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Sephora Marchesini

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 1.º Ponto Escrito 15 de março 18h

 2.º Ponto Escrito 26 de abril 18h

 1.ª Frequência 22 de junho 15h

 Exame 2.ª Época 13 de julho 15h


TERÇA QUARTA QUINTA

11h Atendimento - 314

16h OT – E (206)

17h PRÁTICA – E (208)

18h Atendimento - 314 TEÓRICA – EF (anf. 3)

19h TEÓRICA – EF (anf. 3)

20h OT – F (210)

21h PRÁTICA – F (210)


Seman Terça Quarta Quinta
a
13 a 0 - Prática – E 1 - Teórica – EF 0 - Orientação Tutorial – E
18 fev 0 - Prática – F
0 – Orientação Tutorial – F
20 a Carnaval 2 - Teórica – EF 0 - Orientação Tutorial – E
25 fev
27 fev 1 - Prática – E 3 - Teórica – EF 1 - Orientação Tutorial – E
a 04 1 - Prática – F
mar 0 – Orientação Tutorial – F
6 a 11 2 - Prática – E 4 - Teórica – EF 2 - Orientação Tutorial – E
mar 2 - Prática – F
1 – Orientação Tutorial – F
13 mar 3 - Prática – E 5 - Teórica – EF PONTO ESCRITO 3 - Orientação Tutorial – E
a 18 3 - Prática – F
2 – Orientação Tutorial – F
20 a 4 - Prática – E 6 - Teórica – EF 4 - Orientação Tutorial – E
25 mar 4 - Prática – F
3– Orientação Tutorial – F
Semana Terça Quarta Quinta
27 mar a 01 abr 5 - Prática – E 7 - Teórica – EF 5 - Orientação Tutorial – E
5 - Prática – F
4 – Orientação Tutorial – F
3 a 9 abr PÁSCOA

11 a 15 abr 6 - Prática – E 8 - Teórica – EF 6 - Orientação Tutorial – E


6 - Prática – F
5 – Orientação Tutorial – F
17 a 22 abr 7 - Prática – E 9 - Teórica – EF 7 - Orientação Tutorial – E
7 - Prática – F
6 – Orientação Tutorial – F
24 a 29 abr Feriado 10 - Teórica – EF PONTO ESCRITO 8 - Orientação Tutorial – E
01 a 6 mai 8- Prática – E 11 - Teórica – EF 9 - Orientação Tutorial – E
8- Prática – F
8 – Orientação Tutorial – F
8 a 13 mai 9 - Prática – E 12 - Teórica – EF 10 - Orientação Tutorial – E
9 - Prática – F
9 – Orientação Tutorial – F
15 a 20 mai 9 - Prática – E 13 - Teórica – EF 11 - Orientação Tutorial – E
9 - Prática – F
9/10 – Orientação Tutorial – F
22 a 27 mai 11 - Prática – E 14 - Teórica – EF 12 - Orientação Tutorial – E
11 - Prática – F
11 – Orientação Tutorial – F
29 mai a 03 jun 12 - Prática – E 15 - Teórica – EF REVISÃO 13 - Orientação Tutorial – E
12 - Prática – F
12 – Orientação Tutorial – F
Semana Assunto
13 a 18 fev Título I - Capítulo I e Capítulo II – Direito Civil | Princípios Fundamentais do Direito Civil | Relação Jurídica

20 a 25 fev Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Relação Jurídica | Personalidade Jurídica

27 fev a 04 mar Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Direitos da Personalidade | Capacidade Jurídica (Menor, Maior Acompanhado)

6 a 11 mar Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Domicílio | Ausência

13 a 18 mar 1.º Ponto Escrito

20 a 25 mar Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Nacionalidade | Estado Civil | Património

27 mar a 01 abr Título II - Capítulo II – Das Pessoas – Pessoas Coletivas

3 a 9 abr PÁSCOA

11 a 15 abr Título III - Capítulo I - Coisas | Animais

17 a 22 abr Título II - Capítulo I – Das Pessoas – Esfera Jurídica | REVISÃO

24 a 29 abr 2.º Ponto Escrito

01 a 6 mai Título IV - Capítulo I - Situações, relações jurídicas e direitos subjetivos

8 a 13 mai QUEIMA – Casos Práticos

15 a 20 mai Título III - Capítulo II Prestações / Capítulo III Outros possíveis objetos / Capítulo IV - A representação

22 a 27 mai Título IV - Capítulo III - O tempo e a estabilização das situações jurídicas

29 mai a 03 jun Revisão para o Exame


Título I Capítulo I – Do Direito
e Direito Civil
Introdução
Capítulo II – A Relação
jurídica
Direito Privado ≠ Direito Público

Direito Civil ≠ Natureza do interesse, natureza dos sujeitos, modo de relacionamento

“As dificuldades de distinção … não são… inultrapassáveis, desde que se abandone a técnica da
classificação dicotómica e se adote um modo de qualificação polar” - PPV/PLPV (9)

Polo Privado Polo Público

“vertente pessoal, a componente individual, particular, “vertente comunitária, a componente social, coletiva,
privada, relativa às pessoas comuns e aos seus interesses, estatal, relativa à comunidade e ao bem comum, de todos
num modo de relacionamento em princípio paritário” - ou da maioria, ou dos interesses que ao Estado cabe
PPV/PLPV (9) prosseguir assistido de poderes de autoridade e de modo
sobre-ordenado” - PPV/PLPV (9)
Tutela dos interesses particulares Tutela dos interesses públicos

Relações entre particulares Intervenção de entes Públicos (com poder e autoridade)

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 Direito da Família Direito Privado (ex.: impedimentos do casamento / RRP autoridade dos pais)

 Direito Penal Direito Público

 Direito do Trabalho Direito Privado (ex.: limitações a autonomia privada no contrato de trabalho)

 Direito Fiscal Direito Público

 Direito Comercial Direito Privado (ex.: regulações públicas)


 Direito Administrativo Direito Público
 Direito Processual Direito Público

Direito Civil --» componente privada é dominante mas não exclusiva (“interesse e ordem pública”)
 “o Direito Civil constitui o cerne fundamental do Direito Privado. É no seu âmbito que se
concentram os princípios, institutos e regulações que são comuns ao sub-ramos do Direito
Privado e que constituem os próprios fundamentos do Direito Privado, entendido como o
direito das pessoas comuns” - PPV/PLPV

Pessoas
Criado PELAS Pessoas e PARA as Pessoas

Ações
Comportamentos e Finalidades – Sociedade não é inerte

Bens
Satisfação de necessidades e vontades
“pode-se detectar uma série de princípios
1. O Personalismo Ético fundamentais do actual direito civil. esses
princípios formam a ossatura do direito civil,
2. O princípio da autonomia
sustentando as normas que os desenvolvem e
3. O princípio da responsabilidade danto-lhes um sentido e uma função... Esses
princípios jurídicos oferecem-nos assim os traços
4. O princípio da confiança e da aparência fundamentais do sistema do direito civil, na
5. O princípio da boa fé medida em que modelam o conteúdo do direito
vigente, penetrando e cimentando os seus
6. O princípio da paridade jurídica elementos normativos” - CAMP (96)
7. O princípio da equivalência
8. O reconhecimento da propriedade e a sua função
9. O respeito pela família e pela sucessão por morte

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“o personalismo ético exige a proscrição da escravatura, do racismo e de todas as discriminações e prepotências, da pena de
morte e dos tratamentos infamantes, da tortura e da prisão para a obtenção de provas ou para averiguações e da parcialidade
judicial. No Direito Civil, o personalismo ético funda a tutela da personalidade, a autonomia privada, a responsabilidade civil, o
direito subjetivo e a propriedade, o respeito da família e a sucessão por morte” - PPV/PLPV (14)

A Personalidade é originária e inerente à natureza humana


Reconhecimento da personalidade jurídica Tutela dos direitos de personalidade
*Ser pessoa é ser apto para ser sujeito de direitos e obrigações jurídicos
Direito Civil --» aplica-se a convivência humana
Convivência = poderes e deveres jurídicos

Artigo 66.º
Pessoa ≠ Ser Humano
Começo da personalidade
(Pessoa propriamente dita, organização de pessoas, conjunto de 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
bens --» personalidade jurídica) 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

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“É este círculo de direitos necessários; um conteúdo mínimo e imprescindível da esfera jurídica de cada pessoa” - CAMP (101)

Proteção do Direito civil pode


encontrar correspondente
proteção no Direito Penal (em
simultâneo ser um ilícito penal e
um ilícito civil), mas pode ser
apenas um ilícito civil.

Direitos Absolutos --» impõem ao respeito de todos


Círculo de Direitos de Personalidade – artigo 70.º ss

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http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/f928078b9b63bce1802589400059990b?OpenDocument

Ac. STJ de 19/01/2023


Proc.º n.º 4060/19.2.TBLRS.L1.S1
SUMÁRIO:
I. O RJMA consagra o critério do primado da vontade do beneficiário não apenas na escolha do acompanhante, mas também
das pessoas que deverão cooperar com este, fiscalizar a sua actuação, e substituí-lo nas suas faltas e impedimentos, o que
inclui os membros do Conselho de Família e, em especial, o protutor.
II. Se a decisão judicial não considerou que a beneficiária não dispusesse de capacidade bastante para compreender o acto
de escolha dos membros do Conselho de Família, ao nomear como protutor um sujeito, contra a vontade expressa da
beneficiária, violou as disposições legais do RJMA, que deverão ser interpretadas à luz do teor da Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

FUNDAMENTAÇÃO:
Também Geraldo Rocha Ribeiro, a este propósito afirma que “a ordem jurídica assenta, pois, no personalismo ético que reconhece liberdade
para a autodeterminação individual e responsável da pessoa (ou seja, reconhecer a dignidade da pessoa humana é consagrar a sua
autodeterminação e consequente responsabilidade). A imposição de limites por parte do Estado a estas dimensões essenciais da ordem jurídica é
admissível apenas a título excepcional e por necessidade de protecção de interesses jurídicos superiores ou equivalentes. Reconhece-se à
pessoa a liberdade real e jurídica de conformar a sua vida e gerir os seus interesses, não podendo o Estado, por isso, impor arbitrariamente um
paternalismo anacrónico e redutor da essência humana (…) Estas considerações implicam que o princípio da dignidade da pessoa humana seja
centrado a partir da perspectiva da pessoa e que nela se desenvolva e se materialize, recusando-se qualquer imposição ou determinação
exógena, quer pelo Estado, quer por terceiros. A cada ser humano deverá ser reservada a competência para definir e conformar a sua própria
vida, o que implica uma realização inevitavelmente circunstancial deste princípio, quanto à definição e materialização do seu concreto conteúdo.
Não pode, por isso, o Estado assumir uma função paternalista e impor uma protecção não querida pelo próprio

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http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/c3fb530030ea1c61802568d9005cd5bb/bfc224d79a696da280256f87004fd4d4?OpenDocument

Ac. TRP de 20/12/2004


Proc. n.º 0455904
SUMÁRIO:
I - A jornalista que sem averiguar os factos, publica, com destaque e com autorização do jornal onde colabora, e do
seu director, um artigo que, pelo respectivo teor, permite identificar um funcionário de uma escola pública
acusando-o de factos que revelam assédio sexual e práticas pedófilas, com alunos, age com culpa e infringe os
seus deveres deontológicos.
II - A falsidade da notícia tendo provocado no visado, depressão, vergonha de entrar na escola - onde era pessoa
respeitada e respeitadora - e enfrentar os professores e alunos, causando-lhe ansiedade e perturbação da vida
familiar, causou um dano não patrimonial que, equitativamente, deve ser compensado com a quantia de € 24.940,00,
pagamento que a responsabiliza, bem como ao director do jornal e empresa dele proprietária.

FUNDAMENTAÇÃO DA ILICITUDE:
Quando tal se revele inviável, num sistema jurídico assente, como é o caso do ora vigente, em lei fundamental
centrada no primado da dignidade da pessoa humana, em que não será difícil descortinar um personalismo ético
que exige o reconhecimento de cada pessoa como sujeito (de direitos fundamentais) e a sua protecção enquanto tal,
a colisão desses direitos deve, em princípio, resolver-se pela prevalência daquele direito de personalidade (nº2 do
art. 335º, do CC) (...) Só assim não deverá ser quando, em concreto, concorram circunstâncias susceptíveis de, à luz
de bem entendido interesse público, justificar a adequação da solução oposta: sempre, então, também, ilícito o
excesso, se exigindo o respeito por um princípio, não apenas de verdade, necessidade e adequação, mas também
de proporcionalidade (ou razoabilidade)”.

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ESFERA JURÍDICA --» "Entende-
se por esfera jurídica o conjunto
das relações jurídicas de que uma
pessoa é titular" PMP (102)

“A autonomia é a liberdade que as pessoas têm de se regerem e vincularem a si próprias, uma


perante as outras, de prometerem e de se comprometerem” - PPV/PLPV (17)

“A autonomia da vontade ou autonomia privada consiste no poder reconhecido aos particulares de


autoregulamentação dos seus interesses, de autogoverno da sua esfera jurídica … A autonomia
privada também se manifesta no poder delivre exercício dos seus direitos ou de livre gozo dos seus
bens pelos particulares – ou seja, é a autonomia privada que se manifesta na «soberania dos
querer» - no império da vontade – que caracteriza essencialmente o direito subjectivo … A
autonomia privada ou autonomia da vontade encontra, pois; os veículos da sua realização nos
direitos subjectivos e na possibilidade de celebração de negócios jurídicos” - PMP (102-103)
Encontramos a autonomia privada em todas as searas do Direito Civil (em algumas partes com menor força como ocorre nas relações
pessoais e relações familiares que há impedimento de disposição de certos direitos, como os direitos de personalidade).
Manifestação do princípio da autonomia mais visível na liberdade contratual

Não é absoluta!
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http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/ea5081c0eece5aca80257e4c0037d20a?OpenDocument

AC. TRP de 11/05/2015


Proc. n.º 299/14.5T8PNF.P1
SUMÁRIO:
Na ação de reconhecimento da existência de contrato de trabalho a que se reporta a Lei nº 63/2013 de 27.08, proposta pelo
Ministério Público, não é passível de homologação a desistência do pedido requerida pela alegada “trabalhador”.
FUNDAMENTAÇÃO:
É por isso que entendemos que o trabalhador não tem legitimidade para desistir do pedido ou pura e simplesmente acordar, à revelia do Ministério Público,
com o empregador que a relação estabelecida entre eles constitui um contrato de prestação de serviços e não de trabalho.
Se o empregador e o trabalhador são livres de negociar à luz do artigo 405º, nº 1 do Código Civil, espelhando-se essa liberdade na escolha da forma e modo
de prestação da «actividade laboral», a mesma (liberdade) esgota-se na livre qualificação do contrato celebrado. O que queremos dizer com isso é que, se,
dentro dos limites da lei, as partes são livres de negociar, na qualificação jurídica desse negócio, não podem impor ao mundo jurídico uma qualificação que
não está de acordo com os parâmetros reais e legais. Assim, não é pelo facto de ambas as partes dizerem que o contrato é um contrato de prestação de
serviços que faz com que o mesmo na realidade o seja. Se a realidade concreta, ou seja, se a actividade desenvolvida pelo trabalhador, apreciada à luz de
estritos critérios legais, corresponde a um contrato de trabalho e não ao que as partes dizem corresponder, não se pode à luz da liberdade contratual ou do
princípio da autonomia privada, aceitar essa qualificação das partes. Passar-se-ia por cima da legalidade e da defesa do interesse público, que está além do
mero interesse privado.
Não está aqui em causa qualquer atropelo ou limite à liberdade contratual, ao princípio da autonomia privada, mas somente um acerto jurídico da qualificação
das partes que não correspondem à realidade dos factos. As partes são livres de escolher o modelo contratual regulador da sua relação profissional, mas não
podem é adulterar as normas legais e pretender que, independentemente da realidade fáctica, essa regulação corresponda a um determinado contrato, que na
realidade o não é. As partes foram e são livres de contratar, têm é de se submeter às regras legais. A liberdade contratual e a autonomia privada não podem
estar à margem do ordenamento jurídico, já que é este que as reconhece e protege. É no ordenamento jurídico que o contrato se vai refletir e ter repercussões.
Este é um dos limites à liberdade contratual e à autonomia privada.

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http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/1b848155cb05582a80257d72004b32eb?OpenDocument

Ac. TRG de 25/09/2014


Proc. n.º 403/13.0TCGMR.G1
SUMÁRIO
I- Os tribunais arbitrais são competentes para conhecer da sua própria competência, devendo os tribunais estaduais absterem-se de decidir sobre essa matéria antes da
decisão do tribunal arbitral, e isto mesmo que, para o efeito, haja necessidade de apreciar a existência, a validade ou a eficácia da convenção de arbitragem ou do
contrato em que ela está inserida.
II- Destarte, uma vez instaurada a acção nos tribunais estaduais e invocada a excepção de preterição de tribunal arbitral, apenas em casos de manifesta nulidade,
ineficácia ou de inaplicabilidade da convenção de arbitragem - ou seja, que não necessita de mais prova para ser apreciada, recaindo apenas na consideração dos
requisitos externos da convenção, como a forma ou a arbitrabilidade -, pode o juiz declará-lo e, consequentemente, julgar improcedente a excepção.
III- A quebra do monopólio do Estado na função judicial (ao permitir a arbitragem voluntária) apenas se mostra permitida e justificada quando através dela possam ser
conseguidos (pelo menos) os mesmos objectivos que através dos órgãos de soberania tribunais o Estado tende a conseguir.
IV- Por essa razão, sendo o direito de acesso à justiça um direito fundamental, que se encontra em plano superior ao direito potestativo a exigir a arbitragem, unicamente
a verificação da existência de uma situação de absoluta impossibilidade, e não tão-somente de mera difficultas praestandi (em respeito pela autonomia privada), que torne
inexigível que seja cumprido o acordo de arbitragem, constitui legitimo fundamento justificativo do seu incumprimento.

FUNDAMENTAÇÃO:
O princípio da autonomia da vontade não é absoluto, sendo que, os direitos fundamentais não podem, em caso algum, ser postos em causa
pela execução de um contrato, razão pela qual, sempre que de demonstrem factores dos quais se fora inferir a denegação a alguém do acesso
de á justiça arbitral (a que voluntariamente e de acordo com o seu poder de autodeterminação se submeteu), deverá então sobrepor-se de novo
o dever do Estado de a todos garantir o acesso à justiça, uma vez que a sua afirmação suplanta a autonomia privada contida na convenção
arbitral.
Como evidente decorre, assim, que, sendo a arbitragem uma forma de acesso à justiça, tal como o são os tribunais estaduais, quando o
cumprimento da cláusula compromissória possa implicar o absoluto comprometimento da concretização do valor fundamental do nosso
ordenamento, em que consiste o acesso à justiça, deverá ser excluída a sua aplicação, pois, em nenhuma situação, a execução dum contrato
pode significar a negação desse valor.

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Ações e omissões que podem resultar em prejuízos a outrem --» devem ser ressarcidos

“A liberdade sem responsabilidade constitui arbítrio, e o arbítrio é incompatível com a dignidade. A


responsabilidade sem liberdade constitui sujeição ou servidão, o que é também incompatível com a
dignidade. A liberdade ou autonomia é, pois, inseparável da responsabilidade. Não há liberdade
sem responsabilidade, assim como não pode haver, em princípio, responsabilidade sem liberdade” -
PPV/PLPV (18)

Rege as consequências dos atos ilícitos que causem danos


Responsabilidade Criminal Responsabilidade Civil

 Responsabilidade Civil –-» Culpa e Risco (transferência de responsabilidade – seguros)

 Responsabilidade Civil –-» Caráter Ressarcitório (*função punitiva da indemnização para impedir que o autor
da lesão persista – é uma solução recente, autores como PPV/PLPV (18) defendem ser aplicados somente
nos casos conexos com o processo criminal)
“punitive damages”
“skimming off”
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt enriquecimento sem causa
Resp. Civil Resp. Penal/Criminal
Legislação Código Civil – 483.º ss | 798.º ss Código Penal /Processo Penal
Esfera Direito Civil, Direito Privado Direito Penal, Direito Público
Inimputável também – a partir dos
Responsabilidade Maior de Idade (exceções do 127.º CC)
7 anos (488.º n.º2)
Defesa da ordem social (caráter público
Interesse Pessoa lesada (caráter privado)
e indisponível)
Prevenção Geral e Especial –
Finalidade Restituição dos interesses lesado
Intimidação e Reeducação

Princípio da adesão do pedido de indemnização civil fundado na prática de um crime ao processo


penal - Proposta em conjunto (artigo 71.º ss. Do CPP) ou em separado (artigo 82.º e 377.º do CPP)

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3.3 Evolução da Responsabilidade Civil

VINGANÇA PRIVADA - reparação para vítima


Intervenção da AUTORIDADE PÚBLICA - reparação para vítima (ação privada) e
punição pela autoridade pública (ação pública)
Responsabilidade INDIVIDUAL SUBJETIVA - ILÍCITO + CULPA
Responsabilidade OBJETIVA (Multiplicação dos RISCOS, conjunto de pessoas) –
Desenvolvimento Tecnológico e Industrial somado a existência de Sistemas de
Reparação Coletiva (ex.: Seguros, Segurança Social)
Responsabilidade por Factos LÍCITOS - Sem culpa, sem ilícito, mas com DANO.
Seguro Voluntário (profissionais liberais) | Obrigatório em outras áreas | Pessoal
(culpa própria)

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Extracontratual Contratual
483.º 798.º

5 pressupostos
-Facto Voluntário
-Ilicitude 5 pressupostos
 Factos ilícitos - 483.º -Facto Voluntário
Violação dos direitos absolutos -Ilicitude
Responsabilidade Violação de regras de proteção de  Não cumprimento definitivo
Subjetiva interesses alheios
Abuso de direito  Atraso no cumprimento
Casos Especiais – 334.º, 484.º a 486.º  Cumprimento defeituoso
Responsabilidade
Objetiva  Risco – 499.º (sem culpa) -Culpa (presumida)
 Factos lícitos - 339.º n.º2; 1348.º n.º2, 1367.º etc. -Danos (patrimoniais e não patrimoniais)
-Culpa -Nexo de Causalidade
-Danos (patrimoniais e não patrimoniais)
-Nexo de Causalidade
Obrigação de Indemnizar – 562.º
Reconstituição natural | Dinheiro

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Há situações de coincidências entre os regimes Extracontratual Contratual
Outras Nomenclaturas Resp. Delitual / Resp. Aquiliana Resp. Obrigacional /Resp. Negocial

Código Civil – 483.º e seguintes Código Civil – 798.º e seguintes


Legislação
*art. 805.º e 806.º *art. 485.º n.º2, 486.º, 491.º, 492.º n.º2 e 493.º n.º1
Há vinculação obrigacional prévia
Estrutura Não há relação prévia – “partes não se conhecem”
- ex.: Contrato indica o sujeito responsável

Responsabilidade Inimputável também – a partir dos 7 anos (488.º n.º2 CC) Ter capacidade de direito (exceções do 123.º, 127.º, 139.º e 156.º CC)

Violação dos direitos absolutos, violação de regras de proteção de interesses


Fundamento Violação de Direitos Relativos/Crédito – resultante da lei, contratos ou negócio unilaterais
alheios e por abuso de direito
3 anos (art. 498.º CC)
Prescrição 20 anos (art. 309.º CC)
*Atenção ao art. 498.º n.º 3 CC

Cabe ao lesado provar a existência do dano e da relação direta entre facto e o Basta provar a existência da relação e a violação, cabendo a outra parte ilidir a culpa -
Regime de Provas dano, assim como a culpa (art. 487.º n.º1 CC – concretização do art. 342.º CC). Presume-se a culpa do devedor/lesante. Isso é cabe ao lesante provar que não agiu de forma
*(Presunção legal de culpa art. 491º , 492.º n.º1, 493.º e 503º n.º3 CC). censurável (art. 799.º, n.º 1 e n.º2 do art. 350.º CC).

É possível que as partes acordem a exclusão ou limitação da responsabilidade que provenha


Exclusão prévia da Responsabilidade As partes não possuem relação - não há previsão de facto danoso.
do dito contrato

Possibilidade de indemnização fixada equitativamente ainda que abaixo do


Não se aplica a graduação equitativa da indemnização.
Diante de mera culpa do lesante valor dos danos - art. 494.º e 499.º CC(mesmo em caso de Responsabilidade pelo
*Pessoa Jorge defende ser aplicável o art. 494.º CC
Risco)
Responsabilidade solidária – art. 497º e 507.º (o lesado pode reagir contra Responsabilidade conjunta – (é necessária convenção ou lei em contrário pra que haja lugar
Pluralidade de Responsáveis
qualquer um dos lesados exigindo totalidade da prestação.) à responsabilidade solidária art. 513.º, exemplo, gestão de negócios – art. 467.º)

Responsabilidade do comitente (art. 500.º e 497.º CC) Responsabilidade do Devedor (art. 800.º CC) – possibilidade de previamente excluir u
Responsabilidade por fato de terceiro
limitar a responsabilidade
Obrigação de Indemnizar Prevista no art. 562.º ss CC Prevista no art. 562.º ss CC
Cabe compensação por não danos
Sim - art. 496.º CC Sim - art. 496.º do CC
patrimoniais

Momento de constituição de mora Desde a citação - art. 805.º n.º 3 segunda parte CC Diversas situações - art. 805.º n.º 1, 2 e 3 na primeira parte CC

Foro Competente Local onde facto ocorreu – art. 71.º n.º2 CPC Domicílio do Réu – art. 71.º n.º1 CPC
Termos Lesado e o agente ou lesante. Credor e devedor

Função função reparadora e preventiva função reparadora

Plano Axiológico Ideia de Liberdade Ideia de Confiança


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“A confiança depositada pelas pessoas merece tutela jurídica. Quando uma pessoa atua o celebra
certo ato, negócio ou contrato, tendo confiado na atitude, na sinceridade, ou nas promessas de
outrem, ou confiando na existência ou estabilidade de certas qualidades das pessoas ou das coisas,
ou das circunstâncias envolventes o Direito não pode ficar absolutamente indiferente à eventual
frustração dessa confiança” - PPV/PLPV (22)

“Quem age, interage”


Criação de expectativas – poderá ser tutelada pelo Direito
Deriva do Princípio da boa fé (Tutela da Confiança)
"em certos casos, deve relevar juridicamente a confiança justificada de alguém no comportamento de outrem,
quando este estiver contribuído para fundar essa confiança e ela se justifique igualmente em face das
circunstâncias do caso concreto. Essa relevância jurídica pode levar a atribuir efeitos jurídicos a uma situação
tão-só aparente, ou ficar-se, como sucederá normalmente, por criar a obrigação de indemnização pela
frustração das legítimas expectativas” - CAMP (127)

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http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/7942ff76dd1b702980257cba003631b5?OpenDocument

Ac. STJ de 10/04/2014


Proc. n.º 8576/03.8TBCS.L1.S1
SUMÁRIO:
1. A responsabilidade objectiva dos auxiliares do devedor – art. 800º, nº1, do Código Civil – havendo incumprimento da obrigação, superada a construção
jurídica que radicava tal responsabilidade na teoria da culpa “in eligendo”, ou na “culpa in vigilando”, inscreve-se, hoje, com mais propriedade nos princípios
tutela da aparência e da confiança, segundo os quais, quem incute, pela sua actividade e comportamento nas relações jurídicas, expectativas de confiabilidade
e segurança, deve arcar com as consequências da frustração desses valores.
2. No contrato de mediação, a relação de confiança entre o mediador e os seus auxiliares dependentes ou independentes é particularmente estimulada pelos
contactos existentes entre alguém que tem por objectivo aproximar os interessados num certo negócio.
3. Não pode a mediadora imobiliária pretender exonerar-se de responsabilidade, por prática de actos ilícitos, praticados pelos seus agentes, colaboradores ou
auxiliares, desde que tais actos se emoldurem no quadro do exercício profissional da sua actividade e exprimam actuação ilícita.
4. Esse risco corre, objectivamente, por conta do comitente, desde que a actuação do comitido/auxiliar se inscreva no quadro funcional daquele e exista
actuação sua ilícita, culposa, bem como dano resultante da actuação ilícita e danosa.
5. Tendo um funcionário de empresa mediadora imobiliária recebido, com autorização desta, uma quantia a título de sinal no contexto de contrato promessa de
compra e venda de três fracções prediais, quantia que descaminhou, desconhecendo-se até o seu paradeiro, é a sociedade mediadora imobiliária responsável
objectivamente pelo prejuízo que, no caso, é a perda do sinal pelos promitentes compradores.
6. Sendo as sociedades mediadoras imobiliárias obrigadas por lei a prestar caução e a celebrar contrato de seguro obrigatório como garantia de ressarcimento
dos danos patrimoniais causados aos interessados decorrentes de acções ou omissões, quer das empresas, quer dos seus representantes, ou do
incumprimento de “outras obrigações resultantes do exercício da sua actividade”, os lesados podem lançar mão do seguro obrigatório, sem terem que,
previamente, accionar a caução.

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http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/-/482B0A2EEAFC2C3A80257E4B0053C076

Ac. STJ de 20/05/2015


Proc. n.º 752-F/1992.E1.S1
SUMÁRIO:
1. No actual regime da reclamação por rejeição do recurso no Tribunal a quo a competência do relator, no caso de a
reclamação ser deferida, fixa- se automaticamente em função do procedimento de reclamação: como estabelece o nº 6 do
art. 643º do CPC, se a reclamação for deferida, o relator requisita logo o processo principal ao tribunal recorrido, que o fará
subir no prazo de 10 dias – cumprindo, deste modo, proceder ao julgamento da revista, sem que tenha lugar nova
distribuição do processo.2. A circunstância de a relevância e efeitos da figura da representação aparente serem menos
amplas e intensas no domínio do direito civil, relativamente ao que ocorre em direito comercial, não significa que não possam
verificar-se situações excepcionais em que a tutela da fundada confiança do terceiro de boa fé na existência de poderes
representativos de quem outorgou no negócio imponha a vinculação do próprio representado aos efeitos do acto - como
ocorrerá , nomeadamente quando a desprotecção do terceiro traduzisse uma insuportável lesão da confiança,
incompatível com os ditames da boa fé e com a proscrição do abuso de direito , decorrente da simultânea existência de
uma muito fundada aparência de poderes representativos e de uma reprovável negligência do representado na
criação dessa mesma aparência fundada.
3. Traduz um reprovável venire contra factum proprium a pretensão deduzida pelo administrador, como representante legal
da massa falida, destinada a obter a declaração de ineficácia da venda por negociação particular de imóvel, realizada pelo
auxiliar designado ao referido administrador–colocando exclusivamente a cargo do outro contraente de boa fé as
consequências desfavoráveis da aparência de poderes representativos, em que justificadamente confiou, imputável a actos e
omissões do próprio representante legal da massa falida.

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http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/d91f021221d2fdde80256d55003780fd?OpenDocument

AC. STA de 18/06/2003


SUMÁRIO:
Proc. n.º 01188/2003
I - A gravação da prova assume-se como uma garantia tendente a possibilitar, de alguma maneira, um segundo grau de jurisdição em matéria de facto.
II - Porém não se pode olvidar que o registo magnético da prova, pela sua própria natureza não pode reproduzir todas as circunstâncias em que um determinado depoimento se processou, não podendo
explicitar tudo aquilo que é perceptível apenas através do concretizar do principio da imediação da prova, deste modo não revelando todos os elementos que, porventura, tivessem sido susceptíveis de
influenciar a convicção do tribunal da 1ª instância, assim não tornando acessível ao tribunal Superior o controlo de todo o processo que habilitou o tribunal "a quo" a decidir como decidiu, o que tudo
aconselha um particular cuidado aquando do uso pelo tribunal "ad quem" dos poderes de reapreciação dos pontos controvertidos da matéria de facto.
III - O principio da boa fé assume-se como um dos princípios gerais que servem de fundamento ao ordenamento jurídico.
IV - Tal principio apresenta-se como um dos limites da actividade discricionária da Administração.
V - Um dos corolários do principio da boa-fé consiste no principio da protecção da confiança legitima, incorporando a boa-fé o valor ético da confiança.
VI - A exigência da protecção da confiança é também uma decorrência do principio da segurança jurídica, imanente ao principio do Estado de Direito.
VII - Contudo, a aplicação do principio da protecção da confiança está dependente de vários pressupostos, desde logo, o que se prende com a necessidade de se ter de estar em face de uma confiança
"legitima" o que passa, em especial, pela sua adequação ao Direito, não podendo invocar-se a violação do principio da confiança quando este radique num acto anterior claramente ilegal, sendo tal
ilegalidade perceptível por aquele que pretenda invocar em seu favor o referido principio.
VIII - Por outro lado, para que se possa, válida e relevantemente, invocar tal principio é necessário ainda que o interessado em causa não o pretenda alicerçar apenas, na sua mera convicção psicológica,
antes se impondo a enunciação de sinais exteriores produzidos pela Administração suficientemente concludentes para um destinatário normal e onde seja razoável ancorar a invocada confiança.
IX - As meras expectativas fácticas não são juridicamente tuteladas.
X - O cuidado e as precauções a exigir da parte que reivindica a protecção da sua boa-fé serão tanto maiores quanto mais avultados forem os investimentos feitos com base na confiança, já que se não
pretende tutelar o "excesso de confiança".
XI - Por outro lado, mesmo em sede do principio da boa-fé, a Administração terá sempre de valorar os condicionantes que entretanto, se tenham produzido, sendo que a mudança do circunstancialismo em
que se tivesse baseado numa anterior conduta, poderá legitimar à luz da vinculação ao principio da legalidade e da prossecução actualizada do interesse público, uma alteração aos critérios anteriormente
assumidos não estando, assim, a Administração impedida de avaliar a nova situação que, porventura, se tivesse desenvolvido, por forma a melhore acautelar os interesses que lhe incumbisse defender.
XII - Por obediência ao principio da proporcionalidade a Administração deverá escolher dentro dos diversos meios ou medidas idóneas e congruentes do que disponha aqueles que sejam menos gravosos
ou que causem menos danos.
XIII - Estamos aqui no domínio do principio da intervenção mínima por forma a que se consiga compatibilizar o interesse publico e os direitos dos particulares, de modo a que o principio da
proporcionalidade jogue como um factor de equilíbrio garantia e controlo dos meios e medidas.
XIV - O principio da igualdade é de conteúdo pluridimencional, postulando várias exigências, sendo que, no fundo, o que se pretende evitar é o arbítrio, mediante uma diferenciação de tratamento
irrazoável, a que falte inequivocamente apoio material e constitucional objectivo.
XV - A ilicitude não se basta com a genérica anti-juridicidade, tudo se devendo centrar nas especificas relações eventualmente existentes entre as normas ou princípios tidos por violados e a esfera jurídica
do Particular, devendo existir como que uma conexão da ilicitude entre a norma ou o principio e a posição juridicamente protegida do Particular.
XVI - Ou seja, nem toda a ilegalidade implica ilicitude, para efeitos indemnizatórios, devendo o conceito de ilicitude ser integrado pela já apontada exigência de violação de uma posição jurídica substantiva
do Particular.
XVII - O principio da igualdade dos cidadãos na repartição dos encargos públicos constitui o fundamento da responsabilidade por actos lícitos, acolhida no art.º 9.º do D. Lei 48051 de 21/XI/67.

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“Tem um sentido moral que pode exprimir-se pelo mandamento de que «cada um fique vinculado em fé da palavra dada, que a
confiança que constitui a base imprescindível de todas as relações humanas não deve ser frustrada nem abusada e que cada um
se deve comportar como é de esperar de uma pessoa honrada»” (Larenz) - PPV/PLPV (24)

“o princípio da boa fé se ajusta a – contribui para – uma visão do direito em conformidade com a que subjaz ao Estado de
Direitos Social dos nossos dias, intervencionista e preocupado por corrigir os desequilíbrios e injustiças, para lá das meras
justificações formais" - PMP (124)
Subjetiva ou Objetiva --» são perspetivas de análise

Perspetiva Subjetiva Perspetiva Objetiva


Análise perante a situação jurídica Conjunto de regras da boa fé
“conhecimento ou desconhecimento por parte do agente, de como “como portadora de critérios de atuação honesta e honrada,
a sua atuação lesar interesses de outrem” – PPV/PLPV (25) como padrão «standard» jurídico” – PPV/PLPV (25)

“tem em vista a situação de quem julga a atuar em conformidade “constitui uma regra deconduta segundo a qual os
com o direito, por desconhecer ou ignorar, designadamente, contraentes devem agir de modo honesto, correcto e leal,
qualquer vício ou circunstância anterior” – CAMP (125) não só impedindo assim comportamentos desleais como
impondo deveres de colaboração entre eles.” – CAMP (125)
 243.º n.º2 "a boa fé consiste na ignorância da simulação"
 291.º n.º3 "desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou  227.º n.º1 "regras da boa fé"
anulável"  239.º "ditames da boa fé"
 612.º má fé como "la consciência do prejuízo que o ato causa ao  334.º "limites impostos pela boa fé"
credor"
 437.º n.º1 "princípios da boa fé"
 1260.º n.º1 posse de boa fé quando "quando o possuidor ignorava, ao
adquiri-la, que lesava direito de outrem" Tutela da Confiança
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“as partes, no contrato, devem ter assegurada uma posição paritária, quer na negociação, quer na
celebração, quer no desenvolver da relação contratual. Do mesmo modo, deve ser respeitada a
igualdade dos cônjuges no casamentos e dos filhos na filiação, e bem assim a não discriminação
dos sócios na sociedade ou dos consortes na compropriedade” - PPV/PLPV (26)

Criação de expectativas – poderá ser tutelada pelo Direito


Proteção que viabiliza paridade:
 Inquilino no contrato de arrendamento
 Trabalhador no contrato de trabalho
 Cliente consumidor nos contratos de cláusulas gerais,

“assegurar a paridade e nunca a de criar privilégios que a pervertam”


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“o princípio da equivalência não se contenta com uma equivalência simplesmente formal. Exige que
as contraprestações sejam material ou substancialmente equivalentes. Esta equivalência material
ou substancial não obriga a uma equivalência exata e absoluta.” - PPV/PLPV (27)

Artigo 237.º
Casos duvidosos
Em caso de dúvida sobre o sentido da declaração, prevalece, nos negócios gratuitos, o menos gravoso para o disponente e, nos onerosos, o que
conduzir ao maior equilíbrio das prestações.

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Ac. STJ de 28/10/2020


SUMÁRIO:
0581/17.0BEALM
I - A taxa pode definir-se como uma prestação coactiva, devida a entidades públicas, com vista à compensação de prestações efectivamente provocadas ou
aproveitadas pelos sujeitos passivos. Em contraste com o imposto, de características unilaterais, a taxa caracteriza-se pela sua natureza comutativa ou
bilateral, devendo o seu valor concreto ser fixado de acordo com o princípio da equivalência jurídica. A natureza do facto constitutivo que baseia o
aparecimento da taxa pode consistir na prestação de uma actividade pública, na utilização de bens do domínio público ou na remoção de um limite jurídico à
actividade dos particulares (cfr.artº.4, nºs.1 e 2, da L.G.Tributária).
II - Relativamente à taxa de ocupação do subsolo (TOS) deve vincar-se que a jurisprudência, do Tribunal Constitucional e do S.T.A., é uniforme no sentido de
concluir que os tributos liquidados visando a ocupação de via pública e, mais especificamente, o subsolo, revestem a natureza de taxas.
III - A legitimidade das partes ("legitimatio ad causam") é o pressuposto processual que, traduzindo uma correcta ligação entre as partes e o objecto da causa,
as faculta para a gestão do processo. Como regra (legitimidade directa), serão partes legítimas os titulares da relação material controvertida (cfr.artº.30, nº.3,
do C.P.Civil, "ex vi" do artº.2, al.e), do C.P.P.Tributário; artº.9, do C.P.P.Tributário), assim se assegurando a coincidência entre os sujeitos que, em nome
próprio, intervêm no processo e aqueles em cuja esfera jurídica a decisão judicial vai directamente produzir a sua eficácia. Da análise do artº.30, nº.3, do C. P.
Civil, conclui-se que o critério supletivo de aferição da legitimidade processual se deve basear no interesse em demandar ou contradizer, face ao objecto inicial
do processo, individualizado pela relação material controvertida tal como o A. a configura.
IV - Se qualquer das partes carecer de legitimidade o Tribunal deve abster-se de conhecer do mérito da causa e absolver o réu da instância (cfr.artºs.278, nº.1,
al.d), 576, nº.2, e 577, al.e), todos do C.P.Civil, aplicáveis "ex vi" do artº.2, al.e), do C.P.P.Tributário), sendo tal excepção dilatória de conhecimento oficioso
(cfr.artº.578, do C.P.Civil).
V - A repercussão fiscal consiste na transferência do imposto que legalmente incide sobre um sujeito passivo, para um terceiro, alheio à relação jurídica
tributária, com quem aquele tem relações económicas. Nas palavras de alguns autores, o repercutido será um mero "contribuinte de facto" (titular da
capacidade contributiva), por contraposição ao "contribuinte de direito", aquele a quem é juridicamente exigível o pagamento do tributo.
VI - De acordo com a doutrina pode fazer-se a distinção entre a repercussão obrigatória ou legal, a qual encontra consagração, por exemplo, em sede de
I.V.A., por contraposição à repercussão voluntária, sendo que, em relação a esta última, resultando a transferência da carga tributária de acordo/relação entre
privados, regerão as regras do direito civil.
VII - O Município do Seixal não é sujeito da relação material controvertida nos presentes autos, dado não ter qualquer interesse em contradizer a presente
demanda, na medida em que inexiste um qualquer prejuízo que da procedência da mesma para ele possa advir (cfr.artº.30, do C.P.Civil; artº.9, nº.1, do
C.P.P.T.). Em conclusão, é parte ilegítima (ilegitimidade passiva) no âmbito da presente instância impugnatória.
(sumário da exclusiva responsabilidade do relator)

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“O poder que o proprietário tem sobre os seus bens está funcional e finalisticamente orientado para o aproveitamento da utilidade que
potenciam. A utilidade dos bens traduz-se na aptidão para satisfazer necessidades para permitir a prossecução de fins das Pessoas.
Como tal, os bens são meios, são instrumentos.” - PPV/PLPV (30)
Artigo 62.º
Direito de propriedade privada
1. A todos é garantido o direito à propriedade privada e à sua transmissão em vida ou por morte, nos termos da Constituição.
2. A requisição e a expropriação por utilidade pública só podem ser efectuadas com base na lei e mediante o pagamento de justa indemnização.

Artigo 1305.º
Propriedade das coisas
O proprietário goza de modo pleno e exclusivo dos direitos de uso, fruição e disposição das coisas que lhe pertencem, dentro dos limites da lei e com observância das restrições por ela impostas.

Adquiridos pelo Trabalho Adquiridos por Doação Adquiridos por Herança


 Características do direito de propriedade:
 3 setores de propriedade --» Setor público, setor privado, setor cooperativo e social (artigo 82.º CRP)
 Artigo 1305.º caracteriza o direito de propriedade (no Código Civil não encontramos uma definição)
 Proprietário tem direitos indeterminados | direito da propriedade é elástico, "extinto um direito real que limite a propriedade da
coisa, reconstitui-se a plenitude da propriedade sobre ela" - CAMP (154) | é um direito perpétuo (não se extingue pelo não uso)
*Direitos reais limitados – certos poderes podem ser exercidos, não a plenitude «jus utendi, jus fruendi e jus abutendi»
 Direitos reais de gozo – ex.: usufruto, uso e habitação, direito de superfície e as servidões prediais
 Direitos reais de garantia (ou seria um acessório ao direito de crédito?) - ex.: penhor, hipoteca, direito de retenção...
 Direitos reais de aquisição - ex.: direito real de preferência

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Ac. TRC de 18/01/2005


SUMÁRIO:
Proc. n.º 4027/04
1. Os limites materiais da propriedades de imóveis estão definidos no n.º1 do art. 1344º do CC, ou seja, espaço aéreo e
subsolo correspondentes à superfície, mas logo ressalvando a segunda parte desse artigo tudo aquilo que esteja
desintegrado do domínio por lei ou negócio jurídico.
2. A Constituição contém limitações ao espaço aéreo e subsolo ( alíneas b) e c) do art. 84º
3. As limitações impostas por lei correspondem à função social do direito de propriedade, não deixando, de qualquer modo, o
conteúdo do direito de propriedade, como qualquer outro direito subjectivo, de ver limitado o seu uso nos termos do abuso de
direito.
4. Constando do n.º2 do art. 1344º do CC, também como afloramento da função social do direito de propriedade, que o
proprietário não pode proibir os actos de terceiro que, pela altura ou profundidade a que têm lugar, não haja interesse em
impedir, caberá ao terceiro alegar e provar o seu interesse bem como a falta de interesse por parte do proprietário em
impedir a violação dos limites materiais do imóvel.
5. Nada obstando a que, no futuro, o proprietário venha a ter interesse em impedir, hipótese em que o terceiro se absterá,
então, de atingir o espaço aéreo ou subsolo do prédio alheio.

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http://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/8fe0e606d8f56b22802576c0005637dc/3f21b61927237a92802587fb005e7f93?OpenDocument

Ac. TRC de 15/02/2022


Proc. n.º 1848/19.8T8FIG.C1
SUMÁRIO:
I - A emissão de fumos, cheiros nauseabundos, detritos e fuligens provindas de sete chaminés edificadas em prédio
contíguo ao dos AA., que sujam a piscina existente neste prédio e o mobiliário exterior, que se infiltram nas roupas
estendidas ali a secar, que penetram no interior da habitação, mesmo com as janelas fechadas, e que perturbam o
bem-estar físico e psíquico das pessoas que a usufruem e habitam, constitui um exercício ilegítimo e abusivo do
direito do proprietário do imóvel poluente, causa um prejuízo substancial ao imóvel dos autores e viola o direito
destes à sua integridade física, a um ambiente sadio, ao bem-estar e à saúde.
II -Existindo um conflito entre os direitos à integridade física, ao ambiente, bem-estar e saúde, e o direito de
propriedade, impõe-se a restrição deste último, na medida e mediante a adopção dos actos necessários a evitar a
violação dos primeiros.

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“É um ramo do direito civil muito permeável às modificações das estruturas políticas, económicas e sociais, designadamente
religiosas. Basta pensar no tratamento que cada sociedade dá ao problema da admissibilidade ou rejeição do divórcio, do
casamento religioso ou civil, da união de facto em condições análogas às dos cônjuges, disposição da mulher dentro da
sociedade conjugal, do estatuto dos filhos ilegítimos, etc... Daí que as diversidades nacionais sejam mais acentuadas no Direito da
Família do que no Direito das Obrigações.” - CAMP (160)

“A família tem evoluído, nas suas regras internas, não por imposição da Lei, mas sim de acordo com a evolução das conceções
éticas, culturais e sociais dominantes – «entia moralia» - que fazem parte da Lei Natural, da Natureza das Coisas. Na legislação e
na aplicação do Direito Civil da Família deve haver um particular cuidado em não ofender as regras institucionais que lhe são
próprias e uma consciência clara do papel institucionalmente subsidiário da Lei neste domínio.” - PPV/PLPV (32)
Artigo 36.º
Família, casamento e filiação
1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.
2. A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e da sua dissolução, por morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.
3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos.
4. Os filhos nascidos fora do casamento não podem, por esse motivo, ser objeto de qualquer discriminação e a lei ou as repartições oficiais não podem usar
designações discriminatórias relativas à filiação.
5. Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos.
6. Os filhos não podem ser separados dos pais, salvo quando estes não cumpram os seus deveres fundamentais para com eles e sempre mediante decisão judicial.
7. A adoção é regulada e protegida nos termos da lei, a qual deve estabelecer formas céleres para a respetiva tramitação.

Destino das coisas (excluída da sucessão as relações pessoais) após a morte --» distribuição do espólio pela família e de acordo coma última vontade do falecido

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Artigo 1576.º
Fontes das relações jurídicas familiares
São fontes das relações jurídicas familiares o casamento, o parentesco, a afinidade e a adopção.

Paternidade não biológica


União de Facto Apadrinhamento Civil Consentida e Post mortem (PMA)

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De cunho germânico
De origem romana

 Sistema individualista e familiar, mas tem elementos do sistema socialista


Sucessão por morte pode ser legal Sucessão por morte pode ser voluntária
QUOTA INDISPONÍVEL - LEGÍTIMA QUOTA DISPONÍVEL
Baseia-se na lei – 2027.º Baseia-se em negócio jurídico (Testamento ou Doação por morte –
2026.º)
Legítima Herdeiros Legitimária (67.º e 68.º CRP – proteção Sem Herdeiros Legitimários, ou estando dentro do limite da quota
da família) disponível pode o autor da sucessão dispor.

