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TREINAMENTO EM DIREITOS HUMANOS - 2021
2ª FASE DO CONCURSO PARA DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO
ESPELHO DAS RESPOSTAS - GABARITO
No Relatório sobre Direitos Humanos no Brasil, a CIDH reconheceu os vários esforços
do Estado brasileiro nessa área, principalmente os que visam reduzir a prisão preventiva,
como aumentar a eficácia do controle judicial das detenções por meio de audiências de
custódia e promover a aplicação de medidas alternativas. Atualmente, as audiências de
custódia estão operando nas capitais dos 26 estados do país e no Distrito Federal. Segundo
dados do Judiciário, desde o início de sua implementação e até junho de 2017, foram
realizadas 258.485 audiências de custódia em todo o país. Destas, 55,32% (em 142.988 casos)
resultaram em prisão provisória. Apesar disso, a prisão provisória em aproximadamente 55%
dos casos reflete que essa medida continua a ser aplicada de maneira contrária à
excepcionalidade da sua natureza. Embora o estabelecimento das audiências de custódia
represente um avanço importante, a Corte Interamericana verificou que a implementação
desses mecanismos não é uma realidade em todos os municípios do Brasil.
Tendo em conta os parâmetros interamericanos estabelecidos para pessoas privadas de
liberdade, analise o mencionado voto de Nunes Marques, aborde as críticas tecidas pela
CIDH ao programa do CNJ sobre audiências de custódia e argumente de que modo o STF
deve se posicionar quanto à liminar do Ministro Relator para que a prestação jurisdicional
do Pleno do STF permaneça intacta ao duplo controle de que trata a doutrina
internacionalista de direitos humanos.
DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA:
Esta questão exige que seja identificada a origem convencional da Audiência de Custódia,
assim como uma abordagem ao conteúdo do direito humano à apresentação física de toda pessoa
presa ou encarcerada, retida ou detida a um juiz ou autoridade habilitada por lei a exercer função
judicial, assim como seus elementos básicos, tais como: (a) finalidade (proteger a integridade
psicofísica e prevenir tortura e maus-tratos); (b) natureza da privação de liberdade (civil, penal ou
administrativa); (c) apresentação FÍSICA a um juiz; e (d) condução sem demora.
CADH, 7.5 + PIDCP, 9.6
O Relatório CIDH sobre DH no Brasil traz algumas críticas importantes. Vide parágrafo “168.
Além disso, a CIDH tomou conhecimento de diversos desafios na aplicação dessas audiências, como o
tempo reduzido e falta de privacidade na comunicação entre o acusado e sua defesa; a falta de
explicação da autoridade judicial no início da audiência em termos claros sobre o procedimento da
audiência; a coordenação inadequada entre instituições judiciais; e a falta de tradução e interpretação
quando se trata de migrantes e populações tradicionais. Da mesma forma, a Comissão manifestou
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preocupação com os números que indicariam a falta de investigação e acompanhamento das
alegações de maus-tratos e tortura apresentadas durante a realização das audiências de custódia.”
Abordar que a apresentação por “videoconferência”, ou por outro meio que dificulte ou
impeça a identificação da violência eventualmente sofrida ou iniba a denúncia de maus-tratos está fora
do escopo da convenção e, portanto, a viola.
Explicar em que consiste a teoria do duplo grau ou duplo controle, de André de Carvalho
Ramos.
Conflito: decisões do plano interno (STF) x decisões da Corte IDH = aparentes (ACR, p. 78)
Instrumentos para solucionar o conflito aparente:
➢ (1) preventivo: apelo ao “diálogo entre cortes” e à “fertilização cruzada” entre os tribunais
(ACR, p. 217) = é o controle de convencionalidade pelos órgãos internos.
• ACR, p. 179: “(...) o controle internacional de convencionalidade existe justamente
para que se evite uma interpretação equivocada [pelas cortes nacionais], que possa
levar a violação dos direitos protegidos”.
➢ (2) repressivo: Mas, no caso do diálogo inexistir ou ser insuficiente, ACR propõe a Teoria do
Duplo Grau ou do Duplo Controle “que reconhece a atuação em separado do controle de
constitucionalidade (STF e juízos nacionais) e do controle de convencionalidade (Corte IDH e
outros órgãos de DH). Os direitos então possuem uma dupla garantia” (p. 217) – “permite a
convivência entre normativas justapostas na defesa dos DH” (p. 219)
Identificar que o pleno do STF não deve referendar a liminar proferida pelo Ministro Relator,
sob pena de – por ato judicial – violar a CADH; abordando a jurisprudência do SIDH, em especial, no
Caso Cabrera Garcia e Montiel Flores vs. México e no Caso Bayarri vs. Argentina.
