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R E V I S T A DO A R Q U I V O N A C I O N A L
ARQUIVO NACIONAL
Ministério da Justiça
Arquivo Nacional
ACERVO
R E V I S T A D O A R Q U I V O N A C I O N A L
R I O DE J A N E I R O , V . 1 0 , NÚMERO 0 1 , J A N E I R O / J U N H O 1997
© 1 9 9 7 by Arquivo Nacional
Rua A z e r e d o C o u t i n h o , 7 7
CEP 2 0 2 3 0 - 1 7 0 - Rio d e J a n e i r o - RJ - B r a s i l
P r e s i d e n t e da R e p ú b l i c a
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Justiça
íris R e z e n d e
Diretor-Geral d o Arquivo nacional
J a i m e A n t u n e s d a Silva
Editora
Maria d o C a r m o T. R a i n h o
Conselho Editorial
Ana Maria C a s c a r d o , Ingrid Beck, Maria d o C a r m o T. Rainho, Maria Isabel Falcão, Maria Izabel
d e Oliveira, Nilda S a m p a i o B a r b o s a , J o s é Ivan Calou Filho, Sílvia Fiinita d e Moura E s t e v ã o
Conselho Consultivo
Ana Maria C a m a r g o , Angela Maria d e C a s t r o G o m e s , Boris Kossoy, Célia Maria Leite C o s t a ,
Elizabeth C a r v a l h o , Francisco Falcon, Francisco Iglesias, Helena Ferrez, H e l e n a C o r r ê a
M a c h a d o , Heloísa Liberalli Belotto, limar Rohloff d e Mattos, J a i m e Spinelli, J o a q u i m Marcai
Ferreira d e A n d r a d e , J o s é Carlos Avelar, J o s é S e b a s t i ã o Witter, Léa d e Aquino, Lena Vânia
Pinheiro, Margarida d e S o u z a n e v e s , Maria Inez TUrazzi, Marilena Leite P a e s , Regina Maria M. P.
Wanderley, S o l a n g e Z ú n i g a
Edição de Texto
J o s é Ivan Calou Filho
Projeto Gráfico
André Villas B o a s
E d i t o r a ç ã o Eletrônica, Capa e Ilustração
Gisele Teixeira d e S o u z a e J o r g e P a s s o s Marinho
Revisão
Alba Gisele G o u g e t e J o s é C l á u d i o d a Silveira Mattar
Resumos
C a r l o s Peixoto d e C a s t r o e J o s é Cláudio da Silveira Mattar {versão e m inglês), Lea Novaes e
Flávia Roncarati G o m e s (versão e m francês)
Reprodução Fotográfica
A g n a l d o Neves S a n t o s , Cícero Bispo, Flavio Ferreira L o p e s e Marcello L a g o
Secretaria
J e a n e D'Arc C o r d e i r o
Semestral
Cada número possui um tema distinto
ISSr10102-70O-X
CDD981
S U M Á R I O
01
Apresentação
03
N o V centenário da chegada aos portugueses ao o r a s i l : reviver o patrimônio
comum. Contribuição do Instituto aos Arquivos Nacionais/Torre ao Tombo
(Lisboa)
Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha & Maria de Lurdes Henrique
17
Fontes para a história do Brasil colonial existentes no Arquivo Histórico
Ultramarino
Maria Luísa Meneses Abrantes
29
Documentos relativos ao Brasil existentes na Biblioteca Pública Municipal do
Porto
Maria Adelaide Meireles èc Luís Cabral
47
O arquivo da Casa da Moeda de Lisboa. Seu interesse para a história do Brasil
colonial. 1686-1822
Margarida Ortigão Ramos Paes Leme
57
Fontes do Tribunal de Contas de Portugal para a história do Brasil Colônia
Judite Cavaleiro Paixão
71
A contribuição do Arquivo Distrital de Braga para a história do Brasil
colonial
Maria da Assunção Jácome de Vasconcelos e Chagas, Paula Maria Faria Lamego ôf
Paula Sofia da Costa Fernandes
85
Rápido passeio por outros arquivos portugueses
Caio Boschi
97
Perfil Institucional
Oomissão N a c i o n a l para as C-omemoraçfies dos Descobrimentos Portugueses
Antônio Manuel Hespanha
.
A P R E S E N T A Ç Ã O
Este número da revista Acervo faz parte portugueses no Brasil, parte integrante
de uma série de projetos culturais que o da história filosófica e política das
Arquivo Nacional vem desenvolvendo com possessões e do comércio dos europeus
vistas às comemorações dos quinhentos nas duas índias, de Guillaume-Thomas
anos da descoberta do Brasil. Com este François Raynal.
objetivo, a Instituição - que integra a
Em função de todos e s s e s projetos, a
Comissão Luso-Brasileira para a
revista Aceruo - que tem por meta divulgar
Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio
e potencializar fontes de pesquisa - não
Documental - p r e t e n d e , e n t r e o u t r a s
poderia deixar de reservar espaço aos
atividades, publicar o Guia de arquivos
d o c u m e n t o s p o r t u g u e s e s de interesse
brasileiros: fundos/coleções do período
para a história do Brasil colonial. Desse
colonial - séculos XVI/XIX, realizar a
modo, convidamos dirigentes e técnicos
exposição Ciência, arte e técnica: a
dos mais r e p r e s e n t a t i v o s a r q u i v o s e
conquista do território atlântico - séculos
bibliotecas de Portugal para apresentar o
XVI/XIX, em parceria com o Serviço de
acervo referente ao tema.
D o c u m e n t a ç ã o da Marinha, e a i n d a
elaborar o Roteiro comentado de fontes O artigo sobre o Instituto dos Arquivos
do Arquivo nacional para a história dos Nacionais/Torre do Tombo a b r e e s t e
descobrimentos portugueses. Este último número da revista. Nele são relacionados
conta com o apoio da Universidade do os núcleos e séries documentais de maior
Estado do Rio de Janeiro e da Comissão pertinência para a história do Brasil
Nacional para as C o m e m o r a ç õ e s d o s colonial e apontadas algumas
Descobrimentos Portugueses e subsidiará possibilidades de pesquisa.
uma base de dados e uma publicação, Segue-se o texto sobre o Arquivo Histórico
r e u n i n d o os d o c u m e n t o s do Arquivo Ultramarino, que reúne um dos acervos
Nacional r e f e r e n t e s n ã o a p e n a s a o mais significativos para a história do
descobrimento do Brasil mas, Brasil dos séculos XVI a XIX. O artigo
principalmente, ao processo de descreve a estrutura e organização do
colonização. AMU e enumera seu patrimônio
documental.
Além disso, e t a m b é m inserto n e s t a s
comemorações, a Editora da Universidade A Biblioteca Pública Municipal do Porto,
de Brasília e o Arquivo Nacional assinaram que talvez não seja tão conhecida pelos
um convênio para a publicação de obras pesquisadores brasileiros, merece
raras de seu acervo. A primeira a ser atenção por reunir documentos
editada é O estabelecimento dos interessantes, particularmente sobre
A C E
pag.4,jan/jun 1997
R V O
deradas uma coleção, correspondem à séculos XV e XVI e boa parte deles é re-
antiga arrumação no Arquivo Real. Os ferente ao Brasil. Com os documentos
documentos eram, então, ordenados por que já na época estavam mal conserva-
assunto, em gavetas próprias: tratados, dos foi formada a coleção dos Fragmen-
casamentos, sentenças, testamentos, tos, onde se encontram muitas folhas
forais etc. Apesar de as Gavetas serem, que faltam em documentos do Corpo Cro-
atualmente, identificadas por números, nológico.
ainda se reconhece aquela ordenação. A
O chamado Núcleo Antigo 3 é um conjun-
Reforma das Gavetas é uma cópia feita no
to de séries originais do Arquivo Real,
século XVIII que inclui os documentos até
tendo-lhe sido atribuído este nome por
ao maço 10 da Gaveta 2 1 .
João Martins da Silva Marques, antigo di-
A coleção denominada Corpo Cronológi- retor da Torre do Tombo. Interessam par-
co foi organizada por Manuel da Maia com ticularmente à história do Brasil o n° 762
os documentos entregues por Pedro de - "Descarga de pau-brasil, vindo na nau
Alcáçova a Damião de Góis, guarda-mor Francesa' em 1531"; o n° 759 - "Livro da
da Torre do Tombo. A maioria dos seus nau Bretoa", descrição da viagem efetu-
cerca de 83 mil documentos pertence aos ada por esta nau em 1511, da qual fo-
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pag.6.jan/jun 1997
R V O
Entre a s séries mais diretamente ligadas Minas Gerais, Maranhão, Alagoas, Rio
à história do Brasil, citem-se: Consultas Grande, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro,
da Mesa do Desembargo do Paço, onde Pará, Vila Bela, Ceará Grande e
se encontram assuntos relativos às Re- Pernambuco - 1722-1826); Belém do Pará
lações do Ultramar (v. g., Rio de Janeiro, - 1750-1758 (maços 597 e 598); Bahia -
1756-1759 - maço 334); Consultas do 1756-1806 (maço 599, que incluía uma
Conselho Ultramarino, de 1730 a 1825, Relação das praças fortes e coisas de im-
referentes à remuneração de serviços, portância que Sua Majestade tem na cos-
aos governadores das diversas capitani- ta do Brasil, de Diogo de Campos More-
as, mercês, requerimentos e nomeações no); S. Paulo de Assunção e Goiases -
(maços 312 a 324); Consultas da Mesa 1755-1805 (maço 600); Maranhão - 1751-
da Consciência e Ordens, algumas das 1803 (maço 6 0 1 , que inclui a Planta de
quais incluíam plantas de igrejas (v. g., S. Luís do Maranhão). Refira-se, ainda, o
maço 407, igreja de N. S. do Socorro do livro intitulado Leis dos portos do Brasil
Sertáo, arcebispado da Bahia - [1565]-1761, registro de leis e ordens
20.4.1762; igreja matriz de Santo Antô- sobre a proibição da entrada de navios
nio da Casa Branca, bispado de Mariana mercantes ou de guerra nos portos bra-
- 9.11.1761); Correspondência da Corte sileiros.