2133.º – quando o autor da Cônjuges, descendentes e os ascendentes – 1874.º Testamento – 2179.º ss. Contrato (Doação) 2028.º e 1700.º ss.
sucessão não se manifesta e 2157.º
previamente sobre a atribuição dos Benefício a certos sucessores – Herdeiros
seus bens Legitimários (“conservar no seio da família um
património para o qual todos contribuíram;
(Inclui o Estado – não numa ideia assegurar a permanência e coesão do agregado
de socialização da propriedade mas familiar e o cumprimento do dever de assistência
sim com a finalidade de não haver recíproca (arts. 1874.º e 2009.º CC” – RLX (31))
bens no abandono)
Quota Indisponível (legítima) – o autor da sucessão Liberalidade (inter vivos ou mortis causa) limitada a 1/3, ½ ou 2/3 da
não pode dispor – 2156.º herança (2158.º - 1262.º) conforme herdeiros legitimários
Inclui bens deixados e bens doados (“restituição
fictícia dos bens doados”)

Há tributação em sede de Imposto Não há tributação em sede de Imposto de Selo Há tributação em sede de Imposto de Selo (*exceto o unido de facto
de Selo sobrevivo que tenha sido designado como sucessor testamentário)
(ex.: irmãos, primos, tios,
sobrinhos…)
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Ac. STJ de 15/01/2015


Proc. n.º 317/11.9YRLSB.S1
I - O sistema de revisão de sentenças estrangeiras é enformado pelo princípio da revisão formal, preconizando-se, na restrição da al. f) do art. 1096.º do CPC que o “exequator”
não deve ser concedido a uma decisão que conduza a um resultado manifestamente incompatível com os princípios de ordem pública internacional do Estado Português, i.e.
com aqueles princípios que decorrem de um complexo de normas, inspiradas por razões políticas, morais e económicas que são aceites por um determinado número de
nações como expressão de uma civilização e cultura idênticas e que são, por isso, plasmados na ordem jurídica de um certo número de Estados com os quais Portugal tem
afinidades jurídicas, estando, ademais, em consonância com a CRP.II - O direito sucessório funda-se, por um lado, na necessidade de assegurar que a substituição na
titularidade do acervo patrimonial (bens, créditos e débitos) do falecido (pois, se assim não fosse, gerar-se-ia uma disrupção injustificada da vida jurídica, com perturbação da
ordem e das legítimas expectativas) e, por outro, na protecção da família, enquanto realidade que se projecta no tempo e no espaço, o que justifica que, pelo menos no silêncio
daquele e por via da sucessão legítima, os bens sejam atribuídos ao cônjuge, parentes directos e colaterais.
III - A sucessão legítima funda-se no vínculo de solidariedade familiar e este, embora afrouxe à medida que o parentesco se distancia, ainda conserva suficiente vigor em
relação aos colaterais, sobretudo no caso de não haver familiares próximos na linha directa.
IV - A união de facto constitui uma nova realidade na convivência social básica, não lhe reconhecendo, contudo, o art. 3.º da Lei n.º 7/2001, de 11-05, efeitos sucessórios.
V - Sendo a sucessão regulada pela lei pessoal do autor da sucessão (art. 62.º do CC) e sendo este de nacionalidade portuguesa, há a constatar que o membro sobrevivo da
união de facto não consta dos elencos taxativos – e, por isso, insusceptíveis de interpretação analógica ou extensiva – dos sucessíveis legitimários e legítimos, constantes,
respectivamente, dos artigos 2157.º e 2145.º, ambos do CC.
VI - A união de facto registada – instituto existente no ordenamento jurídico brasileiro mas não no ordenamento jurídico português – deve ser considerada como um menos em
relação ao casamento na ordem jurídica portuguesa, não sendo sequer pacífica, no Brasil, a sua equiparação, mormente para efeitos sucessórios.
VII - Os herdeiros do membro falecido da união de facto apenas podem ser excluídos da sucessão nos casos previstos na lei, não podendo o tribunal optar por uns ou atribuir-
lhes direitos de sucessão em detrimento de outros, pelo que, não tendo aquele testado a favor da recorrente e lhe atribuído a totalidade dos seus bens, ficou aberta a porta
para a sucessão legítima.
VIII - O reconhecimento de uma decisão de um Tribunal brasileiro em que se considera a recorrente – membro sobrevivo de união de facto registada que foi mantida com
cidadão português residente no Brasil – como herdeira universal, conduz a um resultado manifestamente incompatível com a protecção dos laços familiares, o qual se conta
entre os princípios referidos em I.
IX - O princípio da igualdade (art. 13.º da CRP) impõe o tratamento igual de situações iguais e o tratamento desigual de situações desiguais geradas pela diversidade de
circunstâncias e pela natureza das coisas (e não mantidas artificialmente pelo legislador) e tem que ver com a distribuição de direitos e deveres, de vantagens e de encargos,
de benefícios e de custos inerentes à pertença à mesma comunidade ou à vivência da mesma situação.
X - Na medida em que o reconhecimento da decisão referida em VIII afastaria os herdeiros legítimos do falecido (o que não sucederia se aquela relação familiar tivesse sido
vivida em Portugal) e que esse afastamento é intransponível para as uniões de facto existentes no nosso ordenamento jurídico, verificar-se-ia um tratamento desigual de
situações idênticas assim se violando o princípio da igualdade (pois não se respeitaria a justiça inerente à vivência das mesmas situações).
XI - Sendo o princípio da igualdade um corolário da princípio da justiça e sendo este um dos princípios referidos em I, tal reconhecimento, de igual modo, conduziria a um
resultado manifestamente incompatível com a ordem pública internacional do Estado Português.

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http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/0a1c5dbe7191b5ae802576a50032d005?OpenDocument

Ac. STJ de 07/01/2010


Proc. n.º 104/07.9TBAMR.S1
SUMÁRIO:
1 – O art.2033º, nº1 do CCivil estabelece um princípio geral de capacidade sucessória passiva, sendo que um sucessor é um
beneficiário, é alguém que vê ingressar no seu património os bens de quem morreu.
2 – Há, todavia, e no que à sucessão legal diz respeito, duas situações em que, na perspectiva relacional entre quem morre
e quem lhe vai suceder, a lei não suporta de todo em todo a transmissão beneficente – que o autor da sucessão ( ou os
seus mais próximos ) tenha sido vítima por parte do ( original ) sucessor de um atentado à vida, ou de um atentado grave ao
seu património moral, através da utilização ínvia da máquina da justiça.
3 – A regra é, portanto, a da capacidade ( art.2033, nº1 do CCivil ); no que à sucessão legal se reporta, a excepção são – e
são apenas, taxativamente – as excepções previstas nas alíneas a ) e b ) do art.2034º.
4 – No mais, ficará no património da vítima a “punição civil” da perda da capacidade sucessória: na sucessão legítima
dispondo livremente dos seus bens, usando o mecanismo da sucessão testamentária; na sucessão legitimária, utilizando o
mesmo mecanismo para deserdar o seu agressor, nas situações previstas no art.2166º do CCivil.
5 – Não pode todavia reconhecer-se capacidade sucessória a um pai que violou uma filha de 14 anos, a obrigou a abortar
aos 15 anos, após cumprir a pena de prisão em que foi condenado persistiu na ofensa a sua filha ( que nuca lhe perdoou ) e
se vem habilitar à herança desta sua filha por morte dela aos 29 anos, em acidente de viação – reconhecer-lhe essa
capacidade seria manifestamente intolerável para os bons costumes e o fim económico e social do direito de lhe suceder e
portanto ilegítimo, por abusivo, esse mesmo direito.

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“Num sentido amplo pode designar-se por relação jurídica toda situação ou relação da vida real
(social) que é juridicamente relevante, de modo que é disciplinada pelo direito. A relação jurídica
não abrange por isso, todas as relações da vida social, mas apenas aquelas que, sendo suscetíveis
de regulamentação jurídica, são ordenadas pelo direito. Trata-se de um vínculo jurídico, de um
vínculo normativo.” – EEH/ESMS (170)

Namoro Confraternizações Desporto Amador Colegialidade no lugar de trabalho Amizade

REGRAS DE COMPORTAMENTO SOCIAL

“uma relação jurídica quando ao(s) direito(s) de um (sujeito) ou ao(s) de vários sujeitos corresponde
uma obrigação de respeitar este(s) direito(s) por parte de outros(s) sujeito(s), seja(m) este(s)
último(s) determinado(s) ou não” – EEH/ESMS (171)
Relação Jurídica --» atribuição de direitos subjetivos (resultam em obrigações)

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Sentido Abstrato Sentido Concreto

Relação Virtual --» como está regulamentado na lei Relação Real --» “as regras da relação em sentido abstrato
ganham vida num caso concreto” EEH/ESMS (173)
Pessoas/Objetos determinados
Ex.: Normas que regulam o contrato de arrendamento Ex.: A relação entre o inquilino A e o senhorio B

Una ou simples Múltipla ou Complexa

Facto jurídico corresponde a um dever jurídico ou Facto jurídico resulta numa pluralidade de direitos e
sujeição obrigações
Ex.: comodato / obrigação de restituir Ex.: contrato de compra e venda

Relação Jurídica Instituto Jurídico

“a relação constitui a matéria ou objecto regulado” EEH/ESMS (175) “designa o conjunto de preceitos legais relativamente às
"A relação jurídica é pois a matéria sobre que incide a regulamentação" - relações jurídicas de um determinado tipo” EEH/ESMS (175)
CAMP (178)

Ex.: comodato / obrigação de restituir Ex.: casamento, a propriedade, a compra e a venda…


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Relação Jurídica Interna Relação Jurídica Externa

Conteúdo da Relação --» Vínculo Os elementos


(como os direitos subjetivos serão respeitados)
o próprio direito subjetivo e o dever jurídico correspondente

Sujeitos da Relação Objeto (imediato) Facto Jurídico Garantia

 Pessoas (singulares ou  Direito subjetivo (posição  Acontecimento (natural "conjunto de providências


coercitivas, postas à
coletivas), não coisas. ativa) com
a correspondente ou comportamento disposição do titular activo
de uma relação jurídica, em
*Animais “são seres vivos dotados
obrigação (posição passiva) humano) que ordem a obter a satisfação

de sensibilidade e objeto de "Objecto da relação jurídica é o objecto do direito


desencadeia efeitos de um do seu
direito...movimento sob o
proteção jurídica em virtude da sua subjectivo propriamente dito que constitui a face jurídicos impulso do titular do direito
natureza” (artigo 201.º-B) activa da sua estrutura. Podem ser objecto de subjectivo violado ou
relações jurídicas outras pessoas, coisas corpóreas ameaçado, sendo a forma
ou incorpóreas, modos de ser da própria pessoa e mais frequente a
outros direitos, como veremos no lugar próprio" - indemnização dos danos ..."-
CAMP (191) •Sujeito (66-201) CAMP (190-191)
•Objeto (202-216
•Facto jurídico (217 a 333)
•Garantia (334-396)
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"pode definir-se como o poder jurídico ... de livremente exigir ou pretender de outrem um comportamento positivo (ação) ou negativo
(omissão) ou de um acto livre de vontade" - CAMP (178)
*Sujeito de direito subjetivo é livre de exercer ou não

- não inclui, portanto, os chamados poderes-deveres ou poderes funcionais ou «ofícios» -


ex.: Poderes integrados nas Responsabilidades Parentais
(não pode ser aplicado o "se o seu titular quiser e como queira)
- também não inclui os poderes jurídicos «stricto sensu» ou faculdades – ex.: a faculdade de testar
(não se inclui por ser manifestação imediata da capacidade jurídica, e não de uma relação jurídica)

Direitos Subjetivos propriamente ditos («stricto sensu»)


Direitos de crédito
Poder de exigir ou de pretender *Exceto as Obrigações Naturais – 402.º
Direitos reais
(recorrer aos tribunais/autoridades) Ex.: 304.º n.º2 (dividas prescritas) 1245.º (jogos e apostas)
Direitos de personalidade
Direitos Potestativos
"são poderes jurídicos de, por um acto de livre vontade, só de per si ou integrados por uma decisão judicial, produzir efeitos jurídicos que inelutavelmente se impõem à contraparte.
Corresponde-lhes a sujeição, a situação de necessidade em que se encontra o adversário de ver produzir-se forçosamente uma consequência na sua esfera jurídica por mero efeito do
exercício do direito pelo seu titular. Em certas situações afecta-se, assim, a esfera jurídica de outrem sem consentimento deste, consentimento que normalmente seria exigido" - CAMP (182)

 Direitos potestativos constitutivos - ato unilateral do seu titular – ex.: constituição de servidão de passagem em benefício de prédio
encravado (1550.º)
 Direitos potestativos modificativos - simples modificação numa relação jurídica existente e que continuará a existir - ex. mudança
da servidão para outro sítio (1568.º)
 Direitos potestativos extintivos - extinguem uma relação jurídica ex.: direito de obter o divórcio (1773.º)
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RELAÇÃO JURÍDICA SIMPLES

Sujeito Ativo Sujeito Passivo


Pretender (Direito Subjetivo) Dever jurídico (ação ou omissão)
• Direito Absoluto - "deveres jurídicos de abstenção
Exigir (Direito Subjetivo) impõem-se a todas as pessoas"
• Direito Relativo - "impedem sobre uma ou mais
pessoas determinadas"
(CAMP – 186)
Prod. Efeitos (Direito Potestativos) Sujeição

RELAÇÃO JURÍDICA COMPLEXA


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 A tem um telemóvel.

 B pega no telemóvel de A e atira-o


contra a parede, partindo-a

Há uma relação jurídica?


Sujeito Ativo?
Sujeito Passivo?
Objeto Imediato?
Facto jurídico?
Garantia?
 A vendeu a B um livro por 10€

 B doou esse livro a C

 Após um mês o livro ficou reduzido à


cinzas depois de um incêndio
causado

 Há uma relação jurídica?

 Sujeito Ativo?

 Sujeito Passivo?

 Objeto Imediato?

 Facto jurídico?

 Garantia?
Capítulo I – As

Título II pessoas singulares

As Pessoas Capítulo II – As

pessoas coletivas
QUALIDADE de ser Pessoa
“A personalidade jurídica costuma ser definida formalmente como a suscetibilidade de direitos e
obrigações ou titularidade, ou de ser sujeito de direitos e obrigações ou de situações jurídicas.
Pessoa jurídica é então, nesta perspectiva, todo o centro de imputação de situações jurídicas ativas
ou passivas, de direito ou de obrigações” - PPV/PLPV (37)

 Titularidade de direitos e obrigações resultam na Personalidade Jurídica ou é a


Personalidade Jurídica que leva a ter direitos e obrigações?
 Ser Pessoa implica direitos e obrigações, ou ser sujeito de direitos e obrigações que
leva a ser Pessoa?

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Obrigações e Direitos –» Pessoa Pessoa –» Obrigações e Direitos
CAUSA EFEITO
O Direito e a Lei podem criar PESSOAS Não pode ser atribuído nem recusado pelo
Direito.
“Personalização”
Ex.: Associações/Sociedades (Pessoa Coletiva) Impede a recusa de personalidade (com base
em critérios raciais ou religiosos, por exemplo)
Desafio --» Direito e Lei podem atribuir, Desafio --» dificulta a teorização técnico-
condicionar ou excluir quem é Pessoa jurídica da personalidade coletiva
“A personalidade jurídica é, assim, a qualidade de ser pessoa, que o Direito reconhece a todas as pessoas pelo simples facto de o serem, que se
traduz no necessário tratamento jurídico das pessoas como pessoas, isto é, como sujeito e não como objeto de direitos e deveres, como
originariamente dotadas da dignidade inviolável de pessoas humanas, que o Direito não pode deixar de respeitar e que constitui um dado extralegal,
de Direito Natural. A suscetibilidade de ser titular de direito de obrigações, de situações jurídicas ativas e passivas, é uma consequência que decorre
da personalidade jurídica, isto é, da constatação pelo Direito da qualidade de ser pessoa humana” - PPV/PLPV (39)

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Capacidade de gozo (não personalidade jurídica)

Artigo 66.º  Nascituro --» não nasceu mas foi concebido


Começo da personalidade
1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.  Conceturos --» não foi concebido ainda (simples
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento. expectativas)

“O nascimento é apenas mais um facto relevante na vida da pessoa” - PPV/PLPV (77)

“O nascituro não é, pois, objeto do direito. Como pessoa humana viva, o nascituro é pessoa jurídica” - PPV/PLPV (78)

Artigo 952.º Doações a nascituros


Artigo 2033.º Capacidade Sucessória (n.º1 – “todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão”)
Artigo 1878.º - Conteúdo das responsabilidades parentais (n.º1 - “ainda que nascituros”)
Artigo 2240.º Administração da herança ou legado a favor de nascituro

Nascituro já concebido não é coisa, não é víscera, é PESSOA!

“A personalidade jurídica das pessoas humanas tem início concomitantemente com o início da sua vida e existência enquanto pessoas” - PPV/PLPV (79)

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Duas características:
 Relacionamento pessoal e exclusivo com a Mãe (capacidade de exercício e de gozo
é inexistente)
 Precariedade –» pode não chegar a nascer

DIREITOS: Artigo 24.º


Direito à vida
 Direito a nascer 1. A vida humana é inviolável.
2. Em caso algum haverá pena de morte.

 Integridade física Artigo 25.º


Direito à integridade pessoal
1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável.
 Identidade pessoal e genética 2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas
cruéis, degradantes ou desumanos.
 Não haver manipulação/perturbação genética

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Artigo 66.º
Começo da personalidade
Morrer antes de Nascer: 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento
completo e com vida.
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem
do seu nascimento.
 Direitos somente com o nascimento – 66.º n.º2
 Não é aberta sucessão – direitos adquiridos pelo 952.º, 2033.º são extintos
retroativamente.
“Se não chegar a nascer com vida, o nascituro é tido pela lei (artigo 66.º n.º2) como não tendo chegado a existir” - PPV/PLPV (80)

Morrer logo após o nascimento:


 Com nascimento passa a ter capacidade de gozo.
 Todos os direitos são adquiridos

“Se houver nascimento com vida, a pessoa continua a vida e a personalidade jurídica que já tinha, a sua capacidade de gozo torna-
se genérica, com as limitações apenas de natureza humana e aquelas que a lei estabelece, e fica numa situação de incapacidade de
exercício geral, como menor” - PPV/PLPV (80)

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 Diversos posicionamentos quanto a PERSONALDIADE JURÍDICA DO NASCITURO

“É incontestável que o nascituro tem vida e substância humana desde a conceção” - PPV/PLPV (85)

 PRIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA – não tem verdadeiramente personalidade (no caso da sucessão é uma expectativa ao futuro chamamento)

 DIAS MARQUES – não tem personalidade, mas ao nascer há uma retroação dos direitos e consequentemente da personalidade jurídica

 MOTA PINTO – considera direitos sem sujeitos aqueles atribuídos por doação ou herança a nascituro – mas admite indemnizações em caso de wrongful actions

 CASTRO MENDES – considera direitos sem sujeitos

 GALVÃO TELLES – é um ser vivo, carece de proteção jurídica, mas não tem personalidade jurídica

 CARVALHO FERNANDES – direitos sem sujeito, ao nascer adquire os direitos (sem retroação)

 HÖSTER – não admite personalidade jurídica ao nascituro, somente com nascimento (aceita indemnização em casos de wrongful actions)

 OLIVEIRA DE ASCENSÃO – com cautela, admite a personalidade jurídica desde a conceção

 MENEZES CORDEIRO – considera que o artigo 66.º n.º1 deveria ser alterado, e haver personalidade jurídica desde a conceção

 CAPELO DE SOUSA – personalidade jurídica parcial

 PAULO OTERO – início da personalidade jurídica deveria coincidir com o início científico da vida -» reconhecimento de uma personalidade jurídica pré-natal

 LEITE CAMPOS – “«o ser humano concebido não é menos pessoa que o já nascido»” - PPV/PLPV (85)

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 Não há dúvidas que não há personalidade jurídica ou capacidade.
 Legislador as vezes associa Concenturo ao Nascituro
Artigo 952.º
Doações a nascituros
1. Os nascituros concebidos ou não concebidos podem adquirir por doação, sendo filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da declaração de vontade do doador.
2. Na doação feita a nascituro presume-se que o doador reserva para si o usufruto dos bens doados até ao nascimento do donatário.

Aqui deve-se interpretar que a doação é feita mediante uma condição suspensiva – a
conceção.
 Se houver conceção --» o bem ou direito doado entram na titularidade do nascituro
 E se não houver conceção? --» A doação caduca nos termos do artigo 275.º n.º1
 E se o nascituro morrer antes de nascer? --» A doação caduca com eficácia retroativa
(como se o bem nunca tivesse deixado a titularidade do doador)
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Artigo 2033.º
Princípios Gerais
1 - Têm capacidade sucessória, além do Estado, todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão, não excetuadas por lei, bem
como as pessoas concebidas, nos termos da lei, no quadro de um procedimento de inseminação post mortem.
2. Na sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade:
a) Os nascituros não concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da abertura da sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades.

NASCITURO CONCENTURO
Sucessão Pode ser chamado na Sucessão Legítima e Está limitado a Sucessão Testamentária e Contratual
Legitimária
Doação Pode haver doação ao Nascituro Doação sob condição suspensiva da conceção ou
nascimento
Administração dos 1878.º n.º1 – Cabe aos pais -
bens doados 2237.º n.º2 – regime de administração enquanto não
há o nascimento 2237.º n.º2 – regime de administração enquanto não
Herança ou 2240.º n.º2 - administração “compete a quem há a conceção/nascimento
Legado administraria os seus bens se ele já tivesse nascido”
2240.º n.º 1 – Ao Pai/Mãe - “esta pessoa ou, se ela
for incapaz, ao seu representante legal”

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Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não
permitam duvidar da morte dela.

Morte verificada com o cadáver, e na ausência de cadáver?

Ausência Morte presumida

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Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não
permitam duvidar da morte dela.

Lei n.º 141/99 de 28 de agosto Artigo 3.º


Artigo 2.º Verificação
Definição 1 - A verificação da morte é da competência dos médicos, nos termos da lei.
2 - Cabe à Ordem dos Médicos definir, manter actualizados e divulgar os critérios médicos,
A morte corresponde à cessação irreversível das funções do tronco cerebral técnicos e científicos de verificação da morte.

 Desafios --» verificação e determinação do momento da morte


*Técnicas de Prolongamento artificial da vida

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https://www.pordata.pt/portugal/obitos+de+residentes+em+portugal+total+e+por+mes+de+morte-3499
https://www.pordata.pt/subtema/municipios/esperanca+de+vida+e+mortes-213

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 Aos 13 anos, após cirurgia (retirada das amígdalas), foi declarada a morte encefálica, e por isso o sistema de apoio à
vida seria descontinuado.

Jahi McMath  Seus pais defenderam manutenção do suporte vital – em 20 de dezembro de 2013 apresentaram ação judicial no
Tribunal Superior do Condado de Alameda.

13´ 


Após 4 dias, o pedido dos pais foi negado (avaliação pericial confirmou a morte encefálica).

Em 30 de dezembro de 2013, a família apelou da decisão para o Segundo Distrito, os Tribunais de Recurso da
Califórnia e o Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Norte da Califórnia.

 Mãe defendeu que a Lei de Determinação da Morte violava os direitos religiosos e constitucionais, afetando a
privacidade.

 O Hospital defendeu-se alegando ser antiético e “grotesco” dar assistência à um cadáver.

 Em 3 de janeiro de 2014, foi emitido certificado de óbito oficial com data de óbito indicada em 12 de dezembro de 2013,
faltando a determinação da morte (ausência de autópsia).

 Hospital deu custódia a mãe (com ventilador e linhas de líquidos intravenosos, mas não efetuou a trasqueotomia).

 A família moveu a menina para um local não revelado onde uma traqueostomia foi realizada e um tubo de alimentação
foi inserido.

 Em março de 2015, a família apresentou ação de negligência contra o Children's Hospital Oakland e contra o cirurgião
que realizou a cirurgia de McMath (sangramento, demora no atendimento, pressão para doação de órgãos,)

 Em 25 setembro de 2016 – Publicação de um vídeo “Jahi taking breaths on her own. Glory to God. Always trust your
instincts when it comes to your children, but above all TRUST GOD.”

 Dr. Alan Shewmon, um renomado neurologista pediátrico da UCLA, declarou a menina viva em 29 de junho de 2017
(vídeos)

“still asleep” - Mãe


*Se fosse em Nova Jersey, havia legislação que permitia objeção
religiosa a declaração de morte com base em critérios neurológicos;
“Keep Jahi Mcmath on life support”
 Acidentes de tráfego/aéreos, naufrágios, catástrofes naturais, atos de terrorismo ou
em guerras.
 SUCESSÃO afetada conforme quem morreu antes.
 Solução artificial -» PREMORIÊNCIA -» presumir que os mais velhos sobrevivessem
aos mais novos, ou que de um determinado sexo às do outro, ou vice-versa.
COMORIÊNCIA
Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar
da morte dela.

Ex.: Casal que sofre acidente, não sendo possível identificar quem faleceu antes, considera-
se que nenhum sobreviveu ao outro, e por isso nenhum deles entra na sucessão do outro --»
nos termos do artigo 350.º n.º2 pode ser ilidida a comoriência.
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CASO 1 CASO 2
X e Y são vítimas de acidente de Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
trânsito, vindo a falecer em decorrência podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu os outros,
do evento. Nos termos do Código Civil, presumir-se-ão mortos primeiro os mais velhos e depois os mais
se dois ou mais indivíduos falecerem na novos.
mesma ocasião, não se podendo
averiguar a precedência de algum dos Certo Errado
falecimentos, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. Trata-se do
instituto da: CASO 3 - RLX (52)

A e B são casados. Cada um deles tem um filho de um


casamento anterior, C e D.
Ausência? A e B falecem no mesmo acidente de viação – não se sabe
quem faleceu antes.
Comoriência?
Comoriência A e B não são chamados a sucessão um do outro.
Premoriência? C será chamado a sucessão de A e D a sucessão de B
Código do Registo Civil
Decreto-Lei n.º 131/95 de 6 de junho
Artigo 1.º
Objecto e obrigatoriedade do registo
1 – O registo civil é obrigatório e tem por objecto os seguintes factos:
[…] j) A curadoria provisória ou definitiva de ausentes e a morte presumida
p) O óbito; […]
Artigo 2.º
Atendibilidades dos factos sujeitos a registo
Salvo disposição legal em contrário, os factos cujo registo é obrigatório só
podem ser invocados depois de registados.
Artigo 192.º
Prazo e lugar
1 - O falecimento de qualquer indivíduo ocorrido em território português deve ser
declarado, verbalmente, dentro de quarenta e oito horas, em qualquer
conservatória do registo civil.
2 - O prazo para a declaração conta-se, conforme os casos, do momento em que
ocorrer o falecimento, for encontrado ou autopsiado o cadáver, da dispensa da
autópsia ou daquele em que for recebida a cópia ou o duplicado da guia de
enterramento emitida por autoridade policial.

Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra
pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo
tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou
reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que
não permitam duvidar da morte dela.
http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
?OpenDocument

Ac. TRG de 24/09/2020


Proc. n.º 149/17.0T8PVZ.G2
 - A decisão proferida em processo penal constitui, nos termos do art. 623º do CPC,
uma presunção juris tantum (ilidível mediante prova em contrário de terceiro) da
existência dos factos constitutivos em que se tenha baseado a condenação;
- O problema da prova do momento da morte coloca-se ou surge-nos nos casos em
que o falecimento de pessoas tem lugar simultaneamente em momentos que não
seja possível determinar a sua ordem cronológica, nomeadamente, conforme
ocorre in casu, não constando dos assentos de óbito das 4 vítimas a hora da sua
morte, tendo todas falecido na mesmo dia.
- O art. 68º,nº2 do CC consagra uma presunção ( da comoriência) relativa que, por
conseguinte, cessa sempre que haja prova ( por todos os meios possíveis, inclusive
por presunções judiciais) sobre o momento efetivo em que ocorreram as mortes.
- No caso da comoriência, como não se consegue identificar quem faleceu primeiro,
sendo os indivíduos considerados simultaneamente mortos, não cabe direito
sucessório entre comorientes, pelo que os comorientes não são herdeiros entre si.

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http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/134973db04f39bf2802579bf005f080b/cab3fdacace4d88e80258358003aac03?
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Ac. TRP de 10/11/2020


Proc. n.º 1911/16.7T8STS-G.P1
 I- A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor, chamando-se à titularidade das
relações jurídicas do falecido os que gozam de prioridade na hierarquia dos sucessíveis.
 II - Desde a abertura da herança, e enquanto os sucessores não a aceitarem, expressa
ou tacitamente, verifica-se uma situação de herança jacente, definida legalmente como
aquela ainda não aceite nem declarada vaga para o Estado (cf. art.º 2046.º do C Civil), a
qual goza de personalidade judiciária (cf. art.º 12.º, alínea a), do CP Civil).
 III - Após a aceitação da herança pelos sucessores, a herança transmuta-se em herança
indivisa e perde a respectiva personalidade judiciária, por desnecessidade.
 IV - Estando a herança dos autos a aguardar a determinação da ordem dos óbitos vítimas
de um quádruplo homicídio que, por sua vez, irá determinar quem são os sucessíveis da
de cujus, a interposição da presenta acção não pode configurar uma aceitação tácita da
herança, até por que tal herança não está ainda determinada quer em termos de
definição dos sucessores, quer em termos de fixação dos bens concretos a partilhar.

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Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar
da morte dela.

Código do Registo Civil


Decreto-Lei n.º 131/95 de 6 de junho
Artigo 207.º
Justificação Judicial
1 - Cabe ao magistrado do Ministério Público da comarca em cuja área tiver ocorrido o acidente promover, por intermédio de qualquer conservatória do registo civil, a
justificação judicial do óbito nos seguintes casos:
a) Quando os cadáveres não forem encontrados;
b) Quando os cadáveres tiverem sido destruídos em consequência do acidente ou só aparecerem despojos insusceptíveis de ser individualizados; ou
c) Quando seja impossível chegar ao local onde os corpos se encontrem.
2 - Se o acidente ocorrer no mar e não for caso de naufrágio, cabe ao magistrado do Ministério Público da comarca da sede da capitania que deve proceder às averiguações
promover, por intermédio de uma conservatória do registo civil, a justificação judicial do óbito.
3 - Julgada a justificação, o conservador deve lavrar o assento de óbito, com base nos elementos fornecidos pela sentença e servindo-se de todas as informações
complementares recolhidas.
4 - O assento de óbito referido no número anterior produz os mesmos efeitos que a morte.

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http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
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Ac. TRP de 23/11/2017


Proc. n.º 3979/16.0T8PVZ.P1
 I - O pedido de declaração de morte presumida do ausente não se confunde com o pedido de declaração de morte. São duas realidades
distintas.
II - Se a ação tem por fundamento o disposto no art.º 68º, nº 3, do Código Civil (a declaração da morte de alguém), não tem cabimento a
aplicação do processo especial de declaração de morte presumida a que se referem os art.ºs 886º e seg.s do Código de Processo Civil.
III - As ações de registo, ao invés das ações de estado pessoal, não incidem diretamente sobre o facto registado, antes se reportam ao próprio
ato de registo em si, visando suprir uma omissão, operar uma reconstituição avulsa, declarar vícios de natureza formal que o afetam, o acerto
ou o desacerto de um ato de registo.
IV - A queda em mar alto e o imediato desaparecimento do corpo de uma pessoa que viajava num navio de pesca de matrícula espanhola pode
ter ocorrido em circunstâncias que evidenciam a sua morte, devendo esta ser declarada sem aguardar o decurso do prazo para declaração de
morte presumida.
V - Respeitando o dito desaparecimento a uma pessoa de nacionalidade portuguesa, pescador, residente em Espanha, ao serviço num barco
de matrícula espanhola, de onde foi arrastado por uma onda, não pode funcionar o processo de justificação judicial previsto nos art.ºs 204º, nºs
2 e 3 e 207º, ex vi art.º 233º, nº 1, do Código do Registo Civil.
VI - Neste caso, aplica-se a Convenção nº 10 da CIEC, de que são aderentes Portugal e Espanha, sendo a declaração de óbito da
competência das autoridades espanholas, com posterior ingresso no registo civil português, onde o óbito será registado para todos os efeitos
legais.
VII - Atribuída assim a competência internacional das autoridades espanholas e não tendo sido invocada qualquer dificuldade significativa na
propositura da ação ou na emissão da declaração de óbito naquele país, não funciona o princípio da necessidade que, nos termos da al. c) do
art.º 62º do Código de Processo Civil, poderia justificar uma extensão de competência com interposição da ação nos tribunais portugueses.
VIII - Nestas circunstâncias, os tribunais portugueses são internacionalmente incompetentes para conhecer da ação declarativa comum
destinada a obter a declaração de óbito do desaparecido.

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Estatuto Jurídico da Ausência – 89.º a 121.º

“A existência de uma massa de bens carente de administração, na titularidade de alguém que desapareceu e se não sabe se está vivo ou morto,
constitui fator de perturbação e de potencial perigo. Perigo para os bens do ausente, que estão por administrar e a mercê das cobiças alheias, e
perigo para a paz pública que pode ser perturbada por apetências ou cobiças eventualmente geradoras de conflito.” - PPV/PLPV (108)

Defesa da paz pública Proteção do património do ausente (e sucessores)

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 A personalidade jurídica cessa com a morte – 68.º
 Artigo 71.º não implica o seu prolongamento!

Artigo 71.º
Ofensas a pessoas já falecidas
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de protecção depois da morte do respectivo titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências previstas no n.º 2 do artigo anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer descendente,
ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido.
3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, só as pessoas que o deveriam prestar têm legitimidade, conjunta ou separadamente, para
requerer providências a que o número anterior se refere

Tutela direito dos familiares e herdeiros ao respeito pelo falecido.

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Entendido a partir do seu estatuto moral e social

“O cadáver é o corpo humano sem vida … O cadáver já não é pessoa. Mas também não é uma coisa, no sentido jurídico do artigo
202.º do Código Civil” - PPV/PLPV (91)

 Cadáver vai desaparecer – INUMAÇÃO ou CREMAÇÃO


 Antes do desaparecimento a manipulação do cadáver é protegida
Lei n.º 411/98 de 30 de dezembro
Inumação e trasladação de cadáveres Lei n.º12/93 de 22 de abril
Estabelece o regime jurídico da remoção, transporte, inumação, exumação, Colheita e transplante de órgãos
trasladação e cremação de cadáveres, bem como de alguns desses actos relativos a
ossadas, cinzas, fetos mortos e peças anatómicas, e ainda da mudança de Colheita e transplante de órgãos e tecidos de origem humana
localização de um cemitério

Código Penal
Artigo 253.º
Impedimento ou perturbação de cerimónia fúnebre
Quem, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, impedir ou perturbar a realização de cortejo ou de cerimónia fúnebre, é punido com pena de prisão até 1 ano
ou com pena de multa até 120 dias.
Artigo 254.º
Profanação de cadáver ou de lugar fúnebre
1 - Quem:
a) Sem autorização de quem de direito, subtrair, destruir ou ocultar cadáver ou parte dele, ou cinzas de pessoa falecida;
b) Profanar cadáver ou parte dele, ou cinzas de pessoa falecida, praticando actos ofensivos do respeito devido aos mortos; ou
c) Profanar lugar onde repousa pessoa falecida ou monumento aí erigido em sua memória, praticando actos ofensivos do respeito devido aos mortos;
é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias.
2 - A tentativa é punível.
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https://observador.pt/especiais/como-se-mantem-vivo-um-bebe-na-barriga-de-uma-mulher-em-morte-cerebral/

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 Colheita e aproveitamento de órgãos e tecidos do cadáver pode levantar muitas questões

 Em Portugal GOMES DA SILVA foi o primeiro a teorizar sobre a questão.

 Cadáver vai desaparecer e por isso o uso não afeta dignidade e sacralidade se for utilizado para cura e
alívio de outro ou para desenvolvimento do conhecimento da ciência.

 Algumas questões:

- Prolongamento da vida biológica com a finalidade de colheita ou investigação – “culturas


artificias de «mortos-vivos»” PPV/PLPV (93)
- CONSENTIMENTO para doação - Europa com perspetiva puramente solidarista
Lei n.º12/93 de 22 de abril
Colheita e transplante de órgãos
Artigo 10.º
Potenciais doadores
1 - São considerados como potenciais dadores post mortem todos os cidadãos nacionais e os apátridas e estrangeiros residentes em Portugal que não tenham
manifestado junto do Ministério da Saúde a sua qualidade de não dadores.
2 - Quando a indisponibilidade para a dádiva for limitada a certos órgãos ou tecidos ou a certos fins, devem as restrições ser expressamente indicadas nos respectivos
registos e cartão.
3 - A indisponibilidade para a dádiva dos menores e dos incapazes é manifestada, para efeitos de registo, pelos respectivos representantes legais e pode também ser
expressa pelos menores com capacidade de entendimento e manifestação de vontade.

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https://www.ipst.pt/index.php/pt/cidadao/orgaos

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http://www.ipst.pt/files/TRANSPLANTACAO/DOACAOETRANSPLANTACAO/brochura_RENNDA.pdf

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Artigo 13.º
Princípio de igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua,
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual
Artigo 18.º
Força Jurídica
1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são directamente aplicáveis e vinculam as entidades públicas e privadas. […]
Artigo 24.º ss
Artigo 288.º
Limites materiais da revisão

Artigo 70.º
Tutela geral da personalidade
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso,
com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.

Direito à privacidade – 26.º CRP |


Direito à vida - 24.º CRP
80.º
Direito à integridade física e psíquica -
25.º CRP Direito à identidade pessoal e ao
nome – 26.º CRP | 72.º
Direito à inviolabilidade moral
Direito à imagem – 26.º CRP | 79.º
Direito à honra - 79.º
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt CRP – 18.º, 8.º, 288.
 Exercício de defesa -» autonomia privada

 Violação do direito de personalidade -» mais em razões pessoais do que em razões sociais

 Estado deve proteger a dignidade de cada pessoa, mas cada pessoa deve exigir o respeito de sua
personalidade
Direito Objetivo da Personalidade Direito Subjetivo da Personalidade
Regulação jurídica relativa à defesa da personalidade Direito de defender a dignidade própria personalidade

Defesa da globalidade da espécie humana. Defesa individual – podendo prescindir da sua defesa, ou dispor (gratuitamente ou
onerosamente)
“basta” a participação à entidade competente sobre a violação para que reaja e
faça cessar a violação por atuação administrativa ou policial (ex.: constituir crime) Tem de exercer direta e livremente, não adianta ficar a espera do Estado.
Artigos 24.º, 25.º, 26.º CRP Direito ao nome ou à privacidade (Código Civil)
Imposição do próprio legislador, não cabendo ao Estado legislar sobre estas
matérias.
Direito Indisponível, encontra-se no campo da Heteronomia Direito disponível (limitado pelo direito objetivo da personalidade)

Direito Subjetivo Absoluto Dentro do campo da autonomia privada -


Imposição para todos – Estados, seus organismos, pessoas coletivas publicas ou A autonomia no seu exercício é limitada pela prescrição legal do direito objetivo da
privadas, pessoas singulares – “todos os indivíduos” personalidade – 81.º “não seja contrária aos princípios de ordem pública”
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Direito à vida
Questão de 24.º CRP
designativa e
nominal
Direito subjetivo Direitos subjetivos
Geral de especiais de Direito ao nome
72.º a 74.º
Personalidade personalidade
70.º 72.º ss
Direito à privacidade
75.º a 79.º

“uma constante na Doutrina designar acriticamente por «direitos» quer os


direitos subjetivos propriamente ditos, quer os poderes que respetivamente o
integram … Este hábito reflete-se também na redação da lei.” - PPV/PLPV (45) Direito à Imagem
80.º

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 Princípio do respeito pela personalidade --» tutela jurídica fortíssima
 Tutela da personalidade positivada na Lei constitucional, Lei civil, Lei criminal, Lei
internacional.
 Forte proteção no Direito Penal --» pessoal e social

 Para além da Responsabilidade civil e criminal, Processo próprio 878.º a 880.º CPC

 Tipificação --» Não é exaustiva, e sim exemplificativa, novos direitos de personalidade


podem ser reconhecidos (Jurisprudência auxiliada pela Doutrina)

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• Responsabilidade Civil
• Tutela preventiva
• Atenuação do possível
Artigo 878.º
Pressupostos
Pode ser requerido o decretamento das providências concretamente adequadas a evitar a consumação de qualquer ameaça ilícita e direta à personalidade física ou
moral de ser humano ou a atenuar, ou a fazer cessar, os efeitos de ofensa já cometida.
Artigo 879.º
Termos posteriores
1 - Apresentado o requerimento com o oferecimento das provas, se não houver motivo para o seu indeferimento liminar, o tribunal designa imediatamente dia e hora
para a audiência, a realizar num dos 20 dias subsequentes.
2 - A contestação é apresentada na própria audiência, na qual, se tal se mostrar compatível com o objeto do litígio, o tribunal procura conciliar as partes.
3 - Na falta de alguma das partes ou se a tentativa de conciliação se frustrar, o tribunal ordena a produção de prova e, de seguida, decide, por sentença,
sucintamente fundamentada.
4 - Se o pedido for julgado procedente, o tribunal determina o comportamento concreto a que o requerido fica sujeito e, sendo caso disso, o prazo para o
cumprimento, bem como a sanção pecuniária compulsória por cada dia de atraso no cumprimento ou por cada infração, conforme for mais conveniente às
circunstâncias do caso.
5 - Pode ser proferida uma decisão provisória, irrecorrível e sujeita a posterior alteração ou confirmação no próprio processo, quando o exame das provas oferecidas
pelo requerente permitir reconhecer a possibilidade de lesão iminente e irreversível da personalidade física ou moral e se, em alternativa:
a) O tribunal não puder formar uma convicção segura sobre a existência, extensão, ou intensidade da ameaça ou da consumação da ofensa;
b) Razões justificativas de especial urgência impuserem o decretamento da providência sem prévia audição da parte contrária.
6 - Quando não tiver sido ouvido antes da decisão provisória, o réu pode contestar, no prazo de 20 dias, a contar da notificação da decisão, aplicando-se, com as
necessárias adaptações, o disposto nos n.os 1 a 4.
Artigo 880.º
Regimes especiais
1 - Os recursos interpostos pelas partes devem ser processados como urgentes.
2 - A execução da decisão é efetuada oficiosamente e nos próprios autos, sempre que a medida executiva integre a realização da providência decretada, e é
acompanhada da imediata liquidação da sanção pecuniária compulsória. Larga margem de liberdade
ao juiz --» caso a caso
buscar o equilíbrio

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Artigo 71.º
Ofensa a pessoa já falecidas
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de protecção depois da morte do respectivo titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências previstas no n.º 2 do artigo anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer descendente,
ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido.
3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, só as pessoas que o deveriam prestar têm legitimidade, conjunta ou separadamente, para
requerer providências a que o número anterior se refere.

 Divergência doutrinária --» alargamento da personalidade jurídica às pessoas falecidas.


 Capelo de Sousa – termo da personalidade jurídica com a morte – “Há bens da personalidade física e moral do defunto que continuam a
influir no curso social e que, por isso mesmo perduram no mundo das relações jurídicas e como tais são autonomamente protegidos” (55)
 Leite Campos – “os herdeiros do falecido não defendem um interesse próprio (…) mas sim um interesse do defunto”
 Oliveira Ascensão – “o valor protegido é a personalidade do falecido e que a “legitimação” conferida pelo art. 71/2 não atribui ao requerente a
titularidade dos interesses em causa, mas uma mera legitimação processual”
 Mota Pinto – “uma proteção de interesses e direitos de pessoas vivas (as indicadas no n.º2 do mesmo artigo) que seriam afetadas por atos ofensivos da
memória (da integridade moral) do falecido”

 Personalidade cessou com a morte, o que está em causa é a memória do falecido – regime próprio, não sendo aplicável o n.º do artigo 70.º

 Para PPV/PLPV – 71.º n.º2 aparenta limitar as providências do n.º2 do 70.º. Mas é passível aplicar o n.º1 do 70 conjugada com 483.º para
aplicação da responsabilidade civil extracontratual
Direito Objetivo --» respeito pelos mortos
Direito Subjetivo --» titularidades das pessoas vivas a tutela do respeito devido aos seus mortos

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Artigo 81.º
Limitação voluntária
1. Toda a limitação voluntária ao exercício dos direitos de personalidade é nula, se for contrária aos princípios da ordem pública.
2. A limitação voluntária, quando legal, é sempre revogável, ainda que com obrigação de indemnizar os prejuízos causados às legítimas expectativas da outra parte.

Artigo 280.º
Requisitos do objeto negocial
1. É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário à lei ou indeterminável.
2. É nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes.

 Autonomia privada limitada pela ordem pública, contrariedades à lei e aos bons costumes.
 Sempre revogáveis (cabe indemnização pela frustração da expectativa e não por um direito subjetivo da outra parte)
 Revogação unilateral, pelo detentor dos direitos de personalidade (não pode nunca perder definitivamente o controlo)

 Comum a limitação do direito de personalidade voluntária --» domínio da publicidade | forças armadas | experimentos científicos

Controverso nos casos de experiências médicas e científicas mas necessárias para o bem comum.

Mais controverso são casos de aviltamento público da dignidade de pessoas em meios de comunicação social… a ganância material
como fator para se aceitar (considerar lícita) certas ofensas à dignidade é controverso (“vida não pode ser trocada por dinheiro”)

Ilícitos --» tráfico e aproveitamento sexual de pessoas

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Morsang-sur-Orge
Diferente do strip-tease
(performance artística),
é tratada como um
objeto
 Direito à vida
 Direito à integridade física e psíquica
 Direito à inviolabilidade moral
Tipificação
 Direito à honra exemplificativa

 Direito à privacidade
 Direito à identidade pessoal e ao nome
 Direito à imagem

Artigo 70.º
Tutela geral da personalidade
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso,
com o fim de evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.

Incluiria as Pessoas Coletivas* - 484.º


divergências (PPV/PLPV contrários)
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 24.º CRP – Mais importante dos direitos de personalidade “vida é inviolável”
 Ilicitude do suicídio (sem natureza penal), do auxílio e da instigação ao suicídio e da
eutanásia (≠ sedação paliativa).

 Desafios:
 Condições de ilicitude do aborto (142.º interrupção da gravidez não punível | descriminalização)
 Definição legal da morte
 Prolongamento da vida com recurso de suporte vital artificias
 Interrupção da vida meramente vegetativa artificialmente suportada

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Artigo 142.º
Interrupção da gravidez não punível
1 - Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico, ou sob a sua direcção, em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido e com o
consentimento da mulher grávida, quando:
a) b) c) d) a) Constituir o único meio de remover perigo de morte ou de grave e irreversível lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida;
Legítima b) Se mostrar indicada para evitar perigo de morte ou de grave e duradoura lesão para o corpo ou para a saúde física ou psíquica da mulher grávida e for realizada
defesa da nas primeiras 12 semanas de gravidez;
mãe c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro virá a sofrer, de forma incurável, de grave doença ou malformação congénita, e for realizada nas primeiras 24
semanas de gravidez, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo;
d) A gravidez tenha resultado de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual e a interrupção for realizada nas primeiras 16 semanas.
e) e) For realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.
Proteção da 2 - A verificação das circunstâncias que tornam não punível a interrupção da gravidez é certificada em atestado médico, escrito e assinado antes da intervenção por
mãe médico diferente daquele por quem, ou sob cuja direcção, a interrupção é realizada, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
3 - Na situação prevista na alínea e) do n.º 1, a certificação referida no número anterior circunscreve-se à comprovação de que a gravidez não excede as 10 semanas.
4 - O consentimento é prestado:
a) Nos casos referidos nas alíneas a) a d) do n.º 1, em documento assinado pela mulher grávida ou a seu rogo e, sempre que possível, com a antecedência mínima de
três dias relativamente à data da intervenção;
b) No caso referido na alínea e) do n.º 1, em documento assinado pela mulher grávida ou a seu rogo, o qual deve ser entregue no estabelecimento de saúde até ao
momento da intervenção e sempre após um período de reflexão não inferior a três dias a contar da data da realização da primeira consulta destinada a facultar à
mulher grávida o acesso à informação relevante para a formação da sua decisão livre, consciente e responsável.
5 - No caso de a mulher grávida ser menor de 16 anos ou psiquicamente incapaz, respectiva e sucessivamente, conforme os casos, o consentimento é prestado pelo
representante legal, por ascendente ou descendente ou, na sua falta, por quaisquer parentes da linha colateral.
6 - Se não for possível obter o consentimento nos termos dos números anteriores e a efectivação da interrupção da gravidez se revestir de urgência, o médico decide
em consciência face à situação, socorrendo-se, sempre que possível, do parecer de outro ou outros médicos.
7 - Para efeitos do disposto no presente artigo, o número de semanas de gravidez é comprovado ecograficamente ou por outro meio adequado de acordo com as leges
artis.

“Este regime parece-nos incompatível com o direito à vida do filho ainda não nascido, com direito do pai à paternidade e com o princípio da igualdades do pai e mãe” - PPV/PLPV (63)

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VIDA X MORTE
VIDA BI0LÓGICA ≠ VIDA BIOGRÁFICA MORTE DIGNA

Morte
Medicamente
Distanásia Eutanásia Assistida
(Suicídio Assistido)

Ortotanásia Mistanásia
http://www.scott-morgan.com/blog/
1969 Living Will”, Advogado Louis Kutner (Sociedade Americana
Pró Eutanásia)
1970 Outros documentos – “Advanced Directives”
15/04/1975 Karen Ann Quinlan
31/03/1976 New Jersey Supreme Court: DIREITO à
Karen Ann
Quinlan PRIVACIDADE
29 de março de 1976 Estado da Califórnia - Natural Death Act
1954 - 11 de junho
de 1985 1990 Caso Nancy Cruzan – Supreme Court
1991 Patient SelfDetermination Act (PSDA)

1995 Austrália 2009 Alemanha e Inglaterra


2001 Porto Rico 2012 Portugal
2002 Espanha 2016 França Photo courtesy of Chris Cruzan White (Robert L. Fine)
2008 México 2017 Itália
2009 Argentina e Uruguai
1977 Livro - Karen 1997 Vacco 2005 Livro - My Joy,
15/04/1975 Deu
Karen Ann Quinlan
Ann: The Quinlans DC, Attorney My Sorrow: Karen
entrada no Newton General of Ann's
Tell Their Story Mother
Memorial Hospital,
1977 Filme - The New York, et Remembers 29 de março de 1954 - 11 de junho de
New Jersey 1976 Comitê de
Matter of Karen al., Petitioners 2005 Caso
Ética do Hospital
Ann Quinlan v. Timothy E. Terri Schiavo
St. Clair - parecer Quill et al.
de irreversibilidade 1981 Presidential 2000
01/08/1975 Commission – Holanda
vida humana 02/2018
Pedido 05/1976 - Respirador
termina quando o BE
para desligado (Manteve-se
retirada do cérebro deixa de Lei n.º
viva - alimentação por
respirador funcionar 25/2012,
via de sonda
1990 Caso de 16 de
nasogástrica).
Nancy Cruzan julho

Revolução 1997 Oregon
Tecnológica
11/06/1985
dos anos 2012 PL
Faleceu
60´ 1976 Estado da Senado
11/1975 Tribunal (pneumonia
Superior de Nova Califórnia - n.º
)
Jersey, Robert Natural Death Act 1991 – Helga 236/12
02/2017
Muir Jr., negou. Wanglie (Hennepin
PAN
31/03/1976 New County District Cou
1969 Jersey Supreme rt - Minneapolis)
Advogado Court: 1991 Patient Self-
Louis Kutner DIREITO À
1980 Joseph e Julia Quinlan Determination Act https://en.wikipedia.org/wiki/Karen_Ann_Quinlan
(TV) PRIVACIDADE
fundaram o Karen Ann Quinlan (PSDA)
Center of Hope Hospice
(Newton)
Testamento de Testamento
Declaração Vital
Vida Biológico (ITA)
Instrução escrita para guiar os cuidados
médicos em caso de doença terminal ou
dano irreversível, a ser aplicada quando a Cláusulas
Testamento do Declaração de
pessoa não consegue manifestar a Testamentárias
sobre a Vida
Paciente Cuidados Saúde
vontade.
Declaração
Testamento Vital Prévia dos Patient Advocate Designation of
Pacientes Designation Surrogate
+ Terminais
Mandato Duradouro
OU Procurador de Procurador de Power of
Medical Power of
Cuidados de Saúde Attorney
Cuidados de Attorney for
Saúde Health Care

Declaração
Diretiva Médica/ Instruções
Antecipada de
para Médicos prévias (ESP)
Tratamento

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Testamento Vital
+
Mandato Duradouro
OU Procurador de
Cuidados de Saúde

Physician Orders for Do-not-


Life-Sustaining resuscitate (DNR) Organ and tissue
Treatment (POLST) DNR Form, DNR donation
(MOLST/MOST/POST/TPOPP Directive, Comfort One
)

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• 1969 Living Will – 1991 Patient SelfDetermination Act (PSDA)
• Programa – “Making Your Wishes Known: Planning Your Medical Future”

• Associación Pro Derecho a Morir Dignamente, iniciou o debate já em 1986


• Lei 41/2002 - “instrucciones previas”.
• Real Decreto 124/07 criação do Registro Nacional de Instrucciones

• Código Civil (2009) “Patientenverfügungen”

• Lei 160/2001 de 17 de novembro


• Lei 4.263/2007 da Província de Rio Negro - Lei federal 26.529/2009
• Lei 8.473/2009, de 3 de abril – “Voluntad Anticipada”

• Comitê Nacional de Bioética - Dichiarazioni Anticipate di Trattamento – “testamento biológico”


• Caso Eluana Englaro
• Comune de Massa, Toscana – recolha de manifestações
• APP - “The Last Wishes”

• “Living wills for people who will to live”

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Parecer n.º 59/CNECV/2010

“… doente morra como consequência da história natural da sua doença”


“Não é necessária uma declaração antecipada […] para que deva ser considerada a boa prática médica e ética a recusa da obstinação
terapêutica, isto é, a não realização de tratamento fútil u obstinado…”

Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (Lei n.º 52/2012)

d) «Obstinação diagnóstica e terapêutica» os procedimentos diagnósticos e terapêuticos que são desproporcionados e fúteis, no contexto global
de cada doente, sem que daí advenha qualquer benefício para o mesmo, e que podem, por si próprios, causar sofrimento acrescido;

Regulamento de Deontologia Médica (2016)


Artigo 65.º O fim da vida
1 — O médico deve respeitar a dignidade do doente no momento do fim da vida.
2 — Ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia.
Artigo 66.º Cuidados Paliativos
1 — Nas situações de doenças avançadas e progressivas cujos tratamentos não permitem reverter a sua evolução natural, o médico deve dirigir a
sua ação para o bem -estar dos doentes, evitando a futilidade terapêutica, designadamente a utilização de meios de diagnóstico e terapêutica que
podem, por si próprios, induzir mais sofrimento, sem que daí advenha qualquer benefício.
Artigo 67.º Morte
[…] 3 — O uso de meios extraordinários de manutenção de vida deve ser interrompido nos casos irrecuperáveis de prognóstico seguramente fatal
e próximo, quando da continuação de tais terapêuticas não resulte benefício para o doente.
4 — O uso de meios extraordinários de manutenção da vida não deve ser iniciado ou continuado contra a vontade do doente.
5 — Não se consideram meios extraordinários de manutenção da vida, mesmo que administrados por via artificial, a hidratação e a alimentação
ou a administração por meios simples de pequenos débitos de oxigénio suplementar.