LEITURA RECOMENDADA: Relatório CIDH, parágrafos 159, 164, 166, 167, 168, 169; Recomendações n.
63 e 64; Caso Cabrera Garcia e Montiel Flores e Caso Bayarri; RAMOS, André de Carvalho. Crimes da
ditadura militar: a ADPF 153 e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. In: GOMES, Luiz Flávio e
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Crimes da Ditadura Militar: uma análise à luz da jurisprudência atual da
Corte Interamericana de Direitos Humanos. São Paulo: RT, 2011.
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desafios quanto à titulação e proteção de suas terras e, em inúmeros casos, os povos e
comunidades indígenas se veem sem a necessária proteção do Estado. Nesse âmbito, a
Comissão manifesta sua grande preocupação a respeito do processo de revisão das políticas
indigenistas e ambientais do país, o que tem favorecido as ocupações ilegais das terras
ancestrais, encorajado atos de violência contra suas lideranças e comunidades indígenas, e
autorizado a destruição ambiental de seus territórios.” (par. 56)
Mais adiante, no par. 67, “a Comissão também registra que a tese do Marco Temporal
foi aplicada em várias decisões judiciais adotadas pelos tribunais regionais federais,
ensejando o cancelamento dos processos de demarcação das terras Limão Verde, Buritim do
povo Terena e Guyraroká do povo Guarani-Kaiowá, todas no Mato Grosso do Sul.”
Considerando os parâmetros interamericanos do Caso do Povo Indígena Xukuru, a
Convenção 169 da OIT, a Declaração Americana dos Direitos dos Povos Indígenas, o conceito
de racismo ambiental, o art. 67 do ADCT, reflita sobre a Tese do Marco Temporal do STF e
responda se é possível compatibilizá-la com o que a Corte IDH tem entendido como
propriedade coletiva dos povos indígenas.
DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA:
A melhor estratégia para responder esta questão consiste demonstrar domínio sobre os
elementos que devem ser considerados antes da reflexão final consistente na análise de que a tese do
marco temporal do STF viola a CADH e é incompatível com os estândares interamericanos, e
especialmente referida no Relatório da CIDH sobre DH no Brasil.
Elemento 1: caso do Povo Indígena Xukuru
As disposições da Corte Interamericana no caso povo Xucuru e de seus membros vs. Brasil
(2018), no sentido de que a falta de delimitação e demarcação efetiva dos limites do território sobre o
qual existe um direito de propriedade coletiva por um povo indígena pode gerar um clima de
incerteza permanente entre os membros dos referidos povos. Essa mesma decisão estabelece que a
incerteza sobre os limites dos direitos de propriedade no contexto de extensão territorial gera, por
consequência, a insegurança sobre até que ponto os povos originários podem livremente usar e
usufruir dos seus respectivos bens.
O Estado do Brasil violou o direito à propriedade consagrado no artigo XXIII da Declaração
Americana e no artigo 21 da Convenção Americana, assim como o direito à integridade pessoal
consagrado no artigo 5 da Convenção Americana, com relação aos artigos 1.1 e 2 da mesma, em
prejuízo do povo indígena Xucuru e seus membros + CADH, 8º c/c 25.
Elemento 2: Convenção 169 OIT sobre terra e território (art. 13-19) + conectar com a noção de
propriedade coletiva dos povos indígenas da Corte IDH + Declaração Americana dos Direitos dos Povos
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Indígenas (DADPI, 15.06.2016)1, Artigo XIII a(Direito à identidade e à integridade cultural) e Artigo XXV
(Formas tradicionais de propriedade e sobrevivência cultural. Direito a terras, territórios e recursos)
Elemento 3: racismo ambiental + Campanha ANADEP
Conceito: “O racismo ambiental é um conceito mais recente e refere-se à maior vulnerabilidade de
determinados grupos étnico-raciais que sofrerem os impactos dos danos ambientais. São exemplos
dessa manifestação: a desterritorialização de comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, em
razão de grandes obras/empreendimentos; exposição dessas minorias às áreas insalubres, como os
lixões e setores de instalação de resíduos tóxicos e perigosos, entre outras práticas.” (vide cartilha
ANADEP, disponível em https://www.anadep.org.br/wtksite/CARTILHA-DIGITAL.pdf) + Blog do
Combate ao Racismo Ambiental (https://racismoambiental.net.br/)
Elemento 4: Tese do Marco Temporal do STF (Recurso Extraordinário (RE) 1.017.365 e debate
sobre ADCT, 67). A tese do marco temporal significa restrição dos direitos constitucionais dos povos
indígenas. Nessa interpretação, defendida por ruralistas e setores interessados na exploração das
terras tradicionais, os povos indígenas só teriam direito à demarcação das terras que estivessem sob
sua posse no dia 5 de outubro de 1988, ou que, naquela data, estivessem sob disputa física ou judicial
comprovada.
