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JURISPRUDÊNCIA INTERAMERICANA
EM MATÉRIA DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS, CULTURAIS E AMBIENTAIS (DESCA)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
20.06.2023 (14h-16h) Origens e desenvolvimento do controle de convencionalidade André de Carvalho Ramos
Isabel Penido
21.06.2023 (16h-18h) Jurisprudência interamericana sobre sistema prisional
de Campos Machado
Patrícia Fonseca Carlos
22.06.2023 (14h-16h) Jurisprudência interamericana de direito à saúde
Magno de Oliveira
Jurisprudência interamericana sobre direitos políticos e
22.06.2023 (16h-18h) Luiz Guilherme Arcaro Conci
democracia
JURISPRUDÊNCIA INTERAMERICANA EM MATÉRIA DE DESCA
5 Considerações finais
1
➢ Pluralismo jurídico – interação e diálogo entre jurisdições – fundamentos
teóricos e normativos
➢ Ius Constitutionale Commune Latino-Americano ➢ Gramática de DH adotada CF/88: art. 1º, III;
(Flavia Piovesan e Ana Carolina Lopes Olsen) art. 4º; art. 5º, em especial o parágrafo 2º
PLURALISMO JURÍDICO – INTERAÇÃO E DIÁLOGO ENTRE JURISDIÇÕES
(...)
8. Os juízes nacionais devem agir como juízes interamericanos
e estabelecer o diálogo entre o direito interno e o direito
internacional dos direitos humanos, até mesmo para diminuir
violações e abreviar as demandas internacionais. É com tal
espírito hermenêutico que se dessume que, na hipótese, a
melhor interpretação a ser dada, é pela aplicação a Resolução
da Corte Interamericana de Direitos Humanos, de 22 de
novembro de 2018 a todo o período em que o recorrente
cumpriu pena no IPPSC. (STJ. 5T. AgRG RHC n. 136.961-RJ. Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca. DJe 21.06.2021)
(...)
FINALIDADE DO SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
APRENDIZADO MÚTUO E
ESTABELECIMENTO DE
APERFEIÇOAMENTO DO
PARÂMETROS MÍNIMOS
SISTEMA NACIONAL
Eficácia direta e subjetiva: alcance inter partes Eficácia indireta e objetiva: alcance erga omnes
(res judicata) (res interpretata)
CADH, art. 62: Todo Estado Parte pode, no momento do ➢ A doutrina da res interpretata tem origem no Sistema
depósito do seu instrumento de ratificação desta Europeu de proteção dos DH.
Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento
posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de Resolução 1226/2000 da Assembleia Parlamentar do
pleno direito e sem convenção especial, a competência da Conselho da Europa – além do princípio da subsidiariedade,
Corte em todos os casos relativos à interpretação ou o sistema europeu é fundado no princípio da solidariedade,
aplicação desta Convenção segundo o qual a jurisprudência do Tribunal faz parte da
CEDH, com eficácia erga omnes para todos os Estados Partes
da Convenção
CADH, art. 67: A sentença da Corte será definitiva e
inapelável. Em caso de divergência sobre o sentido ou
alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de ➢ Corte IDH é a intérprete autêntica da CADH
qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado
dentro de noventa dias a partir da data da notificação da ➢ Interpretação evolutiva do art. 2º CADH – interpretações
sentença. da Corte IDH inseridas nas medidas “de outra natureza”
CADH, art. 68.1: Os Estados Partes na Convenção ➢ CADH, art. 69: A sentença da Corte deve ser notificada às
comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo partes no caso e transmitida aos Estados Partes na
Convenção.
caso em que forem partes.
NATUREZA JURÍDICA DAS SENTENÇAS E OPINIÕES CONSULTIVAS DA CORTE IDH
Relatorias
(art. 15 Reg CIDH)
Todas as
Conduzidas por um
Temáticas membro da CIDH
demais
O(a) relator(a) especial da REDESCA
é responsável por apoiar a CIDH no
cumprimento de seu mandato de
promoção e proteção dos Direitos
Econômicos, Sociais, Culturais e
Ambientais (DESCA) nas Américas
COMPÊNDIOS - REDESCA
INFORMES TEMÁTICOS
2
➢ As atribuições da Corte IDH: visão panorâmica
➢ Legitimidade ampla: vai além dos Estados parte da Convenção, incluindo todos os
Estados integrantes da OEA e órgãos da OEA, devendo, neste caso (órgãos OEA),
haver demonstração da pertinência temática.
