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ANÁLISE DO CASO
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Introdução
Relato da violação de direitos humanos
A relativização das vias de recurso interno
09 Artigos violados
11 Dano
13 Indenização e Satisfação
15 Cumprimento da sentença
16 Conclusão e Questionamentos
18 Referências bibliográficas
RESUMO
03
No caso "Gomes Lund e outros ("Guerrilha
do Araguaia") vs. Brasil" julgado pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Corte
IDH), foi alegada e reconhecida a violação
dos direitos humanos por parte do Estado
brasileiro.
Os fatos relatados remontam ao período do
regime militar no Brasil (1964-1985), quando
ocorreu a repressão estatal contra
movimentos de oposição política, incluindo
a Guerrilha do Araguaia. A Corte
Interamericana de Direitos Humanos
considerou que o Estado brasileiro violou
diversos direitos consagrados em
instrumentos internacionais de direitos
humanos.
INTRODUÇÃO
RELATÓRIO DE ADMISSIBILIDADE - 6 DE
MARÇO DE 2001
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INTRODUÇÃO
A relativização das vias de recurso
interno
Foi aplicado “a exceção de prévio esgotamento
dos recursos internos”.
Sendo que a relativização das vias de recurso
interno refere-se à avaliação da eficácia e
disponibilidade dos mecanismos legais e judiciais
dentro do país para garantir a proteção dos
direitos humanos das vítimas. No caso em questão, a Prescrição de crimes: Muitos dos crimes
Corte Interamericana argumentou que, devido à cometidos durante aquele período estavam
gravidade e à magnitude das violações ocorridas sujeitos a prazos de prescrição, o que
durante o regime militar no Brasil, as vias de recurso limitava a possibilidade de processar os
interno disponíveis não foram eficazes nem responsáveis por tais violações;
suficientes para lidar com as graves violações de Falta de investigação efetiva: As
direitos humanos. investigações sobre os desaparecimentos e
A Corte considerou que, dadas as circunstâncias, as execuções extrajudiciais não foram
vítimas e seus familiares enfrentaram obstáculos conduzidas de maneira efetiva, resultando
significativos para obter justiça e reparação no em impunidade para os autores desses
sistema jurídico interno do Brasil. Isso se deu devido crimes.
a uma série de fatores, incluindo: Diante disso, a Corte Interamericana de Direitos
Humanos considerou que as vias de recurso
Anistias e leis de autoanistia: No Brasil, havia leis interno no Brasil não foram capazes de garantir
de anistia que dificultavam ou impediam a a devida proteção dos direitos humanos das
responsabilização penal dos perpetradores por vítimas e, portanto, permitiu que o caso fosse
violações de direitos humanos durante o período submetido à jurisdição internacional, à Corte
do regime militar; Interamericana, em busca de justiça e
reparação.
A decisão da Corte Interamericana nesse caso
contribuiu para estabelecer um importante
precedente sobre a relativização das vias de
recurso interno em situações de graves violações
de direitos humanos, destacando a importância
da jurisdição internacional para garantir justiça
e reparação quando as vias de recurso interno
são consideradas ineficazes para lidar com tais
violações.
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Foram impostas as seguintes medidas provisórias:
02
humanos;
Investigação e localização das vítimas desaparecidas: O
tribunal solicitou a realização de investigações efetivas para
identificar o paradeiro das vítimas desaparecidas durante o
período da Guerrilha do Araguaia;
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RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO
A responsabilidade internacional do Estado brasileiro no caso Gomes Lund
é de grande importância, sendo ligado diretamente às graves violações
de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar. No âmbito
jurídico, a Lei nº 9.140/95 desempenha um papel crucial, uma vez que foi
criada com o objetivo de reconhecer as vítimas desse período obscuro da
história brasileira e oferecer reparações. Apesar disso, a
responsabilização do Estado, vai além do campo jurídico, englobando a
necessidade de investigar detalhadamente, julgar os responsáveis, a
reparação e a garantia da não recorrência de tais atrocidades. Sendo
assim, a comunidade internacional observa o processo de justiça
transicional no Brasil, exigindo mais responsabilidade do Estado na busca
da verdade e na garantia de justiça para as vítimas; podemos listar
diversos fatores, portanto que contribuem para a complexidade do caso e
que destacam a importância do cumprimento das obrigações
internacionais e internas a fim de preservar os direitos humanos.
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ARTIGOS VIOLADOS
A sentença da Corte Interamericana destacou a responsabilidade do
Estado brasileiro em investigar, julgar e punir os responsáveis por
essas violações. Além disso, enfatizou a necessidade de reparação às
vítimas e seus familiares.
Essas violações não apenas representaram atos ilegais, mas também
causaram danos contínuos e profundos às vítimas e suas famílias, além
de impactar a sociedade como um todo.
