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6 EDITORIAL
OPINIÃO
10 Sarah Ahmed
14 Jamie Goode
18 Debra Meiburg
22 José João Santos
26 PROFILE
Aníbal Coutinho, astronauta do vinho.
ESCOLHAS DO MÊS
30 Para a Mesa
32 Para a Cave
34 Altamente Recomendados
36 Boas Compras
38 CASTA
Touriga Nacional.
40 DICAS
Tanino, o que é?
58 48
NOTÍCIAS
Vindima 2020, Port Wine Day e Douro Wine & Music Valley.
56 CERVEJAS
Nortada, a Invicta.
58 BARCA-VELHA 2011
O leão regressa.
68 TEJO
Fernão Pires na Quinta da Lapa.
76 CAVES S. JOÃO
100 anos em vinhos.
82 FILIPA PATO
4 “B’s”: Baga, biodinâmica, Bairrada e Bélgica.
88 DIOGO LOPES
76
Os 10 mais do enólogo
94 TOURIGA NACIONAL
Prova temática que antecipa novos caminhos da casta.
110
O veludo de leite.
MANTEIGA E VINHO
110
Casamento improvável? Guilherme Corrêa mostra que não...
118 NOVIDADES
141 GUIA REVISTA DE VINHOS
154 LEGENDARY CHEFS
Vítor Sobral.
@revistadevinhos
98
ESPECIAL, VERSÁTIL E INTEMPORAL
A nova linha “Shade of Grey” da Küppersbusch alia elegância e modernidade dando a
possibilidade de dar um toque pessoal a sua cozinha. A cor cinza torna-se uma
combinação perfeita com superfícies naturais feitas em madeira, pedra ou betão e até
mesmo em bancadas brancas.
O cinza é a cor do momento e dá-nos possibilidades infinitas.
www.kuppersbusch.com.pt
EDITORIAL
Momentos, decisões
e vinhos de exceção
A Revista de Vinhos decidiu realizar online a 21ª edição
do Encontro com Vinhos, em Lisboa. Na expetativa
do não surgimento de uma segunda vaga da Covid-19
e da não implementação de medidas de exceção que
restrinjam a circulação de pessoas, nos últimos meses
trabalhou-se afincadamente para que o evento fosse
concretizado presencialmente nas datas previstas, de
acordo com as medidas de higiene e de prevenção que os
atuais tempos exigem. Todavia, e infelizmente, não foram
obtidas as garantias de saúde pública e de circulação de
visitantes que permitissem a concretização do evento, a
que acresce o impacto estimado de uma segunda vaga no
nosso país neste outono.
O Blandy’s Bual 1920, do qual foram engarrafados 1.199 exemplares, é outro vinho estrondoso. Um Frasqueira
monumental, agora engarrafado um século volvido, que nos relembra aquilo que nunca devemos esquecer: o Vinho
Madeira é dos grandes fortificados do mundo.
Dois vinhos nota 20, dois vinhos de exceção. Felizes os países que têm vinhos assim.
seu por
6,00€
LINHA DE APOIO: (+351) 215 918 088
Dias úteis, 9h30-13h e 14h30-18h
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Pegos Claros
Vinha 70 Anos
Reserva 2015
Palmela / Tinto / Herdade
de Pegos Claros
As uvas de Castelão
provêm de uma vinha
com 70 anos, vindimadas
manualmente. Vinho de
cor rubi, apresenta notas
de amoras pretas, groselha
vermelha e algum mentol,
ligeiro abaunilhado,
tostados e tabaco. Na
boca apresenta taninos
macios e equilibrados,
com uma acidez
agradável. Acompanha
carnes grelhadas e assados
de peixe e carne.
OPINIÃO
D
urante a crise da Covid, abundaram a revista Monocle tenha legendado um artigo sobre
os títulos dos jornais sobre a alteração o estimado diretor da Revista de Vinhos desta forma:
dos padrões de consumo de vinho. No “Este jornalista passa os dias a avaliar vinhos; receber
que se refere à prova, a forma como me pessoas é uma forma de apreciá-los”.
relaciono com o vinho também mudou. Não estou a pedir que o caro leitor tenha pena
Há um elemento de “troca de papéis” entre consumi- dos escritores de vinho. Acredite, sabemos o quanto
dores e críticos que, suspeito, tem benefícios poten- somos privilegiados, com oportunidades de prova de
ciais a longo prazo para produtores e retalhistas. grande amplitude e profundidade. Visitar ou provar
Obviamente que os escritores de vinhos também com produtores fornece-nos tanto o contexto como
são consumidores, mas a nossa profissão está um perceções inestimáveis. Creio que é a forma mais
mundo à parte do crítico de restaurantes, cuja expe- atraente para alguém se envolver com o vinho e, lide-
riência tem muito mais elementos em comum com os rando tours na Austrália e em Portugal, conheço o
consumidores regulares. Aqueles não apenas provam seu impacto nos consumidores. Além das experiên-
os pratos mas consomem as refeições. Cuspir seria cias ‘normais’ de adega, os meus sempre interessantes
inconcebível! Além disso, jantam no contexto preciso 'groupies' valorizam o acesso aos ‘bastidores’ das
que o restaurador pretende (ou seja, num ambiente adegas e vinhas, às experiências exclusivas de prova
específico, com as perceções sobre o menu, os ingre- e, o mais importante, às pessoas – ‘as estrelas do rock’
dientes, estilo de cozinha e técnicas). Malditos sejam, por trás dos rótulos. Vejamos os irmãos António
os críticos de restaurantes chegam até a empurrar o Luís Cerdeira e Maria João Cerdeira, da Quinta
jantar com vinho… de Soalheiro que, na sequência de uma prova ‘por
Por isso, tendo em vista mentes desanuviadas e medida’, ofereceram um longo almoço com os seus
fígados saudáveis, cuspir é obrigatório quando se trata próprios produtos e vinhos. Tal como adolescentes,
de interação profissional com o vinho. De que outra o meu grupo (em grande parte reformados) vaiava
forma poderia alguém navegar por entre provas, pro- quando regressávamos do Soalheiro à Galiza para
gramas intensivos de visitas a produtores ou painéis continuar a provar Albarinos. Aplaudindo ruidadosa-
em concursos, quando facilmente se podem provar mente aquando do nosso retorno a Portugal, o mar-
até 100 vinhos por dia? Isso explica a razão por que cador assinalou Portugal um, Espanha zero.
Debra Meiburg MW
Debra Meiburg é uma californiana radicada há mais de 25 anos em Hong Kong. “Master of Wine”, autora de vários livros, é considerada a mais
influente líder de opinião sobre vinhos na China. Tornou-se presidente do Comité de Educação do Instituto de Masters of Wine em 2017.
Moldar o mercado
Nenhuma marca de vinho pode ser tudo para todas as pessoas, especialmente
quando se trata de mercados internacionais. A chave para personalizar a mensagem é
conhecer o mercado-alvo.
A
s crianças são ensinadas a não avaliar Jovens e divertidos
um livro pela capa. Por outras pala-
vras, uma história - ou pessoa, cidade O segmento de entrada em Hong Kong é formado
ou mercado de vinhos - é mais do que principalmente pela geração millennial. Os millen-
se lê na primeira página. Vamos um nials de Hong Kong, tal como as suas contrapartes
pouco mais a fundo e as personagens revelam-se, o geracionais em outros países, estão interessados em
guião dá voltas e reviravoltas. todas as coisas novas e da moda – nem sequer ava-
O mesmo pode ser dito sobre escrever um best- liam, a menos que seja ‘Insta-digno’. Este grupo tem
-seller – é preciso compreender o público, para que uma exposição considerável aos vinhos australianos
se possam atrair leitores com uma história que ressoe e franceses, mas quase nenhuma iniciação aos vinhos
junto deles. O CEO e enólogo da DFJ Vinhos, José portugueses. O diretor comercial da DFJ Vinhos,
Neiva Correia, afirmou: “Vender vinho é como vender Luís Gouveia, acredita que Portugal carece de uma
sonhos; temos que contar a história certa ao cliente imagem de marca na área da Grande China.
certo”. Em 2013, a sua empresa preparava-se para se As viagens e o turismo são os iscos que irão
reposicionar no mercado de vinhos chinês. Aquele engodar este segmento. Os residentes de Hong Kong
comentário reconhece que nenhuma marca de vinho são viajantes ávidos e Portugal, sendo relativamente
pode ser tudo para todas as pessoas, especialmente desconhecido pelos habitantes de Hong Kong, pode
quando se trata de mercados internacionais. A chave oferecer uma experiência de destino emocionante
para personalizar a mensagem é conhecer o merca- através dos seus vinhos de férias frescos e vibrantes.
do-alvo. Portugal ainda não emergiu como destino de férias de
Fatores demográficos, como a idade e o género, são luxo em Hong Kong. A maioria dos seus habitantes
ferramentas de segmentação úteis, mas indicadores ficaria surpreendida ao constatar que Portugal está
como rendimento, profissão e comportamento do consistentemente classificado entre os 15 principais
comprador são indiscutivelmente mais importantes. destinos turísticos mundiais, conforme o Fórum
Em Hong Kong, o mercado de vinhos tem quatro Económico Mundial. O ângulo do estilo de vida, a afi-
segmentos principais e não há remédios milagrosos nidade com os produtos do mar e a longa presença
quanto ao planeamento da abordagem e posiciona- de Portugal em Macau oferecem excelentes oportu-
mento a seguir. nidades a explorar.
Debra Meiburg MW
Jamie Goode
‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International
Wine Challenge. Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e, muito em breve, também na brasileira Gula.
Provas de vinho
em tempos de corona
As provas de vinhos físicas foram retomadas. Tem sido interessante ver como os
organizadores responderam aos desafios de tornar esses eventos seguros.
C
omo aconteceu a tantas outras pessoas, Retoma lenta
a minha vida profissional mudou drama-
ticamente nos últimos seis meses. Antes, O primeiro evento de vinhos em que participei após
envolvia viagens frequentes e, depois, o confinamento foi, na verdade, um festival interna-
de regresso a Londres, uma agenda cional. Foi a décima sétima edição do Gerard Bertrand
preenchida de provas. Era também incrivelmente Jazz Festival, realizado no Château L'Hospitalet em
social. Isso, é claro, mudou: agora as viagens estão La Clape, Languedoc. Pude provar alguns vinhos,
preenchidas com restrições de quarentena e já não mas cara a cara com os produtores. O resto do fim de
há muitos quem organize eventos, substituídos que semana envolveu jantares e espetáculos. Em resposta
foram por provas via Zoom, Teams e Instagram Live. à Covid, os jantares não foram em regime de bufete,
O negócio do vinho depende das provas. Os produ- como nos anos anteriores, mas com serviço à mesa.
tores e agentes querem que os vinhos que produzem E nos concertos estávamos todos de máscara. Foi
ou representam sejam avaliados por jornalistas e muito estranho entrar novamente num avião, mesmo
adquiridos por retalhistas e restaurantes. A maneira que para um pequeno salto ao sul da França. Mas foi
mais simples de fazê-lo é promover grandes provas muito importante ver as vinhas e provar os vinhos no
nas principais cidades. Por exemplo, um importador local.
pode fazer uma prova de todos os vinhos do seu catá- No Reino Unido, a primeira prova de vinhos da
logo. Ou uma entidade genérica como a ViniPortugal qual participei foi realizada pela Majestic Wine,
pode realizar uma prova anual de vinhos portugueses um retalhista nacional que vende vinhos de preços
em Londres. Até à Covid-19, o calendário de provas médios a altos em diversos armazéns e lojas. Isso foi
de Londres era movimentado e em qualquer lado de em julho e os promotores foram devidamente caute-
Londres haveria uma prova na maioria dos dias da losos, tendo apenas dois provadores na sala em simul-
semana. Tudo isso parou repentinamente em março. tâneo, na sua sede, onde poderiam controlar o acesso
Recentemente, porém, as provas físicas foram e instituir um sistema unilateral. Na verdade, é muito
retomadas. Tem sido interessante ver como os orga- bom provar num ambiente assim porque é silencioso
nizadores responderam aos desafios de tornar esses e o nível de concentração é maior. Disponibilizaram
eventos seguros para todos e, portanto, viáveis. meios de transporte de e para o local do evento, já
Jamie Goode
Na verdade, é muito
bom provar num
ambiente com apenas
que os transportes públicos dois provadores na sala ligeiramente diferentes. O Tesco
eram desencorajados para é a maior rede de supermer-
todos, exceto os trabalhadores
em simultâneo, porque cados do Reino Unido e realizou
essenciais. é silencioso e o nível de a sua prova para a imprensa
Em agosto, fiz uma segunda com aquela que terá sido talvez
concentração é maior.
viagem, desta feita para a a abordagem mais impressio-
Alemanha. Foi a prova VDP nante para a segurança Covid
Grosses Gewächs em Wiesbaden. O VDP é uma orga- que já vi. Eram mais de 100 vinhos, mas como pro-
nização privada que reúne muitos dos principais pro- vadores não precisávamos de nos mover ou tocar nas
dutores germânicos e a sua prova anual é um ponto garrafas. Em vez disso, tínhamos um porta-copos que
alto do calendário. Realizada durante três dias em ocupava seis copos em posições numeradas e indi-
agosto, foi brilhantemente organizada e foram postas cava quais os vinhos do ‘line-up’ que queríamos em
em prática várias medidas especiais para torná-lo cada um, através de um post-it numerado de 1 a 6.
seguro. Cada provador sentou-se na sua mesa, distan- Estes eram servidos pela equipa e todos provaram
ciado de todos os outros. Os vinhos foram servidos na nossa própria ‘estação’, distanciada de todas as
à mesa por funcionários de luvas e máscara. Havia outras. Se alguém se movimentasse, havia setas no
um sistema unilateral em operação para que nin- chão indicando a direção a seguir. Também nesse dia,
guém ultrapassasse ninguém caso tivesse que entrar a The Wine Society realizou a sua prova anual, com
ou sair. Nos momentos em que nós, provadores, não 80 vinhos, que teve lugar numa sala razoavelmente
estávamos nas nossas ‘estações’ de prova, tínhamos grande em Pall Mall 67 e os provadores tiveram inter-
também que usar máscara. Houve alguns eventos valos de duas horas, com quatro provadores de cada
noturnos, mas foram realizados ao ar livre e o distan- vez.
ciamento social foi incentivado. As provas internacionais foram quase todas cance-
E agora, em setembro, a temporada de provas em ladas: a última vítima foi o Douro Primeira Prova, que
Londres começou de novo, embora provisoriamente. estava prevista para outubro. Em vez disso, os jorna-
Todos os organizadores têm feito um grande esforço listas de vinho fazem muitas provas via Zoom, junta-
para tornar as coisas seguras, principalmente res- mente com produtores de outros países. Funcionam
tringindo o número e estimulando o distanciamento muito bem quando a tecnologia é boa. A maioria
social. Há duas semanas, participei em Londres na está em casa e recebemos as garrafas ou as amostras
organização de uma masterclass para vinhos da cuidadosamente preparadas em garrafas pequenas:
Borgonha, que envolveu três provas comentadas inovou-se bastante na preparação de amostras de
sobre diferentes temas, para um grupo de 30 som- menores quantidades, mas mantendo os vinhos
meliers e comerciantes de vinhos. Todos estavam em boas condições. Mas, recentemente, a Penfolds
sentados à mesa, distantes dos outros provadores, e realizou uma prova dos seus melhores vinhos com
tinham que usar máscaras quando não estavam nas pequenos grupos de provadores no Pall Mall 67, com
suas mesas. Estávamos todos um pouco nervosos o enólogo-chefe Peter Gago, vindo da Austrália para
por nos aproximarmos demais e, no almoço, foram falar sobre os vinhos.
entregues refeições individuais que os participantes É um novo normal, mas o mundo do vinho está a
comeram nas suas mesas. Funcionou bem e todos se adaptar-se. Pessoalmente, mal posso esperar que as
sentiram confortáveis e seguros. viagens internacionais retomem e possa visitar as
Mais recentemente fiz duas provas num único vinhas. Portugal está no topo da minha lista.
dia, nas quais os organizadores tomaram direções
José João Santos, diretor de conteúdos da EV-Essência do Vinho, tem a paixão da escrita,
da reportagem, da formação e da prova. É ainda autor do podcast "Vinho, Palavra a Palavra".
Os grandes brancos
de 2019
Pela geografia, variações climáticas de terroirs e potencial genético de castas
autóctones, Portugal reúne um assinalável conjunto de variáveis que lhe permitirá
afirmar-se igualmente enquanto produtor de vinhos brancos de grande qualidade,
podendo os 2019 demonstrá-lo inequivocamente.
