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13/04/23, 15:43 :::Regulamento n.

º 202/2015, de 28 de Abril

[ Nº de artigos:30 ]
  Regulamento n.º 202/2015, de 28 de Abril  (versão actualizada)

 CÓDIGO DEONTOLÓGICO DOS SOLICITADORES E DOS AGENTES DE


EXECUÇÃO
SUMÁRIO
Código deontológico dos solicitadores e dos agentes de execução
__________________________

Regulamento n.º 202/2015


Código deontológico dos solicitadores e dos agentes de execução
Preâmbulo
O Estatuto da Câmara dos Solicitadores, doravante designado ECS, prevê, no seu artigo 30.º, que
compete à assembleia geral a aprovação do código deontológico.
O ECS determinou, assim, a criação de um diploma que ordenasse o pensamento nesta matéria. Para
além dos deveres deontológicos já constantes do ECS, que elenca um conjunto de princípios e deveres
gerais que devem reger o comportamento dos associados da Câmara dos Solicitadores, torna-se
necessário aprovar um documento que aprofunde esses princípios.
O conselho geral aprovou uma proposta de Código Deontológico que levou a discussão e debate ao VI
Congresso dos Solicitadores.
Na 1.ª Secção do VI Congresso foi aprovado na generalidade, por unanimidade, e, na especialidade,
por ampla maioria. Foi ainda deliberado, na 1.ª Secção do Congresso, que as propostas de emenda
apresentadas na especialidade deveriam ser remetidas, pelos respetivos autores, para a assembleia
geral extraordinária competente, para aprovação final do Código Deontológico.
O projeto de Código Deontológico foi também publicitado no Diário da República, pelo período de 30
dias, para efeitos de apreciação pública.
O presente documento, partindo das versões aprovadas em reunião de conselho geral e no VI
Congresso, tenta congregar as propostas de alteração sugeridas pelos associados da Câmara dos
Solicitadores.
Nota Justificativa
Assim, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 30.º do ECS, é aprovado o Código Deontológico dos
Solicitadores e dos Agentes de Execução.
Código deontológico dos solicitadores e dos agentes de execução

CAPÍTULO I
Disposições comuns a solicitadores e agentes de execução
  Artigo 1.º
Natureza e âmbito de aplicação
1 - A deontologia dos solicitadores e agentes de execução é um conjunto de regras de natureza ética
e profissional que, com carácter de permanência, o solicitador e o agente de execução devem
observar no exercício da sua atividade.
2 - O presente Código Deontológico aplica-se a todos os solicitadores e agentes de execução com
inscrição na Câmara dos Solicitadores, quer exerçam a profissão a título individual, quer estejam
integrados em sociedades profissionais.

  Artigo 2.º
Integridade
O solicitador e o agente de execução são indispensáveis à realização de tarefas de interesse público e
à administração da justiça e, como tal, devem ter um comportamento, público e profissional,
adequado à dignidade e à responsabilidade associadas às funções que exercem.

  Artigo 3.º
Independência
1 - No exercício da profissão, o solicitador e o agente de execução mantêm, quaisquer que sejam as
circunstâncias, a sua independência, devendo agir livres de qualquer pressão, especialmente a que
resulte dos seus próprios interesses ou de influências exteriores, abstendo-se de negligenciar a
deontologia profissional no intuito de agradar ao seu cliente, aos colegas, ao tribunal, a exequentes,
a executados ou a terceiros.
2 - O contrato de trabalho celebrado pelo solicitador não pode afetar os seus deveres deontológicos,
a sua isenção e a autonomia técnica perante o empregador, nem o Estatuto da Câmara dos
Solicitadores (ECS) ou o presente Código Deontológico.

  Artigo 4.º
Deveres deontológicos gerais

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1 - Constitui obrigação do solicitador e do agente de execução o cumprimento, pontual e escrupuloso,


dos deveres consignados no ECS, nas demais disposições legais e regulamentares e no presente Código
Deontológico, bem como todos aqueles que os usos, costumes e tradições profissionais lhes
imponham.
2 - São deveres gerais de conduta profissional do solicitador e do agente de execução,
designadamente, a honestidade, a probidade, a retidão, a lealdade, a cortesia e a sinceridade.
3 - No exercício da profissão o solicitador e o agente de execução devem proceder com urbanidade,
nomeadamente para com colegas, magistrados, árbitros, peritos, testemunhas, advogados e demais
intervenientes nos processos, e ainda funcionários judiciais, notariais, das conservatórias, de outras
repartições ou entidades públicas ou privadas.

