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DA OBRA À ESTRUTURA: UMA ANÁLISE CRÍTICA SÓCIO-HISTÓRICA

DO FILME “1964 – O BRASIL ENTRE ARMAS E LIVROS”

Projeto apresentado ao Programa de Pós-


Graduação em História - Centro de
Filosofia e Ciências Humanas da
Universidade Federal de Pernambuco.
Nível: mestrado.
1. Introdução
1.1 Tema e objeto do projeto
Este projeto tematiza a construção de uma análise sócio-histórica do filme “1964
– O Brasil Entre Armas e Livros”, lançado em 2019 e produzido pelo canal de veiculação
de conteúdo com viés político denominado “Brasil Paralelo”1. Desde seu lançamento, esta
obra gera polêmica. Originalmente proposta a ser veiculada nos cinemas – apenas
originalmente, pois sua natureza partidária rapidamente a afastou dos meios formais de
veiculação2 –, acabou fadada às entranhas digitais do canal dos idealizadores.

No momento em que foi lançado, o Brasil vivia ainda mais do que agora um
período marcado pela ruptura comunicativa entre as bolhas sociais. Esses isolamentos
conjunturais reforçaram as lógicas inerentes aos respectivos paradigmas político-
ideológicos. Enquanto o discurso não especializado de variadas camadas da sociedade
acredita dominar conceitos e verdades absolutas, são nas ciências humanas que esses
grupos enxergam as mais completas certezas. Neste contexto, qualquer incidente pode ser
a ruptura inicial que permite o desenvolvimento das lógicas fomentadoras de
desinformação como já apontava Marc Bloch há um século:

[...] uma falsa notícia nasce sempre de representações que preexistem ao seu nascimento; só na
aparência é fortuita, ou, mais precisamente, tudo que em si tem de fortuito é o incidente inicial,
absolutamente um qualquer, que desencadeia o trabalho de imaginações, mas esta agitação só tem
lugar porque as imaginações estão já preparadas e fermentam surdamente (Bloch, 1998, p. 191).

Desde então, o fluxo informacional atingiu proporções de aceleração inéditas com


o advento de inúmeras tecnologias. O campo imagético se destaca dentre essas novas
tecnologias e o audiovisual tem ganho relevância na sociedade. Assim,

[...] cada vez mais as pessoas formam sua idéia do passado através do cinema e da televisão, seja
por meio de filmes de ficção, docudramas, séries ou documentários. Hoje em dia, a principal fonte
de conhecimento histórico para a maioria da população é o meio audiovisual, um mundo livre
quase por completo do controle de quem tem dedicado a vida à História (Rosenstone, 1988, p. 2).

Neste paradigma, as populações dos países periféricos do sistema capitalista globalizado


raramente têm disponibilidade de tempo livre para aprofundar-se nos conteúdos que as
narrativas audiovisuais lhes provêm. Para além, a diminuição do diálogo e das relações

1
Disponível para acesso em: https://www.youtube.com/c/BrasilParaleloOficial.
2
Originalmente foi lançado na rede Cinemark, mas após a pré-estréia, que não deveria sequer ter
acontecido, a própria empresa “afirmou que o ocorrido foi um erro de ‘procedimento’” – fonte: Correio
Braziliense. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2019/04/02/interna-
brasil,746968/cinemark-emite-nota-de-esclarecimento-apos-exibicao-de-filme-sobre-196.shtml Acesso
em: 09 fev. 2022.
de alteridade com gerações anteriores fazem com que as reminiscências memorialísticas
acerca dos períodos históricos em primeira mão se tornem escassas3. Logo, vislumbra-se
o quadro no qual facilmente surgem novas versões, convincentes a certos olhos, sobre
eventos históricos. Porém, quando se busca fixar uma nova visão do passado,
constantemente ela remeterá mais ao momento atual do que ao período que propõe
representar.

