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Associado: SYLVIA HELENA MINOZZO MELLO

Assunto: Negativa de ressarcimento

Evento n°: 0004500

Caro Associado, Vossa Senhoria filiou-se a Tesa Associados, pessoa Jurídica de direito privado,
associação civil sem fins lucrativos, com sede Av. Anhanguera, Loja 16, Sala 02, Ed. Palácio do
Comércio, Setor Central, Goiânia-GO, CEP 74.043-010.

Após preencher o Termo de Associação e consequentemente filiar-se a esta associação, foi


orientado quanto aos benefícios ofertados, e, consciente dos benefícios que melhor satisfaziam seus
interesses, preencheu e assinou o Termo de Opção para proteção automotiva (Programa de Socorro
Colaborativo) de seu veículo, tornando-se Associado, tendo ciência de todas as exigências e
regulamentos.

Todavia, se faz mister ressaltar, que é condição fundamental para ter direito à proteção
automotiva, o cumprimento das regras estatutárias, bem como, as determinações estabelecidas no
Regulamento do Associado e as Leis Vigentes em nosso ordenamento jurídico.

Conforme relato de Vossa Senhoria, alega que teve prejuízos a ser ressarcido, pelo motivo de
(furto/incêndio/roubo/colisão) de seu veículo sendo esse na data de 26/01/2023, refente ao boletim de
ocorrências nº BF6083-1/2023 relativo ao veículo:

Placa: FLA-2040 Veículo associado: Renault Grand Scenic

Em conformidade com os regramentos da Associação da qual o Sr. é signatário, e, preservando


os interesses desta relação de mutualismo entre todos os Associados, foi instaurado procedimento
sindicante inquérito deste evento de nº 045/2023, para averiguação da verossimilhança dos fatos
narrados por Vossa Senhoria.

Desta forma, restou comprovado contradições quanto ao que foi apurado em sindicância e o que foi
“alegado” por Vossa Senhoria, no momento em que comunicou o Evento.
O Regulamento do Programa de Socorro Colaborativo da Tesa Associados, assim determina:

CAPÍTULO VII
7.1 São Situações não amparadas pelo PSC [...]
XXXVII- eventos em que for constatado ma fé da parte do associado, arrendatário , condutor ou cessionário como omissão,
ocultação. adulteração ou falsificação de informações fornecidas em qualquer momento e por qualquer meio, ou ainda
intencionalidade em causar , provocar ou fraudar o evento;
[...]
XLVII qualquer evento que não possua nexo causal;
CAPÍTULO XII
12.1. São obrigações dos associados participantes do PSC
I - Agir com lealdade e boa-fé para com os demais associados e com a ASSOCIAÇÃO, sempre velando pelo seu
regular funcionamento e boa imagem, e contribuir de forma direta ou indireta, ativa ou passiva, para que a ASSOCIAÇÃO
alcance os fins estatutários, sob pena de ser excluído do PSC e do quadro de associados da ASSOCIAÇÃO, por decisão da
diretoria, sem prejuízo das sanções legais cabíveis;
II - Cumprir todas as normas estabelecidas no estatuto social e neste regulamento, bem como outras a serem
expedidas formalmente pela Diretoria Executiva;

Analisando o Evento nº 0004500, envolvendo o Placa: FLA-2040 Veículo associado: Renault Grand
Scenic, e considerando, entre outras coisas, as contradições dos fatos apresentados por Vossa
Senhoria, apresentando altos indícios de fraude contra esta instituição, verificamos a impossibilidade de
pagamento do Benefício.

Responsablidade civil

Através de esforços pela equipe de sinistro, foi constatados pela perícia técnica que não houve nexo
causa no suposto furto do veículo de vossa senhoria.

Para se caracterizar a responsabilidade civil é necessário que se coadunem quatro elementos, a saber:
a ação ou omissão do agente, a culpa ou o dolo do agente, a relação ou o nexo de causalidade e o
dano.

Contudo, vossa senhoria não pode imputar tal resposabilidade à esta associação, devido ter descumprido
os elementos da responsabilidade civil, não havendo nexo causal do referido sisnistro.

O Princípio da boa fé

Já se percebe que seria írrito, senão impossível, falar de fraude sem tocar na boa-fé, nas suas duas
principais vertentes, a subjetiva e a objetiva. Deve-se lembrar, logo, que a boa- -fé, conduta primaz do
homem, não dispensada nas demais relações contratuais, no PSC é exigida, objetivamente, com sobre
levada importância. Por isso, o contrato de PSC é de extrema boa-fé, em que o associado, pelas
características próprias desse documento, fica à mercê das declarações do associado, quer seja na
contratação, quer na convivência com o contrato e, ainda, na liquidação do sinistro.

