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1.

CASO XIMENES LOPES VERSUS BRASIL

Em 4 de outubro de 1999, o cearense Damião Ximenes Lopes, 30 anos, foi morto em


decorrência de maus tratos sofridos na Casa de Repouso Guararapes, em Sobral (CE). Ele era
deficiente mental e foi internado na clínica psiquiátrica três dias antes por ter sofrido uma
crise.Mesmo com os sinais de violência no corpo da vítima , o motivo do óbito foi
primeiramente como “morte natural” e logo depois mudaram para “causa indeterminada”.
A Comissão Interamericana Direitos Humanos foi acionada pela irmã da vítima, Irine
Ximendes. Logo depois remeteu o caso à Corte IDH em setembro de 2004, que condenou o
Brasil pela violação dos direitos à vida, à integridade pessoal, às garantias judiciais e à
proteção judicial, em relação à obrigação de respeitar e garantir os direitos, previstos na
Convenção Americana. O Brasil teve que pagar multa de R$150 mil para a mãe de Damião e
apresentou uma série de iniciativas voltadas para a capacitação dos profissionais do campo da
saúde mental.

2. CASO GOMES LUND E OUTROS VERSUS BRASIL

Durante a ditadura civil-militar brasileira, na segunda metade da década de 1960, militantes


do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) instalaram-se ao longo do rio Araguaia, formando a
“Guerrilha do Araguaia”. Eles tinham como objetivo armar um exército popular por meio da
mobilização dos camponeses, com o fim de montar uma guerrilha rural na região e derrubar o
regime militar vigente. Mas entre 1972 e 1974 os militares das Forças Armadas do Brasil
promoveram tortura, desaparecimento forçado e execução extrajudicial de ao menos algumas
dezenas de militantes e camponeses da região. A Corte Interamericana condenou o Brasil
pela violação dos direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade
pessoal, às garantias judiciais, à liberdade de pensamento e de expressão e à proteção judicial,
em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar disposições
de direito interno, previstos na Convenção Americana.

3. CASO ESCHER E OUTROS VERSUS BRASIL

Entre maio e junho de 1999, os membros das organizações Cooperativa Agrícola de


Conciliação Avante Ltda. (Coana) e Associação Comunitária de Trabalhadores Rurais
(Adecon), no noroeste do Paraná, foram monitorados pela polícia militar paranaense por
intermédio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, ainda que sem
embasamento adequado. As duas organizações monitoradas tinham vinculação com o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).A Corte Interamericana condenou o
Brasil pela violação dos direitos à vida privada, à honra e à reputação, à liberdade de
associação, às garantias judiciais e à proteção judicial, em relação à obrigação de respeitar e
garantir os direitos, previstos na Convenção Americana.
4. CASO DOS TRABALHADORES DA FAZENDA BRASIL VERDE VERSUS
BRASIL.

Por muito tempo , em especial nos anos de 1990, homens pobres da região norte e nordeste
do Brasil foram aliciados para trabalhar na Fazenda Brasil Verde, no município de Sapucaia
(Pará). Lá, viviam e trabalhavam em condições precárias, em situação análoga à de
escravidão. A Corte Interamericana condenou o Brasil pela violação dos direitos a não ser
submetido à escravidão e ao tráfico de pessoas , ao reconhecimento da personalidade jurídica,
à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judicias, à proteção da honra e da
dignidade, de circulação e residência e à proteção judicial, em relação com a obrigação de
respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar disposições de direito interno, previstos na
Convenção Americana.

5. CASO FAVELA NOVA BRASÍLIA VERSUS BRASIL

Em outubro de 1994, uma incursão policial na Favela Nova Brasília, localizada no Complexo
do Alemão, terminou com a morte de 13 homens da comunidade, quatro deles menores de
idade. Além disso, três mulheres, duas delas menores de idade, sofreram atos de violência
sexual por parte das forças policiais. Meses depois, em maio de 1995, nova operação policial,
na mesma localidade, resultou novamente na morte de 13 homens, sendo dois deles menores
de idade. Os assassinatos foram registrados como “autos de resistência com morte dos
opositores”, argumento constantemente utilizado para garantir a impunidade em casos de
execução extrajudicial perpetrados por agentes do Estado. A Corte Interamericana condenou
o Brasil pela violação dos direitos à integridade pessoal, às garantias judiciais e à proteção
judicial, em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar
disposições de direito interno, previstos na Convenção Americana, em detrimento dos
familiares das vítimas mortas e das jovens vítimas de violência sexual.

6. O CASO POVO INDÍGENA XUCURU VERSUS BRASIL.

O principal dilema do caso se dá pela inadimplência do Estado brasileiro com as


delimitações, propriedades e terras indígenas do povo Xucuru em Pernambuco tanto com a
falta de reconhecimento e do seguimento com o devido processo legal de seus titulares
quanto com a falta de desintrusão completa dos territórios. Quando levado à Comissão
Interamericana, o órgão concluiu que o Brasil era internacionalmente responsável pela
violação dos direitos do povo indígena Xucuru. A Corte Interamericana também declarou o
Brasil responsável por violações de direito, e decidiu que deveria garantir o direito de
propriedade dos Xucurus, além de indenizar os danos causados.
7. O CASO HERZOG VERSUS BRASIL.