MICROSSISTEMA NORMATIVO
➢ Indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos ➢ O direito ao trabalho e o direito a estabilidade do emprego não estão
consagrados na CADH.
➢ As obrigações gerais previstas nos arts. 1º e 2º (capítuo I - da Parte I)
aplicam-se aos DESCA consagrados no art. 26 CADH (capítulo III – Parte I) ➢ Os direitos suscetíveis de serem invocados perante a Corte são aqueles
“reconhecidos”, “estabelecidos”, “garantidos”, “consagrados” ou “protegidos” na
➢ O artigo 26 da CADH não é uma norma meramente programática; CADH, ou seja, os Direitos Civis e Políticos, devendo, portanto, serem excluídos
da judicialização os DESCA.
➢ O conteúdo do art. 26 da CADH, considerando as regras gerais de
interpretação previstas no art. 29 da CADH e o teor da OC 10 (sobre a ➢ O fato de um direito não ser “reconhecido” pela CADH não impede que seja
interpretação da DADH), é extraído da interpretação conjunta da Carta da judicializável perante a Corte, desde que existe um Protocolo Adicional que
OEA (normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura) e contemple essa proteção.
Declaração Americana de Direitos Humanos; o conteúdo e alcance dos
direitos reconhecidos – direito ao trabalho, direito à saúde, etc - são ➢ O Protocolo de San Salvador limitou a competência da Comissão e da Corte para
determinados pelo corpus iuris internacional e pelas legislações conhecer os casos contenciosos relativos a violação de DESC.
nacionais (ex: utilização das normas da OIT e OG do Comitê DESC).
➢ O princípio pro persona incide na hipótese de existirem duas possíveis
➢ No caso, os arts 45, “b” e “c”; art. 46 e art. 34, “g” estabelecem que o interpretações válidas e certas, o que não é o caso, pois a justiciabilidade direta
trabalho é um direito e dever social e que este deve ser realizado com dos DESC a partir do art 26 CADH não é uma interpretação válida
salários justos, oportunidades de emprego e condições de trabalho
acessíveis para todos.
➢ No caso Lagos Del Campo, a Corte não analisou a relação da CADH com o
Protocolo de San Salvador, embora alguns juízes já tivessem se
manifestado anteriormente a respeito
➢ Em 2009, no caso Acevedo Buendia a referência ao art. 26 da
CADH foi realizada para indicar que tal dispositivo continha
apenas a obrigação estatal de progressividade/não
regressividade dos DESC
Trabalhadores Petroperu vs. Peru 23/11/2017 (n. 344) Direito ao trabalho (dispensa arbitrária – estabilidade laboral)
San Miguel Sosa vs. Venezuela 08/02/2018 (n. 348) Direito ao trabalho (dispensa arbitrária – estabilidade laboral)
Cuscul Pivaral vs. Guatemala 23/08/2018 (n. 359) Direito à saúde e princípio da progressividade DESCA
Muelle Flores vs. Peru 06/03/2019 (n. 375) Direito à previdência social
Ancejub – SUNAT vs. Peru 21/11/2019 (n. 394) Direito à previdência social
Membros de La Asociación Lhaka Honhat vs. Direito ao meio ambiente saudável, alimentação adequada, água e participação na vida
06/02/2020 (n. 400)
Argentina cultural
Direito ao trabalho
Spoltore vs. Argentina 09/06/2020 (n. 404)
(condições equitativas e satisfatórias que assegurem a saúde do trabalhador)
C ORTE IDH: C ASOS CONTENCIOSOS DESCA
R ECONHECIMENTO DA VIOLAÇÃO DIRETA DO ART . 26 CADH
Vera Rojas y otros vs. Chile 01/10/2021 (n. 439) Direito à saúde e previdência social (PCD)
Manuela y otros vs. El Salvador 02/11/2021 (n. 441) Direito à saúde (violência obstétrica)
Palacio Urrutia y otros vs. Equador 24/11/2021 (n. 446) Direito ao trabalho (estabilidade laboral)