no Rio de Janeiro, da qual se destacam
as subséries Consultas: Rio de Janeiro -
1817-1820 (maços 240 e 241); negócios
diversos relativos ao Governo do Rio de
Janeiro - 1809-1820 (maço 242); Reque-
rimentos à Corte do Rio de Janeiro -1809-
1820, o r d e n a d o s alfabeticamente pelo
nome do requerente (maços 243 a 259);
Avisos ao Governo de Portugal conceden-
do licenças - 1809-1820 (maço 235); Or-
dens ao Governo de Portugal - 1809-1821
(maços 236 a 239); Avisos com remes-
sas de requerimentos - 1809-1820 (ma-
ços 221 a 234). Outra série de significa-
tivo interesse é a dos negócios diversos
relativos ao Ultramar e Ilhas, com infor-
mações dos governadores, magistrados
e funcionários públicos, na qual se des-
tacam os maços intitulados Ultramar e
Brasil - detalhe da carta de João Teixeira
Ilhas (maço 500, que inclui Bahia, Cuiabá, Alberraz . Arquivo Nacional/Torre do Tombo.
pag.8.jaivjun 1997
R V O
tre esses contratos incluem-se alguns re- Núcleos extraídos do Conselho da Fazen-
lativos ao pau-brasil); n° 375 - Registro da (L 512) é constituído por livros de con-
d e cartas, alvarás e provisões - 1733- tas de diversas instituições apresentadas
1745 {inclui ordens para magistrados e à Casa dos Contos e ao Erário Régio. As-
oficiais do Brasil); n™ 379 a 387 - Regis- sim, os referidos núcleos' não são mais
tros da Fazenda, de 1758-1804, contêm que séries de livros de contas das res-
cartas de padrão de juros assentados na pectivas instituições. Estão neste caso os
Tesouraria do 1% do ouro e de todo o 49 livros referentes à Casa da Moeda dos
produto do pau-brasil; n° 394 - Borrão anos 1720 a 1797, parte dos quais rela-
dos assentos de ordenados que vencem tivos à receita do 1% do ouro e produto
pelas receitas do 'Consulado', das alfân- do pau-brasil, e os livros da Conta dos
degas da Corte e Reino, da Casa da ín- Armazéns da Guiné e índia e da Junta
dia, dos Armazéns da Guiné e índia e da das Dívidas Antigas dos Armazéns, dos
Tesouraria do um por cento do ouro e de anos de 1718 a 1801.
todo o produto do pau-brasil, de 1742-
Da Alfândega de Lisboa," citem-se as sé-
1760; e n° 409 - Registro de cartas da
ries de receita dos direitos cobrados pela
índia e do Brasil - 1757-1775.
importação de gêneros do Brasil, nome-
O Erário Régio, instituição que fiscaliza- adamente o pau-brasil.
va a contabilidade pública, pela Conta-
Do núcleo Real Junta do Comércio, Agri-
doria Geral da África Ocidental, Maranhão
cultura, Fábricas e Navegação, refiram-
e do território da Relação da Bahia e pela
se, entre outras, as séries do Consulado
Contadoria Geral dos territórios da Rela-
geral dos portos do Brasil, Ásia, África,
ção do Rio de Janeiro, África Oriental e
Ilhas e nações estrangeiras: Cópias dos
Ásia, ocupava-se da verificação das con-
d e s p a c h o s - 1820-1834 (maços 245 a
tas relativas aos territórios ultramarinos.
300); Resumos de importação e exporta-
O conjunto dos livros destas duas Conta-
ção - 1799-1831 (maços 301 a 308); Ins-
dorias tem sido designado por Capitani-
petores dos cofres dos dinheiros vindos
as do Brasil. Ma primeira estavam inclu-
do Brasil; nomeações para estes cargos;
ídas as capitanias da Bahia, Ceará Gran-
requerimentos para a entrega de dinhei-
d e , M a r a n h ã o , Minas G e r a i s , Pará,
ros -1757-1824 (maços 48 e 49); Mapas
Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Nor-
de exportação da praça de Pernambuco
te; na segunda, as do Rio de Janeiro, Rio
1787-1794 (livro 455); Reclamações dos
Negro, São Paulo e Minas Gerais. Este
prejuízos resultantes das diferenças de
conjunto é constituído por cerca de no-
qualidade do açúcar inspecionado nas
vecentos livros com datas entre 1722 e
Mesas do Brasil - 1757-1833 (maço 63);
1823 (IDD L 524).
Copiador de correspondência com o Brasil
Deve-se assinalar que o IDD intitulado (livro 329); Receita geral dos contratos e
pag.lO.jan/jun 1997
R V O
pag.l2,jan/jun 1997
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, quês de Pombal.
irmão do próprio marquês de Pombal.
As frotas das companhias transportavam
Quatro anos depois, por alvará régio de
de tudo para o Brasil, desde produtos
13 de agosto de 1759, surge a Compa-
manufaturados, ferramentas e utensílios
nhia Qeral de Pernambuco e Paraíba, ain-
até comestíveis, medicamentos e escravos.
da com mais privilégios que a sua ante-
cedente. Do Brasil, traziam as companhias açú-
car, café, cacau, especiarias, madeiras
As duas companhias tinham o monopólio
(sobretudo o pau-brasil), algodão,
exclusivo da navegação, comércio por
corantes, tabacos, atanados e ouro, ci-
grosso e escravatura com aquelas capi-
tando apenas os principais. Os navios das
tanias do Brasil durante vinte anos, a con-
companhias faziam escala em Lisboa,
tar da data da expedição da primeira fro-
Bissau, Cacheu, Cabo Verde, Mina, An-
ta. Havia, contudo, pequenas restrições,
g o l a , Pará, M a r a n h ã o , Pernambuco,
como o comércio das capitanias para os
Paraíba e ainda em outros portos do Bra-
portos do sertão, que era considerado li-
sil e nas ilhas de São Miguel e Santa Ma-
vre, e ainda o comércio dos vinhos e seus
ria nos Açores e na ilha da Madeira.
derivados concedido à Companhia Qeral
da Agricultura do Alto Douro, fundada em O resgate de escravos da costa da África
1756, também sob a proteção do mar- para as capitanias do Brasil era um dos
negócios que mais atenção merecia, não mentais das Companhias do Qrão-Pará e
só das Juntas de Administração das Com- Maranhão e de Pernambuco e Paraíba,
panhias, como principalmente do gover- b e m c o m o os das respectivas J u n t a s
no. Mão esqueçamos que o resgate de Liquidatárias merecem uma análise e es-
escravos africanos j á havia sido tentado tudo aprofundados, que visem não só a
pelo governo português, quando o Con- relação Portugal/Colônia, mas t a m b é m o
selho Ultramarino, por provisão de 17 de próprio desenvolvimento local. Esta do-
j u n h o de 1752, autorizara os moradores cumentação fornece elementos não ape-
do Pará a constituírem uma companhia nas de caráter econômico, mas principal-
para esse f i m . O seu empreendimento, mente social, demográfico, político e cul-
m u i t o acarinhado pelo então governador tural. Desconhecemos qualquer trabalho
do Pará e Maranhão, Francisco Xavier de empreendido com este o b j e t i v o , t e n d o
M e n d o n ç a F u r t a d o , m a l o g r o u , pois a por base os referidos fundos. L e m b r a -
subscrição lançada para o efeito não atin- mos, a propósito, o excelente trabalho
giu verba suficiente para tão grande e m - do historiador brasileiro Manolo Garcia
preendimento. Florentino, que mereceu o Prêmio A r q u i -
vo nacional de Pesquisa 1993, intitulado
O interesse d o governo na escravatura
Em costas negras: uma história do tráfi-
africana era a obtenção de mão-de-obra
co Atlântico entre a África e o Rio de J a -
barata, a fim de atenuar os inconvenien-
neiro (séculos XVIII e XIX).
tes suscitados pela libertação dos índios
do Brasil e a expulsão dos jesuítas, que
O Tribunal do Santo Ofício 12 tem desper-
ocorrera em 1759. Pretendia-se, assim,
tado o maior interesse nos investigado-
o florescimento das referidas capitanias
res brasileiros, n o entanto, os estudos
sob o ponto de vista agrícola e industrial
sobre a Inquisição têm incidido, sobretu-
e, conseqüentemente, um maior desen-
do, nos processos a que foram s u b m e t i -
volvimento do comércio. De fato, vários
das milhares de pessoas, acusadas não
fatores contribuíram para a prosperida-
só de j u d a í s m o mas de diversos crimes,
de-e enriquecimento daquelas capitani-
desde a blasfêmia à heresia em todas as
as, às quais não foi alheio o intenso co-
suas versões, ou da feitiçaria à bigamia,
mércio impulsionado durante vinte anos
ao crime de sodomia e aos suspeitos de
pelas referidas companhias. A situação
ideais maçônicos. A numerosa d o c u m e n -
das capitanias era de tal modo florescente
tação p r o v e n i e n t e dos seus c a r t ó r i o s
que d. Maria I, por resolução de 5 de j a -
(1536-1821) encerra, naturalmente, d a -
neiro de 1778, declarou o seu comércio
dos indispensáveis para o conhecimento
livre e extinguiu o m o n o p ó l i o das c o m -
da instituição, das pessoas que a servi-
panhias.
ram, das suas vítimas ou de simples tes-
Pensamos, assim, que os fundos docu- temunhas, mas fornece t a m b é m informa-
pag.14.jan/jun 1997
ções do maior valor para a história de ais, de Ordens do Conselho Geral; Ca-
toda a época em que exerceu a sua ati- dernos do promotor; Cadernos de redu-
vidade. Conflitos sociais, dificuldades zidos; e no Conselho Geral, Correspon-
econômicas, censura, movimento marí- dência para a s Inquisições, Despachos
timo, a r q u i t e t u r a u r b a n a , toponímia, para as Inquisições, Diligências de ha-
integração de estrangeiros na sociedade bilitação para o serviço do Santo Ofício e
portuguesa, evolução das mentalidades os Cadernos das habilitações - aliás das
s ã o alguns dos t e m a s que podem ser comissões que se passavam aos comis-
e s t u d a d o s com o r e c u r s o à s f o n t e s sários do Ultramar para tomarem o com-
inquisitoriais. 13
Neste contexto, importa petente juramento aos habilitados pelo San-
a consulta de outras séries, além dos li- to Ofício nas suas próprias residências.
vros de Visitações e dos Processos. As- Aqui deixamos a sugestão aos historia-
sim, na Inquisição de Lisboa as séries de dores, a quem c o m p e t e , s e m dúvida,
Correspondência expedida e de Corres- d e s b r a v a r ' tão i m p o r t a n t e material
pondência recebida, de Ministros e ofici- arquivístico.
