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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

LUIZ HENRIQUE DA ROCHA GAPARONI


MAYCON ESPRICIO DA SILVA
VITOR SIMÕES DOS SANTOS SILVA

ATIVIDADE DE HISTÓRIA GEREAL


RESENHA CRITICA DO FILME: “A NEGAÇÃO”

Campinas
2020
PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

LUIZ HENRIQUE DA ROCHA GAPARONI


MAYCON ESPRICIO DA SILVA
VITOR SIMÕES DOS SANTOS SILVA

ATIVIDADE DE HISTÓRIA GEREAL


RESENHA CRITICA DO FILME: “A NEGAÇÃO”

Trabalho de aproveitamento
apresentado à disciplina de História
Geral do Curso de Filosofia da
Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, sob orientação do Prof.
Lindener Pareto Jr, para obtenção de
créditos.

Campinas
2020
INTRODUÇÃO
O objetivo desta atividade apresentar uma análise crítica, analisando os
aspectos históricos, sociais e culturais do filme “A negação”, produzido pela
plataforma Netflix, no ano de 2016. A análise que vamos apresentar foi feita a
partir da análise dos argumentos utilizados pelos respectivos personagens
principais do drama histórico, que envolve a professora e historiadora Debora
Lipstadt e o escritor Timothy Spall, que nega a existência do holocausto.
Também vamos apresentar uma explicação, para esclarecer o que foi e o que
representou o holocausto judaico na história da humanidade, bem como a
importância dos historiadores que buscam os esclarecimentos da verdade no
meio da história.
A RESENHA
No filme, vemos que após a publicação de seu livro, a historiadora realiza uma
palestra para realizar a divulgação de seu trabalho e também para abordar o
conteúdo de sua obra. Quando é interrompida por Irving, que estava sentado
na plateia e prontamente desafia a todos que estava acompanhando a palestra
de Deborah a apresentar a ele algum documento que comprovasse a
existência do holocausto.
Após inúmeras discussões bem calorosas e de uma vasta repercussão na
mídia, o negacionista entra com um processo jurídico por difamação, conta a
historiadora, nos tribunais ingleses contra Lipstadt e sua editora, a Penguin
Books, no ano de 19996.
Quando Deborah recebe esta notificação, ela prepara sua defesa, com a ajuda
de uma equipe de advogados, historiadores e especialistas, para lhe ajudar no
decorrer do processo, que desde o início se mostra dramático.
Observando, o ambiente escolhido pelo negacionista possui um objetivo
estratégico, pensando na jurisprudência em que se encontra o reino unido,
onde cabe no contexto do processo ao acusado provar sua inocência e não ao
denunciante apresentar provas. Em adição a esse fator, a trama mostra que
a ilha britânica apresentava e continua apresentando ao longo das últimas
décadas um crescimento exponencial no número de grupos simpatizantes às
ideias neonazistas, o que é contraditório, afinal a Alemanha nazista de
Hitler provocou enormes prejuízos materiais, econômicos e humanos à Grã-
Bretanha durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
Para melhor compreensão do contesto, devemos lembrar que sempre esteve
presente por toda a Europa, o pensamento antissemitismo, em especial o
Reino Unido, pois esse pais com posse de regiões do Oriente Médio desde a
assinatura de alguns acordos como o Sykes-Picot no final da Primeira guerra,
teve de acabar com o mandato britânico da Palestina no período de 1920 à
1948, em um processo global de descolonização afro-asiática e ceder à
algumas pressões internacionais para criação do estado judeu de Israel, o que
gerou um desconforto grande na ala conservadora britânica contra o
movimento sionista, que havia atingido seu ápice após a revelação do
holocausto imposto pelos nazistas. Mais de 6 milhões de judeus sem pátria que
foram dizimados nos campos de concentração e de trabalhos forçados.
Para enfrentar esse tipo de pessoa como se apresenta David, é natural que
surjam algumas opções embora opostas, para combate-lo: o agir racional visto
na figura dos advogados e o emocional muito percebido na pessoa da
historiadora.
Dessa dicotomia, pode-se dialogar com a noção de uma dependência
entre a memória, que é subjetiva e relembrada por Lipstadt para tentar dar
voz ao testemunho a alguns dos sobreviventes do holocausto, e a História,
que por sua vez é objetiva assim como a linha de defesa que foi adotada
pelos advogados, que vão até o campo de concentração Auschwitz-
Birkenau na Polônia para fazer todos os tipos de indagações bilaterais
e imparciais possíveis acerca das fontes históricas o que se assemelha
a ideia de “crítica erudita da fonte” inaugurada por Lorenzo Valla no
século XV.
Tendo em vista isso percebemos que o embate interno entre a historiadora e
seus defensores fica cada vez mais constante, oque por sua vez nos permite,
aprofundar nessa questão, relembrar as diferenças presentes entre uma
filosofia experimental de Francis Bacon, em que a descoberta de fatos
verdadeiros não dependem do pensamento silogístico aristotélico, mais sim da
observação e da experiencia regulada pelo pensamento indutivo ( o que se
aproxima um pouco do pensamento de Lipstadt).
Mas, felizmente o debate racional prevaleceu nesta disputa, em vista a retórica
foi de caráter dialético, e os defensores de Lipstadeu com muita cautela
conseguiram, juntamente com as testemunhas do holocausto, encontrar falhas
no discurso de Irving.
Com tudo, mais importante que vencer o processo judicial, era dar voz as
pessoas que perderam suas vidas, no genocídio. Esse filme nos leva a refletir o
saber histórico e sobre a função do historiador de buscar sempre a verdade.
Dentro dessa perspectiva de ver o historiador como um “homem da verdade”
compreendemos que é muito difícil se manter neutro diante de muitos aspectos
dessa busca pela verdade.
Dessa forma não é diferente para os dois historiadores envolvidos nessa
disputa judicial, por isso é bom destacarmos que, seria muito incorreto, agregar
juízos de valores sobre os argumentos que foram colocados por ambos os
lados da disputa, sem antes realizar um trabalho de verificação das verdades
existentes em cada argumento, através das suas fontes historiográficas.
CONCLUSÃO
Assim podemos concluir, a partir do debate apresentado no filme, que, ainda
existem pessoas dentro da história com essa ideia do negacionismo histórico e
discriminatório, e para enxergar isso apenas precisamos olhar no decorrer da
história: a recusa dos turcos em reconhecer o genocídio armênio durante a 1º
guerra; as pessoas que defendem a ideia de que nunca houve uma ditadura
nos países latino-americanos no fim do século XX; até o absurdo de negar o
processo de escravidão negra.
O filme ganha um caráter atual por coloca em destaque essa discussão, em
uma época onde os conceitos de “verdades relativas” e da “Fake News” e a era
da pós verdade, ganham uma atenção que assusta. Tanto que David Irving,
além de continuar com a ideia negacionista, continua a defender e ensinar essa
negacionista. Esse panorama é um fenômeno global que tem explicação a
partir da visão da filosofa judia Hannah Arendt, que diz que na sociedade existe
a banalização do mal, e isso é resultado da a massificação da sociedade
proposta pelos regimes totalitários, se criou uma multidão incapaz de fazer
julgamentos morais, razão porque aceitam e cumprem ordens sem
questionar.
Portanto, cabe o bom senso e o caráter honesto em reconhecer falhas
hereditárias que podem prejudicar a sociedade como um todo. Somente
assim, aprenderemos com a História a não cometer, no presente, os mesmos
erros do passado.

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