outro, da sede da pessoa colectiva não
extingue a personalidade jurídica desta, se nisso convierem as leis de uma e outra
do Estado na qual ela se constituiu. sede.
4. A fusão de entidades com lei pessoal diferente é apreciada em face de ambas as
Artigo 166.º
Disposição especifica para extinção da Associação (182.ºss) e Destino dos bens em caso de extinção
1 - Extinta a pessoa coletiva, se existirem bens que lhe tenham sido doados ou
Fundação (192.ºss), mas possui uma disposição aplicável a ambas deixados com qualquer encargo ou que estejam afetados a um certo fim, o tribunal, a
requerimento do Ministério Público, dos liquidatários, de qualquer associado ou
no que refere o destino dos bens em caso de extinção. interessado, ou ainda de herdeiros do doador ou do autor da deixa testamentária,
atribui-los-á, com o mesmo encargo ou afetação, a outra pessoa coletiva.
2 - Os bens não abrangidos pelo número anterior têm o destino que lhes for fixado
pelos estatutos ou por deliberação dos associados, sem prejuízo do disposto em leis
especiais; na falta de fixação ou de lei especial, o tribunal, a requerimento do Ministério
Público, dos liquidatários ou de qualquer associado ou interessado, determinará que
sejam atribuídos a outra pessoa coletiva ou ao Estado, assegurando, tanto quanto
possível, a realização dos fins da pessoa extinta.
Todos os intervenientes precisam ter capacidade de exercício para intervir no ato de constituição, sendo realizada normalmente por escritura
pública (168.º n.º1 | "Associação na Hora" Lei n.º 49/2007), a qual, sob pena de nulidade (294.º), deve especificar (167.º n.º1) os seguintes elementos:
Bens/Serviços com que os associados concorrem para o património social
Artigo 167.º
Denominação social (72.º n.º2) Acto de constituição e estatutos
1. O acto de constituição da associação especificará os bens ou serviços com que os associados
Seu fim (158.º-A e 280.º) concorrem para o património social, a denominação, fim e sede da pessoa colectiva, a forma do seu
funcionamento, assim como a sua duração, quando a associação se não constitua por tempo
Sua sede (pode ser um lugar diferente do local em ocorre a administração efetiva) indeterminado.
2. Os estatutos podem especificar ainda os direitos e obrigações dos associados, as condições da sua
Forma de funcionamento admissão, saída e exclusão, bem como os termos da extinção da pessoa colectiva e consequente
devolução do seu património.
Duração (se não for constituída por tempo indeterminado) Artigo 168.º
Forma e Comunicação
Nos estatutos podem especificar sobre: 1. O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações devem constar de escritura
pública, sem prejuízo do disposto em lei especial.
Direitos e obrigações dos associados, 2. O notário, a expensas da associação, promove de imediato a publicação da constituição e dos
estatutos, bem como as alterações destes, nos termos legalmente previstos para os actos das
Condições de admissão, saída e exclusão de associados
sociedades comerciais.
Termos da extinção da associação 3 - O ato de constituição, os estatutos e as suas alterações não produzem efeitos em relação a
terceiros, enquanto não forem publicados nos termos do número anterior.
Consequente devolução do património
Ato de Constituição e os Estatutos são dois elementos essenciais (167.º), mas que podem ser apresentados em um único documento notarial.
Constituída a Associação -» Adquire Personalidade Jurídica (reconhecimento normativo), cabendo ao notário informar ao Ministério Púbico
(efeitos do 158.º-A – em caso de inobservância há uma nulidade 294.º/220.º, portanto, não adquire a personalidade jurídica)
Ato de eleição/nomeação (titularidade) ≠ Ato obrigacional, ou seja, os direitos órgãos da pessoa colectiva
1 . As obrigações e a responsabilidade dos titulares
contratuais (relação obrigacional entre a associação e o titular do órgão) dos órgãos das pessoas colectivas para com estas são
definidas nos respectivos estatutos, aplicando-se, na
falta de disposições estatutárias, as regras do
mandato, com as necessárias adaptações.
2. Os membros dos corpos gerentes não podem
Titulares dos órgãos possuem uma relação orgânica e a relação obrigacional abster-se de votar nas deliberações tomadas em
reuniões a que estejam presentes, e são responsáveis
(se não houver disposições, aplica-se as regras do mandato 163.º n.º1) pelos prejuízos delas decorrentes, salvo se houverem
manifestado a sua discordância.
Artigo 170.º
Titulares dos órgãos da associação e revogação
Funções dos titulares dos órgãos é livremente revogável mas não afeta os dos seus poderes
1. É a assembleia geral que elege os titulares dos
direitos obrigacionais fundados no ato de constituição (170.º n.º2). órgãos da associação, sempre que os estatutos não
estabeleçam outro processo de escolha.
2. As funções dos titulares eleitos ou designados são
revogáveis, mas a revogação não prejudica os direitos
fundados no acto de constituição.
3. O direito de revogação pode ser condicionado pelos
estatutos à existência de justa causa.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Artigo 171.º
Convocação e funcionamento do órgão
da administração e do conselho fiscal
1. O órgão da administração e o conselho
Deliberações dos órgãos --» os órgãos (Administração, Fiscalização ou outros) só podem deliberar fiscal são convocados pelos respectivos
presidentes e só podem deliberar com a
com a presença da maioria dos seus titulares sendo considerada a maioria de votos dos presentes presença da maioria dos seus titulares.
2. Salvo disposição legal ou estatutária
(presidente com voto de qualidade em caso de empate) – 171.º n.º2 (pode haver regime diferente nos em contrário, as deliberações são tomadas
por maioria de votos dos titulares
Estatutos) presentes, tendo o presidente, além do
seu voto, direito a voto de desempate.
As decisões que não forem de competência legal nem estatutária de outros órgãos pertencem à Artigo 172.º
Assembleia Geral (172.º n.º1) Competência da assembleia geral
1 . Competem à assembleia geral todas as
deliberações não compreendidas nas
atribuições legais ou estatutárias de
Presume-se que cabe a Assembleia Geral tudo o que não estiver atribuído para outros órgãos, assim outros órgãos da pessoa colectiva.