O
ano de 2019 foi particularmente bon- discurso titubeante no momento da apresentação de
doso para os vinhos brancos portu- um vinho branco português perante uma audiência
gueses. À medida que os provo é difícil internacional. Muitos obrigam a uma explicação
não lhes enaltecer a frescura, o equi- acrescida, na medida em que é ilusório pensarmos
líbrio e a profundidade generalizada que seremos reconhecidos pelos Chardonnay ou
que apresentam, sem diferenças abissais por entre Sauvignon que elaborarmos. Precisamos trazer essas
as regiões. Nos próximos meses haverá certamente audiências à geografia portuguesa, presencial ou
oportunidade de conhecer muitos mais vinhos dessa mentalmente, explicar-lhes a linha atlântica de fazer
vindima, provavelmente com graus superiores de inveja que possuímos, as vinhas plantadas em locais
complexidade, o que me leva a arriscar um vaticínio – demenciais em ilhas que estão no meio do oceano,
2019 poderá afirmar-se como o grande ano de vinhos as vinhas de montanha do interior, sem esquecer as
brancos portugueses da última década. cepas velhas e os vinhos de colheitas antigas que resis-
Os vinhos nacionais têm evoluído bastante, ainda tiram a tudo e que hoje glorificamos. Esqueçamos as
que nem sempre à velocidade que desejaríamos castas que o mundo sabe de cor e centremo-nos nessa
porque, na loucura da voracidade do nosso tempo, geografia e no exotismo de nomes quase impronun-
queremos que tudo aconteça depressa, bem depressa ciáveis – algum americano pronuncia com rigor o
e bem. Se há muito Portugal é reconhecido por ela- nome das castas gregas, cujos vinhos brancos tanto
borar dos melhores fortificados do mundo, desde têm dado que falar?
meados de 90 tem convencido crítica e consumidores Pela geografia, pelas variações climáticas de ter-
internacionais sobre a qualidade dos tintos, capazes roirs e pelo potencial genético de castas autóctones,
de ombrear com qualquer outro exemplar dessa tipo- Portugal reúne um assinalável conjunto de variáveis
logia, de qualquer outro lugar. Mas, a grande (r)evo- que lhe permitirá afirmar-se igualmente enquanto
lução a que assistimos nos últimos anos é no elevar produtor de vinhos brancos de grande qualidade,
dos vinhos brancos. podendo os 2019 ser um relevante cartão de visita
Deixou de fazer sentido ir de cabeça baixa ou que o demonstra inequivocamente.
Os vinhos brancos
não podem perder o
ADN simplesmente em
nome de uma tendência
mundial de consumo,
muito menos pela busca
de conceitos tantas vezes
Acidez, sal e pimenta apurada nos brancos – na adega.
baralhados como acidez,
Que um vinho tranquilo aço-
Por estes tempos, quando mineralidade, salinidade. riano, madeirense, de Lisboa, da
falamos de um vinho branco, Bairrada, de Setúbal, da Costa
um descritor salta para a dianteira – acidez. Se um Vicentina ou do Algarve possua notas salinas evi-
produtor da Borgonha a tenta controlar e até baixar dentes de maresia, nada contra; que um vinho do
ao mínimo indispensável, dado que os solos e o clima Douro, de Trás-os-Montes, da Beira, do Tejo ou do
aportam uma acidez natural elevada, regiões bem interior alentejano também, sim, posso ter os meus
mais quentes procuram-na como alguém sedento no fundamentos para o estranhar. Que um vinho de
deserto. uma casta profundamente aromática passe a uma
Cada casta produz naturalmente vários ácidos, matriz de absoluta neutralidade, sim, pode levar-me
sendo o ácido tartárico e o ácido málico os principais. a duvidar, mesmo que o argumento seja o da apanha
Os vinhos (brancos e tintos) de climas mais frios e de mais precoce da uva para evitar aromas mais expres-
solos de matriz calcária ou granítica têm tendência sivos que surgem com a maturação.
para serem mais acídulos. A acidez poder ser medida Os vinhos brancos não podem perder o ADN
em pH e, no caso do vinho, habitualmente esse pH simplesmente em nome de uma tendência mundial
varia entre 3 e 4. Regra geral, quanto mais baixo for o de consumo, muito menos pela busca de conceitos
pH maior será a acidez; no oposto, quanto mais alto tantas vezes baralhados como acidez, mineralidade,
for o pH mais rápida será a evolução oxidativa de um salinidade. Nada contra a vinificação em cubas ovais
vinho. de cimento, de argila ou outro material, aplaudo o uso
Ao provarmos um vinho, se ficarmos a salivar bas- ponderado de madeira, o resgate de barricas usadas
tante é sinal que a acidez será elevada. Se verificarmos e a aposta em barricas de maior dimensão, que mar-
que existem pequenas partículas que se assemelham quem menos o vinho. Elogio a aposta em tonéis e em
a cristais na base da garrafa ou na parte de baixo da foudres para vinificar brancos, mas parece-me que
rolha de cortiça de um vinho que esteve no frigorí- merece ser questionada a neutralidade, por vezes até a
fico durante várias horas ou mesmo dias, sim, é muito aniquilação do perfil natural de castas. Um Alvarinho
provável que a acidez desse vinho seja alta. Pelo con- de Monção e Melgaço terá necessariamente de ser
trário, um vinho com uma acidez menos pronunciada diferente de um Alvarinho do Alentejo, um Arinto de
será mais redondo e mais sedoso. Bucelas terá que ser obrigatoriamente diferente de
Dependendo do vinho que é pretendido elabo- um Arinto dos Açores, o Maria Gomes da Bairrada
rar-se, na adega há alguns pozinhos e técnicas que terá um perfil distinto do Fernão Pires do Tejo.
permitem suavizar ou incrementar a acidez. A fer- Na perceção dessas diferenças estará a mais-valia
mentação malotática, por exemplo, consiste em trans- dos vinhos brancos portugueses no mundo e até
formar os ácidos málicos (mais ácidos e severos) em mesmo inter-regiões. O sentido de lugar, a geografia,
láticos (mais suaves), fazendo com que o vinho fique o microclima, o solo e o subsolo estão em cada pé de
menos agressivo, por ação do dióxido de carbono. Já o vinha, não devem ser definidos pelo departamento
acrescento de ácido tartárico irá aumentar artificial- comercial ou pelo enólogo. Os grandes vinhos brancos
mente o perfil de acidez natural de um vinho. do mundo são os que reconhecidamente mostram
A acidez é das peças fundamentais que permite a origem, os que não a mascaram. No momento em
aos vinhos evoluírem bem, mas não deve ser nem que se procura a expressão absoluta de um terroir, a
endeusada nem destratada. Não queremos que um expressão de uma casta numa micro-parcela de vinha,
vinho seja monótono ou monocórdico, tal como não não faz lá muito sentido artificializar vinhos, trans-
nos motivará um vinho apenas ácido e fresco, inócuo formando-os naquilo que não o são. Se quiser ter
em aromas e sabores. Equilíbrio é sempre a palavra- num copo um líquido incolor, praticamente inodoro,
-chave de um vinho. estupidamente salgado e de final apimentado não
É esse o alerta que me parece prioritário nesta fase, peço um vinho (encho um copo com água, junto-lhe
em que os conhecimentos e técnicas de viticultura umas pedras de sal e uns pós de pimenta, “et voilà!”).
são incomparavelmente mais sólidos e em que a eno- E, pessoalmente, sou dos que gostam de muita acidez
logia finalmente domina a vinificação – sempre mais e picante, imaginem se não o fosse…
HERDADE DO ROCIM
INDÍGENA 2018
Alentejo / Tinto / Herdade do
Rocim
DESCONTO
casta. Mostra estrutura, concentração
e acidez, num conjunto fresco e
energético que lhe permitirão uma boa
NA COMPRA, INTRODUZA O CÓDIGO
evolução em garrafa. PROMOCIONAL:
#VINHOFORADACAPAREVISTADEVINHOS
PROFILE
Aníbal
Coutinho Acabado de chegar aos escaparates, o Guia Popular de Vinhos 2021 de Aníbal Coutinho (com Neil
Pendock) assenta novo tijolo numa das mais profícuas carreiras no mundo nacional do vinho. Este
engenheiro civil, formado pelo Instituto Superior Técnico, rumou ao Instituto Superior de Agronomia,
onde se especializou em Viticultura e Enologia, dado o gosto pelo vinho.
Jornalista, crítico, formador, blogger, produtor de vinhos, júri de concursos nacionais e internacionais,
membro do Coro Gulbenkian, em Aníbal Coutinho cabem várias dimensões, um verdadeiro ‘one man
show’ que procura sempre mais, e melhor, para o universo do vinho português.
Algarvio de gema, foi dos primeiros especialistas a segmentar os vinhos nacionais, não por divisões
administrativas, mas por terroirs. E, com os vinhos Escondido e Astronauta vai, lentamente, de forma
discreta, construindo um sólido portefólio.
Para a Mesa
Para a
30 · Revista de Vinhos ⁄ 371 · outubro 2020
Mesa @revistadevinhos
DOURO &+ PORTO
Memória Futuro
ESCOLHAS DO MÊS
Para a Cave
Para a
32 · Revista de Vinhos ⁄ 371 · outubro 2020
Cave @revistadevinhos
ESCOLHAS DO MÊS
18 18 18 18 17,5
Herdade dos Grous Passadouro Reserva Passadouro Touriga Quinta de Saes Colecção Privada
Moon Harvested 2017 Franca 2017 Estágio Prolongado Domingos Soares
2018 Douro / Tinto / Quinta Douro / Tinto / Quinta Reserva 2015 Franco Riesling
Regional Alentejano /
do Passadouro do Passadouro Dão / Tinto / Quinta da 2019
Tinto / Monte do Trevo 40,70€ / 16ºC 21,80€ / 16ºC Pellada IVV / Branco / José
— — 20,90€ / 16ºC Maria da Fonseca
24,90€ / 16ºC
— Granada. Nariz rico e Violáceo. O nariz é rico — 9,90€ / 11ºC
atrativo, fruto vermelho e profundo, com fruto Rubi. Nariz delicado e —
Concentrado. O aroma é
muito fresco, bergamota vermelho fresco, de grande elegante, notas de frutos
profundo e intenso, em que Amarelo. Nariz bonito
cítrica, balsâmicos qualidade, toque floral, silvestres a surgirem a par
as notas de fruta preta e e perfumado, citrinos,
mentolados e tostados chocolate. Na prova de das notas de sub-coberto,
bagas azuis casam com a pêssego, maçã verde,
de qualidade. Na boca é boca é sumptuoso, bom pinheiro, algum musgo e
especiaria e a componente nuance floral. Seco, bom
amplo, comprido, mostra volume, tanino macio mas cogumelo seco. Na boca, a
mentolada, tudo muito volume de boca, notas
bom volume e acidez duradouro, sabor dominado mesma linha de delicadeza
fresco, a que se junta de maçã, boa acidez e
equilibrada, taninos finos e pelo perfil silvestre, apesar dos taninos vivos,
a perceção da madeira mineralidade salivante, final
aveludados, bebe-se já com persistente e sedutor. MB boa acidez. equilibrado e
criteriosa, e chocolate. Seco glicerinado, fresco e longo.
muito agrado. comprido. Termina com
e ainda austero na boca, MB
equilibrado pela boa acidez frescura.
e textura. Termina longo, b b
frutado e com especiaria A escolha de res A escolha de
Nuno Guedes Vaz Pi Marc Barros
final. Belo vinho! MB
Altamente Recomendados
Vinhos de patamar de qualidade muito boa e excelente, com plena garantia de deixar
de sorriso rasgado qualquer felizardo que tenha oportunidade de os degustar.
Explicit 2018 La Rosa Reserva Quinta do Cume Terra a Terra Veuve Clicquot
Regional Alentejano 2019 Vinhas Velhas 2016 Reserva 2016 Carte Jaune Yellow
/ Branco / Sociedade Douro / Branco / Quinta Douro / Tinto / Quinta Douro / Tinto / Quanta Label Brut
Agrícola Jorge Rosa da Rosa Vinhos do Cume Terra Champagne / Champagne
Santos e Filhos
12,50€ / 11ºC 32,00€ / 16ºC 11,29€ / 16ºC / Veuve Clicquot
15,00€ / 11ºC — — — 49,90€ / 8ºC
— Amarelo. Nariz muito Rubi vivo. Aroma Rubi violáceo. Sugestões —
Amarelo limão. Nariz fino delicado e complexo, concentrado mas fresco, aromáticas a fruta Dourado, bolha fina,
de flor de árvore, raspa aromas florais e fruta fruto vermelho maduro, preta, cacau, esteva, elegante e regular. Notas
de lima, maçã, fermento elegante, apontamento bagas pretas, notas flores violáceas e leve evidentes de pastelaria,
de pão, algum fumado. A tostado e toque mineral. balsâmicas, baunilha e apimentado. No ataque de fruto de caroço, pêra, floral.
nota de barrica surge mais Seco, excelente volume especiarias. Na boca é boca é suave e elegante, Na boca mostra-se seco,
evidente na boca, tem e acidez, um branco de seco, reforça a componente mostra equilíbrio, médio mousse delicada, texturada,
muito boa untuosidade, grande categoria, que especiada, boa estrutura, corpo, boa acidez, taninos boa efervescência, mineral.
volume preciso, acidez bem poderá dar gratas surpresas tanino em integração, maduros, integrados e Termina longo e sedutor.
conseguida, ligeiro salino. O dentro de uns anos e acidez alta e competente pujantes. Final persistente. MB
final é amplo, persistente e seguramente grande prazer no equilíbrio de um
bastante gastronómico. desde já. conjunto muito apelativo
b b e gastronómico, que irá b
A escolha de A escolha de A escolha de
evoluir por uns bons anos
em garrafa. MB
José João Santos Manuel Morei ra Luís Costa
17 17 17 17 16,5
Boas Compras
Prazer garantido a bom preço, já que um bom vinho também pode ser amigo da carteira.
A facilidade de resgate em prateleira também é uma chave desta seleção.
Fresh From La Rosa 2019 Quinta do Espírito Terras de Santo Perspectiva 2017
Amphora 2019 Douro / Branco / Quinta Santo Reserva 2016 António Encruzado Douro / Tinto / Santos
Regional Alentejano / da Rosa Vinhos Regional Lisboa / Tinto / 2019 & Seixo
Branco / Rocim 8,50€ / 11ºC Casa Santos Lima Dão / Branco / Sociedade 3,95€ / 16ºC
8,50€ / 11ºC — 7,99€ / 16ºC Agrícola da Quinta de —
— Amarelo. Boa fruta no nariz, — Santo António Rubi de bom porte. Aroma
Amarelo esverdeado. Nariz delicada e fresca, sem Rubi médio. Aroma cheio, 8,50€ / 11ºC sugestivo pela elegância da
algo austero, fresco, notas excessos, apontamento fruta madura, notas a fruta, mentolado e algum
—
de pêssego, maçã, fruto floral, ligeira nota tostada. chocolate e torrefação vegetal seco. Especiaria
Bom volume de boca, Amarelo palha. Flor subtil. Na boca mostra-se
cristalizado, especiaria. Na de barrica. Algo de herbal delicada, limão, raspa
boca é seco, acidez mineral untuoso e frutado, final a envolver a boa fruta. fresco, afinado, taninos
bem prolongado, fresco e de lima, toranja, pedra polidos, acomodados no
e sápida, bom volume e Bom porte na boca, corpo molhada, ligeiro
estrutura. Conjunto limpo saboroso. NGVP médio/alto, taninos largos corpo médio, estrutura
apimentado. Acidez mais fundida, pronto dar
e fresco, final médio, e suculentos. Final fresco, vincada, frescura geral,
gastronómico. MB persistência com agradável prazer. Muito bem feito e
volume preciso. O final é claramente gastronómico.
complexidade. Um pouco estendido e persistente,
consensual mas muito bem MM
acentuando o perfil
feito. MM granítico que demonstra
durante toda a prova. Para
levar à mesa ou guardar um
par de anos. JJS
Dicas
Não sendo uma casta que transmita potência,
a Touriga Nacional ‘deixa-se’ ser trabalhada
de diversas formas: por um lado, mantendo
o perfil aromático típico, delicado e floral,
1.
que pode ir além da violeta. Quem pretenda
acrescentar tanino e dimensão à casta,
encontra na utilização da madeira, com
diferentes anos e níveis de porosidade e de
tosta, parceiro dócil e competente.
Touriga,
casta. Apesar da sua ampla adaptabilidade,
as Tourigas não são todas iguais. No Douro,
mais tanino, concentração e fruta; no Dão,
a portuguesa
2.
elegância, finura e aromas do bosque; no
Alentejo, maciez no corpo e bom volume de
boca; em Setúbal, frutos vermelhos e pretos,
compota, tanino macio. E já a vemos plantada
por esse mundo fora.
A mais representativa das castas portuguesas, que hasteia bem alto a valia das castas do
país nos mercados internacionais, diz-se oriunda do norte de Portugal, nomeadamente do
Dão, onde teria a designação Preto Mortágua ou Tourigo. Do Dão, onde é responsável pela Em Bordéus, é casta autorizada, sendo que o
produção de vinhos de imensa finura e elegância, e do Douro, que se encarrega de fazer
ciclo de maturação tardia da Touriga Nacional
indica uma exposição reduzida às geadas da
valer os seus taninos delicados, a casta passou rapidamente a ter representatividade nacional,
primavera e às maturações do verão, quando as
fazendo jus ao seu nome.
temperaturas mais altas podem afetar o sabor
3.
Conta hoje com 13.000 hectares, ou seja, 7% do encepamento total, sendo a terceira casta
e a qualidade do tanino e elevar os níveis de
mais plantada do país, ombro a ombro com a Touriga Franca. Mas já é possível encontrá-la
álcool. Na África do Sul, integra os lotes de Port
dispersa pelo (velho e novo) mundo vitícola.