O filme “1964 – Entre Armas e Livros” é a manifestação deste fenômeno no cerne


da bolha político-social da direita neoliberal brasileira hodierna e seu desejo de
ressignificar um período traumático da História do Brasil e da América Latina. Sua
narrativa propõe uma revisão de alguns eventos e interpretações, ao apresentar os
acontecimentos de forma enviesada, expondo uma perspectiva militar do golpe de 1964.
Construída em torno de “documentos inéditos” (especificamente documentos da antiga
Tchecoslováquia, da STB Státní bezpečnost – serviço de inteligência do período
soviético) para sustentar a tese da ameaça comunista, relativiza a violência da repressão
institucional e deturpa informações anacronicamente (como sugerir que Antonio Gramsci
teria escrito seus “Cadernos do cárcere” em 1968). Adicionalmente, destaca que por conta
do caráter pioneiro de sua pesquisa, que “nunca antes alguém havia estudado este tema”
(frase retirada da narrativa do filme proferida por Vladimir Petrilak), seriam válidas suas
revisões, entre tantos outros pontos. As incompatibilidades entre a narrativa e as múltiplas
perspectivas historiográficas críticas instituídas se tornam explícitas.

1.2 Justificativa

Mesmo se formatando como um documentário, poderia ser inofensivo que


determinado grupo de pessoas veiculassem suas ideias e teorias em meio audiovisual e
tentassem transparecer determinada narrativa por um “saber”. Porém, este filme remete
às bases de apoio do último governo brasileiro (2018-22), responsável pela segunda pior
administração da pandemia global de COVID-19 e variantes no mundo em número total
de óbitos, aonde destaca-se o fato de ter defendido a utilização de medicamentos sem
comprovação científica4, resultando em mais de 680 mil mortes5. Não obstante, seus

3
Como bem questiona Walter Benjamin no seu artigo de 1933, “Experiência e Pobreza”.
4
O medicamento em questão seria a Hidroxicloroquina, incluída no “Kit COVID”, amplamente noticiado
na mídia, destacamos o resumo jornalístico da BBC – essa reportagem e várias outras estão anexados ao
corpus material arquivístico conforme proposto na metodologia. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57166743. Acesso em 04 março, 2022.
5
Fonte: JHU CSSE COVID-19 Data; veiculado pelo Google diretamente em sua plataforma. Acesso em
16 janeiro, 2023.
grupos de apoio caracterizaram-se, em parte, pela adesão em plano nacional a um amplo
movimento negacionista científico6, que por fim mina a legitimidade do campo
acadêmico e reflete em políticas públicas.

As conexões com as bases de apoio do governo de Jair Bolsonaro, se fazem não


apenas pela publicidade advinda de citações diretas dos seus filhos (Carlos Bolsonaro e
Flávio Bolsonaro por meio de redes sociais, especificamente instagram), mas também
pela participação destacada de Olavo de Carvalho. O filme traz como artifício de
sustentação da legitimidade do seu discurso - ocupando a posição de intelectualidade – o
comentários de figuras públicas influentes, destacando-se o professor universitário Luiz
Felipe Pondé (PUC-SP), o jornalista William Waack (CNN Brasil), além dos
historiadores Petr Blazek, Thomas Giulliano, Leskek Pawlikowicz, entre outros. Também
participam os influenciadores liberais e “bolsonaristas” (que se põem como “ensaístas”)
Rafael Nogueira, Bernardo Kuster, Flávio Morgenstern.

Este projeto propõe analisar o sentido da comunicação transmitida na obra


audiovisual referida. Refletir sobre suas ressignificações, conforme explicitado na
metodologia, na medida em que

A busca do sentido, da inteligibilidade [...] se coloca na pesquisa histórica como um gesto a mais,
não separado dos outros, que procura religar os mortos aos vivos, o sujeito a seus semelhantes,
indicando os lugares da sua irredutível separação, lá onde interrompem a história para construir
outra, certamente pouco discernível, mas dizível (Farge, 2011, p. 12).