M O T A S
1. Todas estas séries e coleções dispõem de índices ou catálogos.
2. Ver As gavetas da Torre do Tombo, 12 vols.. Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultramari-
nos, 1960-1977, com publicação integral dos documentos relativos aos Descobrimentos
Portugueses.
3. Ver o Inventário do núcleo Antigo, elaborado por Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha e
Maria de Fátima Ramos, AMTT, 1996.
4. A cota antiga deste documento era 'Coleções de cópias', ft° 1, n° 6.
5. O núcleo dispõe de índices e de inventários parcelares, estando em fase de conclusão o
inventário geral.
6. Livros onde se registravam as provisões mais particulares e assentos com força de lei (Cf.
Mesa da Consciência e Ordens n° 305).
7. Mesa da Consciência e Ordens, liv 84, fl. 42v-43 e liv 85, fl. 7v-8v.
8. Mesa da Consciência e Ordens, Cativos, maços 10 e 11.
9. Foi recentemente concluído um inventário que, além da documentação que se encontrava na
Torre do Tombo (IDD L 382), inclui a proveniente do Arquivo Central das Secretarias de
Estado.
10. Estes livros estão descritos na caderneta 170, n°5 50 a 57.
11. Ver o inventário de autoria de Paulo Tremoceiro, Alfândegas de Lisboa, ANTT. 1995.
12. Além dos lDDs L 449; L 450 a 471A; L 478; L 539; C 973; 974 a 990; 1 0 7 8 l a 2 5 ; F6 a F 9, ver Os
arquivos da Inquisição, da autoria de Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha. AMTT, 1990.
13. Ver Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha, "A Madeira nos arquivos da Inquisição", em Atas do I
Colóquio Internacional de história da Madeira, Funchal, 1986.
Efforts have been made in order to systematize and give forth the documents of interest to the
history of both countries.
A brief survey of the documentary fonds of the IAN/TT, concerning the history of colonial Brazil
was made in this work.
In the article the author presents inedited or new working perspectives for two of those fonds
namely the Trade Companies of 'Grão Fará' and 'Maranhão' and of 'Pernambuco' and 'Paraíba'
and of the Court of the Holy Office.
R É S U M É
Les commémorations du 5ème centenaire de Ia découverte du Drésil représentent un moment
privilegie pour I' approfondissement de Ia connaissance et de 1' amitié entre les deux peuples et
à mettre en évidence I' importance de leur histoire commune.
Des efforts ont été développés dans le sens de systématiser et de faire connaitre les documents
qui intéressent à I' histoire des deux pays.
Dans ce travail on a procede à une breve reconnaissance des fonds de I' IAN/TT concernant
I* histoire du Brésil colonial.
On presente des perspectives de travail inedites ou nouveíles, pour deux de ces fonds, notammemt
les Compagnies de Commerce du 'Grão Pará' et 'Maranhão' et de 'Pernambuco' et 'Paraíba' et du
Tribunal du Saint Office.Les chercheurs sont invités à 'défricher' un si important matériel
archivistique.
Maria Luísa Meneses Abrantes
Diretora do Arquivo Histórico Ultramarino.
difícil, senão mesmo impossível, escrever- escolhido para o futuro Arquivo um palá-
se a história comum de Portugal e do Bra- cio, vulgarmente conhecido por Palácio da
sil ao longo de três séculos. Ega, situado na Junqueira, cuja história
remonta ao século XVI. Transferida a do-
S Í N T E S E HISTÓRICA cumentação, a criação do AHU tornou-se
A criação do AHU obedeceu à necessida- uma realidade pelo decreto-lei n° 19.868,
de de reunir, num só local, em boas con- de 9 de junho de 1931.
dições de conservação e segurança, toda
a documentação relativa à administração ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
£Tbf
t T *?
CTT
pag.18.jan/jun 1997
R V O
denominado do Ultramar, cujo fundo tam- mentais tais como Consultas; Cartas; Ins-
bém se encontra no AHU. truções; Decretos; Tratados e Limites;
Compromissos de Irmandades; Regimen-
IMPORTÂNCIA DO PATRIMÔNIO
tos; Sesmarias; Ofícios etc. Dentre estes
DOCUMENTAL DO A H U PARA O
códices alguns merecem especial desta-
CONHECIMENTO E ESTUDO DA HISTÓRIA
que como, por exemplo, a História dos
DO BRASIL
animais e árvores do Maranhão, os Autos
no AHU são conservados, como já foi re- de estabelecimento de vilas; os Diários de
ferido, os fundos documentais produzidos v i a g e n s ; as Memórias s o b r e m i n a s e
pela instituições que, ao longo de sécu- nitrateiras. Dentre os regimentos, não
los, centralizaram e regularam a adminis- poderíamos deixar de mencionar, pela sua
tração ultramarina portuguesa. O acervo importância, o de Tome de Sousa, pri-
documental respeitante ao Brasil faz par- meiro governador do Brasil, datado de
te dos fundos do Conselho Ultramarino e 1548.
da Secretaria de Estado da Marinha e Ul-
Bastaria a simples enumeração das séri-
tramar, tendo como datas limites os sé-
es documentais sobre o Brasil para se
culos XVI e XIX. A documentação avulsa
avaliar a importância deste patrimônio. No
está instalada em cerca de duas mil cai-
e n t a n t o , só um c o n h e c i m e n t o mais
xas, divididas pelas seguintes séries do-
aprofundado nos dará a medida exata da
cumentais: Brasil-Alagoas; Brasil-Ceará;
sua riqueza e variedade. Tratando-se de
Brasil-Espírito Santo; Brasil-Qoiás; Brasii-
documentação de caráter administrativo,
Maranhão; Brasil-Mato Grosso; Brasil-Mi-
pois resulta essencialmente da troca de
nas Gerais; Brasil-Nova Colônia do Sacra-
correspondências entre a s autoridades
mento; Brasil-Pará; Brasil-Paraíba; Brasil-
locais e o poder central na metrópole, ela
Pernambuco; Brasil-Piauí; Brasil-Rio de
reflete, de um modo geral, a evolução
Janeiro; Brasil-Rio Grande do Norte; Bra-
política e administrativa dos vários gover-
sil-Rio Grande do Sul; Brasil-Rio Negro;
nos. Pelas leis, regimentos, instruções,
Brasil-Santa Catarina; Brasil-São Paulo;
correspondência em geral, informações,
Brasil-Sergipe d'EI Rei. Existem também
relatórios e consultas, se conhecem as
as seguintes séries temáticas: Brasil-Con-
diretrizes referentes à administração ao
tratos do Sal e Brasil-Limites.
longo de três séculos. Colonização e po-
Para além da documentação avulsa, há voamento; construção de grandes obras
t a m b é m , e a p e n a s relativos ao Brasil, públicas; exploração de minas e outros
mais de quatrocentos códices, e muitos recursos naturais; relações comerciais;
outros que são comuns ao Brasil e às de- explorações marítimas e terrestres; mis-
mais p o s s e s s õ e s u l t r a m a r i n a s . Estão sões científicas; explorações agrícolas;
igualmente integrados em séries docu- transportes e comunicações; defesa; en-
pag.20,jan/jun 1997
R V O
pedidos feitos entre 1990 e 1996, chega- opções que vão desde a arquitetura às
pag.22,jan/jun 1997
Gráficos
3249
3056 3045
El Feminino
• Masculino
600
1 201
r-ir-%
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Grafico 4 • Presenças na sala de leitura por profissão (1990-1996)
1400
1200
800
400
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pag.24,jan/}un 1997
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6000
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3000
1990
1599
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896 915 659
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pag.26.jan/jun 1997
i V o
ponível, pois, a não ser através de doa- a permuta de informações. Projeto ambi-
ções ou aquisições esporádicas, não re- cioso, sucessivamente adiado, mas que
ceberá mais documentação. agora, em virtude do protocolo de cola-
Para gerir e tratar convenientemente to- boração na área dos arquivos, assinado
dos os seus fundos, teve o AHU de recor- em agosto de 1995 entre o Ministério da
rer à informatização. Este processo, ini- Justiça da República Federativa do Brasil
ciado em 1993, teve alguns acidentes de e a Presidência do Conselho de Ministros
percurso mas, neste momento, estamos da República Portuguesa, se tornou uma
em condições de afirmar que já nada o realidade. Como conseqüência deste pro-
fará parar. A informatização do AHU acon- tocolo, com o Projeto 'Resgate' iniciou-se
tecerá em vários planos. Atualmente pro- no AHU a microfilmagem da documenta-
cede-se à alimentação das bases de da- ção. A primeira série microfilmada foi a
dos, textual e de imagem, tendo em vista do Brasil-Minas Gerais, num total de 189
a e l a b o r a ç ã o do roteiro. Futuramente caixas, que se encontra já na fase Final do
avançaremos para um segundo plano que trabalho. Entretanto, d e u - s e início à
consistirá na disponibilização, na Sala de microfilmagem de todos os códices, e se-
Leitura, de toda esta informação, com ter- guir-se-ão todas as outras séries à medi-
minais que permitam a consulta de texto da que forem devidamente organizadas,
e i m a g e m . Paralelamente decorrerá a quer a nível de inventário, quer a nível de
informatização da gestão da Sala de Lei- catálogo. O tratamento arquivístico da do-
tura. Está igualmente previsto um plano cumentação está sendo executado por
de edições eletrônicas das fontes docu- grupos de trabalho constituídos por por-
mentais e instrumentos de descrição. tugueses e brasileiros, sob a coordena-
Quanto à microfilmagem da documenta- ção de técnicos do AHU, numa conjuga-
ção do Brasil existente no AHU, é já neste ção comum de esforços, de forma a con-
momento uma realidade. É do conheci- seguir o objetivo desejado, isto é, a con-
mento geral a importância da clusão do Projeto até o ano 2000. Espe-
microfilmagem, não só como meio de pre- ramos em breve poder atuar da mesma
s e r v a ç ã o do p a t r i m ô n i o d o c u m e n t a l , forma nos arquivos e bibliotecas brasilei-
como também por constituir um instru- ros, pois sabemos quanta e tão importan-
mento de fácil acesso à informação. Des- te documentação aí se encontra deposi-
de há muito que se vinha sentindo a ne- tada. Mão podemos esquecer que os ar-
cessidade de se proceder à quivos do governo central na metrópole
microfilmagem sistemática de toda a do- e os arquivos locais são estreitamente
cumentação de interesse comum existen- complementares, e todos são indispensá-
te nos arquivos e bibliotecas portugueses veis para o estudo da história comum dos
e brasileiros, no sentido de se promover dois países.