Wine Style; na Austrália, dá origem a vários
Sendo uma casta de maturação tardia, é das últimas a ser vindimada. Com boa produtivi- monovarietais. Espanha, Califórnia e Brasil
dade na vinha e regular de ano para ano, adapta-se a todos os tipos de solo, pedindo apenas são outros locais onde pode ser encontrada.
muitas horas de sol e disponibilidade hídrica. Mesmo assim, garante bons níveis de acidez e
frescura, percetível aromaticamente pelos seus tons florais característicos, mas também pelas
notas de frutos silvestres e até herbáceas, de cor e complexidade inusitadas. As possíveis sugestões de prova da casta em
4.
Como casta rainha, origina vinhos de enorme qualidade, a solo ou em lote, oferece exce- diversas modalidades (tintos, espumantes,
lente potencial de envelhecimento, em madeira (onde mostra a sua personalidade forte e rosés) são infindas. Um bom exemplo são os
acrescenta tanino) e na garrafa. É, naturalmente, uma variedade que transporta os vinhos vinhos constantes na prova temática que pode
portugueses pelo mundo fora, confere notoriedade e qualidade garantida. Mereceria ser consultar mais à frente nesta edição. Boas
“portuguesa” na designação? provas!
Taninos e adstringência
Os taninos permitem que os bons vinhos envelheçam, por vezes, ao longo de décadas.
O copo na medida certa aproxima-se da boca. Já antes lhe apre- devido ao menor contacto com as películas. Contudo, o surgimento dos
ciámos a generosidade rubi e o nariz fez-nos sorrir ao identificar aqueles vinhos brancos submetidos a maceração pelicular irá provocar a mesma
frutos de cores vermelhas, pretas e azuis. Ao prová-lo, a boca e a gar- sensação de adstringência.
ganta ficam secas de repente, as gengivas e a língua contraem-se, o Haverá mais taninos nos vinhos concebidos para durarem mais tempo
instinto faz-nos de imediato rodar a língua pelas laterais da boca, em do que nos vinhos pensados para o consumo imediato. Como conser-
reação aos taninos do vinho. Sim, é a adstringência a manifestar-se. Mas vantes, os taninos permitem que os bons vinhos envelheçam, por vezes,
o que é a adstringência? E os taninos? Qual a origem? Servem para quê? ao longo de décadas. Com o passar do tempo, os taninos amaciam e a
Qual a razão desta sensação acontecer só quando se bebe vinho tinto textura do vinho também. Os taninos são relevantes na constituição do
e não com brancos? vinho, importantes na estrutura, a quantidade e a forma influenciam a
Os taninos são parte de um conjunto de compostos chamados fenó- textura e o modo como os sentimos na boca.
licos. A película do bago é muito rica nesses compostos. Os taninos O tanino manifesta-se através de uma sensação tátil, a adstringência.
existem, também, no engaço e numa fina película que reveste as gra- Ao combinar e ao coagular com as proteínas da saliva, perde as suas
inhas. A quantidade em taninos difere de casta para casta. Umas têm propriedades lubrificantes. Surge aquela impressão de secura e rugosi-
mais que outras. Difere também se a uva estiver mais ou menos madura. dade, em vez da humidade natural quando passamos a língua no palato,
Ao beber um vinho tinto sentimos os taninos, por ser vinificado com nas gengivas, nos dentes e nos lábios. Dá lugar a algo como uma resis-
as películas das uvas, das quais se extraem, então, estes compostos tência, um atrito, como se a língua se tivesse tornado encortiçada, como
durante a fermentação e através das operações de maceração. Da se a boca estivesse ressequida e contraída, a língua e as gengivas já não
madeira também se extraem taninos, ao longo do estágio, nas barricas se tocam suavemente. É isto a adstringência.
novas de carvalho. Os vinhos brancos são mais pobres em taninos Resumindo, os taninos são o ingrediente e a adstringência a sensação.
250 ha.
(restrição previamente estabelecida)
Douro, acima dos 4,3 ha. concedidos Beira Interior com 100% aprovados
60 ha. 54 ha.
(Lisboa teve o maior número de
candidaturas aprovadas).
Candidatou e recebeu
Companhia das
Lezírias
Fundada em 1836, no reinado
de D. Maria II, é uma das
maiores manchas agrícolas
nacionais. Conta hoje com
um moderno espaço dedicado
ao enoturismo, onde é pos-
sível realizar provas de vinhos
comentadas pelos enólogos,
vindimas e pisa a pé dos vinhos.
Estão também disponíveis
bungalows em madeira (com
piscina exterior) em plena
Zona de Proteção Especial do
Quinta do Casal Branco Estuário do Tejo.
Bovino
Steakhouse
Tal como o nome sugere, aqui podemos encontrar pratos de
carnes maturadas com diferentes cortes e pesos, como é o caso
dos bifes do lombo, de alcatra e ribeye. A decoração é cuidada
e o ambiente fantástico. Antes de chegarmos à sala de jantar
ou ao terraço, uma paragem no bar é obrigatória, recebeu o
prémio em 2018, do melhor bar de restaurante no Drinks Diary
Bar Awards, aqui podemos experimentar uma série de cock-
tails clássicos e originais, e ver e ouvir o mixologista de ser-
viço. Nos vinhos o serviço é exemplar, a cargo do Sommelier
Miguel Martins, com a atenção e dedicação do gerente do
Bovino, Pasquale Manganiello. Grande seleção de vinhos dispo-
nibilizados a copo, 61, entre espumantes, champanhes, brancos,
tintos, generosos e doces, onde podemos provar, por exemplo,
um Principal Grande Reserva 2011 ou um Château Lynch Bages
2011 (Coravin 125 ml). A carta de vinhos, bem estruturada e
criteriosa, apresenta cerca de 300 referências listadas, divididas
por país, regiões e tipos. Podemos encontrar uma seleção muito
interessante de champanhes e generosos, os tintos e brancos são
maioritariamente portugueses, mas marcam presença vinhos de
cozinha
França, Itália, Espanha, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia,
Lagosta ao vapor ou grelhada, bife tártaro de lombo Angus, hambúrguer de bovino
EUA, Chile, Argentina e África do Sul. Grandes nomes do vinho
com queijo, costela de vitela da Argentina, ribeye, alcatra, New York strip, prime ribe.
estão presentes, desde Niepoort, Mouchão, Ferreirinha, José
Maria da Fonseca, até aos não menos famosos Concha y Toro,
Fritz Haag, Villa Maria, Château d’Yquem, Latour, Mouton e
Petrus. Um restaurante reavaliado pela Revista de Vinhos, que
obteve uma excelente classificação. Parabéns!
classificação 19,8
19 20 20
carta de vinhos copos temperatura
de serviço
20 20 20
qualidade aconselhamento vinho a copo
do serviço de vinhos
A classificação obedece a uma escala de 0 a 20, em que cada item tem um peso específico na média final.
Não incide na componente gastronómica, pretendendo afirmar-se como crítica construtiva, estimulando um cada
vez melhor serviço de vinhos nos restaurantes.
BOVINO STEAKHOUSE
Quinta do Lago, Almancil (virar à direita na rotunda 6), Algarve
T. +351 289 007 863
—
Preço médio/pessoa: 100,00€ (vinho incluído)
Horário: diariamente, das 18h30 às 24h (a cozinha fecha às 22h e o bar às 24h).
Não encerra.
@revistadevinhos
VINDIMA 2020
Singularidade e qualidade
na vindima de 2020
Este ano ficará para sempre marcado
pela pandemia, que colocou dificuldades
inauditas ao setor, extensível aos
trabalhos na vinha e, por maioria de
razão, na vindima. Junte-se um ano difícil
do ponto de vista climático. Porém, os
dados recolhidos pela Revista de Vinhos
apontam para um ano de excelente
qualidade em várias regiões nacionais,
apesar da quebra de produção.
Os dados avançados pelo Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), no setembro até agora mostra-se muito equilibrada”. Na sub-região de
início de agosto, apontavam para uma ligeira redução da campanha Monção e Melgaço, o crescimento será ainda superior, com as uvas
em relação a 2019/2020, em torno dos 3%, ou seja, um volume total da casta Alvarinho a apresentarem excelente qualidade fitossanitária.
de 6,3 milhões de hectolitros. Afirmava tratar-se de um ano marcado
pela “instabilidade meteorológica observada ao longo do ciclo vegeta- Douro e Porto
tivo”, com o registo de “focos de míldio” que obrigaram a tratamentos
intensivos e cuidados redobrados. No Douro a quebra da produção de vinho cifrava-se nos 20%, cor-
A Revista de Vinhos procurou tomar o pulso à campanha e, sobre- respondendo a uma diminuição de 8% face à média do período
tudo, à qualidade dos vinhos e mostos, num ano marcado por con- 2015/2020, superando o volume de 1,35 milhões de hectolitros.
dições ainda mais difíceis que o habitual, dado o cenário pandémico Recorde-se ainda que o Conselho Interprofissional (CI) do Instituto
provocado pela Covid-19. O citado documento do IVV reportava que dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) estabeleceu o benefício de
as regiões vitivinícolas de Terras de Cister (-35%), Trás-os-Montes 102.000 pipas, de 550 litros cada, (92.000, mais 10.000 de reserva
(-20%), Douro e Porto (-20%), Dão (-20%) e Açores (-15%) seriam qualitativa) de mosto para produção de Vinho do Porto, numa
as principais responsáveis por esta ligeira quebra. Na região da Beira redução de 6.000 pipas face a 2019.
Interior não se antecipavam variações. Nas restantes regiões pre- Segundo Carlos Alves, enólogo de generosos da Sogevinus, o ano foi
viam-se aumentos de produção, destacando-se a região do Minho, “chuvoso até maio, o que possibilitou a reposição natural da água no
com o maior acréscimo em volume (+73 mil hectolitros) e a região do solo para o bom desenvolvimento da videira”. No entanto, “de maio
Algarve, com o maior crescimento percentual (+15%). a setembro, o tempo foi seco e muito quente, o que provocou algum
escaldão nas vinhas e, como consequência, uma quebra de produção”.
Vinhos Verdes Em finais de agosto “tivemos alguma chuva, o que veio acelerar as
maturações e a vindima”. Por isso, “2020 é uma vindima de menor
Na região dos Vinhos Verdes a expetativa era para um aumento na produção quando comparada com 2019”. Ainda a meio da vindima,
produção de 9% relativamente ao ano anterior, mesmo tendo em arriscou-se a dizer que “temos na adega grandes Vinhos do Porto,
conta a forte incidência de focos de míldio, com a produção total a com enorme potencial de envelhecimento”.
ascender a 890 mil hectolitros, 7% acima da média dos últimos cinco Relativamente à performance das castas, a Touriga Franca foi aquela
anos. que registou maior quebra de produção, a rondar os 40%. O enólogo
A uma semana do término da vindima, António Sousa refere que mostra-se “satisfeito com os mostos, pois temos teores de açúcares
a vindima trará “boas produções” e, no que concerne à quantidade na uva elevados, que permitem fermentações mais longas. Por con-
obtida, estará em linha com o ano anterior. Algumas castas, como a seguinte, conseguimos uma maior extração de cor e taninos. Os pri-
Loureiro, assumem um desempenho surpreendente, apresentando meiros mostos e alguns Vinhos do Porto tintos já elaborados apresen-
“níveis de acidez de 6,5 a 7 gr. de acidez e 12% de álcool provável à tam-se opacos na cor e com aromas a fruta bastante madura. Em boca
entrada da adega”. Também as uvas das castas Avesso e Arinto reve- são cheios, com um tanino bem presente e uma acidez alta para anos
lam-se satisfatórias. quentes como este. Os Portos Brancos apresentam aromas muito
O enólogo regista apenas algum “défice de acidez nas uvas mais pre- limpos e frescos”. Até ao momento, as castas que têm evidenciado um
coces, colhidas em agosto e início de setembro”, apresentando-se “um melhor desempenho são a Touriga Nacional, o Tinto Cão e o Sousão,
pouco sobrematuradas”. Já a uva “colhida no período de meados de nas tintas, e Viosinho, Arinto e Malvasia Fina, nas brancas.
Nuno Russo
A segunda edição do Wine and Music Valley, evento que no ano Turismo do Porto e Norte, cujo máximo responsável, Luís Pedro
passado juntou nas margens do Douro mais de 17 mil pessoas, já tem Martins, acredita que poderá ser ainda mais impactante do que já
datas e alguns nomes de cartaz. O evento vai decorrer nos dias 10 e conseguiu ser na sua primeira edição: “Estivemos com este evento
11 de setembro de 2021 e contará com a atuação, já confirmada, de desde a primeira hora e quisemos que fosse algo diferenciador em
Ana Moura, Expensive Soul, João Pedro Pais e Pedro Abrunhosa, relação ao que acontecia em termos de festivais de música. Por
entre outros nomes a anunciar brevemente. estarmos no Douro – no território dos vinhos por excelência –
“Estou imensamente honrado por ter sido convidado para cantar achamos interessante juntar música e vinho. Queríamos que este
neste festival associado ao vinho. E é um prazer fazer parte deste evento ajudasse o território em termos de produção, e a verdade é
evento”, confessou-nos João Pedro Pais logo após o “show case” que a primeira edição superou as nossas melhores expetativas. Mas
que protagonizou na sessão de lançamento da próxima edição do queríamos também que o evento ajudasse, como ajudou, o produto
Wine and Music Valley que juntou imprensa e convidados na Quinta de excelência do território – e todos aqueles que vivem da vinha, do
da Pacheca, defronte da Régua, em terras do concelho de Lamego. vinho e do enoturismo. No ano passado tivemos um evento muito
Aliás, o recinto do festival (que junta num só evento música, vinhos e bem conseguido, mas, infelizmente, a pandemia do novo coronavírus
gastronomia) é contíguo à Quinta da Pacheca, em terrenos da APDL não permitiu que o Wine and Music Valley se realizasse em 2020.
localizados na margem esquerda do Douro – o Porto Comercial de Mas estamos todos juntos para que o festival regresse em 2021 – e
Cambres. seja, uma vez mais, uma das ações mais importantes de promoção
Na sequência do enorme sucesso da anterior edição, em que parti- do sub-destino Douro dentro desta marca que é o destino Porto e
ciparam mais de 80 produtores do Douro e atuaram nomes como Norte”.
Bryan Ferry, Mariza, Carolina Deslandes, Salvador Sobral, Xutos & Em 2021, o festival voltará a ocupar uma área de seis hectares, apre-
Pontapés ou Seu Jorge, o evento de 2021 promete muitas novidades, sentando uma reforçada componente de vinhos e gastronomia.
como nos confidenciou Edgar Gouveia, um dos mentores e organi- Na zona “Chef’s Stage” estarão em ação cozinheiros nacionais,
zadores do evento: “No próximo ano queremos ter muitos mais pro- muitos deles com estrelas Michelin. O público poderá assistir a
dutores de vinho, alargar o Wine and Music Valley a outras regiões momentos gastronómicos ao vivo com “live show-cookings” e
de Portugal e, inclusive, internacionalizar o evento. Para a segunda degustações num palco totalmente dedicado à gastronomia.
edição vamos convidar uma região a estar representada aqui no Quanto ao importante espaço “Wine Village”, promete acolher mais
Douro, mas neste momento ainda não posso revelar qual será. E de uma centena de produtores de vinho do Douro – e também pro-
também estamos a trabalhar para levar o Wine and Music Valley dutores da região convidada, a divulgar oportunamente. Haverá
para fora de Portugal, para regiões vitivinícolas de outros países, ainda uma área de “hospitality” com camarotes para grupos e
designadamente Espanha. Já temos alguns contactos estabelecidos, empresas, com serviço exclusivo e personalizado, e um espaço dedi-
e há mesmo regiões de Espanha, França e Itália que vieram ter con- cado a experiências vínicas e sensoriais, desde provas de vinhos a
nosco depois do sucesso do ano passado”. tratamentos de vinoterapia, ou à possibilidade de experimentar a
O certame vai continuar a ter o apoio determinante e decisivo do pisa de uvas, recriando assim momentos da vindima.
texto Luís Alves / notas de prova Luís Alves e Marc Barros / fotos Ricardo Garrido
Uma Nortada
de ar fresco
“Foi um projeto sacado a ferros”, começa por dizer Pedro Mota, um projeto desta dimensão, temos obrigatoriamente de ter volume.
CEO da Nortada. Não é para menos, sobretudo quando se olha à São três milhões de euros investidos inicialmente, a que se juntaram já
dimensão da cervejeira, do projeto e do investimento ali concretizado, seguramente mais dois milhões de euros em melhorias. Não podemos
no centro do Porto, na Rua de Sá da Bandeira. “A ideia surgiu em 2013, fazer cervejas de nicho”, remata. Com o portefólio base bem assente,
minha e de um sócio que agora já não está connosco. Trabalhávamos em velocidade cruzeiro, as cervejas para públicos restritos podem até
em empresas não ligadas ao setor mas que tinham negócios com cer- surgir e isso já vem acontecendo. “Este ano, por exemplo, estamos a
vejeiras. E vimos ali uma oportunidade”, recorda o empresário que lançar uma cerveja em cada mês. Pequenos lotes experimentais. Se
imaginou uma cervejeira artesanal profissionalizada e com uma visão forem bem recebidas, avançamos para produções maiores”, conta o
de mercado bem definida. O próximo passo foi o desenho do plano cervejeiro que tem como exemplo mais bem-sucedido a “Obrigado”.
de negócio e um posterior “roadshow” para angariar capital. “Foi um Uma cerveja feita em parceria com a Dott, de agradecimento aos pro-
processo que demorou quase dois anos. Fizemos dezenas e dezenas fissionais de saúde que estiveram na linha da frente da pandemia e
de apresentações do projeto a pessoas muito diferentes. Da indústria cujos lucros revertem totalmente para a Cruz Vermelha Portuguesa.