Para tanto, não será isolado em nível de análise o conteúdo da obra de sua dimensão social
(conjuntural) e econômica (estrutural) na construção de uma síntese conclusiva dos
resultados desta pesquisa. Pois, só será possível apreender uma compreensão abrangente
de suas significações no movimento da relação de seu conteúdo transmitido, sua produção
no período sócio-político coetâneo transposto à sua historicidade estrutural.
1.3 Crítica historiográfica
A História sempre recebeu propostas de revisão dos seus métodos e resultados,
principalmente por meio de novos trabalhos, além de críticas céticas. O negacionismo

6
Conforme apontado em inúmeros recortes jornalísticos, digitais e, principalmente, em artigos científicos
como: “Homo digitalis e as práticas de linguagem: do negacionismo ao ‘novo normal’ na sociedade
pandêmica” da professora Débora Hissa (UECE), “A construção do discurso negacionista frente à pandemia
da Covid-19 no Brasil: um recorte da fala presidencial de Jair Messias Bolsonaro” de Vanessa Aivi e
Rosemere de Almeida (UEMS); “Discursos negacionistas disseminados em rede” de Helcira Lima
(UFMG); “O ‘Gabinete das Sombras’ e o discurso negacionista no Brasil” de Hélio Oliveira (UNICAMP),
entre outros.
dissimulado de revisionismo histórico ganhou força indiretamente por conta dos preceitos
postulados pelos teóricos pós-estruturalistas das décadas de 1960 e 1970, principalmente
voltados como uma postura crítica ao estruturalismo e ao “marxismo vulgar” de caráter
determinista.
Atores sociais de diferentes áreas, envolvidos no movimento da “Virada
Linguística” como Hayden White, Derrida e Deleuze7, chegaram a teorizar que “a
descontinuidade entre narrativa e realidade argumentam com frequência que a
organização do texto em forma de relato impõe aos fatos a que se refere uma estrutura
[...]” (Cardoso, 2005, p. 62) e que essa estrutura configurada como narrativa

[...] não passa de produto de uma construção do imaginário [...]; não tem qualquer veracidade,
mesmo quando apoiada em fontes, pois não se trata de uma questão de documentação: tratar-se-
ia de uma descontinuidade profunda (Cardoso, 2005, p. 62).

Desta forma, na medida em que esta polêmica alimenta uma posição de ceticismo quanto
a produção historiográfica, o enfraquecimento do caráter de realismo da narrativa
histórica “Independentemente das intenções [...] conduz à ideia de que todas as versões
se equivalem, enquanto qualquer pretensão a um horizonte mais holístico ou geral seria
ilusória [...]” (Cardoso, 2005, p. 69). Essa suposta “equidade” discursiva, originalmente
pautada na natureza linguística da representação como narrativa (e no seu fechamento
sincrônico, simbólico e semântico em uma perspectiva saussariana com latente ignorância
em relação a seu referente externo), viria a ser um dos principais combustíveis teóricos
dos posteriores movimentos negacionistas.
No esteio desta discussão acerca do realismo epistêmico, os historiadores
buscaram incorporar os pontos positivos destas críticas pós-modernas ao seu trabalho. O
historiador Paul Veyne apontou diretrizes pontuais para a prática historiográfica: a fuga
da perspectiva parcial de uma verdade geral, absoluta, apreensível e seu corolário, uma
História totalizante unívoca (que será mais convicentemente delineada pelos
descolonialistas8 como Gayatri Spivak, Sanjay Subrahmanyam, Seth Sanjay, Achille
Mbembe, Chakrabarty, Enrique Dussel entre tantos outros críticos); o deslize entre o
discurso da verdade autoritária para o da explicação, da compreensão: o objetivo da