Trata-se de tese perversa, pois legaliza e legitima as violências a que os povos foram
submetidos até a promulgação da Constituição de 1988, em especial durante a Ditadura Militar. Além
disso, essa posição ignora o fato de que, até 1988, os povos indígenas eram tutelados pelo Estado e
não tinham autonomia para lutar, judicialmente, pgor seus direitos. Por tudo isso, os povos indígenas
vêm dizendo, em manifestações e mobilizações: “Nossa história não começa em 1988”. É importante
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resgatar sempre que o marco temporal mascara o violento processo histórico de ocupação do Brasil.
Seria interessante demonstrar domínio sobre a noção de ETNOCÍDIO.
O julgamento que se daria em 30 de junho foi adiado para 25 de agosto (pós prova específica,
mas acompanhar para a oral!!) Junto ao mérito processo de repercussão geral que discutirá a
demarcação de terras indígenas no Brasil, a Corte Suprema discutirá se mantém ou não a medida
cautelar deferida pelo ministro Edson Fachin, em maio deste ano, que suspendeu os efeitos do Parecer
001/2017 da AGU (“parecer do genocídio”), instrumento usado para institucionalizar o marco temporal
como norma no âmbito dos procedimentos administrativos de demarcação.
Reflexão/Conclusão: controle de constitucionalidade x controle de convencionalidade.
A tese do marco temporal desconsidera os inúmeros casos nos quais povos indígenas haviam
sido violentamente expulsos dos territórios que ocupavam tradicionalmente e, apenas por essa razão,
não o ocupavam em 1988. Nesse sentido, a tese é contrária às normas e padrões internacionais e
interamericanos de direitos humanos, especialmente a CADH e a DADPI. Em sendo adotada, o Estado
brasileiro, novamente, poderá sentar no banco dos réus do sistema interamericano por ato judicial.
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Personagem fictícia em homenagem à Madalena Caramuru, primeira mulher brasileira a ser
alfabetizada. No dia 26 de março de 1561, escreveu uma carta ao padre Manoel da Nóbrega reivindicando
tratamento digno às crianças escravizadas. Em sua homenagem, os Correios lançaram um selo que
simboliza a luta pela alfabetização da mulher no Brasil no dia 14 de novembro de 1561.
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extração mineral na Amazônia, geram extrema preocupação a respeito dos impactos ao
meio ambiente e da sobrevivência dos povos indígenas e comunidades tribais.” (pár. 76,
Relatório da CIDH sobre Direitos Humanos no Brasil)
DIRECIONAMENTO DE RESPOSTA:
[DICA: quando a questão falar em “recurso simples, rápido e efetivo”, temos de raciocinar
conforme o artigo 25, da CADH. A jurisprudência da Corte IDH indica que se está falando do HC ou do
nosso mandado de segurança (recurso de amparo para nossos vizinhos latino-americanos).]
A peça é HC. Para trancar a ação penal, uma vez que a CADH, art. 13 descriminalizou o crime de
desacato, conforme a jurisprudência da SIDH, como se verifica desde 1995, no Relatório da CIDH sobre
a incompatibilidade das leis de desacato com a CADH e, mais recentemente, na Declaração de
Princípios sobre Liberdade de Expressão da Relatoria da CIDH. Princípio 11 “Os funcionários públicos
estão sujeitos a maior escrutínio da sociedade. As leis que punem a expressão ofensiva contra
funcionários públicos, geralmente conhecidas como "leis de desacato", atentam contra a liberdade de
expressão e o direito à informação.”
O pleno exercício da liberdade de expressão é um dos principais mecanismos com que a sociedade
conta para exercer um controle democrático sobre as pessoas que têm a seu cargo assuntos de
interesse público. A CIDH se pronunciou claramente sobre a incompatibilidade das leis de desacato
com a Convenção Americana, uma vez que a aplicação de leis de desacato para proteger a honra dos
funcionários públicos que atuam em caráter oficial outorga-lhes injustificadamente um direito a
proteção especial, do qual não dispõem os demais integrantes da sociedade. Essa distinção inverte
diretamente o princípio fundamental de um sistema democrático, que faz com que o governo seja
objeto de controles, entre eles, o escrutínio da cidadania, para prevenir ou controlar o abuso de seu
poder coativo.
Considerando-se que os funcionários públicos que atuam em caráter oficial são, para todos os
efeitos, o governo, então é precisamente um direito dos indivíduos e da cidadania criticar e perscrutar
as ações e atitudes desses funcionários no que diz respeito à função pública.