à restauração, passando por áreas totalmente alheias. Portugueses e
estrangeiros. E no final do verão de 2015 tínhamos já 75% do capital A cerveja como o vinho
desejado – cerca de três milhões de euros – que ficaram totalizados
no final desse ano. Depois foi tempo de finalizar o plano de negócios, Pedro Mota vê muitas semelhanças no caminho da cerveja artesanal
levantar o capital, criar uma sociedade anónima com a entrada dos dos últimos anos e o do vinho nos anos 90 e início dos anos 2000.
sócios e arrancar finalmente com o projeto, passando do papel para “Em Portugal, um país de vinho, tínhamos algumas marcas de topo.
um prédio inteiro no Porto”. Com a evolução tecnológica e de conhecimento, passamos a ter cen-
tenas de marcas de topo, com vinhos extraordinários. A cerveja está a
Bairrista mas não tanto fazer esse caminho. A concorrência aumentou, o número de marcas
também, com mais técnica e conquista de mercados”, refere.
A regionalidade da Nortada termina quando o objetivo de ter uma No próximo ano, espera-se da Nortada um caminho um tanto dife-
boa base local está cumprido. “Sabemos que muitas marcas de cerveja rente dos últimos anos. O portefólio fixo e de massas mantêm-se mas a
artesanal, para se estabelecerem, têm uma base sólida associada a uma experimentação vai ter um lugar mais visível. “Queremos fazer crescer
cidade ou a um local. A Nortada é do Porto e é identificada como tal alguns projetos considerados hoje de nicho. Se funcionarem bem,
mas somos também do resto do país”, explica Pedro Mota. “O Porto passam para a nossa linha ‘mainstream’, explica Pedro Mota que vê
tem um bairrismo reconhecido e isso ajuda-nos a criar a marca. Mas a necessidade de formar públicos. A pensar também nisso, e a vários
repare: somos Nortada. E nortada temos de Valença até Sagres, o tão níveis de educação, a Nortada estabeleceu uma parceria com a Escola
tradicional vento fresco que se faz sentir na praia”, sublinha. Superior de Cerveja e Malte, de Santa Catarina, no Brasil. “Temos
A Nortada veio então agitar águas com cinco cervejas iniciais, espe- um colaborador nosso que foi professor lá e percebemos que havia o
cialmente feitas para serem “entradas de estilo”, isto é, são cervejas desejo desta reconhecida escola entrar na Europa. Viram em nós, pela
artesanais, sim, mas acessíveis. Pedro Mota dá o exemplo da IPA da dimensão, um bom parceiro e vamos ter cursos de vários tipos e para
marca, feita para principiantes. “É a nossa segunda cerveja mais ven- públicos diversos, dos mais amadores até aos mestres cervejeiros, com
dida, depois da Lager, e trata-se de uma IPA bebível. Ou seja, uma cer- aulas práticas na fábrica da Nortada”, anuncia Pedro Mota.
veja para quem vem das industriais não sentir um choque brutal. Com
1 2 3 4 5 6 7
salivante. Muito com aptidão de IBU. Final marcado Acompanha bem à
gastronómica. gastronómica. uma vez mais mesa.
6,0% álcool
4,8% álcool pelo café. Pendor 5,2% álcool
8,5% álcool 50 IBU
30 IBU gastronómico. 22 IBU
30 IBU
5,0% álcool
20 IBU
texto José João Santos, Marc Barros / nota de prova Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Ricardo Garrido e Arquivo histórico Sogrape
BARCA-VELHA O zénite da enologia portuguesa
Há quem diga que o Barca-Velha é um vinho caro. Quanto custa um Apesar da importância muito significativa que o lançamento do
Rolls-Royce ou um Aston Martin? Quanto pagamos, afinal, por um Barca-Velha assume na Sogrape, a decisão final cabe sempre aos enó-
grande ícone mundial de Bordéus, da Borgonha ou de Champagne? logos. “Nunca o Luís está pressionado, não é isso que nos move”, diz-
O mercado, sempre o mercado, tratará de estabelecer o preço final -nos Fernando da Cunha Guedes, o presidente da Sogrape. “O que nos
do mais icónico vinho tranquilo português, que representa a con- move e preside e a excelência do vinho”, complementa.
cretização do sonho de uma mente tão inquieta quanto genial – a de O Barca-Velha é uma espécie de cereja no topo do bolo, mas não é
Fernando Nicolau de Almeida. mais importante que outros. O líder da Sogrape lembra tratar-se de
O enólogo criador do Barca-Velha começou a imaginá-lo ainda um vinho nascido a partir da paixão de um enólogo e recorda outro
nos anos 40 do século XX. Há livros que aprofundam o tema, mas o caso de sucesso, nascido de outra paixão. O Mateus, o mais popular
maior segredo enológico, numa altura em que o Douro não só parecia vinho português à escala global, foi curiosamente também pensado
como verdadeiramente estava mais longe e quase inacessível do Porto, nos anos 40 do séc. XX, tal como o Barca-Velha, na altura pelo avô,
esteve na refrigeração. Os blocos de gelo transportados em camiões a Fernando van Zeller Guedes.
partir da Lota de Matosinhos foram a chave que descodificou muitos
dos processos de controlo de fermentação e temperatura das uvas O ritual e a eterna questão
que, naquele tempo, estavam sobretudo pensadas para o Vinho do
Porto. Saber esperar pode ser desesperante, mas no caso do vinho é quase
Há a história e as estórias que se contam a pretexto de um vinho sempre virtuoso. E os grandes vinhos precisam de tempo, mere-
que se afirmou para lá disso, elevando-se ao patamar de mito. Luis cem-no.
Sottomayor, o atual enólogo, relembra a de um fantasma, um padre Estará aí uma das razões pelas quais o Barca-Velha também é espe-
sem cabeça, que um dia terá tentado estrangular o então encarre- cial, na medida em que são cada vez mais raros os vinhos lançados
gado dos armazéns de Vila Nova de Gaia, numa noite de vindimas no após sete, oito ou nove anos sobre a colheita. As 33.766 garrafas da
Douro, na Quinta do Vale Meão, então pertença da Casa Ferreirinha. edição 2011 (um número bastante apreciável para a realidade portu-
Terão sido os vapores do Barca-Velha a criar o dito padre? guesa dos vinhos de qualidade excecional) foram engarrafadas no dia
Três, somente três enólogos são até hoje os criadores do Barca- 6 de maio de 2013, após cerca de 18 meses de estágio em barricas de
Velha: Fernando Nicolau de Almeida, o mentor de um vinho cuja carvalho francês. Ora, se à partida já estaríamos perante um grande
primeira colheita é de 1952 (os livros de registos apontam 17 meias vinho, imagine-se a dimensão alcançada com este tempo de espera. Se
pipas de 225 lts.); José Maria Soares Franco, o continuador do sonho o tivéssemos provado em 2013, o Barca-Velha 2011 já seria um vinho
e que decisivamente o ajudou a afirmar por diferentes edições; e Luis com a monumentalidade de hoje?
Sottomayor, que ainda conheceu o mestre ao entrar na empresa, em O que impressiona igualmente nesta 20ª edição é perceber o
1989, que durante anos trabalhou ao lado de “Zé Maria” e que agora, notável caminho que ainda tem a percorrer. Sim, haverá certamente
aos 57 anos, assina o segundo Barca-Velha de plena responsabilidade mais uma década e meia de evolução tranquila e sem sinais de can-
(depois de participar na elaboração do 2000 e de ter elaborado o saço, o que será dos melhores elogios que um vinho já com nove anos
2008). pode merecer.
O ritual da declaração, garantem-nos, mantém-se. Quando entende
O leão que é a estrela ter chegado o momento, o enólogo do Barca-Velha reúne a adminis-
tração da Sogrape num almoço para anunciar en primeur a existência
Desafiado a explicar o novo Barca-Velha 2011, Luis Sottomayor de uma nova raridade.
estabelece uma curiosa analogia com o rei da selva. “Equiparo o 2011 Um elogio ao Douro, um embaixador do que de melhor os vinhos
a um leão porque é um animal com carácter, personalidade, que sabe portugueses podem demonstrar. Os portugueses, aliás, são dos pri-
o que vale. Respira confiança, personalidade, carácter, é um vinho que meiros a percebê-lo e constituem o principal mercado. Seguem-se os
impõe respeito”, observa. Estados Unidos, o Reino Unido e o Brasil, este último também com
É um ano de exceção, onde tudo pareceu perfeito no Douro. Não só carinho histórico pela marca.
os DOC são memoráveis como também os Porto Vintage 2011 foram Será o Barca-Velha o zénite ou o apogeu da enologia, o sonho vivo
aclamados de pé pela crítica internacional. O inverno mostrou-se que qualquer enólogo gostaria de vivenciar? Quando a Revista de
frio e chuvoso, mas pouco choveu desde o final da primavera até ao Vinhos desafiou os irmãos Fernando Cunha e Manuel Guedes a jun-
início do outono (sendo que nos dias 21 de agosto e 1 de setembro tarem-se a Luis Sottomayor numa barca velha, saindo da Ribeira de
foram contabilizados 35 e 40 mm de pluviosidade, respetivamente). Aguiar para o rio Douro com a Quinta da Leda em fundo, percebemos
O lote do vinho aliou Touriga Franca (45%), Touriga Nacional (35%), que a par da natureza é a confiança e a cumplicidade entre pessoas
Tinto Cão (10%) e Tinta Roriz (10%), uvas da Quinta da Leda, em que ajuda a tornar sonhos promissores em obras maiores.
Almendra, Douro Superior, que desde meados dos anos 80 garantem
a matéria-prima essencial para o vinho.
A parcela de vinha Apeadeiro, debruçada sobre o rio, contribuiu
decisivamente para fazer do 2011 uma edição de colecionador. São CASA FERREIRINHA
5,6 hectares de Touriga Franca, que ali se expressa de forma exemplar, R. Carvalhosa 19 / 4400-032 Vila Nova de Gaia
conjugando notas florais elegantes a uma estrutura à prova de bala. T. 223 746 106 / 07/ 08
“Nunca tive dúvidas sobre a qualidade, a evolução em barrica e o M. 937 850 335 / E. ferreira.visitors@aaferreira.pt
lote final”, garante Luis Sottomayor.
Fernando Nicolau de Almeida ladeado pelos seus colaboradores, no início da década de 90:
Adelino Carvalho, José Maria Soares Franco, Carlos Machado, Manuel Vieira, Luís Sottomayor e António Graça.
BARCA-VELHA
O ALQUIMISTA
A grande inovação que surgiu com o primeiro Barca-Velha –
e todos quantos se seguiram – foi o controlo da fermentação
das uvas, sobretudo no que respeita à temperatura.
Sublinhe-se que, à data, não existiam mecanismos para
controlo de temperatura na fermentação ou estágio, sendo
que, na adega do Vale Meão, foi implementada tecnologia
originária de França, que permitia a remontagem por bomba
em cubas, então em madeira. Quanto à temperatura… Bem, o
transporte de gelo de Matosinhos para o Pocinho assegurava
a fermentação alcoólica nos níveis desejados. Deve ter sido
monumental vislumbrar a edificação dessa ‘geringonça’…
João Nicolau de Almeida recorda os tempos em que o pai,
qual alquimista, trazia para a mesa duas garrafas do mesmo
vinho, a temperaturas diferentes, para obter aquela que
considerava ideal: “Até fazia fumo!”, lembra.
foto Sérgio Ferreira
BARCA-VELHA
20
Barca-Velha 2011
Douro / Tinto / Sogrape Vinhos
O retrato de um grande ano.
Impressiona pela juventude de
aromas, pela frescura aromática,
pela alegria da fruta. Cereja, ameixa,
groselha preta, mina de lápis e cedro.
Tremendo equilíbrio entre taninos e
acidez, estrutura imensa, elegância
absoluta, impressionante capacidade
de guarda que promete. Um vinho
excepcional. O prazer do detalhe,
a sofisticação da alta costura. A
delicadeza e harmonia assentes
num corpo musculado. A frescura
nascida em terra quente. A busca da
excelência. A expressão intensa de
um terroir, de um pedaço de terra, do
trabalho do homem. Eventualmente, a
melhor edição do Barca Velha.
Consumo: 2020-2035 / 250,00 € *
/ 16ºC
*preço de lançamento no Sogrape
Clube Reserva 1500
RÓTULO DE TAPEÇARIA
A intervenção do criador do
Barca-Velha não se ficou
pelo vinho em si. Todos os
pormenores, incluindo o desenho
do rótulo, foram de sua iniciativa.
Inspirado numa tapeçaria de
Cluny ainda hoje patente nas
paredes da Ferreira e cujos
motivos estão relacionados com
a vivência do vinho, Fernando
Nicolau de Almeida pediu ao
amigo, o artista José Menezes de
Almeida, o desenho do rótulo que
o próprio Nicolau de Almeida
viria a colorir. Já o nome atribuído
ao vinho surgiu de uma velha
barca na qual se atravessava o rio.
AS 20 EDIÇÕES BARCA-VELHA:
1952, 1953, 1954, 1955, 1957, 1964,
1965, 1966, 1978, 1981, 1982,
1983, 1985, 1991, 1995, 1999,
2000, 2004, 2008… 2011.
Neste cenário extremamente competitivo e recessivo imposto em à falta de água e o stress excessivo pode levar à queda de folhas e
2020, com o canal Horeca em baixa como nunca antes se viu, com passificação dos bagos. Curiosamente, ao comer a uva, não se sente a
novas formas de consumir e comprar vinhos a consolidarem-se com mesma intensa carga aromática dos vinhos. Sente-se, de facto, que a
imensa intensidade e velocidade, torna-se muito importante reagir acidez não é uma marca registada da casta. É, no máximo, equilibrada,
rapidamente e mostrar a diferença. A CVR Tejo mostrou que está pre- e deve-se ter muita atenção para o “timing” da vindima, de acordo com
parada para os novos desafios, já que tem crescido vertiginosamente a tipologia de vinho pretendida.
na certificação de vinhos, nas vendas na grande distribuição, onde O Tejo não é uma região só, são no mínimo três. A região pode sur-
aliás sempre esteve bem representada, e também no mercado externo, preender quem a explora com três terroirs absolutamente distintos,
com um crescimento de mais de 30% neste ano em face ao anterior, que originam vinhos com perfis muito diferentes, inclusivamente de
sobretudo nos mercados do Brasil, Suécia (90% de vinhos brancos), Fernão Pires: o Bairro, o Campo e a Charneca. Em resumo, o Bairro
França, Polónia e China. está a este e norte do rio, na margem direita, com solos argilo-calcá-
Este trabalho desenvolvido conjuntamente com os produtores e rios, e protegido pela Serra de Montejunto a este, e pelas serras de
bem sustentado em números fornecidos pela Wine Intelligence, surte Aires e Candeeiros a norte. Há uma mancha de xisto perto de Tomar,
efeito e coloca a região, por vezes ainda estigmatizada no mercado muito particular. Aqui predominam os tintos, os rendimentos são
interno como “condenada a elaborar bons vinhos de combate”, num médios, mas há um bom potencial para obter Fernão Pires com ele-
outro patamar de credibilidade, diferenciação e, consequentemente, gância e potência, sapidez mineral e acidez muito equilibrada.
de vendas. No Campo estão as terras mais férteis em torno do leito do rio Tejo.
Dentro deste espírito de fazer o Tejo acontecer com base nas mais- Como a região foi afetada por inundações periódicas, além dos solos
-valias que tornam a região única, vários profissionais do vinho de aluviais, a fertilidade é maior, a disponibilidade de água idem e, con-
diversos segmentos estiveram numa antiga - mas plenamente reestru- sequentemente, a produtividade atinge níveis muito altos. Nessa zona
turada e dinâmica - Quinta da Lapa, para uma imersão ao mundo da as manhãs são húmidas, com nevoeiro junto ao rio, as tardes muito
casta Fernão Pires. Além de um enquadramento sobre a região viti- quentes e as noites frescas. Com estas características, predominam
vinícola do Tejo e sobre a Quinta da Lapa, o dia foi enriquecido com os brancos no Campo, principalmente a Fernão Pires, com 60% da
uma experiência de campo de forma a percebermos a casta de perto, produção. O estilo é de carácter menos tropical, mais citrino e algo
vindimar e provar as uvas, antes de passarmos à prova de 13 vinhos de herbal, com a boca mais esguia e maior frescura, menos estrutura e
tipologias, estilos e ‘targets’ diferentes. Finalizamos com um almoço persistência.
harmonizado que incluía o vinho e as próprias uvas Fernão Pires em A Charneca está ao sul e sudeste do rio, na sua margem esquerda,
alguns dos pratos assinados pelo talentoso chefe André Magalhães e possui solos arenosos, menos férteis, com maior drenagem e uma
(Taberna da Rua das Flores) e pelos queijos incontornáveis de Adolfo situação climática mais árida, quente. Tudo a concorrer para um maior
Henriques (Granja dos Moinhos). stress das plantas, menores rendimentos e maior concentração nas
uvas e vinhos. Brancos e tintos nascem na Charneca e, possivelmente,
Fernão Pires, uma aposta certeira os Fernão Pires mais exuberantes, tropicais, carregados de extrato,
com acidez moderada, aquilo que se espera desta casta opulenta.