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Lei n.º 25/2012, de 16 de julho
Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV)
Testamento Vital e Procurador de Cuidados de Saúde

Portaria n.º 96/2014, 5 de maio - Regulamentação

Portaria n.º 104/2014, 15 de maio – Modelo de Diretiva Antecipada de Vontade

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Portaria n.º 104/2014 – Modelo de Diretiva Antecipada de Vontade

 Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV)


 Identificação do Outorgante
 Pretendo nomear meu Procurador de Cuidados de Saúde
 Pretendo nomear meu Procurador de Cuidados de Saúde suplente
Situação Clínica em que a DAV Produz Efeitos
Cuidados de Saúde a receber/não receber
Médico (opcional)
Notário / Funcionário RENTEV
Validação

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Procedimentos e medicamentos extraordinários
(prolongam a vida biológica do paciente, sem garantir a qualidade de vida)
 Ressuscitação cardiopulmonar,
 Respiração artificial;
 Grandes procedimentos cirúrgicos;
 Diálise;
 Quimioterapia;
 Radioterapia;
 Pequenas cirurgias que não servirão para dar conforto ou aliviar a dor;
 Exames invasivos;
 Antibióticos;
 Nutrição e hidratação artificiais (?)

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 Não existe uma fronteira nítida entre a integridade física e a integridade psicológica
 Ameaças e Agressões a um afetam o outro.

 Caso de Barulho / Ruído --» que impeçam o sono, violam o direito da personalidade,
impedem o direito ao repouso (mesmo que não ultrapasse os limites fixados em lei)
Apesar do Regulamento fixar limites --» não há um direito a fazer ruído, nem é lícito
impedir o repouso alheio, por isso direito de personalidade prevalece perante o
regulamento.

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https://www.publico.pt/2023/02/26/sociedade/noticia/tribunal-deu-tres-meses-caes-serem-retirados-apartamento-2039587

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Artigo 41.º
Autonomia moral, liberdade religiosa de
Liberdade de consciência, religião e culto convicção e de culto, o respeito pelos
1. A liberdade de consciência, religião e culto é inviolável.
2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações mortos e pela sua memória, o respeito pela
ou deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa.
3. As igrejas e comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres
honra, a defesa do bom nome e reputação,
na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.
4. É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticado no
e a tutela da privacidade e do pudor.
âmbito da respectiva confissão, bem como a utilização de meios de
comunicação social próprios para o prosseguimento das suas actividades.
5. É reconhecido o direito à objecção de consciência, ficando os objectores
obrigados à prestação de serviço não armado com duração idêntica à do
serviço militar obrigatório.

Artigo 335.º
Colisão de direitos
1.Havendo colisão de direitos iguais ou da mesma espécie, devem os titulares
ceder na medida do necessário para que todos produzam igualmente o seu
efeito, sem maior detrimento para qualquer das partes.
2. Se os direitos forem desiguais ou de espécie diferente, prevalece o que
deva considerar-se superior.

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“A honra é a dignidade pessoal pertencente à pessoa enquanto tal, e reconhecida na comunidade em que se insere e em que
coabita e convive com as outras” - PPV/PLPV (67)

Vertente PESSOAL/SUBJETIVA --» “respeito e consideração que cada pessoa tem


por si própria” - PPV/PLPV (67)
Vertente SOCIAL/OBJETIVA --» “respeito e consideração que cada pessoa merece ou
de que goza na comunidade a que pertence” - PPV/PLPV (67)

DESONRA – perda de respeito em termos pessoais pode ser maior ou menos do quem em termos sociais.

*Divergência no gravame à honra --» uma pessoa pode ser eticamente mais exigente que outra, ou menos
exigente que a sociedade.

UMA HONRA, com DUAS PERSPECTIVAS, Subjetiva e a Objetiva

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http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/ca7fc9ce4402f58b80256e7e004ec225?Op

Ac. STJ de 26/02/2004


enDocument

Proc. n.º 03B3898


1. A publicação, em jornal que se vende em todo o território nacional, de acusações ou insinuações feitas a uma mulher casada, no
mínimo tratando-a como leviana e imputando-lhe a prática de adultério, atinge directamente o marido daquela, violando o seu direito ao
bom nome, à honra e consideração social, e à reserva da intimidade da vida privada conjugal.
2. Não importa que o facto afirmado ou divulgado seja ou não verdadeiro, contanto que seja susceptível, ponderadas as circunstâncias
do caso, de abalar a honra e o prestígio de que a pessoa goze ou o bom conceito em que ela seja tida (prejuízo do bom nome) no meio
social em que vive ou exerce a sua actividade.
3. Na delimitação do direito à informação intervêm princípios éticos, pelos quais o jornalista responde em primeiro lugar, constituindo
dever de quem informa esforçar-se por contribuir para a formação da consciência cívica e para o desenvolvimento da cultural sobretudo
pela elevação do grau de convivialidade como factor de cidadania, e não fomentar reacções primárias, sementes de violência, ou
sentimentos injustificados de indignação e de revolta, tratando assuntos com desrespeito pela consciência moral das gentes, contribuindo
negativamente para a desejável e salutar relação de convivialidade entre elas.
4. Na conflitualidade entre os direitos de liberdade de imprensa e os direitos de personalidade, sendo embora os dois direitos de igual
hierarquia constitucional, é indiscutível que o direito de liberdade de expressão e informação, pelas restrições e limites a que está sujeito,
não pode atentar contra o bom nome e reputação de outrem, salvo se estiver em causa um interesse público que se sobreponha àqueles e
a divulgação seja feita de forma a não exceder o necessário a tal divulgação.
5. Actuam culposamente, com dolo directo, os jornalistas que voluntariamente narra certo facto ou faz alguma afirmação ou insinuação,
sabendo que dessa forma atinge a honra ou o bom nome de outrem, sendo esse preciso efeito que ele pretende atingir. Age com dolo
necessário (ou eventual) a empresa jornalística que, sem poder deixar de conhecer a natureza melindrosa e difamatória dos escritos,
tinha também o dever de ter impedido a sua divulgação.
6. Tratando-se de notícia publicada em jornal que se vende em todo o território nacional; considerando que o lesado, a partir da data da
publicação dos artigos, passou a ser alvo de observações jocosas dos seus colegas de trabalho e de alguns clientes que o conheciam
devido à vida pública que levava, tendo até, em consequência, pedido uma licença sem vencimento como única forma de se furtar aos
incómodos e ultrajes de que passou a ser alvo; atendendo a que o casal constituído por ele e a mulher, visada nas notícias publicadas,
acabou por se separar devido às discussões e aos embaraços que tais artigos provocaram em ambos, justifica-se, por criteriosa e
adequada às circunstâncias do caso, a atribuição da quantia de 5.000.000$00 (ou seja, 24.939,99 Euros) para compensar os danos não
patrimoniais sofridos pelo autor.
Particularmente mais gravosas --» ofensas à honra cometidas através da comunicação
social
Dificilmente reparáveis.

Direito de imprensa não sobreleva o direito à honra (apesar de ambos estarem consagrados no
rol de direitos, liberdades e garantias da CRP), como direito de personalidade é
hierarquicamente superior.
DESAFIO – figuras públicas (menor tutela da honra e da privacidade).
 Nos casos de interesse público da revelação de certos factos ou situações, o direito à honra e
à privacidade não podem impedir a revelação do que for estritamente necessário.
Excluída a ilicitude pelo caráter público do interesse na questão – 180.º n.º2 – buscar o princípio
do mínimo dano.
Casos de “voyeurismo” e curiosidade malsã/doentia --» ilícito (ainda que exista interesse público
se for em excesso)
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 Espaço de privacidade em que possa estar à vontade --» “direito de ser deixado em paz”

 Delimitação positiva --» Vida doméstica, familiar, sexual, afetiva


 Delimitação negativa --» matérias da vida das pessoas que podem ficar fora da esfera de proteção

 Tentativa - três esferas:


 Vida íntima – acesso por pessoas muito próximas (afetividade, saúde, nudez)
 Vida privada – acesso pelas pessoas da sua relação
 Vida pública – desconhecidos, público em geral

Rigidez não corresponde à realidade (degraus e não uma rampa | quebra abrupta)– os limites variam de pessoa para pessoa

Identificar não só o que é mais intimo/privado do que aquilo, e que esta pessoa é mais intima do que aquela.

75.º a 78.º e 80.º CC

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Artigo 26.º
Outros direitos pessoais
1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao “É um direito de personalidade, porque orientado funcionalmente à tutela da dignidade
desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, humana, através da defesa daquilo que garante a infungibilidade, a indivisibilidade e a
ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da
intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra
irrepetibilidade de casa uma das pessoas humanas”- PPV/PLPV (74)
quaisquer formas de discriminação.
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e Artigo 74.º
utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana, de Pseudônimo
informações relativas às pessoas e famílias. O pseudónimo, quando tenha notoriedade, goza da protecção conferida ao próprio nome.
3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser
humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização
das tecnologias e na experimentação científica.
4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só
podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo Identidade pessoal –» inclui o património genético, a
ter como fundamento motivos políticos.
integridade genética que impedem a clonagem integral, a
Artigo 72.º ocultação da paternidades biológica e outras ofensas que
Direito ao nome
1. Toda a pessoa tem direito a usar o seu nome, completo ou possam incidir sobre o genoma.
abreviado, e a opor-se a que outrem o use ilicitamente para
sua identificação ou outros fins.
2. O titular do nome não pode, todavia, especialmente no
exercício de uma actividade profissional, usá-lo de modo a
prejudicar os interesses de quem tiver nome total ou
parcialmente idêntico; nestes casos, o tribunal decretará as
providências que, segundo juízos de equidade, melhor
conciliem os interesses em conflito.

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Artigo 79.º
Direito à imagem  Ac. TRE de 25-06-2015: - Em decisão de
1.O retrato de uma pessoa não pode ser exposto,
reproduzido ou lançado no comércio sem o consentimento regulação de responsabilidades parentais,
dela; depois da morte da pessoa retratada, a autorização
compete às pessoas designadas no n.º 2 do artigo 71.º, a imposição aos pais do dever de «abster-
segundo a ordem nele indicada.
2. Não é necessário o consentimento da pessoa retratada
se de divulgar fotografias ou informações
quando assim o justifiquem a sua notoriedade, o cargo que que permitam identificar a filha nas redes
desempenhe, exigências de polícia ou de justiça, finalidades
científicas, didácticas ou culturais, ou quando a reprodução sociais» mostra-se adequada e
da imagem vier enquadrada na de lugares públicos, ou na de
factos de interesse público ou que hajam decorrido
proporcional, salvaguarda do direito,
publicamente.
3. O retrato não pode, porém, ser reproduzido, exposto ou
reserva da intimidade da vida privada e
lançado no comércio, se do facto resultar prejuízo para a da proteção dos dados pessoais e,
honra, reputação ou simples decoro da pessoa retratada.
sobretudo, da segurança da menor no
Ciberespaço.

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Relação
Jurídica
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Relação 2 Relação 3
Relação 1
Sujeito Ativo – B Sujeito Ativo – B
Sujeito Ativo – A
Sujeito Passivo – todos os outros (direito à Sujeito Passivo – C
Sujeito Passivo – todos os outros
propriedade oponível)
(direito à propriedade oponível)
Objeto – Bicicleta (objeto do direito
Objeto – Bicicleta (objeto do direito subjetivo), doação (direito subjetivo) Relação 4
Objeto – Bicicleta (objeto do direito subjetivo), direito de propriedade (direito 940.º e 954.º
subjetivo), direito de propriedade subjetivo) …
(direito subjetivo) 1316.º, 1317.º e 1318.º - ocupação
Facto Jurídico – Doar a bicicleta
Facto Jurídico – Abandonar a bicicleta Facto Jurídico – Pegar a bicicleta
Garantia – 408.º n.º1
Garantia – X Garantia – X
Modificação da relação (C passa a sero
Constituição da relação sujeito ativo.
Extingue-se a relação jurídica
PERSONALIDADE
JURÍDICA
1 2 3
 Doação para nascituro 952.º  Doação 940.º / 408.º n.º1  Problema não está na
 Nascituro de B, só adquire  Capacidade do animal? personalidade jurídica (B), mas
personalidade jurídica com o 950.º, 201.º-B, 202.º ss sim no objeto.
nascimento com vida (66.º)  Animal não pode ser sujeito
 Nascituro de B não chegou a  280.º objeto ilícito, contrato é
da relação, podendo ser
adquirir personalidade jurídica, a nulo, não produz efeitos 286.º
doação fica sem efeito. objeto da relação.
 2024.º e 2033 n.º2 o quadro
mantêm-se na esfera de A. Doação não poderá produzir
efeitos.
Doação não poderá produzir efeitos.
“A capacidade jurídica é a suscetibilidade de ser titular de situações ou posições jurídicas ativas ou
passivas, de direitos ou vinculações.” - PPV/PLPV (94)

“uma qualidade estática, ou seja, precisamente a idoneidade de se ser titular de direitos e


obrigações. A capacidade jurídica é inerente à personalidade.” - HEH/ESMS (335)

Artigo 67.º
Capacidade jurídica Capacidade Jurídica
As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo ≠
disposição legal em contrário: nisto consiste a sua capacidade jurídica.
Personalidade Jurídica

Personalidade Jurídica Capacidade Jurídica


Exercício pessoal e livre
Natureza Qualitativa Natureza Quantitativa
Titularidade
Existe ou não existe Pode ser graduada ou restringida

Capacidade de gozo Artigo 69.º


Renúncia à capacidade jurídica
Ninguém pode renunciar, no todo ou em parte, à sua capacidade jurídica.

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“Ao contrário da capacidade negocial, de gozo e de exercício a capacidade jurídica não pressupões
nenhum discernimento, nem a vontade de entender e querer, uma vez que diz respeito à mera
susceptibilidade de ser titular, a uma simples condição de gozo e não se refere à idoneidade da
participação no tráfico jurídico” - HEH/ESMS (337)
Capacidade de Gozo Capacidade de Exercício
TITULARIDADE EXERCÍCIO
Capacidade de ser ou de ter direitos subjetivos Capacidade de agir | de se tornar sujeito de relações jurídicas ou de
exercer os direitos subjetivos
Natureza estritamente pessoal, não podem ser assumidos por Maior* tem pleno exercício dos seus direitos
outrem em nome e em vez do titular – ex.: 1600.º, 1850.º, 2188.º
"estar no mundo jurídico como titular" - HEH/ESMS (336) "o agir no mundo jurídico como praticante de actos jurídicos negociais" - HEH/ESMS (336)

“é a suscetibilidade de ser titular de direitos, de situações jurídicas” - PPV/PLPV (94) “é a suscetibilidade que a pessoa tem de exercer pessoal e livremente os direitos e cumprir as
obrigações que estão na sua titularidade, se a intermediação de um representante legal ou
consentimento de um assistente” - PPV/PLPV (95)

Pessoa pode ter capacidade de gozo mas não ter capacidade de exercício.
“não podem atuar no Direito a não ser por intermédio de representantes
 Menores (atentar as exceções -124.º e 127.º) legais, ou estão sujeitos, na sua atuação jurídica, à autorização e
 *Maiores acompanhados – Lei n.º 49/2018 de 14 de agosto vigilância dos pais ou dos acompanhantes” - PPV/PLPV (95)
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Caso de ausência de capacidade de gozo:
 Menor de 16 anos –» impedimento absoluto para casamento - artigo 1601.º alínea c)
Caso de ausência de capacidade de exercício:
Menor entre 16 e 18 anos –» depende de autorização dos pais – artigo 1612.º n.º 1

Com casamento do menor (16 a 18 anos) há a sua EMANCIPAÇÃO – artigo 132.º

Cessando a sua incapacidade

 Se Casamento ocorre sem o suprimento do consentimento dos pais ou tutor (ou sem
suprimento judicial), continua ser considerado menor, e por isso a administração dos
seus bens pelos seus pais/tutor/administrador judicial – artigo 1649.º

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“A legitimidade se distingue da capacidade com alguma nitidez, porque a capacidade é uma situação enquanto que a legitimidade
é uma relação” - PPV/PLPV (99)

Capacidade Legitimidade
SITUACIONAL RELACIONAL
Abstrata – podemos ser titulares ou Concreta - diante de um concreto ato
podemos exercer jurídico
“é a suscetibilidade de ser titular de direitos, de “é a particular posição da pessoa perante um
situações jurídicas” - PPV/PLPV (94) concreto interesse ou situação jurídica que lhe
permite agir sobre eles.” - PPV/PLPV (97)

Coincide* com a TITULARIDADE


(*exceto quando não tem um concreto grau de autonomia privada – caso dos
incapazes
**pode ocorrer de outras pessoas também terem legitimidade (poder de
representação) – artigo 767.º a 771.º)

“Em alguns casos a pessoa que pretende agir não tem legitimidade porque não é titular de uma situação jurídica que possibilite
essa atuação, sendo que essa falta de titularidade pode decorrer de uma incapacidade de gozo. Não tendo capacidade de gozo,
não é titular, e sem ser titular não terá legitimidade” - PPV/PLPV (100)

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 ≠ Capacidade negocial de gozo e de exercício
 Trata-se da capacidade para consentir que a sua integridade física seja violada
 quando se trata do "consentimento tolerante" não é preciso ter a capacidade de
gozo/exercício, necessário "que tenha a suficiente maturidade para a avaliação das
respectivas consequências" | "entender plenamente o significado do seu acto"
Código Penal
Capacidade natural para consentir – CC é omisso DL n.º 48/95 de 15 de março
Artigo 38.º
Consentimento
Artigo 81.º 1 - Além dos casos especialmente previstos na lei, o consentimento exclui a ilicitude
Artigo 340.º Limitação voluntária do facto quando se referir a interesses jurídicos livremente disponíveis e o facto
Consentimento do lesado 1. Toda a limitação voluntária ao não ofender os bons costumes.
1. O acto lesivo dos direitos de outrem é lícito, exercício dos direitos de personalidade 2 - O consentimento pode ser expresso por qualquer meio que traduza uma vontade
desde que este tenha consentido na lesão. é nula, se for contrária aos princípios séria, livre e esclarecida do titular do interesse juridicamente protegido, e pode ser
2. O consentimento do lesado não exclui, porém, a da ordem pública. livremente revogado até à execução do facto.
2. A limitação voluntária, quando 3 - O consentimento só é eficaz se for prestado por quem tiver mais de 16 anos e
ilicitude do acto, quando este for contrário a uma
legal, é sempre revogável, ainda que possuir o discernimento necessário para avaliar o seu sentido e alcance no momento
proibição legal ou aos bons costumes. em que o presta.
3. Tem-se por consentida a lesão, quando esta se com obrigação de indemnizar os
prejuízos causados às legítimas 4 - Se o consentimento não for conhecido do agente, este é punível com a pena
deu no interesse do lesado e de acordo com a sua aplicável à tentativa.
expectativas da outra parte.
vontade presumível.
2 requisitos:
• Idade mínima - 16 anos
 Para atos médicos ou de enfermagem de pequena relevância --» 127.º n.º1 b) • Capacidade natural para consentir

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Nascimento

Personalidade
Jurídica
 Pessoa está obrigada em consequência dos factos
ilícitos (*risco) que cometeu.
Capacidade
Jurídica
 Capacidade negocial está para a
Responsabilidade Contratual assim como a
Capacidade Delitual está para a Responsabilidade Capacidade de Capacidade
agir Delitual
Extracontratual.

 A Capacidade Delitual é definida de maneira Responsabilidade Responsabilidade


Contratual extracontratual
negativa – Quem não tem capacidade– 488.º n.º2
Artigo 488.º Não precisam estar
Imputabilidade conexos a capacidade
1. Não responde pelas consequências do facto danoso quem, no Por culpa civil de agir. A
momento em que o facto ocorreu, estava, por qualquer causa, responsabilidade poderá
incapacitado de entender ou querer, salvo se o agente se colocou
culposamente nesse estado, sendo este transitório. ser verificada pela
2 - Presume-se falta de imputabilidade nos menores de sete anos. simples titularidade de
um direito.
Pelo Risco Ex.: um bebé que herda
uma fábrica de pólvora.

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Código de Processo do Trabalho
DL n.º 480/99 de 9 de novembro
Código de Processo Civil Código de Processo Civil Artigo 2.º
Lei n.º 41/2013 de 26 de junho Lei n.º 41/2013 de 26 de junho Capacidade judiciaria activa dos menores
Artigo 11.º Artigo 15.º 1 - Os menores com 16 anos podem estar por si em
Conceito e medida da personalidade judiciária Conceito e medida da capacidade judiciária juízo como autores.
1 - A personalidade judiciária consiste na 1 - A capacidade judiciária consiste na 2 - Os menores que ainda não tenham completado
suscetibilidade de ser parte. suscetibilidade de estar, por si, em juízo. 16 anos são representados pelo Ministério Público
2 - Quem tiver personalidade jurídica tem 2 - A capacidade judiciária tem por base e por quando se verificar que o seu representante legal
igualmente personalidade judiciária. medida a capacidade do exercício de direitos. não acautela judicialmente os seus interesses.
3 - Se o menor perfizer os 16 anos na pendência da
causa e requerer a sua intervenção directa na
acção, cessa a representação.

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“O Direito Civil, como direito das pessoas comuns, pressupõe que estas sejam livres e esclarecidas
e que, ao agirem no Direito, o façam com liberdade e esclarecimento.” - PPV/PLPV (116)

DESAFIO --» Circunstâncias que colocam algumas pessoas em situação de


inferioridade na relação (esclarecimento e liberdade não alcançado por completo)
Regimes de Proteção

 MENORES
 MAIORES ACOMPANHADOS

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 Falta de capacidade de exercício --» Menores e Maiores Acompanhados
Falta de capacidade de gozo:
*Exclusão da titularidade destes direitos pessoais – coarta por completo a possibilidade de agir
Artigo 1601.º
Impedimentos dirimentes absolutos Artigo 1850.º
São impedimentos dirimentes, obstando ao Capacidade
casamento da pessoa a quem respeitam 1 - Têm capacidade para perfilhar os
com qualquer outra: indivíduos com mais de 16 anos, se não
a) A idade inferior a dezasseis anos; forem maiores acompanhados com Artigo 2189.º
b) A demência notória, mesmo durante os restrições ao exercício de direitos pessoais Incapacidade
intervalos lúcidos, e a decisão de nem forem afetados por perturbação São incapazes de testar:
acompanhamento, quando a sentença mental notória no momento da a) Os menores não emancipados;
respetiva assim o determine; perfilhação. b) Os maiores acompanhados, apenas nos
c) O casamento anterior não dissolvido, 2 - Os menores não necessitam, para casos em que a sentença de
católico ou civil, ainda que o respectivo perfilhar, de autorização dos pais ou acompanhamento assim o determine.
assento não tenha sido lavrado no registo tutores.
do estado civil.
Ato anulável Ato nulo
Ato anulável

Ato anulável para proteção das respetivas relações familiares


– se fosse uma nulidade "qualquer interessado" poderia invocar

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 Aplica-se aos Maiores, Maiores que ainda não tenham sentença de
acompanhamento, aos Menores nos casos em que possuem capacidade de
Artigo 257.º exercício (127.º).
Incapacidade Acidental
1. A declaração negocial feita por quem,
devido a qualquer causa, se encontrava
 Não se relaciona ao ESTADO da pessoas, e por isso é insuscetível de registo.
acidentalmente incapacitado de entender
o sentido dela ou não tinha o livre  Atos por quem se encontra acidentalmente incapacitado são anuláveis.
exercício da sua vontade é anulável, desde
que o facto seja notório ou conhecido do
 Necessário que o declarante "ou se encontre acidentalmente incapacitado de
declaratário.
2. O facto é notório, quando uma pessoa entender o sentido da sua declaração, ou que não tenha livre exercício da sua
de normal diligência o teria podido notar
vontade" (HEH/ESMS 368), devendo ser notório.
 Preocupação com o tráfico jurídico - anulação só em casos que se evidenciasse a
Situação incapacidade acidental ≠ da proteção dada aos menores, onde há preferência
destes se comparado com tráfico jurídico.
Passageira
 Ação de anulação 287.º -» a partir do momento em que a incapacidade deixou de
existir.

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“A ordem jurídica parte do pressuposto de que ele não está em condições de celebrar certos negócios estritamente pessoais ou para reger a sua
pessoa ou cuidar devidamente dos seus bens ao participar no tráfico jurídico geral” - HEH/ESMS (347)

Artigo 123.º
Artigo 122.º Incapacidade dos menores
Menores Salvo disposição em contrário, os menores carecem de capacidade para o
É menor quem não tiver ainda completado dezoito anos de idade. exercício de direitos.

“eles não estão habilitados a reger a sua pessoa (incapacidade de praticar actos pessoais) e a dispor dos seus bens (incapacidade para realizar
negócios jurídicos patrimoniais) e não tem capacidade para adquirir direitos ou assumir obrigações por ato próprio (ou por meio de um
representante voluntário) - HEH/ESMS (349)

4 estágios de Maturidade – 7, 12, 16 e 21 anos


 488.º n.º2 – presume-se imputáveis (responsabilidade civil extracontratual) os maiores de 7 anos
 1981.º n.º1 a) e 1984.º – prevê consentimento dos maiores de 12 anos nos processos de adoção
 1901.º n.º2 – (alterado em 2008) indicava que a partir dos 14 anos os menores eram ouvidos no processo de RRP
(Lei n.º141/2015 refere os 12 anos)
 1601.º - Capacidade para casar a partir dos 16 anos
 127.º n.º1 a) – a partir dos 16 anos pode administrar e dispor do que tenha adquirido pelo trabalho
 19.º do Código Penal - Inimputabilidade cessa aos 16 anos
 55.º e 56.º Código do Trabalho - Celebrar contrato a partir dos 16 anos, e em casos especiais com 14 anos
 Regime dos Jovens delinquentes (Lei n.º 401/82) – entre 16 e 21 anos

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“a incapacidade do menor é geral – ele efectivamente carece da capacidade de exercício de direitos – ele acabaria por ser
excluído de todo o tráfico jurídico negocial e por ser impedido de adquirir direitos ou assumir obrigações, ficando deste modo a
suca capacidade jurídica sem qualquer efeito útil … Precisamente para evitar este resultado existem meios de suprimento da
incapacidade de exercício... Estes dois institutos são a representação legal e a assistência” - HEH/ESMS (348)

Responsabilidades Parenta
REPRESENTAÇÃO
Artigo 124.º Outra pessoa age pelo incapaz (designada pela lei ou
Responsabilidades parentais Suprimento da incapacidade dos menores entidade), com inteira independência, mas as vezes precisando
A incapacidade dos menores é suprida pelo de autorização de outra entidade
poder paternal e, subsidiariamente, pela ASSISTENCIA
tutela, conforme se dispõe nos lugares Incapaz pode agir ele mesmo, mas depende do consentimento
respectivos. de certa pessoa ou entidade para validar os respetivos
negócios

SUPRIMENTO
Responsabilidades Parentais Tutela Administração de bens

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Artigo 1888.º
Responsabilidades parentais Artigo 1881.º
Exclusão da administração
1. Os pais não têm a administração:
Poder de representação a) Dos bens do filho que procedam de sucessão da
Artigo 1877.º
1. O poder de representação compreende o exercício de qual os pais tenham sido excluídos por indignidade
Duração das responsabilidades parentais
todos os direitos e o cumprimento de todas as obrigações do ou deserdação;
Os filhos estão sujeitos às responsabilidades parentais até à
filho, exceptuados os actos puramente pessoais, aqueles que b) Dos bens que tenham advindo ao filho por
maioridade ou emancipação.
Artigo 1878.º o menor tem o direito de praticar pessoal e livremente e os doação ou sucessão contra a vontade dos pais;
Duração das responsabilidades parentais actos respeitantes a bens cuja administração não pertença c) Dos bens deixados ou doados ao filho com
1. Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança aos pais. exclusão da administração dos pais;
e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, 2. Se houver conflito de interesses cuja resolução dependa d) Dos bens adquiridos pelo filho maior de
representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seus bens. de autoridade pública, entre qualquer dos pais e o filho dezasseis anos pelo seu trabalho.
2. Os filhos devem obediência aos pais; estes, porém, de acordo sujeito às responsabilidades parentais, ou entre os filhos, 2. A exclusão da administração, nos termos da
com a maturidade dos filhos, devem ter em conta a sua opinião ainda que, neste caso, algum deles seja maior, são os alínea c) do número anterior, é permitida mesmo
nos assuntos familiares importantes e reconhecer-lhes autonomia menores representados por um ou mais curadores especiais relativamente a bens que caibam ao filho a título
na organização da própria vida. nomeados pelo tribunal. de legítima.3 - O disposto no n.º 1 não é aplicável
quando se constituir o apadrinhamento civil.
Artigo 1889.º
Actos cuja validade depende de autorização do tribunal Artigo 1892.º
1. Como representantes do filho não podem os pais, sem autorização do tribunal:
Proibição de adquirir bens do filho
a) Alienar ou onerar bens, salvo tratando-se de alienação onerosa de coisas susceptíveis de perda ou deterioração;
b) Votar, nas assembleias gerais das sociedades, deliberações que importem a sua dissolução; 1 - Sem autorização do tribunal não podem os pais tomar de
c) Adquirir estabelecimento comercial ou industrial ou continuar a exploração do que o filho haja recebido por sucessão ou arrendamento ou adquirir, directamente ou por interposta
doação; pessoa, ainda que em hasta pública, bens ou direitos do filho
d) Entrar em sociedade em nome colectivo ou em comandita simples ou por acções; sujeito às responsabilidades parentais, nem tornar-se
e) Contrair obrigações cambiárias ou resultantes de qualquer título transmissível por endosso; cessionários de créditos ou outros direitos contra este, excepto
f) Garantir ou assumir dívidas alheias;
nos casos de sub-rogação legal, de licitação em processo de
g) Contrair empréstimos;
h) Contrair obrigações cujo cumprimento se deva verificar depois da maioridade; inventário ou de outorga em partilha judicialmente autorizada.
i) Ceder direitos de crédito; 2. Entende-se que a aquisição é feita por interposta pessoa nos
j) Repudiar herança ou legado; casos referidos no n.º 2 do artigo 579.º
l) Aceitar herança, doação ou legado com encargos, ou convencionar partilha extrajudicial;
m) Locar bens, por prazo superior a seis anos; • Durante o Matrimónio as Responsabilidades Parentais pertencem a ambos os
n) Convencionar ou requerer em juízo a divisão de coisa comum ou a liquidação e partilha de patrimónios sociais; pais – 1901.º
o) Negociar transacção ou comprometer-se em árbitros relativamente a actos referidos nas alíneas anteriores, ou negociar • Se apenas um dos pais praticar um ato de responsabilidade, presume-se que
concordata com os credores. age de acordo com o outro – 1902.º
2. Não se considera abrangida na restrição da alínea a) do número anterior a aplicação de dinheiro ou capitais do menor na • Em caso de falecimento de um dos pais, as responsabilidades pertencem ao
aquisição de bens. sobrevivo – 1904.º
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt • A União de Facto tem os mesmos efeitos do casamento
Tutela Administração de bens
Artigo 1921.º Artigo 1922.º
Menores sujeitos a tutela Administração de bens
1. O menor está obrigatóriamente sujeito a tutela: Será instituído o regime de administração de bens do menor
a) Se os pais houverem falecido; previsto nos artigos 1967.º e seguintes:
b) Se estiverem inibidos do poder paternal quanto à regência da pessoa do filho; a) Quando os pais tenham sido apenas excluídos, inibidos ou
c) Se estiverem há mais de seis meses impedidos de facto de exercer o poder paternal; suspensos da administração de todos os bens do incapaz ou de
d) Se forem incógnitos. alguns deles, se por outro título se não encontrar designado o
2. Havendo impedimento de facto dos pais, deve o Ministério Público tomar as providências administrador;
necessárias à defesa do menor, independentemente do decurso do prazo referido na alínea c) do b) Quando a entidade competente para designar o tutor confie a
número anterior, podendo para o efeito promover a nomeação de pessoa que, em nome do menor, outrem, no todo ou em parte, a administração dos bens do
celebre os negócios jurídicos que sejam urgentes ou de que resulte manifesto proveito para este. menor.
3 - O disposto no n.º 1 não é aplicável quando se constituir o apadrinhamento civil.

Artigo 1971.º
Direitos e deveres do administrador
Artigo 1938.º
1. No âmbito da sua administração, o administrador tem os
Actos dependentes de autorização do tribunal
1 - O tutor, como representante do pupilo, necessita de autorização do tribunal:
direitos e deveres do tutor.
a) Para praticar qualquer dos actos mencionados no n.º 1 do artigo 1889.º; 2. O administrador é o representante legal do menor nos actos
b) Para adquirir bens, móveis ou imóveis, como aplicação de capitais do menor; relativos aos bens cuja administração lhe pertença.
c) Para aceitar herança, doação ou legado, ou convencionar partilha extrajudicial; 3. O administrador deve abonar aos pais ou tutor, por força dos
d) Para contrair ou solver obrigações, salvo quando respeitem a alimentos do menor ou se mostrem rendimentos dos bens, as importâncias necessárias aos alimentos
necessárias à administração do seu património; do menor.
e) Para intentar acções, salvas as destinadas à cobrança de prestações periódicas e aquelas cuja demora 4. As divergências entre o administrador e os pais ou tutor são
possa causar prejuízo; decididas pelo tribunal de menores, ouvido o conselho de
f) Para continuar a exploração do estabelecimento comercial ou industrial que o menor haja recebido família, se o houver.
por sucessão ou doação.
2. O tribunal não concederá a autorização que lhe seja pedida sem prèviamente ouvir o conselho de
família.
3. O disposto no n.º 1 não prejudica o que é especialmente determinado em relação aos actos
praticados em processo de inventário.

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Código do Trabalho
DL n.º 7/2009 de 12 de fevereiro
 Alcance da sua capacidade natural – não é fixada uma Artigo 68.º
idade Admissão de menor aos trabalho
1 - Só pode ser admitido a prestar trabalho o menor que tenha
completado a idade mínima de admissão, tenha concluído a
 123.º --» “carecem de capacidade para o exercício de escolaridade obrigatória ou esteja matriculado e a frequentar o nível
direitos.” secundário de educação e disponha de capacidades físicas e psíquicas
adequadas ao posto de trabalho.
2 - A idade mínima de admissão para prestar trabalho é de 16 anos.
Exceções do 123.º --» 127.º 3 - O menor com idade inferior a 16 anos que tenha concluído a
escolaridade obrigatória ou esteja matriculado e a frequentar o nível
secundário de educação pode prestar trabalhos leves que consistam
“O artigo 127.º, ao permitir de modo limitado a participação de menores no tráfico jurídico, está em tarefas simples e definidas que, pela sua natureza, pelos esforços
concebido e formulado de modo a afastar prejuízos ou desvantagens patrimoniais dos menores ou a físicos ou mentais exigidos ou pelas condições específicas em que são
manter perdas eventuais dentro dos limites calculáveis” - HEH/ESMS (352) realizadas, não sejam suscetíveis de o prejudicar no que respeita à
integridade física, segurança e saúde, assiduidade escolar,
participação em programas de orientação ou de formação,
Artigo 127.º
Excepções à incapacidade dos Menores capacidade para beneficiar da instrução ministrada, ou ainda ao seu
1. São excepcionalmente válidos, além de outros previstos na lei: desenvolvimento físico, psíquico, moral, intelectual e cultural.
a)Os actos de administração ou disposição de bens que o maior de dezasseis anos haja 4 - Em empresa familiar, o menor com idade inferior a 16 anos deve
adquirido por seu trabalho; trabalhar sob a vigilância e direcção de um membro do seu agregado
b) Os negócios jurídicos próprios da vida corrente do menor que, estando ao alcance da sua familiar, maior de idade.[…]
Conceitos
Relativos capacidade natural, só impliquem despesas, ou disposições de bens, de pequena importância;
c) Os negócios jurídicos relativos à profissão, arte ou ofício que o menor tenha sido autorizado
a exercer, ou os praticados no exercício dessa profissão, arte ou ofício. 127.º n.º 1 a) - Exclui a administração pelos pais, mas pode ser obrigado a
2. Pelos actos relativos à profissão, arte ou ofício do menor e pelos actos praticados no contribuir para os encargos da vida familiar – 1874.º n.º2 e 1896.º
exercício dessa profissão, arte ou ofício só respondem os bens de que o menor tiver a livre
disposição. Flexível --» Preencher 3 pressupostos
1) Ato da vida corrente - celebração seja familiar ou habitual
2) Alcance da capacidade natural
Situações 941.º | 1289.º n.º2 e 1266.º | 1890.º n.º2 | 263.º Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
3) Implicar despesas ou disposição de bens de pequena importância
Artigo 125.º
Anulabilidade dos actos dos menores
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 287.º, os negócios jurídicos celebrados pelo menor podem ser anulados:
a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor ou do administrador de bens, desde que a acção seja proposta no prazo de um ano a
contar do conhecimento que o requerente haja tido do negócio impugnado, mas nunca depois de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.º;
b) A requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação;
c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alínea anterior.
2. A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a maioridade ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder paternal, tutor
ou administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como representante do menor.

Artigo 253.º
Artigo 126.º  PIRES LIMA / ANTUNES VARELA e HÖSTER – o dolo
Dolo do menor
Dolo
1. Entende-se por dolo qualquer
Não tem o direito de invocar a não impede que o representante legal peça a
sugestão ou artifício que alguém anulabilidade o menor que para anulabilidade (mas os herdeiros já não poderiam)
empregue com a intenção ou praticar o acto tenha usado de
consciência de induzir ou manter em dolo com o fim de se fazer  CARVALHO FERNANDES - considera ser aplicável a
erro o autor da declaração, bem como passar por maior ou
a dissimulação, pelo declaratário ou emancipado. todos que teriam legitimidade.
terceiro, do erro do declarante.
Menoridade não releva para o caso de ERRO
2. Não constituem dolo ilícito as Atentar ao 764.º n.º2
sobre a pessoa -» 251.º e 247.º
sugestões ou artifícios usuais,
considerados legítimos segundo as Dolo em relação a idade!
concepções dominantes no comércio
jurídico, nem a dissimulação do erro, “Se é eticamente insustentável a posição do menor que, depois de enganar a outra parte fazendo-se crer que é maior, vem
quando nenhum dever de elucidar o invocar a sua própria menoridade para anular o negócio, também é demasiadamente inseguro e nocivo para o exercício
declarante resulte da lei, de
jurídico, e injusto para a outra parte, permitir a anulação nessas condições.” - PPV/PLPV (124)
estipulação negocial ou daquelas
concepções.
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Artigo 125.º
Anulabilidade dos actos dos menores
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 287.º, os negócios jurídicos celebrados pelo menor podem ser anulados:
a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor ou do administrador de bens, desde que a acção seja proposta no prazo de um ano a
contar do conhecimento que o requerente haja tido do negócio impugnado, mas nunca depois de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.º;
b) A requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipação;
c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alínea anterior.
2. A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a maioridade ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder paternal, tutor
ou administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como representante do menor.

Artigo 288.º Progenitores / Tutores / Adminsitrador de bens:


Confirmação -Requerer a anulação no prazo de um ano do conhecimento, desde que antes da maioridade 125.º n.1 a) (Pedido em
1. A anulabilidade é sanável mediante confirmação. conjunto 1901.º) - SENTENÇA
2. A confirmação compete à pessoa a quem pertencer -Caducar o direito de arguir a anulação
o direito de anulação, e só é eficaz quando for -Confirma, o negócio 125.º n.º1 - Não tem forma especial, podendo ser tácita (se tivesse poderes para tal, exceções tal
posterior à cessação do vício que serve de como 1889.º)
fundamento à anulabilidade e o seu autor tiver Menor:
conhecimento do vício e do direito à anulação. -Entra com ação
3. A confirmação pode ser expressa ou tácita e não -Deixa caducar o prazo
depende de forma especial. -Confirma o negócio na maioridade – 125.º n.º1 segunda parte (inclusivamente atos impugnados pelos progenitores caso
4. A confirmação tem eficácia retroactiva, mesmo em ainda não tenha uma sentença de anulação, exceto se for pelo 131.º)
relação a terceiro. -Exceto se houver dolo 126.º e 253.º n.º1
Herdeiros do Menor (2131.º e 2133.º):
Requerer a anulação no prazo de um ano da morte, desde que dentro do prazo da al.b) - SENTENÇA
Caducar o direito de arguir a anulação
Artigo 218.º
Confirma, o negócio 125.º n.º1 - Não tem forma especial, podendo ser tácita
O silêncio como meio declarativo
O silêncio vale como declaração negocial, quando
Com a morte, antes da maioridade, há uma dupla legitimidade para intentar a ação de anulação -» A) e C)
esse valor lhe seja atribuído por lei, uso ou
convenção

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Menor pode contratar advogado?
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/95481a6783778cb48025865e00546a3e?OpenDocument

Ac. TRL de 17/12/2020


Processo n.º 2266/20.0T8CSC-A.L1-2
 I – Não pode o tribunal oficiosamente declarar a nulidade do mandato que uma menor de
17 anos tenha celebrado com advogado por si escolhido para a representar em processo de
protecção de crianças e jovem em perigo, na medida em que estando em causa uma questão
de anulabilidade do acto (art.º 125.º do CC), não é tal invalidade de conhecimento oficioso.
II - Pese embora inexista disposição expressa habilitadora da menor (de 17 anos) poder, por
si só, constituir mandatário, passando procuração a advogado, considera-se que a harmonia
do sistema e uma interpretação extensiva, quer do art.º 103.º, quer do art.º 5.º da Convenção
Europeia sobre o Exercício dos Direitos das Crianças, permitem que se deva admitir que
uma menor de 17 anos, que se presume terá maturidade adequada (não esquecer que o n.º 2
do art.º 103.º se aplica a todos os menores independentemente da idade, pelo que quem se
apresenta com 17 anos terá à partida essa maturidade, na medida que está à beira de atingir
a maioridade), possa, por si própria, escolher o seu advogado.
“as pessoas que têm plena capacidade negocial de gozo, também possuem, desde que tenham
atingido a maioridade, a plena capacidade negocial de exercício. É a partir do momento da
aquisição da maioridade que, na convicção da lei, as pessoas têm o discernimento mínimo e
necessário para poderem participar no tráfico jurídico geral” - HEH/ESMS (346)

Capacidade para o exercício / maioridade não pode ser avaliada caso a caso

Exceção em que a capacidade


Artigo 129.º de exercício é adquirida antes
Por comando da lei - Aquisição Termo da incapacidade dos menores de completar os 18 anos
independentemente de um ato A incapacidade dos menores termina quando
de vontade do sujeito eles atingem a maioridade ou são Artigo 132.º
emancipados, salvas as restrições da lei. Emancipação
O menor é, de pleno direito, emancipado pelo casamento.
Artigo 133.º
Efeitos da emancipação
Artigo 130.º
A emancipação atribui ao menor plena capacidade de exercício de
Efeitos da maioridade
direitos, habilitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente
Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire plena
dos seus bens como se fosse maior, salvo o disposto no artigo
capacidade de exercício de direitos, ficando habilitado a reger a
1649.º
sua pessoa e a dispor dos seus bens.
Continua a ser menor até completar 18 anos, mas
para efeitos negociais é tratado como se fosse maior

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Atos serão válidos
Prazo de um ano para menor arguir a anulação
- 125.º n.º1 b) (a partir da emancipação*)
Atos são anuláveis Com a maioridade pode confirmar o Negócio

Menor de 16 anos Entre 16 anos e 18 anos 18 anos 19 anos

Atos da vida corrente – 127.º n.º1 b) Até um ano após a morte (até um ano após a
Derivados do seu trabalho – 127.º n.º1 a) e c) maioridade), os herdeiros podem arguir a anulação
- 125.º n.º 1 c)
Casamento autorizado emancipa – 132.º
Até a maioridade os responsáveis podem
arguir a anulação - 125.º n.º 1 a) (atentar ao
131.º)

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"a lei parte do princípio de que todos os maiores possuem a capacidade para participar no tráfico negocial e praticar os respectivos actos jurídicos
(= têm plena capacidade negocial de exercício de direitos)" - HEH/ESMS (372)

Artigo 138.º
(Pessoas sujeitas a interdição) Artigo 152.º
1. Podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psíquica, (Pessoas sujeitas a inabilitação)
surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens. Podem ser inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-
2. As interdições são aplicáveis a maiores; mas podem ser requeridas e decretadas dentro do ano mudez ou cegueira, embora de carácter permanente, não seja de tal
anterior à maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor se torne modo grave que justifique a sua interdição, assim como aqueles que,
maior. pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas
3. A interdição por anomalia psíquica pode, todavia, ser requerida e decretada a partir dos dezassete ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger
anos do interditando, com os efeitos do número anterior, mas sem prejuízo do disposto no artigo convenientemente o seu património.
2299.º

Maior Autonomia
Impede os pedidos sucessíveis de
parentes – delimita quem pode pedir.

Em causa pessoa e património


Lei n.º 49/2018, de 14/08
Incapacidade de exercício geral =
menores

Em causa património

Mera assistência pelo curador -


autorização
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Deveres de cooperação e assistência
- 1874.º entre pais e filhos
- 1674.º entre cônjuges

Artigo 138.º Artigo 139.º Artigo 140.º


Acompanhamento Decisão Judicial Objetivo e supletividade
O maior impossibilitado, por razões de saúde, 1 - O acompanhamento é decidido pelo tribunal, após 1 - O acompanhamento do maior visa assegurar o seu bem-
deficiência, ou pelo seu comportamento, de exercer, audição pessoal e direta do beneficiário, e ponderadas as estar, a sua recuperação, o pleno exercício de todos os seus
plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos ou de, provas. direitos e o cumprimento dos seus deveres, salvo as
nos mesmos termos, cumprir os seus deveres, beneficia 2 - Em qualquer altura do processo, podem ser exceções legais ou determinadas por sentença.
das medidas de acompanhamento previstas neste Código determinadas as medidas de acompanhamento provisórias 2 - A medida não tem lugar sempre que o seu objetivo se
e urgentes, necessárias para providenciar quanto à mostre garantido através dos deveres gerais de cooperação
pessoa e bens do requerido. e de assistência que no caso caibam.

"a lei deixa muito claro que a sua possibilidade de agir e de participar no tráfico jurídico negocial só será restringida na exacta medida da diminuição da sua capacidade
real, a qual deverá ser concretamente atestada em juízo" - HEH/ESMS (373)

Artigo 141.º P/ Maiores, mas pode ser requerido na menoridade*


Legitimidade Artigo 142.º
1 - O acompanhamento é requerido pelo próprio ou, mediante autorização deste, pelo Menores
cônjuge, pelo unido de facto, por qualquer parente sucessível ou, independentemente de O acompanhamento pode ser requerido e instaurado dentro do
autorização, pelo Ministério Público. ano anterior à maioridade, para produzir efeitos a partir desta.
2 - O tribunal pode suprir a autorização do beneficiário quando, em face das circunstâncias,
este não a possa livre e conscientemente dar, ou quando para tal considere existir um
fundamento atendível. Artigo 131.º
3 - O pedido de suprimento da autorização do beneficiário pode ser cumulado com o pedido Pendência de ação de acompanhamento de maior
de acompanhamento Estando pendente contra o menor, ao atingir a maioridade, ação
de acompanhamento, mantêm-se as responsabilidades parentais
ou a tutela até ao trânsito em julgado da respetiva sentença.