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Juntamente com as restrições diretas, as leis de desacato restringem indiretamente a liberdade
de expressão, porque carregam consigo a ameaça do cárcere ou multas para aqueles que insultem ou
ofendam um funcionário público. A esse respeito, a Corte Europeia afirmou que, apesar de as penas
posteriores de multa e revogação de um artigo publicado não impedirem que o peticionário se
expresse, elas "equivalem, não obstante, a uma censura, que podem dissuadi-lo de formular críticas
desse tipo no futuro". O temor de sanções penais necessariamente desencoraja os cidadãos de
expressar suas opiniões sobre problemas de interesse público, em especial quando a legislação não
distingue entre os fatos e os juízos de valor.
A crítica política com frequência inclui juízos de valor. Quando são aplicadas, as leis de desacato
têm um efeito direto sobre o debate aberto e rigoroso sobre as políticas públicas, que o Artigo 13
garante e que é essencial para a existência de uma sociedade democrática. Ademais, a Comissão
observa que, ao contrário da estrutura estabelecida pelas leis de desacato, em uma sociedade
democrática, as personalidades políticas e públicas devem estar mais – e não menos – expostas ao
escrutínio e à crítica do público. Como essas pessoas estão no centro do debate público e se expõem
de modo consciente ao escrutínio da cidadania, devem demonstrar maior tolerância à crítica. Por sua
estrutura e utilização, essas leis representam enquistamentos autoritários herdados de épocas
passadas, e é preciso eliminá-las.
Vide julgado da 5ª Turma do STJ que decidiu nesse sentido (RECURSO ESPECIAL Nº 1.640.084 - SP
- 2016/0032106-0), mas ainda não houve modificação substancial do quadro de criminalização no Brasil,
sendo certo que no bojo do próprio STJ a questão não resta pacificada.
Como fundamento do pedido é necessário destacar o padrão de criminalização por parte dos
agentes do Estado às atividades dos movimentos sociais e dos defensores de direitos humanos que
lutam pela terra e proteção da natureza no Brasil. A criminalização da militância de Madalena
Caramuru, o que aparece como violação dos artigos 16 c/c 1.1, da CADH, nos casos Escher vs. Brasil,
assim como no caso Cabrera Garcia e Montiel Flores vs. México, nos artigos CADH, 5.1. e 16 (integridade
pessoal e liberdade de associação).
O direito à liberdade de associação é indivisível em relação à liberdade de expressão. Vide
parágrafo 165, Caso Escher.
LEITURA RECOMENDADA: Relatório CIDH de 1995 sobre incompatibilidade das leis de desacato com a
CADH (https://www.cidh.oas.org/annualrep/2002port/vol.3i.htm), Declaração de Princípios Liberdade
de Expressão da Relatoria da CIDH
(https://www.oas.org/pt/cidh/expressao/showarticle.asp?artID=132&lID=4). Caso Escher, Caso
Montiel Flores e Cabrera Garcia.
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4) Disserte sobre as consequências para os Estados membros da OEA, especialmente
para o Estado Brasileiro, de violações do direito de acesso à justiça das pessoas em
situação de vulnerabilidade e quais os parâmetros interamericanos sobre o papel da
Defensoria Pública nessa seara.
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consubstanciado o que RENATA TAVARES nomina de DIREITO A CONTAR COM UM DEFENSOR
PROPORCIONADO PELO ESTADO.
➢ Dir a contar com um defensor oferecido pelo EE no SIDH
➢ Conteúdo da obrigação de os EE assegurarem um defensor
o Garantias judiciais e o devido processo.
o Dir. a ser julgado por um juiz independente e imparcial no SIDH
o Pressupostos do direito a contar com um Defensor proporcionado
pelo EE cfe. os órgãos dos SIDH
➢ Defensorias Públicas como o cumprimento da obrigação de os EE
oferecerem um defensor
➢ Direito de toda pessoa à provisão pelo EE de um defensor independente e
imparcial e as obrigações dos EE no SIDH
➢ DUDH, 11
➢ PDCP, 14 (julgamento justo + princípio de igualdade de armas)
➢ OG n. 32, §10: recomenda que os EE forneçam defesa técnica em todos os processos
penais em que a pessoa não tenha nomeado advogado, mas essa mesma assistência
não é obrigatória nos casos não penais. É apenas sugerida, estimulada.
➢ Casos não penais dependem de: (a) Interesse da justiça; (b) complexidade do caso;
(c) vulnerabilidade dos imputados (ex.: crianças, estrangeiros etc)
➢ CADH, 8,2.d
➢ Princípios e Diretrizes nos Sistemas de Justiça Penal AG/ONU Res n. 67/187
“Assim segue a jurisprudência até o caso Ruano Torres, quando a Corte afirma que, de acordo
com a cláusula do devido processo legal, as pessoas devem estar em devidas condições para
defenderem-se adequadamente dos atos do Estado. Para tanto, esta cláusula implica no acesso à
justiça não só formal, mas, especificamente, naquele que combate aos fatores de desigualdade real,
ao desenvolvimento de um juízo justo e a uma solução justa.