Federação Nacional de Trabalhadores Direito ao trabalho (violação do prazo razoável para execução de sentença que estabeleceu o
01/02/2022 (n. 448)
Marítimos e Portuários (FEMAPOR) vs. Peru pagamento de salários)
Pavez Pavez vs. Chile 04/02/2022 (n. 449) Direito ao trabalho – discriminação por orientação sexual)
C ORTE IDH: C ASOS CONTENCIOSOS DESCA
R ECONHECIMENTO DA VIOLAÇÃO DIRETA DO ART . 26 CADH
Direito ao trabalho. Prática discriminatória no contexto da relação laboral. Não contratação por
Guevara Diaz vs. Costa Rica 22/06/2022 (n. 453)
motivo de deficiência intelectual
Mina Cuero vs. Equador 07/09/2022 (n. 464) Direito ao trabalho (estabilidade laboral)
Benites Cabrera y otros vs. Peru 04/10/2022 (n. 465) Direito ao trabalho (estabilidade laboral)
Valencia Campos y otros vs. Bolívia 18/10/2022 (n. 469) Direito à saúde
Nissen Pessolani vs. Paraguay 21/11/2022 (n. 477) Direito ao trabalho (estabilidade laboral)
Aguinaga Aillón vs. Equador 30/01/2023 Direito ao trabalho (estabilidade laboral). Poder judiciário – autoridades judiciais
C ORTE IDH: C ASOS CONTENCIOSOS DESCA
R ECONHECIMENTO DA VIOLAÇÃO DIRETA DO ART . 26 CADH
▪ Spoltore vs. Argentina (2020) ▪ Caso Pavez Pavez vs. Chile (2022)
▪ Empregados da Fábrica de Fogos de Santo Antônio ▪ Caso Guevara Diaz vs. Costa Rica (2022)
de Jesus vs. Brasil (2020)
▪ Caso Mina Cuero vs. Equador (2022)
▪ Casa Nina vs. Peru (2020)
▪ Caso Benites Cabrera y otros vs. Peru (2022)
▪ Caso de Los Buzos Miskitos (Lemoth Morris y otros)
vs. Honduras (2021) – solução amistosa ▪ Caso Nissen Pessolani vs. Paraguay (2022)
▪ Caso Extrabajadores del Organismo Judicial vs. ▪ Caso Aguinaga Aillón vs Equadror ( 2023)
Guatemala (2021)
S ENTENÇAS DA C ORTE IDH: C ASOS CONTENCIOSOS DESCA
R ECONHECIMENTO DA VIOLAÇÃO DIRETA DO ART . 26 CADH
Direito à saúde
▪ Poblete Vilchez vs. Chile (2018) Direito ao Meio
Direito à Previdência Social Ambiente/Água/Alimentação/Cultura
▪ Cuscul Pivaral vs. Guatemala
(2018) ▪ Muelle Flores vs. Peru (2019) ▪ Comunidades indígenas Miembros
▪ Hernández vs. Argentina (2019) ▪ ANCEJUB – SUNAT vs. Peru (2019) de La Asociación Lhaka Honhat vs.
Argentina (2020)
▪ Guachalá Chimbo e outros vs.
Equador (2021)
A dispensa por justa causa ocorreu em ✓ O Estado é responsável pela violação aos direitos
razão de uma entrevista dada pelo Sr. da proteção judicial e garantia judicial, nos termos
Lagos Del Campo a um periódico, na dos artigos 8 e 25 da CADH, em relação com o art.
1.1.
condição de presidente do Comitê
Eleitoral, relatando possíveis manobras ✓ O Estado NÃO é responsável pela violação ao artigo
fraudulentas da empresa pertinentes a 2º da CADH, em relação ao art. 5, inciso h”, da Lei
eleição da Comunidade Industrial 24514 e art. 25 do Decreto Legislativo nº 728
CASO LAGOS DEL CAMPO VS. PERU (2017)
➢ Para a Corte, as informações relativas ao âmbito laboral têm interesse público. Primeiro, por
alcançar os trabalhadores correspondentes. Segundo, quando as opiniões transcendem o
âmbito do modelo de organização do Estado ou instituições numa sociedade democrática.
➢ O direito previsto no art. 16 não apenas reconhece aos sindicatos e seus representantes,
mas também as associações de trabalhadores sem status sindical. Assim, ainda que não se
possa enquadrar o caso Lagos Del Campo nos arts. 8.1 e 19.6 do Protocolo de San Salvador,
a situação da vítima pode ser enquadrada no art. 26 da CADH em conjunto com o art. 45, C
da Carta da OEA.