A B S T R A C T
This article's aim is to present the Overseas Mistorical Archives (AHU) a s an indispensable
documentary repository for studying Portuguese overseas history and culture as well as those of
countries emerging from wherever the Portuguese have settled. A perspective of its documentary
funds and collections presents the AHL) as a cultural institution with an unmatchable importance
for the study of colonial Brazils historical sources.
R E S U M E
Cette étude a pour but p r e s e n t e r l'Archive Historique d'Outre-mer (AHU) c o m m e un d é p ô t
documentaire indispensable pour 1'étude de 1'histoire et culture portugaises d'outre-mer, aussi
bien que celles des nations issues des régions ou les portugais se sont établis. Une perspective de
ces fonds et collections documentaires fait ressortir l'AHU comme une institution culturelle
d'importance unique pour I' étude des sources d'histoire du Brésil colonial.
Maria Adelaide Meireles
Bibliotecária responsável pela Seção de Reservados da Biblioteca Mucipal do Porto. Licenciada
em História.
Luís Cabral
Diretor da Biblioteca Municipal do Porto. Licenciado em Filologia Românica.
JOociimeiitos relativos ao
.Brasil existentes 11a Joilblioteca
JPúolica iMliiiiicipal Ao JForto
pag.30,jan/jun 1997
R V O
1769 e que deteve até 1772. A segunda que totaliza 278 códices - destacam-se,
p e r t e n c e u a Sílvio M o n d â n i o , n o m e entre os que se referem ao Brasil, os
arcádico de Manuel Francisco da Silva e códices relativos à história, geografia,
Veiga Magro de Moura que, depois de ter zoologia e botânica, viagens de explora-
exercido o cargo de desembargador na ção e demarcação do território, assuntos
cidade do Rio de Janeiro, onde se encon- militares, economia, minas etc. Lembra-
trava em 1766, veio para a Relação do mos alguns títulos:
Porto, sendo aí chanceler até 1809, ano
Razão do Estado do Brasil - Ca . 1616 -
em que foi assassinado no meio dos tu-
Ms. 126.
multos que precederam a entrada do exér-
cito de Soult na cidade, durante a segun- Trata-se da mais antiga cópia, entre as
da Invasão Francesa. cinco conhecidas, de um original que se
tem como perdido, cuja autoria do texto
Na sua maioria, os códices de que aqui
é atribuída a Diogo de Campos Moreno
se trata são cópias. Algumas delas reves-
(sargento-mor no Brasil em inícios de
tem-se, no entanto, de assinalável impor-
seiscentos), e a dos mapas a João Teixeira
tância, quer devido à inexistência dos res-
Albernaz I.
pectivos originais, quer por poderem ser
complemento de outras versões manus- Sobre a importância deste manuscrito são
critas. Os seus limites temporais situam- bem elucidativas as palavras do coman-
se entre os séculos XVII e XIX, com parti- dante Teixeira da Mota nos Portugailiae
cular incidência no século XVIII. monumenta cartographica:
toria de Domingos Alves Branco de Muniz natural", o autor diz do método utilizado
Barreto. Natural da Bahia, Muniz Barreto para a estampagem das plantas e ervas
foi capitão de infantaria do Regimento de com a imprensa do meu uso, porque
Estremoz, nos finais do séc. XVIII e iníci- além de não diferir cousa alguma de
os do XIX. Deixou várias obras impressas quanto em si contêm os mesmos vege-
e algumas manuscritas relativas ao Brasil tais, se lhe dá depois a sua natural cor,
e, principalmente, à sua cidade natal. de um modo particular que também
C o n h e c e m - s e publicadas compilações para isso sigo, a qual fica sempre con-
legislativas, de caráter militar e civil, e servada com a espécie de verniz de que
uma obra sobre a abolição da escravatu- uso por cima depois de os figurar, não
ra. Cita-se, em primeiro lugar: Descrição aprovando de modo algum as estam-
de uma diminuta parte da comarca dos pas de fumo, que enquanto a mim fa-
Ilhéus da capitania da Bahia - finais do zem aumentar depois a reflexão e o tra-
séc. XVIII ou inícios do XIX - Ms. 688. balho, quando por elas se pretende fa-
Trata-se de uma relação enviada à Aca- zer algum exame ou combinação.
demia Real das Ciências de Lisboa, com A este propósito, referira-se já o autor,
descrições concernentes à comarca de na citada Descrição da comarca dos Ilhé-
Ilhéus, por onde o autor viajou. Diz Muniz us, ao tratar da iiha de Quiepe, nos se-
Barreto, em dado momento, que a me- guintes termos:
mória vai acompanhada de estampas de For não achar nesta mesma ilha casa
ervas e raízes notáveis ali encontradas. a l g u m a , m a n d e i formar pelos índios
Pois existe, igualmente na Biblioteca do
uma pequena palhoça [...] para poder
Porto, um volume que, além de um pe-
queno texto sobre o modo de conhecer
as plantas e de apanhá-las, contém tam-
bém desenhos de várias ervas medicinais,
à tinta da china e aquarela, cobertos por
uma espécie de verniz. Tem por título:
Regras pelas quais se devem estampar as
ervas medicinais, e fazer recolher as suas
ramas e raízes em tempos próprios ... -
finais do séc. XVIII ou inícios do XIX - Ms.
436.
pag.34,jan/jun 1997
R V o
estampar as ervas, que por eles me fos- do séc. XVIII ou inícios do XIX- Ms. 1123.
sem apresentadas, que sáo as que cons- Está dividido em sete demonstrações.
tam da primeira relação até n° 28, com Mo fim da quinta demonstração, o autor
as virtudes que por largas experiências diz que se lhe segue um discurso, em
sáo conhecidas dos mesmos índios [...]. separado, sobre os abusos cometidos na
Para melhor me persuadir do que afirma- administração da Justiça e governo da
ram, depois que estampei os mesmos ve- capitania da Bahia. Este discurso está
getais, mandei diferentes vezes por dois copiado num outro códice, com a de-
índios, que nenhuma inteligência tinham signação: Apêndice que se promete na
desta matéria, procurar de mistura entre quinta demonstração do discurso for-
outras ervas aquelas, ou aquela, que me mado sobre a premeditada conjuração
parecia, para o que lhe dava a estampa, de alguns réus moradores na capitania
e com efeito consegui, que por ela me de Minas... - finais do séc. XVIII ou iní-
trouxessem o mesmo que lhe pedia [...]. cios do XIX - Ms. 1054.
Vista da cidade da Bahia, incluída na obra Observações sobre a fortlficação d, cidade da Bahia
pag.36,jan/jun 1997
R V O
vernador, que ordenou o amplo levanta- cisco Xavier da Chapada e de São Vicente,
mento cartográfico e reconhecimento ge- desenhados numa única folha - C-M Si A-
ográfico da capitania. Pasta 24 [22].
pag.38.jan/jun 1997
R V O
Resta mencionar um outro tipo de levan- é, por sua vez, cópia de outra que existia
nas do Estado do Brasil... território que ele banha, dos seus limites
e confrontações, da invasão pelos espa-
5. Resposta de Alexandre de Gusmão ao
nhóis e da sua expulsão, bem como de
papel que fez Antônio Pedro de Vascon-
particularidades da história natural e ou-
celos, governador que foi da Colônia do
tras relativas às nações de índios' da re-
Sacramento, sobre os tratados de limi-
gião, seus usos e costumes, diz-nos ain-
tes da América.
da este escrito. Seguem-se-lhe, no mes-
Ao bispo do Porto, dom João de Maga- mo códice, outras obras desse autor, en-
lhães e Avelar, pertenceu um manuscrito tre as quais: Diário da viagem que em vi-
que, por sinal, ele mesmo copiou: V/sífa sita e correição das povoações da capi-
do bispo do Pará é o título que ostenta tania de São José do Rio Negro fez nos
na lombada o códice 492. anos de 1744 e 1775; Apêndice ao diário
da viagem...; [Representação do ouvidor
Trata-se do diário das visitas pastorais
e intendente-geral e provedor da Real Fa-
que, em 1785-1789, dom frei Caetano
zenda, Francisco Xavier Ribeiro de
Brandão realizou no seu bispado do Pará,
e das reflexões sobre as mesmas visitas. Sampaio, à rainha d. Maria l contra o go-
vernador do Rio Negro, Joaquim Tinoco
Integrados no Fundo Geral de Manuscri-
Valente, em o Rio Negro, 12 de maio de
tos, de proveniência não identificada, são
1779]; [Crítica à memória sobre o gover-
de notar, dentre os que se reportam ao
no do Rio Negro]; Discurso que na
Brasil:
comarca da vila de Barcelos, cabeça da
De Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio - comarca de Rio Negro, no Estado do
que no Brasil exerceu as funções de juiz Grão-Pará, deveria recitar o ouvidor da
de fora e provedor da Fazenda Real da mesma comarca, Francisco Xavier Ribei-
c a p i t a n i a do Pará ( 1 7 6 7 - 1 7 7 2 ) e d e ro de Sampaio, na ocasião em que se fi-
ouvidor e provedor da Fazenda Real, bem zesse pública a notícia de ter tomado
pag.40,jan/jun 1997
R V O
posse do governo daquele Estado o limo. uma índia do Rio Branco na sua rede -
e Exmo. senhor dom Rodrigo de Meneses. hamaca'),
A importância do primeiro dos manuscri- O diário da viagem que o autor fez às po-
tos advém do fato de ser o único conhe- voações da capitania de São José do Rio
cido que apresenta mapas e desenhos negro e o apêndice ao mesmo diário são,
(mapa da América Meridional na parte por igualmente, acompanhados de três car-
onde corre o rio Branco, incluindo as po- tas geográficas: a das capitanias do Qrão-
voações portuguesas estabelecidas nes- Pará e Rio Negro, a do curso do rio Ama-
sa zona, em 1778; mapa estatístico dos zonas, o mapa do rio Megro, com a locali-
habitantes das povoações do Rio Branco zação de missões e de povoações e sete
e Barcelos, em 1777; representação de mapas estatísticos da população (incluin-
um casal de índios e duas crianças numa do referências ao estado em que se en-
canoa típica da região e, também, a de contram as igrejas e casas de habitação).
pag.42.jan/jun 1997
R V o
(Ms. 1427, 1428 e 1429) - os seguintes militares em serviço - C-M &; A-Pasta 24
códices: historia de Ia fundacion dei [65].
colégio de Ia Compania de Pernambuco
Em fundos que deram entrada na Biblio-
hecha en ei ano de 1576 - séc. XVII - Ms
teca do Porto por oferta, legado ou doa-
1103; Catálogo dos jesuítas do Brasil -
ção existem também materiais referentes
Ms. 1378. ao Brasil.