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Artigo 143.º
O Acompanhante Artigo 144.º
1 - O acompanhante, maior e no pleno exercício dos seus direitos, é escolhido pelo Escusa e Exoneração
acompanhado ou pelo seu representante legal, sendo designado judicialmente. 1 - O cônjuge, os descendentes ou os ascendentes não podem escusar-se ou ser
2 - Na falta de escolha, o acompanhamento é deferido, no respetivo processo, à pessoa cuja exonerados.
designação melhor salvaguarde o interesse imperioso do beneficiário, designadamente: 2 - Os descendentes podem ser exonerados, a seu pedido, ao fim de cinco anos, se
a) Ao cônjuge não separado, judicialmente ou de facto; existirem outros descendentes igualmente idóneos.
b) Ao unido de facto; 3 - Os demais acompanhantes podem pedir escusa com os fundamentos previstos no
c) A qualquer dos pais; artigo 1934.º ou ser substituídos, a seu pedido, ao fim de cinco anos.
d) À pessoa designada pelos pais ou pela pessoa que exerça as responsabilidades parentais, Incluindo o unido de facto
em testamento ou em documento autêntico ou autenticado;
e) Aos filhos maiores; Artigo 146.º
f) A qualquer dos avós; Cuidado e diligência
g) À pessoa indicada pela instituição em que o acompanhado esteja integrado; 1 - No exercício da sua função, o acompanhante privilegia o bem-estar e a
h) Ao mandatário a quem o acompanhado tenha conferido poderes de representação; recuperação do acompanhado, com a diligência requerida a um bom pai de família,
i) A outra pessoa idónea. na concreta situação considerada.
3 - Podem ser designados vários acompanhantes com diferentes funções, especificando-se as 2 - O acompanhante mantém um contacto permanente com o acompanhado, devendo
atribuições de cada um, com observância dos números anteriores. visitá-lo, no mínimo, com uma periodicidade mensal, ou outra periodicidade que o
tribunal considere adequada.

Artigo 150.º Artigo 151.º Artigo 152.º


Conflito de interesses Retribuição do acompanhante e prestação de contas Remoção e exoneração do
1 - O acompanhante deve abster-se de agir em conflito de interesses com o 1 - As funções do acompanhante são gratuitas, sem prejuízo acompanhante
acompanhado. da alocação de despesas, consoante a condição do Sem prejuízo do disposto no artigo
2 - A violação do dever referido no número anterior tem as consequências acompanhado e a do acompanhante. 144.º, a remoção e a exoneração do
previstas no artigo 261.º 2 - O acompanhante presta contas ao acompanhado e ao acompanhante seguem o disposto nos
3 - Sendo necessário, cabe-lhe requerer ao tribunal autorização ou as tribunal, quando cesse a sua função ou, na sua pendência, artigos 1948.º a 1950.º.
medidas concretamente convenientes. quando assim seja judicialmente determinado.

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Juiz não está limitado ao que foi requerido na ação -» delimitar os atos conforme o caso concreto Artigo 147.º
Pode criar medidas não previstas nas alíneas a) a d)
Direitos pessoais e negócios da vida corrente
Caso de REGIME DE REPRESENTAÇÃO LEGAL GERAL -» não pode dispor nem administrar dos seus bens 1 - O exercício pelo acompanhado de direitos pessoais e a Escolha feita previamente
celebração de negócios da vida corrente são livres, salvo
Artigo 145.º Artigo 156.º
disposição da lei ou decisão judicial em contrário.
Âmbito e conteúdo do acompanhamento Mandato com vista o
2 - São pessoais, entre outros, os direitos de casar ou de
1 - O acompanhamento limita-se ao necessário. acompanhamento
constituir situações de união, de procriar, de perfilhar ou de
2 - Em função de cada caso e independentemente do que haja sido pedido, 1 - O maior pode, prevenindo
adotar, de cuidar e de educar os filhos ou os adotados, de
o tribunal pode cometer ao acompanhante algum ou alguns dos regimes uma eventual necessidade de
escolher profissão, de se deslocar no país ou no estrangeiro,
seguintes: acompanhamento, celebrar um
de fixar domicílio e residência, de estabelecer relações com
a) Exercício das responsabilidades parentais ou dos meios de as suprir, mandato para a gestão dos seus
quem entender e de testar.
conforme as circunstâncias; interesses, com ou sem poderes
b) Representação geral ou representação especial com indicação expressa, Diante do internamento (148.º) entende—se que a proteção pode ser estendida a outros casos relacionados a sua saúde de representação.
neste caso, das categorias de atos para que seja necessária; 2 - O mandato segue o regime
Artigo 149.º
c) Administração total ou parcial de bens; geral e especifica os direitos
1967.º ss Cessação e modificação do acompanhamento
d) Autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias de envolvidos e o âmbito da
1 - O acompanhamento cessa ou é modificado mediante
atos; eventual representação, bem
Acompanhante NÃO REPRESENTA... presta ASSISTÊNCIA decisão judicial que reconheça a cessação ou a
e) Intervenções de outro tipo, devidamente explicitadas. como quaisquer outros elementos
modificação das causas que o justificaram.
3 - Os atos de disposição de bens imóveis carecem de autorização judicial ou condições de exercício, sendo
2 - Os efeitos da decisão podem retroagir à data em que se
prévia e específica. livremente revogável pelo
Cabe ao MP - DL 272/2001 verificou a cessação ou modificação referidas no número
4 - A representação legal segue o regime da tutela, com as adaptações mandante.
anterior.
necessárias, podendo o tribunal dispensar a constituição do conselho de 3 - No momento em que é
3 - Podem pedir a cessação ou modificação do
família. decretado o acompanhamento, o
acompanhamento o acompanhante ou qualquer uma das
5 - À administração total ou parcial de bens aplica-se, com as adaptações tribunal aproveita o mandato, no
pessoas referidas no n.º 1 do artigo 141.º.
necessárias, o disposto nos artigos 1967.º e seguintes. todo ou em parte, e tem-no em
conta na definição do âmbito da
Artigo 155.º proteção e na designação do
Artigo 153.º Revisão Periódica acompanhante.
Publicidade O tribunal revê as medidas de acompanhamento em 4 - O tribunal pode fazer cessar o
1 - A publicidade a dar ao início, ao decurso e à decisão final do processo de vigor de acordo com a periodicidade que constar da mandato quando seja razoável
acompanhamento é limitada ao estritamente necessário para defender os interesses sentença e, no mínimo, de cinco em cinco anos. presumir que a vontade do
do beneficiário ou de terceiros, sendo decidida, em cada caso, pelo tribunal. mandante seria a de o revogar.
2 - Às decisões judiciais de acompanhamento é aplicável o disposto nos artigos
1920.º-B e 1920.º-C. 226.º n.º1 e 231.º n.º1
891.º a 905.º CPC Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
CRC
Artigo 1.º
Objecto e obrigatoriedade do registo
1 - O registo civil é obrigatório e tem por objecto os
seguintes factos:
[…]
h) O acompanhamento de maiores e a tutela e
administração de bens;
[…]

Artigo 154.º
Atos do acompanhado Artigo 257.º
1 - Os atos praticados pelo maior acompanhado que não observem as medidas de Incapacidade acidental
acompanhamento decretadas ou a decretar são anuláveis: 1. A declaração negocial feita por quem, devido a qualquer causa, se
a) Quando posteriores ao registo do acompanhamento; encontrava acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela
b) Quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas apenas após a ou não tinha o livre exercício da sua vontade é anulável, desde que o
decisão final e caso se mostrem prejudiciais ao acompanhado. facto seja notório ou conhecido do declaratário.
2 - O prazo dentro do qual a ação de anulação deve ser proposta só começa a contar- 2. O facto é notório, quando uma pessoa de normal diligência o teria
se a partir do registo da sentença. podido notar.
3 - Aos atos anteriores ao anúncio do início do processo aplica-se o regime da Serão inválidos se ficar provado que no ato estava
incapacitado de entender
incapacidade acidental.

 Interpretação corretiva do artigo 154.º n.º1 alínea b) --» “quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas antes
do registo da decisão final”

 Anulabilidade -» antes remetia ao artigo 125.º, regime da menoridade. Artigo 287.º


Anulabilidade
Atualmente há autores que remetem para 125.º (MAFALDA MIRANDA BARBOSA) 1. Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em
cujo interesse a lei a estabelece, e só dentro do ano subsequente à
outros para o 287.º (PPV) cessação do vício que lhe serve de fundamento.
2. Enquanto, porém, o negócio não estiver cumprido, pode a
anulabilidade ser arguida, sem dependência de prazo, tanto por via
125.º --» legitimidade do tutor ou o próprio maior quando cessasse o acompanhamento. Prazo de um ano.
de acção como por via de excepção.
287.º --» legitimidade do próprio maior, representado pelo Acompanhante, no prazo de um ano da cessação
do vício, ou do próprio maior, após a cessação do acompanhamento, dentro do prazo remanescente.

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Se for ato que venha ser limitado pela sentença e
Regime da Incapacidade Acidental – 154.º n.º3 | se for prejudicial, cabe anulação, começando a
257.º (Pode arguir a anulabilidade 287.º n.º1) correr o prazo com o registo da sentença
Arguida pelo MP ou conforme processo de maior (recorre-se ao prazo do 125.º n.º1 a) - por Após o registo os atos serão anuláveis, e o prazo
acompanhado. analogia 10.º n.º1) para arguir a anulação será o do 125.º n.º1 al. a)

Atos praticados após


Atos praticados Atos praticados após Atos praticados após
o início do processo e Atos praticado após
antes do início do o início do processo, a decisão final, mas
do anúncio, mas o registo da decisão
processo antes do anúncio antes do registo
antes da decisão final

Regime da Incapacidade Acidental – 154.º n.º3 | Aplicável o disposto no 1920.º-B e 1920.º.-C e 1.º
257.º (Legitimidade é de quem está no proc. De n.º1 h) CRC. Enquanto não houver registo, não
maior acompanhado, e o prazo é a partir da pode ser invocado – boa fé. Aplica-se 154.º n.º1
sentença) al. b)

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Menores
A tem 17 anos e doou à sua
namorada B um valioso
anel que tinha sido doado  A sujeito ativo da relação e B sujeito passivo
pela sua avó.  Objeto – Doação do Anel (artigo 940.º ss)
 Anel passa a ser propriedade de B

C, pai de A, entendeu  ----------------


 948.º Doador tem de ter capacidade, A é menor, 122.º e 123.º não tem
honrar a vontade do filho, e capacidade para celebrar o negócio (67.º).
ele próprio entregou o anel  124.º Possibilidade de suprimento da incapacidade dos menores – Pai
àquela que pensava um dia exerce as Responsabilidades Parentais (1878.º) aceitou o negócio.
vir a ser a sua nora.  ----------------
 Na maioridade A quer anula – 125.º, n.º1, b) – no prazo de um ano após
a maioridade pode requer a anulação, ainda tem 9 meses para requerer
3 meses após atingir a
a anulação pelo 287.º, tendo efeitos retroativos 289.º
maioridade, A apaixona-se  ---------------
por D, e deixa de se  Mas C, pai, confirmou o negócio, 125.º n.º2.
relacionar com B.  Contudo, segundo o 949.º n.º2 o pai não poderia fazer a doação por ele
– Ato do pais é ineficaz, não produz efeitos.
A pretende ter o anel  Por isso conforme 288.º B tem de devolver o anel.
 --------------
novamente, e por isso  Se fosse no âmbito do 127.º, o menor tem capacidade
pretende anular a doação
que fez.
A de 17 anos prometeu
vender a B e este prometeu
comprar um apartamento
que tinha herdado do seu
avô. Ficou acordado que o
contrato de compra e  Contrato de Promessa 410.º - obrigação de
venda realizar-se-ia a ano e vender no futuro.
meio. C pais de A teve
conhecimento do sucedido.  Contrato é celebrado quando A é menor, 122.º, e
portanto, sem capacidade de exercício. 123.º.
Após dois meses de
 O Ato será anulável pelo 125.º n.º1
completar 19 anos, A
faleceu.

2 meses depois, o único  Pai, C, apesar de ter conhecimento, silenciou,


herdeiro de A, é interpelado mas 218.º refere que silêncio não é aceitação,
por B para cumprimento do portanto não caberia a aplicação do 124.º
contrato de promessa.

C tem algum meio para se


desvincular do contrato
celebrado pelo seu filho?
ARRENDAMENTO
A 3 meses depois que fez 16 anos  Contrato de locação 1022.º, precisa ter capacidade, e por ser menor 122.º, não tem a
começou a trabalhar. capacidade 123.º.
 Por isso o contrato é anulável pelo 125.º n.º1
 Contudo o Pai, L, intervém, consentindo tacitamente, portanto pelo 125.º n.º2 e 217.º
Logo após praticou os seguintes (declaração tácita) sana a anulabilidade com a confirmação 288.º
atos:  É um ato de administração, o pai pode o representar sem necessitar de autorização dos
a) Deu de arrendamento pelo prazo tribunais 1889.º n.º1 m)
de 4 anos um apartamento que COMPRA DO QUADRO
tinha herdado do seu padrinho Contrato de compra e venda 874.º e 879.º, remissão para 408.º.
b) Adquiriu um quadro por 3mil  Ato de disposição seria anulável pelo 122.º, 123.º, e 125.º n.º1.
 Contudo foi com dinheiro do trabalho, 127.º n.º1 a), o que dá capacidade para realizar esse
euros com o dinheiro que ganhou o
negócio jurídico.
seu trabalho Nunca seria anulável.
c) Vendeu um valioso relógio por 5 VENDA DO RELÓGIO
mil euros, tendo recebido metade  Contrato de compra e venda 874.º e 879.º, remissão para 408.º.
do preço de imediato e o restante  A não tinha capacidade para o exercício para vender – 122.º, 123.º e 125.º n.º1 – portanto é
seria recebido daí 3 anos. anulável.
D) doou um anel valioso a C  Silêncio do pai é irrelevante, 218.º, silêncio não é aceitação/confirmação
DOAÇÃO DO ANEL
 Contrato de doação 940.º, efeitos do 954.º, e remissão para o 408.º n.º1
L, seu pai, tinha conhecimento,  948.º indica a necessidade de ter capacidade para fazer, mas é menor (122.º e 123.º), por
inclusivamente recebia as rendas e isso negócio seria anulável 125.º n.º1.
passava os respetivos recibos,  Pai L ao entregar o anel, intervém, consentindo tacitamente, portanto pelo 125.º n.º2 e 217.º
procedendo também a entrega do (declaração tácita) sanaria a anulabilidade com a confirmação 288.º. Contudo, o pai não
anel a C. tem legitimidade para praticar este ato no lugar do seu filho 949.º n.º2 e 125.º
 A já não poderia entrar com pedido de anulação da doação do anel pois havia passado o
prazo de um ano da maioridade ou emancipação (130.º/132.º)
1 mês após fazer 17 anos, CASAMENTO
devidamente autorizado, casou  Casamento entre 16 e 18 anos se autorizado pelos pais, ou suprimido o consentimento, é
com C válido (1604º) emancipa A – 132.º e 133.º tendo plena capacidade de exercício
----------------------
1) A pode, três meses antes de A) Não por já ser emancipado, se não o fosse poderia requerer a anulabilidade da Venda
fazer 19 anos invocar a do Relógio e da doação do anel. A compra do quadro não poderia pelo 127.º e o
anulabilidade dos atos? arrendamento teve a autorização do pai (validando o negócio)
Não, se o casamento é realizado sem a autorização/suprimento a emancipação não é
2)Se A tivesse se casado, sem a B)
plena, para todos os efeitos continua a tratar-se de um menor incapaz. E então estaria
autorização dos pais, a situação dentro do prazo do 125.º n.º1 b) para pedir a anulação da venda do relógio e da
seria semelhante? doação do anel
Atos de Administração Atos de Disposição
"atos previsíveis atendendo à normal função "determina-se pela sua imprevisibilidade com
económico-social do direito na esfera do seu base no mesmo critério" - FT (103)
titular (o que depende não só do direito em si,
mas também das características do bem sobre
que incide e do seu titular" - FT (103)
Manutenção de elementos estáveis do Implicam a alienação dos elementos estáveis.
património que envolvem a alienação dos
elementos instáveis.
 B celebrou contrato de doação 940.º, efeitos do 954.º, e remissão para
o 408.º n.º1.
 Quadro passou a ser propriedade de C.
 Mas B a data, era menor de idade, 122.º e 123.º/67.º, não tinha
capacidade para o exercício.
 Não cabendo nenhuma exceção do 127.º, o ato será anulável pelo 125.º
 Quanto ao casamento, pelo 1600.º, 16001 e 1604 poderia casar, mesmo
B quando fez 16 anos deu um sendo menor, por ter autorização do pai.
quadro que havia herdado de sua  Com casamento B foi emancipada.
avó à amiga C.
 Para anular o negocio jurídico com C, tem de atentar aos prazos do
O pai de B estava junto no 125.º
momento da entrega do quadro.  Prazo para entrar com anulação seria um ano para B. Um ano do
conhecimento ou antes da maioridade/emancipação pelos pais.
Seis meses depois B casou com A,  B casou com C, e ficou emancipada aos 16 anos e 6 meses…
com autorização de J, pai de B.  B poderia requerer a anulação até aos 17 anos e 6 meses.
B e A morreram dois meses antes  Mas o pai, J, somente poderia requerer até o casamento.
de B atingir a maioridade, em um  Mesmo o pai J na posição de herdeiro, pelo 125.ºn.º1 a c) refere que o
trágico acidente de avião. herdeiro pode requerer a anulação até um ano após a morte, desde que
não tenha expirado o prazo da alínea b). Que neste caso seria até 17
J, único herdeiro de B, requer a
anulação da doação do quadro para anos e 6 meses.
C.  Morte ocorreu aos 18 anos e dois meses, e por isso o Pai já não
conseguiria anular nem pela alínea a) nem pela c).

 ! Se o casamento não tivesse sido autorizado, não teria emancipação, e


por isso o pai J estaria dentro do prazo pela alínea c) do n.º1 do 125.º
A, menor, pretendia oferecer a sua  A) A menor (122.º e 123.º), não podia realizar o contrato de compra e
namorada B um vestido de um estilista venda do vestido (874.º| 879.º|408.º)
famoso.  Caberia anulabilidade do ato pelo 125.ºn.º1 al. a), pelos progenitores
A tinha os 4mil euros mas receava que não (1901.º).
o deixassem comprar por ser menor.
 Prazo caducou -» até a completar maioridade, já havia passado dois
B deu de presente a A uma aliança de seu
pai, para que ele pudesse usar. meses.
A ao completar 16 anos foi a loja e C,
vendedor, ao ver a aliança, acreditou que A  B) Menor pode arguir a anulabilidade até um ao após a maioridade, e
era casada, e por isso não fez qualquer portanto com 18 anos e dois meses poderia 125.º n.º1 al.b)
questionamento.
 Ele agiu com dolo?
D, pai de A tomou conhecimento da
situação, mas nada disse.  Na verdade nada foi questionado. E como está dentro do prazo, poderá
sim arguir a anulabilidade (287.º).
a) D, pai de A, dois meses antes deste
completar 18 anos decide anular o negócio  C) Nesta caso, como agiu com dolo (253.º n.º1) não poderá invocar a
jurídico - compra do vestido. Poderá o
anulabilidade 126.º.
fazer?
 Não poderia o pai arguir, pois também já teria passado o prazo.
b) A dois meses depois de atingir a  Se ele tivesse falecido, ou o pai estivesse em tempo -» discussão
maioridade, pretende anular o NJ. Será doutrinária.
possível?  PIRES LIMA / ANTUNES VARELA e HÖSTER – o dolo não impede que o
representante legal peça a anulabilidade (mas os herdeiros já não
c) E se A, tivesse sido confrontado por C poderiam)
quanto a sua idade, e A tivesse em resposta  CARVALHO FERNANDES - considera ser aplicável a todos que teriam
apresentado um documento falsificado. legitimidade.
Maiores
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de "o maior impossibilitado, por razões de
Aos 20 anos de idade, G começou a saúde... de exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o objetivos de
revelar sintomas de anomalia "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a 904.º CPC

psíquica. Mediante autorização de G, Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente sucessível" (2133.º n.º1 al. b) -
H seu pai, de imediato requereu ação "ascendentes"), ainda mais que possui a autorização do próprio G – 141.º - ainda que G não tivesse
dado autorização poderia a mesma ser suprida pelo tribunal n.º2.
judicial de acompanhamento de O Pai pode ser nomeado acompanhante, seja pela indicação do próprio G (143.º n.º1), mas como não o
maiores. fez, cabe ao tribunal decidir seguindo a ordem de preferência do 143.º n.º2. Como G não tem
cônjuge/unido de facto, aplica-se a al. c) "a qualquer dos pais"
Na pendência da ação (e após
anunciada a sua proposição) G vende Como a decisão indica que os atos de disposição dependem de autorização prévia de H, as vendas
realizadas sem a autorização são consideradas anuláveis - 154.º n.º1 al. a).
a I (produtor de vinho), por metade do
preço, toda a colheita de uva de uma Contudo, as vendas ocorreram durante o processo, antes do registo. E por isso é necessário
vinha que tinha herdado de J, seu tio. verificar se efetivamente serão decretadas medidas de acompanhamento que abranja os atos que estão
em causa (145.º n.º2 al- c)), assim como se foram prejudiciais ou não, para então se avaliar se cabe ou
Dois meses depois, ainda na não a anulação - 154.º n.º1 al. b)
pendência da ação, vende o próprio
 Venda das Uvas – Valor abaixo do mercado - após o anúncio do início do processo - 154.º n.º1 al.
terreno da vinha a L pelo preço normal b) - por ser prejudicial, ainda que antes do registo, cabe a sua anulação.
do mercado.
NÃO!
Mais um mês volvido, o tribunal
decreta o acompanhamento de Se a venda das uvas corresponderem a um ato de disposição que, ai sim dependerá de autorização.
maiores em regime de autorização Venda das uvas é um ato de Administração -» não está abrangido pela sentença. Não cabe a anulação,
ainda que tenha sido prejudicial - é considerado um negócio jurídico válido.
prévia para atos de disposição entre
vivos, designado H, na falta de  Venda do Terreno – Valor de mercados - após o anúncio do início do processo – Negócio jurídico
aqui é uma disposição de bens entre vivos, portanto, está abrangida pela sentença de G.
escolha de G, acompanhante do seu Como não foi prejudicial a G, não ocorreu após o registo da sentença, ainda que esteja dentro do
filho. âmbito das restrições, o negócio não tem de ser anulável.

1) tinha H legitimidade para requerer a Se as vendas tivessem ocorrido antes do início do processo aplicar-se-ia o regime de incapacidade
acidental – 154.º n.º3 e 257.º - Mas como ocorreram já com o processo em andamento, é necessário
ação judicial de acompanhamento de verificar se houve ou não prejuízos.
maiores? Podia ser designado
acompanhante de G? H, acompanhantes poderá intentar ação de anulação da venda das uvas no prazo de um ano a contar do
registo da sentença - 154.º n.º2
2) É válida a venda das uvas?
3) É válida a venda do terreno?
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de
"o maior impossibilitado, por razões de saúde... de exercer,
plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o
A nascido em 1 de outubro de 2001 viciou-se no
objetivos de "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a
consumo de estupefacientes. 904.º CPC
 VENDA DO QUADRO X (abril/19)
Em de maio de 2019, C, seu pai, interpôs uma MENORIDADE 122.º e 123.º! Sem capacidade de exercício para dispor
ação para que viesse a ser decretado o regime
de maior acompanhado do seu filho.
dos seus direitos. Aplica-se o 125.º n.º1, al. A -» Pais (1901.º) podem
requerer a anulação até outubro de 2019.
Em 1 de abril de 2019, A vendera uma quadro  INÍCIO DO PROCESSO (maio/19)
valioso que tinha herdado de uma tia, para X. Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente
sucessível" (2133.º n.º1 al. b) - "ascendentes"), ainda que A não
Em 1 de novembro de 2019, A arrendou a J um
apartamento que tinha herdado da mesma tia. O
concordasse, o Tribunal poderia conceder a autorização - 141.º n.º2.
contrato foi feito por três anos. Ainda que fosse menor 142.º
Além do contrato de arrendamento vendeu  CONTRATO DE ARRENDAMENTO A J (nov/19)
também um outro quadro valioso que tinha para Ato praticado na pendência da ação. Tratado como menor, 131.º.
J, com preço acima do mercado.
Cabe a anulação por parte dos pais 125.º n.º1 al. A) até a
Em 15 de janeiro de 2020 foi decretado o regime sentença, mesmo que haja maioridade antes!
de maior acompanhado tendo como nomeado C  VENDA DO QUADRO A J (nov/19)
seu acompanhante.
Idem
Ficou em sentença que os atos de disposição  SENTENÇA (jan/20)
ficariam sujeitos a autorização prévia. A partir da sentença não pode contrariar a decisão (154.º), no
Um mês depois, A vendeu, abaixo do preço, caso a sentença especificou atos de DISPOSIÇÃO!
toda fruta produzida na sua quinta.  VENDA DA FRUTA (fev/2020)
Venda da fruta não é um ato de Disposição, e sim de
ADMINISTRAÇÃO, portanto não precisa de autorização do
progenitor. Ainda que tenha vendido com prejuízo não cabe a
anulação!
Processo de maior acompanhado (decisão judicial) nos casos de "o maior impossibilitado, por
A, com 20 anos de idade, padece já há razões de saúde... de exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos...", com o
vários meses de uma forte depressão, que objetivos de "assegurar o bem-estar..." – 138.ºss CC e 891.º a 904.º CPC
coloca em causa as suas capacidades.  VENDA DO QUADRO (15/01/2020)
Maior, contrato de compra e venda (874.º, 879.º, 498.º n.º)
B, pai de A, após conversar com um Passível de anulação nos termos do 154.º n.º3, remissão para 257.º
Advogado, propõe com acordo de A, uma  INÍCIO DO PROCESSO (1/02/2020)
ação de maior acompanhado. Pai tem legitimidade para requerer a ação por ser "parente sucessível" (2133.º n.º1 al. b) -
A ação deu entrada em 1 de fevereiro de "ascendentes"), ainda que A não concordasse, o Tribunal poderia conceder a autorização -
2020. 141.º n.º2.
Em 30 de janeiro de 2021, e logo a seguir  LOCAÇÃO POR 10 ANOS (15/06/2020)
foi decretado o regime de maior 1024.º Ato de Administração EXTRAORDINÁRIO.
acompanhado com necessidade de Sentença que depois será apresentada não limita atos de administração, ainda que extraordinários.
autorização prévia para atos de disposição. Não se aplica o 154.º n.º1 b)
 LOCAÇÃO POR 2 ANOS (15/06/2020)
A praticou os seguintes atos: 1024.º Ato de Administração ORDINÁRIO.
- 15/01/2020 vendeu um quadro valioso Sentença que depois será apresentada não limita atos de administração.
- 15/06/2020, locou por 10 anos, um Não se aplica o 154.º n.º1 b)
apartamento herdado  DOAÇÃO DO QUADRO (15/06/2020)
- 15/06/2020, locou pelo prazo de 2 anos Aplicação do 154.º n.º1 b) depende de dois requisitos, que seja um ato que posteriormente
outro apartamento esteja impedido de o fazer por sentença - ATO DE DISPOSIÇÃO - e que o mesmo seja
- 15/06/2020 doou um valioso quadro a prejudicial
um amigo Doação (940.º) é contrato gratuito, é um prejuízo. Portanto cabe a anulação.
- 15/06/202 vendeu um automóvel pelo  VENDA DOAUTOMÓVEL (15/06/2020)
preço de mercado Venda é um disposição (874.º e 879.º, 408.º), o que não poderia fazer, como será declarado
- 10/05/2021 fez um testamento em sentença. Contudo, não foi prejudicial, e por isso não cabe a anulação pelo 154.º n.º1 al. B)
 SENTENÇA (30/01/2021)
Todos os atos praticados por A são A partir do registo da sentença poderá o acompanhantes requerer a anulação - 154.º n.º2
válidos?  TESTAMENTO (10/05/2021)
Já após a sentença. Mas não estava limitado – 147.º n.º2 | 2189. O testamento será válido.
“O domicílio é a sede jurídica da pessoa... É o local onde, para efeitos jurídico, ou para certos efeitos jurídicos, o Direito tem a
pessoa como localizada... Para além da localização pessoal e efetiva, é importante, para fixar qual a sede jurídica das
pessoas, a localização que é relevante para o Direito. Esta localização relevante para o direito é o domicílio...Para a fixação
desta localização, o Direito não pode ignorar – e efetivamente não ignora – a real localização da pessoa, mas não fica
completamente preso a essa localização, podendo fixar domicílios especiais, para certos efeitos restritos...” - PPV/PLPV (106)

 Paradeiro: "o sítio em que uma pessoa em dada altura efectivamente se encontra"
 Residência: "o sítio que serve de base de vida a uma pessoa, podendo a residência ser
habitual ou ocasional"
 Domicílio: "o lugar de residência habitual de uma pessoa"
 Domicílio voluntário - 82.º a 84.º
 Domicílio legal – 85.º a 88.º

“o domicílio de uma pessoa serve, ao lado e além do seu nome, para a individualizar e , sobretudo, para manter os estabelecer
relações juridicamente relevantes com ela” - HEH/ESMS (395)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Maiores
Menores Acompanhados

GERAL PROFISSIONAL "Responsável"

DOMICÍLIO

ESPECIAIS ELETIVO

Empregados
públicos

LEGAL
Agentes
diplomáticos
portugueses

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Artigo 83.º
Domicílio profissional
1. A pessoa que exerce uma profissão tem, quanto às relações que a
esta se referem, domicílio profissional no lugar onde a profissão é
exercida.
2. Se exercer a profissão em lugares diversos, cada um deles constitui
domicílio para as relações que lhe correspondem.
Artigo 82.º
Domicílio voluntário geral
1. A pessoa tem domicílio no lugar da sua residência habitual; se residir Artigo 84.º
Residência Domicílio electivo Artigo 224.º
alternadamente, em diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer
Habitual ≠ É permitido estipular domicílio particular para determinados negócios, Eficácia da declaração
deles. negocial
Residência 2. Na falta de residência habitual, considera-se domiciliada no lugar da sua contanto que a estipulação seja reduzida a escrito.
Permanente residência ocasional ou, se esta não puder ser determinada, no lugar onde
se encontrar. Paradeiro Artigo 87.º
Domicílio legal dos empregados públicos
Residência habitual "situa-se no local onde a pessoa fixa o centro da 1. Os empregados públicos, civis ou militares, quando haja lugar certo
sua vida e onde habitualmente reside" - PPV/PLPV (106) para o exercício dos seus empregos, têm nele domicílio necessário, sem
prejuízo do seu domicílio voluntário no lugar da residência habitual.
2. O domicílio necessário é determinado pela posse do cargo ou pelo
exercício das respectivas funções.
 Elemento Objetivo: a residência
Artigo 88.º
 Elemento Subjetivo: intenção de tomar Domicílio legal dos agentes diplomáticos portugueses
residência e ali permanecer Os agentes diplomáticos portugueses, quando invoquem a
extraterritorialidade, consideram-se domiciliados em Lisboa.

Artigo 85.º
Domicílio legal dos menores e dos maiores acompanhados
1. O menor tem domicílio no lugar da residência da família; se ela não existir, tem por domicílio o do progenitor a cuja guarda estiver.
2. O domicílio do menor que em virtude de decisão judicial foi confiado a terceira pessoa ou a estabelecimento de educação ou assistência é o do progenitor
que exerce o poder paternal.
3 - O domicílio do menor sujeito a tutela é o do seu tutor.
4 - O domicílio do maior acompanhado é o determinado nos artigos anteriores, salvo se a sentença que decretou o acompanhamento dispuser de outro modo.
5 - Quando tenha sido instituído o regime de administração de bens, o domicílio do menor ou do maior acompanhado é o do administrador, nas relações a que
essa administração se refere.
6 - Não são aplicáveis as regras dos números anteriores se delas resultar que o menor ou o maior acompanhado não tem domicílio em território nacional.

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 Algumas exceções:
 Cumprimento de uma prestação é no lugar do domicílio do devedor 772º n.º1 ou do credor
775.º
 Sucessão abre-se no lugar do último domicílio do autor 2031.º
 As ações devem ser propostas, normalmente, no tribunal do domicílio do réu 80.º CPC

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Código de Processo Civil
Artigo 72.º-A
Matéria Sucessória
1 - Em matéria sucessória é competente
o tribunal do lugar da abertura da
sucessão.
2 - Se, no momento da sua morte, o
autor da sucessão não tiver residência
lex domicilii ou lex patriae habitual em território português, é
competente o tribunal em cuja
circunscrição esse autor teve a sua
última residência habitual em território
nacional.
3 - Se o tribunal competente não puder
o lugar do último domicílio distinto do lugar da morte, que consta ser determinado com base no disposto
do óbito, mas que pode ser acidental nos números anteriores, mas o autor da
[voluntário geral] do autor da sucessão tiver nacionalidade portuguesa
ou houver bens situados em Portugal, o
sucessão (2031.º) tribunal competente é:
a) Havendo imóveis, o tribunal da
situação dos bens, ou, situando-se os
imóveis em circunscrições diferentes, o
tribunal da situação do maior número;
ou
corresponde ao lugar da sua a sede normal dos seus interesses b) Não havendo imóveis, o tribunal de
Lisboa.
residência habitual (82.º)
Aditado pelo seguinte diploma: Lei n.º
117/2019, de 13 de Setembro

relevante para efeitos da Desafio --» Sucessão transnacional


[Regulamento (UE) n.º 650/2012 a partir de 17/08/2015]
determinação do tribunal https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32012R0650&from=PT

competente
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http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/0c0daa41d2ebea918025890f003cdda4?OpenDocument

Ac. TRG de 17/11/2022


Proc. n.º 4625/21.2T8GMR.G2
 SUMÁRIO (da exclusiva responsabilidade da relatora):

I - Em matéria de competência internacional estabelece o artº 4º do Regulamento (UE) Nº


650/2012 que são competentes para decidir do conjunto da sucessão os órgãos
juridicionais do Estado-Membro em que o falecido tinha a sua residência habitual no
momento do óbito.
II – Pretende-se, todavia, uma conexão real entre a sucessão e o Estado-Membro em que
a competência é exercida.
III - A opção do legislador comunitário foi a de conferir competência internacional aos
órgãos do país com o qual o inventariado tivesse mais estreitas ligações (critério da
residência habitual), mas numa solução de efectiva e real ligação, afastando atribuições
de competência meramente formais, decorrentes de residências habituais aparentes, sem
qualquer apego ao Estado em causa.
IV - No critério amplo e baseado na ligação emotiva e material à sua terra natal, adoptado
pelo Regulamento, poderemos dizer que a maioria dos portugueses emigrados continua,
para efeitos de atribuição de competência, a ter residência habitual em Portugal.

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Estatuto Jurídico da Ausência – 89.º a 121.º

“A existência de uma massa de bens carente de administração, na titularidade de alguém que desapareceu e se não sabe se está vivo ou morto,
constitui fator de perturbação e de potencial perigo. Perigo para os bens do ausente, que estão por administrar e a mercê das cobiças alheias, e
perigo para a paz pública que pode ser perturbada por apetências ou cobiças eventualmente geradoras de conflito.” - PPV/PLPV (108)

Defesa da paz pública Proteção do património do ausente (e sucessores)

Interesse público - MP pode oficiosamente iniciar o processo

Proteção do Interesse dos sucessores


Proteção do Interesse do ausente do ausente
"perspetiva de retorno" "expetativa de que já não sobreviva"

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89.º a 98.º CC e1021 a 1025.º CPC

Primeira Fase
Proteção do património na expectativa do regresso
 3 Requisitos
1. Desaparecimento sem que haja notícias – sobre o paradeiro ou sobre se está ou não morta
(98.º al. e) n.º2 - Se há certeza da morte extingue o processo)
2. Ausente não tenha deixado representante legal ou procurador que queira* e possa
representar (*artigo 89.º n.º 2)
3. Tem de ser requerida por interessado ou pelo MP (91.º)
Artigo 91.º Artigo 92.º
Legitimidade A quem deve ser deferida a curadoria provisória
A curadoria provisória e as providências a que se 1. O curador provisório será escolhido de entre as pessoas seguintes: o cônjuge do ausente, algum ou alguns dos
refere o artigo anterior podem ser requeridas pelo herdeiros presumidos, ou algum ou alguns dos interessados na conservação dos bens.
Ministério Público ou por qualquer interessado. 2. Havendo conflito de interesses entre o ausente e o curador ou entre o ausente e o cônjuge, ascendentes ou
descendentes do curador, deve ser designado um curador especial, nos termos do n.º 3 do artigo 89.º.
Pode ser requerido por qualquer um, mas é o
tribunal que define quem será o curador. Curador --» Semelhante ao Acompanhante no que respeita aos bens

Artigo 93.º
Relação dos bens e caução
1. Os bens do ausente serão relacionados e só depois entregues ao curador provisório, ao qual será fixada
caução pelo tribunal.
2. Em caso de urgência, pode ser autorizada a entrega dos bens antes de estes serem relacionados ou de o
curador prestar a caução exigida.
3. Se o curador não prestar a caução, será nomeado outro em lugar dele.
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Administração unitária do património do ausente
Artigo 94.º Artigo 95.º
Direitos e obrigações do curador provisório Prestação de contas
1. . O curador fica sujeito ao regime do mandato geral em tudo o que não contrariar as disposições desta 1. O curador provisório deve prestar contas do seu mandato
subsecção. perante o tribunal, anualmente ou quando este o exigir.
2. Compete ao curador provisório requerer os procedimentos cautelares necessários e intentar as acções que 2. Deferida a curadoria definitiva nos termos da subsecção
não possam ser retardadas sem prejuízo dos interesses do ausente; cabe-lhe ainda representar o ausente em seguinte, as contas do curador provisório são prestadas aos
todas as acções contra este propostas. curadores definitivos.
3. Só com autorização judicial pode o curador alienar ou onerar bens imóveis, objectos preciosos, títulos de
crédito, estabelecimentos comerciais e quaisquer outros bens cuja alienação ou oneração não constitua acto
de administração. Artigo 96.º
4. A autorização judicial só será concedida quando o acto se justifique para evitar a deterioração ou ruína dos Remuneração do curador
bens, solver dívidas do ausente, custear benfeitorias necessárias ou úteis ou ocorrer a outra necessidade O curador haverá dez por cento da receita líquida que realizar.
urgente.

Artigo 97.º Artigo 98.º


Substituição do curador provisório Termo da Curadoria
O curador pode ser substituído, a requerimento do Ministério Público A curadoria provisória termina:
ou de qualquer interessado, logo que se mostre inconveniente a sua a) Pelo regresso do ausente;
permanência no cargo. b) Se o ausente providenciar acerca da administração dos bens;
c) Pela comparência de pessoa que legalmente represente o ausente ou de procurador bastante;
d) Pela entrega dos bens aos curadores definitivos ou ao cabeça-de-casal, nos termos do artigo 103.º;
e) Pela certeza da morte do ausente.

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99.º a 113.º CC e 881 a 886.º CPC
Segunda Fase
Proteção dos interesses dos futuros titulares dos bens.
Perspetiva e expetativa é mais da sua morte do que do seu regresso

Artigo 99.º Artigo 100.º


Justificação da ausência Legitimidade
Decorridos dois anos sem se saber do ausente, se este não tiver deixado São interessados na justificação da ausência o cônjuge não separado
representante legal nem procurador bastante, ou cinco anos, no caso judicialmente de pessoas e bens, os herdeiros do ausente e todos os que
contrário, pode o Ministério Público ou algum dos interessados requerer a tiverem sobre os bens do ausente direito dependente da condição da sua
justificação da ausência. morte.
Podem ter de dar caução -107.º
Curadores definitivos –

Resulta na abertura provisória da sucessão do ausente


104.º| 105.º

 Abertura de testamento – 101.º Artigo 106.º


Exigibilidade de obrigações
A exigibilidade das obrigações que se extinguiriam pela
 Entrega de bens aos legatários e outros interessados – 102.º morte do ausente fica suspensa.

 Entrega de bens aos herdeiros – 103.º (até a entrega fica sob administração do cabeça de casal 2080.º ss)
*Os Curadores definitivos não são remunerados pois passam a ter direito à totalidade dos frustos dos bens que tiverem recebido.

Artigo 112.º Artigo 113.º


Artigo 108.º Termo da Curadoria definitiva Restituição dos bens ao ausente
Ausente casado A curadoria definitiva termina: 1. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do artigo
Se o ausente for casado, pode o cônjuge não separado a) Pelo regresso do ausente; anterior, os bens do ausente ser-lhe-ão entregues
judicialmente de pessoas e bens requerer inventário e b) Pela notícia da sua existência e do lugar onde reside; logo que ele o requeira.
partilha, no seguimento do processo de justificação c) Pela certeza da sua morte; 2. Enquanto não for requerida a entrega, mantém-se
da ausência, e exigir os alimentos a que tiver direito. d) Pela declaração de morte presumida. o regime da curadoria nos termos desta subsecção.

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114.º a 119.º
Terceira Fase
Proteção dos interesses dos futuros titulares dos bens.
Perspetiva e expetativa é mais da sua morte do que do seu regresso

Independentemente de existir previamente a curadoria


especial/definitiva
Morte presumida após a ausência, sem notícias:
Artigo 114.º
Requisitos
• 10 anos
1. Decorridos dez anos sobre a data das últimas noticias, ou passados cinco anos, se entretanto o ausente • 5 anos se > 80
houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a que se refere o artigo 100.º requerer a • + de 5 sobre a maioridade
declaração de morte presumida.
2. A declaração de morte presumida não será proferida antes de haverem decorrido cinco anos sobre a
data em que o ausente, se fosse vivo, atingiria a maioridade.
3. A declaração de morte presumida do ausente não depende de prévia instalação da curadoria provisória
ou definitiva e referir-se-á ao fim do dia das últimas notícias que dele houve.

Artigo 118.º
Óbito em data diversa
1. Quando se prove que o ausente morreu em data diversa da fixada na sentença de declaração de morte presumida, o direito à herança compete aos que naquela data lhe deveriam
suceder, sem prejuízo das regras da usucapião.
2. Os sucessores de novo designados gozam apenas, em relação aos antigos, dos direitos que no artigo seguinte são atribuídos ao ausente.

Artigo 120.º Artigo 121.º


Direitos que sobrevierem o ausente Curadoria provisória e definitiva
Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que 1. O disposto no artigo anterior não altera o regime da curadoria provisória, à qual
desapareceu sem dele haver notícias e que sejam dependentes da condição ficam sujeitos os direitos nele referidos.
da sua existência passam às pessoas que seriam chamadas à titularidade 2. Instaurada a curadoria definitiva, são havidos como curadores definitivos, para
deles se o ausente fosse falecido. todos os efeitos legais, aqueles que seriam chamados à titularidade dos direitos nos
termos do mesmo artigo.

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http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/63e6b9dae52f22e3802583200046654c?OpenDocument

Ac. TRL DE 20/09/2018


Proc. n.º 207/18.4T8AMD.L1
 I– O tribunal “a quo” foi levado a pensar que, da mesma maneira que os sucessores de uma das
classes preferem aos das classes seguintes, assim também a legitimidade activa, nos termos do
art.º 100, do Cciv, para a acção de declaração de morte presumida se deveria atribuir
prioritariamente aos herdeiros das classes anteriores. E como, nessa ordem, a mãe do requerido
(e cônjuge ou filhos) estariam em lugar anterior ao da requerente que é tia do requerido (por isso
integrando a alínea d) do n.º 1, do art.º 2133, do CCiv, enquanto que o cônjuge e descendentes
integram a alínea a), o cônjuge e os ascendentes integram a alínea b), entendeu que a autor não
podia vir formular esta pretensão enquanto se não provasse que inexistia mais nenhum herdeiro
antes de si.
II– Da letra do preceito, em primeiro lugar, nenhuma ordem ou prioridade legitimativa para o
pedido decorre, limitando-se ele a estender sobre a mesa a qualidade de todos quantos podem
pedir a declaração de morte presumida. O que importa ao legislador é o interesse que possa ser
revelado; o que da norma simplesmente decorre é que qualquer dos interessados que tenha sobre
os bens do ausente direitos que dependam da condição da sua morte pode pedir a declaração de
morte presumida. Portanto, neste sentido, não cremos que esta disposição deva andar a par
daquela que estabelece a classe de sucessíveis do art.ºs 2133 do CCiv
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/48e10df818ebe7dc8025882a002f4590?OpenDocument

Ac. TRL DE 07/04/2022


Proc. n.º 207/18.4T8AMD.L3-2
 1- Se é certo que o conceito de ausência relevante para efeitos de declaração de morte
presumida envolve a consideração do desaparecimento do ausente, tal desaparecimento
consubstancia-se, apenas e tão só, na falta de notícias do mesmo, entendidas as mesmas não
só como relatos, demonstrações ou constatações da sua presença em determinado local, mas
igualmente como conhecimento do lugar onde pode ser encontrado.
2- Estando provado que há mais de 10 anos, contados da última vez que houve notícia do
local onde o R. se encontrava, não há conhecimento do lugar onde se encontra, tendo
desaparecido daquele que era conhecido e não havendo outras notícias do mesmo, é de
declarar a sua morte presumida.
(Sumário elaborado ao abrigo do disposto no art.º 663º, nº 7, do Código de Processo Civil)
http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/86c25a698e4e7cb7802579ec004d3832/8702dc0ca13c58a9802585f40048f241
?OpenDocument

Ac. TRE de 22/11/2018


Proc. n.º 3346/15.0T8STRE.E1
 A cópia de um “boletim de óbito” emitido por uma autoridade estrangeira não constitui
meio de prova admissível da morte de uma pessoa, nomeadamente para o efeito de
julgar extinta, por inutilidade superveniente da lide, uma acção especial para
declaração da morte presumida dessa mesma pessoa

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Independentemente de existir previamente a curadoria
especial/definitiva

Artigo 115.º Artigo 116.º


Efeitos Novo casamento do cônjuge do ausente
A declaração de morte presumida produz os mesmos efeitos O cônjuge do ausente casado civilmente pode contrair novo casamento; neste caso, se o ausente
que a morte, mas não dissolve o casamento, sem prejuízo do regressar, ou houver notícia de que era vivo quando foram celebradas as novas núpcias, considera-se o
disposto no artigo seguinte. primeiro matrimónio dissolvido por divórcio à data da declaração de morte presumida.

 Não dissolve o casamento mas o torna dissolúvel


 Não resulta em legalizar a bigamia.
Considera-se dissolvido
por divórcio à data do
Cônjuge tiver casado
decretamento da morte
presumida
Regresso após
declaração da morte
presumida

Cônjuge não tiver Casamento é mantido


cadado sem interrupção

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http://www.dgsi.pt/jtre.nsf/-/6B7E3A93D4715B5480257DE100574DAB

Ac. TRE de 17/04/2008


Proc. n.º 2670/07-3
 Sumário:
 I – Após a reforma do Código Civil de 1977, a declaração de morte presumida não dissolve o casamento.
II – Nada impede que o cônjuge presente queira ver dissolvido o casamento através da instauração de uma acção de divórcio, desde
que para tanto tenha fundamento legal.

 Fundamentação:
 Pode casar de novo, sendo certo que nesse caso a dissolução do casamento por divórcio apenas acontecerá, automaticamente, ope
legis (nos termos do art. 1160 do C.C.) se o ausente regressar (verificando-se até este momento, conforme se refere no despacho
recorrido, e conforme referem P. Lima e A. Varela, in ob.cit., pag. 117, uma situação de bigamia legal).
Mas pode acontecer que não queira casar de novo, apenas querendo ver (com fundamento legal) o seu casamento dissolvido, da
mesma forma que pode querer casar novamente mas apenas depois de ver dissolvido o anterior casamento.
Afigura-se-nos assim mais correcto e adequado o entendimento de que, inexistindo dissolução do casamento, pode o cônjuge do
ausente (cuja morte presumida foi declarada), tendo fundamento para tal, pedir e obter o divórcio.
Aliás, contrariamente ao que se refere no despacho recorrido, não resulta do art. 1160 do C. Civil que o casamento só se dissolve se o
cônjuge do ausente casado civilmente contrair novo casamento.
O que ali se refere é que, podendo o cônjuge do ausente contrair novo casamento, este se considera dissolvido se o ausente regressar
ou houver notícias de que era vivo à data da celebração das novas núpcias.
Aliás, jamais faria qualquer sentido que, mesmo depois de o ausente regressar, o seu cônjuge, tendo fundamento legal, continuasse
impossibilitado de requerer o divórcio.
Artigo 120.º
Direitos que sobrevierem o ausente
Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que desapareceu sem dele haver notícias e
que sejam dependentes da condição da sua existência passam às pessoas que seriam chamadas à
titularidade deles se o ausente fosse falecido.

Sem prejuízo das regras de representação sucessória

Artigo 121.º
Curadoria provisória e definitiva
1. O disposto no artigo anterior não altera o regime da curadoria provisória, à qual ficam sujeitos os
direitos nele referidos.
2. Instaurada a curadoria definitiva, são havidos como curadores definitivos, para todos os efeitos legais,
aqueles que seriam chamados à titularidade dos direitos nos termos do mesmo artigo.

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Artigo 113.º
Restituição dos bens ao ausente
Curadoria Definitiva 1. Nos casos previstos nas alíneas a) e b) do artigo anterior, os bens do ausente ser-lhe-ão entregues logo que ele o requeira.
2. Enquanto não for requerida a entrega, mantém-se o regime da curadoria nos termos desta subsecção.

Artigo 119.º
Direitos que sobrevierem o ausente
1.Se o ausente regressar ou dele houver notícias, ser-lhe-á devolvido o património no estado em que se encontrar, com o preço dos
bens alienados ou com os bens directamente sub-rogados, e bem assim com os bens adquiridos mediante o preço dos alienados,
Morte presumida quando no título de aquisição se declare expressamente a proveniência do dinheiro.
2. Havendo má fé dos sucessores, o ausente tem direito a ser indemnizado do prejuízo, sofrido.
3. A má fé, neste caso, consiste no conhecimento de que o ausente sobreviveu à data da morte presumida.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Após 2 anos sem notícia
Após 5 anos sem notícia com representante
legal /procurador bastante
Bens entregues para os sucessores –
Sem notícias Curadores Definitivos

Ausência Curadoria Provisória Curadoria Definitiva Morte presumida

(Imediatamente) Sem notícias, com bens por 10 anos sem notícia


administrar, sem representante legal ou 5 anos após completar 80 anos
procurador
5 anos após alcançar a maioridade
Bens administrados pelo Curador (património
único)

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http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/14fadecf0042c2b58025842c00538b2b

Ac. TRP de 09/05/2019


Proc. n.º 10421/15.9T8VNG.P1
 Deve o tribunal realizar todas as diligências de prova possíveis e úteis para apurar a
verdadeira identidade do requerente e, na falência da prova global, decidir contra
aquele que se apresenta como sendo o ausente cuja morte presumida foi declarada
por sentença transitada em julgado

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Na resolução de um caso prático sobre ausência
devem: verificar se os pressupostos do artigo 89º/1

Ausência
CC se encontram preenchidos; depois, identificar a
fase em que se encontram e qual a sua finalidade
principal; a seguir, dizer quem tem legitimidade para
requerer a ausência e se o prazo foi cumprido; e
finalmente, explicar os efeitos e o regime dessa fase.
CURADORIA PROVISÓRIA

 Finalidade: O sentido jurídico deste regime é o da proteção do património do ausente, na expectativa do seu regresso.