2. São, necessariamente, da competência
como há deliberações que cabem somente a Assembleia Geral: da assembleia geral a destituição dos
titulares dos órgãos da associação, a
1. Eleição dos titulares dos órgãos da associação (170.º n.º1) aprovação do balanço, a alteração dos
2. Destituição dos titulares dos órgãos estatutos, a extinção da associação e a
autorização para esta demandar os
3. Aprovação do balanço (173.º n.º1 última parte) administradores por factos praticados no
exercício do cargo.
4. Alteração dos estatutos Artigo 173.º
Convocação da assembleia
5. A extinção da associação 1. A assembleia geral deve ser convocada
pela administração nas circunstâncias
6. Autorização para demandar os administradores (164.º n.º1 e 2, 165.º e 500.º n.º3) por factos fixadas pelos estatutos e, em qualquer
praticados no exercício do cargo (172.º n.º2) caso, uma vez em cada ano para
aprovação do balanço.
2. A assembleia será ainda convocada
“a assembleia geral é o órgão formador da vontade da associação”- HEH/ESMS (442) sempre que a convocação seja requerida,
com um fim legítimo, por um conjunto de
associados não inferior à quinta parte da
Assembleia Geral é convocada: sua totalidade, se outro número não for
estabelecido nos estatutos.
1. Pela administração (173.º n.º1 e 174.º n.º2) 3. Se a administração não convocar a
2. Por um conjunto de associado que não seja inferior 1/5 que tenha um legítimo (ou número assembleia nos casos em que deve fazê-lo,
a qualquer associado é lícito efectuar a
estabelecido pelos estatutos – 173.º n.º2) convocação
3. Qualquer associado caso a administração não convocar, quando o deveria ter feito.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Artigo 174.º
Forma da convocação
1. A assembleia geral é convocada por meio de aviso postal, expedido
para cada um dos associados com a antecedência mínima de oito dias;
no aviso indicar-se-á o dia, hora e local da reunião e a respectiva
ordem do dia.
A Assembleia Geral deve ser convocada na forma do 174.º 2. É dispensada a expedição do aviso postal referido no número
anterior sempre que os estatutos prevejam a convocação da
assembleia geral mediante publicação do respectivo aviso nos termos
legalmente previstos para os actos das sociedades comerciais.
Para garantir o regular funcionamento: 3. São anuláveis as deliberações tomadas sobre matéria estranha à
Por carta ordem do dia, salvo se todos os associados compareceram à reunião e
todos concordaram com o aditamento.
8 dias úteis de antecedência 4. A comparência de todos os associados sanciona quaisquer
irregularidades da convocação, desde que nenhum deles se oponha à
realização da assembleia
Contrárias à lei ou aos estatutos são anuláveis (174.º n.º3, 176.º n.º2 e Artigo 177.º
Deliberações contrárias `lei ou aos estatutos
177.º) – por qualquer associado pode requerer, como medida cautelar, a As deliberações da assembleia geral contrárias à lei ou aos estatutos,
seja pelo seu objecto, seja por virtude de irregularidades havidas na
suspensão da respetiva deliberação (380.º, 381.º CPC) convocação dos associados ou no funcionamento da assembleia, são
anuláveis
Artigo 178.º
Anulabilidade Regime da anulabilidade
1. A anulabilidade prevista nos artigos anteriores pode ser arguida,
Prazo: 6 meses (178.º) dentro do prazo de seis meses, pelo órgão da administração ou por
qualquer associado que não tenha votado a deliberação.
Terceiro: não prejudica direito terceiro de boa fé (estranho à associação) haja 2. Tratando-se de associado que não foi convocado regularmente para
adquirido em execução das deliberações anuladas (179.º) a reunião da assembleia, o prazo só começa a correr a partir da data
em que ele teve conhecimento da deliberação.
Artigo 179.º
Proteção de direitos de terceiro
A anulação das deliberações da assembleia não prejudica os direitos
que terceiro de boa fé haja adquirido em execução das deliberações
anuladas
Relacionadas com o fim da associação (n.º2) c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios
ilícitos ou imorais;
d) Quando a sua existência se torne contrária à ordem pública.
Artigo 183.º
Natureza pessoal da qualidade de associado
Declaração de Extinção:
1. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo
anterior, a extinção só se produzirá se, nos trinta dias
subsequentes à data em que devia operar-se, a assembleia geral
Casos do 182.º n.º2 não decidir a prorrogação da associação ou a modificação dos
estatutos.
Pedida ao MP (183.º n.º 3) 2. Nos casos previstos no n.º 2 do artigo precedente, a declaração
da extinção pode ser pedida em juízo pelo Ministério Público ou
Associação e Associados, onde as entradas e saídas destes últimos não influenciam na existência
da associação
“os estatutos vão adquirindo um conteúdo normativo objectivo: trata-se de normas estabelecidas por via negocial, a que os associados se sujeitam por
meio de um acto autónomo-privado. Por estas razões explica-se que a interpretação dos estatutos deve obedecer progressivamente a critérios
objectivos, ou seja, uma interpretação normativa, em que já não se procura captar a vontade dos associados fundadores, deixando-se de parte os
elementos subjectivos da fase da constituição” - HEH/ESMS (445)
Fundações de interesse social estão regulamentadas pela Lei-Quadro das Fundações n.º 24/2012 de 09 de julho e a
Artigo 185.º
partir do 185.º do CC. Instituição e sua revogação
1 - As fundações visam a prossecução de fins de interesse social, podendo ser instituídas por ato
entre vivos ou por testamento.
É um negócio jurídico unilateral, podendo ser: 2 - A instituição por atos entre vivos deve constar de escritura pública, salvo o disposto em lei
Ato entre vivos – escritura pública salvo disposição em lei, sendo irrevogável logo que seja requerido ou que inicie o processo especial, e torna-se irrevogável logo que seja requerido o reconhecimento ou principie o respetivo
processo oficioso.
oficioso – 185.º n.º2, 1.ª parte 3. Aos herdeiros do instituidor não é permitido revogar a instituição, sem prejuízo do disposto
Testamento – é irrevogável pelos herdeiros do testador se observada o disposto acerca da sucessão legitimária- 185.º n.º3, acerca da sucessão legitimária.