Trata-se, mais propriamente, de um con-
O manuscrito 36 do Fundo Azevedo (do
junto de vários catálogos ou relações en-
I o conde de Azevedo, "bibliófilo e ilustre
viadas ao padre geral da Companhia de
escritor portuense, que à organização da
J e s u s , entre 1631 e 1679, que nos dá
sua biblioteca consagrou quase toda a sua
notícia, por exemplo, do padre Antônio
vida", contando para isso com a colabo-
Vieira, admitido no Colégio da Bahia em
ração do escritor Camilo Castelo Branco,
1623, e nos proporciona informações so-
que muitas vezes foi incumbido da aqui-
bre os muitos membros da Companhia sição de manuscritos) é uma miscelânea
que, das várias casas da metrópole e tam- que inclui a "Cópia da carta que Salvador
bém da África, índia e Ilhas e de países Correia de Sá escreveu a Sua Majestade".
estrangeiros, se dirigiram para o Brasil Acha-se escrito em letra do séc. XVIII e
entre finais do século XVI e o ano de 1679. teve um anterior possuidor, o abade de
A tais referências juntam-se aquelas que Vila Verde, Simão Álvares de Sá.
nos indicam nomes de jesuítas já oriun-
dos dos colégios existentes na América Documentos que interessam à história do
Brasil são também os que constam de três
portuguesa, sendo freqüentes as alusões
códices oferecidos pelo professor da Fa-
a elementos da Companhia de Jesus que
culdade de Medicina do Porto, Pedro
tinham conhecimento da língua brasílica'.
Augusto Dias. Trata-se de miscelâneas em
Por último, pela raridade deste tipo de letra dos séculos XVII e XVIII - Ms. PD-6-
documentação, de grande interesse para 2; Ms. PD-6-4 (volumes 1 e 2).
a história demográfica e geográfica da
Amazônia no século XVIII, salienta-se o Do seu conteúdo não daremos uma rela-
população indígena de aldeamentos das meter para os trabalhos que sobre eles
capitanias do Qrão-Pará e São José do Rio fizeram Artur de Magalhães Basto (Alguns
ções, dados sobre índios, agregados (fa- que interessam à história do Brasil ).
mília, escravos, índios) e, ainda, obser- Acresce, ainda, neste fundo, um códice
vações em que constam o número de fo- que inclui, além do Manifesto e edital que
gos, nascimentos, casamentos, mortes e os holandeses publicaram em
Carta do governador Henrique Dias que ro. Mela se encontra um pequeno texto
companhia das dos mestres de campo águas da Lagoa Grande, junto às minas
rão ao Recife em companhia dos mestres para o uso dos seus banhos. Oferecido
mo
de campo André Vidal de Megreiros e João ao muito ilustre e R. sr. dr. Lourenço
H O
1. O investigador Leandro Qoes Tocantins, em 1963, identificou a letra por comparação com do-
cumentos do punho do referido arquiteto existentes na Biblioteca Macional de Lisboa, onde
também se encontra um documento escrito por Landi, em que requisita tintas e outros mate-
riais destinados aos desenhos de animais e plantas da Amazônia.
pag.44,jan/jun 1997
R V O
B I B L I O G R A F I A
, Dom Antônio Rolim de Moura, governador da capitania de Mato Grosso: (três docu-
mentos). Coimbra: Coimbra Editora, 1954.
, Por mar e por terra tantas mil léguas [...]. Porto, 1994.
CRUZ, Antônio. Documentos que interessam à história do Brasil. Porto: Biblioteca Públi-
ca Municipal do Porto, 1960.
FERREIRA, J. A. Pinto. "Mapa geral da população dos índios aldeados em todas as povo-
ações das capitanias do Estado do Qrão-Pará e São José do Rio negro no primeiro
de janeiro de 1792". Coimbra: V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasilei-
ros, 1965.
LIVRO que dá razão do Estado do Brasil. Prefácio A. Q. Cunha. Rio de Janeiro: Instituto
Macional do Livro, 1968.
PORTUQALLIAE monumenta cartographica. Lisboa: [s.n.], 1960, vol. 4, pp. 93-97; est.
441-445.
SAnTIAQO, Diogo Lopes. História da Guerra de Pernambuco e feitos memoráveis do
a
mestre de campo João Fernandes Vieira... Recife: runDARPE, 1984. I edição
integral segundo apógrafo da Biblioteca Municipal do Porto.
R E S U M E
Après une allusion à 1'historie de Ia Bibliothèque Publique Municipale de Porto, les auters
énumèrent les principales pièces manuscrites y existantes concernant au Brésil.Quoique limitée,
cette collection est, du point de vue qualitatif, considérée comme étant de grande valeur. On y
trouve surtout des documents en parchemin et des cartes qui ont appartenu au premier vicomte
de Balsemáo, capitaine-général de 'Cuiabá' et 'Mato Grosso' (ainsi qu'à son fils), et d'autres
d o c u m e n t s qui avaient a p p a r t e n u à Manuel Francisco da Silva e Veiga Magro de Moura
(pseudonyme littéraire: Sílvio Mondânio), qui a été magistrat à Rio de Janeiro.
Margarida Ortigão Ramos Paes Leme
Responsável pelo Arquivo da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa.
O A r q u i v o d a v^asa d a iVloecLa
de ILisooa
Deu interesse para a Jiistória olo Brasil colonial
1686 -, 1822
Os m o e d e i r o s , c u j o n ú m e r o f o i f i x a d o e m p r i m e i r o , q u e vai d e s d e o p r i n c í p i o da
pag.48.jan/jun 1997
e Papel Selado ganha uma posição de reiro, ficando o outro na Casa da Moeda.
maior relevo na garantia de qualidade dos
O regimento de 1498 estipula ainda um
metais nobres, quando em 1882 as con-
livro para registro de todo o material en-
trastadas ficam subordinadas à sua ad-
tregue aos oficiais da casa, necessário ao
ministração-geral, que passa a fiscalizar desempenho das suas funções, também
o comércio e a indústria da ourivesaria em em títulos separados.
Portugal, função que ainda hoje mantém.
Existia também o já chamado Registro
Já no século XX, os seus serviços foram
Qeral, onde se lançavam todas as cartas,
reformados, sucessivamente, em 1911,
alvarás, ordens e t c , que chegavam à Casa
1920, 1929 e 1938. Em 1972, pelo de-
da Moeda.
creto-lei n° 225/72, de 4 de julho, funde-
se com a Imprensa Macional numa em- Ma seqüência da introdução dos balancins
presa pública, a INCM - Imprensa Nacio- para fabrico da moeda no final do século
nal-Casa da Moeda. XVII, foi dado à Casa da Moeda de Lisboa
novo Regimento, com data de 9 de se-
O ARQUIVO HISTÓRICO DA CASA DA t e m b r o de 1686, 5 o qual perdurou até
MOEDA 1845.
sa aqui analisar, uma vez que ele cobre o 3. Receita da entrega da Casa ao tesou-
período em que a documentação do Arqui- reiro (das peças, ferramentas e enge-
vo tem um interesse fundamental para a nhos do uso e fábrica da moeda);
história do Brasil colônia, visto que, a par- 4. Ementa dos oficiais (que recebem as
tir de princípios do século XVIII, começa a
peças da fábrica da Casa).
dar entrada na Casa da Moeda o ouro vin-
do das minas brasileiras e ao longo de todo A cargo do escrivão da Conferência e s -
o século a Casa da Moeda de Lisboa é o tavam os livros de conferência e os se-
apoio principal das várias casas de moeda guintes registros :
e de fundição que são criadas no Brasil. 1. Conferência da receita principal;
Pela primeira vez aparece a figura do pro-
2. Conferência da ementa de contas;
vedor, mas o tesoureiro continua sendo
o responsável por todos os valores que 3. Registro de cartas, alvarás, ordens e
pag.50,jarvjun 1997
R V o
trução; e que cobrem recibos das e n - criado o imposto do 1 % sobre todo o ouro
pag.52,jan/jun 1997
R V O
l
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t/<Ss fTfnefáTíentrcga nicSada Moeda da Cidade
' T e Lisboa Occidental, fc¥ando-nojDeos a falnmento,
e à ditta Nlo, e poryerdade nos tiinunos na forma do
Alvui de Sua Migcftadc S~\
Manifesto da nau AJmlranta Nossa Senhora da Esperança, vinda do Rio de Janeiro em 1739 - livro 5o.
pag.54,jan/jun 1997
QUADRO DAS SERIES EXISTENTES NO ARQUIVO HISTÓRICO DA CASA DA MOEDA DE LIS-
BOA DE INTERESSE PARA A HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL
A B S T R A C T
Since the end of the XVIIth century. with the arrtval in Portugal of the gold from the Brazilian
mines, the Lisbon Mint was charged to receive that gold and buy it from its legitimate owners and
also to collect the 1% tax. The Minfs Historical Archive reflects these functions through several of
its series of documents.
R É S U M É
Dès Ia fin du XVMe siècle, avec 1'arrivée au Portugal de Por des mines brésiliennes. Ia Monnaie de
Lisbonne eüt Ia charge de le recueillir, lacheter à ses propriétaires pour après le convertir en
monnaie, et de recevoir 1'impôt du 1%. Son Archive Historique, d'après quelques séries qui le
constituent, reflete ces fontions.