Não se sabe bem qual Fernão Pires foi homenageado com essa Nas adegas discute-se muito sobre a plasticidade da Fernão Pires.
casta, mas o certo é que é bastante antiga e foi provavelmente levada Apesar de ter alguma propensão à oxidação, de certa forma é uma
da Bairrada - onde há maior diversidade morfológica - para o Tejo casta moldável e gera uma panóplia de expressões de vinho na região:
no séc. XVIII, onde desenvolveu um carácter sem igual. Não que o frisante, espumante, branco ligeiro, branco estruturado, branco barri-
seu “alter ego” Maria Gomes não proporcione vinhos vincados mais a cado, “laranja”, colheita tardia e abafado, sem falar nos vinhos de lote.
norte, mas a Fernão Pires do Tejo é bem mais exuberante, aromático e Essa versatilidade é ovacionada por muitos produtores como o grande
gordo quando se quer, mais fidedigna àquela imagem que construímos trunfo da Fernão Pires. Mas será que todas as tipologias que gera
ao ler um manual de castas portuguesas. fazem sentido, sendo uma casta tão aromática e de acidez moderada?
Os números da Fernão Pires são também generosos: é a quarta As características organoléticas da Fernão Pires permitem clas-
variedade mais plantada do país, após a Aragonez, a Touriga Franca e sificá-la como uma casta aromática. A exuberância olfativa revela
a Touriga Nacional, e a campeã das castas brancas. Cobre 7% da nossa citrinos, da lima verde à laranja muito madura, frutas tropicais como
área plantada, cerca de 13.700 hectares. No seu adorado Tejo, repre- a manga, o maracujá, a goiaba e o ananás, exóticas como a líchia, flores
senta 30% do encepamento total e 80% das castas brancas, o que de citrinos, madressilva, tília e mimosa, especiarias como o louro,
corresponde a 3.750 hectares. Na reestruturação das vinhas do Tejo toques almiscarados e, finalmente, as notas mais verdes de ervas aro-
foi a uva mais plantada: 350 num total de 1.500 hectares. máticas. De modo geral a boca é rica, untuosa, com o lado da maciez a
Na vinha pudemos constatar que a precoce Fernão Pires, uma ser equilibrado no limite pela acidez moderada e uma sapidez mineral
das primeiras castas a brotar e amadurecer em Portugal, é bastante muito bem-vinda em algumas zonas específicas.
produtiva, e a poda mais curta pode compensar o facto dos brotos Entre milhares de castas espalhadas pelo mundo, não são muitas
basais serem muito férteis. Os cachos são cónicos e alados, médios a concorrer com a Fernão Pires neste perfil. Podemos elencar
em tamanho, e os bagos são pequenos, verde-amarelados, a película algumas delas: a família mais ampla da Muscat Blanc à Petit Grains
de espessura média e a polpa mole. A planta é extremamente sensível (Moscatel Galego) e Moscatel de Alexandria (Moscatel de Setúbal),
Jaime Quendera
André Magalhães Igor Beron
Luís de Castro
A aromaticidade da cozinha
indiana, chutneys, ou um belo
caril de gambas goês, pedem
Fernão Pires! Queijos muito
perfumados e amanteigados
casam maravilhosamente
Gewürztraminer, Torrontés da Argentina bem com um Gewüztraminer, séc. XII. É ali que a Quinta da Lapa escreve
(nas suas três versões), Müller-Thurgau e a sua própria história secular, adquirida pelo
outras curiosidades como a Moschofilero como é o caso do Munster influente D. Lourenço de Almeida em 1706,
grega e Cserszegi Fűszeres húngara. Durante ou Reblochon, e não deverá futuro governador de Pernambuco e Minas
as últimas décadas o Tejo obteve êxito com Gerais no Brasil e um apaixonado pela pro-
vinhos de estilo e castas internacionais,
ser menos bem sucedida a priedade, dando-lhe em 1733 uma nova adega
de excelente relação qualidade/preço - e o harmonia nas alturas de um e vinhas plantadas com castas autóctones,
mundo pedia exatamente isso. Nos últimos para suprir o mercado de Lisboa e não só.
anos, com o recrudescimento da competição
Serra da Estrela ou de um Com quase 300 anos de vitivinicultura, inter-
neste cenário de pandemia, os consumidores Azeitão com belos exemplares rompida por um momento pela determinação
do mundo inteiro e uma nova geração de do Marquês de Pombal em arrancar as vinhas
milennials pedem vinhos únicos no caráter,
da casta branca estrela do Tejo. do Tejo em 1756, como forma de proteger a
de uvas autóctones, irreplicáveis. A observar autenticidade do Vinho do Porto, mereceu
como os outros países trabalham as suas castas aromáticas, não é um novo capítulo em 1989.
difícil constatar que buscam a pureza máxima da sua expressão: sem Ao ser comprada por José Guilherme da Costa sofreu a sua segunda
uso de madeira como tempero, sem malolática, sem autólise prolon- grande reforma, com replantio das vinhas e construção de uma adega
gada nos espumantes, ou seja, sem deixarem os processos oblite- moderna, dotada das melhores tecnologias de vinificação da altura.
rarem a singularidade destas castas aromáticas, seja num inebriante Em 2011, foi inaugurada uma vertente importante de enoturismo,
Gewürztraminer dos solos mais argilosos do Haut-Rhin em Alsácia, o Quinta da Lapa Wine Hotel, maravilhoso trabalho de restauro e
num delicado espumante à base de Moscato Bianco do Piemonte valorização de um conjunto arquitetónico único, a promover expe-
em Itália, ou um sedutor Moschofilero de Mantíneia no Peloponeso. riências vínicas e rurais diversas.
Nesta ótica, será que todos os estilos gabados à Fernão Pires são Visitamos o hotel ao lado da filha do proprietário José Guilherme da
necessários e diferenciadores? Ou é melhor fazer uma aposta cer- Costa, a arquiteta Sílvia Canas da Costa, que esteve à frente de toda a
teira e deixar a sua natureza aromática expressar-se sem maquilha- reforma da quinta, que nos e apresentou a impressionante estrutura
gens, revelar a sua beleza exótica e tão particular, justamente o que da nova adega, pronta em 2019 para melhorar ainda mais as condi-
o mundo quer? ções de trabalho e promover um aumento de produção da empresa.
Por fim, cabe ressaltar a grande destreza da Fernão Pires à mesa. O experiente enólogo consultor Jaime Quendera, no comando desde
Os sommeliers de todo o mundo adoram e necessitam de vinhos 2007, resumiu-nos o que a Quinta da Lapa tem de único em termos
aromáticos, nos seus diversos níveis de elegância e potência - mas de terroir, para além da sua rica história tricentenária.
não a tentar ser o que não são na sua essência -, para pairings com A cota de 100 metros de altitude não impressiona, mas as vinhas
pratos perfumados. As cozinhas baianas ou capixabas do Brasil, com da quinta são das mais altas do Tejo. Com a Serra de Montejunto à
suas moquecas e bobós, por exemplo, maridam divinalmente com vista, e o mar a 30 kms. das videiras, ancoradas em solos argilo-calcá-
Torrontés da Argentina ou Fernão Pires. Pratos tailandeses, viet- rios típicos do Bairro, os seus vinhos são marcados inexoravelmente
namitas e chineses então, nem se fala. A aromaticidade da cozinha por uma acidez mais viva e um grande potencial de envelhecimento.
indiana, chutneys, ou um belo caril de gambas goês, pedem Fernão Jaime e o enólogo residente Jorge Ventura querem justamente poten-
Pires! Queijos muito perfumados e amanteigados casam maravilho- ciar este carácter particular de frescura dos vinhos da Quinta da Lapa
samente bem com um Gewüztraminer, como é o caso do Munster e apostar nas castas e tradições antigas do Tejo, com a melhor tecno-
ou Reblochon, e não deverá ser menos bem sucedida a harmonia nas logia a ajudá-los.
alturas de um Serra da Estrela ou de um Azeitão com belos exem- Recentemente lançaram inclusive um Fernão Pirão, a versão de
plares da casta branca estrela do Tejo. “orange wine” outrora famosa na Charneca, a partir de uvas muito
maduras, de altíssimo álcool potencial, trabalhadas com curtimenta
Quinta da Lapa, um Tejo de frescura para obter “um branco com alma de tinto”. A versão actual é muito
mais elegante, a começar pelo rótulo, mas é um caminho interessante,
O Cartaxo, no terroir do Bairro, insere-se na história do vinho por- ligado à tradição, de revelar o lado aromático único e inebriante da
tuguês com provas documentais de produção e exportação desde o casta, à máxima potência.
É provável que a notável capacidade de evolução que possuem seja a maior beleza dos
vinhos portugueses. Por isso, ficamos embevecidos quando percorremos corredores
e corredores de vinhos antigos, quando comprovamos que estão respeitosamente
acondicionados e incrivelmente vivos.
As agora centenárias Caves São João são um amor de perdição para os amantes de vinho
e não há romance nem novela de Camilo que possa traduzir o que sentimos quando um
branco de 1966 nos eleva a alma para uma espécie de éden dos vinhos velhos…
Caves
São João
Um amor de perdição que celebra 100 anos
CAVES SÃO JOÃO
As Caves São João estarão para os devotos do vinho um pouco O coração e a razão
como a Académica ou o Belenenses para os loucos por futebol – sem
conseguirmos muito bem explicar nem como nem porquê, há respeito Neste regresso marcamos encontro precisamente na Quinta do
pelo passado, carinho pelo património e um fervilhar de sugestões e Poço do Lobo. Era dia de vindima, os cachos de Merlot apresenta-
de ideias quanto aos caminhos a seguir. Tal como no futebol, as caves vam-se viçosos, prontos a integrar o Lote do São João espumante rosé.
suscitam debates apaixonados, que se intensificam episodicamente ao Célia Alves acompanha-nos. Natural de Arouca, formada em
ritmo de um boato ou mesmo de uma notícia que parecia pronta a sair Engenharia Alimentar, está nas Caves São João desde 2004, sendo a
sobre uma possível aquisição ou transferência, tal e qual um defeso atual gerente. O trabalho que tem desenvolvido ao longo destes anos
futebolístico. afirmou-a como dos rostos da região, a ponto de presidir à Confraria
Fundadas em 1920 por três irmãos – José, Manuel e Albano Costa dos Enófilos da Bairrada. De sorriso tímido mas sincero, sempre dis-
–, as caves começaram por se dedicar ao comércio de vinhos finos do ponível a esclarecer um detalhe que nos possa escapar, é de alguma
Douro e licores. Chegados aos anos 30, a filosofia teve que se alterar, forma a razão das caves.
uma vez que deixou de ser possível a elaboração de Vinhos do Porto Manuel José Costa, o sócio-gerente de uma empresa com 16 sócios,
fora dos armazéns de Vila Nova de Gaia. É aí que a empresa decide todos familiares, será o coração das caves. Também na Quinta do Poço
voltar-se para os vinhos da Bairrada, iniciando igualmente a produção do Lobo surpreende-nos num clássico Citroën 2 Cavalos, de 1990,
de espumantes pelo método champanhês (segunda fermentação em imaculado. Foi o primeiro carro que adquiriu, nele deslocou-se até
garrafa), metodologia para a qual muito contribuiu o enólogo francês ao Entroncamento para casar. Vive com intensidade o dia a dia da
Gaston Mennesson. empresa familiar, acompanha de perto a vindima, conhece os talhões
A Bairrada dessa época era igualmente fervilhante. As termas da da quinta como as palmas das mãos.
Curia, o Luso e o Bussaco (sim, à época com dois “s”) figuravam por Por vezes desconcertante, Manel Zé é um bairradino apaixonado
entre os locais de eleição do país, convencendo muito em particular as mas também crítico (não são todos?). Acredita que a região reúne as
elites políticas, sociais e culturais. condições para ir mais além e observa que na década de surgimento
A partir de São João da Azenha, aquela que é a empresa familiar das caves a Bairrada “era mais cosmopolita e muito avançada” .
mais antiga ainda em atividade do concelho da Anadia iniciava a
exportação para as colónias portuguesas em África e para o Brasil. No Uma biblioteca de sonho
pós II Guerra Mundial, nos anos 50, surgiu o emblemático Frei João e
no vizinho Dão, anos volvidos, o incontornável Porta dos Cavaleiros. Enchemos a alma em São João da Azenha. Entrar nas caves é como
Os Reserva aportaram uma inovação, o uso de rótulos de papel reves- colocar um devorador de livros numa biblioteca de sonho. São cor-
tidos a cortiça natural. redores repletos de garrafas em sono profundo, que vão sendo rotu-
Na linha temporal seguiu-se a aquisição da Quinta do Poço do ladas ao ritmo dos pedidos, apenas com indicação do ano de colheita
Lobo, na freguesia da Pocariça, Cantanhede, onde pela primeira vez escrita a giz, em singelas ardósias. O património de vinhos antigos,
na região foi experimentada a calda bordalesa (preparado para com- preservados em condições de exceção, será porventura a mais óbvia
bater os fungos na vinha). A propriedade, que entretanto se afirmou das razões pelas quais as Caves São João são a nossa Académica ou o
como um dos esteios da Bairrada, espraia-se por 37 hectares, 29 dos nosso Belenenses. Aguardentes, espumantes, vinhos brancos e tintos,
quais são vinhas. É o brinco da viticultura das caves, que ali deci- o mais antigo em comercialização data de 1959.
diram plantar, segmentadas em parcelas, castas brancas como Arinto, “As colheitas antigas estão a cumprir o seu papel, a dar credibilidade
Cerceal, Chardonnay ou Sémmilon e tintas como a Baga, Alicante ao que fizemos e ao que fazemos. Hoje, neste mundo moderno, as
Bouschet, Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Pinot Noir, colheitas antigas fazem toda a diferença”, enfatiza Manuel José Costa,
Sousão, Syrah ou Touriga Nacional. como num reencontro do coração com a razão.
Hoje, as agora centenárias Caves São João estão a produzir uma “Não há baliza racional para as belas, nem para as horrorosas ilusões,
média de 400.000 garrafas anuais, 40% espumantes. Além da Quinta quando o amor as inventa”, in “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo
do Poço do Lobo operam com uma dúzia de viticultores e exportam Branco.
30% da produção para mercados como os EUA, Brasil, Macau,
Alemanha, Reino Unido, Canadá, Bélgica, entre outros. CAVES S. JOÃO
Estrada Real, 3780-140 Sangalhos / T. 234 743 118 / E. geral@cavessaojoao.com
Fundadas em 1920 por três irmãos – José, Manuel e Albano Costa –, as caves
começaram por se dedicar ao comércio de vinhos finos do Douro e licores.
19 18 17,5 17 16,5
Frei João 1966 Quinta do Poço do Caves São João Luiz Costa Martins da Costa
Bairrada / Branco / Lobo Cabernet Reserva Particular Espumante 5ª Abafado 1960
Caves S. João Sauvignon 1996 1980 Edição Bairrada / Licoroso /
Dourado brilhante. Sedutor Caves São João
Bairrada / Tinto / Caves Regional Beiras / Tinto / Bairrada / Espumante /
nas notas de folhagem seca, Âmbar. Nariz de casca de
São João Caves São João Caves S. João
melaço, alperce, querosene laranja, leite creme e fruto
e amêndoa. A acidez Granada. Muito bem Granada. Notas elegantes Um Bruto Natural de 2016,
evoluído: caça, couro, iodo, de pinheiro, farmácia, Chardonnay (50%) e Pinot seco. Sedoso, fresco e com
mantém-se incrivelmente sensação aparente de
firme, a estrutura é austera, nota de farmácia, tinta da mentolados e fruto Noir (50%). Amarelo. Bolha
china. O tanino está vivo, desidratado. Tanino fino, fina e enérgica, mousse leveza, apresenta doçura
o final está salino, é q.b. e finaliza bem. Estagiou
profundo e ainda vibrante. a acidez é gigante, o final esculpido pelo tempo, elegante. Notas de maçã,
é muito profundo. Está mas ainda afirmativo, bom lima, toranja e um toque 10 anos em barrica e 37
Vinificado em cubas de em cuba de cimento. Foi
cimento e sempre estagiado num grande momento. Um volume, final elegante e de fumo. Afirmativo, fresco,
Cabernet envelhecido do profundo, a confidenciar de boa acidez, final longo e engarrafado em finais de
em garrafa pode, 54 anos 2015.
depois, ombrear com melhor que poderíamos que continuará a evoluir. persistente. Está a ser agora
esperar! Elaborado com os melhores lançado mas continuará a Consumo: 2020-2030
qualquer grande branco do
Consumo: 2020-2022 lotes de uvas da Bairrada evoluir em garrafa. 65,00 € / 14ºC
mundo.
15,70 € / 16ºC e do Dão, os Reserva Consumo: 2020-2025 —
Consumo: 2020-2024
Particular foram o topo de 18,50 € / 8ºC
—
300,00 € / 11ºC
—
gama das caves antes de
— 15,5
17,5 existir a Quinta do Poço do
Caves São João
18 Caves São João
Lobo.