4 - O ato de instituição, bem como os seus estatutos e suas alterações devem ser publicitados nos
2204.º termos legalmente previstos para as sociedades comerciais, não produzindo efeitos em relação a
terceiros enquanto não o forem.
Artigo 186.º
No ato da instituição -» indicar o fim da fundação e especificar os bens que lhe são destinados (186.º n.º1) Actos de instituição e estatutos
1. No acto de instituição deve o instituidor indicar o fim da fundação e especificar os bens que lhe
são destinados.
São apenas dois elementos essências para o reconhecimento (que já configura a aceitação dos bens) : 2 - No ato de instituição ou nos estatutos deve o instituidor providenciar ainda sobre a sede,
Interesse social do fim (escopo) – 188.º n.º3 al. a) se não for verificado não é reconhecido (ato discricionário da administração) organização e funcionamento da fundação, regular os termos da sua transformação ou extinção e
fixar o destino dos respetivos bens.
Suficiência dos bens afetados à fundação com vista à prossecução daquele fim (substrato patrimonial) – 183.º n.º3 al. b) se o Artigo 188.º
Reconhecimento
património for insuficiente também não será reconhecida (critério objetivos 1 - O reconhecimento deve ser requerido pelo instituidor, seus herdeiros ou executores
*Se não houver reconhecimento, a instituição fica sem efeito. No caso de o instituidor já houver falecido os bens são entregues a testamentários, no prazo máximo de 180 dias a contar da data da instituição da fundação, ou ser
oficiosamente promovido pela entidade competente.
uma coletividade com fins análogos (185.º n.º5), salvo disposição em contrário do próprio fundador. 2 - O reconhecimento importa a aquisição, pela fundação, dos bens e direitos que o ato de
instituição lhe atribui.
3 - O reconhecimento pode ser negado:
Reconhecimento requerido pelo instituidor, pelos seus herdeiros ou executores testamentários: a) Se os fins da fundação não forem considerados de interesse social pela entidade competente,
180 dias a contar da data da instituição da fundação designadamente se aproveitarem ao instituidor ou sua família ou a um universo restrito de
beneficiários com eles relacionados;
Oficiosamente promovido pela autoridade competente (188.º n.º1) b) Se o património afetado for insuficiente ou inadequado, designadamente se estiver onerado
com encargos que comprometam a realização dos fins estatutários ou se não gerar rendimentos
suficientes para garantir a realização daqueles fins;
c) Se os estatutos apresentarem alguma desconformidade com a lei.
4 - A entidade competente para o reconhecimento promove a publicação no jornal oficial da
decisão de reconhecimento ou da sua recusa.
5. Negado o reconhecimento por insuficiência do património, fica a instituição sem efeito, se o
instituidor for vivo; mas, se já houver falecido, serão os bens entregues a uma associação ou
fundação de fins análogos, que a entidade competente designar, salvo disposição do instituidor em
contrário.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Artigo 186.º
Actos de instituição e estatutos
1. No acto de instituição deve o instituidor indicar o fim da fundação e especificar os bens
que lhe são destinados.
2 - No ato de instituição ou nos estatutos deve o instituidor providenciar ainda sobre a
sede, organização e funcionamento da fundação, regular os termos da sua transformação ou
extinção e fixar o destino dos respetivos bens.
Artigo 187.º
Estatutos lavrados por pessoa diversa do instituidor
1.Na falta de estatutos lavrados pelo instituidor ou na insuficiência deles, constando a
Elaboração dos estatutos -» pelo instituidor (186.º n.º2) instituição de testamento, é aos executores deste que compete elaborá-los ou completá-los.
2. A elaboração total ou parcial dos estatutos incumbe à própria autoridade competente
para o reconhecimento da fundação, quando o instituidor os não tenha feito e a instituição
Na sua falta ou insuficiência podem ser lavrados por outrem (187.º)* considerando a não conste de testamento, ou quando os executores testamentários os não lavrem dentro do
ano posterior à abertura da sucessão.
vontade real ou presumível do fundador (afastada nos casos de ser prejudicial 191.º n.º1) 3. Na elaboração dos estatutos ter-se-á em conta, na medida do possível, a vontade real ou
presumível do fundador.
modificação nos limites do 189.º competente para o reconhecimento, sob proposta da respectiva administração, contanto que
não haja alteração essencial do fim da instituição e se não contrarie a vontade do fundador.
Artigo 190.º
Transformação
1 - Ouvida a administração, e também o fundador, se for vivo, a entidade competente para o
reconhecimento pode ampliar o fim da fundação, sempre que a rentabilização social dos
Instituição, os estatutos e as alterações deve ser publicada nos meios disponíveis o aconselhe.
2 - A mesma entidade pode ainda, após as audições previstas no número anterior, atribuir à
fundação um fim diferente:
termos legalmente previstos para as sociedades comerciais a) Quando tiver sido inteiramente preenchido o fim para que foi instituída ou este se tiver
tornado impossível;
b) Quando o fim da instituição deixar de revestir interesse social;
(167.º CSC) sob pena de não produzirem efeitos em relação a c) Quando o património se tornar insuficiente para a realização do fim previsto.
3. O novo fim deve aproximar-se, no que for possível, do fim fixado pelo fundador.
4 - Não há lugar à mudança do fim, se o ato de instituição o proibir ou prescrever a extinção
Visa lucro
Características comuns:
Vinculação pessoal entre os membros e o substrato
Tem separação (embora imperfeita) do património entre membros e a coletividade (305.º e 306.º)
Falta personalidade jurídica perante o direito privado
*Sociedades civis -» instituto jurídico do direito das obrigações (dos contratos em especial), na qual os sócios se obrigam
mutuamente.
Nas associações sem personalidade jurídica e nas comissões especiais sobressai o elemento corporativo, pessoal, ligado ao
seu património separado (coletivo)
Por analogia é passível de se aplicar o 12.º n.º2 CRP e 70.º ss e 480.º | O 46.º CRP aplica-se diretamente
*Regra de impossibilidade de invocação pode ser "corrigida" -» direitos fundamentais podem ser invocados contra a
pessoa coletiva desde que falte a autonomia em virtude dela assumir funções públicas ou se a atuação ameace a
individualidade e liberdade das pessoas humanas
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Aos 40 anos de idade foi
decretado o Determinado representação geral é incapaz de
acompanhamento de maior exercício.
com representação geral.