O caso Herzog é nomeado em prol de Vladimir Herzog, um famoso jornalista brasileiro da


Tv Cultura, que durante os eventos da ditadura militar no Brasil, mais precisamente 1975, foi
acusado de ligação com o Partido Comunista Brasileiro e convocado à interrogação pelos
militares. Nos relatos oficiais do caso, na época, sua morte foi dada como ‘suícidio’. Sua
morte só chegou a ser investigada anos depois, descobrindo-se que foi alvo de tortura e
executado. Embora a União tenha sido declarada culpada pela morte do jornalista, a Lei de
Anistia de 1979 amparou os culpados e trancou os inquéritos policiais. O Estado brasileiro
foi processado na Corte interamericana, e julgado culpado em 2018, sendo determinado que
promovesse a investigação dos fatos para identificar os responsáveis e puni-los penalmente,
além de prestar reparações materiais e simbólicas à família de Herzog.

8. CASO EMPREGADOS DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE


JESUS E OUTROS VERSUS BRASIL.

Os trágicos eventos ocorreram em Santo Antônio de Jesus, cidade da Bahia conhecida pela
produção de fogos de artifícios. Em uma das fábricas de produção do item, de nome ‘Vardo
dos Fogos’ sobre responsabilidade de Osvaldo e Mário Prazeres Bastos. Segundo relatório, a
fábrica empregava principalmente mulheres e crianças negras e de baixa renda, desrespeitava
direitos trabalhistas, pagava salários baixos e operava em condições de segurança precárias.
Em 11 de dezembro de 98, foi alvo de uma explosão que matou, ao menos, 60 pessoas,
incluindo crianças, e feriu outras 6. Em 1999, cerrado o processo administrativo, a fábrica foi
fechada, mas seus donos continuaram atuando. Em março de 2018, a CIDH emitiu um
relatório responsabilizando o Brasil por violações de direitos humanos relacionadas à
explosão na fábrica de fogos. Após o não cumprimento das recomendações pelo Estado
brasileiro, o caso foi encaminhado à Corte Interamericana em setembro de 2018. A Corte
IDH rejeitou as exceções preliminares do Brasil e, na mesma sentença, condenou o país por
diversas violações, incluindo direitos à vida, integridade pessoal, da criança, garantias
judiciais, proteção judicial, igual proteção da lei, proibição de discriminação e trabalho. O
tribunal determinou medidas de reparação, como o pagamento de indenização e custos,
tratamento médico e psicológico, material de divulgação e ato público de reconhecimento da
responsabilidade internacional.
9. CASO MÁRCIA BARBOSA VERSUS BRASIL.

Na noite de 17 de junho de 1998, Márcia Barbosa se encontrou com o deputado em um


motel, sendo posteriormente vítima de homicídio por asfixia. Uma testemunha presenciou o
momento em que o corpo da jovem foi lançado do veículo do deputado em um terreno baldio
nos arredores da Capital. O deputado Aércio Pereira foi condenado a 16 anos de reclusão pelo
1º Tribunal do Júri Popular da Comarca de João Pessoa em setembro de 2007, somente após a
perda de sua imunidade parlamentar, ocorrida nove anos após a ocorrência do crime. Em
fevereiro de 2008, o ex-deputado veio a óbito aos 64 anos. O Movimento Nacional de
Direitos Humanos, Regional Nordeste, o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações e o
Centro pela Justiça e o Direito Internacional formalizaram uma denúncia contra o Estado
brasileiro perante a Comissão Interamericana. Destacaram a falta de diligência do Estado em
investigar, processar e julgar o crime, especialmente em virtude da regulamentação da
imunidade parlamentar do réu. Além disso, enfatizaram o sofrimento infligido ao longo de
anos à família de Márcia Barbosa de Souza. Em 2019, a Comissão declarou o Brasil culpado
por violações aos direitos humanos e apresentou recomendações para o Estado brasileiro. No
mesmo ano, foi levado para a Corte Interamericana, que proferiu sentença e estabeleceu
medidas de reparação através de garantias de não repetição e indenização aos familiares.

10. CASO SALES PIMENTA VERSUS BRASIL.

O caso refere-se ao evento da morte do advogado Gabriel Sales Pimenta, em Marabá, vítima
de uma execução planejada. Os eventos que levaram à sua morte dão-se em volta de disputas
de terra, tendo Sales Pimenta representando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá
em uma decisão que reverteu a expulsão de trabalhadores de terras que eram interesses de
fazendeiros. Depois da decisão, o advogado passou a receber ameaças de mortes, e mesmo
informando as autoridades, não foi levado a sério. Sales Pimenta foi morto em um bar,
enquanto saia com amigos. As investigações começaram rapidamente, mas omissões levaram
a prescrição do processo, deixando seus assassinos impunes. A Corte IDH considerou que as
falhas do Estado brasileiro na sua obrigação de investigar, processar e punir os responsáveis
pela morte de Gabriel Sales Pimenta. Foram ordenadas medidas de reparação simbólica,
devida investigação e julgamento, garantias e indenizações compensatórias.

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