Consumo: 2020-2025
17 Aguardente Vínica
Porta dos Espumante 100 40,00 € / 16ºC Porta dos Velha
Cavaleiros 1984 Anos de História — Cavaleiros 1975 Bairrada / Aguardente /
Bairrada / Espumante / Dão / Tinto / Caves S. Caves São João
Bairrada / Branco /
Caves S. João Caves S. João
17,5 João Aloirada. Nariz de figo,
Âmbar. Notas de folha de O espumante do Frei João Reserva Granada. Alguma folha tâmara, mel, aniz e amêndoa
chá e de tília, tâmara e centenário, pensado 2007 de tabaco, balsâmicos de torrada. Austera e generosa
fruto de caroço confitado, na vindima de 2015 e eucalipto e pinho, azeitona no volume, embora o
Bairrada / Tinto / Caves preta, ginja. O tempo domou final seja mais aveludado.
cera de abelha e algum estagiado 47 meses em
São João o tanino, que agora surge Termina quente e cheia de
apetrolado. Untuoso e cheio garrafa. Um 100% Pinot Noir.
de personalidade, mantém Dourado, laivos rosados. Rubi escuro. Notas de dócil, o volume é médio, persistência.
firmeza geral, como que Cordão fino e persistente, cereja escura, mato e resina a estrutura está elegante Consumo: 2020-2030
a perspetivar mais anos mousse elegante. Notas de pinheiro, algum vegetal, e a frescura remete-nos 30,00 € / 14ºC
de vida. Finaliza de forma suaves de cereja vermelha, balsâmicos e especiaria. mentalmente para uma
deliciosa, afirmativo e a romã e pétala de flor. Mostra tanino guloso e caminhada pelo interior
lembrar alguns colheita Firme, fresco, salino, firme, muito boa acidez, de uma mata. Termina com
tardia. À medida que vamos finaliza em profundidade final demorado. Edição apontamento de charuto,
agitando o copo revela e ligeiramente especiado. comemorativa, lançada como que um convite a uma
sempre algo mais. Para esta e tantas outras em 2009, para celebrar os boa cigarrada. Não parece
celebrações. 30 anos da denominação mas está com 45 anos!
Consumo: 2020-2024
Bairrada. Lote de Baga, Consumo: 2020-2023
25,00 € / 11ºC Consumo: 2020-2025
Cabernet Sauvignon e 50,00 € / 16ºC
40,00 € / 8ºC
Touriga Nacional, que está
para perdurar.
Consumo: 2020-2027
30,00 € / 16ºC
texto e notas de prova José João Santos, Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Ricardo Garrido
Há vinhas na Bairrada que Filipa Pato considera “um museu vivo”. de entendimento da vinha, sobretudo para quem, como Filipa, opta
Começamos numa delas, centenária e ainda em baldio, sem uma orien- pela viticultura biodinâmica (desde 2014). Os verões cada vez mais
tação de plantas que permita ousar a mecanização. Os pés de videira secos são suportados pelas vinhas que bebem as reservas de água no
assemelham-se a pequenos troncos de árvores, alguns são bastante subsolo, dado que a irrigação não entra nesta equação. Faz compos-
rasteiros e espraiam-se por várias ramificações. Tal como em todas as tagem, assente no estrume de vaca, recorre aos preparados 500 e 501,
vinhas de Filipa, o solo é argilo-calcário, do Jurássico Inferior, sendo o coberto vegetal do solo e abundante – espargos, funcho, menta, oré-
frequente encontrarem-se fósseis marinhos. gãos ou alhos selvagens partilham o mesmíssimo habitat da videira, no
Se a família e a própria Filipa centraram-se em Óis do Bairro, quando caso de Filipa e de William com a vantagem extra de serem aprovei-
o projeto pessoal (entretanto partilhado com William Wouters) tados para a cozinha.
começou a ficar cada vez mais sério decidiu palmilhar outros pedaços
da Bairrada em busca de vinhas velhas, algumas em sério risco de A Baga… como o bife
abandono, mas também de locais onde pudesse fazer novos plantios.
Hoje, segmentados por pequenas aldeias da região, explora um total É já na cozinha, enquanto William confeciona o almoço, que Filipa
de 17 hectares. faz o curioso paralelismo entre a Baga e um bife: “Comparo o tra-
“A Baga é uma uva de terroir. Cada terroir tem um estilo diferente”. balho que tenho com a Baga com o trabalho do William na cozinha.
Filipa veste, literalmente, a defesa da Baga. Na t-shirt assume-se “Baga Vindimar a Baga no ponto de suculência é super importante, não pode
Terroirista”, esteve na génese do agrupamento Baga Friends (com estar nem verde nem sobremadura. Muitos acham que o ponto ideal
Mário Sérgio, na Quinta das Bágeiras), não se cansa de elogiar as para a Baga são os 14 graus (de álcool provável), mas o ponto de sucu-
características da casta. Salienta o historial de adaptação às vicissi- lência é, tal como na carne, muito mais importante”, advoga. Dito por
tudes climáticas da região, traça uma curiosa analogia com o compor- quem tem pais e teve avós ligados ao vinho é digno de reflexão.
tamento e adoção do Ramisco, em Colares, defendendo que ambas Filipa licenciou-se em Engenharia Química na Universidade de
são singulares e muito bem adaptadas às regiões de perfil atlântico Coimbra e aprendeu com o pai, Luis Pato, muito do que hoje sabe
em que são reconhecidas. A proximidade ao mar, os invernos e as sobre a Bairrada. Fez entretanto vindimas em Bordéus (França),
primaveras sempre húmidas e chuvosas obrigam a um esforço diário Mendoza (Argentina) e Margaret River (Austrália) até que decidiu
Filipa reconhece ter sido através
abrir asas e voar sozinha. Em 2001 de William que verdadeiramente de receber e preparar ao detalhe cada
começou a materializar a elaboração refeição, combinando-a com vinhos.
de vinhos próprios e quem os provava, despertou para a mundividência Filipa reconhece ter sido através de
colheita após colheita, apercebia-se de de abordagens aos vinhos, notando William que verdadeiramente despertou
um caso sério. para a mundividência de abordagens aos
À medida que as viagens para fora do que os biodinâmicos internacionais vinhos, notando que os biodinâmicos
país se sucediam, na fervilhante cena que ia provando lhe pareciam ter internacionais que ia provando lhe pare-
gastronómica da Bélgica (dos princi- ciam ter “uma alma diferente”.
pais destinos internacionais de gastro- “uma alma diferente”. Hoje, Filipa e William afirmam um
nomia de autor e Michelin) cruzou-se projeto muito sério, a partir do qual
com William Wouters. Descendente estão a ser elaborados dos melhores
de uma família de restaurateurs, William é também sommelier con- vinhos da Bairrada, apenas com recurso a castas nativas – Baga,
sagrado, já considerado o melhor daquele país, mantém quota no Bical, Arinto, Cercial e Maria Gomes. Curiosamente, a notoriedade
restaurante Pazzo, em Antuérpia, e no currículo soma outras curio- tem sido sobretudo alcançada em mercados internacionais, como os
sidades, como ter sido o chefe das seleções belgas de futebol que dis- EUA. Portugal representa somente 15% do negócio, que ainda pode
putaram o Mundial do Brasil (2014) e o Europeu de França (2016). ser traduzido para números como 90.000 garrafas de produção
William começou por conhecer os vinhos de Filipa. Seguiu-se o média anual (50.000 de espumante). O Filipa Pato 3B é dos mais
enamoramento. Casaram-se em 2008, até 2014 dividiram-se entre divulgados, mas esta reportagem e prova versa mais sobre outros
Portugal e a Bélgica antes de optarem por se fixar em definitivo na “4B”: Baga, biodinâmica, Bairrada e Bélgica.
Bairrada onde o sonho, que passou a ser de ambos, tem crescido de
forma sustentável.
A adega nasceu e tem crescido num espaço que a avô de Filipa
usava para fazer stocks. Nada de barricas, antes pipas, balseiros e FILIPA PATO & WILLIAM WOUTERS
ânforas de barro. A cozinha da casa está transformada num aco- Rua de Sto. André, 41
lhedor espaço de visitas, com indisfarçáveis semelhanças à cozinha 3780-502 Óis do Bairro - Anadia
e sala de um restaurante de autor. É a “praia” de William, que gosta T. 231 516 041 / E. info@patowouters.com
19 18 17
Missão Baga Pré-Philloxera 2016 Nossa Calcário Bical 2013 Post Quer…s Bical 2015
Bairrada / Tinto / Filipa Pato (garrafa magnum) IVV / Branco / Filipa Pato
Rubi. Nariz de algum vegetal e fruto silvestre, Bairrada / Branco / Filipa Pato Dourado, laivos âmbar. Lembra-nos alperce,
resina de pinheiro, mato e tinta da china. Tanino Dourado. Flor delicada, marmelo, laranja lima, raspas de laranja, pêra e pêssego. Há um
muito firme, estrutura imperial e elegante. confitada, querosene. A untuosidade conhece tanino ligeiro, boa amplitude, acidez firme e um
Termina com frescura e de forma… interminável! contraponto na acidez assertiva, o volume é final estendido, que combina folha de chá e uma
Vai cavalgar o tempo por largos anos, é dos grande, o final é teimoso e ilustra bem o solo que perceção mineral. Um vinho “laranja” de gabarito.
melhores Baga da atualidade. lhe dá origem. Um fidalgo entre pares, regista Consumo: 2020-2025 / 15,00 € / 11ºC
Consumo: 2020-2035 / 150,00 € / 16ºC uma evolução notável. —
— Consumo: 2020-2023 / *€ / 11ºC
— 17
18,5 Dinâmica Arinto & Bical 2019
Missão Baga Pré-Philloxera 2015 17,5 Bairrada / Branco / Filipa Pato
Bairrada / Tinto / Filipa Pato Nossa Calcário Baga 2010 Amarelo, laivos limão. Levíssima flor branca,
Rubi, laivos granada. Notas de folha seca, cereja Bairrada / Tinto / Filipa Pato complementos de limão, raspa de lima, relva
escura, mirtilo e mato. Tanino esculpido, finura Ainda rubi, nuances granada. Notas de folha cortada, nuance salina. Nervoso, acentua essa
estrutural, dimensão que se vai desdobrando por de tabaco, pinhal, tinta da china e balsâmicos. maresia na boca e revela uma acidez acutilante.
camadas. Final demorado e com uma finesse rara Seguro, permanece fresco, revela boa dimensão O final é amplo e persistente.
de encontrar. Um grande Baga! e termina cheio de finura e elegância. Quem Consumo: 2020-2024 / 12,00 € / 11ºC
Consumo: 2020-2030 / 150,00 € / 16ºC diria que tem 10 anos quando ainda parece tão —
— jovem… Consumo: 2020-2024 / *€ / 16ºC
— 16,5
18 Espírito de Baga 2015
Nossa Calcário Baga 2017 17,5 Bairrada / Licoroso / Filipa Pato
Bairrada / Tinto / Filipa Pato Post Quer…s Baga 2018
Rubi, laivos granada. Notas de menta, ginja e
Rubi. Nariz de cereja escura, amora, mirtilo e piso IVV / Tinto / Filipa Pato balsâmicos. Tanino sumarento, boa dimensão e
florestal. Revela grande amplitude, tanino seco e Rubi. Notas suaves de cereja escura, framboesa, frescura geral, com a aguardente bem integrada.
austero, estrutura generosa, final mais quente e mirtilo e pinheiro. Tanino firme e suculento, Termina a reforçar a combinação de mentolados
levemente especiado. Enorme, para guardar na estrutura elegante, muito boa dimensão e e balsâmicos.
garrafeira por bons anos. final bastante longo. É um Baga que reúne os Consumo: 2020-2024 / 30,00 € / 14ºC
Consumo: 2020-2027 / 27,00 € / 16ºC melhores predicados de contemporaneidade e
tradição. Consumo: 2020-2028 / 22,00 € / 16ºC *Não disponível no mercado.
DIOGO LOPES
Diogo Lopes personifica essa nova geração de enólogos de Portugal Pequeno grande país
que viajou pelo mundo, prova vinhos de todos os continentes, é extre-
mamente curioso, alia a técnica à emoção para revelar o que o país tem A segunda fase da carreira de Diogo Lopes veio em 2010 com a
de melhor, e lança-se à descoberta das suas novas fronteiras vínicas. criação da AdegaMãe pelo forte grupo Riberalves, participando com
É um prazer dividir a mesa com este enólogo, seja em provas téc- Anselmo Mendes na concepção do projeto, da construção da adega, no
nicas ou informais, pois também é um excelente garfo, para além do plantio das vinhas e definição da linha de vinhos a elaborar, de modo
virtuosismo com os copos. Talvez porque goste tanto de praticar a a trazer uma nova dinâmica à região de Lisboa. “A experiência que
harmonização vinho-alimento, a sua predileção pelos vinhos brancos mudou a minha vida”, segundo um mais viajado e experiente Diogo.
foi-se tornando indissimulável ao longo dos seus 15 anos de carreira. Uma visita à adega é obrigatória a qualquer enófilo, não somente pelo
Sem esquecer que Diogo foi o braço direito de Anselmo Mendes em impecável enoturismo que oferece, e talvez o melhor bacalhau que irá
vários projetos, o “mestre Jedi”, como se lhe refere com humor e defe- comer dessa família de especialistas, mas pelos vinhos em si, cada vez
rência, um herói pioneiro dos grandes brancos de Portugal, de quem melhores e mais autênticos no seu terroir atlântico. Na Adega Mãe,
recebeu o treino para procurar a “força” do terroir com a precisão e Diogo teve todo o apoio e recursos para desenvolver ao máximo a sua
pureza de um sabre de luz. técnica e talento. Percebeu ao longo destes anos que o terroir vem
Nascido em Lisboa em 1978, ganhou gosto pelo campo nas visitas à antes das castas e métodos.
terra do avô entre a Beira Alta e a Beira Baixa. A opção pela Agronomia No uso de madeiras diferentes, por exemplo, levou os testes até à
foi tão natural como a sua posterior formação em enologia, não sem exaustão, paralelamente com o trabalho do mestre na sua adega de
antes passar por um teste de resiliência com o seu mestre e futuro Monção. Pude com o Diogo visitar florestas de carvalho e tanoarias
grande amigo. Conheceu Anselmo Mendes numa feira de vinhos em em França, em 2018, e foi uma experiência fascinante aprender com
2001. Na altura, foi aconselhado, para ter certeza do caminho a tri- ele que, quanto mais conhecemos profundamente todas as variáveis
lhar, a submeter-se a uma vindima completa ao seu lado. Fê-la nos envolvidas e os pormenores do seu uso, mais transparente é o efeito
Vinhos Verdes, uma epifania que selou o seu destino. final no vinho.
Em 2003, Diogo partiu para Napa Valley, meses intensos de
aprendizagem e novos paradigmas sobre como empregar a enologia
e encarar o vinho. No regresso assume um novo desafio do mestre
Nascido em Lisboa em 1978, ganhou gosto
Anselmo em Cabeção no Alentejo, o Grou da Sociedade Agrícola do
Vale de Joana, adega de vinhos muito promissores, mas cujo projeto pelo campo nas visitas à terra do avô entre
infelizmente não vingou. Esses primeiros cinco anos da sua carreira de
a Beira Alta e a Beira Baixa. A opção pela
enólogo foram marcados pelo experimentalismo, pela volta a Portugal
“com aquela vontade de mudar o mundo”, de “aprender o que não Agronomia foi tão natural como a sua
sabemos”, de balancear as estruturas. Permaneceu como enólogo
posterior formação em enologia.
residente até 2010 no Grou e, ao conhecer cada vez mais o Alentejo,
passou a colaborar com o produtor Herdade do Menir e assinar um
“ícone tímido” da região, o Vale de Ancho.
Agora o ainda muito jovem Diogo Lopes está cada vez mais pronto
e forte para viver a terceira fase da sua tão promissora carreira eno-
lógica, a encarar projetos totalmente pessoais, ainda que a imagem
do mestre sempre esteja a iluminá-lo para trilhar os melhores cami-
nhos. Nos últimos dois anos assumiu um desafio grandioso no
Douro, na Kranemann Wine Estates, onde poderá realizar um
dos seus sonhos de fazer Vinho do Porto, e também dois
outros no Alentejo: na Vidigueira, a Herdade Grande do
seu amigo e respeitado agrónomo António Lança e, no
Redondo, a promissora Herdade do Freixo.
Não lançado ainda para o mercado é o resultado
de um projeto minúsculo e de excecional qualidade
de “vinho de terroir Atlântico” em Melides; e é
difícil de imaginar que ele pare por aí. O vibrante
enólogo relatou no seu imperdível blogue que
percorreu mais de 2.000 quilómetros na última
vindima para coordenar os seus sete projetos em
operação, em cinco regiões diferentes. Como um
apaixonado por vinhos brancos, diz-se encantado
pelas castas Arinto e Viosinho. Das regiões que
ainda não trabalha em Portugal, confessou que
sonhava com um retorno vínico às origens fami-
liares, na Beira Interior. E se pudesse fazer vinhos
fora do nosso país, Diogo elegeria hoje as encostas
íngremes de granito ou xisto da Ribeira Sacra em
Espanha ou os solos vulcânicos, dos quais tanto gosta,
da ilha de Santorini na Grécia. Espero que poder lá estar e
dividir com ele uma mesa com vinhos de terroir, boa comida,
conhecimento e alegria.