Judite Cavaleiro Paixão
Diretora do Arquivo Histórico e Biblioteca/Centro de Documentação e Informação do
Tribunal de Contas.
tia da estabilidade política, a fixação da 1930, a designação que lhe fora atribuí-
corte em Lisboa e a sedentarização dos da em 1849 - Tribunal de Contas, desig-
órgãos da administração pública, forma- nação essa que se mantém até à atuali-
lizou-se o primeiro organismo especi- dade, apesar das grandes mudanças
alizado na função fiscalizadora: a Casa introduzidas, sendo as mais recentes a
dos Contos, que cumprirá os seus objeti- lei n.° 86 de 8 de setembro de 1989 e as
vos de 1389 a 1761. Com o advento de leis ns.° 13 e 14 de 20 de abril de 1996.
um novo período histórico - o absolutis-
A documentação existente no Arquivo His-
mo -, surgiram alterações institucionais
tórico do Tribunal de Contas reflete bem
que permitiram colocar em execução uma
o passado comum entre Portugal e Bra-
política voltada para a centralização re-
sil, sobretudo a história da administra-
gia. Foi então criado o Erário Régio, que
ção Financeira do Brasil colonial, e pro-
funcionou de 1761 a 1832. Durante o sé-
porciona elementos para o estudo da con-
culo XIX, o aparecimento de novos ideais
tabilidade e da história econômica.
de liberdade, o grande crescimento in-
dustriai e as novas concepções de poder Em relação à contabilidade, várias foram
político originaram por toda a Europa as instruções que o reino produziu sobre
grandes convulsões, que justificam em o método a que deveria obedecer a es-
Portugal a sucessão, num curto espaço crituração das contas da Fazenda Real
de tempo, de várias alterações orgâni- nas diversas capitanias do Brasil, seguin-
co-funcionais na instituição ligada à fis- do essa escrituração as alterações im-
calização financeira, assim como na sua postas pelas mudanças institucionais de-
própria denominação: Tribunal do Tesou- corridas entre os séculos XVI e XIX, mais
ro Público (1832-1844), Conselho Fiscal precisamente até 1825, altura em que foi
de Contas (1844-1849) e o primeiro Tri- reconhecida a independência do Estado
bunal de Contas (1849-1911). A implan- brasileiro.
tação da República e o desaparecimento
Dentre os diversos conjuntos documen-
da Monarquia determinam, mais uma vez,
tais existentes no Arquivo Histórico, des-
alterações orgânicas e uma nova mudan-
tacamos alguns que contêm elementos
ça de d e s i g n a ç ã o , surgindo, e n t ã o , o
para a história do Brasil colonial.
Conselho Superior de Administração Fi-
nanceira do Estado (1911-1919) e, pos-
C A S A DOS C O N T O S
teriormente, o Conselho Superior de Fi-
nanças (1919-1930). lio âmbito das re-
rgão responsável pela ordena-
formas financeiras do Estado Movo, e com
a emergência de uma nova política de
maior controle e centralização das finan-
Ó ção e fiscalização das receitas
e d e s p e s a s do Estado, teve o
seu primeiro regimento em 1389, quan-
ças públicas, a instituição retomou, em
do das primeiras tentativas do poder cen-
pag.58,jan/jun 1997
trai para dominar e disciplinar a crescen- dade pública, tanto da metrópole como
te burocracia. A este primeiro regimento do ultramar. Com d. João IV manteve-
seguiu-se um segundo, de 28 de novem- se o sistema filipino em relação à con-
bro de 1419, e com d. Duarte um tercei- tabilidade pública, e s t e n d e n d o - s e a s
ro, em 22 de março de 1434, evoluindo normas do regimento dos contos a ou-
todos eles no sentido de uma maior pre- tros setores da administração pública e
cisão e rapidez na liquidação e fiscaliza- dando-se regimento aos Contos do Es-
ção das contas. tado do Brasil, em dezembro de 1648.
ciais resultantes da expansão marítima do ção produzida durante este período, pois
O primeiro (CC39) integra-se na série re- ríodo anterior - e possibilitasse uma ges-
lativa a processos de contas onde se fis- tão completa e sistemática das contas pú-
calizam as contas dos oficiais de recebi- blicas. Passou-se de um regime de con-
mento responsáveis pela cobrança e ar- tabilidade unigráfica para um s i s t e m a
recadação do patrimônio real através da digráfico.
tomada de contas. Este livro contém re-
Presidia o Erário Régio o inspetor-geral
ferência a outros livros (vales de receita
do Tesouro, que ficava imediatamente
e despesa): Livro da folha de pagamen-
subordinado ao rei; por ordem hierárqui-
tos de ordenados; Livro de ouro em pó
ca seguia-se o tesoureiro-mor, que tinha
vindo do Estado do Brasil; Livro do ouro
a seu cargo a Tesouraria-Mor. Para efei-
em barra; Livro da compra do ouro; Li-
tos fiscais o reino ficou dividido em qua-
vro dos direitos dos diamantes; e Livro
tro contadorias, cada uma com o seu res-
dos materiais.
pectivo contador-geral:
O segundo (CC41) diz respeito à série re-
- Contadoria Qeral da Corte e província
lacionada com os Livros de receita e des-
da Estremadura;
pesa da Fazenda Real e Casa de
Bragança. Organizado por províncias e - Contadoria Qeral das províncias do Rei-
O
rganismo criado no reinado de
reformuladas, dando lugar à Contadoria
d. José I, pela carta de lei de
Qeral do Rio e Bahia.
22 de dezembro de 1761, du-
rante um período absolutista em que o Ma Tesouraria-Mor existia o livro mestre,
rei de Portugal dominava um império co- que abrangia o conteúdo das receitas e
lonial que se estendia da índia ao Brasil, despesas de todas as contadorias por or-
passando pelo continente africano. Para dem cronológica, remetendo cada assen-
garantir o exercício de um poder absolu- to para o número de ordem do livro mes-
to, era necessário um regime centraliza- tre da respectiva contadoria. Cada livro
do, que controlasse a dispersão das co- era numerado, rubricado e encerrado pelo
branças e despesas - característica do pe- inspetor-geral. nas contadorias, por sua
pag.60.jan/jun 1997
R V O
pag.62.jan/jun 1997
R V O
sa, tanto no Brasil como na África. Por rio e as Juntas da Fazenda das dife-
1790, dividindo a classe dirigente portu- rias, ofícios e cartas regias, que re-
. 35 J34 — — Seriei
CO
E 30 Série 2
£
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" 15 tf ^15 V ^ 7 > v VI2
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17 50 1760 1770 1780 1790 1800 1810 1820 1830
Décadas
pag.64,jan/jun 1997
Gráfico 4 - Freqüência de temas por contadorias
i?n
I D Série 2
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Décadas
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2! 30
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20
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0 - JuUr^n^ 1 n 1 .2.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Códigos de assuntos
1- Contratos 8- Pensões
2- Nomeações/suspensões 9- Fábricas
3- Empréstimos pedidos pela Coroa 10- Carta de quitação
4- Vencimentos 11- Processos vários
5- Despesas das capitanias 12- Contabilidade
6- Dívidas à Coroa 13- Empréstimos a t r i b u í d o s
7- Organização administrativa e pela Coroa
financeira 14- Órgãos consultivos
pag.66.jatvjun 1997
R , V o
90 82
80
70
.2 60
0
•S 50
I 40 25 27 •
»• 30 -, 21 22^ 1/ 15
20 11 r 8
10
i uJrt •7TT r-i, | • 1 1
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Códigos das capitanias
Título Data
Carta de doação da capitania situada entre os rios Tuzi até ao rio Caite 1634
pag.68,jan/jun 1997
R , V O
Estes documentos auxiliam a compreen- dendo por vezes recuar até o século XVII.
são das relações que se estabeleceram no entanto, os diferentes setores da so-
entre Brasil e Portugal durante os sécu- ciedade não são compartimentos estan-
los XVII e XVIII. ques, e as alterações econômicas são,
A função de controle das finanças públi- simultaneamente, causa e conseqüência
cas do Estado português foi o grande ob- da evolução histórica da sociedade, da
jetivo dos organismos que antecederam cultura e da mentalidade.
o atual Tribunal de Contas e, tal como
afirmamos no inicia, esta documentação Com base nas fontes existentes no Ar-
é essencial para uma correta avaliação, quivo Histórico do Tribunal de Contas, fo-
especialmente no nível financeiro, das re- ram elaborados instrumentos de descri-
lações que se estabeleceram entre Bra- ção da d o c u m e n t a ç ã o , bem como
sil e Portugal nos séculos XVIII e XIX, po- publicadas obras e artigos.
It gives some elements to study the accountancy and economical history, allowing a surveying of
the administrative and financial organization of 'Juntas da Fazenda' from different Brazilian
captainships and their liaisons with the Portuguese Court, as well the study of economical
relationship between the two countries, since the beginning of the seventh century to the first
half of nineteenth, embracing a geográfica! área wich goes from the captainship of 'Qrão-Pará' to
that of 'Rio Grande do Sul'.
R E S U M E
UArchive Historique de Ia Cour des Comptes du Portugal détient une documentation qui reflete
le passe commun du Portugal et du Brésil, nottament en ce qui concerne le controle financier du
Brésil colonial.
medievo e moderno passa, pois, pela con- Este núcleo documental possui grande
sulta ao Arquivo Distrital de Braga. A sua número de d o c u m e n t o s fundamentais
importância é indiscutível, resultante da para o história do Brasil, desde a segun-
responsabilidade que lhe cabe como fiel da metade do século XVIII até pouco de-
depositário de peças dignas de pertence- pois de 1817, a n o do falecimento d o
rem à memória do mundo. conde.
A
n t ô n i o d e Araújo Azevedo
Antônio de Araújo Azevedo, conde da Bar-
nasceu em Ponte de Lima, em
ca e J o ã o Antônio de Araújo Azevedo;
.14 de Maio de 1754, e morreu
fundo monástico-conventual, a Congre-
no Rio de Janeiro, em 21 de j u n h o de
g a ç ã o d e S. Bento d e Portugal e os
1817.
Franciscanos (província da Conceição);
documentos e livros constantes da Cole- Cedo ingressou na vida pública, e nos mei-
ção dos Manuscritos e, de interesse ou os mais cultos fez amizades com o abade
relativos à emigração, os fundos Governo Correia da Serra e o duque de Lafões, que
Civil de Braga e Registro Paroquial. o iria encaminhar para, entre outras, a car-
reira diplomática.