CARÁTER COMPENSATÓRIO/INDENIZATÓRIO
CASO POBLETE VILCHES VS. CHILE (2018)
➢ Direitos violados
➢ Na ocasião, além de afirmar que a CADH compreendia um conjunto de direitos que incluía
los DESCA derivados do art. 26, a Corte assentou que do art. 26 da CADH decorrem dois
tipos de obrigação estatal: adoção medidas gerais e progressivas; adoção de medidas de
caráter imediato.
Tese 02: direito a saúde e diretrizes aplicáveis a situações de emergência e urgência médica
➢ Primeira vez que a Corte IDH se pronuncia no sentido de que o direito à saúde (direito
autônomo) pode derivar-se do art. 26 da CADH e das normas da Carta da OEA (§ 116)
➢ A Corte concluiu que o direito à saúde é um direito protegido pelo art. 26 da CADH,
estabelecendo diretrizes para o direito a saúde aplicável a situações de
emergência/urgência médica
CASO POBLETE VILCHES VS. CHILE (2018)
➢ Direitos violados
TESES JURÍDICAS
➢ A Corte analisou a violação do art. 26 da CADH por afronta ao direito a saúde – derivado da
interpretação conjunta com a Carta da OEA, bem como por violação ao princípio da não
discriminação por infração ao mesmo.
TESES JURÍDICAS
➢ No que diz respeito a sua competência para analisar violações aos DESCA, a Corte assinalou
que o fato do art. 19.6 do Protocolo de San Salvador estabelecer limites sobre a competência
do Tribunal para conhecer de violações a determinados direitos por meio do sistema de
petições individuais não deve ser interpretado como uma norma que limite o alcance dos
direitos protegidos pela Convenção, tampouco limite a competência da Corte para conhecer
sobre violações da Convenção.
Logo, para a Corte, a ausência de uma restrição expressa no Protocolo de San Salvador, que
limite a competência da Corte para conhecer sobre violações da Convenção Americana, indica
que essa restrição não deve ser assumida (§ 88).
CASO CUSCUL PIVARAL VS. GUATEMALA (2018)
TESES JURÍDICAS
➢ Desenvolveu estândares do direito a saúde aplicáveis as pessoas que vivem com HIV,
apliando o que já havia dito no caso Gonzales Lluy vs. Equador e Caso Duque vs. Colômbia.
➢ Destacou que, apesar da gradatividade para realização dos DESCA, que atende as
características legislativas e de recursos disponíveis, deve se atentar para o progresso que
requer uma melhora efetiva e contínua dos direitos, de forma que se corrijam as
desigualdades sociais e se facilite a inclusão de grupos vulneráveis
REALIZAÇÃO PROGRESSIVA, PROIBIÇÃO DE REGRESSIVIDADE E OBRIGAÇÕES IMEDIATAS
➢ Garantir, por meio de suas instituições de saúde, tratamento médico psicológico de maneira
gratuita e imediata às vítimas e familiares;
➢ Garantir, por meio de suas instituições de saúde, que o tratamento médico seja realizado
na clínica mais próxima da residência das vítimas, assumindo todos os custos pelo
transporte daqueles que não tiverem condições;
➢ Direitos violados
➢ A Corte IDH considerou que existe referência ao direito à seguridade social na Carta da OEA,
que autoriza sua análise autônoma a luz do art. 26 CADH.
➢ A Corte IDH utilizou as fontes, princípios e critérios do “corpus iuris internacional” como normativa
aplicável para determinação do conteúdo do direito a seguridade social e as obrigações estatais (§192)
➢ Objeto (fatos): o caso se relaciona com a explosão de um fábrica de fogos de artifício, localizada no município de
Santo Antônio de Jesus (Bahia), ocorrida em 11 de dezembro de 1998, um dia após o Brasil ter reconhecido a
jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humano.