O termo de adesão PSC está de tal forma fundado na boa-fé que sua ausência é suficiente para retirar-
lhe a eficácia, como decorre, em nosso direito, Código Penal, no inciso V do art. 171, que trata da fraude
para recebimento de indenização ou valor, refletindo a situação que se produz quando o associado
procura intencionalmente a ocorrência do sinistro ou exagera suas consequências, com ânimo de obter
enriquecimento sem causa, o que é, em síntese, um atentado ao princípio da boa-fé subjetiva.

Veja o que diz DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização;

Conforme os tribunais superiores:


SEGURO. FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE SEGURO. MÁ-FÉ DO SEGURADO. PERDA DA
INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. VALORAÇÃO DE PROVAS. A seguradora recusou-se ao
pagamento de indenização securitária por suspeita de crime de estelionato na modalidade fraude
para recebimento de seguro (art. 171, § 2º, V, do Código Penal). O julgador é livre para valorar as
provas apresentadas nos autos e, assim, formar seu convencimento. As provas carreadas nos
autos são lícitas, foram analisadas minuciosamente pelo douto Magistrado a quo e, durante todo
o processo, oportunizou-se ao autor a sua manifestação, no exato cumprimento do princípio do
contraditório. O contrato de seguro pressupõe a mais estrita boa-fé dos contratantes e os indícios
de cometimento de fraude são suficientes para afastar a indenização securitária, a teor do art.
766, da Lei Civil. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
(TJ-RJ - APL: 01382507420018190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 12 VARA CIVEL, Relator:
ROBERTO DE ABREU E SILVA, Data de Julgamento: 02/04/2007, NONA CÂMARA CÍVEL, Data
de Publicação: 11/04/2007)

As normas jurídicas da associação possuem, entre outros aspectos, uma fonte determinante, qual seja a
necessidade dos envolvidos em estabelecer critérios para o bom funcionamento de suas condutas. Assim
são criados os instrumentos de regulação social negocial, quer seja em seu aspecto genérico, por meio
de leis, decretos, medida provisória, portarias, quer seja para o atendimento de uma necessidade
específica.

LEI 10.406/2002 (Código Civil Brasileiro)

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:

III - os direitos e deveres dos associados;


Art. 55 - Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.

Nesta esteira, assim preceitua o artigo 476 do Código Civil:

“Não terá direito a indenização o associado que estiver em desconformidade com o regulamento
interno.”

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode
exigir o implemento da do outro.

Desta forma, não pode vossa senhoria alegar que não tinha conhecimento das cláusulas do
regulamento interno, uma vez que exarou sua assinatura na proposta de adesão e anuiu
voluntariamente aos termos do contrato, uma vez que apenas cumpriu com o que dispõe o Código
Civil e as cláusulas do regulamento interno.

Este é o entendimento firmado pela jurisprudência pátria, reconhecendo que a responsabilidade da


associada segue os limites impostos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO


ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS DO DEVEDOR. associação. INDENIZAÇÃO.
LIMITAÇÃO. VALOR a ser recebido. EXCESSO DE EXECUÇÃO. DOCUMENTO JUNTADO
EXTEMPORANEAMENTE. POSSIBILIDADE. PRAZO DILATÓRIO. BOA-FÉ DA associação.
CARACTERIZAÇÃO. (...) 4. A responsabilidade da associação, na cobertura contratual de
responsabilidade civil, restringe-se aos limites avençados, não podendo indenizar por valores
superiores aos previstos no regulamento interno.

Todos os Associados são esclarecidos no momento da assinatura do Termo de Associação, quanto as


sanções devidas à violação do regulamento da Associação, podendo chegar a negativa do Benefício e/ou
exclusão da filiação junto a Instituição.

Diante de todo o exposto, a Tesa Associados com seu Programa de Socorro Colaborativo, vem, informar
ao Associado, a Negativa de Ressarcimento do referido Evento, pois, entre outros dispositivos legais,
houve violação do regulamento.

A Tesa Associados, por seu departamento jurídico, está a disposição para melhor atendê-lo, e, esclarecer
quaisquer dúvidas.

São Paulo, 24 de fevereiro de 2023.

Cordialmente,

Tesa Associados

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