  Artigo 5.º
Deveres para com a comunidade
1 - O solicitador e o agente de execução estão obrigados a pugnar pela boa aplicação do Direito, pela
rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento do exercício da profissão, sempre no estrito
respeito pelos direitos, liberdades e garantias constitucional e legalmente consagrados.
2 - Em especial, constituem deveres, do solicitador e do agente de execução, para com a
comunidade:
a) Não desenvolver a sua atividade contra o Direito, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem
promover diligências reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudiciais para a correta aplicação do
Direito, administração da justiça e descoberta da verdade;
b) Recusar a prestação de serviços quando suspeitarem seriamente que a operação ou atuação
jurídica em causa visa a obtenção de resultados ilícitos e que o interessado não pretende abster-se de
tal operação;
c) Não se servir do mandato que lhes foi confiado ou das funções em que se encontram investidos
para prosseguir objetivos que não sejam profissionais;
d) Não solicitar nem angariar clientes, por si ou por interposta pessoa, sem prejuízo do estabelecido
em matéria de publicidade da sua atividade;
e) Recusar receber e movimentar fundos que não correspondam estritamente a uma questão que lhes
tenha sido confiada;
f) Demonstrar rigor na gestão dos valores que lhes são confiados ou que administram no exercício das
suas funções, nos termos definidos no ECS;
g) Administrar escrupulosamente as contas-clientes, obedecendo às disposições constantes do ECS e
nos regulamentos aplicáveis;
h) Não fazer publicidade fora dos limites estabelecidos no ECS e no presente Código;
i) Cumprir as regras de fixação de honorários e tarifas;
j) Colaborar no eficaz acesso ao Direito, nomeadamente mantendo os seus conhecimentos
atualizados, por meio, entre outras formas, do acompanhamento permanente das alterações
legislativas e regulamentares.

  Artigo 6.º
Deveres para com a Câmara dos Solicitadores
Constituem deveres do solicitador e do agente de execução para com a Câmara dos Solicitadores:
a) Não prejudicar os fins e o prestígio da Câmara e de qualquer das atividades profissionais por ela
reguladas;
b) Colaborar na prossecução das atribuições da Câmara;
c) Exercer os cargos para que tenham sido eleitos ou nomeados e desempenhar com diligência os
mandatos que lhes forem confiados;
d) Declarar, ao requerer a inscrição, para efeito de verificação de incompatibilidade, qualquer cargo
ou atividade profissional que exerçam e que possa consubstanciar uma incompatibilidade nos termos
definidos no ECS;
e) Requerer, no prazo máximo de 30 dias, a suspensão da inscrição na Câmara quando ocorrer
incompatibilidade superveniente;
f) Pagar pontualmente as quotas, as taxas devidas pela prestação de serviços pela Câmara e outras
quantias devidas à Câmara, designadamente as decorrentes da aplicação de penas pecuniárias ou
sanções acessórias, as quais se encontram estabelecidas no respetivo Estatuto e nas demais
disposições legais e regulamentares aplicáveis;
g) Dirigir com empenho o estágio dos solicitadores estagiários e dos agentes de execução estagiários;
h) Manter um domicílio profissional com condições adequadas, tanto para atendimento ao público,
como para o desenvolvimento da atividade profissional dos seus funcionários, dotado de uma
estrutura que assegure o cumprimento adequado dos seus deveres e que cumpra as características
mínimas definidas nos regulamentos aprovados pela Câmara;
i) Comunicar, no prazo de 15 dias, qualquer alteração do domicílio profissional;
j) Manter os seus funcionários registados, nos termos do regulamento aprovado pela Câmara;
k) Promover a sua própria formação, com recurso a ações de formação contínua, cumprindo com as
determinações e procedimentos resultantes da regulamentação aprovada pela Câmara;
l) Usar traje profissional nos termos estabelecidos em regulamento aprovado pela Câmara;
m) Manter ativo o endereço de correio eletrónico que lhe é fornecido pela Câmara dos Solicitadores;
n) Respeitar integralmente todas as disposições legais e regulamentares a que esteja sujeita a sua
atividade profissional.
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  Artigo 7.º
Segredo profissional
1 - O segredo profissional constitui, nos termos legalmente definidos, direito e dever do solicitador.
2 - No que respeita à atividade dos agentes de execução, estes estão obrigados a manter reserva
sobre quaisquer matérias que lhes estejam confiadas, designadamente documentos, factos ou
quaisquer outras questões das quais tenham conhecimento no âmbito de negociações entre as partes
envolvidas.
3 - O segredo profissional não abrange as situações em que o serviço prestado se destine a comprovar
ou a certificar uma determinada situação de facto.
4 - O segredo profissional impõe-se, igualmente, àqueles que integram a sociedade profissional a que
pertence o solicitador abrangido pelo dever de segredo, aos funcionários que aí prestem serviço e a
todos aqueles que colaboraram com o solicitador no assunto submetido a segredo.