▪ 7 pessoas ficaram feridas por causa da explosão: 3 mulheres, 2 meninos; 1 menina e 1 bebê que, em razão do grave
estado de saúde de sua mãe, nasceu de forma prematura, apresentando complicações de saúde;
▪ Características das trabalhadoras da fábrica de fogos: afrodescendentes, viviam em condição de pobreza, baixo
nível de escolaridade; não eram registradas (contrato verbal); salários muito baixos (0,50 por produção de mil
foguetes), sem nenhum adicional em razão do risco a que estavam submetidas; não utilizavam qualquer
equipamento de proteção individual, bem como não receberam qualquer instrução/capacitação para o exercício do
trabalho; trabalhavam todo o dia, produzindo cerca de 3 mil a 6 mil foguetes
▪ Os habitantes do município que trabalhavam na fábrica não tinham outra alternativa econômica devida a sua
condição de pobreza, falta de alfabetização e trabalho precoce, desde os 6 anos de idade, com jornada de 6 horas
diárias em época escolar e todo o dia durante suas férias, finais de semana e épocas festivas
CASO DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS VS. BRASIL (2020)
▪ No momento da explosão, a fábrica contava com autorização do exército e do município para operar e,
desde seu registro, não havia sido inspecionada pelas autoridades estatais em relação as condições
laborais nem sobre o controle de atividades perigosas
▪ No momento de prolação da sentença pela Corte Interamericana (2020) somente havia sido concluído
o processo administrativo e alguns processos cíveis e trabalhistas, porém ainda não tinha sido
alcançada a reparação integral das vítimas. Os demais processos, passados mais de 18 anos, não
tinham sido solucionados.
CASO DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS VS. BRASIL (2020)
➢ Violações reconhecidas:
✓ Direito à vida e da criança, constantes dos artigos 4.1 e 19, em prejuízo das sessenta pessoas falecidas na explosão da
fábrica;
✓ Direitos à integridade pessoal e da criança, constantes dos artigos 5.1 e 19, em prejuízo dos seis sobreviventes da
explosão da fábrica de fogos de Santo Antônio de Jesus.
✓ Direitos da criança, à igual proteção da lei, à proibição de discriminação e ao trabalho, constantes dos artigos 19, 24 e
26, em relação ao artigo 1.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em prejuízo das sessenta pessoas
falecidas e das seis sobreviventes da explosão da fábrica de fogos de Santo Antônio de Jesus;
✓ Direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, constantes dos artigos 8 e 25, em relação ao artigo 1.1 da Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, em prejuízo dos seis sobreviventes da explosão da fábrica de fogos de Santo
Antônio de Jesus e dos familiares das vítimas da explosão da fábrica de fogos;
✓ Direito à integridade pessoal, constante do artigo 5.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação ao
artigo 1.1 do mesmo instrumento, em prejuízo dos familiares das pessoas falecidas e dos sobreviventes da explosão da
fábrica de fogos de Santo Antônio de Jesus.
CASO DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS VS. BRASIL (2020)
➢ A Corte considera que a natureza e o alcance das obrigações que decorrem da proteção das condições de trabalho que
garantam a segurança, a saúde e a higiene do trabalhador incluem aspectos de exigibilidade imediata, bem como
aspectos que apresentam caráter progressivo. Destacou que o caso não diz respeito às obrigações de progressividade,
mas sim à falta de garantia do direito a condições equitativas e satisfatórias
➢ Conteúdo do direito: o direito em questão implica que o trabalhador possa realizar seu trabalho em condições
adequadas de segurança, higiene e saúde, que previnam acidentes de trabalho, o que é especialmente importante
quando se trata de atividades de risco. Além disso, de forma específica, à luz da legislação brasileira, o direito implica a
adoção de medidas de prevenção e redução de riscos inerentes ao trabalho e de acidentes de trabalho; a obrigação de
proporcionar equipamentos de proteção adequados frente aos riscos decorrentes do trabalho; a caracterização, a cargo
das autoridades de trabalho, da insalubridade e da insegurança no trabalho; e a obrigação de fiscalizar essas condições,
também a cargo das autoridades de trabalho.