18,5 18 18 18 18
Herdade Grande 2 2 1 Adega Mãe Adega Mãe Terroir Adega Mãe Terroir Herdade Grande
Souzão 2017 2015 2015 2014 Amphora 2018
Alentejo / Tinto / IVV / Branco / Lisboa / Tinto / Adega Lisboa / Branco / Alentejo / Branco /
António Manuel Baião AdegaMãe Mãe AdegaMãe António Manuel Baião
Lança Duas regiões, Torres Vedras Em 15 anos de enologia, Um dos vinhos mais Lança
O agrónomo António e Monção, dois enólogos, Diogo Lopes aprendeu importantes na carreira de A centenária Herdade
Lança gosta tanto de Diogo Lopes e Anselmo que Lisboa é uma região Diogo, o qual revela a sua Grande, como reza a
experimentações e da Mendes, e uma casta, extraordinária para elaborar paixão pela tipologia dos tradição da Vidigueira,
irreverência como o Alvarinho, explicam o nome. brancos e tintos. O Terroir brancos, anos de testes com fez vinhos de talha no
enólogo Diogo Lopes, e Uma experiência audaciosa Tinto 2015, o segundo o mestre Anselmo Mendes, passado. Esta é a primeira
assim a Souzão foi para apadrinhada pela Adega lançado pela adega na uso imaculado da madeira experiência de Diogo
o Alentejo. Talvez não Mãe, que uniu duas barricas busca da essência da e busca pela máxima e também dos novos
esperassem um resultado que normalmente entrariam região, é a prova cabal expressão do potencial da tempos do produtor.
tão sublime, todavia. Facto é nos vinhos da sua linha deste tremendo potencial. região de Lisboa. A colheita Talha tradicional pesgada,
que, se a uva que dá vinhos Reserva ou Terroir, e outras Um tinto deslumbrante da de 2014 foi a segunda deste vinhas velhas com Antão
poderosos na cor, na acidez duas que possivelmente cor ao seu final de boca que já é uma estrela da Vaz, Roupeiro, Perrum e
e nos taninos lá no norte, comporiam o Curtimenta sinfónico. É tão profundo denominação, e no atual também algo de Alvarinho
mas carece de elegância e o Muros de Melgaço nos aromas, tão jovem e momento da evolução de uma vinha de 20 anos
e recheio para contrapor de Anselmo Mendes. Um promissor. Difícil é afastar o demonstra extraordinário de idade. 15% do engaço
a tantos elementos de mix de ambientes, mas copo do nariz, tão sedutora carácter marítimo, além foi usado para ajudar na
dureza, na Herdade Grande sempre um vinho Atlântico. é a fruta negra doce e de muita complexidade filtragem natural do vinho.
conseguiu um imenso estilo. Notável refinamento no crocante, as especiarias olfativa com tostados, É muito típico do método,
Amoras negras, impressões nariz, conhece uma fase finas, a terrosidade e frutas tropicais, amêndoas mas evidencia também
de tinta, sangue e zestes de exuberante fase do seu carácter. A boca é outra salgadas e tons herbáceos a elegância almejada
laranja no olfato preenchem desenvolvimento, com lição de equilíbrio, frescura, maduros. A madeira pelo enólogo nos seus
também a boca com mel e notas apetroladas. taninos finíssimos e integrou-se, a boca ainda é vinhos. Exótico na fruta,
tamanha frescura e energia, Untuoso, muito harmonioso envolventes. A afinação em firme, estruturada e longa. floral citrino, mel e cera,
impecável no polimento e na compensação da relação ao Terroir 2012 é Consumo: 2020-2023 com camadas. Um toque
equilíbrio. A madeira é mais frescura e sapidez, grande louvável. Grande vida pela 40,00€ / 11ºC fenólico compensa a acidez
uma vez impressionante persistência. frente. mediana, e garante mais
na sua elegância e Consumo: 2020-2024 Consumo: 2020-2026 uns anos de guarda a este
transparência face à casta e 25,00€ / 11ºC 40,00€ / 16ºC bonito vinho de talha.
ao terroir. Apenas 1.640 unidades
Consumo: 2020-2026 produzidas.
20,00€ / 16ºC Consumo: 2020-2026
25,00€ / 11ºC
Célia
Contabilidade
Joana
Marketing Rodrigo
Adega
António
Logistica
Rita
Cidália Lagar
Exportação
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Não perseguimos medalhas ou prémios. Motiva-nos dar vida ao fruto do
trabalho dos nossos associados e fazer felizes os consumidores das nossas
marcas, mas quando o reconhecimento chega, gostamos de celebrar o
/carmimreguengos
Touriga
Nacional
Primus inter pares
TOURIGA NACIONAL
Uma das mais nobres castas tintas, à Touriga Nacional parece estar reservado o papel
protagonista no vasto leque de variedades autóctones portuguesas. Do afunilamento
causado pela ‘Touriga Nacionalização’ à redescoberta de um certo perfil clássico, a prova
temática dedicada a esta casta entrevê novos caminhos...
A Touriga Nacional é tida como o porta-estandarte dos vinhos por- tendo no uso de madeira, sobretudo nova, a ferramenta de eleição.
tugueses, a casta nacional mais reconhecida mundialmente e uma das A variedade reconhece-se facilmente pela folhagem de tom verde
mais versáteis e bem adaptadas às diversas regiões e terroirs nacionais médio, enrugamento pronunciado e elevado polimorfismo. Dá origem
(e não só…). A sua dimensão global deve-se, em grande parte, à própria a cachos de pequenas dimensões, com peso entre 100 e 150 gr., assu-
designação – com efeito, é fácil a qualquer estrangeiro pronunciar - e mindo forma cónica, de aspeto compactado. Apresenta pedúnculos de
fixar - o nome da casta, mesmo que com ligeiro sotaque, transforman- comprimento médio e bagos pequenos e arredondados, de polpa não
do-a numa dissonante ‘Tôriga National’. Mas a presença da casta em corada. A película tem coloração negro-azulada. Os valores de álcool
vários países do Novo e do Velho Mundo constitui o melhor reconhe- provável são médios e acidez total altos, sendo que o álcool provável
cimento da sua valia vitícola e enológica. pode rondar os 12 a 13 % e a acidez total situar-se entre 6,5 a 8 gr./lt..
A esse propósito, a seleção da Touriga Nacional como casta auto- Todas estas características – adaptabilidade na vinha, bom trato
rizada em Bordéus é suficiente atestado: uma das regiões mais valo- enológico e, mais recentemente, valorização comercial – levaram à
rizadas mundialmente, num país tradicionalmente “exportador” disseminação da casta, num fenómeno de “Touriga Nacionalização”
de castas e reconhecidamente chauvinista quanto à valia dos seus das vinhas e dos vinhos do país. Expressão que se prende não apenas
vinhos, acolheu a Touriga Nacional na Parcelle 52, onde o Conseil com a expansão territorial, mas também pelo facto de ter assumido,
Interprofissional de Vin de Bordeaux (CIVB) desenvolve pesquisa em nas últimas décadas, um perfil de vinhos muito semelhante, quase que
climatologia. Esta parcela experimental em Pessac-Léognan pretende homogeneizado, levando a uma certa descaracterização de vinhos pro-
monitorizar a forma como 52 castas enfrentam as alterações climá- duzidos em regiões ditas “clássicas”. O seu marcado aroma floral e as
ticas em Bordéus. Em 28 de junho de 2019, foram aprovadas sete notas de bergamota, por um lado, e a secundarização de outras castas,
variedades na Parcelle 52, consideradas “de interesse pela adaptação quer no Douro e no Dão, mas também em regiões como Alentejo ou
às mudanças climáticas” para os vinhos AOC Bordeaux/Bordeaux Setúbal, ditaram essa descaracterização. Porém, como pudemos com-
Supérieur – as tintas Arinarnoa, Castets, Marselan e Touriga Nacional provar, tal fenómeno parece estar a ser ultrapassado, privilegiando-se
e as brancas Alvarinho, Liliorila e Petit Manseng. Com decisão sujeita antes o terroir e as diferentes facetas que a casta consegue exibir.
a validação final pelo Institut National de l'Origine et de la Qualité após
um período experimental de 10 anos, estas variedades podem ocupar O perfil surpreendente das Tourigas
até 5% das vinhas das mencionadas AOC, com não mais do que 10%
incluídos nos lotes finais dos vinhos – regras que visam proteger a Foram submetidos a esta prova temática mais de cinco dezenas de
tipicidade de Bordéus. As primeiras plantações destas castas recém- monovarietais da casta Touriga Nacional oriundos dos quatro cantos
-aprovadas devem ocorrer ainda este ano ou no próximo. Motivo de do país – incluindo Vinhos Verdes! -, sendo que cada produtor poderia
orgulho para Portugal, até porque, segundo especialistas como Bruno enviar uma amostra de um vinho, a lançar no mercado.
Prats, a casta está “obviamente adaptada a condições quentes e secas Os resultados, apesar de não serem surpreendentes, causaram ainda
e de alta qualidade, com concentração, subtileza e grande potencial de assim algum assombro pela qualidade geral dos vinhos provados nas
envelhecimento”. diferentes categorias de preços mas, sobretudo, e ao contrário da
Mas a rainha das castas tintas nacionais esteve à beira da extinção expetativa inicial, na assunção generalizada de um perfil de vinhos que
devido à baixa qualidade da uva e aos escassos rendimentos, agravados pende para o lado do equilíbrio, da frescura e da elegância e menos
pela introdução de porta-enxertos americanos no combate à filoxera, para a concentração e potência – isto, inclusivamente, em regiões mais
com os quais a casta não se terá dado bem. A investigação e seleção quentes e até em anos, como o de 2017, também ele extraordinaria-
clonal, sobretudo no Douro e no Dão, bem como a introdução de mente quente, o que atesta, por seu lado, a enorme evolução que a
porta-enxertos adequados, melhoraram a produtividade, por ser uma viticultura portuguesa regista.
casta vigorosa e de porte semi-ereto, reconduzindo-a à condição de Da análise dos resultados, ressalta desde logo que, entre os mais
nobreza de que é meritória. bem pontuados, estão vinhos das regiões que podemos designar como
“clássicas” ou berço da Touriga Nacional – Dão e, igualmente, Douro
Touriga Nacionalização? -, mas também vários exemplares do Alentejo, demonstrando a real
aptidão da casta a tipos de clima e solos bem diferenciados. Por outro
A Touriga Nacional tem como carta de apresentação o facto de lado, é de destacar que, nos vinhos pontuados entre 16,5 e 16 valores,
dar-se bem em todos os tipos de solos, pedindo apenas disponibilidade não só se confirma a variabilidade de regiões de onde estes vinhos são
hídrica e um número adequado de horas de sol. Não é tida como aneira oriundos, mas a dispersão de preços é também significativa, ficando
e pode ser trabalhada de acordo com diferentes perfis, um mais clás- patente que o rigor enológico pode andar de mãos dadas com custos
sico, assumindo a elegância, a frescura, o equilíbrio e a complexidade controlados na produção e, também, mais-valias comerciais. E grandes
como matriz, e um segundo mais vigoroso, concentrado e estruturado, vinhos, feitos para durar, mas também para encantar desde já…
17,5 17 17 17
Pellada Cabriolet 2018 Esporão Vinha Monsaraz
Carrocel 2015 Alentejo / Tinto / do Badeco Touriga
Dão / Tinto / Susana Esteban Touriga Nacional 2018
Quinta da Pellada Rubi intenso. Nacional 2014 Alentejo/ Tinto /
Rubi de média Grande nariz de
Alentejo / Tinto / CARMIM
intensidade. Uma frutas negras,
grafite, especiarias Esporão Vermelho. Fruto
expressão de Touriga vermelho fresco no
muito elegante no pungentes, Rubi intenso. Belo
madeira judiciosa, perfil de frutas nariz, balsâmico,
nariz, com frutas notas florais,
silvestres negras e flores vermelhas. vermelhas, notas
Potente sem ser florais de gerânio conjunto apelativo.
vermelhas, notas Na boca é fresco e
florestais e florais. pesado, aveludado, entrelaçadas com
excelente frescura especiarias, louro, frutado, tanino algo
A boca é vibrante, secante mas bem
fresca, tensa e e persistência couro e terra húmida.
aromática. GC Excelente frescura, equilibrado na acidez
picante e pede boa vibrante. MB
cozinha de território. Consumo: 2020- taninos de altíssima
2028 / 25,00€ / 16ºC qualidade a dar Consumo: 2020-
GC
firmeza à estrutura, 2025 / 6,99€ / 16ºC
Consumo: 2020-
longuíssimo e
2025 / 61,50€ / 16ºC
complexo final. GC
Consumo: 2020-
2030 / 28,00€ / 16ºC
17 17 17 17
Quinta do Quinta dos Ramos Pinto Vallegre
Pessegueiro Roques Xisto Cota Touriga
Touriga Touriga Duzentos Nacional 2016
Nacional 2018 Nacional 2017 Touriga Douro / Tinto/
Douro / Tinto Dão / Tinto / Nacional 2017 Vallegre
/ Quinta do Quinta dos Roques Rubi. Notas de
Douro/ Tinto/
Pessegueiro Rubi intenso. bergamota, cereja
Adriano Ramos
Sofisticado nas vermelha, verniz
Púrpura intenso. Pinto
impressões de frutas e balsâmicos.
Nariz exuberante, Rubi escuro.
negras maduras, Toque floral de
com frutas vermelhas Notas de esteva,
rosas, notas de esteva. O tanino
em compota, notas cereja vermelha
especiarias picantes está suculento, a
florais encantadoras madura, cedro,
e alcaçuz. Boca rica, estrutura é firme
e pano de fundo ligeiro balsâmico e
carnuda, marcada e muito fresca, o
mineral. No palato especiaria. Tanino
pela frescura da final mostra-se
ostenta excelente firme, estrutura
acidez e pela firmeza prolongado e
frescura, taninos muito competente,
dos bons taninos. saboroso. De perfil
firmes, grande bom volume, final
Final persistente e contemporâneo,
dinâmica e final que revela um breve
especiado. GC mostra ainda
longo e perfumado. vegetal e grão de pergaminhos de
GC Consumo: 2020- café. Precisa evoluir evolução. JJS
Consumo: 2020- 2030 / 30,00€ / 16ºC em garrafa para Consumo: 2020-
2030 / 28,00€ / 16ºC mostrar tudo o que 2026 / 16,90€ / 16ºC
tem. JJS
Consumo: 2020-
2027 / 60,00 € / 16ºC
16,5 Adega de Redondo Touriga Nacional 2017 / Alentejo / Quinta de Ventozelo Touriga Nacional 2017 / Douro /
Adega Cooperativa de Redondo Quinta de Ventozelo
8,99 € Notas quentes mas frescas de fruto passificado, balsâmico, chocolate. Rubi. Perfume de violeta, cereja vermelha, amora, nuance mais fresca de
Seco, cheio, bom volume e fruta, tanino vivo mas nada agreste, uma Touriga 16,5 14,00 €
bergamota. Tanino muito elegante e suculento, estrutura fluida, volume
desenhada para a mesa. 2020-2025 MB interessante e final que lembra bombom de ginja. Será difícil resistir-lhe.
2020-2025 JJS
Adega Mayor Touriga Nacional 2018 / Alentejo /
Adega Mayor Quinta do Ataíde Vinha do Arco 2016 / Douro /
16,5 15,79 € Rubi. Aromas de violeta, cereja vermelha, bergamota e ligeiro fumo. Tanino Symington Family Estates
fresco, acidez que faz salivar, estrutura afirmativa e final muito elegante. Rubi intenso. Frutas negras no olfato, contidas, além de notas balsâmicas
Uma visão contemporânea da casta. 2020-2025 JJS 16,5 24,00 €
e minerais. Na boca também está jovem e sóbrio, precisa claramente
de garrafa para revelar-se. Taninos firmes, acidez equilibrada, bom final.
16,5 Astronauta Touriga Nacional 2017 / Lisboa / Quinta 2020-2030 GC
do Gradil
6,90 € Rubi intenso. Frutas negras e vermelhas maduras, notas vegetais de Quinta do Crasto Touriga Nacional 2017 / Douro /
ruibarbo, impressões minerais. Média estrutura, taninos dominantes e Quinta do Crasto
adstringentes, final médio. 2020-2025 GC Rubi escuro. Algum floral, ameixa e cereja escuras, baunilha e especiaria
16,5 50,30 €
de barrica. Encorpado, revela tanino agudo e final persistente. Muito
Carvalhas Touriga Nacional 2016 / Douro / Real gastronómico, para maridar com gastronomia condimentada. 2020-2024
Companhia Velha JJS
Rubi intenso. Extremamente perfumado, mas sem ser cansativo, revela esse
16,5 50,00 €
carácter da Touriga Nacional com qualidade. Notas de especiarias picantes Quinta do Cume Touriga Nacional 2017 / Douro /
também. O corpo é médio e pende para a austeridade dos taninos e acidez, Quinta do Cume
por isso excelente para a mesa. 2020-2030 GC Rubi escuro. Floral de violeta, notas de torrefação, mirtilo, amora e cereja
16,5 30,00 €
escura. Madeira bem integrada e especiaria. De tanino portentoso e
Casa Santos Lima Touriga Nacional 2017 / Lisboa / estrutura austera, é encorpado e finaliza longo, quente e especiado.