Como nota final, resta acrescentar que,
através deste pequeno guia documental, Em 1787, iniciou sua atividade diplomá-
s e pretende chamar a atenção para os tica na corte de Haia como embaixador
aspectos mais significativos daquelas se- extraordinário. Dois anos mais tarde, vi-
ções e contribuir para a divulgação das ajou pela Alemanha, onde estudou ciên-
fontes arquivísticas. cias e literatura alemã com os homens
mais notáveis da época, sendo transferi-
FUNDO FAMÍLIA ARAÚJO AZEVEDO
d o , em 1 8 0 1 , p a r a a c o r t e de S.
O
acervo documental que consti- Petersburgo, onde permaneceu por três
tui este fundo está atualmente anos.
em fase de t r a t a m e n t o , não
sendo possível a sua consulta, mas acre- Em 1804, detinha a Pasta dos Estrangei-
dita-se que no final deste ano esta situa- ros e da Guerra, e dois anos depois já
ção esteja ultrapassada. exercia funções no Ministério do Reino.
leção mineralógica e uma coleção de ins- Janeiro, mandando vir chineses para cui-
trumentos para o estudo da química. dar do p l a n t i o e c u l t u r a ; chamou
portuenses e madeirenses para que en-
Mo Brasil, desenvolveu uma série de ati-
sinassem o cultivo da vinha e fabrico de
vidades que só poderiam ser levadas a
vinhos; aperfeiçoou a extração de óleo
cabo por um homem do seu calibre e com
de urucu; estabeleceu uma Impressão
a larga experiência adquirida nas viagens
Regia e fundou, entre várias sociedades
e contatos feitos em vários países que
prestimosas, a Academia de Belas Artes,
percorreu.
para a qual mandou vir da França profes-
Em 1814, foi novamente chamado à ati- sores de grande mérito, ali escolhidos,
vidade política, sendo nomeado ministro por ordem sua, pelo marquês de Marialva.
da Marinha, e pôde então expandir a sua
ânsia de aplicar frutuosamente os seus co- Faleceu em 1817 e foi sepultado na igreja
talou um alambique de sistema escocês; Devido à sua grande importância e por ter
na capitania do Espírito Santo um enge- vivido cerca de dez anos no Brasil, o con-
nho de serrar madeira; encorajou a ma- de da Barca deixou um arquivo com inú-
nufatura de cerâmicas; propagou a cultu- meros documentos fundamentais para a
ra de chá no Jardim Botânico do Rio de história deste país e que permanecem até
pag.74.jan/jun 1997
R , v o
J
tica [séc. XIX]; oão Antônio d e Araújo Azevedo
foi um homem ligado ao direito e
Mapas estatísticos sobre a população
às leis. Mão se sabe a data do seu
de diversas capitanias (1801-1813);
nascimento nem de sua morte.
mapas, memórias e relações estatísti-
cas sobre a produção, rendimentos e Teria recebido o título de fidalgo da Casa
d e s p e s a s de várias capitanias, entre Real em 9 de janeiro de 1781.
elas os estudos para o Piauí e a Bahia Em 14 de outubro de 1793, tomou posse
[séc. XIX]; do lugar de juiz d e fora do cível ou crime
Mineralogia: estudos relativos a minas, da Vila de Viana, lugar que manterá até
sua localização, administração e co- 28 de fevereiro de 1799.
brança dos quintos [séc. XVIII e XIX]; Por carta regia de 10 de s e t e m b r o de
Revolução Pernambucana [séc. XIX]; 1798, recebeu mercê do lugar de prove-
pag.76.jan/jun 1997
K V O
C
Teria embarcado para o Brasil após a mor- om a extinção das ordens reli-
te do irmão como seu herdeiro universal. giosas em 1834, a documen-
tação pertencente aos mostei-
João Antônio de Araújo Azevedo recolheu,
ros foi inicialmente incorporada à Fazen-
ao longo d e sua vida, a mais variada le-
da do distrito, passando, posteriormen-
gislação, sendo de referir aquela sobre o
te, pelo decreto 2.286, de 11 de agosto
Brasil, cujas datas se balizam entre 6 de
de 1917, que criou o Arquivo Distrital
junho de 1775 e 6 de julho de 1820. Trata-
de Braga, para os depósitos desta insti-
se de documentação impressa e de cópias
tuição.
manuscritas que somam um total de 58
documentos. FUNDO CONGREGAÇÃO DE S.
Coleção de Manuscritos
pag,78,jan/jun 1997
R V O
XVIII] [fls. 32-83] (cota: Ms. 617-b); domínio português, a emigração de por-
tugueses para a ex-colônia não d i m i n u i u ,
- Resposta que deu Alexandre de
pelo contrário, cresceu à medida que v i -
Gusmão, conselheiro do Conselho Ul-
rava o século. Tal fato levou a u m a u -
t r a m a r i n o sobre a representação a n -
mento da produção de documentos rela-
tecedente, feita a el-rei d . José I, pelo
cionados à emigração - como, por exem-
brigadeiro, ex-governador da Colônia
plo, a concessão de passaportes, a u t o r i -
do Sacramento [fls. 126 v-151 vj. 1751
zação de ausência para o estrangeiro etc.
(cota: Ms. 520-f);
-, que era, e é, da competência do Gover-
- Treslado fiel de uma carta enviada por no Civil.
5 . S. o papa Clemente VI ao amado f i -
Esta documentação revela-se de grande
lho Lopo Furtado, general da armada
interesse quer para o estudo da
de Portugal, conde do Rio Grande. 1717
demografia portuguesa e brasileira e de
(cota: Ms. 100-n).
movimentos populacionais, quer para es-
F U N D O G O V E R N O C I V I L DE B R A G A tudos genealógicos, nomeadamente de
famílias brasileiras de origem portugue-
O
Governo Civil é um órgão de
sa. As séries referentes ao tema são as
administração distrital que sur-
seguintes:
giu em Portugal em 1835, ape-
sar das suas origens remontarem aos sé- - Autos de consentimento a menores
culos XIII-XIV. para embarcar para o Brasil [ 1 9 3 0 ] ;
pag.80,jan/jun 1997
R V o
CE
istrito de Braga está subdivi-
de Lisboa, no capítulo de visitação à sua
administrativamente em
diocese.
concelhos, que estão por
sua vez subdivididos num total de 443 fre- rio século seguinte, a Constituição de Lis-
guesias. boa de 1536 veio determinar a realiza-
R. O. [1566-1880] R. B. [1564-1860]
R. T. [1721-1911] R. C. [1581-1867]
pag.82,jan/jun 1997
R V O
R. B. [1571-1878] R. O. [1543-1885]
R. B. [1536-1876] R. O. [1572-1883]
R. C. [1543-1876] R. T. [1634-1834
R. B. [1543-1860] R. O. [1558-1888]
R. C. [1550-1871] R. T. [1670-1881]
A B S T R A C T
Braga's District Archives possess an extremely rich collection of documents, highly i m p o r t a n t for
research in many áreas of the historical sciences. This work endeavours to describe the articles of
these archives which are of interest to the Brazilian history.
R É S Ü M É
Les A r c h i v e s d u D i s t r i c t d e Braga c o n s e r v e n t un t r ê s r i c h e p a t r i m o i n e en d o c u m e n t s ,
remarquablement intéressant pour Ia recherche dans plusieurs domaines des sciences historiques.
Dans ce travail nous presentons ces fonds d'archives qui ont un intérêt pour 1'histoire du Brésil.
Caio Boschi
Professor titular de História da Universidade Federal de Minas Gerais e da PUC/MG.
o conhecedor ffl
loco dos arquivos
portugueses de in-
teresse para a história do Brasil
que folhear as outras páginas deste nú-
dem, o Arquivo Histórico Ul-
tramarino e os Arquivos
Macionais/Torre do Tombo,
com diferentes organizações
de acervos e com distintas condições de
mero de Acervo, ou mesmo passar uma acesso e de trabalho, perfilam-se como
vista d'olhos sobre o sumário, dirá que, o 'núcleo duro' do objeto-tema deste nú-
no essencial, as instituições e, por ex- mero da revista do Arquivo Nacional.
tensão, os fundos documentais a serem
Uma avaliação menos apressada - ou pou-
contatados ali se encontram referidos e
co mais rigorosa - exigiria, de imediato,
apresentados.
a inclusão dos fundos arquivísticos inte-
Verdade? não, meia verdade. A noção grados à Biblioteca Nacional de Lisboa.
mais elementar que o candidato às lides Observação e reparo irrefutáveis, se qui-
arquivísticas na nossa ex-metrópole tal- sermos nos ater ao cabalístico número
vez tenha é a de que os dois principais três e a ele nos circunscrevermos, quan-
arquivos surgem sempre com natural e do da realização de pesquisas documen-
justificável exuberância. Mesmo para os tais em plagas lusitanas. A rigor, o Ultra-
não-iniciados é indubitável que, pela or- marino, a Torre do Tombo e a Biblioteca
provém da compra feita pelo Estado por- alvarás, ofícios e ordens regias, sobretu-
pag.86.jan/jun 1997
K V O
mos deixando de lado ujn alentado uni- (por que não dizer cívica?) política de
que ora nos é apresentado como exis- tos relativos à história do Brasil deposi-
tura. Ademais, não buscamos identificar Ressalvas feitas, cumpre então visitar a l -
e sequer mencionar os valiosos arquivos guns outros acervos arquivísticos
notariais, eclesiásticos e mesmos os m u - concernentes à história brasileira. Em Lis-
nicipais, exceto quando os mesmos, não boa, logo avulta o da Biblioteca da Aju-
de maneira esparsa ou atomizada, têm da, localizado na ala norte da parte tér-
núcleos ou fundos reunindo documentos rea do Palácio nacional h o m ô n i m o .
sobre o Brasil, Ali a documentação relativa ao nosso país
pag.88,jan/jun 1997
R V O
De toda forma, como se vê, a consulta à Da primeira parte do fundo, cujo inven-
Ajuda (novamente a linguagem coloqui- tário completo, elaborado pela renomada
al) é ponto de nossa passagem - e para- arquivista Maria do Carmo Jasmins Dias
gem - obrigatória. Sem falar do riquíssimo Farinha, foi publicado em 1990 pela Tor-
acervo bibliográfico ali existente, e só re do Tombo, poderíamos destacar, para
para mencionar um fundo muito solicita- o objeto sob análise, a correspondência
do, aponte-se a não menos rica coleção do Ministério dos negócios Estrangeiros
Jesuítas na Ásia, imprescindível para, no com a Legação de Portugal no Brasil, en-
mínimo, as desejadas análises compara- tre 1826 e 1842, bem como os despa-
tivas entre a atuação dos inacianos no chos do ministério para o consulado por-
Oriente e no Brasil. tuguês no Rio de Janeiro. Sem esquecer
pag.90.jan/jun 1997
R V O
I P^PW^^^B
Idêntico comportamento se deve ter re- ex-colônias. Ressalve-se que, sob a chan-
pag.92.jan/jun 1997
R V O
mos nossa rápida vilegiatura. Em outra Dois exemplos dessa possível tendência
oportunidade, talvez devêssemos dar uma devem ser referenciados, quando nada
atenção maior ao acervo documental re- porque , além de sua originalidade, rom-
lativo ao Brasil encontrado em Évora, na pem com uma tradição mais do que se-
Biblioteca Pública local. Através da leitu- cular de supor que, em Portugal, o que
pag.94,jan/jun 1997
as desenvolvidas pelos professores Eu- nesse sentido, e sobre tema tão alician-
g ê n i o dos Santos e J o r g e Fernandes te, a sua obra Brasileiros: emigração e
Alves, dos quadros da Universidade do retorno no Porto oitocentista (Porto, s.