7
Ressaltamos o fato de usarmos e referenciarmos o historiador Robert Rosenstone na parte de metodologia,
sendo ele altamente influenciado por Hayden White em sua perspectiva da discussão do “Realismo
Epistêmico” e do caráter narrativo por excelência da produção historiográfica – sua contribuição aqui se
resume a preceitos audiovisuais.
8
O historiador Seth Sanjay é considerado pós-colonialista, no entanto, este trabalho não visa adentrar a
discussão conceitual entre os movimentos pós-colonial, decolonial e descolonial.
História agora se torna fazer compreender, sendo suas verdades sublunares9; o fim de
qualquer perspectiva da História escrita enquanto reflexo literal da realidade natural;
tomada de consciência do labor historiográfico conforme a prática que é, e o que isso
acarreta: suas limitações subjetivas (internas, pessoais ao historiador) e suas limitações
objetivas (o referente externo, a busca pela constatação das fontes materiais e dos
registros possíveis que fazem significação ao tema pretendido de abordagem ao evento
designado, a submissão ao que o autor chama de “campo factual”)10.
Anos depois, Paul Ricoeur virá deglutir estas lógicas historiográficas “pós-
modernas” e sintetizar um discurso metodológico-filosófico que incita o historiador a
buscar a ligação, originalmente pela investigação e posteriormente pelos meios
representativos, da conjuntura à estrutura e vice-versa. Destarte, tendo a disciplina
histórica seu referente a práxis social do passado, é na mudança da abordagem (com suas
consequências também nas durações temporais) que “em cada escala, vêem-se coisas que
não são vistas em outra escala e que cada visão está no seu direito.” (Ricoeur, 2007, p.
230)” e cujas múltiplas perspectivas analíticas podem, e devem, entrelaçar-se. O
historiador E. P. Thompson o fez com êxito em sua obra “Economia moral da multidão
inglesa no século XVIII”. Dessa maneira, neste projeto será resguardado aspectos
metodológicos do materialismo histórico na descrição das categorias constituintes do
objeto real e externo proposto, categorias que não são apenas de longa duração.
Simultaneamente, não se abandonará a contribuição do pós-modernismo à valorização
das formas capilares da existência social, que suscita um discernimento mais específico
e regionalizado, ao mesmo tempo em que renega uma perspectiva marxista vulgar que
termina por popularizar uma visão “determinista” da metodologia marxiana sobre a infra-
estrutura, que não é configurada na obra do próprio Marx11.
Conforme a História é
[...] por si só, revisionista, e o conhecimento está intimamente ligado à possibilidade de revisão.
O revisionismo é, portanto, inerente à pesquisa, pois a narrativa historiográfica é ancorada no
presente e é a partir dele que se constitui e se enriquece (Buzalaf, 2019a, p. 6),

9
Termo que Paul Veyne utiliza constantemente na obra que consta na próxima nota de rodapé. O conceito
de “sublunar” remete a realidade humana prática no mundo, à sua especificidade fugaz e indefinível
definitivamente, se não por abstrações – o mundo sublunar, o mundo da história, um mundo em devir
constante, tão real quanto impossível de ser esgotado.
10
Cf. VEYNE, Paul. Como se escreve a história; Foucault revoluciona a história. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 1998.
11
Como indica o professor José Paulo Netto sobre o método marxiano: a economia dá condição de
existência à sociedade burguesa, mas não determina sua complexidade.
sempre haverá de se pontuar e criticar a existência de narrativas enviesadas, que buscam
se camuflar intitulando-se como “revisionistas”, artificialmente partícipes do campo
discursivo da disciplina. Analisá-las em suas multiplicidades (divergências) e unicidades
(reminiscências) sempre que emergirem, identificar seus contextos, suas características e
suas produções de sentido – ou destruição de sentidos prévios – torna-se função social do
historiador.

Neste espírito, o caráter revisionista do filme que este projeto pretende analisar se
encaixa em um espaço de lutas que é historicamente datado e se relaciona com vários
movimentos, não apenas dentro da disciplina Histórica, mas também na sociedade civil –
na medida em que as feridas abertas pelas múltiplas transgressões institucionais ou sub-
reptícias dos agentes envolvidos nos confrontos políticos do período até hoje são sensíveis
- , no plano político contemporâneo direta e indiretamente, e nas discussões que remetem
ao avanço imagético da distribuição de informação. Discussões estas que apenas
recentemente tem se tornado objeto de estudo e interesse da História.

2. Objetivos da pesquisa

2.1 Objetivo geral

Delimitar a caracterização epistemológica do conteúdo histórico emitido pelo


filme, as circunstâncias sociais de sua emergência e a historicidade do objeto.
2.2 Objetivos específicos
 Construir um texto sintético que revise as críticas conteudísticas do filme,
acrescentando uma revisão bibliográfica com as narrativas instituídas no campo
acadêmico;

 Relacionar o filme e sua produção de sentido com as bases estruturais que o


fundamentam;

 Examinar as condições sociais de produção e veiculação deste filme.