CASO DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS VS. BRASIL (2020)
➢ Proibição de discriminação
✓ A pobreza não é uma categoria especial de proteção. Porém, tal fato não é obsetáculo para que se considere que a
discriminação por probreza esteja proibida pelas normas convencionais. A Corte já se posicionou em outras
oportunidades sobre a pobreza e a proibição de discriminação por posição econômica. No caso Trabalhadores da
Fazenda Brasil Verde vs. Brasil, por exemplo, a Corte considerou o Estado responsável pela situação de discriminação
estrutural histórica em razão da posição econômica das vítima
OBS: Houve apresentação de manifestação, na condição de amicus curiae, pelo Ministério Público do
Trabalho
CASO DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS VS. BRASIL (2020)
➢ Medidas de reparação
✓ Obrigação de investigar: continuar com a devida diligência no processo penal para julgar e
sancionar os responsáveis pela explosão; concluir os processos cíveis por danos morais e
materiais; finalizar os processos trabalhistas e promover sua completa execução, tudo em um
prazo razoável;
➢ Medidas de reparação
✓ Medidas de satisfação: publicação de resumo da sentença no Diário Oficial; Publicação da sentença integral em um
sitio da WEB oficial do Estado da Bahia e Governo Federal; produzir material audiovisual que apresente um resumo da
sentença, com divulgação em horário de maior audiência por canais públicos de rádio e TV do Estado da Bahia ou, se
não existir, em canal público do Estado brasileiro; realizar um ato de reconhecimento público de responsabilidade
✓ Medidas de não repetição: implementar uma política sistemática de inspeções periódicas em locais de produção de
fogos de artifício, com a finalidade de verificar as condições de segurança e salubridade do trabalho, assim como o
armazenamento dos produtos; desenvolver e executar um programa socioeconômico destinado a suprir a falta de
alternativas de trabalho em Santo Antônio de Jesus, especialmente jovens maiores de 16 anos e mulheres
afrodescendentes que vivem em condições de pobreza (política estrutural); encaminhar à Corte IDH um relatório a
respeito da promoção e apoio a medidas de inclusão e não discriminação para a contratação de grupos vulneráveis e a
implementação, por parte das empresas, de atividades educativas em matéria de direitos humanos
➢ Caso dos Empregados da Fábrica de Fogos de ➢ Caso membros da Aldeia Chichupac e comunidades
Santos Antônio de Jesus vs. Brasil – 2020 (destaque: vizinhas do município de Rabinal vs. Guatemala (2016)
(destaque: § 216)
§§ 148 a 176)
➢ Caso dos Massacres de Rio Negro vs. Guatemala (2012)
(destaque: §§ 139 a 150)
➢ Caso Spoltore vs. Argentina – 2020 (destaque: §§ 82 a ➢ Caso dos Massacres de Ituango vs. Colômbia (2006)
102) (destaque: §§ 145 a 168)
COORDENADORIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA REGULARIDADE DO
TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (CONAP)
COORDENADORIA NACIONAL DE COMBATE ÀS FRAUDES NAS
RELAÇÕES DE TRABALHO (CONAFRET)
➢ OC 29/22 – abordagens diferenciadas em relação a
determinados grupos de pessoas privadas de
liberdade (destaque sobre a gestão penitenciária - §§ 108 a 114)
➢ OC 27/21 – direitos à liberdade sindical,
➢ Caso Benites Cabrera e outros vs. Peru (2022)
negociação coletiva e greve, e sua relação com (destaque §§ 109 a 118)
outros direitos, sob a perspectiva de gênero
(destaque: §§ 201 a 212) ➢ Caso Mina Cuero vs. Equador (2022) (destaque §§ 127 a
136)
➢ Caso Acevedo Buendia e outros vs. Peu (2009) ➢ Caso Mergulhadores Miskitos (Lemoth Morris
(Destaque: §§ 92 a 106) e outros) vs Honduras (2021) (Destaque: §§ 61 a 97)
➢ Caso Trabalhadores Dispensados do Congresso
(aguado Alfaro e outros) vs. Peru (2006)
(Destaque: §§ 129 a 136)
dos migrantes indocumentados (Destaque: §§ 70 a ➢ Caso Migual Sosa e outras vs. Venezuela
172)
(2018) (Destaque: §§ 211 a 222)
➢ Caso Guevara Diaz vs. Costa Rica (2022)
(Destaque: §§ 46 a 82) ➢ Caso Fazenda Brasil Verde vs. Brasil (§§ 334 a
341 sobre discriminação estrutural) (Destaque: §§
➢ Caso Pavez Pavez vs. Chile (2022) (Destaque: §§ 85 a 334 a 341 – discriminação estrutural)
90)
COORDENADORIA NACIONAL DE COMBATE AO TRABALHO INFANTIL
E DE PROMOÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS DE CRIANÇAS E COORDENADORIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA LIBERDADE
ADOLESCENTES (COORDINFÂNCIA) SINDICAL E DO DIÁLOGO SOCIAL (CONALIS)
➢ OC 17/2002 – condição jurídica e direitos humanos ➢ OC 27/21 – direitos à liberdade sindical, negociação
da criança (destaque: §§ 56 a 91) coletiva e greve, e sua relação com outros direitos,
sob a perspectiva de gênero (destaque: §§ 44 a 150)
➢ OC n. 21/14 – direitos e garantias de crianças no
contexto de migração e/ou em necessidade de ➢ OC 22/16 – titularidade de direitos das pessoas
proteção internacional (destaque: §§ 72 a 107) jurídicas no sistema interamericano de direitos
humanos (§§ 85 a 105 sobre sindicatos, federações e
➢ Caso dos Empregados da Fábrica de Fogos de Santos
confederações – análise do art. 8º do Protocolo de
Antônio de Jesus vs. Brasil (2020)
San Salvador) (destaque: §§ 85 a 105)
➢ (destaque: §§ 177 a 181 – trabalho infantil)
➢ Caso Deras Garcia e outros vs. Honduras (2022)
➢ Caso Fazenda Brasil Verde vs. Brasil (§§ 329 a 333 (destaque: §§ 78 e 79)
sobre direitos da criança) (destaque: §§ 329 a 333)
➢ Caso Sales Pimenta vs. Brasil (2022) (destaque: §§ 86 a 89;
➢ Caso dos Massacres de Rio Negro vs. Guatemala 116; 120)
(2012) (destaque: §§ 139 a 150) ➢ Caso Ex-trabalhadores de órgão judicial vs.
