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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Sistema Interamericano de Direitos Humanos II


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SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS II

Ainda em relação às disposições que merecem destaque presentes no Regulamento da


Corte Interamericana De Direitos Humanos, apresentadas no bloco anterior, cabe destacar
também os artigos seguintes:

Art. 60. Interpretação da Convenção

1. As solicitações de parecer consultivo previstas no artigo 64.1 da Convenção deverão


formular com precisão as perguntas específicas em relação às quais pretende-se obter o
parecer da Corte.
2. As solicitações de parecer consultivo apresentadas por um Estado membro ou pela
Comissão deverão indicar, adicionalmente, as disposições cuja interpretação é solicitada, as
considerações que dão origem à consulta e o nome e endereço do Agente ou dos Delegados.
3. Se o pedido de parecer consultivo é de outro órgão da OEA diferente da Comissão, a
solicitude deverá precisar, além do indicado no parágrafo anterior, como a consulta se refere
à sua de competência.

Art. 61 Interpretação de outros tratados


1. Se a solicitação referir-se à interpretação de outros tratados concernentes à proteção
dos direitos humanos nos Estados americanos, tal como previsto no artigo 64.1 da Conven-
ção, deverá identificar o tratado e suas respectivas partes, formular as perguntas específicas
em relação às quais é solicitada o parecer da Corte e incluir as considerações que dão origem
à consulta.
2. Se a solicitação emanar de um dos órgãos da OEA, deverá explicar como a consulta se
refere à sua esfera de competência.

Art. 62. Interpretação de leis internas


1. A solicitação de parecer consultivo formulada em conformidade com o artigo 64.2 da
Convenção deverá indicar:
a. as disposições de direito interno, bem como as da Convenção ou de outros tratados
concernentes à proteção dos direitos humanos, que são objeto da consulta;
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b. as perguntas específicas sobre as quais se pretende obter o parecer da Corte;


c. o nome e endereço do Agente do solicitante.
2. A solicitude será acompanhada de cópia das disposições internas a que se refere
a consulta.

5m
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (CIDH)

A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados Americanos


(OEA) encarregado da promoção e proteção dos direitos humanos no continente americano.
É integrada por sete membros independentes que atuam de forma pessoal e tem sua sede em
Washington, D.C. Foi criada pela OEA em 1959 e, juntamente com a Corte Interamericana de
Direitos Humanos (CorteIDH), instalada em 1979, consistindo em uma instituição do Sistema
Interamericano de proteção dos direitos humanos (SIDH).

O respeito pleno aos direitos humanos aparece em diversas sessões da Carta. De acordo
com esse instrumento, “o sentido genuíno da solidariedade americana e de boa vizinhança
não pode ser outro que não o de consolidar neste Continente, dentro do marco das instituições
democráticas, um regime de liberdade individual e de justiça social, fundado com respeito aos
direitos essenciais do homem”. A Carta estabelece a Comissão como órgão principal da OEA,
que tem como função promover a observância e a defesa dos direitos humanos e servir como
órgão consultivo da OEA nesta matéria.

A CIDH realiza seu trabalho com base em três pilares:


• o Sistema de Petição Individual;
• o monitoramento da situação dos direitos humanos nos Estados Membros; e
• a atenção a linhas temáticas prioritárias.

Condições de Admissibilidade
• Esgotamento dos recursos internos;
• Apresentação da petição no prazo de 6 meses a partir da data de notificação da decisão
definitiva;
• Não haver litispendência internacional;
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• A Petição deve conter nome, nacionalidade, profissão, domicílio e assinatura do peticio-


nário ou seu representante.

Exceções ao prévio esgotamento dos recursos internos


10m
• Inexistência na legislação interna do devido processo legal para a proteção dos DDHH;
• Inacessibilidade a presumido prejudicado aos recursos da jurisdição interna;
• Demora injustificada na decisão sobre os recursos internos.

Possibilidades do sistema
• Alteração legislativa, de modo a adequá-la à Convenção Americana sobre Direitos
Humanos (Controle de convencionalidade);
• Adoção ou alteração no desenvolvimento de política pública voltada a evitar situações
de violação a direitos humanos; e
• Reparação pecuniária ou de outra natureza como forma de compensar a violação a
direitos humanos.