Nesse contexto, o direito de defesa mostra-se como um componente central e bem como a
obrigação de tratar o réu como um sujeito de direito. Nesse mesmo caso, reconhece a Corte o
costume dos estados latino-americanos em adotar as defensorias públicas como políticas públicas de
acesso à justiça. Ainda assim, afirma que ao nomear um defensor com somente o objetivo de cumprir
uma formalidade legal equivaleria a não contar com uma defesa técnica.
Daí que esta Defesa Pública deve atuar de maneira diligente para proteger as garantias
processuais do acusado e evitar que seus direitos sejam lesionados, quebrando a relação de confiança.”
(RT, p. 196)
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5) No dia 01 de julho, sem prévio aviso, foi cumprida a reintegração de posse de terreno
da Petrobrás, desalojando cerca de quatro mil famílias em extrema vulnerabilidade
social, vindas principalmente da Baixada Fluminense e da zona oeste da capital, que
tiveram a situação agravada pela crise econômica e sanitária. Elas formaram a
ocupação denominada “Acampamento Campo de Refugiados Primeiro de Maio”
localizada em Itaguaí.
O Brasil de Fato procurou a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. O órgão
informou à reportagem que obteve, em 6 de maio, junto ao Tribunal de Justiça,
decisão favorável à suspensão da ordem de reintegração de posse e que a Petrobras
recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinando a desocupação do
terreno.
De acordo com a assessoria, no dia 10 de junho, "a Defensoria esteve presente à
audiência de conciliação, que teve por objetivo programar a saída das famílias com
segurança, de modo a garantir alojamento, alimentação e transporte a todos os que
deixassem o local".
A reintegração foi determinada na última quarta-feira (30) para o período de 30 de
junho de 21 até 06 de julho de 21. Segundo a assessoria, o ato foi cumprido hoje de
manhã sem prévio aviso. O órgão informa ainda que a partir de agora irá identificar
as pessoas vulneráveis e promover demandas individuais para garantir moradia e
inclusão em programa sociais e de habitação para todos os que necessitem.3
DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA: Exige-se que o/a/e candidata/o/e domine a diferença entre pessoa
migrante e pessoa em situação de refúgio. Embora ambas sejam pessoas humanas EM SITUAÇÃO DE
VULNERABILIDADE e destinatárias da proteção do DIDH, apenas as pessoas em situação de refúgio
recebem – também – a proteção do DIR, conforme OC 25/2018 e Caso da Família Pacheco Tineo (2013).
3
Disponível em brasildefato.com.br/2021/07/01/rj-em-itaguai-reintegracao-de-posse-em-terreno-da-
petrobrasg-e-marcada-por-confronto Acesso em 21 jul.2021
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Definição de pessoa em situação de refúgio: É todo indivíduo MIGRANTE que devido a grave
e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade ou de
residência habitual para buscar refúgio em outro país, devido a fundados temores de perseguição por
motivos de (1) raça, (2) religião, (3) nacionalidade, (4) grupo social ou (5) opiniões políticas.
Definição de pessoa em situação de migração: é toda a pessoa deslocada internacionalmente
que atravessa a fronteira do Estado de sua nacionalidade ou residência habitual. Vide 100 Regras +
ATUALIZAÇÃO da Comissão de Seguimento,
R (13) O deslocamento de uma pessoa fora do território do Estado da sua
nacionalidade pode constituir uma causa de vulnerabilidade, especialmente nos
casos dos trabalhadores migratórios e seus familiares, em condição migratória
irregular.
Considera-se trabalhador migratório toda a pessoa que vá realizar, realize ou tenha
realizado uma atividade remunerada num Estado do qual não seja nacional. A
condição migratória de uma pessoa não pode ser um obstáculo ao acesso à justiça
para a defesa de seus direitos.
Além do mais reconhecer-se-á uma proteção especial aos beneficiários do estatuto
de refugiado conforme a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, assim
como aos solicitantes de asilo.
