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WILLIAM PAISANO JATO Nº USP: 8113550

Fichamento: Análise crítica do Caso Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde

Trata-se de caso em que a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em sentença


proferida no caso Fazenda Brasil Verde, firmou entendimento de que o Estado brasileiro
infringiu o direito de liberdade, o direito de acesso à justiça bem como o direto a duração
razoável do processo e as garantias judiciais. Especificamente compreendeu a Corte que fora
violado o direito de não ser submetido a qualquer trabalho de tipo escravo ou servidão,
tampouco atividades com situações análogas a essas.
O Brasil foi condenado em 20 de outubro de 2016 pelo caso Fazenda Brasil Verde,
onde relatou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que em 1996 o Ministério
Publico do Trabalho procedeu fiscalização na fazenda, encontrando ausência de registro de
funcionários, bem como situação de trabalho em desacordo com a legislação. Baseou-se ainda
em depoimento prestado por dois fugitivos da referida fazenda e prestado perante a Polícia
Federal. Dentre outras vistorias, fugas de vitimas, novos relatos e aplicação insuficiente de
pena pelo Estado, a Corte compreendeu que foram violados os seguintes direitos:

 Direito de não ser submetido à escravidão e ao tráfico de pessoas,


estabelecido no artigo 6.1 da Convenção Interamericana de Direitos
Humanos e em relação aos artigos 1.1, 3, 5, 7, 11, 22 e 19 do mesmo
instrumento;
 O artigo 6.1 da Convenção Americana em relação com o artigo 1.1 do mesmo
instrumento, produzida no marco de uma situação de discriminação
estrutural histórica em razão da posição econômica;
 As garantias judiciais de devida diligência e prazo razoável, previstas no
artigo 8.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos, em relação com o
artigo 1.1 do mesmo instrumento;
 Direito à proteção judicial, previsto no artigo 25 da Convenção Americana de
Direitos Humanos, em relação aos artigos 1.1 e 2 do mesmo instrumento;

Através da condenação a Comissão solicitou ao Brasil que adotasse algumas medidas


de políticas públicas que objetivasse punir e prevenir o trabalho em regime de escravidão.
Dentre várias podemos destacar o fortalecimento e incremento do sistema legal e ainda
criação de meios para coordenar os vários órgãos estatais visando a não ocorrência de lacunas
na investigação, bem como programar medidas legislativas para erradicação do trabalho
escravo. Cobrou ainda que o Estado brasileiro assegure a observância com rigor das leis
trabalhistas quanto à jornada de trabalho e salário, dentre outras.

Projeto de Lei nº 4667

O referido projeto de Lei, estabelece em seu artigo 3º, que “a União ajuizará ação
regressiva contra as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis
direta ou indiretamente pelos atos que ensejaram a decisão de caráter pecuniário”. Desta
redação, é possível concluir que haveria um sistema de responsabilização dos causadores de
violações de Direitos Humanos, na modalidade de responsabilidade subjetiva.
Conforme Carlos Roberto Gonçalves, a classificação corrente e tradicional, pois,
denomina objetiva a responsabilidade que independe de culpa. Esta pode ou não existir, mas
será sempre irrelevante para a configuração do dever de indenizar. Indispensável será a
relação de causalidade entre a ação e o dano, uma vez que, mesmo no caso de
responsabilidade objetiva, não se pode acusar quem não tenha dado causa ao evento. Nessa
classificação, os casos de culpa presumida são considerados hipóteses de responsabilidade
subjetiva, pois se fundam ainda na culpa, mesmo que presumida.
Afirma ainda o autor que diz ser “subjetiva” a responsabilidade quando se esteia na
ideia de culpa. A prova da culpa do agente passa a ser pressuposto necessário do dano
indenizável. Nessa concepção, a responsabilidade do causador do dano somente se configura
se agiu com dolo ou culpa.
O fato de ainda não ter sido aprovado o projeto de Lei, revela que não há interesse
da classe política na responsabilização individual dos violadores das normas de Direitos
Humanos, o que faz transparecer que as elites política e econômica do país estejam envolvidas
nas referidas violações.

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