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ARTIGOS VIOLADOS
Artigo 4 - Direito à Vida
A Corte IDH considerou que o Estado brasileiro violou o direito à vida ao não investigar e punir
adequadamente a morte e desaparecimento forçado dos membros do grupo da Guerrilha do
Araguaia. A não identificação e punição dos responsáveis por tais atos representou uma
violação direta do direito à vida, um dos princípios fundamentais da Convenção.
Artigo 5 - Direito à Integridade Pessoal
A Corte IDH encontrou violações do direito à integridade pessoal dos membros da Guerrilha do
Araguaia. Isso incluiu tratamento cruel, tortura, desaparecimento forçado e execuções
extrajudiciais. A falta de investigação e responsabilização por esses atos também afrontou o
direito à integridade pessoal.
Artigo 7 - Direito à Liberdade Pessoal
Este artigo foi violado devido às detenções ilegais, desaparecimentos forçados e execuções
extrajudiciais praticadas contra os membros da Guerrilha do Araguaia. Tais ações resultaram
na negação do direito à liberdade pessoal.
Artigo 8 - Garantias Judiciais e Recurso
A Corte IDH constatou a violação do direito a garantias judiciais e recurso judicial. O Estado
não forneceu às vítimas um recurso efetivo e adequado para garantir a investigação,
julgamento e punição dos responsáveis pelos abusos cometidos.
Artigo 25 - Proteção Judicial
O direito à proteção judicial também foi violado, visto que as vítimas e seus familiares não
receberam proteção efetiva por meio do sistema judicial brasileiro para garantir seus direitos
em relação aos eventos ocorridos durante a Guerrilha do Araguaia.
Direito à Vida (Artigo 4 da CADH): O caso envolveu desaparecimentos forçados, execuções
sumárias e mortes de indivíduos ligados à Guerrilha do Araguaia. Essas ações violaram o
direito à vida, um princípio fundamental estabelecido no Artigo 4 da CADH.
Direito à Integridade Pessoal (Artigo 5 da CADH): As práticas de tortura, maus-tratos e
execuções constituíram violações ao direito à integridade pessoal dos envolvidos, ferindo o
Artigo 5 da CADH.
Garantias Judiciais e Proteção Judicial (Artigos 8 e 25 da CADH): A falta de investigação
adequada e eficaz sobre os casos de desaparecimentos forçados e execuções violou o
direito a garantias judiciais e proteção judicial. O Estado falhou em investigar, processar e
punir os responsáveis, desrespeitando os Artigos 8 e 25 da CADH.
Direito à Liberdade Pessoal (Artigo 7 da CADH): As detenções arbitrárias e a falta de
processo legal adequado para os detidos, incluindo o uso de tribunais militares, violaram o
direito à liberdade pessoal, conforme estabelecido no Artigo 7 da CADH.
Direito à Liberdade de Pensamento e Expressão (Artigo 13 da CADH): Restrições à liberdade
de pensamento e expressão, censura e perseguição a opositores políticos e indivíduos
críticos ao regime também foram relatadas, violando o Artigo 13 da CADH.
Direitos da Criança (Convenção sobre os Direitos da Criança): Há relatos de crianças sendo
vítimas das violações dos direitos humanos no contexto da Guerrilha do Araguaia, o que
viola os direitos da criança estabelecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança.
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DANO
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REPARAÇÃO E O STATUS QUO ANTE
Foram emitidas várias medidas de reparação e a tentativa de
restabelecer o status quo ante (o estado anterior às violações), a
fim de abordar os danos sofridos pela vítimas e seus familiares,
bem como garantir que o Estado brasileiro cumprisse suas
obrigações em prol dos direitos humanos, sendo assim, foram
impostas ao Estado, as seguintes reparações:
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INDENIZAÇÕES E SATISFAÇÃO
Apesar da busca pela igualdade e justiça para ambas as partes
envolvidas no caso, podemos dizer que a satisfação do caso
presente pode variar a depender da perspectiva dos
envolvidos; a condenação do Brasil pela Corte interamericana
pode ser vista como um ponto positivo em busca de justiça para
os familiares das vítimas e defensores dos direitos humanos, mas
a resposta do Estado pode ter sido insuficiente, visto algumas
barreiras enfrentadas no Poder Judiciário, principalmente no
que diz respeito à interpretação da Lei de Anistia.
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INDENIZAÇÕES E SATISFAÇÃO
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O procedimento de cumprimento da sentença permanece em
aberto e de certo limitado, sendo o mesmo complexo e contínuo,
tendo sido publicada pela Corte Interamericana apenas um
relatório de supervisão da sentença, em 17 de Outubro de 2014,
constituindo-se como uma forma de reparação.