SENTENÇAS DE REFERÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS


HUMANOS

• Villagrán Morales e outros contra a Guatemala;


• Mayagna Awas Tingny contra a Nicarágua;
• A Última Tentação de Cristo (Olmedo Bustos e outros contra o Chile);
• Damião Ximenes contra o Brasil.

Villagrán Morales e Outros Contra a Guatemala

O caso Villagrán Morales e Outros Contra a Guatemala foi submetido pela CIDH à Corte
15m em 1997, apresentando violação aos artigos 1º (obrigação de respeitar os direitos), 4º (direito
à vida), 5º (direito à integridade pessoal), 8º (garantias judiciais) e 25 (proteção judicial) da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
Vítimas: Julio Roberto Caal Sandoval, (Jovito) Josué Juarez Cifuentes, Austraum Aman
Villagrán Morales, Henry Giovanni Contreras, Federico Clemente Figueroa Túnchez; adoles-
centes sequestrados, torturados e mortos;
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Acusados: grupo de extermínio formado por policiais militares e para-policiais (não iden-
20m tificados).

Recomendações da CIDH:
• Investigação pronta, imparcial e efetiva dos fatos;
• Julgamento dos responsáveis;
• Reparação das violações cometidas contra as vítimas (indenização às famílias);
• Instituição de medidas que venham a evitar casos dessa natureza;
• Conclui-se que o Estado violou os artigos, 1º, 4º, 5º, 6., 7º, 8º, 19 e 25 da CADH;
• Obrigação de investigar o crime e punir os responsáveis;
• Indenização por danos materiais, danos morais e pagamento de custas processuais;
• Obrigação de implementar o “Plano de Ação a Favor de Crianças e Jovens de Rua”
(1997) e o Código da Infância e da Juventude (1996).

Voto concorrente conjunto dos juízes Cançado Trindade e Abreu Burelli:


• O direito à vida não implica apenas não privar alguém da vida física arbitrariamente;
• O direito à vida abarca também medidas positivas a serem tomadas pelo Estado;
• O Estado falhou em permitir às famílias um “projeto de vida” que as permitisse criar e
manter seus filhos;
• Necessidade de proteção dos mais frágeis;
• O direito à vida implica “viver com dignidade”.

Sentenças de mérito e reparação:


• Reconhecimento público em nível nacional, pelo Estado, da gravidade dos fatos;
• Construção de Centro Educativo em memória das vítimas que ofereça educação gra-
tuita à população marginalizada;
• Derrogação do Código de Menores (1979).

Mayagna Awas Tingny contra a Nicarágua


A Mayagna Awas Tingny é uma comunidade indígena nicaraguense com aproximada-
mente 142 famílias (Região Autônoma Atlântico Norte) que funciona com base em uma estru-
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tura de liderança tradicional, orientada pelo costume, reconhecida pela Constituição Nicara-
guense e por leis ordinárias. Sua subsistência advém principalmente da agricultura familiar e
comunitária, da colheita de frutas e plantas medicinais, da caça e da pesca.

Mayagna Awas Tingny no plano interno:


• 1995: Junta Diretora do Conselho Regional da Região Autônoma Atlântico Norte reco-
nheceu convênio firmado entre o Governo Regional Autônomo e a Empresa Solcarsa
S/A para “iniciar operações forestais [...] na Zona de Wakambay”;
• Comunidade entra com recurso perante o Tribunal de Apelações de Matagalpa contra o
MARENA objetivando suspender a outorga da concessão;
• 1996: MARENA outorga concessão à Solcarsa S/A, pelo período de 30 anos, para
explorar aproximadamente 62.000 hectares dentro das terras reclamadas pela comu-
nidade;
• Recurso de amparo perante a Corte Suprema contra a concessão;
• 1997: Corte Suprema se pronuncia a favor do recurso e declara a inconstitucionalidade
da concessão;
• Tribunal de Apelações de Matagalpa admite segundo recurso de amparo;
• 1998: Corte Suprema de Justiça emite ordem executória da sentença em favor dos
membros do Conselho Regional da RAAN;
• Caso é apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos: esgotamento de
recursos internos.