 Legitimidade:
 Para requerer a curadoria provisória: artigo 91º CC - Ministério Público e “qualquer interessado” [nota: esse “interessado” não
tem de ser um familiar ou herdeiro, basta ser alguém que esteja interessado na administração dos bens do ausente]
 Para exercer a função de curador provisório: artigo 92º/1 CC – cônjuge do ausente, herdeiros ou os interessados na
conservação dos bens, cabendo ao tribunal nomear o curador provisório [artigo 89º/1 CC, “in fine”].

 Prazo: Não há prazo para requerer a curadoria provisória, bastando estarem verificados os pressupostos da ausência e o
tribunal nomear curador provisório [artigo 89º/1 CC].

 Regime:
 Artigo 94º/1 CC: A curadoria segue o regime do mandato geral, remetendo assim para os artigos 1157º CC e ss. [fazer esta
remissão no vosso CC]
 Artigo 1157º CC: Mandato = contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais atos jurídicos por conta da
outra.
 Artigo 1159º/1 CC: O mandato só compreende os atos de administração ordinária.
CONCLUSÃO: Os curadores apenas podem praticar atos de administração ordinária, não podendo, regra geral, dispor nem
alienar os bens do ausente.
 Artigo 94º/3 CC: Curador provisório apenas pode alienar ou onerar bens do ausente com autorização judicial.
 Artigo 94º/4 CC: Restrição dos casos em que a autorização judicial é concedida ao curador, nos termos do número anterior: a)
evitar deterioriação ou ruína dos bens; b) solver dívidas do ausente; c) custear benfeitorias necessárias ou úteis [remissão para
o artigo 216º CC]; d) ocorrer a outra necessidade urgente.
 Artigo 96º CC: Remuneração do curador de 10% da receita líquida que realizar.
 Artigo 98º CC: Termo da curadoria provisória.
CURADORIA DEFINITIVA

 Finalidade: O sentido deste regime é mais o da proteção do interesse dos futuros titulares dos bens, embora ainda não seja
realizada a partilha definitiva dos bens do ausente.

 Legitimidade:
 Para justificar a ausência: Ministério Público [artigo 99º CC, “in fine”] ou algum dos interessados consagrados no artigo 100º CC.
 Para ser curador definitivo: Artigo 104º CC – herdeiros e demais interessados a quem tenham sido entregues os bens do ausente.

 Prazo: O artigo 99º CC consagra dois prazos mínimos para requerer a curadoria definitiva, sendo estes prazos relativos à data das
últimas notícias do ausente:
 i) 2 anos – se não tiver deixado representante legal nem procurador [se nada for dito no enunciado da frequência, é isto que presumem];
 ii) 5 anos – se tiver deixado representante legal ou procurador bastante.

 Regime:
 Artigo 110º CC: Aplica-se o regime do artigo 94º CC
 Artigo 101º CC: Abertura de testamento.
 Artigo 102º CC: Entrega de bens aos legatários e outros interessados.
 Artigo 103º CC: Entrega dos bens aos herdeiros.
 Artigo 106º CC: Suspende-se a exigibilidade das obrigações que se extinguiriam pela morte do ausente.
 Artigo 108º CC: Cônjuge não separado de pessoas e bens pode requerer inventário e partilha e exigir os alimentos [ver artigo 2003º/1 CC] a que tiver
direito.
 Artigo 111º CC: Os ascendentes, descendentes e cônjuge nomeados curadores definitivos têm direito à totalidade dos frutos percebidos [nº 1]; o
curador definitivo que, não os anteriores, tem de reservar para o ausente 1/3 da receita líquida que realizarem [nº 2].
 Artigo 112º CC: Termo da curadoria definitiva. Artigo 113º CC: Se o ausente regressar ou se houver notícias da sua existência e do lugar onde reside,
os seus bens ser-lhe-ão entregues após este os requerer [nº1].
MORTE PRESUMIDA

 Finalidade: Há uma descrença da sobrevivência do ausente e, portanto, a lei presume a sua morte e os seus bens serão
entregues aos sucessores e àqueles que a eles teriam direito por morte do ausente.

 Legitimidade:
 O artigo 114º/1 CC, “in fine”, remete para o artigo 100º CC relativamente aos interessados com legitimidade para requerer a
morte presumida.

 Prazo: Existem três prazos mínimos para a declaração da morte presumida, todos eles dependentes da idade do ausente
e relativos à data das últimas notícias:
 i) 10 anos – regime geral [artigo 114º/1 CC];
 ii) 5 anos – se entretanto o ausente tiver completado 80 anos de idade [artigo 114º/1 CC];
 iii) 5 anos após atingir a maioridade – se o ausente for menor [artigo 114º/2 CC]. [notem que este prazo é INDEPENDENTE da
idade do menor].

 Regime:
 Artigo 115º CC: A declaração da morte presumida produz os mesmos efeitos da morte com exceção da dissolução do
casamento, ou seja: termo da personalidade jurídica [artigo 68º/1 CC] e abertura da sucessão [artigo 2024º CC e ss.]
 Artigo 116º CC: Cônjuge do ausente casado civilmente pode ser contrair novo casamento; se o ausente regressar, considera-se
o primeiro matrimónio dissolvido à data da declaração da morte presumida.
 Artigo 117º CC: Entrega dos bens, remetendo para o artigo 101º CC, não havendo, porém, caução (contrariamente à curadoria
definitiva: artigo 107º CC)
 Artigo 119º/1 CC: Se o ausente regressar, terá direito à devolução do seu património no estado em que se encontrar, bem como
o preço dos bens alienados e sub-rogados e, ainda, os bens adquiridos mediante o preço dos alienados.
 Artigo 119º/2 CC: Sucessores de má fé [sentido subjetivo: conhecimento de um facto ou situação juridicamente relevante, neste
caso a sobrevivência do ausente à data da declaração da morte presumida: artigo 119º/3 CC] devem indemnizar o ausente
[artigo 562º CC e ss.] pelos prejuízos causados.
Situação de A
A casado com B no regime de Desaparecimento em circunstâncias que não permitem dúvidas da sua
separação de bens. Certo dia A e B, morte – 68.º n.º3
junto do filho C foram fazer um Sua personalidade cessa com a "suposta" morte.
passeio de barco. Devido a uma forte Os direitos pessoais cessam, e quanto aos patrimoniais é aberta a sua
sucessão nos termos do 2024.º.
tempestade sofreram um naufrágio. B
C é um dos herdeiros, mas diante da ausência de B, se habilita como
e C conseguiram se salvar. Mas A cabeça de casal e pode administrar os bens - 2079.º e 2080.º
desapareceu. *Justificação Judicial da morte nos termos do artigo 207.º
CRC
A tinha vários imóveis, alguns estavam
arrendados e outros estavam a ser Situação de B
sujeitos a obras de conservação. Caso de B é aplicável o instituo da ausência. Podendo C requerer nos
termos do 89.º a Curadoria Provisória, já que tudo indica que B está
apenas ausente, e por isso, há expetativa do seu regresso.
B ficou desgostoso com
Caso B não regresse no prazo de 2 anos, já que não deixou qualquer
desaparecimento de A, e acabou por procuração, poderá C requerer a Curadoria Definitiva nos termos do
viajar não dando mais notícias. 99.º ss.
Como curador definitivo têm direito à totalidade dos frutos percebidos
B tinha uma empresa no ramo têxtil. [111.º nº 1]; não precisa reservar para o ausente 1/3 da receita líquida
que realizarem [nº 2].
C, sozinho, e diante dos bens e
negócio dos pais, precisa intervir para
E após 10 anos do sumiço, requerer a morte presumida, e assim.
administrar os bens.

Como deve agir? Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


A o pessoa de 76 anos de idade é
proprietário de um apartamento  Curadoria Provisória – 89.º ss tem 3 pressupostos:
situado em 1. Situação de ausência (desaparecimento sem notícias)
Coimbra, tem dois automóveis e 2. Seja importante garantir a administração dos bens do ausente
três terrenos. Sem que nada o
3. O ausente não tenha deixado qualquer representante legal ou voluntário
fizesse prever A
desapareceu, sem deixar  Curador provisório poderá administrar os bens – não pode vender (94.º
n.º3)
qualquer representante
legal/voluntário. Acontece que os  Para curadoria Definitiva (100.º), aguardar os 2 anos (seria 5 anos se
seus bens foram deixados ao tivesse representante legal ou procurador).
abandono pelo que os seus  Bens serão então atribuídos aos herdeiros e legatários – não a título
herdeiros pretendem saber sucessório (não serão proprietário).
se os podem administrar. A é  Passado 9 anos, já teria A 80 anos + 5 anos, cabendo a morte
casado com C que depois de 6 presumida.
anos a contar  Os bens serão efetivamente entregues – 119.º
do seu desaparecimento quer
 C poderá se casar – após a morte presumida, considera-se em caso de
voltar a casar-se
nova núpcias o casamento com o ausente dissolvido pelo divórcio a
data da declaração da morte presumida.
Alberto, com 52 anos, saiu de casa no dia
13 de maio de 2021, tendo sido visto pela
última vez pela sua vizinha quando, como  Permite-nos duvidar se ele está vivo ou morto.
habitualmente, saía de casa no seu  89.º ss -» 3 pressupostos –Desapareceu, sem
automóvel para ir trabalhar. Acontece que,
nesse dia, Alberto não chegou ao trabalho, notícias, há bens, sem representante
uma plantação de frutos vermelhos em legal/procurador
Oliveira do Bairro, tendo o seu automóvel
sido encontrado dois dias depois em  7 meses após ação-» Não cabe curadoria
Granada, Espanha, sem que se consiga
perceber como foi lá parar ou que Alberto lá
definitiva nem morte presumida. Somente a
poderia fazer uma vez que este não só não provisória – Sobrinho tem legitimidade 91.º
tinha por hábito viajar nem ausentar-se da
sua residência, como sendo o único (qualquer pessoa interessada).
trabalhador na sua plantação de frutos  Curador, administrará os bens 92.º.
vermelhos, a mesma depende da sua
presencia diária. Em dezembro de 2021, o  Carlos pode ser curador? Conflito de interesse em
seu sobrinho Daniel, percebendo que o
património do tio está abandonado, resolve
relação ao património do irmão, por isso o
providenciar pela sua administração que o sobrinho poderá ser nomeado.
seu pai, Carlos, irmão de Alberto, se opõe,
já que ele é também produtor de frutos  Sobrinho com poderes como se tivesse mandato
vermelhos e não estando a ser explorada a (94.º) – atos em nome exclusivo do ausente.
plantação do irmão desaparecido, é menos
um concorrente no mercado o que potencia  Curador provisório pode vender os frutos
o aumento da sua própria carteira de vermelhos (ato de administração), fazer a
clientes. Para além da plantação, Alberto
tem como património uma casa onde reside prestação de contas, e receber 10% da liquidez.
e o seu automóvel e não deixou nem tem
qualquer procurador para a administração
do seu património. Quid juris?
A casado com B, no regime de separação de A) Qual o valor dos atos praticados por B em junho de 2008?
bens, tem uma propriedade em Trás-dos-Montes,
dois apartamentos em Cascais, e um automóvel Com o desaparecimento poderá ser aplicado o 89.º em face de haver bens que carecem de administração.
Como B tem interesse poderá requerer a curadoria provisória (91.º) assim como tem legitimidade para ser
conversível. nomeada curadora (92.º). Regime de mandato, onde poderá administrar os bens (1159.º e 94.º n.º1). Isso é
está limitada ao atos de administração ordinária.
Em janeiro de 2008 desaparece. Como o Contrato de Arrendamento é um ato de administração ordinária poderia fazê-lo. O negócio jurídico
poderá produzir os seus efeitos por ser perfeitamente válido.
Já o contrato de compra e venda do carro (874.º, 879.º com efeitos reais pelo 408.º) não se enquadra como
B requerer a Curadoria Provisória, sendo ato de administração ordinário, e sim uma disposição, e por isso não poderia fazer!
decretada a ausência de A e a nomeando em Falta legitimidade de B para esse negocio jurídico, de modo que o ato é NULO.
maio de 2008.
B) Qual a consequência jurídica de ter aparecido o advogado com a
Em junho de 2008 B vendeu o carro a D, e procuração?
colocou os dois apartamentos de Cascais a A Curadoria pode cessar diante as circunstâncias elencadas no 98.º, e na alínea c) exatamente este caso.
arrendar. Portanto, diante do aparecimento do Advogado com a procuração B deixa de ser curadora provisória, e o
Advogado torna-se responsável pela administração de bens. Somente após 5 anos do desaparecimento é
que B poderá requerer a curadoria definitiva (99.º e ss)
Em novembro de 2008 surgiu X, advogado com
uma procuração de dezembro de 2007 o C) Poderia B ter requerido a declaração de morte presumida de A quando o
nomeando procurador bastante. fez?
Sim, pois já havia passado dez 10 do desaparecimento (114.º). B estando elencada no artigo 100.º tem
legitimidade para requerer ação.
Em agosto de 2020 B requer a morte presumida
de A, a qual foi decretada no mês seguinte. D) Terá A, após o seu regresso, direito aquilo tudo que exige?
Em dezembro de 2020 B vendeu a propriedade Conforme o 115.º os efeitos da morte presumida são os mesmos que do 68.ºn.º1, isso é, cessa a
de Trás-dos-Montes por 1 milhão de euros e com personalidade jurídica e abre-se a sucessão.
o dinheiro comprou uma casa em Cascais. Nada refere sobre outros herdeiros, por isso considera-se que B é a única herdeira~, recebendo então os
bens e podendo dispor como entender.
B casou com D. Com o regresso de A, B realmente tem de devolver os bens, como havia vendido um bem e adquirido outro
com o valor, isso é, em sub-rogação, terá de entregar o novo imóvel, caso na escritura tenha se indicado a
Em fevereiro de 2022 A retorna, e exige a entrega natureza do valor pago. Caso não tenha sido identificado, caberá a devolução do valor já que diante do
da propriedade de Trás-dos-Montes, o automóvel, regresso devolve-se o dinheiro conforme o preço da venda (119.º n.º1)
Quanto ao casamento, diante da morte presumida, B poderia contrair novas núpcias (116.º), e diante do
os dois apartamentos, assim, como a relembra retorno de A, considera-se que o casamento foi dissolvido por divórcio a data da decisão de morte
que são casados, e que por isso deve voltar a presumida. Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt
morar com ele.
Nulidade Anulabilidade

Causa Violação de uma norma imperativa (que protegem interesses Violação de normar que estão particularizadas.
públicos/difusos/gerais) e que não podem ser afastadas pela
vontade das partes. Tipicidade -» legislador indica quando determinado comportamento pode resultar em
anulação.
Atipicidade --» norma não precisa indicar que o ato será nulo
Efeitos Ineficácia total. O negócio produz efeitos até ser arguida a anulação.
Como se o ato nunca tivesse produzido efeitos. A anulação é retroativa.
Consequência 289.º n.º1 "Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito retroactivo, devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se
a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente."
Legitimidade 286.º "A nulidade é invocável a todo o tempo por qualquer 287.º n.º 1 "1. Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade as pessoas em cujo
interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal." interesse a lei a estabelece, e só dentro do ano subsequente à cessação do vício que
Mesmo que as partes não requeiram. lhe serve de fundamento."
Legitimidade de quem é protegido, tem interesse.
Prazo NÃO HÁ PRAZO Tem prazo de caducidade
287.º n.º1 - "só dentro do ano subsequente à cessação do vício que lhe serve de
fundamento"
n.º2 - "Enquanto, porém, o negócio não estiver cumprido"
Sanação INSANÁVEL - nulo sempre nulo SANÁVEL
Pelo decurso do prazo ou pela confirmação.
288.º n.º 2 - "compete à pessoa a quem pertencer o direito de anulação"

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


A industrial abastado, cansado do
seu modo de vida, decide
desaparecer de casa sem dar mais Sim, poderá contratar 94.º n.º1 com remissão
notícias. Após o respetivo 1157.º por se tratar de um ato de administração.
processo, M, sua mulher e herdeira
universal. É nomeada curadora
provisória.
Não por se tratar de um ato de disposição. 110.º e
M pretende contratar B para 94.º (ex vi. 1157.º)
restaurar o painel de azulejos da
casa de campo de A que encontra-
se degradado.
Poderá casar 116.º. Em caso de retorno considerar-
Após dois anos, M é nomeada se-á que houve dissolução do primeiro casamento
curadora definitiva. Ela tenciona
vender um dos automóveis de A por divórcio desde a data da decisão da morte
para com o dinheiro comprar um
apartamento na praia. Ela poderá presumida.
vender?

Após 10 anos do desaparecimento,


M requer a decretação da a morte
presumida de A. M poderá se casar
com C?
Ponto Escrito
Correção - Ponto Escrito
 PASSO 1: Início e termo da personalidade
jurídica – 66.º e 68.º
 PASSO 2: Direitos de personalidade –
70.º e 71.º
 PASSO 3: Tutela geral da personalidade –
Passo a 72.º a 80.º e 24.º-26.ºCRP
Passo da  PASSO 4: Direitos de personalidade em
Resolução especial
 PASSO 5: Situações especiais (81.º,
225.º, 336.º-339.º, 340.º)
 PASSO 6: Consequências em caso de
violação do direito de personalidade –
483.ºss e 562.º ss
Andreia é uma famosa atriz de teatro
 No momento do seu nascimento completo e com vida artigo
e de televisão. Aos 25 anos, ao sair
bastante embriagada de uma festa 66.º n.º1
particular na discoteca CITY BEACH  É titular de direitos de personalidade – 70.º ss
onde estavam presentes várias  Na hipótese sub judice -» violação de direitos de personalidade
celebridades, esta foi detida por -» Direito à imagem (79.º e 26.º n.º1 CRP) e direito à honra ou
suspeitas de fraude fiscal. Vários ao bom nome (70.º n.º1 e 25.º e 26.º n.º1 CRP)
repórteres da comunicação social, que  Os jornalistas, dentre eles Bruno, ao tirarem e divulgarem as
tiveram informação antecipada do fotos precisavam de consentimento de Andreia.
sucedido através de denúncia,
 A “notoriedade” de Andreia – 79.º n.º2 – afastaria a
encontravam-se à saída da discoteca
e decidiram fotografar e gravar a necessidade de consentimento. Entretanto a divulgação – 79.º
detenção de Andreia. Bruno, jornalista n.º3 – sendo que o crime não foi comprovado, há uma clara
do jornal «Pasquim da Madrugada», violação da sua honra e reputação.
escreveu uma extensa reportagem  Violação do direito à imagem e violação À honra ou ao bom
sobre Andreia, fazendo destaque a nome de Andreia.
uma fotografia desta, notoriamente  Colisão de Direitos? 335.º n.º2
embriagada, a ser detida e acusando-  Providências?
a de ser «a vergonha da televisão  70.º n.º2, cabendo responsabilidade civil extracontratual –
nacional». Andreia pretende pôr fim à
483.º n.º1 e 484.º, preenchendo assim os 5 pressupostos cabe
divulgação das notícias e das
imagens, para além de exigir que obrigação de indemnizar nos termos do 562.ºss
Bruno lhe pague uma indemnização  E se ela não fosse conhecida? E fosse uma fotografa normal?
por danos à honra e à sua imagem. Discutia-se também o 80.º
Quid juris?
 Ofensa à reserva sobre a intimidade da vida
privada e ao direito à imagem – 79.º/80.º
 Ao abrigo 70.º n.º2 pode requerer as providências
necessárias para atenuação dos efeitos.
E se fosse uma foto de uma
pessoa não conhecida?
O que a “desconhecida”  Facto de a foto não ser depreciativa, ou mesmo
poderia fazer? que seja muito bem conseguida, não interfere na
A) sanção adequada aos
editores da revista resolução do caso – cabia consentimento, e se
b) impedir a perpetuação ou não teve, não poderia ser exposto 79.º n.º1
repetição daquela imagem?
 Pode impedir que haja reprodução ou continuação
da sua distribuição, assim como poderá requerer
indemnização (566.º)
A Escola de Musica X possui, entre outros,
um curso na área de preparação de DJ´S e  Ofensa ao direito à saúde, descanso, sono..
programadores de som. Ora, como as aulas  Requer a defesa dos seus direitos de
são dadas num espaço que não garante
excelentes condições de isolamento personalidade – 70.º
acústico, o barulho torna-se ensurdecedor
para os moradores próximos da escola.  Lei garante proteção pelo 483.º -
Contudo, todas as atividades desta Responsabilidade Civil
instituição escolar se encontram
devidamente regulamentadas e autorizadas.  Direitos de Personalidade não são taxativos –
Ainda assim, Custódio, vizinho da escola,
intentou uma ação judicial contra a referida direito À saúde, descanso, sono, podem ter a
Escola de Música X, fundamentando-se no proteção pelo direito geral de personalidade do
artigo 70.º CC, alegando que:
70.º, já que refere de uma proteção física e moral.
- As aulas de música do curso de DJ
arrastam-se até às 3 da manhã,  Relacionados ao bem-estar diário -» de modo que
perturbando-lhe o sono ainda que a Escola tenha licenciamento, Custódio
- O barulho é ensurdecedor e monótono
Dado existirem várias turmas, a repetição tem seus direitos de personalidades ofendidos.
das músicas ao longo do dia é uma
constante, facto que lhe tem caudado  Portanto possivelmente Custódio terá êxito no seu
perturbação no seu descanso e trabalho. processo – 70.º + 483.º
Terá, Custódio êxito na sua pretensão?
Imagina que, algum tempo antes deterem
surgido estes atritos entre a Escola de  Ofensa ao direito à saúde, descanso, sono..
Música X e Custódio, ambos teriam  Requer a defesa dos seus direitos de personalidade – 70.º
acordado, em documento escrito, que, como  Possível limitar nosso direito de personalidade – 81.º seja voluntária ou
contrapartida da utilização gratuita pelo consentida -» consentimento que viabiliza a ofensa aos direitos de
segundo de um espaço da escola, para o personalidade, tornando legitima a atuação do terceiro.
seu curso de culinária, o mesmo aceitava  Consentimento tem de ser livre e esclarecido (240.º a 257.º), podendo
que qualquer atividade daquela, ser TOLERANTE (poder factual de agressão, não é um direito de
nomeadamente o curso para DJ´S, pudesse agressão), AUTORIZANTE (poder jurídico de lesão sobre o direito de
funcionar a qualquer hora do dia e noite, outrem – revogação a qualquer tempo, cabendo indemnização em
sem limite de ruído. carácter compensatório 81.º n.º2) e VINCULANTE (disposição normal e
Porém, como intentou a ação judicial, corrente do direito de personalidade, sem conceder um poder de lesão,
Custódio pretende desfazer do dito acordo. sendo irrevogável 230.º e 406.º)
 No caso trata-se de um consentimento autorizante em que aceita a
Poderá fazê-lo? Que corolário trará uma
lesão ao direito à saúde, sono, descanso em troca de utilizar o espaço.
eventual anulação do acordo?
 Custódio conferiu este direito à Escola.
 Contudo conforme 81.º n.º2 é passível de revogação a limitação
Quid iuris?
voluntária do exercício de direitos de personalidade.
 Cabendo Custódio indemnizar a escola, ressarcir dos danos que a
Escola possa ter em face da revogação do consentimento.
A atriz de revista Y leu no jornal que
os herdeiros de Z pretendiam leiloar o
espólio deixado por este.
Entre os objetos destinados ao leilão
encontra-se uma carta de amor que,
em tempos Y dirigiu a Z.
Em princípio, Y não se importa, ou
não se sente incomodada, quando  Cartão padrão amoroso -» confidencial
assuntos da sua vida particular são
 Ofensa à reserva sobre a intimidade da vida privada.
tratados em público, especialmente
em jornais e revistas, pois está  Carta não pode ser leiloada.
convencida que daí resulta uma  Apesar de não se incomodar que falem dela na mídia, não
promoção do seu nome e de sua arte. significa que tenha autorizado que a carta seja leiloada.
Mas, no caso em concreto, não está
 Como Z é falecido, o tribunal deverá decider conforme o 75.º
nada interessada que terceiros
n.º2 -» carta deve ser destruída ou depositada em mão de
possam tomar conhecimento do
pessoa idónea, ou outra medida.
conteúdo da carta.
Esgotados os meios extrajudicias,Y
dirige-se ao tribunal, pedindo que este
impeça a publicação da carta. Como
deverá decider o tribunal?
Artigo 15.º
Estrangeiros, apátridas, cidadãos europeus
1. Os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou residam em Portugal gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português.
2. Excetuam-se do disposto no número anterior os direitos políticos, o exercício das funções públicas que não tenham carácter predominantemente técnico e os
direitos e deveres reservados pela Constituição e pela lei exclusivamente aos cidadãos portugueses.
3. Aos cidadãos dos Estados de língua portuguesa com residência permanente em Portugal são reconhecidos, nos termos da lei e em condições de reciprocidade,
direitos não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso aos cargos de Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro, Presidentes
dos tribunais supremos e o serviço nas Forças Armadas e na carreira diplomática.
4. A lei pode atribuir a estrangeiros residentes no território nacional, em condições de reciprocidade, capacidade eleitoral ativa e passiva para a eleição dos titulares
de órgãos de autarquias locais .
5. A lei pode ainda atribuir, em condições de reciprocidade, aos cidadãos dos Estados-membros da União Europeia residentes em Portugal o direito de elegerem e
serem eleitos Deputados ao Parlamento Europeu.

 No Direito Privado a nacionalidade não tem grande relevância.


Artigo 14.º
Condição jurídica dos estrangeiros
1. Os estrangeiros são equiparados aos nacionais quanto ao gozo de direitos civis, salvo disposição legal em contrário.
2. Não são, porém, reconhecidos aos estrangeiros os direitos que, sendo atribuídos pelo respectivo Estado aos seus nacionais, o não sejam aos portugueses em
igualdade de circunstâncias.

Artigo 25.º
Âmbito da lei pessoal
O estado dos indivíduos, a capacidade das pessoas, as relações de família e as sucessões por morte são regulados pela lei pessoal dos respectivos sujeitos, salvas as
restrições estabelecidas na presente secção.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Código de Seabra – 18.º a 23.º (26.º a 31.º capacidade jurídica dos estrangeiros)
 Lei 1098 de 29 de julho de 1959 | Decreto-Lei n.º 43.090 de 27 de julho de 1960

Decreto-Lei n.º 308.º-A/75 de 24 de julho


 Lei n.º37/81 de 03 de outubro de 1981

Originária

Derivada

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Yu é japonês, e está casado há dez anos com Maria
(portuguesa).
Ele tem direito a aquisição da nacionalidade
portuguesa?

Sim
Ana é cubana e reside em Portugal idocumentada há cinco
anos. A Ana viu na internet que os estrangeiros que residam
em Portugal há mais de cinco anos podem requerer a
nacionalidade portuguesa por naturalização.
Ana pode pedir a Naturalização?

Não
N
a) ____ Tatiana é brasileira, e reside legalmente em
Portugal há mais de cinco anos.
b) ____
Q Júlio é americano, e vive em união de facto
com Filipa há mais de três anos.
c) ____
A Fernanda e Mauro, são venezuelanos e
estão em Portugal há mais de um ano.
Recentemente tiveram um filho, o Arthur.
d) ____
A John é australiano, mas recentemente
descobriu que sua avó Amália, era portuguesa.
e) ____
Q Jacira nasceu no Congo, mas foi adotada
pela Joana e pelo Afonso que são portugueses.

(A) Atribuição (Q) Aquisição (N) Naturalização


Casados

União de Facto
Casados

União de Facto

Cônjuge Filha

Neta Filho
Companheira
Neto
Filha

Filho
Casados

União de Facto
Nasceu em Portugal
Atribuição?
Nascer + Progenitor nascer e residir

Nascer + Progenitor residir por 1 ano ou estar legal

Naturalização?
Nascer + 1 ano de educação pré-escolar ou ensino básico,
secundário, profissional – pedido aos 16 anos

Nascer + Progenitor com residência legal ou residência


independentemente de título nos últimos 5 anos – 16 anos

Aquisição?
Progenitores naturalizarem (5 anos) + requererem
Nasceu em Portugal?
Lei nº 2098, de 29 de julho de 1959

C 1985
Código Civil de Seabra (186
Nacionalidade C 1960
2005

D 1973

215
SM©
Comunhão Geral Comunhão de Adquiridos Separação Pacto Antenupcial -
Regimes Mistos

Bens Comuns **Bens comuns *compropriedades (1736.º) 1698.º ss


Todos os bens 1732.º na Comunhão
de Adquiridos:
1.O produto do trabalho
dos cônjuges;
2.Os bens adquiridos
pelos cônjuges a
título oneroso
na constância
do matrimónio (1724.º).
! 1725.ºss

Bens Próprios “Todos” os bens 1722.º e 1723.º ss *Possibilidade de renúncia *Possibilidade de renúncia
são comuns exceto à condição de herdeiro no à condição de herdeiro –
roupas, correspondência pacto – 1707.º -A 1707.º -A
bens doados com cláusula
de incomunicabilidade e
os estritamente
pessoais (usufruto e direito
de uso ou habitação)

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Estado civil ≠ Esfera jurídica

“é o complexo de direitos e vinculações de que uma determinada pessoa é titular” - PPV/PLPV (102)

Esfera jurídica pessoal Esfera jurídica patrimonial

Caráter pessoal Caráter patrimonial

PATRIMONIALIDADE
é a suscetibilidade de avaliação em dinheiro

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


“complexo de situações jurídicas patrimoniais, ativas e passivas, que estão na titularidade de uma pessoa.” - PPV/PLPV (104)

 Património de uma pessoa --» é eminentemente variável Pessoa tem UM património

Situações Jurídicas Ativas Situações Jurídicas Passivas


Direitos patrimoniais Obrigações de caráter patrimonial
Ex.: Propriedade de um imóvel Ex.: Pagamento do empréstimo ao Banco

Património modifica-se por consequência direta e imediata de uma ação por parte do seu titular (ex.: vender a casa) ou não, ou seja, pode ser
modificada por ato de outrem de um direito ou de um simples poder potestativo pode ter implicância direta no património (ex.: com a morte do
pai passa a ser herdeiro), assim como a modificação pode se dar por um simples facto jurídico (ex.: raio que causa um incêndio que destrói a
casa).

“conjunto de relações jurídicas; não se trata do conjunto de imóveis, móveis, créditos ou outros direitos patrimoniais, pois as
cosias móveis ou imóveis não são entidades do mesmo tipo de créditos ou dos outros direitos. O património é integrado por
direitos sobre as coisas (propriedade, usufruto, etc), direitos de crédito, obrigações e outros direitos patrimoniais” - CAMP (344)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


Variável

“O património de uma pessoa corresponde à sua esfera jurídica patrimonial e compreende todas as situações jurídicas ativas e
passivas de caráter patrimonial que em cada momento se encontram na titularidade dessa pessoa. Situações jurídicas ativas
correspondem a direitos patrimoniais; situações jurídicas passivas, são obrigações de caráter patrimonial.” - PPV/PLPV (103)

 Não faz parte do património (ainda que tenha relevância para a vida económica da pessoa, mas que
não são relações jurídicas existentes, sendo antes meras fontes de rendimentos futuros:
- Força de trabalho
- Crédito

 Só fazem parte do património as relações jurídicas suscetíveis de avaliação pecuniária


- Valor de troca do direito
- Por ser alienável mediante contraprestação
- Ter valor de uso (proporcionar gozo do bem – material ou ideal)

 Património pode ser modificado por ação do seu titular, por ato de outrem ou por facto
jurídico:
- Destruição ou perecimento (forças da natureza)
- Exercício de direito ou poder potestativo de outrem
- Simples facto de outrem (ex.: morte)

“Fala-se, outras vezes, de património para designar o chamado património bruto ou património ilíquido. Tem-se então em vista o
conjunto de direitos avaliáveis em dinheiro, pertencentes a uma pessoas, abstraindo, portanto, das obrigações. É esta noção de
património que reveste, talvez, o maior interesse jurídico, pois é ele que interessa para o domínio institucional (a
responsabilidade civil) em que se situa a principal função jurídica do património: a garantia dos credores” - CAMP (345)

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


 Património tem UNIDADE e AUTONOMIA
“Não há pessoas sem património, embora possam ter um património vazio, em que o saldo entre o valor das situações ativas e
das situações passivas é nulo, ou um património negativo, em que esse saldo é negativo. É o que sucede com os insolventes,
cujo ativo não é suficiente para cobrir o passivo.”- PPV/PLPV (104)

UNIDADE

AUTONOMIA

Cada pessoa tem um património, e somente este património pode responder.


Isso é, os credores não podem recorrer ao património de outrem que não o devedor.
*Autonomia patrimonial imperfeita --» algumas pessoas coletivas, sociedades civis, sociedades em nome coletivo e em comandita os patrimónios dos sócios
respondem subsidiariamente pelas dívidas.
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TEÓRICA
Exercício Jurídico Coletivo
 PROSSECUÇÃO DOS FINS DAS PESSOAS -» Agir individual e Agir plural
 Agir plural -» pode ser estruturado de diferentes maneiras

"o direito recebe da sociedade esta realidade de atuação plural e de institucionalização de fins e reflete-a através de
configurações diversas, que se traduzem principalmente no contrato, na comunhão e na personalidade coletiva” - PPV/PLPV
(135)

Várias Pessoas Prossecução de interesses comuns Contrato

Comunhão Contrato Personalidade Coletiva


“A personalidade coletiva é a estrutura jurídica própria das formas mais sofisticadas do agir plural e de institucionalização de
fins, que se traduz numa autonomização jurídica em relação à pessoas humanas individuais que se constituem ou instituem,
como centros autónomos de imputação jurídica, como sujeitos de direito.” - PPV/PLPV (139)

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Exercício Jurídico Coletivo
CONTRATUAL Comunhão

Contratos associativos e de cooperação, consórcio, associação em Compropriedade e propriedade horizontal


participação, sociedade, contratos (ainda que interesses divergentes
e contrapostos) como contrato de trabalho, empreitada, compra e venda.
Precário, pode ser revogado pelas partes quando quiserem, mesmo sem Compropriedade -»Qualquer consorte pode requerer a divisão, podendo ser
acordo entre as partes (denunciar contrato duradouro ainda que não tenha estipulada indivisão por períodos inferiores de 5 anos (1412.º)
sido estipulado um termo final) Propriedade Horizontal -» é sólida, não cabe divisão (não existe direito de
preferência na venda das frações entre condóminos)
Estrutura jurídica horizontal e periférica, com uma teia de relações Relacionamento é principalmente com a coisa, direito, bem que é objeto da
interpessoais, uma polarização entre as partes e não sobre o bem relação de comunhão. A relação entre as pessoas é acessória.

*Partes ganham com a cooperação e compatibilização de interesses Estrutura jurídica é uma cotitularidade de um mesmo bem, aproveita-se a
utilidade potenciada do bem em conjunto, é uma polarização sobre o bem.
Essa cotitularidade não é necessariamente equilibrada, pode divergir quanto
ao valor (quantitativamente) e no modo de gozo (qualitativamente) - ex.:
Compropriedade e propriedade horizontal 1404.º CC
uma deliberação por unanimidade/consenso/acordo entre as partes Comunhão Romana -» deliberação por maioria (característica chamada
de socialidade – consagrada no 1406, 1407.º, 1498.º sendo mais forte na
propriedade horizontal – 1430.º - em que se verifica uma orgânica
institucionalizada e deliberações sociais -» ex.: Assembleia de condóminos e
administração)

 Comunhão Romana -» o bem que determina o modo de exercício e a afetação. Partes com direito a uma quota-parte, parte não determinada. Possível
uma das partes requerer a divisão, existindo um direito de preferência na aquisição. Há possibilidade de impor a indivisibilidade por certo período de
tempo (1404.º aponta que está foi a opção do legislador).
 Comunhão Germânica (mão comum)-» foco deixa de ser o próprio bem e sua utilidade, e passa a ser um fim separado do bem e cuja prossecução do fim
fica afeto. Uma estrutura mais sólida e duradoura, impedindo que haja alienação das quotas ou divisão do bem - » Comunhão matrimonial e os baldios.

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 Pessoas coletivas de cariz corporativo ou associativo: Pessoas Coletivas corporativas são
 Associações mais densas que a comunhão

 Sociedades

Objetivo -» o que é fixo é o fim social, na prossecução podem variar os bens que são
afetados, os sócios…
“são agrupamentos de pessoas que se associal para a prossecução de fins comuns” - PPV/PLPV (138)

 Pessoas coletivas de caráter fundacional ou institucional:


 Fundações

Objetivo -» limitada ao fim social. Bens são aqueles que forem necessários para a
prossecução dos fins.
“correspondem à institucionalização de fins dos seus fundadores a cuja prossecução são afetados os meios patrimoniais
necessários” - PPV/PLPV (138)

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 Pessoa em sentido jurídico não são apenas as pessoas singulares.
 Pessoas coletivas estão no tráfico jurídico como titulares de direitos e obrigações tal como as
pessoas singulares.
 Personalidade jurídica (diferente da personalidade dos seus membros) + património próprio
(separado do património de cada um dos seus membros) = autónomos na esfera jurídica, agindo por
meio dos seus órgãos (compostos por pessoas singulares)
 numerus clausus de Pessoas Coletivas = lista de "modelos" de pessoas coletivas que podem ser
criadas.
 Estrutura da Pessoa Coletiva poderá ser analisada a partir da sua estrutura patrimonial ou pessoal.
 Há uma concentração de esforços humanos, recursos financeiros e meios organizados que
superam a potencialidade individual.

"As pessoas colectivas são indispensáveis para o tráfico jurídico moderno. Correspondem às actuais necessidades económicas
e sociais. A sua existência é necessária com vista à realização de propósitos económicos e sociais que, em virtude do seu
significado, grandeza ou duração e dos riscos que lhes são inerentes, não podem ser assumidos por uma pessoa singular (ou
por meras sociedades civis, associações sem personalidade jurídica ou comissões especiais)” - HEH/ESMS (402)
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Com a pessoa coletiva há um limite ao risco e a responsabilidade de quem irá a compor, visto ter
uma natureza jurídica própria, com autonomia patrimonial.

Responsabilidade da pessoa coletiva está limitada ao património social.


*Esta limitação não impede que o património individual das pessoas singulares que façam parte seja intangível -» desconsideração da
personalidade jurídica da pessoa coletiva, e consequentemente do património separado, permitindo o regresso direto ao património das pessoas
que a compõem ("abuso institucional" - quando o direito subjetivo é invocado para fins que estão fora dos objectivos ou funções par os quais foi atribuído pela intencionalidade da norma -
HEH/ESMS 304 ).

Autonomia privada permite a(s) pessoa(as) singular(es) criar(em) uma pessoa coletiva, passando a
ser esta uma pessoa em sentido jurídico, com própria autonomia..

Autonomia da Pessoa Coletiva -» quanto aos seus membros (substrato pessoal - sócios,
associados...) como quanto ao pessoal ao seu serviço (funcionários), e também quanto aos terceiros.
*Fundações -» ainda que não tenha membros, a autonomia é perante os destinatários e ao pessoal ao seu serviço,
aos titulares de órgãos, e terceiros.

= Pessoas Singulares no que refere a aquisição de personalidade, o seu termo, a capacidade negocial
de exercício, responsabilidade civil que viabilizam a sua participação no tráfico jurídico.

Existência de Pessoas Coletivas resulta do peso económico e preponderância social

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Ampla discussão doutrinária quanto à natureza jurídica das Pessoas Coletivas

PC conhecidas dos Romanos, mas não teorizaram, surgindo várias teorias modernas a partir do
século XIX.
Modelo-guia -» partem da pessoa singular que possui a personalidade jurídica de forma inata.
Teoria da ficção (romanística) -» Personalidade jurídica da Pessoa Coletiva seria uma ficção jurídica | (parte
Importância prática reduzida
diante do reconhecimento e
estabelecimento do regime

da pessoa singular)
Teoria orgânica -» Pessoa Coletiva como um organismo (como a Pessoa Singular) com uma vontade
de PC no OJ

comum, uma pessoa que existe | (modelo de associação)


Teoria do património-fim -» Direitos da Pessoa Coletiva, como direitos sem sujeito, unidos pela finalidade
visada pela Pessoa Coletiva | (modelo da fundação)
Teoria da personificação do fim – Pessoas Coletivas como organização criadas para a realização de um
fim, e por isso são tratadas como sujeitos de direito com uma vontade autónoma.

*Não podemos comparar Pessoa Coletiva com a Pessoa Singular, é apenas uma analogia limitada.

"A personalidade jurídica do homem é pré-existente ao direito, que se limita a aceitá-la. Bem ao contrário, pode dizer-se que «o essencial e dominante
das pessoas colectivas reside no elemento jurídico, obra da lei». A pessoa colectiva é uma entidade de actuação (Wirkungseinheit) ou organizada
(Organisationseinheit) que, com base na ordem jurídica, é dotada de personalidade jurídica” - HEH/ESMS (408)

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"As pessoas colectivas «não nascem» nem se formam livremente... ” - HEH/ESMS (408)

Necessário 2 pressupostos para que haja uma Pessoa Coletiva, e consequentemente a atribuição de personalidade jurídica:
1. Formação e organização do substrato – conjunto de pessoas com estatuto que defina o objetivo ou massa patrimonial (elemento pessoal) + bens (elemento
patrimonial) + prossecução de um fim definido por um estatuto (elemento teleológico)
Elemento Pessoal -» *Sociedades Unipessoais para limitação do risco económico da empresa
- Fundador / Sócios / Associados (leis especiais -» Ordem dos Advogados somente por Advogados | n.º mínimo de sócios, 5 mas SA ou 2 PQ)
- Há extinção com ausência de associados ou n.º mínimo (quando previsto em lei)
Elemento Patrimonial -» Unidade de negócios, permite a limitação e o controlo dos riscos económicos da empresa
- Bens do Fundador | Capital de entrada e aumento | que são obtidos -» papel instrumental para alcançar os seus fins
- Não é prescindível ainda que possa ter menor relevância -» cabe extinção por falência
*Nas Fundações é um elemento com maior relvo do que o elemento pessoal.
Elemento Teleológico -» o fim, orientador da atividade da pessoa coletiva
- Fundações necessariamente um fim social | Sociedade é lucro | Associações é mais abrangente
- Extinção quando se alcança o fim ou fim não coincida com o estatuto, ou se seguir meios ilícitos ou imorais, etc.
2. Ato de atribuição de personalidade jurídica - RECONHECIMENTO pela ordem jurídica
 Dois sistemas de reconhecimento/concessão de Personalidade Jurídica para a Pessoa Coletiva:
 Reconhecimento Normativo -» requisitos estabelecidos em lei (generalidades abstrata), que ao serem preenchidos viabiliza a aquisição da personalidade jurídica, são
constituídas por exemplo através de escritura pública com respeito a lei, e matrícula no Registo Comercial (Ex.: Sociedades civis sob a forma comercial e outra)
 Reconhecimento Individual/concessão -» análise caso-a-caso por parte da administração pública do cumprimento dos requisitos (Ex.: Fundações)
*Combinação dos dois sistemas -» atenção que a licitude da formação substrato não coincide sempre com os critérios necessários para atribuição da personalidade, de modo que o
sistema de reconhecimento individual acaba por ser o mais eficaz (apesar do risco de haver discricionariedade pela administração), ainda que o sistema normativo possa vir a
dificultar a formação devido a natureza ou grau de requisitos exigidos.

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https://eportugal.gov.pt/espaco-empresa/empresa-online
https://eportugal.gov.pt/pt/fichas-de-enquadramento/fundacoes-e-pessoas-coletivas-de-utilidade-publica
 Para a conceção da Personalidade Jurídica à Pessoa Coletiva é
necessário a satisfação dos seguintes requisitos:
1. Elemento Pessoal ou Elemento Patrimonial -» conjunto de pessoas e património
ou massa de bens (fundação)
2. Fim comum ou objetivo comum -» pode ser um fim egoístico ou altruístico,
visando lucro ou não (fundação -interesse social, sempre altruístico). Caráter
duradouro
3. Vontade de criar uma nova pessoa em sentido jurídico -» ato constitutivo ou
instituição de um novo organismo
4. Uma organização -» pessoa coletiva dotada de órgãos deliberativos (efeitos
internos) ou executivos/representativos (efeitos externos)
Preenchido todos estes elementos a nova Pessoa Coletiva pode ser reconhecida -»
caberá à administração pública o reconhecimento.
"a pessoa colectiva assim criada, não é, simplesmente, a soma das pessoas que formam o seus substrato, mas uma entidade nova, impulsionada pelo
fim comum (uma espécie de «alma coletiva») que se pretende realizar” - HEH/ESMS (411)

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numerus clausus
 Pessoas coletivas de direito privado
 Fundações – afeta uma massa de bens
 Corporações – agrupamento de pessoas

 Pessoas coletivas de direito público


 De População e Território -» Estado, Regiões Autónomas, Autarquias locais, serviços públicos
personalizados, institutos públicos (ex. Universidades públicas)

 Fim desinteressado ou altruístico – interesses sociais ou alheios (ex.: Fundações e pessoas


coletivas de interesse público)
 Fim interessado ou egoístico – fins próprios dos fundadores ou dos associados (ex.: empresa,
associação)
 Fins ideais, não económicos – prosseguem interesses desportivos, culturais, científicos, artísticos
 Fins económicos – obtenção de vantagem patrimonial

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"São pessoas colectivas de direito privado as que – por via de regra – resultaram de um acto autónomo-privado” - HEH/ESMS (416)

numerus clausus
 Pessoas coletivas de direito privado e utilidade privada ou utilidade particular
 Pessoas coletivas de direito privado e utilidade privada vocacionadas de utilidade pública
 Outras:
 Cooperativas
 Agrupamentos complementares de empresas
 Agrupamentos Europeus de interesse económico
 Organizações internacionais não governamentais

 Pessoas Coletivas de Direito Público


 Pessoas Coletivas de Direito Eclesiástico e demais igrejas e comunidades religiosas

Tipos legais tem elasticidade -» estatutos/contrato social

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 Com base no direito canónico - uma ordem jurídica diferente da portuguesa

 Respeitam às regras da organização religiosa da Igreja Católica (dioceses, paróquias


e outras jurisdições eclesiásticas ou outras pessoas jurídicas canónicas que a Igreja
pode criar conforme a Concordata de 18 de maio de 2004.
 Concordata – Portugal reconhece a Personalidade Jurídica da própria Igreja como
sujeito de direito internacional público.
 Reconhecimento da instituições da organização religiosa (conforme a personalidade
jurídica canónica) é feito com a notificação ao órgão competente do Estado
português. Em casos de outras pessoas jurídicas canónicas, a personalidade jurídica
só será reconhecido após inscrição no registo de pessoas jurídicas canónicas (registo
constitutivo).

"devido à sua subordinação a princípios, regras, participações ou mesmo intervenções oriundos de entidades ou hierarquias eclesiásticas, não
possuem a mesma autonomia ou não disfrutam de autonomia idêntica à das associações privadas” - HEH/ESMS (413)

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 Demais igrejas e comunidades religiosas – Lei da Liberdade Religiosa de 22 de
junho de 2021.
 Aquisição da personalidade jurídica pela inscrição no registo das pessoas coletivas
religiosas – DL n.º 134/2003 de 28 de junho

*Possível as pessoas coletivas privadas com fins religiosos, as associações e


fundações com fins religiosos adquirir personalidade jurídica conforme CC, sujeitando-
se às respetivas normas.

"Segundo esta lei as igrejas e as comunidades religiosas são comunidades sociais organizadas e duradouras, livres na sua organização, em que os
crentes podem realizar todos os duns religiosos que lhe são propostos pela respectiva confissão. Sendo livres na sua organização, gozam de
autonomia quanto à constituição e funcionamento dos seus órgãos e são livres no exercício das suas funções e do culto. Podem ainda exercer
actividades com fins não religiosos que sejam instrumentais ou complementares das suas funções religiosas” - HEH/ESMS (413)

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 O Estado e todos os organismos do tipo associativo ou na forma de instituto -»
conforme as regras de direito público, fazendo parte – direta ou indiretamente – da
organização estadual.
 Dificuldade em diferenciar Direito Privado do Direito Público é acentuada.
 Pessoas Coletivas de direito público prosseguem o interesse público.
"são pessoas colectivas de direito público aquelas cuja o substrato e personalidade forem criados por um acto do poder público (uma lei especial ou um
acto administrativo); são pessoas colectivas de direito privado aquelas cujo o substrato foi criado por um acto da autonomia privada (sendo o
reconhecimento, como não pode deixar de ser, sempre sujeito a interesses públicos gerais). Decisivo é assim, o acto criador do substrato” -
HEH/ESMS (415)

 Em alguns casos será necessário critérios auxiliares para fazer a distinção, por nem
sempre o critério de criação do substrato ser suficiente para distinguir a natureza
pública/privada da Pessoa Coletiva em causa.
 Assunção de iniciativa particular pela administração pública como tarefa sua
 Obrigatoriedade de inscrição nos organismos de tipo associativo ou atribuição do ius imperii à
entidade em causa.

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"Entendido num sentido lato, o conceito de pessoa colectiva abrange todas as formações, que,
não sendo pessoas singulares, possuem personalidade jurídica facè a ordem jurídica privada...
Em sentido restrito, porém, o conceito de pessoa colectiva abrange … apenas as mencionadas
no artigo 157.º CCiv, ou seja, as associações e as fundações” - HEH/ESMS (405-406)

1.Associações - Não têm por fim o lucro económico dos associados – 157.º

2.Fundações - visam interesses sociais – 157.º

3.Sociedades Comerciais – têm por objeto a prática de atos de comércio, visando


lucro – 1.º CSC
4.Sociedades Civis sob forma comercial – têm exclusivamente por objeto a prática
de atos não comerciais, mas também procurando lucro – 1.º n.º4 CSC
5.Sociedades Desportivas - constituídas por clubes desportivos, que têm por objetivo
participar em competições desportivas profissionais
6.Agrupamentos complementares de empresas – pessoas singulares ou coletivas
que se agrupam com a finalidade melhorar as condições de exercício ou de resultados
das suas atividades económicas – Reg. CEE n.º 2137/85 de 25 de julho | DL n.º 148/90
de 9 de maio
7.Cooperativas - através da cooperação e entreajuda dos membros alcançar a
satisfação, sem fins lucrativos, das necessidade económicas, sociais ou culturais – 2.º
CCoop.