  Artigo 8.º
Informação e publicidade
1 - A publicidade dos solicitadores e dos agentes de execução é meramente informativa.
2 - O solicitador e o agente de execução podem divulgar a sua atividade profissional de forma
objetiva, verdadeira e digna, no rigoroso respeito dos deveres deontológicos, do segredo profissional
e das normas legais sobre publicidade e concorrência.
3 - Entende-se, nomeadamente, por informação objetiva:
a) A identificação pessoal, académica, curricular e profissional do associado ou da sociedade de
solicitadores ou de agentes de execução e dos respetivos colaboradores;
b) A indicação das atividades profissionais que exerçam, das áreas ou das matérias jurídicas de
exercício preferencial;
c) A referência à especialização, se previamente reconhecida pela Câmara;
d) Os cargos exercidos na Câmara;
e) O horário de atendimento ao público;
f) Os idiomas falados ou escritos;
g) A indicação do respetivo sítio oficial da internet;
h) A colocação, no exterior do escritório ou da sociedade, de uma placa ou tabuleta identificativa da
sua existência.
4 - São, nomeadamente, atos lícitos de publicidade:
a) A utilização de cartões nos quais se inscreva informação objetiva;
b) A publicação de anúncios na imprensa escrita e em listas telefónicas, de faxes ou análogas;
c) A apresentação dos serviços prestados em sítio na internet dentro das normas regulamentares
aplicáveis;
d) A menção da condição de solicitador ou de agente de execução em anuários profissionais, nacionais
ou estrangeiros;
e) A promoção ou a intervenção em conferências ou colóquios;
f) A publicação de brochuras ou de escritos, circulares e artigos periódicos sobre temas relacionados
com a profissão na imprensa, podendo assinar com a indicação da sua condição de associado, da
respetiva atividade profissional e da organização profissional que integre;
g) A menção a assuntos profissionais que integrem o currículo profissional do associado e em que este
tenha intervindo, não podendo ser feita referência ao nome do cliente, salvo quando autorizado por
este;
h) A referência, direta ou indireta, a qualquer cargo público, privado ou relação de emprego que
tenha exercido;
i) A menção à composição e à estrutura do escritório ou da sociedade que integra;
j) A inclusão de fotografias, ilustrações e logótipo;
k) A utilização de marcas da titularidade da Câmara, nos termos de regulamento aprovado pela
assembleia de representantes;
l) A indicação da qualidade de administrador judicial ou de secretário de sociedade;
m) A indicação dos atos para cuja prática tenha competência;
n) A menção ao seguro de responsabilidade profissional e respetivo montante máximo de cobertura.
5 - São atos ilícitos de publicidade:
a) A colocação de conteúdos persuasivos, ideológicos, de auto engrandecimento e de comparação;
b) A promessa ou indução da produção de resultados;
c) A prestação de informações erróneas ou enganosas;
d) A menção a título académico ou a curso que não seja certificado.
6 - As disposições constantes dos números anteriores são aplicáveis ao exercício de qualquer das
atividades profissionais, independentemente de serem exercidas a título individual ou em sociedade.

  Artigo 9.º
Sítio oficial na Internet
1 - O sítio oficial na Internet, do qual seja titular o solicitador, o agente de execução ou uma
sociedade profissional encontra-se submetido às regras do ECS, dos regulamentos e do presente
Código, que enquadram o exercício da profissão.
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2 - Os dados incluídos no sítio oficial apenas podem ter natureza informativa, sendo aplicável o
disposto no artigo anterior.
3 - Em caso algum a informação contida no sítio oficial pode pôr em causa o segredo profissional.
4 - É admitido que do sítio oficial constem ligações a outros sítios de índole institucional, sendo
vedada qualquer ligação a sítios de outra natureza, nomeadamente de tipo comercial.
5 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o sítio oficial pode integrar áreas reservadas aos
clientes ou àqueles a quem presta serviço, protegidas por códigos próprios, que permitam o acesso a
informação ou a funcionalidades específicas.
6 - A informação referida no número anterior não pode envolver a consulta direta de documentos
confidenciais ou sob reserva dos processos em que intervenha.