3. Metodologia

Será executada uma metodologia de pesquisa crítica das categorias constituintes


sócio-históricas do objeto audiovisual, mediada por uma revisão bibliográfica, inspirada
nos trabalhos cujo topoi foi inaugurado pelo historiador Marc Ferro12, instrumentalizando
preceitos da Análise do Discurso e da leitura da linguagem cinematográfica. O termo
sócio-histórico se refere a metodologia constitutiva de análise que poderia ser separada
em duas partes que não devem ser pensadas isoladamente: uma que remete o conteúdo
exteriorizado pela obra audiovisual escolhida como objeto à sua historicidade, e outra que
reflete sobre sua existência na contemporaneidade, sua relação com a sociedade atual, sua
emergência contextual, pois ao

[...] analisar uma produção fílmica, o historiador não deve se limitar a uma simples enumeração
de erros e acertos em relação ao período histórico representado na tela, mas analisar como o
passado foi contado e, principalmente, por que foi contado com base em tal narrativa (Rosenstone,
2010).

Ou seja, considerar sua relação com as questões sócio-políticas que o permeiam.

Como forma de objetivar explicitamente os processos observacionais, a


terminologia operacional da Análise do Discurso13 se mostra útil – logo, será efetuada
uma “dessuperficialização do corpus material”14. Esta síntese será baseada nos preceitos
teóricos indicados pelos professores Marcos Napolitano (USP) e Rodrigo Carreiro
(UFPE) para ler a linguagem cinematográfica.15

Desta forma, serão observados: os personagens (seus gestos, meandros e artifícios


constituintes de suas próprias representações), os figurinos (como corroboram com a
construção do imaginário social?), os cenários (similar ao figurino, como ele revela a
suposta realidade dos personagens? Como se dispõem os personagens nesses espaços?),

12
Cf. FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1992. Coletânea com vários
de seus trabalhos mais célebres. Não é pretendido neste trabalho aprofundar as discussões acerca das críticas
posteriores a alguns dos preceitos que Marc Ferro viria a fomentar, como a ideia de “contra-realidade”
capturada pela câmera, já criticada por Eduardo Morettin. Cf. MORETTIN, Eduardo Victorio, O Cinema
Como Fonte Histórica na Obra de Marc Ferro. Referências completas no tópico “4.2 Bibliografia teórica”.
13
Este trabalho é inspirado, no que se refere à Análise do Discurso (AD) em preceitos específicos, advindos
das professoras Eni Orlandi e Maria do Rosário Gregolin (UNICAMP). Ressalta-se que tal escolha é
efetuada em detrimento de uma possível AD foucaultiana que renega os aspectos ideológicos de sua
produção, mas cuja teoria enunciativa aprofunda as pespectivas do não-dito da AD francesa marxista, e que
suas categorias de formação e subformação discursiva (com suas estratégias de formação dos objetos e
sujeitos) também poderiam ser profícuas para a construção da análise aqui proposta. por outro viés.
14
Este processo de dessuperficialização remete ao trabalho inicial do analista, que ao se deparar com a
materialidade discursiva (que pode advir de uma imagem, texto, fala, vídeo, etc), necessita seguir alguma
diretriz teórica específica relativa àquela forma material (texto [livro, notícia, etc], imagética [fotografia,
pintura, etc], audiovisual [filmes, propagandas comerciais, telejornais, etc] para embasar sua leitura
discursiva como uma prática e construir uma síntese. Cf. Eni Orlandi. Análise de Discurso: Princípios e
Procedimentos. 2020, p. 65.
15
Os preceitos teóricos explicitados estão presentes no artigo “A história depois do papel”, de Marcos
Napolitano, na coletânea da Prof.ª Carla Pinsky e no livro “A linguagem do cinema: uma introdução” de
Rodrigo Carreiro. Referências completas no tópico “4.2 Bibliografia teórica”.
texturas e tons predominantes da imagem (como a produção e direção utiliza essa
ferramenta para reforçar ou minar algum aspecto da construção dos ambientes ou do
psicológico dos personagens, de sua situação social ou da narrativa em geral?), efeitos
especiais, ângulos de gravação, encaixe e opção da trilha sonora. Por fim, e
principalmente, os diálogos. Não apenas são significativos em si isoladamente, mas
também indicarão as opções de direcionamento e roteiro da obra (omissões; trucagens;
ordenamento dos evento, falas e atividades; tempo da narrativa; montagem) e alimentarão
uma síntese de sua narrativa discursiva.