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"São pessoas colectivas de direito privado as que – por via de regra – resultaram de um acto autónomo-privado” - HEH/ESMS (416)

 Regimes no CÓDIGO DAS SOCIEDADES COMERCIAIS, em que se verifica a diferença dos regimes conforme a
separação dos patrimónios (pessoa singular e da pessoal coletiva) e responsabilidade por dívidas:

Regime Fundamento Legal Património

Sociedade em nome coletivo 175.º n.º1 CSC Sócio responde individualmente pela sua entrada, e subsidiariamente pelas obrigações
sociais (solidariamente com os outros sócios)
Sociedade por quotas 197.º n.º1 e 3 CSC Sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas

Sociedade unipessoal 270.º-A n.º1 CSC Único sócio (pessoa singular ou pessoa coletiva) é titular da totalidade do capital social

Sociedade anónima 271.º CSC Capital é dividido em ações

Sociedade em comandita 271.º CSC Sócios Comanditários respondem pela sua entrada e os Sócios Comanditados respondem
pelas dívidas das sociedades nos mesmos termos que os scócios da sociedade em nome
coletivo

• Ato -» Contrato é celebrado por escrito particular com assinatura dos subscritores, reconhecida presencialmente (pode haver formas mais
solenes), em que a personalidade jurídica depende de um ato constitutivo que é o registo definitivo.
• Personalidade Jurídica -» "a partir da data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem, sem prejuízo do disposto quanto à
constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras" (5.º CSC).
• Capacidade -» "a capacidade da sociedade compreende os direitos e as obrigações necessários ou convenientes à prossecução do seu
fim, exceptuados aqueles que lhe sejam vedados por lei ou sejam inseparáveis da personalidade singular." (6.º n.º1 CSC)

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Pessoas coletivas de fim desinteressado ou altruístico (416.º ss Código
Administrativo)
Instituições de solidariedade social
Associações beneficentes humanitárias

Pessoas coletivas de fim interessado ou egoístico (coincidência entre


aspirações particulares e interesses gerais da comunidade)
Pessoas coletivas de fim ideal -» associações culturais ou recreativas
Ex.: preservação de património artístico, realizações científicas, desporto amador, cântico, etc.
Pessoas coletivas de fim económico não lucrativo -» não visam lucro mas possuem um fim
económico, isso é, buscam certas vantagens materiais ou profissionais para os associados
Ex: Associações profissionais (sindicais e patronais) ou associações de defesa do consumidor

DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA:


Condição diferente da meramente civil

"as «pessoas colectivas de utilidade pública» caracterizam-se fundamentalmente pelo aspecto de resultarem de uma distinção especial, conferida caso
a caso pela Admnistração, normalmente a pedido da própria pessoa interessada” - HEH/ESMS (419)

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LEI QUADRO DO ESTATUTO DE UTILIDADE PÚBLICA
Lei n.º 36/2021, de 14 de Junho
Artigo 2.º
Âmbito pessoal de aplicação
Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, a presente lei-quadro é aplicável:
a) Às pessoas coletivas que preencham os requisitos previstos na presente lei-quadro e a quem seja atribuído o estatuto de utilidade pública nos
termos do procedimento administrativo respetivo;
b) Às representações permanentes em Portugal de pessoas coletivas estrangeiras;
c) Às representações permanentes em Portugal de organizações internacionais que desenvolvam os seus fins em território nacional, sem prejuízo do
disposto pelo direito internacional aplicável.
Artigo 4.º
Fins de utilidade pública
1 - O estatuto de utilidade pública pode ser atribuído às pessoas coletivas que prossigam fins de interesse geral, regional ou local e que cooperem,
 Estatuto das colectividades de nesse âmbito, com a administração central, regional ou local.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se fins relevantes para atribuição do estatuto de utilidade pública:
utilidade pública - Decreto-Lei n.º a) Aqueles que se traduzam no benefício da sociedade em geral, ou de uma ou mais categorias de pessoas distintas dos seus associados, fundadores ou
cooperadores, ou de pessoas com eles relacionadas, e que se compreendam em algum dos setores referidos no número seguinte; ou
460/77 - Revogado b) No caso das associações e das cooperativas:
i) Aqueles que se traduzam primariamente, mas não exclusivamente, no benefício dos seus associados ou cooperadores, desde que estejam
compreendidos em algum dos setores referidos no número seguinte e se o número mínimo de associados ou de cooperadores determinado no artigo 7.º
 LEI QUADRO DO ESTATUTO se encontrar verificado;
ii) Aqueles que se traduzam no benefício dos seus associados ou cooperadores, quando estes sejam pessoas coletivas, e desde que a atividade dos seus
DE UTILIDADE PÚBLICA - Lei associados ou cooperadores esteja compreendida em algum dos setores referidos no número seguinte.
3 - As pessoas coletivas com estatuto de utilidade pública, na prossecução dos seus fins, devem atuar em algum dos seguintes setores:
n.º 36/2021, de 14 de Junho a) Histórico, artístico ou cultural;
b) Desporto;
c) Desenvolvimento local;
 Competência do Primeiro Ministro com faculdade de delegação d) Solidariedade social;
e) Ensino ou educação;
 Dois tipos de pessoas coletivas: f) Cidadania, igualdade e não discriminação, defesa dos direitos humanos ou apoio humanitário;
g) Juventude;
 Associações e Fundações que prossigam um dos fins
h) Cooperação para o desenvolvimento e educação para o desenvolvimento;
do 416.º CA (concessão de UP pode ser um ato direto
i) Saúde;
após a sua constituição)
j) Proteção de pessoas e bens, designadamente o socorro de feridos, doentes ou náufragos, e extinção de incêndios;
 Restantes associações e fundações que só podem ser k) Investigação científica, divulgação científica ou desenvolvimento tecnológico;
declaradas de utilidade pública depois de 3 anos de l) Empreendedorismo, inovação ou desenvolvimento económico e social;
efetivo e relevante funcionamento m) Emprego ou proteção da profissão;
n) Ambiente, património natural e qualidade de vida;
o) Bem-estar animal;
 A Declaração de UP implica:
p) Habitação e urbanismo;
 Regalias – 11.º da Lei n.º 36/2021 q) Proteção do consumidor;
 Deveres - 12.º da Lei n.º 36/2021 r) Proteção de crianças, jovens, idosos ou outras pessoas em situação de vulnerabilidade, física, psicológica, social ou económica;
s) Políticas de família.
4 - O estatuto de utilidade pública não pode ser atribuído a pessoas coletivas que, na prossecução dos seus fins, atuem
Concessão de Utilidade Pública predominantemente, ainda que não de forma exclusiva, em algum dos seguintes setores:
não tem relação com a aquisição a) Político-partidário, incluindo associações e movimentos políticos;
b) Sindical;
de Personalidade Jurídica! c) Religioso, de culto ou de crença, incluindo a divulgação de doutrinas e filosofias de vida

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Cooperativas
"As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de livre constituição, de capital e composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos seus
membros, com obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais
daqueles" - 2.º n.º1 do Código Cooperativo
Podem ser constituídas por escritura particular mas só adquirem personalidade jurídica com o registo (17.º CCoop.
Podem ter fins e características (4.º CCoop.) semelhantes às associações de direito privado e utilidade pública que prosseguem um fim económico não
lucrativo.
Aplica-se subsidiariamente a legislação referente às sociedade anónimas (9.º CCoop.)
*Podem ser criadas cooperativas de interesse público, com participação do Estado (6.º)

Agrupamentos complementares de empresas


Não tem a finalidade de realização e partilha de lucros, mas não são associações (tem fim lucrativo) nem sociedades (não tem como fim único regular o próprio
lucro). É semelhante as sociedades, estando previsto no DL n.º 430/73 de 25 de agosto, que indica que subsidiariamente aplica-se as disposições das
sociedades comerciais em nome coletivo)

Agrupamentos Europeus de interesse económico


Conforme o direito comunitário, facilitando ou desenvolvendo a atividade económica dos seus membros (3.º do Reg. CEE n.º2137/85 de 25 de junho).
Constituição através de um contrato e do seu registo.

Organizações internacionais não governamentais "ONG"


Associações ou fundações e outrasisntituições privadas que possuem um fim não lucrativo de utilidade internacional – nos domínios científicos, cultural,
caritativo, filantrópico, educacional e de saúde. Criada em um Estado membro, sendo reconhecido pelos demais (DL do Presidente da República n.º 44/91 de 6
de setembro)

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TEÓRICA
Aquisição de Personalidade Jurídica implica que a Pessoa Coletiva possui capacidade – 158.º + 160.º Artigo 158.º
Aquisição de personalidade
Relação semelhante ao 66.º n.º1 e 67.º do CC (pessoas singulares) ou 5.º e 6.º do CSC (sociedade comerciais). 1.As associações constituídas por
escritura pública ou por outro meio
legalmente admitido, que contenham
160.º - Capacidade de gozo quanto a titularidade de direitos e obrigações -» capacidade em função da finalidade que é a razão de ser da pessoa coletiva.
as especificações referidas no n.º 1
do artigo 167.º, gozam de
*Capacidade de gozo semelhante as de qualidade humana, podem suceder (2033.º n.º2 al. b), mas não podem casar, testar, abrir sucessão….Por isso a referência personalidade jurídica.
a uma capacidade de gozo específica (para as pessoas singulares uma capacidade de gozo genérica*) 2 - As fundações referidas no artigo
anterior adquirem personalidade
jurídica pelo reconhecimento, o qual
Há capacidades que a pessoa singular não tem -» fundir-se, cindir-se, aumentar e reduzir capital, etc. é individual e da competência da
autoridade administrativa.
Capacidade de gozo com 3 limites: Artigo 160.º
Capacidade
Direito e obrigações necessários ou convenientes à prossecução dos seus fins (nulidade dos atos que não correspondam aos fins) 1. A capacidade das pessoas
colectivas abrange todos os
Só compreende direitos e obrigações que não sejam vedadas por lei (12.º CRP, 160.º n.º2 CC, 6.º CSC)
direitos e obrigações necessários
Ex.: instituição de crédito não podem adquirir ou ser proprietárias de imóveis para além do necessário para as suas instalações | ou convenientes à prossecução
dos seus fins.
Só compreende direitos e obrigações que não sejam inseparáveis da personalidade singular (ex.: tem capacidade sucessória 2033.º n.º2 al. b) 2. Exceptuam-se os direitos e
obrigações vedados por lei ou
Capacidade de agir: Participação no tráfico jurídico negocial está regulado no 163.º em que refere que a representação que sejam inseparáveis da
personalidade singular.
em juízo ou fora dele cabe: Artigo 163.º
A quem os estatutos determinares (competência nata, "orgânica"-» representação próprios órgãos, pelo estatuto) Representação
1. A representação
Na falta de disposição estatutária, à administração (competência nata, "orgânica" -» representação pelos próprios órgãos, subsidiariamente pela lei) da pessoa colectiva, em juízo e
fora dele, cabe a quem os
A quem for designado pela administração (representação por ato especial de um órgão -» pessoa estranha nomeada | representação voluntária normal, estatutos determinarem ou,
por procuração) na falta de
disposição estatutária,
•Capacidade de gozo 160.º = 67.º, e capacidade de exercício 163.º = 130.º
à administração ou a quem por
ela for designado.
Representação através dos titulares dos órgãos -» regras do mandato 164.º n.º1* 2. A designação
de representantes por parte da
“As pessoas coletivas não têm consciência nem vontades próprias como as pessoas humanas. A formação e a expressão da vontade funcional necessita do suporte de administração só é oponível
órgãos. Estes órgãos têm titulares que acabam por ser pessoas humanas. Mesmo quando o titular do órgão social é também uma pessoa coletiva, há sempre uma ou a terceiros quando se prove que
mais pessoas humanas que, mais próxima ou mais remotamente, suportam os processos de formação e expressão da vontade funcional das pessoas coletivas” – estes a conheciam.
PPV/PLPV (168)
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Artigo 164.º
Responsabilidade contratual da Pessoa Coletiva : Obrigações e responsabilidade dos titulares
Representantes orgânicos -» surge com o 163.º | 768.ºss e 798.º ss dos órgãos da pessoa colectiva
1. As obrigações e a responsabilidade dos
Representantes voluntários -» surge com o 258.º para conclusão de um negócio jurídico | 800.º cumprimento titulares dos órgãos das pessoas colectivas para
com estas são definidas nos respectivos
de obrigação estatutos, aplicando-se, na falta de disposições
estatutárias, as regras do mandato, com as
necessárias adaptações.
Titulares dos órgãos representativos ou externos representam a Pessoa Coletiva no tráfico jurídico, 2. Os membros dos corpos gerentes não podem
abster-se de votar nas deliberações tomadas em
portanto, precisam possuir plena capacidade negocial de exercício. reuniões a que estejam presentes, e são
responsáveis pelos prejuízos delas decorrentes,
salvo se houverem manifestado a sua
discordância.
--» os incapazes (menores ou maiores acompanhados a depender do conteúdo da sentença) não podem ser Artigo 165.º
instituídos nestas funções, caso contrário não há representação orgânica eficaz perante terceiros. Responsabilidade Civil das pessoas colectivas
As pessoas colectivas respondem civilmente
pelos actos ou omissões dos seus
representantes, agentes ou mandatários nos
Caso de representação voluntária, como pessoa singular externa da pessoa coletiva, a sua capacidade rege-se mesmos termos em que os comitentes
respondem pelos actos ou omissões dos seus
conforme 263.º "O procurador não necessita de ter mais do que a capacidade de entender e querer exigida pela comissários.
natureza do negócio que haja de efectuar" Artigo 500.º
Responsabilidade do Comitente
1. Aquele que encarrega outrem de qualquer
Responsabilidade Contratual e Extracontratual perante terceiros(165.º | 500.º) comissão responde, independentemente de
culpa, pelos danos que o comissário causar,
desde que sobre este recaia também a
obrigação de indemnizar.
 Responsabilidade Criminal 2. A responsabilidade do comitente só existe se
o facto danoso for praticado pelo comissário,
 Responsabilidade dos titulares dos órgãos das pessoas coletivas -» Sociedades ainda que intencionalmente ou contra as
instruções daquele, no exercício da função que
Comerciais -» 72.º ss CRC (desconsideração da personalidade coletiva lhe foi confiada.
3. O comitente que satisfizer a indemnização
tem o direito de exigir do comissário o
reembolso de tudo quanto haja pago, excepto
se houver também culpa da sua parte; neste
caso será aplicável o disposto no n.º 2 do artigo
497.
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Artigo 159.º
Sede
A sede da pessoa colectiva é a que os respectivos estatutos fixarem ou, na falta de

 Domicílio:
designação estatutária, o lugar em que funciona normalmente a administração
principal.
Artigo 33.º
Pessoas Colectivas
É a sede - designação da sede é obrigatória - 167.º n.º 1. A pessoa colectiva tem como lei pessoal a lei do Estado onde se encontra situada a
(associações) e 186.º n.º (Fundações) sede principal e efectiva da sua administração.
2. À lei pessoal compete especialmente regular: a capacidade da pessoa colectiva; a
constituição, funcionamento e competência dos seus órgãos; os modos de aquisição e
 Nacionalidade: perda da qualidade de associado e os correspondentes direitos e deveres; a
responsabilidade da pessoa colectiva, bem como a dos respectivos órgãos e membros,
perante terceiros; a transformação, dissolução e extinção da pessoa colectiva.
Lei pessoal é a Lei do Estado onde está a sede principal, não é a Lei 3. A transferência, de um Estado para outro, da sede da pessoa colectiva não
extingue a personalidade jurídica desta, se nisso convierem as leis de uma e outra
do Estado na qual ela se constituiu. sede.
4. A fusão de entidades com lei pessoal diferente é apreciada em face de ambas as

 Extinção: leis pessoais.

Artigo 166.º
Disposição especifica para extinção da Associação (182.ºss) e Destino dos bens em caso de extinção
1 - Extinta a pessoa coletiva, se existirem bens que lhe tenham sido doados ou
Fundação (192.ºss), mas possui uma disposição aplicável a ambas deixados com qualquer encargo ou que estejam afetados a um certo fim, o tribunal, a
requerimento do Ministério Público, dos liquidatários, de qualquer associado ou
no que refere o destino dos bens em caso de extinção. interessado, ou ainda de herdeiros do doador ou do autor da deixa testamentária,
atribui-los-á, com o mesmo encargo ou afetação, a outra pessoa coletiva.
2 - Os bens não abrangidos pelo número anterior têm o destino que lhes for fixado
pelos estatutos ou por deliberação dos associados, sem prejuízo do disposto em leis
especiais; na falta de fixação ou de lei especial, o tribunal, a requerimento do Ministério
Público, dos liquidatários ou de qualquer associado ou interessado, determinará que
sejam atribuídos a outra pessoa coletiva ou ao Estado, assegurando, tanto quanto
possível, a realização dos fins da pessoa extinta.

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 Classificação não é conforme o substrato (4 elementos), mas sim o escopo/fim
"O artigo 157.º abrange pessoas colectivas tanto de tipo corporativo (= as associações) como de índole patrimonial (= as fundações
Artigo 157.º
de interesse social), mas exclui, dado o seu fim lucrativo as sociedade” - HEH/ESMS (427) Campo de
Aquisição da Personalidade Jurídica aplicação
Pelo reconhecimento normativo ou individual/por concessão – 158.º As disposições do
ASSOCIAÇÃO: "escritura pública ou por outro meio legalmente admitido... especificações referidas no n.º1 do artigo 167.º" (n.º1)
presente capítulo
são aplicáveis às
FUNDAÇÃO: "reconhecimento, o qual é individual e da competência da autoridade administrativa" (n.º2)
associações que
Mais do que o respetivo substrato (Elemento Pessoal ou Elemento Patrimonial | Fim comum ou objetivo comum | Vontade de criar uma nova pessoa em
não tenham por
sentido jurídico | Uma organização) o reconhecimento só ocorre se estiver organizada (com os respetivos órgãos - de administração e de fiscalização) e
fim o lucro
regulada por ato escrito e que possa ser dado publicidade – 162.º económico dos
associados, às
Os órgãos indicados no 162.º (de administração e fiscalização) integram a organização da pessoa coletiva. fundações de
interesse social, e
Os poderes e deveres dos órgãos são exercidos por pessoas singulares, que são os titulares destes órgãos -» há relação jurídica entre a pessoa coletiva e os ainda às
titulares desses órgãos (ex.: contrato de prestação de serviços) sociedades,
quando a
Classificações dos órgãos: analogia das
órgãos colegiais: vários titulares (caso do órgão de administração) situações o
órgãos singulares: pode ser constituído por uma única pessoa (caso do órgão de fiscalização que pode ser composto por uma única pessoa) justifique.
órgãos consultivos:
órgãos ativos:
Órgãos deliberativos: voltados para o interior da pessoa coletiva
Órgãos representativos: atuam para o exterior da pessoa coletiva
Obrigações e Responsabilidades dos órgãos:
 164.º n.º1 - são definidas nos estatutos (na falta segue as regras dos mandatos 1161.º ss)
 Pessoa Coletiva responde perante terceiros pelos atos dos titulares dos seus órgãos

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A constituição da associação é um negócio jurídico plurilateral.

Todos os intervenientes precisam ter capacidade de exercício para intervir no ato de constituição, sendo realizada normalmente por escritura
pública (168.º n.º1 | "Associação na Hora" Lei n.º 49/2007), a qual, sob pena de nulidade (294.º), deve especificar (167.º n.º1) os seguintes elementos:
Bens/Serviços com que os associados concorrem para o património social
Artigo 167.º
Denominação social (72.º n.º2) Acto de constituição e estatutos
1. O acto de constituição da associação especificará os bens ou serviços com que os associados
Seu fim (158.º-A e 280.º) concorrem para o património social, a denominação, fim e sede da pessoa colectiva, a forma do seu
funcionamento, assim como a sua duração, quando a associação se não constitua por tempo
Sua sede (pode ser um lugar diferente do local em ocorre a administração efetiva) indeterminado.
2. Os estatutos podem especificar ainda os direitos e obrigações dos associados, as condições da sua
Forma de funcionamento admissão, saída e exclusão, bem como os termos da extinção da pessoa colectiva e consequente
devolução do seu património.
Duração (se não for constituída por tempo indeterminado) Artigo 168.º
Forma e Comunicação
Nos estatutos podem especificar sobre: 1. O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações devem constar de escritura
pública, sem prejuízo do disposto em lei especial.
Direitos e obrigações dos associados, 2. O notário, a expensas da associação, promove de imediato a publicação da constituição e dos
estatutos, bem como as alterações destes, nos termos legalmente previstos para os actos das
Condições de admissão, saída e exclusão de associados
sociedades comerciais.
Termos da extinção da associação 3 - O ato de constituição, os estatutos e as suas alterações não produzem efeitos em relação a
terceiros, enquanto não forem publicados nos termos do número anterior.
Consequente devolução do património

Ato de Constituição e os Estatutos são dois elementos essenciais (167.º), mas que podem ser apresentados em um único documento notarial.

Constituída a Associação -» Adquire Personalidade Jurídica (reconhecimento normativo), cabendo ao notário informar ao Ministério Púbico
(efeitos do 158.º-A – em caso de inobservância há uma nulidade 294.º/220.º, portanto, não adquire a personalidade jurídica)

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https://publicacoes.mj.pt/Index.aspx

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Artigo 162º
Órgãos
Os estatutos da pessoa coletiva designam os
respetivos órgãos, entre os quais um órgão colegial de
 Organização (órgãos) e o funcionamento (poderes) - ESTATUTO 162.º administração constituído por um número ímpar de
titulares, dos quais um será o presidente, e um órgão
 Mínimo de 2 órgãos - Administração (colegial) e Fiscalização (singular ou de fiscalização, que pode ser constituído por um fiscal
único ou por um número ímpar de titulares, dos quais
colegial) – 162.º um será o presidente.
Artigo 163.º
 Órgãos de Administração – dupla função Representação
1. A representação da pessoa colectiva, em juízo e
 Interna – 164.º n.º2 fora dele, cabe a quem os estatutos determinarem ou,
na falta de disposição estatutária, à administração ou a
 Externa – 163.º n.º1 quem por ela for designado.
2. A designação de representantes por parte da
 Titulares dos órgãos são eleitos pela Assembleia Geral (170.º n.º) administração só é oponível a terceiros quando se
prove que estes a conheciam.
Artigo 164.º
Obrigações e responsabilidade dos titulares dos

Ato de eleição/nomeação (titularidade) ≠ Ato obrigacional, ou seja, os direitos órgãos da pessoa colectiva
1 . As obrigações e a responsabilidade dos titulares

contratuais (relação obrigacional entre a associação e o titular do órgão) dos órgãos das pessoas colectivas para com estas são
definidas nos respectivos estatutos, aplicando-se, na
falta de disposições estatutárias, as regras do
mandato, com as necessárias adaptações.
2. Os membros dos corpos gerentes não podem
Titulares dos órgãos possuem uma relação orgânica e a relação obrigacional abster-se de votar nas deliberações tomadas em
reuniões a que estejam presentes, e são responsáveis
(se não houver disposições, aplica-se as regras do mandato 163.º n.º1) pelos prejuízos delas decorrentes, salvo se houverem
manifestado a sua discordância.
Artigo 170.º
Titulares dos órgãos da associação e revogação
Funções dos titulares dos órgãos é livremente revogável mas não afeta os dos seus poderes
1. É a assembleia geral que elege os titulares dos
direitos obrigacionais fundados no ato de constituição (170.º n.º2). órgãos da associação, sempre que os estatutos não
estabeleçam outro processo de escolha.
2. As funções dos titulares eleitos ou designados são
revogáveis, mas a revogação não prejudica os direitos
fundados no acto de constituição.
3. O direito de revogação pode ser condicionado pelos
estatutos à existência de justa causa.
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Artigo 171.º
Convocação e funcionamento do órgão
da administração e do conselho fiscal
1. O órgão da administração e o conselho
Deliberações dos órgãos --» os órgãos (Administração, Fiscalização ou outros) só podem deliberar fiscal são convocados pelos respectivos
presidentes e só podem deliberar com a
com a presença da maioria dos seus titulares sendo considerada a maioria de votos dos presentes presença da maioria dos seus titulares.
2. Salvo disposição legal ou estatutária
(presidente com voto de qualidade em caso de empate) – 171.º n.º2 (pode haver regime diferente nos em contrário, as deliberações são tomadas
por maioria de votos dos titulares
Estatutos) presentes, tendo o presidente, além do
seu voto, direito a voto de desempate.
As decisões que não forem de competência legal nem estatutária de outros órgãos pertencem à Artigo 172.º
Assembleia Geral (172.º n.º1) Competência da assembleia geral
1 . Competem à assembleia geral todas as
deliberações não compreendidas nas
atribuições legais ou estatutárias de
Presume-se que cabe a Assembleia Geral tudo o que não estiver atribuído para outros órgãos, assim outros órgãos da pessoa colectiva.
2. São, necessariamente, da competência
como há deliberações que cabem somente a Assembleia Geral: da assembleia geral a destituição dos
titulares dos órgãos da associação, a
1. Eleição dos titulares dos órgãos da associação (170.º n.º1) aprovação do balanço, a alteração dos
2. Destituição dos titulares dos órgãos estatutos, a extinção da associação e a
autorização para esta demandar os
3. Aprovação do balanço (173.º n.º1 última parte) administradores por factos praticados no
exercício do cargo.
4. Alteração dos estatutos Artigo 173.º
Convocação da assembleia
5. A extinção da associação 1. A assembleia geral deve ser convocada
pela administração nas circunstâncias
6. Autorização para demandar os administradores (164.º n.º1 e 2, 165.º e 500.º n.º3) por factos fixadas pelos estatutos e, em qualquer
praticados no exercício do cargo (172.º n.º2) caso, uma vez em cada ano para
aprovação do balanço.
2. A assembleia será ainda convocada
“a assembleia geral é o órgão formador da vontade da associação”- HEH/ESMS (442) sempre que a convocação seja requerida,
com um fim legítimo, por um conjunto de
associados não inferior à quinta parte da
Assembleia Geral é convocada: sua totalidade, se outro número não for
estabelecido nos estatutos.
1. Pela administração (173.º n.º1 e 174.º n.º2) 3. Se a administração não convocar a
2. Por um conjunto de associado que não seja inferior 1/5 que tenha um legítimo (ou número assembleia nos casos em que deve fazê-lo,
a qualquer associado é lícito efectuar a
estabelecido pelos estatutos – 173.º n.º2) convocação

3. Qualquer associado caso a administração não convocar, quando o deveria ter feito.
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Artigo 174.º
Forma da convocação
1. A assembleia geral é convocada por meio de aviso postal, expedido
para cada um dos associados com a antecedência mínima de oito dias;
no aviso indicar-se-á o dia, hora e local da reunião e a respectiva
ordem do dia.
A Assembleia Geral deve ser convocada na forma do 174.º 2. É dispensada a expedição do aviso postal referido no número
anterior sempre que os estatutos prevejam a convocação da
assembleia geral mediante publicação do respectivo aviso nos termos
legalmente previstos para os actos das sociedades comerciais.
Para garantir o regular funcionamento: 3. São anuláveis as deliberações tomadas sobre matéria estranha à
 Por carta ordem do dia, salvo se todos os associados compareceram à reunião e
todos concordaram com o aditamento.
 8 dias úteis de antecedência 4. A comparência de todos os associados sanciona quaisquer
irregularidades da convocação, desde que nenhum deles se oponha à
realização da assembleia

Deliberações conforme 175.º: Artigo 175.º


Funcionamento
 Deliberações somente se houver metade dos associados presentes 1. A assembleia não pode deliberar, em primeira convocação, sem a
presença de metade, pelo menos, dos seus associados.
 Maioria absoluta dos presentes 2. Salvo o disposto nos números seguintes, as deliberações são
 ¾ dos votos presentes em caso de alteração dos estatutos tomadas por maioria absoluta de votos dos associados presentes.
3. As deliberações sobre alterações dos estatutos exigem o voto
 ¾ dos votos de todos os associados em caso de dissolução ou prorrogação da favorável de três quartos do número dos associados presentes.
pessoa coletiva 4. As deliberações sobre a dissolução ou prorrogação da pessoa
colectiva requerem o voto favorável de três quartos do número de
 Estatutos podem exigir número superiores todos os associados.
5. Os estatutos podem exigir um número de votos superior ao fixado
 Vinculação das deliberações ainda que por quem não participe nas regras anteriores.

 Contrárias à lei ou aos estatutos são anuláveis (174.º n.º3, 176.º n.º2 e Artigo 177.º
Deliberações contrárias `lei ou aos estatutos
177.º) – por qualquer associado pode requerer, como medida cautelar, a As deliberações da assembleia geral contrárias à lei ou aos estatutos,
seja pelo seu objecto, seja por virtude de irregularidades havidas na
suspensão da respetiva deliberação (380.º, 381.º CPC) convocação dos associados ou no funcionamento da assembleia, são
anuláveis
Artigo 178.º
Anulabilidade Regime da anulabilidade
1. A anulabilidade prevista nos artigos anteriores pode ser arguida,
 Prazo: 6 meses (178.º) dentro do prazo de seis meses, pelo órgão da administração ou por
qualquer associado que não tenha votado a deliberação.
 Terceiro: não prejudica direito terceiro de boa fé (estranho à associação) haja 2. Tratando-se de associado que não foi convocado regularmente para
adquirido em execução das deliberações anuladas (179.º) a reunião da assembleia, o prazo só começa a correr a partir da data
em que ele teve conhecimento da deliberação.
Artigo 179.º
Proteção de direitos de terceiro
A anulação das deliberações da assembleia não prejudica os direitos
que terceiro de boa fé haja adquirido em execução das deliberações
anuladas

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Artigo 176.º
Privação do direito de voto
1. . O associado não pode votar, por si ou como
 Quem faz parte da Associação? representante de outrem, nas matérias em que haja
- Núcleo fundador conflito de interesses entre a associação e ele, seu
cônjuge, ascendentes ou descendentes.
- Que seja admitido
2. As deliberações tomadas com infracção do disposto
no número anterior são anuláveis, se o voto do
 Não existe número mínimo de associados (nem na fase de constituição, nem depois) associado impedido for essencial à existência da
Pelo 182.º n.º1 al. d) poderia ser só um? maioria necessária.
Mas e o 167.º n.º1 que requerer maioria (2 não tem maioria)
Há a necessidade de pelo menos dois órgãos, onde um fiscaliza o outro. Artigo 180.º
Natureza pessoal da qualidade de associado
Tem que ser pelo menos 4 (três mais um) Salvo disposição estatutária em contrário, a qualidade
 Para filiar na associação: de associado não é transmissível, quer por acto entre
- Maior vivos, quer por sucessão; o associado não pode
- Menor somente se estiver na exceção do 127.º n.º1 al. c) incumbir outrem de exercer os seus direitos pessoais.
Artigo 181.º
 Qualidade de associado: Efeitos da saída ou exclusão
 Natureza pessoal (não pode ser transmitida – salvo disposição estatutária em contrário) O associado que por qualquer forma deixar de
pertencer à associação não tem o direito de repetir as
 Não pode incumbir outro de exercer os seus direitos pessoais – 180.º quotizações que haja pago e perde o direito ao
 Direitos pessoais dos associados - Ser eleito | Exercício das funções património social, sem prejuízo da sua
responsabilidade por todas as prestações relativas ao
 Direito de voto pode ser exercido por outro associado (como representante) – 176.º n.º1 tempo em que foi membro da associação.

 Não pode votar:


 Matérias que haja um conflito de interesses entre ele, seu cônjuge, ascendentes, descendentes.. (participa das discussões mas
não da deliberação) – 176.º
 Voto será anulável – 176.º n.º2

 Deixa de ser associado:


 Com a saída ou exclusão – 181.º
 Estatutos podem prever situações - 167.º n.º2

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Artigo 182.º
Causas de extinção
1. As associações extinguem-se:
a) Por deliberação da assembleia geral;
b) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constituídas
 Causas extintivas – 182.º: temporariamente;
c) Pela verificação de qualquer outra causa extintiva prevista no
 Relacionada ao substrato (n.º1) – deixa de existir acto de constituição ou nos estatutos;
d) Pelo falecimento ou desaparecimento de todos os associados;
e) Por decisão judicial que declare a sua insolvência.
(Elemento Pessoal ou Elemento Patrimonial ou Elemento Teológico) 2. As associações extinguem-se ainda por decisão judicial:
a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado
*Insolvência: sinal inequívoco de que a associação já não possui vitalidade, mas a simples falta de impossível;
património não é suficiente para levar à extinção. b) Quando o seu fim real não coincida com o fim expresso no acto
de constituição ou nos estatutos;

 Relacionadas com o fim da associação (n.º2) c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios
ilícitos ou imorais;
d) Quando a sua existência se torne contrária à ordem pública.
Artigo 183.º
Natureza pessoal da qualidade de associado

 Declaração de Extinção:
1. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo
anterior, a extinção só se produzirá se, nos trinta dias
subsequentes à data em que devia operar-se, a assembleia geral
 Casos do 182.º n.º2 não decidir a prorrogação da associação ou a modificação dos
estatutos.
 Pedida ao MP (183.º n.º 3) 2. Nos casos previstos no n.º 2 do artigo precedente, a declaração
da extinção pode ser pedida em juízo pelo Ministério Público ou

 Casos do 182.º n.º1 als. b) e c):


por qualquer interessado.
3. A extinção por virtude da declaração de insolvência dá-se em
consequência da própria declaração.
 Assembleia Geral pode decidir nos casos (continuação 183.º n.º1 | extinção 184.º) Artigo 184.º
Efeitos da saída ou exclusão
1. Extinta a associação, os poderes dos seus órgãos ficam
limitados à prática dos actos meramente conservatórios e dos
necessários, quer à liquidação do património social, quer à
 Associação não desaparece com a decisão, é necessário passar pela ultimação dos negócios pendentes; pelos actos restantes e pelos
danos que deles advenham à associação respondem

liquidação solidariamente os administradores que os praticarem.


2. Pelas obrigações que os administradores contraírem, a
associação só responde perante terceiros se estes estavam de boa
fé e à extinção não tiver sido dada a devida publicidade.

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Conteúdo e interpretação dos estatutos
Estatutos:
 a organização da associação
 aspetos da vida associativa
 aspetos disciplinares

1.º Fase -» Constituição/Fundação


Associados fundadores
2.º Fase -» Estatutos, Associados
Associados podem alterar os Estatutos - autonomização entre os estatutos e a vontade dos
associados primitivos

Associação e Associados, onde as entradas e saídas destes últimos não influenciam na existência
da associação
“os estatutos vão adquirindo um conteúdo normativo objectivo: trata-se de normas estabelecidas por via negocial, a que os associados se sujeitam por
meio de um acto autónomo-privado. Por estas razões explica-se que a interpretação dos estatutos deve obedecer progressivamente a critérios
objectivos, ou seja, uma interpretação normativa, em que já não se procura captar a vontade dos associados fundadores, deixando-se de parte os
elementos subjectivos da fase da constituição” - HEH/ESMS (445)

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 Identificar a associação - órgão, a deliberação ter
mínimo de votos, contagem de votos, validade em
O Presidente da mesa da
assembleia geral da si da deliberação.
associação XPTO para
 *Presidente pode convocar a Assembleia Geral?
deliberar sobre os seguintes
assuntos: 173.º
1 - Alteração da designação Quando é uma convocação válida? 174.º
para XYZ
2 - Alienação de um imóvel
Quando pode iniciar a deliberação? 174.º*
3 - Atribuição ao conselho  1) Alteração do nome
fiscal para demandar
judicialmente os titulares dos 175.º n.º3 e 167.º, ¾ de 200 é 90, teve 70 votos -»
órgãos da associação
4 - o alargamento do prazo de
Deliberação não pode ser conhecida
duração de 10 a 15 anos  2) Alienação do imóvel
Dos 200 associados, no inicio 175.º n.º2 é necessário 61 voto (maioria presente),
da Assembleia Geral estavam
presente 120.
teve 80 votos, é conhecida.
 3)Atribuição do conselho fiscal
-Votação favorável de 70 para
a primeira deliberação, 80 na Não é passível, contraria a lei 175.º n.º2 e177.º
segunda, 120 na terceira, e
 4) Sobre alargamento do prazo de duração
120 na quarta.
175.º n.º4, é necessário ¾ dos 200, teve 120.
PRÁTICA
“as fundações como pessoas colectivas, sem fim lucrativo, dotadas de um património suficiente e irrevogavelmente
afetado à prossecução de um fim de interesse social. São considerados fins de interesse social aqueles que se
traduzem no benefício de uma ou mais categorias de pessoas distintas do fundador, seus parentes e afins, ou de
pessoas ou entidades ligadas por relações de amizade ou de negócios” - HEH/ESMS (447)

 Fundações de interesse social estão regulamentadas pela Lei-Quadro das Fundações n.º 24/2012 de 09 de julho e a
Artigo 185.º
partir do 185.º do CC. Instituição e sua revogação
1 - As fundações visam a prossecução de fins de interesse social, podendo ser instituídas por ato
entre vivos ou por testamento.
 É um negócio jurídico unilateral, podendo ser: 2 - A instituição por atos entre vivos deve constar de escritura pública, salvo o disposto em lei
 Ato entre vivos – escritura pública salvo disposição em lei, sendo irrevogável logo que seja requerido ou que inicie o processo especial, e torna-se irrevogável logo que seja requerido o reconhecimento ou principie o respetivo
processo oficioso.
oficioso – 185.º n.º2, 1.ª parte 3. Aos herdeiros do instituidor não é permitido revogar a instituição, sem prejuízo do disposto
 Testamento – é irrevogável pelos herdeiros do testador se observada o disposto acerca da sucessão legitimária- 185.º n.º3, acerca da sucessão legitimária.
4 - O ato de instituição, bem como os seus estatutos e suas alterações devem ser publicitados nos
2204.º termos legalmente previstos para as sociedades comerciais, não produzindo efeitos em relação a
terceiros enquanto não o forem.
Artigo 186.º
 No ato da instituição -» indicar o fim da fundação e especificar os bens que lhe são destinados (186.º n.º1) Actos de instituição e estatutos
1. No acto de instituição deve o instituidor indicar o fim da fundação e especificar os bens que lhe
são destinados.
 São apenas dois elementos essências para o reconhecimento (que já configura a aceitação dos bens) : 2 - No ato de instituição ou nos estatutos deve o instituidor providenciar ainda sobre a sede,
 Interesse social do fim (escopo) – 188.º n.º3 al. a) se não for verificado não é reconhecido (ato discricionário da administração) organização e funcionamento da fundação, regular os termos da sua transformação ou extinção e
fixar o destino dos respetivos bens.
 Suficiência dos bens afetados à fundação com vista à prossecução daquele fim (substrato patrimonial) – 183.º n.º3 al. b) se o Artigo 188.º
Reconhecimento
património for insuficiente também não será reconhecida (critério objetivos 1 - O reconhecimento deve ser requerido pelo instituidor, seus herdeiros ou executores
*Se não houver reconhecimento, a instituição fica sem efeito. No caso de o instituidor já houver falecido os bens são entregues a testamentários, no prazo máximo de 180 dias a contar da data da instituição da fundação, ou ser
oficiosamente promovido pela entidade competente.
uma coletividade com fins análogos (185.º n.º5), salvo disposição em contrário do próprio fundador. 2 - O reconhecimento importa a aquisição, pela fundação, dos bens e direitos que o ato de
instituição lhe atribui.
3 - O reconhecimento pode ser negado:
 Reconhecimento requerido pelo instituidor, pelos seus herdeiros ou executores testamentários: a) Se os fins da fundação não forem considerados de interesse social pela entidade competente,
 180 dias a contar da data da instituição da fundação designadamente se aproveitarem ao instituidor ou sua família ou a um universo restrito de
beneficiários com eles relacionados;
 Oficiosamente promovido pela autoridade competente (188.º n.º1) b) Se o património afetado for insuficiente ou inadequado, designadamente se estiver onerado
com encargos que comprometam a realização dos fins estatutários ou se não gerar rendimentos
suficientes para garantir a realização daqueles fins;
c) Se os estatutos apresentarem alguma desconformidade com a lei.
4 - A entidade competente para o reconhecimento promove a publicação no jornal oficial da
decisão de reconhecimento ou da sua recusa.
5. Negado o reconhecimento por insuficiência do património, fica a instituição sem efeito, se o
instituidor for vivo; mas, se já houver falecido, serão os bens entregues a uma associação ou
fundação de fins análogos, que a entidade competente designar, salvo disposição do instituidor em
contrário.
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Artigo 186.º
Actos de instituição e estatutos
1. No acto de instituição deve o instituidor indicar o fim da fundação e especificar os bens
que lhe são destinados.
2 - No ato de instituição ou nos estatutos deve o instituidor providenciar ainda sobre a
sede, organização e funcionamento da fundação, regular os termos da sua transformação ou
extinção e fixar o destino dos respetivos bens.
Artigo 187.º
Estatutos lavrados por pessoa diversa do instituidor
1.Na falta de estatutos lavrados pelo instituidor ou na insuficiência deles, constando a
 Elaboração dos estatutos -» pelo instituidor (186.º n.º2) instituição de testamento, é aos executores deste que compete elaborá-los ou completá-los.
2. A elaboração total ou parcial dos estatutos incumbe à própria autoridade competente
para o reconhecimento da fundação, quando o instituidor os não tenha feito e a instituição
Na sua falta ou insuficiência podem ser lavrados por outrem (187.º)* considerando a não conste de testamento, ou quando os executores testamentários os não lavrem dentro do
ano posterior à abertura da sucessão.
vontade real ou presumível do fundador (afastada nos casos de ser prejudicial 191.º n.º1) 3. Na elaboração dos estatutos ter-se-á em conta, na medida do possível, a vontade real ou
presumível do fundador.

Cabe a autoridade competente o reconhecimento de poderes de Artigo 189.º


Modificação dos estatutos
O s estatutos da fundarão podem a todo o tempo ser modificados pela autoridade

modificação nos limites do 189.º competente para o reconhecimento, sob proposta da respectiva administração, contanto que
não haja alteração essencial do fim da instituição e se não contrarie a vontade do fundador.
Artigo 190.º
Transformação
1 - Ouvida a administração, e também o fundador, se for vivo, a entidade competente para o
reconhecimento pode ampliar o fim da fundação, sempre que a rentabilização social dos

Instituição, os estatutos e as alterações deve ser publicada nos meios disponíveis o aconselhe.
2 - A mesma entidade pode ainda, após as audições previstas no número anterior, atribuir à
fundação um fim diferente:

termos legalmente previstos para as sociedades comerciais a) Quando tiver sido inteiramente preenchido o fim para que foi instituída ou este se tiver
tornado impossível;
b) Quando o fim da instituição deixar de revestir interesse social;

(167.º CSC) sob pena de não produzirem efeitos em relação a c) Quando o património se tornar insuficiente para a realização do fim previsto.
3. O novo fim deve aproximar-se, no que for possível, do fim fixado pelo fundador.
4 - Não há lugar à mudança do fim, se o ato de instituição o proibir ou prescrever a extinção

terceiros (185.º n.º4). da fundação.


Artigo 191.º
Encargo prejudicial aos fins da fundação
1 Estando o património da fundação onerado com encargos cujo cumprimento impossibilite
ou dificulte gravemente o preenchimento do fim institucional, pode a entidade competente
para o reconhecimento, sob proposta da administração, suprimir, reduzir ou comutar esses
Fundações só podem aceitar heranças a benefício do inventário (191.º n.º3) encargos, ouvido o fundador, se for vivo.
2. Se, porém, o encargo tiver sido motivo essencial da instituição, pode a mesma entidade
considerar o seu cumprimento como fim da fundação, ou incorporar a fundação noutra
pessoa colectiva capaz de satisfazer o encargo à custa do património incorporado, sem
prejuízo dos seus próprios fins.
3 - As fundações só podem aceitar heranças a benefício de inventário.

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Artigo 192.º
Causas de extinção
1. As fundações extinguem-se:
a) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constituídas
temporariamente;
b) Pela verificação de qualquer outra causa extintiva prevista
no acto de instituição;
c) Com o encerramento do processo de insolvência, se não for
Quando o fim originário se realize: admissível a continuidade da fundação.
2. As fundações podem ainda ser extintas pela entidade
competente para o reconhecimento:
 Poderá ser transformada - 190.º n.º2 al. a) a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado
impossível;
 Extinção caso no ato da instituição disponha – 190.º n.º4 – (*vontade do fundador
b) Quando as atividades desenvolvidas demonstrem que o fim
real não coincide com o fim previsto no ato de instituição;
c) Quando não tiverem desenvolvido qualquer atividade
é respeitada) relevante nos três anos precedentes.
3 - As fundações podem ainda ser extintas por decisão
judicial, em ação intentada pelo Ministério Público ou pela
entidade competente para o reconhecimento:
 Causas de extinção – 192.º: a) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por
meios ilícitos ou imorais;
b) Quando a sua existência se torne contrária à ordem
pública.
Artigo 193.º
Declaração da extinção
1. Declaração de extinção pela autoridade competente para o 1 - Quando ocorra alguma das causas extintivas previstas no
n.º 1 do artigo anterior, a administração da fundação
reconhecimento – 193.º comunica o facto à entidade competente para o
reconhecimento, a fim de esta declarar a extinção.
2 - A declaração de extinção proferida pela entidade
2. É publicitada - 188.º n.º4 competente para o reconhecimento é publicitada nos termos
previstos no n.º 4 do artigo 188.º
Artigo 194.º
3. Fase da liquidação – 194.º, 184.º Efeitos da extinção
1- A extinção da fundação desencadeia a abertura do processo
de liquidação do seu património, competindo à entidade
competente para o reconhecimento tomar as providências que
julgue convenientes.
2 - Na falta de providências especiais em contrário, é
aplicável o disposto no artigo 184.º

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 Estão entre as pessoas singulares e as pessoas coletivas:
 As associações sem personalidade jurídica – 195.º a 198.º
 As comissões especiais – 199.º a 201.º-A
 Sociedades civis – 980.º

Visa lucro
 Características comuns:
 Vinculação pessoal entre os membros e o substrato
 Tem separação (embora imperfeita) do património entre membros e a coletividade (305.º e 306.º)
 Falta personalidade jurídica perante o direito privado

*Sociedades civis -» instituto jurídico do direito das obrigações (dos contratos em especial), na qual os sócios se obrigam
mutuamente.

Nas associações sem personalidade jurídica e nas comissões especiais sobressai o elemento corporativo, pessoal, ligado ao
seu património separado (coletivo)

Por analogia é passível de se aplicar o 12.º n.º2 CRP e 70.º ss e 480.º | O 46.º CRP aplica-se diretamente

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Artigo 195.º
Organização e administração
1. À organização interna e administração das associações sem
personalidade jurídica são aplicáveis as regras estabelecidas pelos
associados e, na sua falta, as disposições legais relativas às
associações, exceptuadas as que pressupõem a personalidade destas.
2. As limitações impostas aos poderes normais dos administradores só
 Organização interna e a administração segue as regras são oponíveis a terceiro quando este as conhecia ou devia conhecer.
3. À saída dos associados é aplicável o disposto no artigo 181.º.
estabelecidas pelos associados e subsidiariamente os preceitos Artigo 196.º
Fundo comum das associações
legais relativos às associações– 195.º 1. As contribuições dos associados e os bens com elas adquiridos
constituem o fundo comum da associação.
2. Enquanto a associação subsistir, nenhum associado pode exigir a
 Existe um fundo comum -196.º n.º1 – o qual tem certa divisão do fundo comum e nenhum credor dos associados tem o direito
de o fazer excutir.
independência ao substrato pessoal e do património dos Artigo 197.º
Liberalidades
associados – 196.º n.º2 1. As liberalidades em favor de associações sem personalidade jurídica
consideram-se feitas aos respectivos associados, nessa qualidade, salvo
se o autor tiver condicionado a deixa ou doação à aquisição da
 Fundo comum: personalidade jurídica; neste caso, se tal aquisição se não verificar
dentro do prazo de um ano, fica a disposição sem efeito.
 Composto: 2. Os bens deixados ou doados à associação sem personalidade jurídica
acrescem ao fundo comum, independentemente de outro acto de
 das contribuições dos associados e dos bens adquiridos – 196.º n.º1 transmissão.
Artigo 198.º
 das liberalidades feitas em nome da associação – 196.º n.º2 Responsabilidade por dívidas
1. Pelas obrigações validamente assumidas em nome da associação
responde o fundo comum e, na falta ou insuficiência deste, o
 Obrigações contratuais validamente assumidas – 198.º n.º1 património daquele que as tiver contraído; sendo o acto praticado por
mais de uma pessoa, respondem todas solidariamente.
*Associado que contraiu a obrigação só responde em caso de insuficiência de 2. Na falta ou insuficiência do fundo comum e do património dos
fundo, e os demais associados subsidiariamente (198.º n.º2) associados directamente responsáveis, têm os credores acção contra os
restantes associados, que respondem proporcionalmente à sua entrada
para o fundo comum.
3. A representação em juízo do fundo comum cabe àqueles que
tiverem assumido a obrigação.
*Relevância ao fundo leva a correspondência ao 182.º n.º1 al. e),
com a separação de um património coletivo.
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Artigo 199.º
Comissões especiais
As comissões constituídas para realizar qualquer
plano de socorro ou beneficência, ou promover a
execução de obras públicas, monumentos,
festivais, exposições, festejos e actos
 “fundos especiais” (Sammelvermögen) semelhantes, se não pedirem o reconhecimento da
personalidade da associação ou não a obtiverem,
 Comissões especiais assemelham-se as associações 199.º por viabilizar o pedido ficam sujeitas, na falta de lei em contrário, às
disposições subsequentes.
de reconhecimento como associação. Artigo 200.º
Responsabilidade dos organizadores e
 O que falta é o animus personificandi -» vontade de criar uma pessoa coletiva administradores
1. Os membros da comissão e os encarregados de
administrar os seus fundos são pessoal e
“A realização do fim comum que se propem é de natureza transitória, mas, mesmo assim, ultrapassa a possibilidade solidariamente responsáveis pela conservação dos
individual de cada um dos seus promotores.” - HEH/ESMS (454) fundos recolhidos e pela sua afectação ao fim
anunciado.
 Responsabilidade dos membros e administradores: 2. Os membros da comissão respondem ainda,
pessoal e solidariamente, pelas obrigações
contraídas em nome dela.
Regime diferente do 198.º, no 200.º é mais gravoso, os agentes respondem 3. Os subscritores só podem exigir o valor que
tiverem subscrito quando se não cumpra, por
pessoal e solidariamente pelos fundos angariados para a realização do fim. qualquer motivo, o fim para que a comissão foi
constituída.
Em caso de impossibilidade de seguir com o fim, os bens terão destino previsto no Artigo 201.º
Aplicação dos bem a outro fim
ato constitutivo da comissão, ou conforme a vontade dos subscritores – 201.º 1. Se os fundos angariados forem insuficientes
para o fim anunciado, ou este se mostrar
impossível, ou restar algum saldo depois de
satisfeito o fim da comissão, os bens terão a
aplicação prevista no acto constitutivo da
comissão ou no programa anunciado.
2. Se nenhuma aplicação tiver sido prevista e a
comissão não quiser aplicar os bens a um fim
análogo, cabe à autoridade administrativa prover
sobre o seu destino, respeitando na medida do
possível a intenção dos subscritores.
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Invocação dos direitos pela própria pessoa coletiva:
Quando expressão da autonomia e livre desenvolvimento das pessoas singulares que formam o seu substrato.
"As pessoas colectivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a sua natureza" - 12.º n.º2 CRP
"O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder
económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e
apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações
múltiplas ou cruzadas." - 37.º n.º4 CRP
Não é uma extensão sem mais dos direitos das pessoas singulares para as pessoas coletivas.
Invocação por parte dos seus membros ou destinatários contra a pessoa
coletiva:
É preciso considerar que os direitos fundamentais visam a defesa da individualidade da pessoa e as relações jurídicas em
questão regem-se pela autonomia privada, e portanto, afasta-se a possibilidade de invocar direitos fundamentais contra a
pessoa coletiva.
As regras aplicáveis na relação jurídica entre a pessoa coletiva e os seus membros/destinatários tem como base um estatuto
e que foi voluntariamente assumidos.
Invocação por parte de terceiros contra a pessoa coletiva:
Assim como a anterior, a autonomia privada está na base da relação.