OC 25/18 sobre o Direito de Buscar e Receber Asilo (CADH, 22.7 + DADH, art. XXVII). Asilo e
Refúgio: diferenciar (asilo territorial e asilo diplomático) + sublinhar os deveres dos Estados,
sublinhando o papel da DP enquanto órgão do Estado, do § 99. Deveres específicos para os EE:
1) obrigação de não devolução (não repulsão) e sua aplicação extraterritorial;
2) obrigação de permitir o pedido de asilo e não rejeitar a entrada na fronteira;
3) obrigação de não penalizar ou sancionar a entrada ou presença irregular e de não detenção;
4) obrigação de fornecer acesso efetivo a um procedimento justo e eficiente para determinação
da condição de refugiado; g
5) obrigação de assegurar as garantias mínimas de devido processo em procedimentos justos e
eficientes para determinar o status ou status de refugiado;
6) obrigação de adaptar os procedimentos às necessidades específicas das meninas, crianças e
adolescentes;
7) Obrigação de conceder proteção internacional se a definição de refugiado e garantia da
manutenção e continuidade do estatuto de refugiado;
8) obrigação de interpretar restritivamente as cláusulas de exclusão;
9) obrigação de fornecer acesso aos direitos em condições de igualdade sob o estatuto de
refugiado.
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HABITACIONAL e sofrem DISCRIMINAÇÃO INTERDEPENDENTE DE DH, compartilhando a POBREZA –
definida como CAUSA DE EXCLUSÃO SOCIAL – com outras causas de vulnerabilidade, exemplo!!!! e
são destinatárias de políticas públicas de inclusão social, sob pena de violação dos documentos de DH
e da C.R.F.B.
Em sendo a Pobreza fenômeno social mais complexo que insuficiência de ingressos, uma vez que
gera exclusão social, pode-se afirmar que a Pobreza prejudica a democracia por negar seus valores
intrínsecos e o estado de direito e que no Relatório da CIDH aparece como DISCRIMINAÇÃO
SOCIOECONÔMICA ESTRUTURAL no Brasil.
Pobreza é “fenômeno multidimensional gestado por estruturas de poder que reproduzem
estratificação social e uma visão excludente que discrimina a vastos setores do continente, como as
mulheres, os povos indígenas e os afrodescendentes. Desde essa perspectiva, a pergunta é: qual é a
eficácia dos DH e que sentido tem para os pobres a democracia e a justiça, o devido processo e a
participação no exercício do poder político, o voto e a liberdade de expressão, a igualdade e o
crescimento econômico?” (IIDH, p. 08)
Nesse sentido, o ATUAR DEFENSORIAL precisa considerar a tridimensionalidade das estratégias
de enfrentamento à POBREZA, quais sejam: Investigação/pesquisa e debate; Promoção; Pedagogia
(educação em direitos). Uma estratégia pode ser articular o conceito de ALFABETIZAÇÃO JURÍDICA
das Regras de Brasília (R 16) atualizada pela Comissão de Seguimento, em diálogo com a LC 80/94,
uma vez que os programas institucionais de educação em direitos têm a possibilidade de produzir
formação e entrega elementos para o enfrentamento da pobreza na sua dimensão cultural.
R (16) Promover-se-á a cultura ou alfabetização jurídica das pessoas em situação de
pobreza, assim como as condições para melhorar o seu efetivo acesso ao sistema de justiça.
Podem ser propostas, entre outras, medidas destinadas à atribuição de ajuda
financeira para cobertura de despesas de deslocamento, alojamento e alimentação, aquelas
destinadas a compreender o objeto e âmbito do processo judicial e as destinadas a
estabelecer um regime de assistência judiciária gratuita.
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medidas de direito interno os Estados membros da CADH devem adotar em relação
ao direito à saúde?
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virtude do anteriormente citado, as obrigações convencionais de respeito e garantia, bem
como de adoção de medidas de direito interno (artigos 1.1e 2), resultam fundamentais para
alcançar sua efetividade.”
LEITURA RECOMENDADA: Há diversos textos no meu site. Se vc já leu o caso, leia o texto
https://www.patriciamagno.com.br/wp-content/uploads/2021/04/Artigo-sobre-direito-a-saude-no-
SIDH-e-Poblete-Vilches.pdf
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polícia da cena do crime e as levam para hospitais, dizendo que estão tentando “socorrê-las”. Apesar
dos falsos “socorros” aparentarem ser um esforço legítimo por parte dos policiais para ajudar as
vítimas, na verdade eles destroem provas na cena do crime e prejudicam a perícia.] (3) Remoção de
roupas das vítimas (4) Provas forjadas (5) Intimidação de testemunhas. (6) Graves falhas nas
investigações, dentre as quais se incluem as graves falhas estão a baixa qualidade ou a ausência de
uma análise pericial. (7) A polícia civil não realiza exame do local da morte (8) A polícia civil não
questiona adequadamente policiais e testemunhas.