Este projeto não intenta esgotar a polissemia audiovisual, mas contribuir para sua
compreensão referencial. Nele, será cativado a consciência de que “Articular
historicamente o passado não significa conhecê-lo ‘como ele de fato foi’. Significa
apropriar-se de uma reminiscência [...]” (Benjamin, 1987, p. 225) e de que o “[...] cinema
é manipulação e é essa sua natureza que deve ser levada em conta no trabalho
historiográfico, com todas as implicações que isso representa” (Napolitano, 2005, p. 247)
como princípios analíticos para refletir sobre os condicionamentos referentes aos sentidos
estabelecidos nesta narrativa. Neste espaço, destaca-se o fato de que o sentido da obra
não é limitado apenas a parte linguística do ato comunicativo presente no filme, mas
igualmente no que é visível.

Concluída esta dessuperficialização, este conteúdo será cotejado com múltiplas


narrativas presentes na cultura histórica nacional. A pesquisa parte das obras apontados
por Lucilia Delgado e Carlos Fico, respectivamente, nos artigos “O Governo João Goulart
e o golpe de 1964: memória, história e historiografia” (2010), “Ditadura Militar brasileira:
aproximações teóricas e historiográficas” (2017) e " Versões e controvérsias sobre 1964
e a ditadura militar” (2004). Destarte, serão trazidas à análise as obras que se encaixam
em três tendências16: as que enfatizam o caráter “preventivo” do golpe - Florestan
Fernandes: “A Revolução Burguesa no Brasil”, “O Brasil em compasso de espera”, “O
Significado da ditadura militar”; Caio Navarro Toledo: “Democracia populista golpeada”,
“O governo Goulart e o golpe de 64”; Lucilia Delgado: “PTB: do getulismo ao
reformismo (1945-1964)”, “Partidos políticos e frentes parlamentares: projetos, desafios
e conflitos na democracia”; e Jacob Gorender: “Combate nas Trevas. A esquerda
brasileira: das ilusões perdidas à luta armada”. As obras que enfatizam o recorte político-

16
Referências completas no tópico “4.1 Levantamento de fontes”.
conjuntural na “questão democrática” - Argelina Cheibub: “Democracia ou Reformas?
Alternativas democráticas à crise política – 1961-1964”; Jorge Ferreira: “O governo João
Goulart e o golpe civil militar de 1964”, “A estratégia do confronto: A Frente de
Mobilização Popular”; e, finalmente, as obras que se situam no plano do novo ciclo
histórico, com acesso à documentação atualizada/inédita – Carlos Fico: “O grande irmão:
da Operação Brother Sam aos anos de chumbo. O governo dos Estados Unidos e a
Ditadura Militar brasileira”, Rodrigo Patto Sá: “Em guarda contra o perigo vermelho: o
anticomunismo no Brasil (1917-1964)”.

A análise supracitada buscará suplementar as sínteses já realizada pelos trabalhos:


“Outra narrativa para a ditadura militar: análise do documentário ‘1964: o Brasil entre
armas e livros’”, de Daniele Fernanda Torrente (ECA-USP); “Professor... E Adão e Eva?
Os desafios do professor de História em seu compromisso ético e científico no século
XXI (um estudo do Brasil Paralelo)”, de Yuri Ferreira Mendes (UNIFESP); por fim, como
se trata de um material de meio digital, será considerado o seu contraponto virtual
realizado pela equipe do “Canal do Slow”17. Dito isso, é necessário reiterar que estas
análises não se aprofundam nas questões sócio-políticas que possam explicar a
emergência destes discursos, e se limitam a efeitos específicos ou a sua análise
conteudística.