Sentença deve delimitar o âmbito do
1 ano após, A fez um acompanhamento, se nada refere, estando no
testamento em que deixou 147.º a referência quantos aos direitos pessoais.
300 mil euros para instituir
uma fundação com o fim de Testamento é válido 147.º n.º1 e 2 e 2189.º
promover o ensino da
música às crianças da sua
família. Instituição da Fundação pode ser por testamento
185.º
1 – A poderia fazer o Mas falta a prossecução dos fins sociais, aqui são
testamento? interesses privados do fundador – 188.º n.º2 al. a)
2 – A autoridade
competente poderia fazer o Os 300mil? n.º5 do 188.º quando não tem
reconhecimento individual património , não cabe a entrega para fundação
da fundação? análoga. Deve se restituir a massa da herança.
A AAA é composta por 120
associados. Convocada AG 1/3 dos presentes = 90 -» para deliberações tem de estar
mais da metade.
tinham 90, e conforme a
ordem de trabalho Para aprovação -» metade+1 = 46
liberaram o seguinte: Compra do Painel:
- comprar painel de
Maioria dos associados, mas considera voto de G, 175.º n.º2
azulejos com 30m para não conta, mesmo voto nulo, continua a ser maioria mais
revestir a casa de G, um.
associado da AAA. Deliberação quer quanto a substância, a aprovação e a
Proposta com 47 votos, forma são validas.
incluindo de G. Transformar em sociedade:
- Transformar AAA numa
sociedade comercial Primeiro dissolver AAA, depois criar uma sociedade
anónima. Deliberação depende de ¾ da totalidade dos
destinada à mediação sócios 175.º n.º, ou seja, 90. Ato será anulável 178.º, prazo
imobiliária. 80 votos de 6 meses, pela administração ou por qualquer pessoa que
favoráveis. não estivesse presente.
Associação pode requerer o painel?
10 dias depois foi feito CCV Azulejos fazem parte da cada -» 204.º n.º3.
com G.
Direito de propriedade com CCP foi transferido para A. Não
cabe a sua devolução.
1 mês após, G vendeu a sua
casa a A, com o painel de Poderá G ter de indemnizar AAA a depender do contrato
azulejos a revestir.
Doação pode ser impugnada por um credor?
A FAM, Associação beneficiária 160.º limita a capacidade das pessoas coletivas -? Violação
com sede no Porto, por decisão do de norma imperativa, 294.º, cabe nulidade, salvo se a lei
órgão de administração, decide prever se tratar de anulabilidade.
presentear um antigo
administrador com um veleiro. Um Nulo, pode um credor requerer a nulidade 286.º, afinal o
mês depois a administração património do devedor é a garantir do credor (601.º a 605.º)
delibera por unanimidade destituir
dois associados que tinham Administração pode destituir os dois associados que
prestado declarações ao jornal do prestaram declaração no jornal?
Porto com forte crítica a aludida
doação. Os Estatutos da Necessário dois órgãos, e tem a ag.
Associação conferiam competência
a Administração para destitui Assembleia Geral com as competências pela deliberação
titulares dos órgãos da Associação. 172.º n.º2 como a destituição de órgãos da associação,
Em Assembleia Geral, seis meses aprovação do balanço, alteração dos estatutos, extinção,
depois, é aprovada por maioria autorização para demandar adm.
relativa, proposta de compra de
uma carrinha para facilitar a Ato da administração foi contrário a lei, e portanto, é nulo.
distribuição de alimentos e roupas
a pessoas necessitadas que vivem É válida a compra da carrinha deliberada pela
em aldeias próximas. Os estatutos Assembleia Geral?
exigiam apenas maioria relativa
para aprovar qualquer proposta da Maioria absoluta 175.º! Não está validamente aprovado.
Assembleia Geral.
(Maioria relativa -» maioria ainda que não represente mais
da metade | Maioria absoluta -» mais da metade do total)
A Associação de Beneficência
do Porto reuniu em assembleia
geral para discutir e votar as
seguintes propostas de
alterações aos estatutos.
- Para generalidade das
matérias as deliberações em Maioria de ¾ é suficiente para aprovar as
assembleia geral passam a ser
tomadas por dois terços dos deliberações do 175.º n.º3, que é válida.
associados presentes.
- Deliberações sobre
Maioria de ¾ é suficiente para aprovar as
dissolução da associação deliberações do 175.º n.º4, já que estão todos
requer voto favorável de ¾ dos presente, contudo, essa alteração dos estatutos é
associados presentes na nula (175.º n.º 4 e 5)
assembleia
- Aprovação do balanço passa Aprovação do balanço é imperativamente de
a ser de competência do órgão
da Administração.
competência da assembleia geral (172.º n.º2) e
portanto, é nula.
Considere quer todos os
associados comparecem na
Assembleia Geral e todas as
deliberações alcançam 3/4 de
votos.
*“esta responsabilidade tem por função específica a garantia do pagamento da indemnização ao lesado, dada a circunstância de os
comissários serem pessoas normalmente desprovidas de património susceptível de suportar o pagamento de elevadas indemnizações…” – ML
500.º n.º 2 – Comitente é responsável ainda que o comissário haja intencionalmente, contrariamente as instruções do
comitente (Atenção! “abrange unicamente os actos ligados ao serviço, actividade ou cargo, embora exista apenas um nexo
instrumental, excluindo os praticados por ocasião da comissão com um fim ou interesse que lhe seja estranho” - AC
500.º n.º 3 – Não cabe regresso e sim responsabilidade solidária se Comitente também tiver culpa - Culpa in vigilante |
Culpa in eligendo (escolha) | Culpa in instruendo (ordens) – aplica-se o artigo 497.º n .º2 (Responsabilidade Solidária –
ação de regresso na medida das culpas)
*COMITENTE – pode responder (sozinho) pelo 483.º n.º1 quando se verifica a Culpa in vigilante | Culpa in eligendo
(escolha) | Culpa in instruendo (ordens)
GESTÃO PRIVADA – regida pelo direito privado (TJ) – atua em pé de igualdade aos
particulares
GESTÃO PÚBLICA – regida pelo direito público (TAF) – atua com seus poderes de
soberania
A) O pai de A, C, tomou conhecimento da venda do telemóvel e do automóvel na altura em que as vendas ocorreram, entretanto, somente com a conclusão do processo de
maior acompanhado é que decide anular essas vendas, e recuperar tanto o telemóvel como o automóvel. O que pode C fazer?