➢ Caso Vargas Areco vs. Paraguai (2006) (destaque: §§ 111 Guatemala (2021) (destaque: §§ 99 a 127)
a 134)
COORDENADORIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA LIBERDADE OUTRAS ABORDAGENS ASSOCIADAS AO CONTEXTO LABORAL
SINDICAL E DO DIÁLOGO SOCIAL (CONALIS)
➢ OC 05/85 – o registro profissional obrigatório para
➢ Caso Isaza Uribe e outros vs. Colômbia (2018) jornalistas (Destaque: §§ 53 a 81)
(destaque: §§ 142 a 146)
➢ Caso Palacio Urrutia e outros vs. Equador (2021)
➢ Caso Lagos Del Campo vs. Peru (2017) (destaque: (Destaque: §§ 153 a 163)
§§ 133 a 154 e 155 a 163) ➢ Caso Alvarez Ramos vs. Venezuela (2019) (Destaque: §§
91 a 132)
➢ Caso Kawas Fernandez vs. Honduras (2009)
(destaque: §§ 141 a 149 sobre a liberdade de associação) ➢ Caso Granier e outros (Rádio Caracas Televisión) vs.
➢ Caso Cantoral Huamaní e Garcia Santa Cruz vs. Venezuela (2015) (Destaque: §§ 133 a 199)
Peru (2007) (destaque: §§ 141 a 149) ➢ Caso Suarez Peralta vs. Equador (2013) (Destaque: §§ 132
a 135; 138)
➢ Caso Huilca Tecse vs. Peru (2005) (Destaque: §§ 67 a
79) ➢ Caso Perozo e outros vs. Venezuela (2009) (Destaque:
§§ 114 a 122; 149 a 161; 279 a 287; 360 a 362)
➢ Caso Baena Ricardo e outros vs. Panamá
(destaque: §§ 153 a 173)
➢ Caso Ríos e outros vs. Venezuela (2009) (Destaque: §§
136 a 149; 265 a 273; 332 a 334)
OC nº 04 (19/01/1984) Naturalização
OC nº 05 (13/11/1985) Diploma de jornalista e liberdade de expressão (arts. 13 e 29)
OC nº 13 (16/08/1993) Certas atribuições da CIDH (arts. 41, 42, 44, 46, 47, 50 e 51)
Responsabilidade internacional por expedição e aplicação de leis violadoras da
OC nº 14 (09/12/1994)
CADH (arts. 1 e 2)
OC nº 15 (14/11/1997) Informes da CIDH (Arts. 51)
Direito a informação sobre assistência consultar no marco das garantidas do devido
OC nº 16 (01/10/1999)
processo legal
OC nº 17 (28/08/2002) Condição jurídica e direitos humanos das crianças
Condição jurídica e direitos dos migrantes indocumentados (Princípio da não
OC nº 18 (17/09/2003)
discriminação – norma de jus cogens)
OC nº 19 (28/11/2005) Controle de legalidade no exercício das atribuições da CIDH
OC nº 20 (29/09/2009) Art. 55 da CADH (juiz ad hoc)
Direitos e garantias de crianças no contexto da migração e necessidade de proteção
OC nº 21 (19/08/2014)
internacional
Titularidade de direitos pelas pessoas jurídicas no sistema interamericano de
OC nº 22 (26/02/2016) direitos humanos. Interpretação e alcance de artigos da Convenção Americana e do
art. 8.1 do Protocolo de San Salvador
➢ A Corte IDH abordou a relação entre direitos humanos e meio ambiente; direitos
humanos afetados pela degradação do meio ambiente, incluindo o direito a um
meio ambiente saudável; o alcance do termo “jurisdição” previsto no art. 1.1 da
CADH e obrigações estatais; obrigações estatais no contexto de regimes especiais
de proteção em matéria ambiental; obrigações frente a danos transfronteiriços;
direito a vida e integridade pessoal em relação a proteção do meio ambiente e
respectivas obrigações estatais.