*Regra de impossibilidade de invocação pode ser "corrigida" -» direitos fundamentais podem ser invocados contra a
pessoa coletiva desde que falte a autonomia em virtude dela assumir funções públicas ou se a atuação ameace a
individualidade e liberdade das pessoas humanas
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Aos 40 anos de idade foi
decretado o  Determinado representação geral é incapaz de
acompanhamento de maior exercício.
com representação geral.
 Sentença deve delimitar o âmbito do
1 ano após, A fez um acompanhamento, se nada refere, estando no
testamento em que deixou 147.º a referência quantos aos direitos pessoais.
300 mil euros para instituir
uma fundação com o fim de  Testamento é válido 147.º n.º1 e 2 e 2189.º
promover o ensino da
música às crianças da sua
família.  Instituição da Fundação pode ser por testamento
185.º
1 – A poderia fazer o  Mas falta a prossecução dos fins sociais, aqui são
testamento? interesses privados do fundador – 188.º n.º2 al. a)
2 – A autoridade
competente poderia fazer o  Os 300mil? n.º5 do 188.º quando não tem
reconhecimento individual património , não cabe a entrega para fundação
da fundação? análoga. Deve se restituir a massa da herança.
A AAA é composta por 120
associados. Convocada AG  1/3 dos presentes = 90 -» para deliberações tem de estar
mais da metade.
tinham 90, e conforme a
ordem de trabalho  Para aprovação -» metade+1 = 46
liberaram o seguinte:  Compra do Painel:
- comprar painel de
Maioria dos associados, mas considera voto de G, 175.º n.º2
azulejos com 30m para não conta, mesmo voto nulo, continua a ser maioria mais
revestir a casa de G, um.
associado da AAA. Deliberação quer quanto a substância, a aprovação e a
Proposta com 47 votos, forma são validas.
incluindo de G.  Transformar em sociedade:
- Transformar AAA numa
sociedade comercial Primeiro dissolver AAA, depois criar uma sociedade
anónima. Deliberação depende de ¾ da totalidade dos
destinada à mediação sócios 175.º n.º, ou seja, 90. Ato será anulável 178.º, prazo
imobiliária. 80 votos de 6 meses, pela administração ou por qualquer pessoa que
favoráveis. não estivesse presente.
 Associação pode requerer o painel?
10 dias depois foi feito CCV Azulejos fazem parte da cada -» 204.º n.º3.
com G.
Direito de propriedade com CCP foi transferido para A. Não
cabe a sua devolução.
1 mês após, G vendeu a sua
casa a A, com o painel de Poderá G ter de indemnizar AAA a depender do contrato
azulejos a revestir.
 Doação pode ser impugnada por um credor?
A FAM, Associação beneficiária 160.º limita a capacidade das pessoas coletivas -? Violação
com sede no Porto, por decisão do de norma imperativa, 294.º, cabe nulidade, salvo se a lei
órgão de administração, decide prever se tratar de anulabilidade.
presentear um antigo
administrador com um veleiro. Um Nulo, pode um credor requerer a nulidade 286.º, afinal o
mês depois a administração património do devedor é a garantir do credor (601.º a 605.º)
delibera por unanimidade destituir
dois associados que tinham  Administração pode destituir os dois associados que
prestado declarações ao jornal do prestaram declaração no jornal?
Porto com forte crítica a aludida
doação. Os Estatutos da Necessário dois órgãos, e tem a ag.
Associação conferiam competência
a Administração para destitui Assembleia Geral com as competências pela deliberação
titulares dos órgãos da Associação. 172.º n.º2 como a destituição de órgãos da associação,
Em Assembleia Geral, seis meses aprovação do balanço, alteração dos estatutos, extinção,
depois, é aprovada por maioria autorização para demandar adm.
relativa, proposta de compra de
uma carrinha para facilitar a Ato da administração foi contrário a lei, e portanto, é nulo.
distribuição de alimentos e roupas
a pessoas necessitadas que vivem  É válida a compra da carrinha deliberada pela
em aldeias próximas. Os estatutos Assembleia Geral?
exigiam apenas maioria relativa
para aprovar qualquer proposta da Maioria absoluta 175.º! Não está validamente aprovado.
Assembleia Geral.
(Maioria relativa -» maioria ainda que não represente mais
da metade | Maioria absoluta -» mais da metade do total)
A Associação de Beneficência
do Porto reuniu em assembleia
geral para discutir e votar as
seguintes propostas de
alterações aos estatutos.
- Para generalidade das
matérias as deliberações em  Maioria de ¾ é suficiente para aprovar as
assembleia geral passam a ser
tomadas por dois terços dos deliberações do 175.º n.º3, que é válida.
associados presentes.
- Deliberações sobre
 Maioria de ¾ é suficiente para aprovar as
dissolução da associação deliberações do 175.º n.º4, já que estão todos
requer voto favorável de ¾ dos presente, contudo, essa alteração dos estatutos é
associados presentes na nula (175.º n.º 4 e 5)
assembleia
- Aprovação do balanço passa  Aprovação do balanço é imperativamente de
a ser de competência do órgão
da Administração.
competência da assembleia geral (172.º n.º2) e
portanto, é nula.
Considere quer todos os
associados comparecem na
Assembleia Geral e todas as
deliberações alcançam 3/4 de
votos.

Refira sobre a aprovação e


validade.
 Associação Recreativa tem como fim proporcionar
A membro da direção da o convívio das pessoas, de modo que o bar,
Associação Recreativa apesar de aparentemente não ser necessário é
XYP, quando servia café no conveniente para a prossecução dos seus fins.
bar da associação, acabou
por entornar o café,
Não existindo violação do 160.º, podem manter.
desleixadamente sobre um
dos associados,
provocando-lhe  A tem poderes previstos no 164.º n.º1, concebidos
queimaduras. pelos estatutos ou conforme as normas do
O associado acabou por mandato.
insultou A, que de seguida,
agrediu violentamente.  165.º aponta para a responsabilização da pessoa
coletiva, pelos comitentes 500.º.
1 – Pode Associação
explorar um bar?  Necessário ficar os requisitos do 500.º, ter relação
2 – Associado em causa de comissão, danos causados a terceiro
pretende ser indemnizado decorrentes da sua atividade, e que haja
pela Associação em virtude responsabilidade (5 pressupostos) do comitente.
dos danos sofridos pelos
atos de A.  Já a agressão foi fora da relação, podendo ser
imputado somente ao A, 483.º
 Ilicitude --» esfera de risco criado
 É uma responsabilidade objetiva!
 --» Se tiro proveito de uma atividade, eu tenho de responder pelos danos resultantes
desta atividade – se eu crio uma situação de perigo, devo responder pelos danos (ubi
commoda ibi incommoda –Distribuição
conceção ou
do socialização
risco proveito)
dos
riscos
 Responsabilidade pelo risco:
 - 500.º e 501.º - Pela atuação de pessoas em proveito próprio Rui de Alercão distingue dois grupos
Responsabilidade pelo Risco:
 - 502.º - Pela utilização de coisas perigosas como animais • “a responsabilidade só é objectiva em relação a
um determinado sujeito, mas o nascimento do
 - 503º e ss – Por Veículos dever de indemnizar pressupões, em princípio,
a prática de um facto ilícito”
 - 509.º e ss – Por instalações de energia elétrica e gás • “Própria natureza da actividade em causa”
 Diplomas especiais – DL 383/89 (Responsabilidade do Produtor)

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COMMITENS “aquele que confia”  COMITENTE --» COMISSÁRIO
 Empresa - Empregado | Mandante – Mandatário
 Não é aplicável nos casos de: dono de obra e subempreiteiros, ou motorista de táxi e o cliente, advogado
e cliente, médico e doente
 Responsabilidade objetiva --» não depende de culpa na escolha do comissário é pela vigilância ou
instruções dadas
Relação Externa – Com o lesado, cabe ao Comitente COMITENTE como garante da indemnização que o COMISSÁRIO culposo deva satisfazer ao LESADO
Relação Interna – Comitente pode requerer reembolso da indemnização paga ao lesado ao Comissário
[quando este tiver culpa], podendo responder junto nos termos do artigo 500.º n.º3 -Responsabilidade
Solidária do 497.º n.º2.

 *“esta responsabilidade tem por função específica a garantia do pagamento da indemnização ao lesado, dada a circunstância de os
comissários serem pessoas normalmente desprovidas de património susceptível de suportar o pagamento de elevadas indemnizações…” – ML

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 REQUISITOS:
 A) Relação de comissão
• ≠ 266.º do Código Comercial
• Atividade duradoura ou ato de caráter isolado (ocasional)
• É preciso ter liberdade de escolha do comissário pelo comitente e uma relação de subordinação do comissário ao comitente (“diretrizes modificáveis a todo o tempo e que
não excluem um mínimo de iniciativa pessoal do comissário” – AC)
• Atividade tem de ser exercida no interesse exclusivo do Comitente (suporta despesas e ganhos da atividade) – contrato de trabalho 1152.º, mandato 1157.º… função
confiada ao comissário que repercute na esfera do Comitente (diferente do depósito 1185.º, da empreitada 1207.º, do contrato de transporte).
• Encarregar de uma comissão ou serviço à titulo gratuito ou oneroso
 B) Prática de factos danosos pelo comissário no exercício da função
• Danos ocorram no exercício da função que lhe foi confiada – “no exercício da função” (nexo instrumental entre a função e os danos) – não exige que os danos ocorram por
causa do exercício.
• Pode ser ato intencional do comissário ou em desrespeito das instruções.
• Danos devem ser causados em razão da sua função (não apenas em caso de existir nexo temporal ou local) – compreensão de AV é restritiva - ML/MC Comitente
responde também pelos danos causado pelo comissário enquanto ele exerce a função.
 C) Verifique-se a responsabilidade do comissário
• Para comitente ter obrigação de indemnizar é necessário que o comissário tenha obrigação de indemnizar (“haja praticado com culpa o facto ilícito causador do dano” – AC)
*Responsabilidade do Comitente é objetiva --» divergência doutrinária se ela ocorre somente quando há facto ilícito do comissário (ML, AV) ou se basta qualquer imputação -
risco ou facto ilícito (AC, MC)
500.º n.º 3 Indicia ser necessária a culpa do comissário

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Artigo 500.º
Responsabilidade do Comitente
1. Aquele que encarrega outrem de qualquer comissão responde, independentemente de culpa, pelos danos que o comissário causar, desde que
sobre este recaia também a obrigação de indemnizar.
2. A responsabilidade do comitente só existe se o facto danoso for praticado pelo comissário, ainda que intencionalmente ou contra as
instruções daquele, no exercício da função que lhe foi confiada.
3. O comitente que satisfizer a indemnização tem o direito de exigir do comissário o reembolso de tudo quanto haja pago, excepto se houver
também culpa da sua parte; neste caso será aplicável o disposto no n.º 2 do artigo 497.º

 500.º n.º 2 – Comitente é responsável ainda que o comissário haja intencionalmente, contrariamente as instruções do
comitente (Atenção! “abrange unicamente os actos ligados ao serviço, actividade ou cargo, embora exista apenas um nexo
instrumental, excluindo os praticados por ocasião da comissão com um fim ou interesse que lhe seja estranho” - AC
 500.º n.º 3 – Não cabe regresso e sim responsabilidade solidária se Comitente também tiver culpa - Culpa in vigilante |
Culpa in eligendo (escolha) | Culpa in instruendo (ordens) – aplica-se o artigo 497.º n .º2 (Responsabilidade Solidária –
ação de regresso na medida das culpas)

 *COMITENTE – pode responder (sozinho) pelo 483.º n.º1 quando se verifica a Culpa in vigilante | Culpa in eligendo
(escolha) | Culpa in instruendo (ordens)

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Situação Fundamento Responsabilidade Observação
Apenas culpa 500.º n.º 3 COMITENTE indemniza COMITENTE pode requerer
do o reembolso do
COMISSÁRIO COMISSÁRIO

Apenas culpa 483.º n.º1 COMITENTE indemniza –


do ressarcimento integral do danos
COMITENTE
Culpa de 500.º n.º3 e Responsabilidade Solidária perante Possibilidade de ação de
ambos 497.º n.º2 o LESADO. regresso.

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 (SIM ) Ajudante da obra deixa cair um tijolo que acaba por atingir um transeunte
 ( Não ) Ao fim do turno de trabalho a funcionária retorna ao mercado e agride uma
cliente do mercado.
 (SIM ) Operário que fumava enquanto trabalhava deixa cair a bituca do cigarro que
acaba por provocar um incêndio.
 (SIM ) Gerente do banco acaba por desviar dinheiro da conta dos seus clientes
 ( SIM) O segurança da discoteca para impedir um rapaz de entrar no recinto acaba por
desferir algumas bofetadas
 ( SIM ) ao consertar um eletrodoméstica de uma cliente, acaba por deixar uma
ferramenta cair no pé da senhora (exercício da função) ou durante o conserto atira
uma bituca de cigarro no quintal e o mesmo pega fogo (nexo temporal/local).

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Artigo 501.º
Responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas píblicas
 O Estado e demais pessoas colectivas públicas, quando haja danos causados a
terceiro pelos seus órgãos, agentes ou representantes no exercício de actividades
de gestão privada, respondem civilmente par esses danos nos termos em que os
comitentes respondem pelos danos causados pelos seus comissários.

GESTÃO PRIVADA – regida pelo direito privado (TJ) – atua em pé de igualdade aos
particulares
GESTÃO PÚBLICA – regida pelo direito público (TAF) – atua com seus poderes de
soberania

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Gestão Pública Gestão Privada
“a detenção de uma pessoa pela “ compra, livremente
polícia, a sentença de um juiz ou o convencionada, de mobiliário
registo de um imóvel feito pelo destinado a uma escola ou o
conservador do registo predial” - arrendamento de um edifício para
AC instalação de serviços camarários”
- AC

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( 67/07) Julgamento por um Juiz no tribunal
( 501.º ) Estado comprar um prédio
( 67/07 ) Aula de Professor de uma Universidade Pública
( 67/07 ) Informação dada pelo Funcionário das Finanças sobre IRS
( 501.º ) Estado comprar refeições para os funcionários de uma repartição
( 501.º ) Representante do Estado vai visitar um prédio que o Estado tem interesse em
adquirir, e ao jogar uma bituca de cigarro causa um incêndio o prédio
( 501.º) Junta de Freguesia XPTO contrata uma empresa de construção que ofende o
direito do "vizinho", invadindo-lhe a propriedade, escavando, demolindo, provocando
fissuras nas paredes, desalicerces dos caboucos, ou fendas no telhado.

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Páscoa
Notas sobre correção
do 1.º Ponto Escrito
A, quando tinha 16 anos, começou a trabalhar na pastelaria “DaHora”.
Com o valor do seu primeiro salário, comprou um telemóvel de 750€, o qual dias após vendeu para o seu colega de trabalho por 300€.
Alguns meses depois, A começou a consumir psicotrópicos que desencadearam um quadro de esquizofrenia.
Mesmo após alguns tratamentos, A retomava o consumo de psicotrópicos, abdicando da medicação necessária para a estabilidade do seu quadro clínico.
Os pais, preocupados, decidem requerer o procsso de maior acompanhado, apesar de ele ainda ter 17 anos e 9 meses.
No dia que completou 18 anos de idade, o seu avô deu-lhe um imóvel de 200 mil euros e um automóvel no valor de 20 mil euros, numa tentativa de o convencer a fazer os
tratamentos, e recomeçar a sua vida.
Entretanto, alguns dias depois, A acabou por vender o automóvel pelo preço de mercado, pois precisava pagar uma dívida que tinha com D, fornecedor do “produto” para o seu
consumo.
Aos 18 anos e 2 meses, foi decretada a sentença de Maior Acompanhado para A, na qual seu pai, C, foi nomeado seu acompanhante, estabelecendo que A não poderia dispor dos
seus bens sem a autorização prévia de C.
A, inconformado com a situação, decide desaparecer.

 A) O pai de A, C, tomou conhecimento da venda do telemóvel e do automóvel na altura em que as vendas ocorreram, entretanto, somente com a conclusão do processo de
maior acompanhado é que decide anular essas vendas, e recuperar tanto o telemóvel como o automóvel. O que pode C fazer?
(10 valores)

 B) Após três anos do desaparecimento de A, o pai, C, pretende vender o apartamento de A, por estar com alguma dificuldade financeira. O que ele pode fazer?
(06 valores)

 C) Digamos que C tenha conseguido vender o apartamento de A para E, e após 5 anos do seu sumiço, A, com 23 anos, retorna, recuperado, tendo deixado a vida errante.
- A poderá pedir que cessem as medidas de acompanhamento?
- A pretende voltar a morar no apartamento que recebeu do avô. Como poderá A recuperar o bem? ”
Capítulo I – Coisas

Título III Capítulo II – Prestações

As coisas, Capítulo III – Outros


prestações e
outros objetos
possíveis objetos

Capítulo IV – A

representação
 Pessoas (sentido
jurídico -» personalidade
jurídica):
Pessoas Singulares
(nascimento com vida)
66.º a 69.º e 82.º a 156.º.
Pessoas Coletivas
(dependem do substrato)
157.º a 194.º
*Formações coletivas sem
personalidade jurídica
195.º a 201.º-A
 Objetos 202.º a 216.º

MEDIATO -» “coisa” e as
prestações (comportamento de
ação ou omissão)
SUBTÍTULO II DAS COISAS
“aquilo sobre que recai o poder do sujeito” – HEH/ESMS (186)

IMEDIATO -» direito subjetivo (do


sujeito ativo) com a
correspondente obrigação (do
sujeito passivo) – 408.º, 446.º,
879.º, 680.º isso é, o próprio
direito subjetivo
*Pessoa não pode ser objeto
**Proteção legal é quanto ao
objeto imediato e não objeto
mediato (protege os direitos
subjetivos)
“as necessidade, as apetências e os fins prosseguidos pelas pessoas carecem de meios, são tudo aqui que não seja pessoa e que tiver uma utilidade, isto é,
que for apto a satisfazer uma necessidade, a realizar uma apetência ou alcançar um fim. Os bens são, por natureza, escassos e, como tal, objeto frequente
de litígios e controvérsias que o Direito acaba por ser chamado a solver. Ao Direito cabe um papel importante na regulação da disciplina da atribuição e da
circulação de bens” – PPV/PLPV (223)

 Os OBJETOS permitem as PESSOAS -» alcançar apetências, objetivos e fins.


 Objetos como instrumentos (útil) -» bens jurídicos que sejam lícitos
PESSOAS = fins intrínsecos
OBEJTOS/COISAS = fins extrínsecos
“É esta dupla dimensão de utilidade e licitude do seu aproveitamento pelo homem que exprime a essência da coisa no Direito Civil, e não a sua simples
colocação como objeto da relação jurídica. As coisas existem no mundo para serem aproveitadas pelas pessoas, para servirem os seus fins, as suas
necessidades, as suas apetências, para possibilitarem e ajudarem a realização das pessoas no mundo enquanto tais. Mas não de qualquer modo; apenas no
âmbito da sua utilidade dentro dos limites da licitude” – PPV/PLPV (224)

“A expressão «objecto» designa, na sua acepção filosófica mais geral, aquilo que se «contrapõe» ao homem como sujeito conhecedor – um qualquer dado
existente, para onde ele pode dirigir a sua consciência, quer dizer, aquilo que pode constituir objecto de representação intelectual. Num sentido físico mais
restrito, objecto, é apenas aquilo que é perceptível pelos sentidos homem” – HEH/ESMS (184)

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PESSOAS + BENS JURÍDICOS/COISAS

 Condutas ativas e passivas das PESSOAS (pode ser necessário a ação ou omissão de
terceiros para alcançar o pretendido) para aproveitarem as coisas (necessidades,
apetências, fins) Parte Geral, Livro II

 Realização dos fins mediante ação ou omissão das PESSOAS envolvidas será por meio de
PRESTAÇÕES -» DIREITO DAS OBRIGAÇÕES, Livro II
 Realização dos fins através do benefício da própria utilidade do Bem (com ou independentemente
da conduta de terceiros) -» DIREITOS REAIS, Livro III

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Artigo 202.º
Noção
1. Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas.
2. Consideram-se, porém, fora do comércio todas as coisas que não podem ser objecto de direitos privados, tais como as que se encontram no domínio
público e as que são, por sua natureza, insusceptíveis de apropriação individual.

 Definição do artigo 202.º é “uma visão idilicamente ruralista” (Orlando de Carvalho)


 Definição de coisa como tudo aquilo que pode ser objeto dentro de uma relação jurídica é “excessivamente ampla” (J.
Dias Marques). Isso é, considera que as coisas são objeto da relação jurídica assim como coisa jurídica.
 Apesar do n.º2 excluir algumas coisas, faz uma limitação incorreta – “não comercialidade” é relacionado a lei e não as
próprias coisas. PPV/PLPV considera que o fator de delimitação deveria ser “suscetibilidade de apropriação individual”

“Tal como sucede com as pessoas, as coisas são algo que o Direito recebe da vida e que existe já, fora do Direito. As coisas são
dados extrajurídicos” – PPV/PLPV (225)

 Direito Romano -» Tudo que não for pessoa é coisa.

 Sentido jurídico é mais restrito, além de coisa não ser pessoa, é preciso que tenha utilidade, individualidade e seja
suscetível de apropriação.
*202.º delimita o objeto mediato

 Leitura em conjunto do 202.º e 203.º

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 COISA (= objeto mediato) «- DIREITO SUBJETIVO (= objeto imediato) «- PESSOA
em sentido jurídico (= titular do direito subjetivo = sujeito ativo da relação jurídica)
 Não é coisa o que não pode ser objeto de direito, ex.: Pessoas
Coisa na linguagem corrente que não é coisa em sentido jurídico, portanto pelo 202.º
COISA tem de ser objeto de direitos privados (= dentro do comércio jurídico)
*não significa que tenha valor mercantil (ex.: Lembranças familiares, valor afetivo) nem
ou que seja passível de apropriação (ex.: objetos abandonados).
**Fora do comércio -» continuam sendo coisas, mas não podem ser objeto de direito
subjetivos privados. Ex.: Domínio público (ex.: as estradas) ou as que são insuscetíveis
de apropriação individual (ex.: baldios) *Para o direito nem
sempre o objeto
poderá ser
reconhecido como
objeto da relação
Idoneidade ou aptidão para ser objeto de direito subjetivos privados = COISA jurídica

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Sentido jurídico é mais restrito:
 UTILIDADE | aptidão para satisfazer interesses ou necessidades humanas
Coisa jurídica se for bem jurídico -» meio idóneo, lícito para realização de objetivos ou fins lícitos
 INDIVIDUALIDADE | existência autónoma ou separada
Todas as coisas são divisíveis fisicamente, possuindo utilidade
Ex.: automóvel para transporte, e o farol do automóvel para iluminar.
Parte da coisa, também é coisa
“Uma parte da coisa pode ser considerada uma coisa, desde que possa ser individualmente idónea como bem, desde que possa servir, por si só, para
assegurar ou coadjuvar a realização de um fim. A individualidade, como característica das coisas jurídicas, não se materializa no domínio da física, mas
antes no campo sócio-jurídico” – PPV/PLPV (226)

 SUSCETÍVEL DE APROPRIAÇÃO | possibilidade de apropriação exclusiva por alguém


Relaciona-se também a utilidade.
Possibilidade de utilização exclusiva, poder privar os outros da sua utilidade -» apropriáveis e utilizáveis.
Coisa em sentido jurídico: “…bens de carácter estático, carecidos de personalidade, só são coisas em sentido jurídico quando puderem ser objecto de
relações jurídicas.” – CAMP (342)
Não é necessário que sejam:
- Bens de natureza corpórea -» direito de autor, propriedade industrial, energia elétrica…
- Bens permutáveis (com valor de troca) -» pode ter valor meramente pessoal
- Bens efetivamente apropriados -» coisas abandonadas (basta que sejam apropriáveis)

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Artigo 203.º
Classificação das coisas
As coisas são imóveis ou móveis, simples ou compostas, fungíveis ou não fungíveis, consumíveis ou não consumíveis, divisíveis ou indivisíveis, principais ou acessórias, presentes ou futura

 Coisas corpóreas e incorpóreas


 Coisas no comércio e fora do comércio
 Coisas móveis e imóveis – coisas inertes e semoventes
 Coisas simples e complexas, compostas e coletivas
 Coisas fungíveis e infungíveis
 Coisas consumíveis e inconsumíveis “Sem dizer expressamente, a lei inclui no elenco
das sua classificação, desde que logicamente
 Coisas divisíveis e indivisíveis possível, tanto as coisas corpóreas e incorpóreas
 Coisas presentes e futuras (artigo 207.º e 208.º), como as prestações (207.º,
209.º), como os direitos que podem ser objecto de
 Coisas principais e acessórias
direitos subjectivos (artigos 209.º a 211.º)” –
 Coisas frutíferas e infrutíferas (os frutos) HEH/ESMS (196)
 As benfeitorias

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Artigo 203.º
Classificação das coisas
As coisas são imóveis ou móveis, simples
ou compostas, fungíveis ou não

 Coisas corpóreas e incorpóreas


fungíveis, consumíveis ou não
consumíveis, divisíveis ou indivisíveis,
principais ou acessórias, presentes ou
1302.º Limita o objeto do direito da propriedade às cosias corpóreas futura.

 Corpóreas -» sensorialmente constatáveis, apreendidas, entendidas ou captadas Artigo 1302.º


Objeto do direito de propriedade
pelos sentidos 1 - As coisas corpóreas, móveis ou
imóveis, podem ser objeto do direito de
 Coisas materiais -» têm dimensão, volume, massa propriedade regulado neste código.
2 - Podem ainda ser objeto do direito de
Ex.: Prédio propriedade os animais, nos termos
 Coisas imateriais -» sem matéria, mas com existência física regulados neste código e em legislação
especial.
Ex.: Eletricidade
Artigo 1303.º
 Incorpóreas -» bens intelectuais, uma existência meramente social, representação Propriedade Intelectual
intelectual e pela criatividade 1. Os direitos de autor e a propriedade
industrial estão sujeitos a legislação
Ex.: obras literárias, marcas, patentes, software especial.
2. São, todavia, subsidiariamente
Legislação própria 1303.º -» Código da Propriedade Industrial e o Código de Direitos de Autor aplicáveis aos direitos de autor e à
propriedade industrial as disposições
deste código, quando se harmonizem
“Objecto de tais direitos (direitos de propriedade industrial, direitos de autor) são os respectivos produtos ideais, desde que tenham com a natureza daqueles direitos e não
ganho expressão, mas já não os produtos subsequentes ou os suportes materiais em que as concepções idealizadas e figuradas contrariem o regime para eles
se manifestam (p. ex., o livro, disco, máquina, etc.), que são as coisas corpóreas. Também programas de computadores, especialmente estabelecido.

software, etc., são coisas não corpóreas, bens imateriais, e – ao contrário de outros produtos ideais - até separáveis dos seus
suportes materiais (p. ex., pen drive), podendo ser utilizado ou transferido autonomamente– HEH/ESMS (196)

*Discussão se os DIREITOS seriam coisas incorpórea


“Os direitos, todavia, não propriamente bens, mas antes a afetação jurídica de bens à realização de determinados fins das pessoas. Considerar os direitos como
coisas incorpóreas ou bens é usual na linguagem jurídica do quotidiano e não passa de uma facilidade de expressão.” – PPV/PLPV (228)

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Artigo 202.º
Noção
1. Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser
 Coisas no comércio e fora do comércio objecto de relações jurídicas.
2. Consideram-se, porém, fora do
Expressão “fora do comércio” não é adequada. comércio todas as coisas que não podem
ser objecto de direitos privados, tais
como as que se encontram no domínio
público e as que são, por sua natureza,
Leva ao entendimento de uma dicotomia entre coisas que estariam fora do comércio por razões insusceptíveis de apropriação individual.
jurídicas, ou seja, estão em domínio público, e as que estão fora do comércio em razão da sua
natureza, por serem insuscetíveis de apropriação.

 Entretanto, se são insuscetíveis de apropriação não podem ser classificadas como coisas em
sentido jurídico.

 Além disso, as coisas que estão juridicamente fora do comércio, não implicam que estejam em
domínio público.
Ex.: Baldios (“terrenos possuídos e geridos por comunidades locais” – Lei n.º 68/93 de 4 de setembro, classificados como coisas
comuns)

 Coisas que são colocadas fora do comércio por lei (legislação específica) -» Legislações
de proteção a determinados animais, plantas, ambiente, etc.

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https://dre.pt/dre/lexionario/termo/dominio-publico

Artigo 1304.º
Domínio do Estado e de outras pessoas
colectivas públicas
O domínio das coisas pertencentes ao Estado ou a
quaisquer outras pessoas colectivas públicas está
igualmente sujeito às disposições deste código em tudo
 Lexionário do DRE o que não for especialmente regulado e não contrarie a
natureza própria daquele domínio.
Os bens do domínio público, de acordo com a sua titularidade, pertencem ao Estado, às regiões
autónomas e às autarquias locais, segundo o disposto no n.º 2 do artigo 84.º da Constituição (CRP) e na
alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º e no artigo 15.º do Regime Jurídico do Património Imobiliário Público, Artigo 84.º
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de outubro, na sua redação atual (RJPIP). Em Portugal Domínio público
1. Pertencem ao domínio público:
adotou-se um conceito formal de domínio público, isto é, são bens do domínio público aqueles que a) As águas territoriais com os seus leitos e os
constam da CRP e da lei, pelo que temos: fundos marinhos contíguos, bem como os lagos,
1) Domínio público do Estado ou estadual: o respetivo elenco consta do n.º 1 do artigo 84.º da CRP e do lagoas e cursos de água navegáveis ou
flutuáveis, com os respetivos leitos;
artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 477/80, de 15 de outubro, e demais legisla b) As camadas aéreas superiores ao território
ção avulsa (por força da remissão da alínea p) do artigo 4.º do Decreto-Lei n.º 477/80, de 15 de outubro); acima do limite reconhecido ao proprietário ou
2) Domínio público regional: o respetivo elenco consta, no que respeita ao arquipélago dos Açores, do superficiário;
c) Os jazigos minerais, as nascentes de águas
n.º 2 do artigo 22.º do Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, sendo que o mineromedicinais, as cavidades naturais
Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma da Madeira é omisso quanto a esta matéria, pese subterrâneas existentes no subsolo, com
embora lhe faça referência no n.º 1 do seu artigo 144.º; exceção das rochas, terras comuns e outros
materiais habitualmente usados na construção;
3) Domínio público autárquico: não existe nenhuma lei de caráter geral relativa ao património público d) As estradas;
autárquico, pese embora se insiram neste as estradas e caminhos municipais e os bens do domínio e) As linhas férreas nacionais;
público hídrico reservado para as autarquias locais. Os bens do domínio público estão sujeitos a um f) Outros bens como tal classificados por lei.
2. A lei define quais os bens que integram o
regime de direito público, dotado de especial tutela, daqui decorrendo as características dos bens de domínio público do Estado, o domínio público
domínio público (cfr. artigo 18.º e seguintes do RJPIP): inalienabilidade, imprescritibilidade, das regiões autónomas e o domínio público das
impenhorabilidade e autotutela. autarquias locais, bem como o seu regime,
condições de utilização e limites.

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Artigo 1304.º
Domínio do Estado e de outras pessoas
colectivas públicas
O domínio das coisas pertencentes ao Estado ou a
quaisquer outras pessoas colectivas públicas está
igualmente sujeito às disposições deste código em tudo
“Para que a coisa pertença ao domínio público, é necessário uma cto o que não for especialmente regulado e não contrarie a
natureza própria daquele domínio.
específico; uma afectação (que pode ser uma lei, um acto administrativo, o
uso imemorial). Mas logo que a coisa seja, de acordo com as circunstâncias, Artigo 84.º
Domínio público
desafectada do domínio público (expressa ou tacitamente) pode ingressar (ou 1. Pertencem ao domínio público:
re-ingressar, se for o caso disso) nas coisas dentro do comércio jurídico no a) As águas territoriais com os seus leitos e os
fundos marinhos contíguos, bem como os lagos,
artigo 202.º n.º1” – HEH/ESMS (194) lagoas e cursos de água navegáveis ou
flutuáveis, com os respetivos leitos;
b) As camadas aéreas superiores ao território
acima do limite reconhecido ao proprietário ou
superficiário;
*Além do domínio público também possuem coisas de natureza, usando as c) Os jazigos minerais, as nascentes de águas
mineromedicinais, as cavidades naturais
subterrâneas existentes no subsolo, com
“vestes de civil” no tráfico jurídico privado. exceção das rochas, terras comuns e outros
materiais habitualmente usados na construção;
d) As estradas;
e) As linhas férreas nacionais;
f) Outros bens como tal classificados por lei.
2. A lei define quais os bens que integram o
domínio público do Estado, o domínio público
das regiões autónomas e o domínio público das
autarquias locais, bem como o seu regime,
condições de utilização e limites.

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https://dre.pt/dre/lexionario/termo/dominio-publico

DL n.º 63/85, de 14 de Março

CÓDIGO DO DIREITO DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS


Artigo 38.º
Domínio Público
1 - A obra cai no domínio público quando tiverem decorrido os prazos de protecção estabelecidos neste diploma.
2 - Cai igualmente no domínio público a obra que não for licitamente publicada ou divulgada no prazo de 70 anos a contar da
sua criação, quando esse prazo não seja calculado a partir da morte do autor.
Artigo 39.º
Obras no domínio público
1 - Quem fizer publicar ou divulgar licitamente, após a caducidade do direito de autor, uma obra inédita beneficia durante 25
anos a contar da publicação ou divulgação de protecção equivalente à resultante dos direitos patrimoniais do autor.
2 - As publicações críticas e científicas de obras caídas no domínio público beneficiam de protecção durante 25 anos a contar
da primeira publicação lícita.

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 Coisas móveis e imóveis – coisas inertes e semoventes Artigo 204.º
Coisas imóveis
Definição não por enunciação do género próximo e da diferença especifica, e sim um misto -» 1. São coisas imóveis:
a) Os prédios rústicos e urbanos;
enumerou, definiu e remeteu para a natureza das coisas. b) As águas;
c) As árvores, os arbustos e os frutos
 Ordenamento Jurídico Português e Brasileiro ainda classificam os bens móveis em inertes e naturais, enquanto estiverem ligados
ao solo;
semoventes, o que não foi acolhido no CC 1966 d) Os direitos inerentes aos imóveis
mencionados nas alíneas anteriores;
*Semoventes: bens que possuem movimento próprio como os animais** e) As partes integrantes dos prédios
**Estatuto autónomo dos animais Lei n.º 8/2017 “natureza de seres vivos dotados de sensibilidade”, artigo 1.º rústicos e urbanos.
2. Entende-se por prédio rústico uma
parte delimitada do solo e as
construções nele existentes que não
“…as coisas são o que são e não aquilo que lhes chamam, e este voluntarismo legislativo não altera o facto de o Código Civil, e o Direito português em tenham autonomia económica, e por
geral, continuar a tratar juridicamente os animais como coisas móveis, suscetíveis de ser objeto de direitos, designadamente o de propriedade, que pode prédio urbano qualquer edifício
ser adquirido por ocupação, o que é próprio das coisas móveis. Na estrutura da relação jurídica, os animais não são sujeitos, são objeto”– PPV/PLPV (232) incorporado no solo, com os terrenos
que lhe sirvam de logradouro.
3. É parte integrante toda a coisa
móvel ligada materialmente ao
 Coisas Móveis -» desconetados do solo, autónomos (ex.: árvore cortada passa ser coisa móvel) prédio com carácter de permanência.

*CC não define coisas móveis, limita-se a referir que são móveis tudo o que não for imóvel – 205.º n.º1 Artigo 205.º
Coisas móveis
*Há coisas móveis que são sujeitas a registo pela importância económica (ex.: veículos, participações 1. São móveis todas as coisas não
compreendidas no artigo anterior.
sociais) 2. As coisas móveis sujeitas a registo
público é aplicável o regime das
 Coisas Imóveis -» basicamente o solo e o que estiver ligado a ele em caráter permanente (ex.: coisas móveis em tudo o que não seja
especialmente regulado.
prédio, árvore, água…), possuindo um registo predial dado a sua importância económica e social
(interesse em saber a quem pertence), classificando-se em rústico ou urbano (inclui propriedade
horizontal 1414.º)

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 Coisas Imóveis -» basicamente o solo e o que estiver ligado a ele em caráter permanente (ex.: prédio, árvore, água…), Artigo 204.º
Coisas imóveis
possuindo um registo predial dado a sua importância económica e social (interesse em saber a quem pertence), classificando-se em 1. São coisas imóveis:
rústico ou urbano (inclui propriedade horizontal 1414.º) conforme um critério de funcionalidade: a) Os prédios rústicos e urbanos;
b) As águas;
 Prédio rústico -» “porção delimitada do solo, ao qual acrescem as construções que nele estejam implantadas” – c) As árvores, os arbustos e os frutos
naturais, enquanto estiverem ligados
sem edificação ou funcionalmente dominante o solo, o gozo e do solo, ainda que haja edificações (prédios ao solo;
d) Os direitos inerentes aos imóveis
agrícolas) mencionados nas alíneas anteriores;
e) As partes integrantes dos prédios
 Prédio urbano -» “o solo onde esteja erigido um edifício e ainda o solo que sirva de logradouro a esse edifício, rústicos e urbanos.
2. Entende-se por prédio rústico uma
além do edifício propriamente dito” – com edificação, funcionalmente dominante as edificações, o solo como parte delimitada do solo e as
instrumental de gozo das edificações construções nele existentes que não
tenham autonomia económica, e por
*Classificações entre rústico e urbano passando para urbanizáveis e não urbanizáveis, urbanizados e não urbanizados -» critério passa a prédio urbano qualquer edifício
incorporado no solo, com os terrenos
ser a destinação económica e funcional. que lhe sirvam de logradouro.
3. É parte integrante toda a coisa
- Existe também o critério fiscal de classificação de imóveis | Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI) -» rústico quando fora do
móvel ligada materialmente ao
aglomerado urbano e tenha finalidade de gerar rendimentos agrícolas ou que possuam construções de caráter acessório sem prédio com carácter de permanência.
autonomia económica e de reduzido valor. (*Prédio misto, “de acordo com a parte principal”) Artigo 205.º
 DIREITOS INERENTES 204.º n.º1 al. d) -» inclui a servidão assim como os direitos reais limitados (usufruto, direito de uso e habitação, Coisas móveis
1. São móveis todas as coisas não
direito de superfície, direito real de habitação periódica) compreendidas no artigo anterior.
2. As coisas móveis sujeitas a registo
 PARTES INTEGRANTES 204.º n.º1 al. e) -» originariamente são coisas móveis e autónomas que são integradas permanentemente
público é aplicável o regime das
numa cosia imóvel, e por isso passam a fazer parte dela, deixam de ter individualidade. Ex.: Elevador, ar condicionado (podem ser coisas móveis em tudo o que não seja
especialmente regulado.
retirados, mas enquanto lá estão, fazem parte do imóvel)
Vai depender se é abrangida pela execução imobiliária ou mobiliária -» não é parte integrante o que é componente (ex.: tijolo, telha..), o
que compôs e perdeu a sua individualidade, sem isso ficaria incompleto.
*Lei só fala em parte integrante de coisas imóveis, mas poderá ter em coisas móveis, como é o caso do rádio no automóvel (o volante ou
os pedais já o compõem)

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Artigo 206.º
 Coisas simples e complexas, compostas e coletivas Coisas compostas
1 . É havida como coisa composta, ou
universalidade de facto, a pluralidade
SIMPLES de coisas móveis que, pertencendo à
mesma pessoa, têm um destino unitário.
2. As coisas singulares que constituem a
Quando não é possível distinguir em mais de uma coisa. universalidade podem ser objecto de
relações jurídicas próprias.
Caráter funcional -» unidade das coisas, para que haja utilidade
“Com a unidade da utilidade da
COMPLEXAS coisa complexa, coexistem as
 Coisas Compostas -» tratamento jurídico unitário (várias coisas móveis pertencente à mesma pessoa com utilidades próprias das partes que
a integrem. É o que sucede, por
destino unitário), as partes integrantes, enquanto não separadas não são juridicamente tratadas como coisas exemplo, no caso de uma máquina
Ex.: Estante composta por tábuas (são coisas móveis autónomas) que perdem a autonomia ao serem integradas. Ao serem separadas, voltam a que tem uma utilidade própria
recuperar a autonomia. unitária no seu conjunto de muitas
peças, sem que, no entanto cada
 Coisas Coletivas -» tratamento jurídico unitário, entretanto, as coisas que a integram são também tratadas como uma das suas peças deixe de ter a
coisas. sua utilidade específica. Com a
utilidade global do conjunto que é a
Ex.: Biblioteca é coletiva, vários livros. Compra e venda ou legado pode ser a biblioteca como um conjunto de livros, de modo que os livros deixam de
ser tratados individualmente. máquina coexistem as utilidades
específicas de cada uma das suas
peças. A máquina é uma coisa
Artigo 206.º distingue entre singulares e compostas, e identifica as compostas em universalidades de facto: complexa. As peças da máquina,
por sua vez, poderão ser também
 UNIVERSALIDADES DE FACTO -» complexas coletivas “tratamento jurídico individual autónomo, sem prejuízo da coisas complexas, se com a sua
individualidade jurídica dos seus componentes”. Ex.: poder transacionar o rebanhos ou animal individual utilidade própria coexistir a
utilidade específica e autónoma
*≠ UNIVERSALIDADES DE DIREITO -» a herança, que não é bem jurídico nem coisa, e sim uma forma especial de tratamento globalizado de das partes que possa integrar, e
situações jurídicas. serão coisas simples se assim não
suceder”– PPV/PLPV (238)
“A classificação das coisas em simples e composta é assim uma classificação jurídicas, não natural, e, além disso, não absoluta,
mas relativa, variando desta maneira a classificação conforme a situação concreta”– HEH/ESMS (200)
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Artigo 207.º
Fungíveis
São fungíveis as coisas que se
 Coisas fungíveis e infungíveis determinam pelo seu género, qualidade
e quantidade, quando constituam
objecto de relações jurídicas.
 Fungibilidade -» possibilidade de substituição, “não sendo verdadeiramente
importante a sua identificação concreta”
Em caso de danificação de uma coisa, se for fungível, pode substituir por outra coisa
igual (=restituição natural). Se for infungível, a indemnização é por meio de dinheiro.
Ex.: Moeda (função monetária) é um exemplo de coisa fungível, pois ao pagar em
dinheiro independe a identidade concreta das notas ou moedas usadas. Já uma
moeda colecionável não é fungível, pois importa a sua identificação concreta.

“as coisas que se determinam pelo seu género, qualidade e quantidade, quando constituem objecto de relações
jurídicas. Segundo a lei, a distinção refere-se apenas às coisas móveis (sendo de admitir que também as
prestações possam ser fungíveis ou não fungíveis). A classificação de uma cosia móvel como fungível ou não
deve fazer-se em atenção a cada relação jurídica. Há coisa que são normalmente fungíveis e outras que são
normalmente infungíveis”– HEH/ESMS (200)

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Artigo 208.º
Coisas consumíveis

 Coisas consumíveis e inconsumíveis São consumíveis as coisas cujo uso


regular importa a sua destruição ou a
sua alienação.

 Considerar a utilidade concreta do bem jurídico em questão.


Ex.: Livro não é consumível, ao ler não causa a sua destruição ou alienação.
 As coisas consumíveis ao serem consumidas extinguem-se como coisas, ainda que possam
continua a existir (física ou quimicamente) naquilo que deram origem.
“Há coisas consumíveis que perdem a sua existência e se extinguem ao serem consumidas, como sucede com os combustíveis, mas
também as há que, sem perderem sua existência física, são integradas noutras, ou são transformadas ou modificadas em termos tais
que perdem a sua individualidade e autonomia como coisas. É este o caso, por exemplo, das matérias primas utilizadas na indústria
transformadora como, entre outras, o cimento e o ferro utilizado no betão armado, ou o minério utilizado na metalurgia ou o petróleo
bruto utilizado na petroquímica”– PPV/PLPV (240)
 Conceito de consumibilidade não é puramente físico ou químico, mas antes jurídico formal.
 CC Alemão aponta para coisas cujo o uso regular consiste na sua alienação (§91).

“Um livro, por exemplo, é uma coisa não consumível pois destina-se normalmente a leitura. Porém, os livros
destinados à venda numa livraria já são consumíveis. O seu uso regular é a venda, pelo que desaparecem do
património do livrei quando são usados” – Pires de Lima - HEH/ESMS (200)

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Artigo 209.º
Coisas divisíveis
São divisíveis as coisas que podem ser
fraccionadas sem alteração da sua
substância, diminuição de valor ou
prejuízo para o uso a que se destinam.
Artigo 1403.º
 Coisas divisíveis e indivisíveis Noção
1 . Existe propriedade em comum, ou
“As coisas são naturalmente divisíveis até ao infinito”– PPV/PLPV (241) compropriedade, quando duas ou mais
pessoas são simultâneamente titulares
do direito de propriedade sobre a
Coisa Divisível: mesma coisa.
2. Os direitos dos consortes ou
Assemelha-se a classificação entre simples e composta. comproprietários sobre a coisa comum
são qualitativamente iguais, embora
São coisas móveis ou imóveis que podem ser fracionadas/partilhadas possam ser quantitativamente
diferentes; as quotas presumem-se,
Critério jurídico -» possa ser cindida em partes e continuar a manter a sua substância, valor e uso todavia, quantitativamente iguais na
Substância | Valor | Uso falta de indicação em contrário do
título constitutivo.
Ex.: Avião, pode ser desmontado, deixa de voar, e portanto, perde a sua utilidade e substância de avião. Artigo 1404.º
Ex.: Gasolina ao ser separada em diferentes recipientes mantêm sua substância, valor e uso.
Aplicação das regras da
compropriedade a outras formas de
*Se ao cindir afetar uma destas, é coisa indivisível. comunhão
As regras da compropriedade são
aplicáveis, com as necessárias
Coisa Indivisível: adaptações, à comunhão de quaisquer
 Natural | Substancial -» quadro que ao dividir se parte outros direitos, sem prejuízo do
 Legal -» terreno que não pode ser loteado (dividido) disposto especialmente para cada um
deles.

*Indivisibilidade pode ser convencionada -» 1412.º e 2101.º n.º2 (herança) ou resultar da lei 696.º (hipoteca Artigo 1412.º
Processo de divisão
indivisível), 1546.º (indivisibilidade das servidões) e 1376.º (fracionamento de terreno) 1. A divisão é feita amigavelmente ou
**Relevância no caso da compropridade – 1403.ºss – possibilidade de exigir a divisão, ou impor nos termos da lei de processo.
2. A divisão amigável está sujeita à
(cláusula) uma indivisibilidade (máximo de 5 anos renováveis). Divisão em comum acordo ou por meio de ação forma exigida para a alienação onerosa
especial de divisão de coisa comum 1052.º a 1057.º do CPC. da coisa.
Em caso de indivisível, possibilidade de licitação e adjudicação a algum dos comproprietários.

Se coisa divisível é dividida, se indivisível é transformada em dinheiro, que depois é dividido.


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Artigo 210.º
Coisas acessórias
1 . São coisas acessórias, ou pertenças,
 Coisas principais e acessórias as coisas móveis que, não constituindo
partes integrantes, estão afectadas por
forma duradoura ao serviço ou
“O critério de distinção reside num vínculo funcional de acessoriedade. As cosias assessórias, que se ornamentação de uma outra.
2. Os negócios jurídicos que têm por
designam também como pertenças, são coisas móveis que desempenham uma função instrumental ou ancilar objecto a coisa principal não abrangem,
em relação à coisa principal, que se traduz na afetação ao serviço ou à ornamentação da outra. São coisas salvo declaração em contrário, as coisas
acessórias.
auxiliares de outras”– PPV/PLPV (243)
Artigo 204.º
Coisas imóveis
Acessória -» afetação duradoura (não é considerada se for instantânea ou acidental), mas não permanente 1. São coisas imóveis:
a) Os prédios rústicos e urbanos;
(se fosse, seria parte integrante), não estão materialmente ligadas à principal. b) As águas;
Acessória ≠ Integrante c) As árvores, os arbustos e os frutos
naturais, enquanto estiverem ligados ao
Acessória é parte não integrante (204.º n.º3), já que as coisas acessórias são móveis que podem estar ao solo;
serviço tanto de coisas imóveis como de outras cosias móveis. Estão ligadas economicamente a coisa principal. d) Os direitos inerentes aos imóveis
mencionados nas alíneas anteriores;
e) As partes integrantes dos prédios
rústicos e urbanos.
210.º n.º 2 -» contraria a regra que a acessória segue a principal. Aqui é necessário referir a coisa acessória que 2. Entende-se por prédio rústico uma
acompanha à principal. parte delimitada do solo e as
Ex.: Venda de uma casa, a mobília pode ser acessória construções nele existentes que não
tenham autonomia económica, e por
Ex.: Atacadores de um sapato são parte integrantes e não acessórias. prédio urbano qualquer edifício
Ex.: Macaco de um automóvel | contentores de lixos privados incorporado no solo, com os terrenos
que lhe sirvam de logradouro.
3. É parte integrante toda a coisa móvel
Conforme a convenção negocial, e no caso da falta desta, é que se aplica o n.º2, excluindo as pertenças do ligada materialmente ao prédio com
objeto do negócio. carácter de permanência.