  Artigo 10.º
Discussão pública de questões profissionais
1 - O solicitador e o agente de execução não devem pronunciar-se publicamente sobre questões
profissionais pendentes.
2 - O solicitador e o agente de execução podem pronunciar-se, excecionalmente, desde que
previamente autorizados pelo órgão estatutariamente competente para decidir a dispensa do sigilo
profissional, sempre que o exercício desse direito de resposta se mostre absolutamente necessário,
de forma a prevenir ou a remediar a ofensa à dignidade, direitos e interesses legítimos do cliente,
das partes, do próprio ou da Câmara.
3 - O pedido de autorização deve ser devidamente justificado e indicar o âmbito possível das
questões sobre as quais entende dever pronunciar-se.
4 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, em caso de manifesta urgência, o solicitador e o
agente de execução podem exercer o direito de resposta referido no n.º 2, de forma tão restrita e
contida quanto possível, devendo ser informado o órgão estatutariamente competente para decidir a
dispensa do sigilo profissional da respetiva motivação no prazo máximo de cinco dias úteis.

  Artigo 11.º
Aceitação da prestação de serviços e dever de competência
1 - O solicitador e o agente de execução não podem aceitar a prestação de quaisquer serviços
profissionais se para tal não tiverem sido livremente solicitados ou mandatados pelo cliente, por
aquele a quem prestam serviço ou por representante deste, ou se não tiverem sido designados para o
efeito por entidade legalmente competente.
2 - O solicitador e o agente de execução não devem aceitar, respetivamente, o mandato ou a
prestação de quaisquer serviços se souberem, ou deverem saber, que não têm competência,
disponibilidade ou meios suficientes para se ocuparem prontamente do assunto ou do processo em
causa, e o acompanharem de modo efetivo, a menos que atuem conjuntamente com outro
mandatário ou agente de execução com competência, disponibilidade e meios necessários para o
efeito.

  Artigo 12.º
Deveres recíprocos dos solicitadores e dos agentes de execução
1 - A solidariedade profissional impõe uma relação de confiança e cooperação entre os solicitadores
ou entre os agentes de execução, em benefício dos clientes ou daqueles a quem prestam serviço, da
realização do Direito, nos termos da lei e dos regulamentos aplicáveis, e de forma a evitar litígios
inúteis, conciliando, tanto quanto possível, os interesses da profissão com os da Justiça ou daqueles
que a procuram.
2 - Constituem deveres dos solicitadores e dos agentes de execução nas suas relações recíprocas:
a) Proceder com a maior correção e urbanidade, abstendo-se de qualquer ataque pessoal, alusão ou
crítica desprimorosa, de fundo ou de forma;
b) Responder, em prazo razoável, às solicitações orais ou escritas;
c) Não emitir publicamente opinião sobre questão que saibam confiada a outro solicitador ou agente
de execução, salvo na presença deste ou com o seu prévio acordo;
d) Atuar com a maior lealdade, procurando não obter vantagens ilegítimas ou indevidas para o seu
cliente ou para aquele que os designou;
e) Não contactar a parte contrária que esteja representada por mandatário, salvo se previamente
autorizados por este ou se tal for indispensável por imposição legal ou contratual;
f) Abster-se de qualquer comportamento que se destine a desviar, para os seus escritórios ou para as
sociedades que integrem, clientes de um colega ou aqueles a quem um colega presta serviço;
g) Não assinar escritos profissionais que não sejam da sua autoria ou em que não tenham colaborado;
h) Comunicar, atempadamente, aos outros solicitadores ou agentes de execução que devam intervir
na diligência, a impossibilidade de comparecer.
3 - O solicitador e o agente de execução que pretendam aceitar assunto ou processo anteriormente
confiado a outro mandatário ou agente de execução devem comunicar-lhe e diligenciar no sentido de
lhe serem pagos os honorários e demais quantias que eventualmente lhe sejam devidos.