OPINIÃO CONSULTIVA Nº 23, DE 15/11/2017
CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
➢ Para os fins do artigo 1.1 da Convenção Americana, entende-se que as pessoas cujos direitos do
tratado foram violados como resultado de danos transfronteiriços estão sob a jurisdição do
Estado de origem do referido dano, na medida em que o referido Estado exerce controle efetivo
sobre as atividades realizadas em seu território ou sob sua jurisdição
➢ A fim de respeitar e garantir os direitos à vida e à integridade das pessoas sob sua jurisdição, os
Estados têm a obrigação de prevenir danos ambientais significativos, dentro ou fora de seu
território, para os quais devem regular, fiscalizar e supervisionar as atividades sob sua jurisdição
que possam causar danos significativos ao meio ambiente; realizar estudos de impacto ambiental
quando houver risco de danos significativos ao meio ambiente; estabelecer um plano de
contingência, a fim de ter medidas e procedimentos de segurança para minimizar a possibilidade
de acidentes ambientais graves e mitigar os danos ambientais significativos que possam ter
ocorrido
OPINIÃO CONSULTIVA Nº 23, DE 15/11/2017
CONCLUSÕES
➢ Os Estados devem agir de acordo com o princípio da precaução, a fim de proteger o direito à
vida e à integridade pessoal contra possíveis danos graves ou irreversível ao meio ambiente,
mesmo na ausência de certeza científica;
➢ A fim de respeitar e garantir os direitos à vida e à integridade das pessoas sob sua jurisdição,
os Estados têm a obrigação de cooperar, de boa fé, para proteger contra danos
transfronteiriços significativos ao meio ambiente. Para o cumprimento desta obrigação, os
Estados devem notificar os Estados potencialmente afetados quando tiverem conhecimento
de que uma atividade planejada sob sua jurisdição pode gerar risco de danos
transfronteiriços significativos e em casos de emergências ambientais, bem como consultar
e negociar, de boa fé, com os Estados potencialmente afetados por danos transfronteiriços
significativos;
OPINIÃO CONSULTIVA Nº 23, DE 15/11/2017
CONCLUSÕES
6. A autonomia sindical não abrange medidas que limitem o exercício dos direitos sindicais das
mulheres dentro dos sindicatos e, pelo contrário, obriga o Estado a adotar medidas positivas
que permitam às mulheres usufruir de igualdade formal e material no local de trabalho e
sindical, em particular aquelas que combatem os fatores estruturais que estão na base da
persistência de estereótipos e papéis de gênero, e que não permitem as mulheres o pleno
gozo de seus direitos sindicais;
OPINIÃO CONSULTIVA N. 27, DE 05 DE MAIO DE 2021
➢ Importância da cultura jurídica que adote a premissa da interação entre ordens jurídicas: superação do
debate monismo x dualismo
➢ Importância do acompanhamento das decisões proferidas pela Corte IDH, no exercício de sua competência
consultiva e contenciosa, não se restringindo, nesse último caso, às decisões em face do Estado brasileiro -
estandartes interamericanos que emanam das decisões da Corte IDH (sentenças e opiniões consultivas)
➢ A Justiciabilidade é importante, mas se trata apenas de um elemento da realização dos DESCA (políticas
públicas).
➢ Eventuais alertas ou riscos da justiciabilidade dos DESCA não devem ser considerados como obstáculos à
judicialização, mas sim como incentivo para se pensar na melhor proteção e nos melhores caminhos de
judicialização, à luz da justiça distributiva e igualdade.
TEMAS DE DIREITOS HUMANOS E O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE APLICADO
JURISPRUDÊNCIA INTERAMERICANA EM MATÉRIA DE DESCA
Muito Obrigado!
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