(10 valores)
B) Após três anos do desaparecimento de A, o pai, C, pretende vender o apartamento de A, por estar com alguma dificuldade financeira. O que ele pode fazer?
(06 valores)
C) Digamos que C tenha conseguido vender o apartamento de A para E, e após 5 anos do seu sumiço, A, com 23 anos, retorna, recuperado, tendo deixado a vida errante.
- A poderá pedir que cessem as medidas de acompanhamento?
- A pretende voltar a morar no apartamento que recebeu do avô. Como poderá A recuperar o bem? ”
Capítulo I – Coisas
Capítulo IV – A
representação
Pessoas (sentido
jurídico -» personalidade
jurídica):
Pessoas Singulares
(nascimento com vida)
66.º a 69.º e 82.º a 156.º.
Pessoas Coletivas
(dependem do substrato)
157.º a 194.º
*Formações coletivas sem
personalidade jurídica
195.º a 201.º-A
Objetos 202.º a 216.º
MEDIATO -» “coisa” e as
prestações (comportamento de
ação ou omissão)
SUBTÍTULO II DAS COISAS
“aquilo sobre que recai o poder do sujeito” – HEH/ESMS (186)
“A expressão «objecto» designa, na sua acepção filosófica mais geral, aquilo que se «contrapõe» ao homem como sujeito conhecedor – um qualquer dado
existente, para onde ele pode dirigir a sua consciência, quer dizer, aquilo que pode constituir objecto de representação intelectual. Num sentido físico mais
restrito, objecto, é apenas aquilo que é perceptível pelos sentidos homem” – HEH/ESMS (184)
Condutas ativas e passivas das PESSOAS (pode ser necessário a ação ou omissão de
terceiros para alcançar o pretendido) para aproveitarem as coisas (necessidades,
apetências, fins) Parte Geral, Livro II
Realização dos fins mediante ação ou omissão das PESSOAS envolvidas será por meio de
PRESTAÇÕES -» DIREITO DAS OBRIGAÇÕES, Livro II
Realização dos fins através do benefício da própria utilidade do Bem (com ou independentemente
da conduta de terceiros) -» DIREITOS REAIS, Livro III
“Tal como sucede com as pessoas, as coisas são algo que o Direito recebe da vida e que existe já, fora do Direito. As coisas são
dados extrajurídicos” – PPV/PLPV (225)
Sentido jurídico é mais restrito, além de coisa não ser pessoa, é preciso que tenha utilidade, individualidade e seja
suscetível de apropriação.
*202.º delimita o objeto mediato
software, etc., são coisas não corpóreas, bens imateriais, e – ao contrário de outros produtos ideais - até separáveis dos seus
suportes materiais (p. ex., pen drive), podendo ser utilizado ou transferido autonomamente– HEH/ESMS (196)
Entretanto, se são insuscetíveis de apropriação não podem ser classificadas como coisas em
sentido jurídico.
Além disso, as coisas que estão juridicamente fora do comércio, não implicam que estejam em
domínio público.
Ex.: Baldios (“terrenos possuídos e geridos por comunidades locais” – Lei n.º 68/93 de 4 de setembro, classificados como coisas
comuns)
Coisas que são colocadas fora do comércio por lei (legislação específica) -» Legislações
de proteção a determinados animais, plantas, ambiente, etc.
Artigo 1304.º
Domínio do Estado e de outras pessoas
colectivas públicas
O domínio das coisas pertencentes ao Estado ou a
quaisquer outras pessoas colectivas públicas está
igualmente sujeito às disposições deste código em tudo
Lexionário do DRE o que não for especialmente regulado e não contrarie a
natureza própria daquele domínio.
Os bens do domínio público, de acordo com a sua titularidade, pertencem ao Estado, às regiões
autónomas e às autarquias locais, segundo o disposto no n.º 2 do artigo 84.º da Constituição (CRP) e na
alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º e no artigo 15.º do Regime Jurídico do Património Imobiliário Público, Artigo 84.º
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de outubro, na sua redação atual (RJPIP). Em Portugal Domínio público
1. Pertencem ao domínio público:
adotou-se um conceito formal de domínio público, isto é, são bens do domínio público aqueles que a) As águas territoriais com os seus leitos e os
constam da CRP e da lei, pelo que temos: fundos marinhos contíguos, bem como os lagos,
1) Domínio público do Estado ou estadual: o respetivo elenco consta do n.º 1 do artigo 84.º da CRP e do lagoas e cursos de água navegáveis ou
flutuáveis, com os respetivos leitos;
artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 477/80, de 15 de outubro, e demais legisla b) As camadas aéreas superiores ao território
ção avulsa (por força da remissão da alínea p) do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 477/80, de 15 de outubro); acima do limite reconhecido ao proprietário ou
2) Domínio público regional: o respetivo elenco consta, no que respeita ao arquipélago dos Açores, do superficiário;
c) Os jazigos minerais, as nascentes de águas
n.º 2 do artigo 22.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, sendo que o mineromedicinais, as cavidades naturais
Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira é omisso quanto a esta matéria, pese subterrâneas existentes no subsolo, com
embora lhe faça referência no n.º 1 do seu artigo 144.º; exceção das rochas, terras comuns e outros
materiais habitualmente usados na construção;
3) Domínio público autárquico: não existe nenhuma lei de caráter geral relativa ao património público d) As estradas;
autárquico, pese embora se insiram neste as estradas e caminhos municipais e os bens do domínio e) As linhas férreas nacionais;
público hídrico reservado para as autarquias locais. Os bens do domínio público estão sujeitos a um f) Outros bens como tal classificados por lei.
