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A revogação em Direito Público constitui um mecanismo, através do qual um ato jurídico (lei,
regulamento ou ato administrativo) cessa a sua eficácia em virtude da posterior entrada em
vigor de outro ato da mesma hierarquia ou de hierarquia superior que incida sobre o mesmo
objeto (material, territorial e pessoal) e prossiga os mesmos fins. Trata-se de um instituto
indispensável para a renovação do Direito e que permite a um órgão competente substituir o
direito velho pelo novo, à luz do princípio da cronologia que o nº 1 do art.º 7.º do Código Civil
(CC) consagra para as leis e que se aplica aos restantes atos jurídicos. A decisão jurídica mais
recente dispõe, assim, da faculdade de alterar ou de suprimir a decisão mais antiga. O ato
revogado cessa a sua vigência, mas não desaparece da ordem jurídica. Apenas deixa, em regra,
de se aplicar para o futuro. E a prova disso é que o direito revogado pode ser reposto em vigor
(repristinação) seja por força do órgão competente que pode aprovar um ato nesse mesmo
sentido, seja, no plano das normas jurídicas, através de uma decisão jurisdicional. Por
exemplo, de acordo com o n.º 1 do art.º 282º da CRP, se uma norma for declarada
inconstitucional pelo Tribunal Constitucional com força obrigatória geral, o direito que tenha
sido revogado por essa norma inválida é automaticamente reposto em vigor para evitar vazios
normativos ( lacunas). Uma norma revogada pode produzir alguns efeitos jurídicos mesmo
depois da sua revogação, aplicando-se a situações e processos iniciados durante a sua vigência,
por razões de segurança jurídica, salvo se o direito novo não dispuser de forma diferente ( art.º
12.º do CC) desde que respeite o principio da confiança. É, por conseguinte, admissível que os
tribunais competentes possam vir a declarar, com força obrigatória, a invalidade de normas
que tenham sido já revogadas, de forma a eliminar os seus efeitos inválidos passados,
presentes e mesmo futuros.