Para além, serão trazidos à análise três conceitos hodiernos que permeiam as
condições de inteligibilidade da emergência deste filme. Portanto, “Guerra Cultural”
agregará embasamento teórico proveniente das seguintes fontes primárias: o livro
“Guerra cultural e retórica do ódio: crônicas de um Brasil pós-político” do autor João
Cezar de Castro Rocha (Stanford e UERJ), a tese de Bruno Teixeira (PUC-Campinas):
“As (re)configurações da guerra cultural no Brasil a partir da refusão no processo da
comunicação contemporânea” destacando-se a busca do distanciamento entre os
locutores e sua natureza política, e o artigo “O projeto Orvil e a introdução da Guerra
Cultural no contexto brasileiro” de Marcos Vinícius Festa (FUPF).
Outro conceito esclarecedor é a “Pós-Verdade”, que será analisado a partir dos
artigos: “A pós-verdade como acontecimento discursivo” de Silvânia Siebert e Israel

17
Ressalta-se que existem vários outros vídeos e materiais digitais disponíveis acerca da crítica deste
conteúdo, porém a excelência de divulgação científica (certificado pela associação “Science Vlogs Brasil”)
em linguagem didática executada pelo trabalho deste canal especificamente o torna um destaque.
Referência completa no tópico “4.1 Levantamento de fontes”.
Vieira Pereira (UFSC), “O que é a pós-verdade? Elementos para uma crítica do conceito”
de Eli Borges Junior (USP), “A era da pós-verdade no cenário político contemporâneo”
de Antonio Edson Ribeiro de Almada (UECE). Por fim, e mais importante, é o conceito
instituinte “Think Tank”, que caracteriza a organização da qual o filme é oriundo e será
relacionado a partir da tese “Menos Marx, mais Mises: uma gênese da nova direita
brasileira” de Camila Rocha (USP), do livro “A tragédia e a farsa – a ascensão das direitas
no Brasil contemporâneo” de Flávio Casimiro (UFF) e dos artigos “Think Tanks
ideológicos e a formação da opinião pública: reflexões sobre grupos conservadores, suas
redes e os estudos de comunicação” de Daniel Reis Silva (UFMG), “Think Tanks da
nova direita e suas estratégias de cooptação: caso do programa Imil (Instituto Millenium)
na sala de aula” de Eduardo Ferreira (USP) e “Conexões ultraliberais nas Américas: o
Think Tank norte-americano Atlas Network e suas vinculações com organizações latino-
americanas” de Katia Baggio (UFMG).
No sentido estrutural, não seria profícuo pensar nesta narrativa sem relacioná-la a
ascensão do ultraliberalismo. Como conectivo para alcançar as questões estruturais, a
caracterização de “Think Tank” será a chave, uma vez que sua historicidade remete às
origens dos primeiros idealizadores18 do que viria a ser atualmente considerado
“ultraliberalismo” pela ciência política e social. Antes de alcançar a contemporaneidade
econômica, há de se entrelaçar o trajeto histórico das Think Tanks ao ultraliberalismo.
Esta abordagem será inspirada pelo artigo “Breves apontamentos sobre o
ultraliberalismo” de João Miranda (UNISINOS) somada ao livro “O Brasil e o capital-
imperialismo” de Virgínia Fontes (UFF), aonde é visto que “[...] o termo ‘neoliberal’ é
bastante controverso e escorregadio e está distante de possuir status de uma categoria
conceitual precisa e sistematizada.” (Miranda, 2020, p. 1111), além de que
“O chamado ultraliberalismo se trata de transformações qualitativas em relação ao liberalismo,
entretanto, não no sentido de constituição de uma nova razão do mundo, mas sim para perpetuar
a velha ordem e razão burguesa, solidificando-a em patamares ainda mais regressivos de
expropriação e exploração da classe trabalhadora. Ou seja, ainda que se possa ver uma
radicalização do liberalismo [...], não se vê, contudo, transformações qualitativas nos
“pressupostos da subsunção real do trabalho no capital tais como estudados por Marx”, ainda que
tenha ocorrido a expansão quantitativa e internacionalizada [...].” (Miranda, 2020, p. 1113)

Sendo assim, o ultraliberalismo do período pós-impeachment de 2016 que foi praticado


no Brasil, caracterizado pela adesão à doutrina do “Consenso de Washington” da década
de 90, será tipificado como “ultraliberalismo doutrinário-ideal” em detrimento de outras

18
Conforme será demonstrado mediante a pesquisa das fontes previamente apontadas.
formas do ultraliberalismo no Brasil (tipificadas como “Social-liberal” [Governos FHC,
Lula e Dilma]).