2. A lei define quais os bens que integram o
regime de direito público, dotado de especial tutela, daqui decorrendo as características dos bens de domínio público do Estado, o domínio público
domínio público (cfr. artigo 18.º e seguintes do RJPIP): inalienabilidade, imprescritibilidade, das regiões autónomas e o domínio público das
impenhorabilidade e autotutela. autarquias locais, bem como o seu regime,
condições de utilização e limites.
*CC não define coisas móveis, limita-se a referir que são móveis tudo o que não for imóvel – 205.º n.º1 Artigo 205.º
Coisas móveis
*Há coisas móveis que são sujeitas a registo pela importância económica (ex.: veículos, participações 1. São móveis todas as coisas não
compreendidas no artigo anterior.
sociais) 2. As coisas móveis sujeitas a registo
público é aplicável o regime das
Coisas Imóveis -» basicamente o solo e o que estiver ligado a ele em caráter permanente (ex.: coisas móveis em tudo o que não seja
especialmente regulado.
prédio, árvore, água…), possuindo um registo predial dado a sua importância económica e social
(interesse em saber a quem pertence), classificando-se em rústico ou urbano (inclui propriedade
horizontal 1414.º)
“as coisas que se determinam pelo seu género, qualidade e quantidade, quando constituem objecto de relações
jurídicas. Segundo a lei, a distinção refere-se apenas às coisas móveis (sendo de admitir que também as
prestações possam ser fungíveis ou não fungíveis). A classificação de uma cosia móvel como fungível ou não
deve fazer-se em atenção a cada relação jurídica. Há coisa que são normalmente fungíveis e outras que são
normalmente infungíveis”– HEH/ESMS (200)
“Um livro, por exemplo, é uma coisa não consumível pois destina-se normalmente a leitura. Porém, os livros
destinados à venda numa livraria já são consumíveis. O seu uso regular é a venda, pelo que desaparecem do
património do livrei quando são usados” – Pires de Lima - HEH/ESMS (200)
*Indivisibilidade pode ser convencionada -» 1412.º e 2101.º n.º2 (herança) ou resultar da lei 696.º (hipoteca Artigo 1412.º
Processo de divisão
indivisível), 1546.º (indivisibilidade das servidões) e 1376.º (fracionamento de terreno) 1. A divisão é feita amigavelmente ou
**Relevância no caso da compropridade – 1403.ºss – possibilidade de exigir a divisão, ou impor nos termos da lei de processo.
2. A divisão amigável está sujeita à
(cláusula) uma indivisibilidade (máximo de 5 anos renováveis). Divisão em comum acordo ou por meio de ação forma exigida para a alienação onerosa
especial de divisão de coisa comum 1052.º a 1057.º do CPC. da coisa.
Em caso de indivisível, possibilidade de licitação e adjudicação a algum dos comproprietários.
“são coisas futuras as que (ainda) não estão em poder do dispoente, ou a que este (ainda) não tem direito, ao tempo
da declaração negocial” – HEH/ESMS (202)
Não houve uma personalização dos animais com a Lei n.º 8/2017.
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
Artigo 1318.º
Suscetibilidade de ocupação
Podem ser adquiridos por ocupação os animais e as coisas móveis que
nunca tiveram dono, ou foram abandonados, perdidos ou escondidos
pelos seus proprietários, salvas as restrições dos artigos seguintes.
Artigo 1323.º
Animais e coisas móveis perdidas
1 - Aquele que encontrar animal ou coisa móvel perdida e souber a quem
pertence deve restituir o animal ou a coisa a seu dono ou avisá-lo do
Dificuldade para compreender quais animais, todos do reino biológico animal? achado.
2 - Se não souber a quem pertence o animal ou coisa móvel, aquele que
Afasta as bactérias, micróbios, bacilos, fungos, moluscos (ausência de os encontrar deve anunciar o achado pelo modo mais conveniente,
atendendo ao seu valor e às possibilidades locais, e avisar as
sensibilidade ainda que ADN animal?) autoridades, observando os usos da terra, sempre que os haja.
3 - Para efeitos do disposto no número anterior, deve o achador de
- Legislador focado nos animais de companhia? animal, quando possível, recorrer aos meios de identificação acessíveis
através de médico veterinário.
4 - Anunciado o achado, o achador faz seu o animal ou a coisa perdida,
se não for reclamada pelo dono dentro do prazo de um ano, a contar do
As alterações não trouxeram grandes mudanças práticas, continuam a ser anúncio ou aviso.
5 - Restituído o animal ou a coisa, o achador tem direito à indemnização
tratados como coisas móveis (exceto o 323.º n.º7). do prejuízo havido e das despesas realizadas.
6 - O achador goza do direito de retenção e não responde, no caso de
*os animais são objetos do direito de propriedade – 1305.º-A perda ou deterioração do animal ou da coisa, senão havendo da sua
parte dolo ou culpa grave.
“O Cciv não consagra nem um único preceito que reconheça direitos próprios aos animais, mas confere 7 - O achador de animal pode retê-lo em caso de fundado receio de que
o animal achado seja vítima de maus-tratos por parte do seu
direitos e deveres aos seus proprietários (donos) que tem domínio sobre eles” – HEH/ESMS (189) proprietário.
Artigo 493.º-A
O próprio 493.º-A não protege o animal e sim o património e direito de Indemnização em caso de lesão ou morte de animal
1 - No caso de lesão de animal, é o responsável obrigado a indemnizar o
personalidade do proprietário e património de quem auxiliar ao socorro e seu proprietário ou os indivíduos ou entidades que tenham procedido ao
seu socorro pelas despesas em que tenham incorrido para o seu
tratamento do animal que tenha sofrido lesão (o que já poderia ser tratamento, sem prejuízo de indemnização devida nos termos gerais.
2 - A indemnização prevista no número anterior é devida mesmo que as
salvaguardado noutra figuras). despesas se computem numa quantia superior ao valor monetário que
possa ser atribuído ao animal.
3 - No caso de lesão de animal de companhia de que tenha provindo a
morte, a privação de importante órgão ou membro ou a afetação grave
Possibilidade de intervenção de terceiros no salvamento e tratamento deriva e permanente da sua capacidade de locomoção, o seu proprietário tem
de institutos gerais como o estado de necessidade (339.º) e gestão de direito, nos termos do n.º 1 do artigo 496.º, a indemnização adequada
pelo desgosto ou sofrimento moral em que tenha incorrido, em
negócios (464.º). montante a ser fixado equitativamente pelo tribunal.