Enquanto DP, tendo em vista a necessidade de um plano para reduzir a letalidade policial no
estado do Rio de Janeiro e porque Memória, Justiça, Verdade e Reparação para as pessoas moradoras
do Jacarezinho para que a atuação não se limite ao direito a indenização, focando nas medidas de não
repetição e no direito à memória como um direito coletivo; sugere-se:
- a criação de Grupos de Trabalho Institucionais para co-coordenar a atuação interinstitucional para
garantir investigações completas, rápidas e independentes e a efetiva responsabilização dos
envolvidos no uso ilegal da força letal e acobertamentos em homicídios cometidos por policiais;
- o desenvolvimento e implementação de um protocolo para casos de homicídios cometidos por
policiais que incorpore os padrões internacionais nos moldes do Protocolo de Minnesota;
- a condução de entrevistas com os moradores de favela para ser coletada e registrada a história do
local cfe. o direito à memória, sendo possível imaginar em uma espécie de “museu” a céu aberto, que
contasse a história do lugar, das pessoas atingidas, porque o direito à verdade é um direito coletivo
que neste caso pertence a todos os moradores da Comunidade do Jacarezinho
LEITURA RECOMENDADA: ADPF 635; Caso Favela Nova Brasília; Protocolo Minnesota
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8) Apoena Huni Kuin, pessoa autodeclarada indígena, não compreende a língua
portuguesa, mas foi preso, processado e condenado a uma pena privativa de
liberdade sem que lhe tivesse sido indicado um intérprete e sem que sua comunidade
tivesse sido consultada sobre a melhor forma de cumprir a reclusão. Após o
recebimento da denúncia, o juiz não determinou perícia antropológica para oferecer
subsídios quanto ao estabelecimento de sua responsabilidade penal.
Você, Defensor/a Pública/o com atribuição exclusiva para a execução penal, precisa
zelar para que Apoena tenha seus direitos de pessoa privada de liberdade garantidos.
Enuncie as providências cabíveis e o fundamento jurídico do direito pátrio e do DIDH
quanto:
a) Direito de visitação:
b) Direito à alimentação
c) Direito à assistência à saúde
d) Direito à assistência religiosa
e) Direito ao trabalho
f) Direito à educação e à remição por leitura
DIRECIONAMENTO DA RESPOSTA: Demonstrar domínio da Res. CNJ n. 287/2019 - Indígenas privados
de liberdade (https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2019/09/Manual-Resolu%C3%A7%C3%A3o-
287-2019-CNJ.pdf) VIDE ARTIGO 14.
Art. 14. Nos estabelecimentos penais onde houver pessoas indígenas privadas de liberdade, o juízo de
execução penal, no exercício de sua competência de fiscalização, zelará que seja garantida à pessoa
indígena assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, prestada conforme sua
especificidade cultural, devendo levar em consideração, especialmente:
I - Para a realização de visitas sociais:
a) as formas de parentesco reconhecidas pela etnia a que pertence a pessoa indígena presa;
b) visitas em dias diferenciados, considerando os costumes indígenas; e
c) o respeito à cultura dos visitantes da respectiva comunidade.
II - Para a alimentação em conformidade com os costumes alimentares da respectiva comunidade
indígena:
a) o fornecimento regular pela administração prisional; e
b) o acesso de alimentação vinda do meio externo, com seus próprios recursos, de suas famílias,
comunidades ou instituições indigenistas.
III - Para a assistência à saúde: os parâmetros nacionais da política para atenção à saúde dos povos
indígenas;
IV - Para a assistência religiosa: o acesso de representante qualificado da respectiva religião indígena,
inclusive em dias diferenciados;
V - Para o trabalho: o respeito à cultura e aos costumes indígenas; e
VI - Para a educação e a remição por leitura: o respeito ao idioma da pessoa indígena.
content/uploads/2021/04/PENSAM_1.pdf)
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PEÇA 1:
Ilê Axé Opó Afonjá ou Terreiro de Mãe Stella, localizado no município de São Gonçalo,
tem forma própria de organização social, ocupando e usando territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica. Foi regularizado como associação religiosa de matriz africana e funciona
desde os anos de 1980. Nos últimos anos, o terreiro tem sido atacado e Mãe Stella tem
sofrido perseguição pessoal.
Em janeiro de 2019, um grupo de pessoas – em conluio com o dono de um
estabelecimento comercial – impediram que Mãe Stella ingressassem no local,
ridicularizando suas vestimentas brancas e proferiram diversas ofensas de cunho racial,
tais como: “macumbeira satânica”, “bruxa crioula”, “você merece queimar no Inferno”.
Essas mesmas pessoas – naquela noite – invadiram o espaço sagrado, chutaram as
oferendas feitas aos orixás e, gritando frases como "fora Satanás", ao final, atearam fogo
nas peças sagradas e jogaram óleo ungido no portão do terreiro.
Mesmo com medo de represália, como agressões e expulsão da comunidade, Mãe Stella
levou o caso à polícia. Não foi a primeira vez que tal fato ocorreu, mas ela se sentiu mais
confiante com a existência da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância
(Decradi) no município de São Gonçalo e pelo fato de tudo ter sido gravado por câmeras
de vigilância que permitiram que as pessoas fossem identificadas.