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  Artigo 13.º
Conflito de interesses
1 - Sem prejuízo das normas específicas sobre conflitos de interesses de cada atividade profissional
regulada pela Câmara, o solicitador e o agente de execução devem recusar o mandato ou a prestação
do serviço, respetivamente, sempre que daí possa resultar um benefício indevido ou um potencial
conflito dos interesses em presença.
2 - O solicitador não deve usar, em proveito do cliente, conhecimentos que possa ter obtido por via
de representação anterior daqueles que agora constituem a parte contrária, salvo se esse
conhecimento não lhe causar prejuízo e não constituir um conflito de interesses.
3 - Sempre que o solicitador e o agente de execução exerçam a sua atividade em associação, sob a
forma de sociedade ou não, o disposto no número anterior aplica-se quer à associação, quer a cada
um dos seus membros.

  Artigo 14.º
Deveres para com os tribunais
1 - O solicitador e o agente de execução devem, em qualquer circunstância, atuar com diligência e
lealdade na condução do processo e comportar-se respeitosa e cordatamente perante o juiz, devendo
garantir que aqueles que com eles trabalham assumem idêntica postura.
2 - É vedado ao solicitador e ao agente de execução recorrer, por qualquer forma, a meios desleais de
defesa dos interesses da parte que representam ou a que prestam serviço.
3 - O solicitador e o agente de execução devem prestar o serviço dentro dos limites da lei e da
urbanidade, sem prejuízo do dever de defenderem adequadamente os interesses do seu cliente ou
daquele a quem prestam o seu serviço, respetivamente.
4 - O solicitador e o agente de execução devem obstar a que os seus clientes ou aqueles a quem
prestam o seu serviço exerçam quaisquer represálias contra a outra parte e sejam menos corretos
para com os representantes da parte contrária, magistrados, árbitros, funcionários ou quaisquer
outros intervenientes no processo.

  Artigo 15.º
Responsabilidade civil profissional
1 - O solicitador e o agente de execução que, no exercício da sua profissão, violem, com dolo ou
mera culpa, os direitos e interesses do seu cliente, ficam obrigados a indemnizar o lesado pelos danos
daí resultantes.
2 - Em ordem a assegurar o cumprimento da obrigação de indemnizar, o solicitador e o agente de
execução devem celebrar e manter um seguro de responsabilidade civil profissional tendo em conta a
natureza e âmbito dos riscos inerentes à sua atividade, por um capital de montante não inferior ao
legal e regulamentarmente fixado.

  Artigo 16.º
Intervenção processual contra outro solicitador ou agente de execução
O solicitador e o agente de execução, antes de intervirem, a qualquer título, em procedimento
disciplinar, judicial ou de qualquer outra natureza contra um colega, devem comunicar-lhe, por
escrito, a sua intenção, com as explicações que entendam necessárias, salvo tratando-se de
procedimentos que tenham natureza secreta ou urgente.

  Artigo 17.º
Correspondência confidencial
1 - Sempre que um solicitador ou agente de execução pretenda que a sua comunicação, dirigida a
solicitador, agente de execução ou a outro agente judiciário, tenha carácter confidencial, deve
exprimir, claramente, tal intenção.
2 - O solicitador ou agente de execução, destinatário da comunicação confidencial que lhe seja
dirigida, obriga-se a respeitar a natureza da mesma.
3 - O solicitador ou o agente de execução, destinatário da comunicação confidencial e que não tenha
condições para garantir a confidencialidade da mesma, deve devolvê-la ao remetente sem revelar a
terceiros o respetivo conteúdo.

  Artigo 18.º
Relações com os empregados forenses
1 - O solicitador e o agente de execução devem demonstrar especial cuidado no recrutamento dos
funcionários que com eles trabalham, assegurando, nomeadamente, que estes apresentam sólidas
garantias de seriedade e de competência e que compreendem e aceitam todas as regras relacionadas
com o dever de sigilo.
2 - O solicitador e o agente de execução não devem contratar um empregado forense que se encontre
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ao serviço de um colega sem lhe dar conta dessa intenção.

  Artigo 19.º
Sociedades de solicitadores ou de agentes de execução
1 - No âmbito de uma sociedade de solicitadores ou de agentes de execução, cada membro que a
integre deve respeitar escrupulosamente as regras legais e estatutárias e executar de boa-fé as suas
obrigações, abstendo-se de qualquer atitude ou comportamento que possa pôr em causa os interesses
ou a credibilidade da sociedade.
2 - Constituem deveres especiais de cada membro integrante de uma sociedade de solicitadores ou de
agentes de execução:
a) Manter informados os restantes membros sobre os clientes, ou aqueles a quem presta serviço,
pelos quais seja responsável;
b) Agir por forma a evitar, ou a pôr, de imediato, fim a qualquer conflito de interesses entre os
clientes, ou aqueles a quem presta serviço, pelos quais seja responsável e aqueles pelos quais seja
responsável um outro integrante da sociedade;
c) Não praticar quaisquer atos que tenham consequências negativas sobre a transparência da gestão
da sociedade, a sua contabilidade ou os seus resultados.
3 - Os associados devem sempre privilegiar entre eles o diálogo e o consenso.
4 - Em caso de conflito, os associados devem procurar, sob todas as formas, resolver por acordo a
discordância, podendo colocar a questão à apreciação da Câmara dos Solicitadores.