– Tal princípio não exclui a legitimidade da prática esporádica de doações por uma
sociedade ou associação quando conveniente à prossecução dos seus fins ou determinada
por fundamentos de solidariedade social, contanto que os donativos ou liberalidades sejam
adequados à capacidade económica da própria sociedade ou da associação”
Pessoas coletivas – organizações constituídas por uma coletividade de pessoas dirigidas à realização de atos
Danilo é presidente do órgão de administração comuns ou coletivos, às quais se atribui personalidade jurídica, que se distinguem em função do elemento pessoal
da Associação "Simplesmente Notável", que ou patrimonial: existem corporações/associações, que tenham um substrato integrado por um agrupamento de
pessoas singulares, que têm em vista o interesse comum; e as fundações, que têm um substrato dominado por
promove atividades regulares de divulgação do um elemento patrimonial, integrado por um conjunto de bens adstritos ao fundador (que pode ser uma pessoa
património cultural da Região Centro. Ernesto é singular ou coletiva) com um interesse de índole social. Está regulada nos art. 157º e ss.
um funcionário permanente e muito polivalente
da dita associação. São constituídas por elemento fático (o seu substrato, material, que diz respeito a um conjunto de elementos da
realidade extrajurídica
cujo seu reconhecimento elevará à qualidade de sujeito jurídico) e por um elemento normativo
a) Em Janeiro de 2020, Danilo adquiriu, em nome (reconhecimento). Elemento patrimonial, elemento teleológico, elemento intencional, elemento organizatório
da associação, um luxuoso iate, que tem usado (preceitos disciplinadores). Órgãos da pessoa coletiva – centros institucionalizados de poderes funcionais, a
exercer por um indivíduo ou colégio de indivíduos que neles estiverem providos, com o objetivo de exprimir a
para fazer viagens de recreio pelo Mediterrâneo. vontade juridicamente imputável a essa pessoa coletiva. Há órgãos deliberativos, que representam a vontade dos
Até à data, porém, a vendedora Fedra apenas membros no exterior, órgãos representativos, que representam a vontade da pessoa coletiva e relacionam-se
recebeu uma parcela ínfima do preço; poderá com terceiros, os agentes ou auxiliares, os órgãos que executam sob incumbência da pessoa coletivo, e ainda os
exigir da Associação a parte em falta? mandatários, que concluem negócios
jurídicos vinculativos da pessoa coletiva.
b) No corrente mês, quando procedia ao controlo
das entradas no recinto onde decorria o magusto a) É necessário averiguar se há capacidade da pessoa coletiva para a prática do ato em questão, um vez que se ela
anual da associação, Ernesto deparou-se com não existir, o ato é nulo, não produzindo efeito. Assim sendo, a associação em questão não tem capacidade para
Gregório e Hugo, dois antigos associados e adquirir o iate, uma vez que não existe um nexo de necessidade nem de conveniência, pelo que o ato é nulo,
sendo que Fedra não poderia exigir da associação a parte do pagamento em falta, dado que esta não ficou
atualmente indesejáveis. Visando impedir o seu vinculada pelo ato pelo contrato.
acesso, Ernesto usou livremente da sua força
física, do que resultaram várias fraturas ósseas e b) Remete para a questão da responsabilidade civil. Danos lesantes. Nexo de causalidade entre o ato e o dano. O
feridas contusas para os anteriores associados. facto tem de ser ilícito, e culposo. A consequência jurídica destes pressupostos é o dever de reparar o dano (art.
562º) – princípio da reparação. A pessoa física que atuou tem de ser sancionada, sendo que o facto danoso tem
Ambos pretendem agora obter da associação de ser praticado no exercício das funções relativas à pessoa coletiva. No caso, verificam-se os pressupostos
reparação por danos extrapatrimoniais e relativos à responsabilidade, e atuou no quadro das suas competências gerais de portaria, preenchendo-se os
patrimoniais decorrentes da agressão. Terão pressupostos para a existência de responsabilidade extracontratual da pessoa coletiva (art. 500º).
sucesso?
A) Princípio da especialidade do fim (n.º 1 do artigo 160.º), que limita a capacidade de gozo das
Um conjunto de naturais de Coimbra
pessoas colectivas. Cfr Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 318 a 321: estão “fora da capacidade jurídica
constituiu uma associação destinada a das pessoas colectivas os direitos e obrigações que não sejam necessários ou convenientes à
promover o desenvolvimento social e prossecução dos seus fins”. A subscrição no capital social daquela sociedade comercial pode – ou
cultural do concelho: a “Associação para o não – ser necessária ou conveniente à promoção do desenvolvimento social e cultural do concelho.
Desenvolvimento de Coimbra” (ADC). No caso de não ser necessária ou conveniente o negócio seria nulo por ir para lá da capacidade de
Suponha que é consultado sobre as gozo da ADC, nos termos do artigo 294.º.
seguintes questões: B) Responsabilidade civil das pessoas colectivas (Cfr. Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 321 a 325). O
artigo 165.º determina que a associação é responsável pelos actos ou omissões deste seu
a) Pode a ADC fazer uma subscrição de funcionário (enquanto agente dela) nos termos do artigo 500.º (embora parte da doutrina –
€100.000 no capital social de uma incluindo Mota Pinto, Teoria Geral, p. 322 – entenda que a remissão deva ser para o artigo 800.º nos
sociedade comercial que vai construir uma casos de responsabilidade contratual).