Porto. A menção do primeiro prende-se ed., 1994) impõe-se como fonte de con-
às investigações que pessoalmente e pelo sulta indispensável.
grupo que coordena têm sido levadas a Temas, fontes e pesquisas sobre história
efeito através de numerosos copiadores de empresas, que é também história so-
de correspondência de uma casa comer- cial, como o é também a história
c i a l p e r t e n c e n t e à f a m í l i a P i n t o de demográfica. Repito: são exemplos de
Miranda que, no século XVIII, com matriz descobertas e de análise de fontes his-
na metrópole, ramificou-se pelo Brasil, tóricas até então pouco conhecidas e/ou
tendo negócios em Minas Gerais, Rio de exploradas. Com estas ou com as tradi-
Janeiro, Bahia, Pernambuco e sul da Co- cionais', com as de Lisboa ou com as da
lônia. A menção a Jorge Alves é devida província, o que importa é termos a mais
pelo seu meritório e pachorrento traba- simples das posturas: sem abdicar da
lho de compilação e análise de registros consulta aos núcleos documentais inevi-
de p a s s a p o r t e s , t e s t a m e n t o s , listas tavelmente recorrentes, abramo-nos para
nominativas e biografias que lhe permi- a busca permanente e para o conheci-
tiram reconstituir o fluxo migratório le- mento de novos (quem sabe inéditos)
gal do Porto para o Brasil no século XIX. acervos documentais.
A B S T R A C T
Taking into account the fact that six Fortuguese archives are reviewed in the pages of this
journal, the text seeks to identify additional collections of documents to be found in archives and
libraries of Lisbon and others cities of Portugal, having a connection with BraziTs history. It aiso
mentions other little know or unexplored sources of historiographic material for possible scrutiny.
R E S U M E
Six des institutions archivistiques portugaises étant déjà decrites dans ce numero, ce texte essaye
d'identifier d'autres documents presentant un intérêt pour 1'histoire du Brésil, qui se trouvent
dans les archives et bibliothèques de Lisbonne et dans autres villes du Portugal. On éveille
1'attention sur les possibilites historiographiques de ces sources peu connues ou peu exploitées.
P E R F I L I N S T I T U C I O N A L
^ o n r i i s s a o JN a c i o n a i p a r a a s
l_yomem©ra<ções dos
U e s c o b r i m e i i t o s jPortfrugiiieses
Antônio Manuel Hespanha
Comissário-geral
pag.98.jaiVjun 1997
R V O
tra de livros. Desde o início de 1997, vem Uma das grandes exposições que anima-
sendo produzido um número considerá- rá o espaço cultural de Lisboa em 1998
vel de exposições deste t i p o : Antônio refere-se às culturas do Índico, e será
Vieira, O Urbanismo Colonial em África, realizada pela CMCDP no Museu das Ja-
Os Espaços do Crioulo, A Viagem na Li- nelas Verdes. Por aí irão passar, numa
teratura, As Comemorações Oitocentistas vasta série de registros - desde a arte e
da Viagem de Vasco da Qama, Os Tesou- antropologia até à música e aos sabores
ros da Cartografia Portuguesa. Juntamen- - a constelação de culturas do oceano
te c o m as j á existentes, estas exposições Índico, onde Vasco da Qama desembo-
animarão espaços de divulgação históri- cou em 1498. Afinal, 'a índia' era um ce-
co-cultural por todo o mundo. nário esplêndido de culturas autônomas,
algumas delas tão ricas como a da Euro-
A presença da temática dos descobrimen-
pa de então. No Tejo, um magnífico dhao
tos na grande manifestação cultural re-
- barco de transporte de peregrinos m u -
presentada pela EXPO'98 será garantida
çulmanos a Meca que ainda hoje opera -
pelo Pavilhão de Portugal, produzido con-
transportará visitantes e turistas, ofere-
j u n t a m e n t e pelo Comissariado do Pavi-
cendo espetáculos de folclore local e evo-
lhão de Portugal e pela CNCDP, numa fór-
cando essa rede de viagens em que os
m u l a e x e m p l a r de c o o p e r a ç ã o i n t e r -
portugueses se inseriram.
institucional e de rentabilização de mei-
os. A viagem oceânica foi o tema esco- Também a presença islâmica em Portugal
lhido, e será explorado numa exposição - e, em geral, essa ambivalência dos por-
concebida de modo a promover a contí- tugueses com o Islão - foi objeto de uma
nua interação entre os visitantes e os ma- mostra itinerante que, desde a primavera
teriais exibidos, bem como numa série de 1997, vem percorrendo os mais i m -
de manifestações envolventes que vão dos portantes centros de cultura árabe, num
espetáculos à gastronomia ou à edição. programa em que cooperam a CNCDP e a
Câmara de Comércio Luso-Árabe.
...e com os outros
Conhecer o passado para inventar o futuro
Um dos tópicos recorrentes no discurso
das atividades da CNCDP é o da atenção As comemorações dos descobrimentos
a outros olhares sobre os descobrimen- não podem encerrar-se numa visão p u -
tos portugueses. Os contatos que abrimos ramente passadista. Devem projetar-se
com outros povos foram, de fato, aventu- sobre o presente e sobre o futuro, como
ras a dois, passíveis de leituras cruzadas um convite a repetir a aventura de e n -
ou mesmo conflitivas. A riqueza da nossa tão, a ousar de novo; a recriar, nos t e m -
história reside precisamente nisso, nas pos de hoje, a atitude de curiosidade que
contínuas interpelações que fizemos ao leva à descoberta e à inovação técnica e
mundo e nas reações que elas suscitaram. científica; a restabelecer u m espírito de
pag.lOO,jan/jun 1997
R V O
Macau, destinado a tornar Portugal, a sua pétua, com o apoio da Comissão das Fun-
história, a sua cultura, o seu presente, dações Qulbenkian, Luso-Americana e
mais conhecidos. À centena de professo- Oriente. Noutra d a s universidades da
res que visitaram terras lusitanas em prestigiada ivy league - a Universidade
1996, somaram-se, em 1997, mais cer- de Yale - será apoiado pela primeira vez
ca de vinte diretores de escolas e duas um programa de estudos portugueses, o
dezenas dos melhores alunos dos mesmo acontecendo na famosa univer-
leitorados portugueses da índia ao J a - sidade Johns Hopkins, em Baltimore. En-
pão. Visitas guiadas, conferências e es- quanto que, na índia, há negociações
petáculos de arte integram este programa. bem encaminhadas para criar uma ca-
deira de estudos indo-portugueses na Uni-
finalmente, é preciso que Portugal, a sua
versidade de J. Nehru, em Delhi, a aca-
história e sua cultura continuem a ser
demia de excelência de toda a índia.
tema de interesse nos grandes centros
acadêmicos. A CNCDP apoia unidades de De alguns exemplos para um programa
altos estudos sobre asssuntos lusos em Estas são algumas das ilustrações de li-
muitos centros acadêmicos de excelên- nhas de força que enformaram o progra-
cia: Instituto Universitário Europeu, em ma de atividades da Comissão Nacional
Florença, universidades de Oxford, São para as Comemorações dos Descobri-
Paulo, Rio de Janeiro ou Columbia (Nova mentos Portugueses para o ano de 1997.
Iorque). Em 1997, este número foi au- Nele se irá investir mais de um bilhão e
mentado. Mais três universidades ameri- meio de escudos (oito milhões e meio de
canas, das mais prestigiadas, verão apoi- dólares), dos quais apenas um terço será
a d o s centros de e s t u d o s portugueses. gasto em despesas de funcionamento cor-
Será criada, em Brown, uma cátedra per- rente.
A B S T R A C T
The Mational Committee for the Celebrations of Portuguese Discoveries tias in view to celebrate
the navigation and discoveries undertaWen by Portugal during the end of the 15th century,
supporting important researches and universities, publishing books and CD-ROMs, organizing
exhibitions and seminars and by cultural activities at schools.
R E S U M E
La Commission nationale pour les Commemorations des Decouvertes Portugaises objective
c o m m e m o r e r les navigations et les decouvertes portugaises à travers de 1'appui aux plus
considérables centres de recherches et universités, de 1'édition des livres et CD-ROMs, de Ia
montage d'expositions, de forganisation des seminaires et de Ia présence en écoles, avec des
activités culturelles.
IMPRESSO PELA
KIOCOR GRÁFICA E EDITORA LTDA.
Av. Segai, 230 - Del Castilho
Te!.: 269-1152
lieste número
Antônio Manuel Hespanha
Caio Boschi
Judite Cavaleiro Paixão
Luís Cabral
Margarida Ortigão Ramos Paes Leme
Maria Adelaide Meireles
Maria da Assunção Jácome de Vasconcelos e Chagas
Maria de Lurdes Henrique
Maria do Carmo Jasmins Dias Farinha
Maria Luísa Meneses Abrantes
Paula Maria Faria Lamego
Paula Sofia da Costa Fernandes
Ml NÍSTÉHIO DÃ JUSTIÇA