responsabilidades penais;
B. Determinação do paradeiro das vítimas desaparecidas e, se
for o caso, identificação e entrega dos restos mortais a seus
familiares;
C. Tratamento médico e psicológico ou psiquiátrico;
D. Realizar as publicações dispostas na Sentença;
E. Ato público de reconhecimento de responsabilidade
internacional;
F. Capacitação sobre direitos humanos às Forças Armadas;
G. Tipificação do delito de desaparecimento forçado e
julgamento efetivo;
H. Continuar a busca, sistematização, publicação e acesso de
informação sobre a Guerrilha do Araguaia e as violações de
direitos humanos durante o regime militar;
I. Indenização por dano material e imaterial e restituição de
custas e gastos;
J. Convocatórias para identificar os familiares das pessoas
indicadas no parágrafo 119 da Sentença, e se for o caso,
considerá-los vítimas;
K. Permitir que os familiares das pessoas referidas no parágrafo
303 da Sentença possam apresentar ao Estado suas solicitações
de indenização;
L. Documentação sobre a data de falecimento das pessoas
indicadas nos parágrafos 181, 213, 225 e 244 da Sentença;
M. Considerações sobre a Comissão Nacional da Verdade.
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CONCLUSÃO E QUESTIONAMENTOS
Podemos concluir que o Caso Gomes Lund e Outros (Guerrilha do Araguaia) vs.
Brasil, se apresenta como uma guerra secreta dentro do território do
Araguaia, constituindo-se como uma importante jurisprudência internacional,
que aborda as violações de direitos humanos cometidos durante o período
ditatorial no Brasil, dentre os quais, a tortura, execuções e desaparecimentos
forçados, violações que infligiram grande dano às vítimas e seus familiares,
bem como de indivíduos que moravam na região.
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CURIOSIDADE
Lançado em 2018, pelo autor Hugo Studart, o livro
reportagem “Borboletas e Lobisomens”, retrata a
Guerrilha do Araguaia, examinando e relatando os
eventos que envolveram o conflito, bem como aborda
questões políticas e sociais relacionadas à época,
incluindo perspectivas dos guerrilheiros, militares e
moradores locais.
O autor analisa os detalhes, as estratégias utilizadas
pelos guerrilheiros, bem como a resposta das forças
armadas brasileiras.
De certa forma, Studart buscar trazer luz sobre esse
capítulo complexo e controverso da história brasileira,
fornecendo uma perspectiva mais aprofundada do
que podemos dizer ter sido uma das guerras
esquecidas do país.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, San José, Costa Rica,
em 22 de novembro de 1969. Disponível em: \<https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm>.
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Gomes Lund e outros ("Guerrilha do Araguaia") vs. Brasil - Sentença de 24 de novembro de 2010.
(Exceções preliminares, mérito, reparações e custas). Disponível em: \<https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf>.
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Resolução de 17 de outubro de 2014 sobre o Caso Gomes Lund e outros ("Guerrilha do Araguaia") vs. Brasil
- Supervisão de Cumprimento de Sentença. Disponível em: \<https://www.corteidh.or.cr/docs/supervisiones/gomes_17_10_14_por.pdf>.
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Resolução de 15 de julho de 2009 sobre a Solicitação de Medidas Provisórias a respeito da República
Federativa do Brasil no Caso Gomes Lund e outros ("Guerrilha do Araguaia"). Disponível em: \
<https://www.corteidh.or.cr/docs/medidas/lund_se_01_portugues.pdf>.
Réu Brasil. Caso Gomes Lund e outros ("Guerrilha do Araguaia") versus Brasil - Atualizado em Jan/2021. Disponível em: \
<https://reubrasil.jor.br/julia-gomes-lund-e-outros-guerrilha-do-araguaia/>.
Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n° 9.140, de 04 de dezembro de 1995. Disponível em: \
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9140.htm>.
Réu Brasil. Caso Gomes Lund e outros ("Guerrilha do Araguaia") versus Brasil - Atualizado em Jan/2021. Disponível em: \
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Câmara dos Deputados. Comissão de Legislação Participativa vai debater os 42 anos da Lei de Anistia - 30/08/2021**. Disponível em: \
<https://www.camara.leg.br/noticias/799979-comissao-de-legislacao-participativa-vai-debater-os-42-anos-da-lei-de-anistia>.
Aventuras na História. Perseguições e Resistência Armada: O que foi a Guerrilha do Araguaia - Publicado em 28/10/2020, Atualizado em 17/08/2022.
Disponível em: \<https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/perseguicoes-e-resistencia-armada-saiba-o-que-foi-guerrilha-do-
araguaia.phtml>.
Democracia e Mundo do Trabalho. 28 de outubro de 1985: Começa o Seminário que Oficializa a Existência do Grupo Tortura Nunca Mais, que Luta
pelos Direitos de Vítimas da Ditadura no Brasil - Publicado em 27/10/2023. Disponível em: \<https://www.dmtemdebate.com.br/28-de-outubro-de-
1985-comeca-o-seminario-que-oficializa-a-existencia-do-grupo-tortura-nunca-mais-que-luta-pelos-direitos-de-vitimas-da-ditadura-no-brasil/>.
Jornalistas Livres. Carta denuncia desmonte da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos - Publicado em 01/08/2019. Disponível em:
\<https://jornalistaslivres.org/carta-denuncia-desmonte-da-comissao-especial-sobre-mortos-e-desaparecidos-politicos/>.
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