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Por muito tempo , em especial nos anos de 1990, homens pobres da região norte e nordeste
do Brasil foram aliciados para trabalhar na Fazenda Brasil Verde, no município de Sapucaia
(Pará). Lá, viviam e trabalhavam em condições precárias, em situação análoga à de
escravidão. A Corte Interamericana condenou o Brasil pela violação dos direitos a não ser
submetido à escravidão e ao tráfico de pessoas , ao reconhecimento da personalidade jurídica,
à integridade pessoal, à liberdade pessoal, às garantias judicias, à proteção da honra e da
dignidade, de circulação e residência e à proteção judicial, em relação com a obrigação de
respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar disposições de direito interno, previstos na
Convenção Americana.
Em outubro de 1994, uma incursão policial na Favela Nova Brasília, localizada no Complexo
do Alemão, terminou com a morte de 13 homens da comunidade, quatro deles menores de
idade. Além disso, três mulheres, duas delas menores de idade, sofreram atos de violência
sexual por parte das forças policiais. Meses depois, em maio de 1995, nova operação policial,
na mesma localidade, resultou novamente na morte de 13 homens, sendo dois deles menores
de idade. Os assassinatos foram registrados como “autos de resistência com morte dos
opositores”, argumento constantemente utilizado para garantir a impunidade em casos de
execução extrajudicial perpetrados por agentes do Estado. A Corte Interamericana condenou
o Brasil pela violação dos direitos à integridade pessoal, às garantias judiciais e à proteção
judicial, em relação com a obrigação de respeitar e garantir os direitos, e o dever de adotar
disposições de direito interno, previstos na Convenção Americana, em detrimento dos
familiares das vítimas mortas e das jovens vítimas de violência sexual.
Os trágicos eventos ocorreram em Santo Antônio de Jesus, cidade da Bahia conhecida pela
produção de fogos de artifícios. Em uma das fábricas de produção do item, de nome ‘Vardo
dos Fogos’ sobre responsabilidade de Osvaldo e Mário Prazeres Bastos. Segundo relatório, a
fábrica empregava principalmente mulheres e crianças negras e de baixa renda, desrespeitava
direitos trabalhistas, pagava salários baixos e operava em condições de segurança precárias.
Em 11 de dezembro de 98, foi alvo de uma explosão que matou, ao menos, 60 pessoas,
incluindo crianças, e feriu outras 6. Em 1999, cerrado o processo administrativo, a fábrica foi
fechada, mas seus donos continuaram atuando. Em março de 2018, a CIDH emitiu um
relatório responsabilizando o Brasil por violações de direitos humanos relacionadas à
explosão na fábrica de fogos. Após o não cumprimento das recomendações pelo Estado
brasileiro, o caso foi encaminhado à Corte Interamericana em setembro de 2018. A Corte
IDH rejeitou as exceções preliminares do Brasil e, na mesma sentença, condenou o país por
diversas violações, incluindo direitos à vida, integridade pessoal, da criança, garantias
judiciais, proteção judicial, igual proteção da lei, proibição de discriminação e trabalho. O
tribunal determinou medidas de reparação, como o pagamento de indenização e custos,
tratamento médico e psicológico, material de divulgação e ato público de reconhecimento da
responsabilidade internacional.
9. CASO MÁRCIA BARBOSA VERSUS BRASIL.
O caso refere-se ao evento da morte do advogado Gabriel Sales Pimenta, em Marabá, vítima
de uma execução planejada. Os eventos que levaram à sua morte dão-se em volta de disputas
de terra, tendo Sales Pimenta representando o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá
em uma decisão que reverteu a expulsão de trabalhadores de terras que eram interesses de
fazendeiros. Depois da decisão, o advogado passou a receber ameaças de mortes, e mesmo
informando as autoridades, não foi levado a sério. Sales Pimenta foi morto em um bar,
enquanto saia com amigos. As investigações começaram rapidamente, mas omissões levaram
a prescrição do processo, deixando seus assassinos impunes. A Corte IDH considerou que as
falhas do Estado brasileiro na sua obrigação de investigar, processar e punir os responsáveis
pela morte de Gabriel Sales Pimenta. Foram ordenadas medidas de reparação simbólica,
devida investigação e julgamento, garantias e indenizações compensatórias.