Para pensar essas diferentes caracterizações do ultraliberalismo recente no Brasil,


serão analisados os seguintes textos: “O Social-Liberalismo: uma ideologia neoliberal
para a ‘questão social’ no século XXI” de Rodrigo Castelo (UFRJ), “O neoliberalismo no
Brasil: estrutura, dinâmica e ajuste do modelo econômico” de Luiz Filgueiras (UFBA), ,
“Autoritarismo no Brasil do presente: bolsonarismo nos circuitos do ultraliberalismo,
militarismo e reacionarismo” de Maria Araújo e Alba Carvalho (UFMA e UFCE) e as
obras de Camila Rocha e Flavio Casimiro citadas na p. 14. E para pensar o
ultraliberalismo como estrutura histórica fora do contexto regional, “Balanço do
Neoliberalismo” de Perry Anderson, “Neoliberalismo: Uma análise marxista” de Alfredo
Saad Filho (King’s College), “Contrafogos” de Pierre Bordieu e “O Neoliberalismo –
história e implicações” de David Harvey e o artigo “O que é o neoliberalismo? A
renovação do debate nas ciências sociais” de Daniel Andrade (USP).

Embora a maioria das fontes tragam a nomenclatura “Neoliberalismo”, neste


trabalho será pensado o termo ultraliberalismo como forma de evitar a caracterização
prévia do neoliberalismo como um modelo dos anos 80 que viria a surgir e conquistar
hegemonia sobre o keynesianismo, e que ao utilizar essa inflexão entre ambos gera a
impressão de que houve uma descontinuidade entre os períodos. Então, a noção de
neoliberalismo

“[...] reduz a percepção do conteúdo similarmente capitalista e imperialista que liga os dois
períodos, assim como apaga a discrepância que predominara entre a existência da população
trabalhadora nacional nos países imperialistas e nos demais” (Fontes, 2010, p. 154),”

Portanto, em prol das lutas e conceptualizações do tempo presente, será operado este
deslocamento na nomenclatura “neoliberal” para “ultraliberal”. Não como uma forma de
minar ou deslegitimar as análises prévias (que serão utilizadas e analisadas conforme
fontes apontadas acima), mas como uma contribuição para a atualização e reprodução
ideal do real movimento do objeto em sua trajetória. O ultraliberalismo é uma
terminologia recente, posterior à maioria destas obras que utilizam o termo
neoliberalismo que são datadas da década de 90 e início do terceiro milênio.

4. Bibliografia

4.1 Levantamento de fontes


 Filme “1964 – Entre Armas e Livros”. Gênero: Documentário; suporte: arquivo
digitalizado disponível na database do YouTube19; origem: produção do grupo Brasil
Paralelo, Brasil; duração: 127 minutos; autoria: Filipe Valerim, Lucas Ferrugem e
Henrique Viana. Conteúdo referente: revisionismo histórico e historiográfico da ditadura
militar; acervo: canal “Brasil Paralelo” disponível no site www.youtube.com.20
 Filme “1964, O ‘OUTRO LADO’! (Resposta Brasil Paralelo - entre armas e
livros) | Canal do Slow 71.” Gênero: Documentário, Comentário; suporte: arquivo
digitalizado disponível na database do YouTube21; origem: produção do grupo Canal do
Slow; duração: 61 minutos; autoria: Estêvão Slow. Conteúdo referente: análise
conteudística da narrativa do filme “1964 – O Brasil entre armas e livros”; acervo: “Canal
do Slow” disponível no site www.youtube.com.
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 BUZALAF, Márcia N. Revisionismo ou Negacionismo? A Ditadura Civil-militar no
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Interdisciplinares da Comunicação, 42º Congresso Brasileiro de Ciências da
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19
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yTenWQHRPIg. Acesso em 07 fev., 2023.
20
Ficha técnica elaborada em conformidade com o esboço teórico proposto pelo professor Marcos
Napolitano em A História Depois do Papel. In. PINSKY, Carla (org.) Fontes Históricas. p. 269.
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