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Artigo 211.º
Coisas futuras
São coisas futuras as que não estão em
 Coisas presentes e futuras poder do disponente, ou a que este não
tem direito, ao tempo da declaração
negocial.
 FUTURAS -» ainda não existem ou são coisas alheias (existem mas a Artigo 893.º
pessoa que delas dispõe não as tem em seu poder ou ainda não tem Bens alheios como bens futuros
A venda de bens alheios fica, porém,
direito). sujeita ao regime da venda de bens
futuros, se as partes os considerarem
nesta qualidade.
Ex.: juros ainda não vencidos, comissão prometida por um ato não realizado, mercadorias ainda
não fabricadas

Expectativa da titularidade venha no futuro ser inscrita na sua esfera jurídica:


 Futura existência das coisas futuras
 Expectativa da futura aquisição das coisas alheias

“são coisas futuras as que (ainda) não estão em poder do dispoente, ou a que este (ainda) não tem direito, ao tempo
da declaração negocial” – HEH/ESMS (202)

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Artigo 212.º
Frutos
1. Diz-se fruto de uma coisa tudo o que
ela produz periodicamente, sem prejuízo
da sua substância.
2. Os frutos são naturais ou civis; dizem-
se naturais os que provêm directamente
da coisa, e civis as rendas ou interesses
 Coisas frutíferas e infrutíferas (os frutos) que a coisa produz em consequência de
“As coisas que sejam produzidas aleatoriamente e as que o sejam com prejuízo ou detrimento da substância da coisa, não são tidas juridicamente como uma relação jurídica.
frutos. São produtos da coisa principal” – PPV/PLPV (245) 3. Consideram-se frutos das
universalidades de animais as crias não
 Utilidade da coisa frutífera como bem jurídico em que os frutos são rendimento normal (capital) destinadas à substituição das cabeças que
por qualquer causa vierem a faltar, os
despojos, e todos os proventos auferidos,
 Frutos com duas características: ainda que a título eventual.
 Periodicidade da sua produção Artigo 213.º
Partilha dos frutos
 Preservação da substância da coisa frutífera
1 . Os que têm direito aos frutos naturais
até um momento determinado, ou a
Crias nascidas são frutos se ultrapassarem o necessário para substituir os animais que vierem a falecer. Isso é, não é partir de certo momento, fazem seus
fruto tudo que seja necessário para manter a integridade da coisa. todos os frutos percebidos durante a
vigência do seu direito.
2. Quanto a frutos civis, a partilha faz-se
“Os juros de um depósito a prazo, por exemplo, só devem ser tidos como frutos depois de reinvestida a parte necessária à compensação da inflação. Só proporcionalmente à duração do direito.
deve, pois, civis,
ser tido comoosfruto de uma aplicação Artigo 214.º
Ex.: Juros é fruto rendimentos depoisdede
capital o seu ojuro
deduzido quereal
fore necessário
não o juro nominal” – PPV/PLPV
para reposição (246)
do capital.
Frutos colhidos prematuramente
Quem colher prematuramente frutos
 FRUTOS: naturais é obrigado a restituí-los, se vier
 Frutos naturais -» “os que provêm diretamente da coisa” a extinguir-se o seu direito antes da
CC não classifica conforme são produzidos espontaneamente sem intervenção do trabalho humano (frutos puramente naturais) daqueles que frutos que exige para a sua produção a época normal das colheitas.
intervenção humana (frutos industriais) Artigo 215.º
 Frutos civis -» “as rendas ou interesses que a coisa produz em consequência de uma relação jurídica” Restituição de frutos
1. Quem for obrigado por lei à restituição
de frutos percebidos tem direito a ser
 Outra classificação: indemnizado das despesas de cultura,
 Frutos pendentes-» “estão ainda ligados à cosia frutífera” sementes e matérias-primas e dos
 Frutos separados -» “que dela foram já desligados, colhidos ou consumidos” restantes encargos de produção e
colheita, desde que não sejam superiores
ao valor desses frutos.
 Frutos pertencem a quem é proprietário ou titular da coisa frutífera ao tempo que forem colhidos. Caso haja mudança de titularidade, se forem 2. Quando se trate de frutos pendentes, o
naturais a partilha dos frutos é feita conforme a proporção da duração do direito de cada um, já nos frutos civis é conforme o 213.º n.º2 em que é obrigado à entrega da coisa não
que é proporcional à duração do direito. tem direito a qualquer indemnização,
salvo nos casos especialmente previstos
na lei.
Perceção dos frutos na posse – 1270.º e 1271.º
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Artigo 216.º
Benfeitorias
1. Consideram-se benfeitorias todas as
 As benfeitorias despesas feitas para conservar ou
melhorar a coisa.
2. As benfeitorias são necessárias, úteis
Não são coisas, são AÇÕES ou voluptuárias.
3. São benfeitorias necessárias as que
“O sentido de benfeitorias é mais o das ações que originam estas despesas do que o das despesas propriamente ditas, e até o daquilo que com essas têm por fim evitar a perda, destruição
despesas tenha sido feito. São no fundo, melhoramentos. De outro modo não seria possível proceder ao levantamento de benfeitorias, como prevêem os ou deterioração da coisa; úteis as que,
artigos 1273.º e 1275.º do Código Civil. O levantamento de benfeitorias não pode deixar de se traduzir na retirada de algo que tenha sido feito e que possa não sendo indispensáveis para a sua
ser separado da coisa”– PPV/PLPV (247) conservação, lhe aumentam, todavia, o
valor; voluptuárias as que, não sendo
Não é fácil determinar: indispensáveis para a sua conservação
nem lhe aumentando o valor, servem
1. São despesas para conservar e melhorar apenas para recreio do benfeitorizante.
2. Ações feitas sobre a coisa e as respetivas despesas

 Benfeitorias podem ser:


 Necessárias -» evitar o detrimento da coisa | indispensabilidade | Despesas feitas para impedir, ainda que não consiga
impedir o destruição ou deterioração (feitas com o fim de salvaguardar)
 Úteis -» aumentar o seu valor | se não resultar em valorização não é benfeitoria útil (importa o resultado)
 Voluptuárias -» recrear o benfeitorizante | poderá ser reconhecida como útil ainda que inicialmente tenha finalidade apenas
de aumentar o prazer no desfrute da coisa.
Consequências da classificação está relacionada a indemnização e na possibilidade de levantamento da benfeitoria.
 Necessárias -» evitar o detrimento da coisa | indispensabilidade | Despesas feitas para impedir, ainda que não consiga
impedir o destruição ou deterioração (feitas com o fim de salvaguardar)
 Úteis -» aumentar o seu valor | se não resultar em valorização não é benfeitoria útil (importa o resultado) - (podem ser
levantadas desde que não causem detrimento da coisa)
 Voluptuárias -» não são indemnizáveis (podem ser levantadas desde que não causem detrimento da coisa)

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Artigo 201.º-B
Animais
Os animais são seres vivos dotados
 Animais com estatuto autónomo entre pessoas e coisas – Lei n.º 8/2017 de de sensibilidade e objeto de
proteção jurídica em virtude da sua
03 de março natureza.
Artigo 201.º-C
Proteção jurídica dos animais
A proteção jurídica dos animais
 ANTES opera por via das disposições do
presente código e de legislação
“os animais eram concebidos como meras coisas móveis abrangidas pelo art. 205.º do Código especial.
Artigo 201.º-D
Civil e as suas crias constituíam frutos naturais nos termos do estabelecido no art. 212.º do Regime subsidiário
Na ausência de lei especial, são
mesmo encadeado normativo. A sua relevância era, assim, essencialmente económica, de aplicáveis subsidiariamente aos
propriedade e posse, típica de uma sociedade agrícola” – CEJ (15) animais as disposições relativas às
coisas, desde que não sejam
incompatíveis com a sua natureza.
Artigo 1302.º
 NOVO REGIME Objeto do direito de propriedade
1- As coisas corpóreas, móveis ou
“os animais ganharam o estatuto de «seres vivos dotados de sensibilidade» e o eixo relacional imóveis, podem ser objeto do direito de
deslocou-se da referida expressão económica para a do reconhecimento da sua qualidade de propriedade regulado neste código.
2 - Podem ainda ser objeto do direito de
«objeto de proteção jurídica em virtude da sua natureza«, nos termos do estatuído no art. 201.º- propriedade os animais, nos termos
regulados neste código e em legislação
B do Código Civil alterado.” - CEJ (15) especial.

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Artigo 201.º-B
Animais
Animais deslocados da parte dos direitos para a dos deveres, ainda que o 201.º- Os animais são seres vivos dotados
de sensibilidade e objeto de
D refira que se aplica subsidiariamente as normas relativas às coisas (1302.º proteção jurídica em virtude da sua
natureza.
n.º2) Artigo 201.º-C
Proteção jurídica dos animais
*A quem interprete que os animais incluídos no 201.º-B são os animais de companhia (estatuto A proteção jurídica dos animais
especial) e o do 1302.º n.º2 os demais (estatuto de coisa) opera por via das disposições do
presente código e de legislação
especial.
 Mudança do estatuto: Artigo 201.º-D
Regime subsidiário
Lei n.º 92/95 de 12 de setembro -» mandamento jurídico que animais não devem sofrer Na ausência de lei especial, são
desnecessariamente aplicáveis subsidiariamente aos
animais as disposições relativas às
coisas, desde que não sejam
*PPV/PLPV (231) entendem que não é incomum existir proteções especiais para certas coisas, como incompatíveis com a sua natureza.
o cadáver e as partes do corpo humano, vivas ou não vivas, destinadas a serem transplantadas. E que Artigo 1302.º
apesar do voluntarismo legislativo, as alterações traduzidas pela Lei n.º 8/2017, os animais continuam Objeto do direito de propriedade
1- As coisas corpóreas, móveis ou
sendo coisas móveis (as alterações causaram dificuldades terminológicas) imóveis, podem ser objeto do direito de
propriedade regulado neste código.
2 - Podem ainda ser objeto do direito de
“este voluntarismo legislativo não altera o facto de o Código Civil, e o Direito português em geral, continuar a propriedade os animais, nos termos
tratar juridicamente os animais como coisas móveis, suscetíveis de ser objeto de direitos, designadamente o de regulados neste código e em legislação
especial.
propriedade, adquirido por ocupação, o que é próprio das coisas móveis. Na estrutura da relação jurídica os
animais não são sujeitos, são objeto. O próprio artigo 201.º-B definiu os animais como «seres vivos dotados de
sensibilidade e objeto de proteção jurídica», e não como titulares de proteção jurídica”– PPV/PLPV (233)

Não houve uma personalização dos animais com a Lei n.º 8/2017.
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Artigo 1318.º
Suscetibilidade de ocupação
Podem ser adquiridos por ocupação os animais e as coisas móveis que
nunca tiveram dono, ou foram abandonados, perdidos ou escondidos
pelos seus proprietários, salvas as restrições dos artigos seguintes.
Artigo 1323.º
Animais e coisas móveis perdidas
1 - Aquele que encontrar animal ou coisa móvel perdida e souber a quem
pertence deve restituir o animal ou a coisa a seu dono ou avisá-lo do
Dificuldade para compreender quais animais, todos do reino biológico animal? achado.
2 - Se não souber a quem pertence o animal ou coisa móvel, aquele que
Afasta as bactérias, micróbios, bacilos, fungos, moluscos (ausência de os encontrar deve anunciar o achado pelo modo mais conveniente,
atendendo ao seu valor e às possibilidades locais, e avisar as
sensibilidade ainda que ADN animal?) autoridades, observando os usos da terra, sempre que os haja.
3 - Para efeitos do disposto no número anterior, deve o achador de
- Legislador focado nos animais de companhia? animal, quando possível, recorrer aos meios de identificação acessíveis
através de médico veterinário.
4 - Anunciado o achado, o achador faz seu o animal ou a coisa perdida,
se não for reclamada pelo dono dentro do prazo de um ano, a contar do
As alterações não trouxeram grandes mudanças práticas, continuam a ser anúncio ou aviso.
5 - Restituído o animal ou a coisa, o achador tem direito à indemnização
tratados como coisas móveis (exceto o 323.º n.º7). do prejuízo havido e das despesas realizadas.
6 - O achador goza do direito de retenção e não responde, no caso de
*os animais são objetos do direito de propriedade – 1305.º-A perda ou deterioração do animal ou da coisa, senão havendo da sua
parte dolo ou culpa grave.
“O Cciv não consagra nem um único preceito que reconheça direitos próprios aos animais, mas confere 7 - O achador de animal pode retê-lo em caso de fundado receio de que
o animal achado seja vítima de maus-tratos por parte do seu
direitos e deveres aos seus proprietários (donos) que tem domínio sobre eles” – HEH/ESMS (189) proprietário.
Artigo 493.º-A
O próprio 493.º-A não protege o animal e sim o património e direito de Indemnização em caso de lesão ou morte de animal
1 - No caso de lesão de animal, é o responsável obrigado a indemnizar o
personalidade do proprietário e património de quem auxiliar ao socorro e seu proprietário ou os indivíduos ou entidades que tenham procedido ao
seu socorro pelas despesas em que tenham incorrido para o seu
tratamento do animal que tenha sofrido lesão (o que já poderia ser tratamento, sem prejuízo de indemnização devida nos termos gerais.
2 - A indemnização prevista no número anterior é devida mesmo que as
salvaguardado noutra figuras). despesas se computem numa quantia superior ao valor monetário que
possa ser atribuído ao animal.
3 - No caso de lesão de animal de companhia de que tenha provindo a
morte, a privação de importante órgão ou membro ou a afetação grave
Possibilidade de intervenção de terceiros no salvamento e tratamento deriva e permanente da sua capacidade de locomoção, o seu proprietário tem
de institutos gerais como o estado de necessidade (339.º) e gestão de direito, nos termos do n.º 1 do artigo 496.º, a indemnização adequada
pelo desgosto ou sofrimento moral em que tenha incorrido, em
negócios (464.º). montante a ser fixado equitativamente pelo tribunal.

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Artigo 1305.º-A
Propriedade de animais
1 - O proprietário de um animal deve assegurar o seu bem-estar e respeitar as características de
cada espécie e observar, no exercício dos seus direitos, as disposições especiais relativas à criação,
reprodução, detenção e proteção dos animais e à salvaguarda de espécies em risco, sempre que
exigíveis.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, o dever de assegurar o bem-estar inclui,
A previsão do 1305.º-A decorre da Lei e Bons Costumes. nomeadamente:
a) A garantia de acesso a água e alimentação de acordo com as necessidades da espécie em questão;
No que refere as disposições do 1733.º alínea h) e 1775.º alínea f), o b) A garantia de acesso a cuidados médico-veterinários sempre que justificado, incluindo as
medidas profiláticas, de identificação e de vacinação previstas na lei.
3 - O direito de propriedade de um animal não abrange a possibilidade de, sem motivo legítimo,
que está foco é o estatuto conjugal e não o estatuto animal. infligir dor, sofrimento ou quaisquer outros maus-tratos que resultem em sofrimento injustificado,
abandono ou morte.
Artigo 1733.º
Bems incomunicáveis
Animal de companhia incluído como um bem pessoalíssimo do 1. São exceptuados da comunhão:
a) Os bens doados ou deixados, ainda que por conta da legítima, com a cláusula de
cônjuge, e portanto, fora da comunhão conjugal. incomunicabilidade;
b) Os bens doados ou deixados com a cláusula de reversão ou fideicomissária, a não ser que a
cláusula tenha caducado;
c) O usufruto, o uso ou habitação, e demais direitos estritamente pessoais;
d) As indemnizações devidas por factos verificados contra a pessoa de cada um dos cônjuges ou
A titularidade do animal é discutido no divórcio. contra os seus bens próprios;
e) Os seguros vencidos em favor da pessoa de cada um dos cônjuges ou para cobertura de riscos
sofridos por bens próprios;
f) Os vestidos, roupas e outros objectos de uso pessoal e exclusivo de cada um dos cônjuges, bem
Entretanto há o enfoque no bem-estar do animal -» 736.º al.g) não como os seus diplomas e a sua correspondência;
g) As recordações de família de diminuto valor económico.
podem ser penhorados. h) Os animais de companhia que cada um dos cônjuges tiver ao tempo da celebração do casamento.
2. A incomunicabilidade dos bens não abrange os respectivos frutos nem o valor das benfeitorias
úteis.
Artigo 1775.º
Requerimento e instrução do processo na conservatória do registo civil
1. - O divórcio por mútuo consentimento pode ser instaurado a todo o tempo na conservatória do
“Das alterações introduzidas no Código Civil pela Lei n.º8/2017 se conclui que registo civil, mediante requerimento assinado pelos cônjuges ou seus procuradores, acompanhado
pelos documentos seguintes:
os animais já antes eram e continuaram depois a ser coisas móveis semoventes. a) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respectivos valores, ou, caso os
Em Direito, e não só em Direito, repete-se, as cosias são o que são. Conclui-se, cônjuges optem por proceder à partilha daqueles bens nos termos dos artigos 272.º-A a 272.º-C do
Decreto-Lei n.º 324/2007, de 28 de Setembro, acordo sobre a partilha ou pedido de elaboração do
também, que as disposições d Código Civil relativas aos animais, nem criaram mesmo;
b) Certidão da sentença judicial que tiver regulado o exercício das responsabilidades parentais ou
uma nova categoria (entre as pessoas e as coisas), nem protegeram os animais acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais quando existam filhos menores e não
tenha previamente havido regulação judicial;
/salvo no que respeita o art. 1323.º, n.º7), nem estabeleceram um verdadeiro c) Acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça;
status dos animais, sendo que, na sua generalidade, não trouxeram novas d) Acordo sobre o destino da casa de morada de família;
e) Certidão da escritura da convenção antenupcial, caso tenha sido celebrada.
normas jurídicas, novo Direito, mas apenas novas fontes de direito, uma nova f) Acordo sobre o destino dos animais de companhia, caso existam.
2 - Caso outra coisa não resulte dos documentos apresentados, entende-se que os acordos se
letra de Lei que positiva aquilo que o Direito já afirmava”– PPV/PLPV (234) destinam tanto ao período da pendência do processo como ao período posterior.

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Artigo 1793.º-A
Animais de companhia
 Lei n.º8/2017 de 3 de março os animais de companhia são confiados a um ou a ambos os cônjuges,
considerando, nomeadamente, os interesses de cada um dos cônjuges e
 Conceito de animal de companhia (?) -» 389.º CP dos filhos do casal e também o bem-estar do animal.

 Artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 82/2019, de 27 de


Código Penal
junho (SIAC) Artigo 389.º
Conceito de animal de companhia
 Artigos 3.º e 4.º do Decreto-Lei n.º 315/2009, de 1 - Para efeitos do disposto neste título, entende-se por animal de
companhia qualquer animal detido ou destinado a ser detido por seres
29 de outubro (Regime Jurídico de Detenção de humanos, designadamente no seu lar, para seu entretenimento e
Animais Perigos e Potencialmente Perigosos) companhia.
2 - O disposto no número anterior não se aplica a factos relacionados
com a utilização de animais para fins de exploração agrícola, pecuária
ou agroindustrial, assim como não se aplica a factos relacionados com a
Destino ≠ Titularidade utilização de animais para fins de espetáculo comercial ou outros fins
legalmente previstos.
3 - São igualmente considerados animais de companhia, para efeitos
do disposto no presente título, aqueles sujeitos a registo no Sistema de
Informação de Animais de Companhia (SIAC) mesmo que se encontrem
em estado de abandono ou errância.

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Decreto-Lei n.º 315/2009, de 29 de outubro (Regime Jurídico de Detenção de Animais Perigos e Potencialmente
Perigosos
Artigo 3.º
Definições
Para efeitos do disposto no presente decreto-lei, entende-se por:
Decreto-Lei n.º 82/2019, de 27 de junho
a) «Animal de companhia» qualquer animal detido ou destinado a ser detido pelo homem, designadamente na sua residência, para
Artigo 13.º seu entretenimento e companhia;
Alterações ao registo b) «Animal perigoso» qualquer animal que se encontre numa das seguintes condições:
1 - As alterações aos registos do SIAC só podem ser efetuadas pelas entidades com i) Tenha mordido, atacado ou ofendido o corpo ou a saúde de uma pessoa;
acesso ao sistema, de acordo com o respetivo perfil atribuído pela DGAV. ii) Tenha ferido gravemente ou morto um outro animal, fora da esfera de bens imóveis que constituem a propriedade do seu
2 - A pessoa que figure como titular do animal de companhia no SIAC deve informar o detentor;
SIAC, direta ou indiretamente, sempre que ocorra uma das seguintes situações: iii) Tenha sido declarado, voluntariamente, pelo seu detentor, à junta de freguesia da sua área de residência, que tem um carácter e
a) Transmissão da titularidade do animal para novo titular; comportamento agressivos;
b) Alteração da residência do titular; iv) Tenha sido considerado pela autoridade competente como um risco para a segurança de pessoas ou animais, devido ao seu
c) Alteração do local de alojamento do animal; comportamento agressivo ou especificidade fisiológica;
d) Desaparecimento e/ou recuperação do animal; c) «Animal potencialmente perigoso» qualquer animal que, devido às características da espécie, ao comportamento agressivo, ao
e) Morte do animal. tamanho ou à potência de mandíbula, possa causar lesão ou morte a pessoas ou outros animais, nomeadamente os cães
3 - As alterações referidas no número anterior devem ser comunicadas diretamente ao pertencentes às raças previamente definidas como potencialmente perigosas em portaria do membro do Governo responsável pela
SIAC, pelo titular do animal, caso tenha solicitado acesso ao SIAC, ou por via de área da agricultura, bem como os cruzamentos de primeira geração destas, os cruzamentos destas entre si ou cruzamentos destas
qualquer entidade que tenha acesso ao sistema, nomeadamente o médico veterinário com outras raças, obtendo assim uma tipologia semelhante a algumas das raças referidas naquele diploma regulamentar;
acreditado no SIAC, por pessoa acreditada perante o SIAC, pela junta de freguesia ou d) «Autoridade competente» a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), enquanto autoridade sanitária veterinária nacional, os médicos
pela câmara municipal, no prazo de 15 dias. veterinários municipais, enquanto autoridade sanitária veterinária local, as câmaras municipais, as juntas de freguesia, a Guarda
4 - A transferência de titularidade pode operar de forma desmaterializada se a Nacional Republicana (GNR), a Polícia de Segurança Pública (PSP), a polícia municipal e a Polícia Marítima;
transmissão for registada pelo titular do animal de companhia no SIAC, efetivando-se e) «Centro de recolha» qualquer alojamento oficial onde um animal é hospedado por um período determinado pela autoridade
quando o novo titular validar a transferência no sistema. competente, nomeadamente o canil e o gatil municipais;
5 - Aquele que tenha recebido o animal de companhia por herança, legado ou na f) «Detentor» qualquer pessoa singular, maior de 16 anos, sobre a qual recai o dever de vigilância de um animal perigoso ou
sequência de partilha deve promover o registo da nova titularidade no SIAC, por médico potencialmente perigoso para efeitos de criação, reprodução, manutenção, acomodação ou utilização, com ou sem fins comerciais,
veterinário acreditado, por pessoa acreditada perante o SIAC, pela junta de freguesia ou que o tenha sob a sua guarda, mesmo que a título temporário.
ou pela câmara municipal. Artigo 3.º
6 - Sempre que uma entidade promova uma alteração do registo de um animal de Restrições à detenção
companhia no SIAC, deve assegurar a emissão e a entrega ao seu titular de um novo ó podem ser detidos como animais de companhia aqueles que não se encontrem abrangidos por qualquer proibição quanto à sua
DIAC e a atualização do PAC. detenção.

Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt


André, nascido em Fevereiro de  Incapacidade de exercício com fundamento na menoridade, definindo-se
2000, praticou os seguintes atos: capacidade de exercício e explicando-se como se conforma e supre a
incapacidade do menor.
- em novembro de 2015, perfilhou  O primeiro ato inseria-se entre as hipóteses pontuais (art. 67.º) de falta de
Beatriz, recém-nascida; capacidade de gozo, neste caso com fundamento em idade inferior a 16 anos
- em novembro de 2016, comprou, (1850.º). Deveria ser definida a capacidade de gozo, explicando-se que esta
com o dinheiro amealhado no seu se encontra aqui atipicamente associada a um vício de anulabilidade, que o
perfilhante ainda podia invocar (1861.º).
trabalho de marceneiro, um
dispendioso piano de cauda, para  Relativamente aos negócios de compra e subsequente doação do piano, estes
oferecer a Beatriz pelo seu primeiro deveriam ser enquadrados na incapacidade geral do menor para o exercício
de direitos e subsequentemente inseridos entres as exceções a tal
aniversário. incapacidade, ao abrigo do art. 127.º, n.º 1, a). Os negócios em causa
- Em março de 2017, Clemente, pai eram, portanto, válidos.
de André, vendeu a um investidor  Os negócios praticados pelo progenitor deveriam ser inseridos no quadro das
estrangeiro a quinta que André suas responsabilidades parentais, que lhe atribuem o poder-dever de
havia herdado, e vendeu a uma representar o menor e administrar os seus bens (1878.º; 1881.º). Tais
vizinha toda a colheita de laranjas poderes-deveres encontram limites, sendo necessária autorização judicial
desse ano. para venda de bens do menor (1889.º, n.º 1-a), salvo tratando-se de bens
passíveis de perda ou deterioração. Como tal, o negócio de venda da quinta
encontrava-se viciado de anulabilidade, que o menor ainda podia invocar
Hoje, André consulta-o, no sentido (art. 1893.º, n.º 1); por sua vez, o negócio de venda da colheita de laranjas
de saber se poderá destruir todos era válido.
os atos praticados. O que lhe
diria?
Daniel é motorista da
Encomendas Expresso, S.A.
Neste passado mês de  No caso prático, deveriam ser mobilizados os institutos da responsabilidade
dezembro, durante as entregas civil, da tutela dos direitos de personalidade, bem como da personalidade
da quadra natalícia, Daniel coletiva, em atenção à responsabilidade civil das pessoas coletivas pela
embateu com o seu veículo atuação dos seus agentes.
contra Emília, grávida de 7  Lesão nos direitos de personalidade, antes de mais, de Emília – em
meses, enquanto esta particular, do seu direito à integridade física, cuja lesão pode gerar danos
atravessava cuidadosamente a patrimoniais (vg., despesas hospitalares) e danos não patrimoniais (vg.,
passadeira. Em consequência, sofrimentos físicos e psíquicos). O titular goza de tutela face a estes danos,
Emília sofreu vários ferimentos, através do instituto da responsabilidade civil, tendo direito à respetiva
que conduziram à sua reparação e compensação (arts. 70.º, 496.º, 562.º, 566.º). Estando em
causa direitos absolutos, a sua lesão poderia acionar a responsabilidade
hospitalização durante duas civil extracontratual. Quanto às lesões provocadas no feto, conquanto o
semanas, tendo igualmente sido Direito civil proteja o bem jurídico da vida intra-uterina, a sua reparação a
detetadas lesões no feto. título de danos próprios encontra-se condicionada à aquisição de
Poderá Emília responsabilizar a personalidade jurídica (66.º). Não havendo nascimento completo e com
Encomendas Expresso, S.A.? vida, apenas poderiam ser reparados os danos patrimoniais e
Por quais danos? E quem e em extrapatrimoniais que tal lesão causasse na esfera da progenitora.
que termos poderá reagir em
relação aos danos causados no
feto?
Danilo é presidente do órgão de
administração da Associação
"Simplesmente Notável", que promove
atividades regulares de divulgação do  No caso prático, deveriam ser mobilizados os institutos da personalidade coletiva
património cultural da Região Centro. e capacidade de gozo das pessoas coletivas, da responsabilidade civil das pessoas
Ernesto é o responsável pela tesouraria e coletivas pela atuação dos seus representantes e agentes e da tutela dos direitos de
finanças da dita associação. personalidade.
a) Em janeiro passado, Danilo adquiriu,  Uma vez que se tratava de uma pessoa coletiva, deveria ser problematizada a
em nome da associação, um conjunto de sua capacidade jurídica para os negócios ligados à instalação e promoção de um
mobiliários e instrumentos de cozinha, e estabelecimento comercial, concluindo-se que estes se compaginavam com o
contratou ainda serviços publicitários princípio da especialidade do fim. A pessoa coletiva era, pois, contratualmente
para promover o restaurante de responsável perante os credores.
gastronomia típica da Região Centro,
que passará a ser explorado pela  Deveria ser identificada a lesão nos direitos de Frederico, tanto sobre os bens da
associação. Até à data, porém, os sua propriedade, como sobre os bens da sua personalidade (integridade física e
fornecedores apenas receberam uma psíquica), levada a cabo por Ernesto. Tratava-se de uma hipótese de
parcela ínfima do preço; poderão exigir responsabilidade civil extracontratual. A reparação destes danos poderia ser
exigida da Associação Simplesmente Notável, a qual responde
da Associação a parte em falta? independentemente de culpa, ao abrigo dos art. 165.º e 500.º do CC, pela
b) Com vista a recuperar montantes que atuação dos seus representantes, agentes e mandatários. Deveria ser
se encontravam em dívida já há vários fundamentado o preenchimento dos pressupostos do art. 500.º, explicando-se,
meses, Ernesto dirigiu-se a casa de nos termos do n.º 1, porque em relação a Ernesto se preenchiam todos os
Frederico, frequentador habitual do pressupostos gerais da responsabilidade civil extracontratual (facto, ilicitude,
restaurante, ameaçou-o e destruiu-lhe culpa, dano e nexo de causalidade entre facto e dano), e, nos termos do n.º 2,
vários pertences, até obter o pagamento que o sujeito atuava no quadro geral das suas competências, sendo o dano ainda
do montante em falta. Frederico imputável às suas funções. Não havendo culpa da pessoa coletiva, esta teria
pretende reagir contra a Associação depois direito de regresso por todo o montante desembolsado (art. 500.º, n.º 3).
"Simplesmente Notável", pedindo a
reparação dos danos causados; terá
sucesso?
André, nascido em fevereiro de 1941, afetado
por uma doença neurológica grave, tem vindo
a ver as suas faculdades psíquicas
degradarem-se sucessivamente, enfrentando  O caso prático devia ser material e temporalmente situado no regime do
dificuldades na administração do seu vasto maior acompanhado, verificando-se os seus pressupostos e consequências,
património imobiliário. Nesse contexto, neste caso patentes no decretamento de um âmbito de incapacidade de
interporá no início do mês de março de 2019 exercício, a ser suprida através do instituto da assistência.
uma ação com vista ao decretamento de
medidas de acompanhamento.  Estava em causa a apreciação do valor dos atos do sujeito da ação de
Suponha que se encontra agora em novembro acompanhamento, sendo central o art. 154.º. Em qualquer caso, Beatriz
de 2019 e que foi, já em junho de 2019,
publicada a decisão de acompanhamento, que
apenas terá legitimidade para anular as anulabilidades previstas no seu n.º
decretou que doravante André careceria do 1.
consentimento da sua filha Beatriz para a
prática de quaisquer negócios relativos ao seu  O negócio de arrendamento foi praticado na pendência da ação de
património imobiliário. Entretanto, André acompanhamento, devendo ser enquadrado no art 154.º, n.º 1, al. b), e
praticou os seguintes negócios: explicado porque no caso não se verificava o requisito da prejudicialidade
- em abril de 2019, num momento de grande do negócio. Não obstante, poderia ser invocado o regime da incapacidade
confusão mental, arrendou um luxuoso acidental (art. 257.º), se houvesse referência da data em que houve o
apartamento no centro de Lisboa a Clotilde, anúncio do início do processo (154.º n.º3)
por uma renda similar à que vinha praticando
nessa zona. Entretanto, uma conhecida  O testamento foi praticado após o decretamento da incapacidade. Porém, a
estrela da música pop americana mudou-se sentença não decretou qualquer incapacidade de testar, mantendo André a
para o mesmo prédio, tendo triplicado as
rendas cobradas pelos novos contratos.
capacidade de gozo e exercício para a prática deste ato pessoal (arts. 147.º
- em outubro de 2019, celebrou testamento, e 2189.º, b). Como tal, o testamento não enfermava da nulidade prevista
pelo qual legou um dos seus prédios à no art. 2190.º. Porém, o legado efetuado a favor da enfermeira Diana
Greenpeace e outro a Diana, sua enfermeira. correspondia à hipótese de indisponibilidade relativa prevista no art.
Ainda em novembro de 2019, André morre 2194.º, sendo nula esta disposição.
vítima da doença que o afetava, e Beatriz
consulta-o, no sentido de saber se poderá
destruir todos os atos praticados. O que lhe
diria?
 A Fundação poderia ter sido reconhecida, atenta aos fins

Eduardo aos 79 anos de que se destina?


idade institui a  Fins são de interesse social, e enquanto tal poderá ser
Fundação X com a reconhecida 185.º n.º1 e 188.º n.º3 a)
finalidade de subsidiar  Podia a morte presumida ser decretada seis anos após o
os estudos de crianças desaparecimento de Eduardo?
pobres no pais.  Após o desaparecimento, o Eduardo completou 80 anos,
Reconhecida a Fundação por isso o prazo para decretar a morte presumida pode ser
pela entidade reduzido para cinco anos – 114.º n.º1 in fine.
competente, Eduardo  Após ter sido decretada a morte presumida, Filomena
desaparece sem mais vende a luxuosa moradia em que vivia, herdada do marido,
dar notícias. e com o dinheiro obtido, compra um veleiro, um
Seis anos volvidos, apartamento em Lisboa e um automóvel desportivo, sem
Filomena, sua mulher, que, tais atos de compra, conste declaração quanto a
requer a morte proveniência do dinheiro. Eduardo regressa. Que direitos
presumida de Eduardo lhe assistem?
que vem a ser decretada  Não constou a proveniência do dinheiro nos atos de
pelo tribunal. aquisição, Eduardo tem direito aos preço de venda da
moradia – 119.º n.º1
António, com 6 meses, é titular de
significativo património. Beatriz,  O António tem capacidade de gozo – é titular de direitos
mãe de António, resolve consultá- (reais). A sua capacidade de direito é suprida pela
responsabilidade parental – neste caso, pela mãe.
lo sobre como proceder quanto
aos seguintes assuntos:  Os direitos e obrigações são da criança, os pais praticam
atos no interesse do filho, em nome do filho e por conta do
filho.
A) Como proceder quanto ao
recebimento das rendas de  As consequências desses atos repercutam-se na esfera
jurídica da criança.
imóveis que António tem
arrendados?  1881° CC –poder de representação, mas 1889° CC –atos
cuja validação depende de autorização judicial prévia
B) Um dos inquilinos de António
deixou o imóvel, havendo agora a  a. a mãe pode receber as rendas, pois é um ato de
administração que foi praticado em nome do menor.
possibilidade de o arrendar a
outro interessado pelo prazo de 4 É um terceiro que recebe o dinheiro, mas que o transfere
anos. Quem celebra o negócio? para uma conta do filho, à qual ele poderá aceder mais tarde
C) A venda da fruta do pomar de  b.1889° al. m) – os pais podem celebrar o negócio,
António que ameaça perder-se se mesmo sem a autorização judicial (prazo inferior a 6 anos)
não for colhida e vendida  c.1889° al. a) – pode ser vendida, mesmo sem autorização
rapidamente? judicial pois trata-se de uma alienação para evitar perda e
deterioração
Quid iuris?
 Co-administrador é diferente de representante legal.
Alberto, viúvo, é pai de um filho e uma
filha –Bento e Carlota. Por sua vez,  Segundo o artigo 2133°, o único filho herdeiro de
Carlota, divorciada, é mãe de Daniel, Alberto (2015) será o seu filho Bento, pois a sua
casado com Eduarda no regime de outra filha, Carlota, morreu. Mas Daniel poderá ser
separação de bens. Em 5 de fevereiro chamado em representação, “ocupando” o lugar de
de 2010 Carlota morreu e, um ano Carlota.
mais tarde, a 3 de agosto de 2011, o  Carlota quando morreu (2011), tinha apenas Daniel
seu filho Daniel desapareceu. Com o como seu herdeiro prioritário.
desgosto, a saúde do seu avô –Alberto
–deteriora-se e acaba por falecer em 12  Daniel é herdeiro dos bens de Alberto junto de
de dezembro de 2015 sem deixar Bento, por ser herdeiro por representação de
testamento. Carlota.
Carlota quando morreu tinha no seu Admita agora que se soube que Daniel faleceu em 14
património uma casa e uma conta de janeiro de 2014. A solução seria a mesma?
bancária com 12,500€. O seu filho
Daniel, no momento do Não, Daniel não poderia exercer direito de
desaparecimento, era titular –para além representação, e portanto, Bento o único herdeiro de
dos bens herdados da sua mãe –de Alberto.
uma casa e um automóvel. Por sua vez, Quanto aos bens de Carlota, iriam para Daniel, e os
Alberto, quando faleceu, era titular de bens de Daniel (e os recebidos de Carlota) iriam para
uma quinta no Douro. A morte Eduarda sua esposa.
presumida de Daniel foi declarada 10
anos após o seu
desaparecimento(2021). Quid iuris?
Firmino, Gabriel e Heitor constituíram,
observadas as formalidades legais, a
Associação Recreativa de Amares.
 A) Competência exclusiva da Assembleia Geral – 172.º n.º2.
Dois anos depois, já a associação contava com
50 associados, sendo Firmino, Gabriel e Heitor Maioria exigida nos estatutos é nula por contrariar o 175.º n.º3
seus administradores. e 5.
Reunida em assembleia-geral, à qual faltaram
apenas 5 associados, foram votadas as  B) Matéria de competência (residual ou supletiva) da
seguintes matérias: assembleia-geral 172.º n.º1. De todo modo a deliberação não
A) Alteração da sede de Amares (conforme foi aprovada pelo quórum necessário de maioria absoluta dos
constava nos estatutos) para Braga com voto
favorável de dois terços dos associados associados presentes conforme 175.º n.º2 e 5
presentes, precisamente a maioria exigida  C)Matéria de competência exclusiva e própria da assembleia-
pelos estatutos. geral 172.º n.º2. Deliberação da administração é nula 294.º
B)A compra de um terreno para construção de
uma pista de karting com 20 votos a favor, 18  D) Matéria de competência exclusiva e própria da assembleia-
contra, 7 abstenções. geral 172.º n.º2. Deliberação da administração é nula 294.º
 E) Competência de gozo da pessoa coletiva -» A capacidade
Um mês despois, reunido o órgão de de gozo das pessoas coletivas sofre assim restrições de três
administração, foi votada por unanimidade: ordens:
C) a alteração da denominação Associação
Recreativa de Amares (conforme constava nos - só integra os direitos e obrigações necessários ou
estatutos) para Associação Recreativa do convenientes à prossecução dos seus fins;
Minho - direitos e obrigações esses que não sejam vedados por lei;
D) A aprovação do balanço anual da
Associação - direitos e obrigações que não sejam inseparáveis da
E) A doação de um imóvel, pertencente à personalidade singular.
associação, a Ivo, pai de Heitor, por todo o F)Sendo válida ou não a deliberação do órgão da administração,
apoio moral que sempre deu ao filho para que
a associação fosse criada e se mantivesse em trata-se de um negócio para o qual a Associação não tem
funcionamento. durante os dois anos de capacidade jurídica, atento o princípio da especialidade dos fins
existência.
sufragados pelo 160.º.Doação é nula 294.º
Mais 15 dias volvidos, Heitor, em nome da
Associação, doa o imóvel a seu pai , Ivo.
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/-/441E6FC971595900802581F4004152E1

AC. TRL de 09/11/2017


Proc. n.º 3844/13.0TCLRS.L1-6
- O principio da especialidade, que emana do artigo 160º do Código Civil, aplicável às
associações por força do artigo 157º do mesmo diploma legal, traduz-se na pática de actos
adequados ao escopo, à razão de ser da pessoa colectiva. A especialidade emerge, pois, do
respectivo fim social.

– Tal princípio não exclui a legitimidade da prática esporádica de doações por uma
sociedade ou associação quando conveniente à prossecução dos seus fins ou determinada
por fundamentos de solidariedade social, contanto que os donativos ou liberalidades sejam
adequados à capacidade económica da própria sociedade ou da associação”
Pessoas coletivas – organizações constituídas por uma coletividade de pessoas dirigidas à realização de atos
Danilo é presidente do órgão de administração comuns ou coletivos, às quais se atribui personalidade jurídica, que se distinguem em função do elemento pessoal
da Associação "Simplesmente Notável", que ou patrimonial: existem corporações/associações, que tenham um substrato integrado por um agrupamento de
pessoas singulares, que têm em vista o interesse comum; e as fundações, que têm um substrato dominado por
promove atividades regulares de divulgação do um elemento patrimonial, integrado por um conjunto de bens adstritos ao fundador (que pode ser uma pessoa
património cultural da Região Centro. Ernesto é singular ou coletiva) com um interesse de índole social. Está regulada nos art. 157º e ss.
um funcionário permanente e muito polivalente
da dita associação. São constituídas por elemento fático (o seu substrato, material, que diz respeito a um conjunto de elementos da
realidade extrajurídica
cujo seu reconhecimento elevará à qualidade de sujeito jurídico) e por um elemento normativo
a) Em Janeiro de 2020, Danilo adquiriu, em nome (reconhecimento). Elemento patrimonial, elemento teleológico, elemento intencional, elemento organizatório
da associação, um luxuoso iate, que tem usado (preceitos disciplinadores). Órgãos da pessoa coletiva – centros institucionalizados de poderes funcionais, a
exercer por um indivíduo ou colégio de indivíduos que neles estiverem providos, com o objetivo de exprimir a
para fazer viagens de recreio pelo Mediterrâneo. vontade juridicamente imputável a essa pessoa coletiva. Há órgãos deliberativos, que representam a vontade dos
Até à data, porém, a vendedora Fedra apenas membros no exterior, órgãos representativos, que representam a vontade da pessoa coletiva e relacionam-se
recebeu uma parcela ínfima do preço; poderá com terceiros, os agentes ou auxiliares, os órgãos que executam sob incumbência da pessoa coletivo, e ainda os
exigir da Associação a parte em falta? mandatários, que concluem negócios
jurídicos vinculativos da pessoa coletiva.
b) No corrente mês, quando procedia ao controlo
das entradas no recinto onde decorria o magusto a) É necessário averiguar se há capacidade da pessoa coletiva para a prática do ato em questão, um vez que se ela
anual da associação, Ernesto deparou-se com não existir, o ato é nulo, não produzindo efeito. Assim sendo, a associação em questão não tem capacidade para
Gregório e Hugo, dois antigos associados e adquirir o iate, uma vez que não existe um nexo de necessidade nem de conveniência, pelo que o ato é nulo,
sendo que Fedra não poderia exigir da associação a parte do pagamento em falta, dado que esta não ficou
atualmente indesejáveis. Visando impedir o seu vinculada pelo ato pelo contrato.
acesso, Ernesto usou livremente da sua força
física, do que resultaram várias fraturas ósseas e b) Remete para a questão da responsabilidade civil. Danos lesantes. Nexo de causalidade entre o ato e o dano. O
feridas contusas para os anteriores associados. facto tem de ser ilícito, e culposo. A consequência jurídica destes pressupostos é o dever de reparar o dano (art.
562º) – princípio da reparação. A pessoa física que atuou tem de ser sancionada, sendo que o facto danoso tem
Ambos pretendem agora obter da associação de ser praticado no exercício das funções relativas à pessoa coletiva. No caso, verificam-se os pressupostos
reparação por danos extrapatrimoniais e relativos à responsabilidade, e atuou no quadro das suas competências gerais de portaria, preenchendo-se os
patrimoniais decorrentes da agressão. Terão pressupostos para a existência de responsabilidade extracontratual da pessoa coletiva (art. 500º).
sucesso?
 A) Princípio da especialidade do fim (n.º 1 do artigo 160.º), que limita a capacidade de gozo das
Um conjunto de naturais de Coimbra
pessoas colectivas. Cfr Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 318 a 321: estão “fora da capacidade jurídica
constituiu uma associação destinada a das pessoas colectivas os direitos e obrigações que não sejam necessários ou convenientes à
promover o desenvolvimento social e prossecução dos seus fins”. A subscrição no capital social daquela sociedade comercial pode – ou
cultural do concelho: a “Associação para o não – ser necessária ou conveniente à promoção do desenvolvimento social e cultural do concelho.
Desenvolvimento de Coimbra” (ADC). No caso de não ser necessária ou conveniente o negócio seria nulo por ir para lá da capacidade de
Suponha que é consultado sobre as gozo da ADC, nos termos do artigo 294.º.
seguintes questões:  B) Responsabilidade civil das pessoas colectivas (Cfr. Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 321 a 325). O
artigo 165.º determina que a associação é responsável pelos actos ou omissões deste seu
a) Pode a ADC fazer uma subscrição de funcionário (enquanto agente dela) nos termos do artigo 500.º (embora parte da doutrina –
€100.000 no capital social de uma incluindo Mota Pinto, Teoria Geral, p. 322 – entenda que a remissão deva ser para o artigo 800.º nos
sociedade comercial que vai construir uma casos de responsabilidade contratual).
grande unidade fabril no concelho  Os requisitos do artigo 500.º são os seguintes: (1) existência de comissão; (2) responsabilidade do
b) Um funcionário da ADC apropriou-se comissário (o funcionário da ADC); e (3) que o acto ilícito do comissário haja sido praticado “no
indevidamente do dinheiro recolhido exercício da função que lhe foi confiada” (n.º 2 do artigo 500.º, in fine). Este último requisito impõe
num sorteio promovido pela associação, que o acto ilícito tenha sido praticado no quadro geral das competências que foram conferidas ao
comissário para o desempenho da sua comissão. Ou seja: tem de existir um nexo funcional – e não
sendo agora exigidos a esta a devolução do meramente formal (por exemplo, o acto ilícito ter sido praticado no local, e durante o horário, em
dinheiro do sorteio e uma indemnização que a comissão deveria ser desempenhada). O facto ilícito tem de ter sido praticado por causa da
pela sua não realização. Será a ADC comissão e não apenas por ocasião dela. Neste caso a apropriação do dinheiro por parte do
responsável? funcionário da ADC extravasa das competências que lhe foram confiadas pela associação, pelo que
só aquele – e já não esta – é responsável.
c) Pedro, administrador da ADC, quando se  C) Problema idêntico ao anterior. Enquanto administrador da ADC, Pedro é seu representante (nos
deslocava a Lisboa para tratar de termos do n.º 1 do artigo 163.º). Os atos destes representantes responsabilizam também a ADC, nos
termos do artigo 165.º, que remete para o artigo 500.º. Neste caso não há dúvida que o ato ilícito de
assuntos da associação, teve um acidente Pedro foi praticado no exercício da função que lhe foi confiada, pelo que também a ADC é
no automóvel desta, resultante de distração responsável (mesmo não havendo culpa sua). A ADC fica com o direito de regresso sobre Pedro, nos
sua, termos do n.º 3 do artigo 500.º.
que causou graves danos noutros Uma nota: poderia questionar-se se Pedro, enquanto administrador da ADC, está verdadeiramente a
automóveis. Poderão os proprietários atuar enquanto comissário desta; não estando faltaria o primeiro dos requisitos do artigo 500.º
destes exigir uma (existência de comissão), deixando de ser aplicável esta norma.
indemnização pelos danos sofridos à ADC?
 No caso prático, deveriam ser mobilizados os institutos da responsabilidade civil das
pessoas singulares, bem como das pessoas coletivas pela atuação dos seus agentes,
A sociedade "Reis da Noite, Lda.", explora a e da tutela dos direitos de personalidade. Deveria ser identificada a lesão no direito
discoteca "O Pinhal", na zona centro. As de Afonso à honra (art. 70.º), bem como ao crédito e bom nome (art. 484.º) –
funções de gestão de relações públicas e, em explicando-se estes conceitos e o conteúdo dos direitos em causa. Tratava-se de
particular, de redes sociais, são exercidas por uma hipótese de responsabilidade civil extracontratual. A reparação destes danos
Dinis. Afonso, antigo frequentador assíduo do
estabelecimento, vem fazendo afirmações poderia ser exigida de Dinis, porque em relação a ele se preenchiam todos os
desfavoráveis à discoteca na esfera digital, pondo a pressupostos da responsabilidade civil extracontratual (facto, ilicitude, culpa, dano e
ridículo a decoração e a seleção musical, nexo de causalidade entre facto e dano). E poderia também ser exigida da
que apoda de antiquadas, "praticamente sociedade, a qual responde independentemente de culpa, ao abrigo dos art. 165.º e
medievais". 500.º do CC, pela atuação dos seus representantes, agentes e mandatários. Deveria
Apercebendo-se do sucedido, Dinis, bem
conhecido pelo seu temperamento irascível, usa o ser fundamentado o preenchimento dos pressupostos do art. 500.º, explicando-se
seu perfil nas redes sociais que o identifica como em particular porque se deveria entender que, para efeitos do n.º 2, Dinis atuava
"relações públicas" d'"O Pinhal", e ainda no exercício das suas funções. Deveria explorar-se a hipótese de haver culpa
responde de imediato a Afonso. Acusa-o de da pessoa coletiva, por ter escolhido um sujeito com personalidade irascível para
envolvimento em negócios escusos, e de ser um relacionamento com o público. Neste caso, quando chamada a responder por via do
frequentador a quem foi proibido o ingresso no
estabelecimento, por se querer "evitar art. 500.º, esta teria o seu direito de regresso limitado (art. 500.º, n.º 3).
problemas com a lei". Na sequência, Dinis  Deveria por outro lado ser identificada a lesão em idênticos bens de personalidade
menciona ainda Henrique, seu vizinho com quem de Henrique. Tratava-se de uma hipótese de responsabilidade civil extracontratual. A
tem um problema antigo de demarcação de reparação destes danos poderia ser exigida de Dinis, porque em relação a ele se
terrenos, dizendo que este é "cúmplice de Afonso preenchiam todos os pressupostos da responsabilidade civil extracontratual (facto,
no crime".
Como, e contra quem, poderão Afonso e Henrique ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade entre facto e dano). No entanto, a
reagir? sociedade já não poderia ser chamada a responder, uma vez que os danos já não
eram de reconduzir ao exercício das funções de Dinis.
 No caso prático, deveriam ser mobilizados os institutos
da personalidade coletiva e capacidade de gozo das
A sociedade "Nós Trabalhamos pessoas coletivas. A "Nós Trabalhamos Muito, Lda." é
Muito, Lda.", recentemente uma sociedade comercial, pessoa coletiva com
fundada, dedica-se à cedência substrato corporativo e escopo lucrativo, havendo que
temporária de espaços para fins aferir da necessidade ou conveniência dos dois
profissionais, propondo-se negócios para a obtenção de lucro (art. 160.º do Cód.
reformular inteiramente as práticas
de civ.). Ambos são negócios são gratuitos, à partida
organização empresarial. contrários a esse fim. Porém, o primeiro negócio
a) Neste Natal, César, na qualidade mostra-se conveniente à prossecução do lucro
de gerente único, ofereceu (gratificação dos Funcionários da empresa, com
uma trotinete elétrica a cada um dos potenciais efeitos na sua produtividade); o mesmo não
funcionários da empresa e fez se pode dizer do segundo negócio (donativo anónimo,
ainda um donativo anónimo, no valor sem fins publicitários). Como tal, o negócio de doação
de 500.000 euros, a uma à fundação seria nulo. Seria valorizada a resposta que
fundação dedicada ao estudo das invocasse o art. 6.º do Cód. Soc. Comerciais e
alterações climáticas. Pronuncie-se
sobre a validade de cada um destes procurasse problematizar a aplicação dos seus
negócios requisitos

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