CAPÍTULO II
Disposições específicas relativas aos solicitadores
  Artigo 20.º
Deveres específicos dos solicitadores
1 - Sem prejuízo dos demais deveres previstos nas disposições comuns do presente Código ou que
decorram do ECS, das demais disposições legais e regulamentares e dos usos e costumes da profissão,
aos solicitadores cumpre:
a) Verificar a identidade do cliente e dos representantes do mesmo, assim como os poderes de
representação conferidos a estes últimos;
b) Dar a sua opinião conscienciosa sobre o merecimento da pretensão do cliente;
c) Prestar, sempre que tal lhe for solicitado, informação sobre o andamento das questões que lhe
forem confiadas ou sobre as diligências que lhe forem cometidas e comunicar-lhe prontamente a sua
realização ou a respetiva frustração, com indicação dessas causas;
d) Esclarecer a parte sobre os critérios que utiliza na fixação dos seus honorários, indicando, sempre
que possível, o seu montante total aproximado, e ainda sobre a possibilidade e a forma de obter
apoio judiciário;
e) Estudar com cuidado e tratar com zelo a questão de que seja incumbido, utilizando para o efeito
todos os recursos da sua experiência, saber e atividade;
f) Aconselhar toda a composição que ache justa e equitativa;
g) Não celebrar, em proveito próprio, contratos sobre o objeto das questões confiadas;
h) Não cessar, sem motivo justificado, a prestação de serviços nas questões que lhe estão cometidas;
i) Cumprir as regras relativas à solicitação de provisões previstas no ECS e nos regulamentos
aplicáveis;
j) Cumprir as disposições do regulamento de arquivo, aprovado pela Câmara, no que respeita aos
documentos que tenha de manter em arquivo por imposição legal;
k) Usar o trajo profissional nos atos solenes, quando pleiteie oralmente ou se apresente em atos nos
quais os juízes usem a respetiva beca.
2 - Ainda que exista motivo justificado para a cessação da prestação de serviços, o solicitador não
deve fazê-lo de modo a impossibilitar o cliente de obter, em tempo útil, a assistência de outro
solicitador.

  Artigo 21.º
Conflito de interesses
1 - O solicitador deve recusar o mandato ou a nomeação oficiosa numa questão em que já tenha
intervindo em qualquer outra qualidade, ou seja, conexa com outra em que represente, ou tenha
representado, a parte contrária.
2 - O solicitador deve recusar a prestação de serviços contra quem, noutra causa pendente, preste
serviços.
3 - O solicitador não pode aconselhar, representar ou agir por conta de dois ou mais clientes, no
mesmo assunto ou em assunto conexo, se existir conflito de interesses.
4 - Se um conflito de interesses surgir entre dois ou mais clientes, bem como se ocorrer risco de
violação do segredo profissional ou de diminuição da sua independência, o solicitador deve deixar de
agir por conta de todos os clientes, no âmbito desse conflito.
5 - O solicitador deve abster-se de aceitar um novo cliente se tal puser em risco o cumprimento do
dever de guardar sigilo profissional relativamente aos assuntos de um anterior cliente ou se do

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conhecimento destes assuntos resultarem vantagens ilegítimas ou injustificadas para o novo cliente.
6 - Sempre que o solicitador exerça a sua atividade em associação, sob a forma de sociedade ou
outra, o conflito de interesses é extensivo aos associados.

  Artigo 22.º
Relação com as testemunhas
É vedado ao solicitador estabelecer contactos com testemunhas ou demais intervenientes processuais
com a finalidade de instruir, influenciar ou, por qualquer outro meio, alterar o depoimento das
mesmas, prejudicando, desta forma, a descoberta da verdade.