Os fatos foram registrados como crimes de preconceito racial, injúria racial e de dano. A
investigação seguiu para o Ministério Público que, entretanto, pediu arquivamento do
tipo do artigo 5º, da Lei 7716/89, por falta de provas e apresentou denúncia apenas
quanto ao crime de dano qualificado ao patrimônio. O pedido de arquivamento e a
denúncia foram recebidas pelo juízo da Vara Criminal da Comarca.
Você, Defensor/a Pública/o daquela comarca, recebe esses relatos, acessa cópia integral
dos autos criminais. Quais as estratégias jurídicas, no marco do Direito Internacional dos
Direitos Humanos, você adotaria para realizar o enfrentamento à discriminação histórica
e estrutural suportada pelas pessoas afrodescendentes, exemplificada neste caso
paradigma? Monte a petição correspondente e fundamente.
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Peticionário com legitimidade ativa: Terreiro
Peticionário por direito de representação: defensores públicos da Defensoria Pública do
Rio de Janeiro (LC 80/94, artigo 4, inciso VI – representar aos sistemas internacionais de
proteção dos direitos humanos, postulando perante seus órgãos)
Legitimado Passivo: Estado Brasileiro
Requisitos da Denúncia Internacional:
- esgotamento dos recursos internos: vide Caso Simone André Diniz
- direitos violados: Trazer a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação
Racial e Formas Correlatas de Intolerância, via CADH, 29 + Convenção 169 da OIT.
- Direito à Integridade Psicofísica (CADH, 5), Direito à Propriedade Comunal (CADH, 21),
Direito à Igualdade e não Discriminação (CADH, 26)
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fortalece a mesma, pois, como se detecta na história do país, as práticas inclusivas do
Estado em relação aos afrodescendentes, são resultados de reivindicações oriundas do
povo negro que por séculos lutaram e ainda lutam pela igualdade racial no Brasil,
buscando a construção de uma sociedade mais igualitária.” (p. 136)
Link: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/192303/silva_ci_me_assis.pdf?sequence=3&isAllowed=y
- Quando terreiros e centros religiosos afro-brasileiros são atacados, mais do que objetos
sagrados, perde-se uma parte da identidade brasileira. Principalmente, se se levar em
consideração que a história do povo africano está calcada da oralidade e consubstanciam
o patrimônio imaterial do estado, uma vez que os "cantos de terreiros” perpetuam
saberes, costumes, modos de vida, de construir redes de identidade social. São
extremamente importantes no processo de reconstrução das culturas africanas
destruídas pela diáspora.
PEÇA 2:
Você, no seu órgão de atuação, no interior do Estado, recebe uma denúncia de uma
assistente social daquele município, que lhe pede proteção e apresenta fotos horrendas
de adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas, sofrendo maus-tratos
em uma comunidade terapêutica. Entrega-lhe a listagem nominal de todos eles e relata
sessões de tortura para disciplinamento, obrigatoriedade em participar de cultos
religiosos, sendo certo que você verifica que aquela entidade tem recebido verbas
públicas. Você instaura um procedimento para ACP e com urgência articula com
entidades como CRESS, CRP e CRM, visita de fiscalização e vistoria, no marco de sua
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atribuição funcional de monitorar locais de privação de liberdade e – na sequência – faz
notícia dos crimes que você não flagrou, mas pede investigações com os indícios trazidos
pela assistente social que lhe buscou, assim como elabora um relatório circunstanciado,
emitindo recomendações para que a prática cessasse, posto que ela desconsidera a
Política Nacional de Atenção à Saúde Mental e ao Uso de Álcool e Outras Drogas,
implantada pela Lei Federal nº 10.216/2001, e a regulação do Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei Federal nº 8.069/1990. Se o acolhimento de adultos em comunidades
terapêuticas já vem sendo questionado, o CONANDA se posicionou contra a possibilidade
de qualquer tipo de acolhimento ou internação de adolescentes em comunidade
terapêutica, por entender que estariam gravemente violados os direitos humanos
fundamentais desse grupo em situação de vulnerabilidade. Você assinalou o prazo de 10
dias para resposta e providências.
Ao final do prazo, você e a equipe retornam, mas, nada mudou. Qual a medida, prevista
na CADH, pode ser ajuizada? Elabore a peça com a respectiva fundamentação.
A peça é uma Medida Cautelar que considera a C. Terapêutica como local de privação de
liberdade, conforme Relatório da CIDH sobre DH no Brasil.
Vítimas adolescentes internados
Demonstrar a situação de gravidade, urgência e perigo de dano irreparável.
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