grande unidade fabril no concelho Os requisitos do artigo 500.º são os seguintes: (1) existência de comissão; (2) responsabilidade do
b) Um funcionário da ADC apropriou-se comissário (o funcionário da ADC); e (3) que o acto ilícito do comissário haja sido praticado “no
indevidamente do dinheiro recolhido exercício da função que lhe foi confiada” (n.º 2 do artigo 500.º, in fine). Este último requisito impõe
num sorteio promovido pela associação, que o acto ilícito tenha sido praticado no quadro geral das competências que foram conferidas ao
comissário para o desempenho da sua comissão. Ou seja: tem de existir um nexo funcional – e não
sendo agora exigidos a esta a devolução do meramente formal (por exemplo, o acto ilícito ter sido praticado no local, e durante o horário, em
dinheiro do sorteio e uma indemnização que a comissão deveria ser desempenhada). O facto ilícito tem de ter sido praticado por causa da
pela sua não realização. Será a ADC comissão e não apenas por ocasião dela. Neste caso a apropriação do dinheiro por parte do
responsável? funcionário da ADC extravasa das competências que lhe foram confiadas pela associação, pelo que
só aquele – e já não esta – é responsável.
c) Pedro, administrador da ADC, quando se C) Problema idêntico ao anterior. Enquanto administrador da ADC, Pedro é seu representante (nos
deslocava a Lisboa para tratar de termos do n.º 1 do artigo 163.º). Os atos destes representantes responsabilizam também a ADC, nos
termos do artigo 165.º, que remete para o artigo 500.º. Neste caso não há dúvida que o ato ilícito de
assuntos da associação, teve um acidente Pedro foi praticado no exercício da função que lhe foi confiada, pelo que também a ADC é
no automóvel desta, resultante de distração responsável (mesmo não havendo culpa sua). A ADC fica com o direito de regresso sobre Pedro, nos
sua, termos do n.º 3 do artigo 500.º.
que causou graves danos noutros Uma nota: poderia questionar-se se Pedro, enquanto administrador da ADC, está verdadeiramente a
automóveis. Poderão os proprietários atuar enquanto comissário desta; não estando faltaria o primeiro dos requisitos do artigo 500.º
destes exigir uma (existência de comissão), deixando de ser aplicável esta norma.
indemnização pelos danos sofridos à ADC?
No caso prático, deveriam ser mobilizados os institutos da responsabilidade civil das
pessoas singulares, bem como das pessoas coletivas pela atuação dos seus agentes,
A sociedade "Reis da Noite, Lda.", explora a e da tutela dos direitos de personalidade. Deveria ser identificada a lesão no direito
discoteca "O Pinhal", na zona centro. As de Afonso à honra (art. 70.º), bem como ao crédito e bom nome (art. 484.º) –
funções de gestão de relações públicas e, em explicando-se estes conceitos e o conteúdo dos direitos em causa. Tratava-se de
particular, de redes sociais, são exercidas por uma hipótese de responsabilidade civil extracontratual. A reparação destes danos
Dinis. Afonso, antigo frequentador assíduo do
estabelecimento, vem fazendo afirmações poderia ser exigida de Dinis, porque em relação a ele se preenchiam todos os
desfavoráveis à discoteca na esfera digital, pondo a pressupostos da responsabilidade civil extracontratual (facto, ilicitude, culpa, dano e
ridículo a decoração e a seleção musical, nexo de causalidade entre facto e dano). E poderia também ser exigida da
que apoda de antiquadas, "praticamente sociedade, a qual responde independentemente de culpa, ao abrigo dos art. 165.º e
medievais". 500.º do CC, pela atuação dos seus representantes, agentes e mandatários. Deveria
Apercebendo-se do sucedido, Dinis, bem
conhecido pelo seu temperamento irascível, usa o ser fundamentado o preenchimento dos pressupostos do art. 500.º, explicando-se
seu perfil nas redes sociais que o identifica como em particular porque se deveria entender que, para efeitos do n.º 2, Dinis atuava
"relações públicas" d'"O Pinhal", e ainda no exercício das suas funções. Deveria explorar-se a hipótese de haver culpa
responde de imediato a Afonso. Acusa-o de da pessoa coletiva, por ter escolhido um sujeito com personalidade irascível para
envolvimento em negócios escusos, e de ser um relacionamento com o público. Neste caso, quando chamada a responder por via do
frequentador a quem foi proibido o ingresso no
estabelecimento, por se querer "evitar art. 500.º, esta teria o seu direito de regresso limitado (art. 500.º, n.º 3).
problemas com a lei". Na sequência, Dinis Deveria por outro lado ser identificada a lesão em idênticos bens de personalidade
menciona ainda Henrique, seu vizinho com quem de Henrique. Tratava-se de uma hipótese de responsabilidade civil extracontratual. A
tem um problema antigo de demarcação de reparação destes danos poderia ser exigida de Dinis, porque em relação a ele se
terrenos, dizendo que este é "cúmplice de Afonso preenchiam todos os pressupostos da responsabilidade civil extracontratual (facto,
no crime".
Como, e contra quem, poderão Afonso e Henrique ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade entre facto e dano). No entanto, a
reagir? sociedade já não poderia ser chamada a responder, uma vez que os danos já não
eram de reconduzir ao exercício das funções de Dinis.
No caso prático, deveriam ser mobilizados os institutos
da personalidade coletiva e capacidade de gozo das
A sociedade "Nós Trabalhamos pessoas coletivas. A "Nós Trabalhamos Muito, Lda." é
Muito, Lda.", recentemente uma sociedade comercial, pessoa coletiva com
fundada, dedica-se à cedência substrato corporativo e escopo lucrativo, havendo que
temporária de espaços para fins aferir da necessidade ou conveniência dos dois
profissionais, propondo-se negócios para a obtenção de lucro (art. 160.º do Cód.
reformular inteiramente as práticas
de civ.). Ambos são negócios são gratuitos, à partida
organização empresarial. contrários a esse fim. Porém, o primeiro negócio
a) Neste Natal, César, na qualidade mostra-se conveniente à prossecução do lucro
de gerente único, ofereceu (gratificação dos Funcionários da empresa, com
uma trotinete elétrica a cada um dos potenciais efeitos na sua produtividade); o mesmo não
funcionários da empresa e fez se pode dizer do segundo negócio (donativo anónimo,
ainda um donativo anónimo, no valor sem fins publicitários). Como tal, o negócio de doação
de 500.000 euros, a uma à fundação seria nulo. Seria valorizada a resposta que
fundação dedicada ao estudo das invocasse o art. 6.º do Cód. Soc. Comerciais e
alterações climáticas. Pronuncie-se
sobre a validade de cada um destes procurasse problematizar a aplicação dos seus
negócios requisitos