CAPÍTULO III
Disposições específicas relativas aos agentes de execução
  Artigo 23.º
Exercício da atividade de agente de execução e prática de atos processuais
1 - O agente de execução exerce sempre a sua atividade com respeito estrito pelo disposto na lei e no
ECS.
2 - Visando a prossecução do interesse público e cabendo-lhe o exercício de poderes de autoridade
pública, o agente de execução deve atuar sempre com o devido rigor e ponderação, assegurando
nomeadamente:
a) O respeito pelas formalidades legais;
b) A clareza, acessibilidade e inteligibilidade dos atos que pratica e dos documentos que elabora;
c) O acerto e a qualidade dos atos praticados;
d) A discrição e eficácia da sua intervenção;
e) A proporcionalidade dos procedimentos a que recorre face à natureza dos objetivos a atingir;
f ) O zelo e a competência na utilização dos meios legais suscetíveis de lhe permitirem aceder às
informações necessárias à execução de que é responsável;
g) A recusa do cumprimento de indicações que ponham em causa a sua independência.
3 - O agente de execução deve usar de especial cuidado e humanidade em situações de natureza mais
sensível, nomeadamente aquelas que envolvam penhoras e, em especial, quando esteja em causa a
casa de habitação efetiva do penhorado ou da sua família ou se verifique a presença de menores.

  Artigo 24.º
Deveres específicos dos agentes de execução
1 - Sem prejuízo dos demais deveres previstos nas disposições comuns do presente Código ou que
decorram do ECS, das demais disposições legais e regulamentares e dos usos e costumes da profissão,
aos agentes de execução cumpre:
a) Praticar diligentemente os atos processuais de que sejam incumbidos, nos termos da lei e das
disposições regulamentares aplicáveis;
b) Prestar ao tribunal, às partes e a terceiros as informações determinadas nos termos da lei ou das
disposições regulamentares aplicáveis;
c) Prestar contas da atividade realizada, entregando prontamente as quantias, os objetos ou os
documentos de que sejam detentores por causa da sua atuação como agentes de execução;
d) Não exercer nem permitir o exercício, no seu escritório ou sociedade, de atividades que sejam
incompatíveis com a atividade de agente de execução, nos termos do ECS;
e) Apresentar a cédula profissional no exercício da sua atividade;
f) Desempenhar diligentemente as funções de patrono no segundo período de estágio dos agentes de
execução;
g) Ter contabilidade organizada nos termos do Estatuto e dos regulamentos;
h) Diligenciar no sentido de promover a sua substituição em processos para que tenham sido
designados quando ocorra motivo justificativo que impeça a condução normal dos mesmos;
i) Não aceitar a designação para novos processos, requerer a suspensão de designação para novos
processos ou a limitação do número mensal de processos em que sejam designados quando não
disponham dos meios necessários para o efetivo acompanhamento de novos processos ou de um
número determinado de processos;
j) Aplicar, em matéria de remuneração dos seus serviços, as tarifas previstas na legislação e na
regulamentação aplicáveis;
k) Recusar a prática de qualquer comportamento que se traduza em atos de concorrência desleal,
nomeadamente por via de reduções, descontos ou promoções nas tarifas;
l) Prestar caução, nos termos legais;
m) Manter atualizada a informação relativa ao estado de cada processo;
n) Não recusar a aceitação do processo para que tenham sido designados oficiosamente, salvo por
motivo de impedimento ou suspeição;
o) Informar a Câmara da ocorrência de quaisquer circunstâncias que indiciem a falta de idoneidade
exigida para o exercício das suas funções;
p) Pagar atempadamente as taxas e outras quantias devidas à Câmara, à Comissão para o
Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça e à caixa de compensações;

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q) Pagar as despesas correspondentes à liquidação dos processos a seu cargo;
r) Prestar toda a colaboração necessária ao exercício das atribuições da Comissão para o
Acompanhamento dos Auxiliares da Justiça;
s) Não revelar, fora do exercício das suas funções, a identificação dos intervenientes processuais ou
dados que obtenham por força do exercício da atividade;
t) Cumprir o plano de formação contínua obrigatória definido pela Câmara;
u) Tramitar o processo apenas quando se mostrem atempadamente pagas as importâncias devidas a
título de despesas e honorários, ainda que a título de provisão.
2 - São ainda deveres dos agentes de execução cumprir as normas legais e regulamentares aplicáveis,
nomeadamente, as relativas a:
a) Registo de atos e de movimentos financeiros e contabilísticos;
b) Utilização de meios de comunicação e de assinatura eletrónica nas relações com outras entidades
públicas e privadas, designadamente com os tribunais;
c) Uso de endereço eletrónico;
d) Estruturas e meios informáticos;
e) Registo junto da Câmara, nos termos regulamentares, dos bens de que seja fiel depositário;
f) Arquivo de documentos relativos às execuções ou a outros atos por si praticados;
g) Registo, por via eletrónica, junto da Câmara, dos processos em que intervenha como parte;
h) Delegação de competência para a prática de atos num processo determinado.