Mayagna Awas Tingny perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos:


• Solicitação de medidas cautelares: evitar efeitos da outorga de concessão à Solcarsa;
• Proposta de solução amistosa: rechaçada pelo governo;
• Comunidade solicitava a demarcação das terras ancestrais indígenas;
• Estado solicitou à Comissão o arquivamento do caso considerando a aprovação da
concessão pelo Conselho da Região Autônoma.

Recomendações da CIDH:
• Demarcação das terras indígenas;
• Suspensão das atividades de concessão madeireira à Solcarsa;
• Iniciação, no prazo de um mês, de diálogo com a comunidade para alcançar acordo.
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• Estado se nega a cumprir as recomendações da Comissão, que apresenta o caso à


Corte.
25m • Comissão submete caso à Corte: violação dos artigos 1º (obrigação de respeitar os
direitos), 2º (dever de adotar disposições de direito), 21 (direito à propriedade privada)
e 25 (proteção judicial) da Convenção Americana;
• Estado argui exceções preliminares: não esgotamento dos recursos internos. Desesti-
madas por estoppel (alegação extemporânea).

Sentença:
• O Estado violou, em prejuízo da comunidade, o artigo 25 da Convenção Americana
(direito à proteção judicial), em conexão com os artigos 1.1 e 2;
• A Corte considerou evidente a existência de normas que reconhecem e protegem a pro-
priedade comunitária indígena na Nicarágua;
• O Estado deve adotar medidas legislativas, administrativas e de qualquer outro caráter
necessárias à delimitação, à demarcação e à titulação das propriedades das comuni-
dades indígenas;
• Determinação de reparação do dano imaterial, no prazo de 12 meses: US$ 50.000 em
obras ou serviços de interesse da Comunidade Mayagna (Sumo) Awas Tingni, sob a
supervisão da CIDH;
• Determinação de pagamento aos membros da Comunidade Mayagna (Sumo) Awas
Tingni, através da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da quantia total de
US$ 30.000 a título de gastos e custas;
• Houve a adoção de medidas provisórias para garantir a execução da sentença.

A Última Tentação de Cristo (Olmedo Bustos e Outros contra o Chile)


A presente demanda foi apresentada pela CIDH à Corte em 15 de janeiro de 1999, sob a
alegação de violação aos direitos à liberdade de pensamento e de expressão, liberdade de
consciência e de religião em conjunto com a violação aos artigos 1.1 (obrigação de respeitar
os direitos) e 2 (dever de adotar disposições de direito interno).

Características:
• Demanda apresentada à Comissão por Juan Pablo Olmedo Bustos, Ciro Colombara
López, Claudio Márquez Vidal, Alex Muñoz Wilson, Matías Insunza Tagle y Hernán
Aguirre Fuentes;
• Motivação: “a censura judicial imposta à exibição cinematográfica do filme ‘A Última
Tentação de Cristo’, imposta pelo Governo e confirmada pela Corte Suprema do Chile
em 17 de junho de 1997.”.

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Recomendações da Comissão:
• Liberar a exibição do filme e sua publicidade;
• Adequar as normas constitucionais e legais ao padrão sobre liberdade de expressão da
Convenção Americana;
• Assegurar que os órgãos do poder público exerçam [efetivamente] os direitos e liberda-
des de expressão, consciência e religião reconhecidos na Convenção Americana;
• Reparar as vítimas neste caso pelo dano sofrido;
• Efetuar o pagamento de custas e reembolso dos gastos das vítimas com a litigância
tanto no âmbito interno como perante a Comissão e a Corte, além dos honorários dos
seus representantes;
• Processo movido no âmbito interno destinado a proibir a exibição do filme por sete
advogados invocando a representação da Igreja Católica e de Jesus Cristo;
• O artigo 19 da Constituição Política do Chile estabelecia um sistema de censura para a
exibição e publicidade da produção cinematográfica;
• A Corte Suprema do Chile considerou que a obra artística vulnerabilizara a honra da
pessoa de Jesus Cristo e que afetara a dignidade e a liberdade autodeterminação de
acordo com as crenças e os valores dos (católicos) chilenos.

Sentença:
• Declara que o Estado violou o direito à liberdade pensamento e de expressão da Con-
venção Americana sobre Direitos Humanos;
• Declara que o Estado não violou o direito à liberdade de consciência e de religião con-
sagrado no artigo 12 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Blenda.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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