  Artigo 25.º
Relação com os magistrados e as demais profissões judiciárias
1 - O agente de execução deve, em todas as circunstâncias, empenhar-se em manter relações de
cordialidade e cooperação com o juiz, os membros das demais profissões judiciárias e, de um modo
geral, com os membros das profissões com as quais tem a necessidade de colaborar em ordem ao
desempenho cabal das suas funções.
2 - No caso de, no âmbito da execução, ser necessária a intervenção de outros oficiais públicos, o
agente de execução deve zelar pelo desempenho apropriado dos atos que for chamado a praticar,
assegurando que os mesmos se circunscrevam aos limites legalmente estabelecidos.

  Artigo 26.º
Relações com o exequente
1 - O agente de execução, mesmo que seja nomeado pelo exequente, não é dele mandatário ou
representante, cabendo-lhe sempre aconselhar à moderação e ao equilíbrio e tentar conciliar
exequente e executado, fornecendo todas as informações jurídicas adequadas ao esclarecimento da
sua situação processual.
2 - Em caso algum o agente de execução pode ser, ou aceitar ser, submetido a uma obrigação de
resultado.
3 - O agente de execução deve aconselhar adequadamente o exequente, se necessário por escrito.
4 - No caso de o exequente beneficiar de apoio judiciário, o agente de execução deve agir com os
cuidados e a atenção que a situação desfavorecida do exequente justifica.
5 - No âmbito da execução, as informações prestadas ao exequente, ao seu mandatário ou
representante, diretamente ou através da zona reservada do sítio, não podem pôr em causa, seja em
que circunstância for, as obrigações a que o agente de execução se encontra adstrito em matéria de
segredo profissional.
6 - É legítimo ao agente de execução recusar a nomeação do exequente, nos termos legalmente
estabelecidos.

  Artigo 27.º
Relações com o executado
1 - O agente de execução deve assumir, face ao executado, uma postura de ponderação e equilíbrio,
atuando sempre com cortesia e não respondendo a qualquer provocação ou ato hostil com que seja
confrontado.
2 - Ao praticar os atos pelos quais é responsável, o agente de execução deve assegurar que o
executado compreende o conteúdo dos mesmos e as suas implicações, devendo informá-lo quanto às
possibilidades de atuação que tem ao seu dispor.
3 - Em caso algum o agente de execução deve recorrer a coerções inúteis ou empregar meios
desproporcionados face à situação concreta, nomeadamente aqueles que possam confundir-se com
quaisquer formas de ameaça ou assédio.

  Artigo 28.º
Relações com terceiros
No âmbito da execução, o agente de execução deve sempre agir com cortesia e de boa-fé na relação
com terceiras partes, respeitando os direitos de que sejam titulares.

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  Artigo 29.º
Delegação de atos numa execução
1 - Nas situações em que a delegação abrange apenas a prática de determinados atos num processo, o
agente de execução delegante deve especificar os prazos e as condições em que tais atos terão de ser
praticados.
2 - Constitui dever do agente de execução delegado informar o agente de execução delegante, tão
cedo quanto possível, de tudo o que foi feito com vista a cumprir a delegação que lhe foi conferida e,
se for o caso, comunicar os motivos pelos quais não foi possível a realização dos atos constantes da
delegação.
3 - Sem prejuízo das regras aplicáveis em matéria de registo dos atos no SISAAE, o agente de
execução delegado não deve dirigir requerimentos diretamente ao tribunal ou ao exequente ou, de
qualquer outra forma, contactá-los, exceto se a isso tiver sido autorizado, de forma expressa, pelo
agente de execução delegante.

  Artigo 30.º
Deveres de informação e colaboração para com a Comissão para o Acompanhamento dos Auxiliares
da Justiça
O agente de execução deve assumir, na relação com a Comissão para o Acompanhamento dos
Auxiliares da Justiça, uma postura de total transparência e de franca e leal colaboração, prestando-
lhe, com celeridade, a informação solicitada e cumprindo, com diligência, as suas orientações e
decisões.

Aprovado em assembleia geral extraordinária da Câmara dos Solicitadores de 20 de março de 2015.


23 de março de 2015. - O Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Câmara dos Solicitadores, Rui
Carvalheiro.
208566101

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