16,5 Casa Santos Lima Acompanha pratos carnudos e apimentados. 2020-2025 JJS
Rubi. Aromas de frutos vermelhos e negros maduros mas frescos, a
6,49 € componente floral da casta não é tão evidente, notas mentoladas e citrinas a Touriga Nacional da Peceguina 2018 / Alentejo /
conferir vivacidade ao conjunto, cabeça de fósforo. Seco, fresco, equilibrado, Herdade da Malhadinha Nova
tanino de qualidade, sabores frutados a estenderem-se pelo final. 2020- 16,5 27,00 € Rubi intenso. Perfil muito elegante, de boa complexidade, sem perder a veia
2024 MB floral da casta. Firme na estrutura, excelente acidez, final balsâmico, merece
guarda. 2020-2030 GC
CH By Chocapalha Touriga Nacional 2018 / Lisboa /
Casa Agrícola das Mimosas Vale da Raposa Touriga Nacional 2017 / Douro /
16,5 31,00 € Rubi. Notas de violeta, cereja escura, mirtilo, azeitona preta e tinta da china. Domingos Alves de Sousa
Musculado, tem tanino portentoso, acidez em fundo, final teimoso. Muito Rubi. Alguma violeta, cereja escura, fumo e complementos balsâmicos.
prometedor, vai melhorar bastante em garrafa. 2020-2026 JJS 16,5 27,00 €
O tanino vai seguro, a estrutura combina potência com fluidez, o final é
prolongado, mostra acidez e um apontamento de tabaco. Vai bem com
Coragem Touriga Nacional 2018 / Lisboa / Vidigal pratos de caça. 2020-2025 JJS
16,5 Wines
Rubi. Tem nariz de violeta, amora, cereja vermelha, alguma romã e leve Vicentino Reserva 2015 / Alentejo / Frupor
11,90 €
especiaria. Tanino fresco, boa acidez, estrutura geral firme. Termina com Rubi. Aromas de violeta e de rosa, cereja escura, amora, algum fumo de
apontamento vegetal e um curioso salino. Um Touriga de perfil marítimo. 16,5 17,45 € barrica e especiaria fina. Tanino portentoso, estrutura firme, bom volume,
2020-2025 JJS final especiado, texturado e quente. Um raçudo que saberá comportar-se à
mesa. 2020-2024 JJS
Fiuza Ikon Touriga Nacional 2017 / Tejo / Fiuza &
Bright Villa Oliveira Touriga Nacional 2016 / Dão / O Abrigo
16,5 25,00 € Granada. Fruto vermelho, com a madeira ainda em integração, cacau, forte da Passarella
caráter cítrico, algo extraído. Na boca mostra a estrutura da madeira, bom 16,5 42,00 € Púrpura. Nariz de bergamota, toranja, cereja vermelha, cera e apontamentos
volume, cremoso e sedutor. 2020-2026 MB de barrica. Muito firme na estrutura, bom volume, final alongado, fresco e
levemente vegetal. Uma interpretação original da casta. 2020-2026 JJS
Herdade das Servas Touriga Nacional 2016 / Alentejo
/ Serrano Mira A Serenada Touriga Nacional 2016 / Península de
16,5 17,00 € Nariz francamente vivo e sedutor, fruto do bosque, alguma compota, fruto Setúbal / Maria Jacinta Nunes da Costa Gomes Sobral
em passa. Na boca é seco, fresco, corpo leve mas amplo, final prolongado, a Rubi. Concentrado, fruto vermelho evidente, porém fresco, nada de
dar prazer desde já à mesa. 2020-2024 MB 16 12,00 €
sobrematurações. Balsâmico fresco, algum cacau. Na boca é seco, alguma
adstringência, boa estrutura e volume, uma Touriga de perfil consensual.
Monte Meão Vinha dos Novos Touriga Nacional 2017 2020-2025 MB
/ Douro / F. Olazabal & Filhos
Rubi intenso. Expansivo nos aromas florais, de compota de frutas vermelhas, Aldeias de Juromenha Touriga Nacional 2017 /
16,5 30,00 €
madeira muito subtil. Especiado e sápido na boca, a sua estrutura é Alentejo / Herdade Aldeias de Juromenha
equilibrada entre fruta madura e taninos firmes. Final perfumado. 2020-2025 Rubi vivo. A madeira surge em primeiro plano, bem integrada nas notas de
GC 16 14,90 €
cereja, amora e groselha. Conjunto fresco e apelativo. Na boca mostra bom
volume, frescura impressionante, tanino vigoroso, final longo, especiado e
Quinta das Lamelas Touriga Nacional Grande vivo. 2020-2025 MB
Reserva 2017 / Douro / José António da Fonseca
Augusto Guedes Coteis Touriga Nacional 2018 / Alentejo / Herdade dos
16,5 33,00 € Rubi vermelho. Nariz ainda marcado pela juventude, muita fruta fresca, Coteis
madeira ainda vincada, torrefação, sensação floral e cítrica. Na boca, a Rubi. Notas de violeta, cereja escura, ginja, algum caramelo, cedro
frescura impressiona dado o ano climático quente. Bom volume e amplitude 16 10,20 €
e especiaria. Tanino rugoso, firmeza geral, encorpado, de final muito
de boca. Está para durar. 2020-2028 MB persistente e levemente vegetal. Um Touriga musculado, pronto para todo-o-
terreno. 2020-2025 JJS
Quinta de Lemos Touriga do Bosque Touriga
Nacional 2015 / Dão / Quinta de Lemos Cottas Touriga Nacional Unoaked 2017 / Douro /
Rubi escuro. Muito balsâmico, convida-nos a entrar na floresta: mirtilo, Quinta de Cottas
16,5 35,80 €
resina de pinheiro, caruma, flor silvestre. Tanino esculpido, porte elevado 16 17,50 € Rubi. Esteva, ameixa e cereja escuras, impressões de baunilha e especiaria.
mas elegante, sedoso e de final interminável, com apontamento de charuto. Largo na dimensão, mostra apontamento vegetal no meio palato, finaliza
Está a evoluir. 2020-2025 JJS mais fresco e balsâmico. Está a iniciar o caminho. 2020-2025 JJS
Herdade do Rocim Touriga Nacional 2018 / Alentejo Vale de Lobos Touriga Nacional Reserva 2017 / Tejo /
/ Rocim 16 Sociedade Agricola da Quinta da Ribeirinha
Vermelho. Primeira impressão de fruta em passa, notas cítricas a conferir Rubi escuro. Nariz de fruta madura, ameixa, com notas mentoladas mais
16 11,75 €
frescura, toque balsâmico, apontamento de cedro. Na boca é vivo, fresco,
7,50 €
frescas e alguma baunilha. Bom volume, taninos polidos e um certo carácter
tanino de qualidade a fazer-se notar. Final longo, salivante e gastronómico. vegetal. Acidez viva e bem enquadrada, algum fumo e feno, num conjunto
2020-2025 MB consensual. 2020-2024 CL
João Pato Touriga Nacional 2017 / Beira Atlântico / Adega de Pegões Touriga Nacional 2017 / Península de
16 Luís Pato Setúbal / Cooperativa Agrícola de Stº Isidro de Pegões
8,00 €
Rubi. Expressão floral e de piso florestal, mirtilo, cereja escura, algum 15,5 5,60 € Rubi. O nariz transporta notas de clima quente, fruta em passa, apontamento
vegetal seco, verniz e balsâmicos. Tanino fino, acidez sempre em fundo, balsâmico. A boca é cheia, compotada, a madeira confere estrutura, pede
estrutura solta e final saboroso. Não gerará consensos mas tem uma assados de carne. 2020-2025 MB
personalidade curiosa. 2020-2024 JJS
Cepa Pura Touriga Nacional 2019 / Lisboa / Quinta do
Marquês dos Vales Touriga Nacional 2019 / Algarve / Montalto
Quinta dos Vales 15,5 9,25 € Rubi. Algum floral, cereja vermelha fresca, morango e uma nuance vegetal.
16 17,90 € Rubi. Bagas vermelhas e negras frescas, notas cítricas, flor de laranjeira, Muito fresco, leve e fluido, termina suculento. Para mesas descontraídas.
ligeiro fumo. Na boca mostra vivacidade, tanino especiado, estruturado e 2020-2022 JJS
fresco. Final levemente picante e gastronómico. 2020-2024 MB
Ermelinda Freitas Touriga Nacional 2017 / Península
Piloto Collection Touriga Nacional 2018 / Península de Setúbal / Casa Ermelinda Freitas
de Setúbal / Quinta do Piloto Rubi vermelho. Fruta e madeira em abundância, notas de baunilha e café.
16 8,99 € Rubi. Fruto passificado, bagas vermelhas e negras, balsâmico, conjunto 15,5 9,99 €
Sabor doce, algo adstringente, bom corpo, acidez a conferir equilíbrio.
sedutor. Na boca mostra-se seco, frutado e fresco, nota especiada que Claramente uma Touriga de clima e ano quentes, a pedir mesa. 2020-2024
confere vivacidade, boa acidez no final fresco e longo. 2020-2024 MB MB
Plansel Touriga Nacional 2018 / Alentejo / Quinta da Evidência Touriga Nacional Reserva 2018 / Dão /
Plansel Parras Wines
16 12,54 € Rubi muito intenso. Frutas negras maduras, café, mais sério no perfil.
15,5 6,22 €
Rubi. Aromas evidentes da casta, com fruto vermelho e notas florais em
Poderoso, textura cremosa, taninos vigorosos, acidez equilibrada, final evidência, alguma compota, bergamota e folha de chá, conjunto fresco e
persistente e alcoólico. Uma Touriga de impacto. 2020-2025 GC elegante. Na boca é seco, algo adstringente e vegetal, mas não em demasia.
Fresco e prolongado, uma Touriga de perfil clássico. 2020-2026 MB
Pôpa Touriga Nacional 2017 / Douro / Quinta do Pôpa
Rubi de média intensidade. Um jardim de flores vermelhas, além de ervas, Quinta dos Capinhas Touriga Nacional Reserva 2018
16 18,00 € especiarias picantes e morangos silvestres. Médio corpo, bons taninos, / Algarve / Lieberwirth Sociedade Agrícola e Turismo
excelente frescura e energia. Boa persistência, final perfumado. 2020-2025 15,5 12,30 € Rubi. Alguma violeta, ameixa e cereja maduras, fumo e complementos de
GC pimenta preta. Estruturado, com volume presente, perfil sempre quente e
final de matriz especiada. Para mesas fartas. 2020-2023 JJS
Quinta da Vassala Touriga Nacional 2015 / Lisboa /
16 Sartal - Sociedade Agrícola de Repovoamento Florestal
Quinta da Rabiana Private Collection 2019 / Vinho
Rubi de média intensidade. Frutas vermelhas maduras, flores vermelhas
7,50 € Verde / Quinta da Rabiana
maceradas, madeira exótica presente e notas típicas de cascas de citrinos. 15 14,00 €
Rubi. Muito vegetal, alguma cereja e ameixa vermelhas. Tanino fresco,
Média estrutura, leve adstringência, acidez equilibrada, bom para um cabrito
acidez vincada, final leve e convidativo. Para o dia a dia. 2020-2021 JJS
assado. 2020-2025 GC
Quinta do Pinto Touriga Nacional Reserva 2015 / Vidigueira Touriga Nacional 2019 / Alentejo / Adega
Lisboa / Quinta do Pinto Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito
16 13,99 €
Nariz inicialmente contido, exibe notas de algum fruto silvestre, floral 15 7,29 € Rubi intenso. Nariz herbáceo, tons florais, frutas vermelhas. A boca é
discreto, ligeiro balsâmico, perfil mais elegante e menos concentrado. marcada pela acidez estridente, taninos algo verdes, e, ao mesmo tempo,
Seco no palato, cheio, com bom volume, tanino suave e macio, levemente uma doçura da fruta. Para enchidos de porco. 2020-2023 GC
especiado no final prolongado, a pedir pratos de tacho. 2020-2025 MB
O Mordomo Reserva Touriga Nacional 2019 / Tejo /
Quinta dos Corvos Reserva Touriga Nacional 2017 / Casa Agrícola Solar dos Loendros
Douro / Quinta do Estanho 14,5 6,90 € Púrpura intenso. Uma explosão de frutas negras maduras, rosas, citrinos.
16 20,00 € Rubi de média intensidade. Totalmente voltado para as frutas vermelhas A boca é tânica, de acidez equilibrada e algo de gás carbónico pela tenra
vibrantes, notas de citrinos e flores vermelhas. Corpo médio, taninos finos e idade. Final médio. Um tinto rústico para pratos gordurosos. 2020-2024 GC
maduros, equilíbrado, agradável toque de amargor no final. 2020-2024 GC
Sanguinhal Touriga Nacional 2017 / Lisboa /
Companhia Agrícola do Sanguinhal
16 11,00 € Rubi intenso. Groselhas vermelhas em compota, floral, algo de citrinos,
notas de baunilha. Encorpado, com boa densidade de fruta e equilíbrio. Final
médio e levemente alcoólico. 2020-2025 GC
* PVP ainda não divulgado.
Os resultados causaram algum assombro pela qualidade geral dos vinhos provados nas diferentes
categorias de preços mas, sobretudo, e ao contrário da expetativa inicial, na assunção generalizada
de um perfil de vinhos que pende para o lado do equilíbrio, da frescura e da elegância.
Com um passado
que remonta à ocupação
romana, a viticultura
é hoje uma atividade
No início de dezembro de 1815, na sequência dinâmica, estimulada em a sul, encostada à Áustria, a Morávia do Sul.
da Batalha dos Três Imperadores, Napoleão Esta última divide-se em quatro sub-regiões:
Bonaparte foi confirmado como um grande
grande parte pelo (devido) Slovácko, Velké Pavlovice, Mikulov e Znojmo.
estratega militar e soberano quase absoluto aproveitamento dos A recente reclassificação deu-se após a entrada
da Europa, fundador do I Império francês. do país na UE, simplificando e reduzindo o
Em Austerlitz, na Morávia do Sul (Slavkov
fundos comunitários que número de 10 sub-regiões que compunham
u Brna), a cerca de 10 km a sudeste de Brno, se seguiram à adesão da a Morávia. Inclui 17.421 hectares de vinhas, o
na altura região que integrava o Império
Austríaco, a chamada Terceira Coligação, for-
República Checa à União que representa 96% da área de vinha do país,
grande parte junto à fronteira com a Áustria
mada por Inglaterra, Áustria e Rússia, com a Europeia, em 2004. e o seu Weinviertel, onde predomina a varie-
neutralidade da Prússia, enfrenta as forças dade Gruner Veltliner.
francesas (que curiosamente haviam sido der-
rotadas cerca de dois meses antes por Nelson na batalha marítima de Um toque de Botrytis
Trafalgar).
A intenção inglesa era impedir por todos os meios a invasão da ilha O nevoeiro que ganhou a batalha a Napoleão diz-nos algo sobre
britânica, receio reforçado depois de Napoleão coroar-se rei de Itália. A as características da região. Localizada em torno do paralelo 49 N e
20 de novembro de 1805, Bonaparte derrota os austríacos na Baviera contígua às zonas vitivinícolas a sul da Alemanha e norte da Áustria,
e marcha sobre Viena, que viria a ocupar a 13 de novembro. E segue mas de influência continental, a Morávia conta com uma tempera-
ao encontro do exército austro-russo em Austerlitz. Aqui, Napoleão tura média anual de 9,42°C, precipitação média de 510 mm e 2.244
enfrentaria o czar Alexandre I da Rússia e o imperador Francisco II da horas de sol. O ciclo vegetativo é mais curto que na Europa Ocidental
Áustria (que na realidade não marcou presença, mas contribuiu para mas, na maioria dos anos, destaca-se a maior intensidade térmica dos
que a batalha assim ficasse conhecida). A 2 de dezembro, o exército meses de verão, o que permite o cultivo de castas de maturação tardia.
às suas ordens simulou uma tática de retirada e ocupou o estraté- É, aliás, comum, encontrar nos vinhos aromas terrosos e de mofo,
gico planalto de Pratzen, movimentações ocultadas por um espesso mais associados à Botrytis Cinerea.
nevoeiro que se fazia sentir, seguindo-se um ataque massivo francês No que diz respeito à classificação dos vinhos, os checos adotaram
que, em última instância, resultou numa vitória retumbante. um sistema decalcado do alemão, que avalia a maturação da uva
Como consequência, a batalha custou a perda da coroa do Sacro durante a vindima e, consequentemente, o teor de açúcar no mosto,
Império Romano-Germânico a Francisco I já que, pela paz de cujas denominações são atribuídas segundo o teor de açúcar residual.
Bratislava, a Áustria viu-lhe retirados os territórios do Tirol, Voralberg, Podem ir desde o suché (seco, até 9 gr./lt!); polosuché (meio-seco);
Veneza, Ístria e Dalmácia e Napoleão formou a Confederação de polosladké (meio-doce); ao sladké (doce).
Estados Alemães do Reno, sob o seu protetorado, destinada a fazer Em geral, trata-se de vinhos bastante leves, com alguma austeri-
tampão face à Prússia. dade, boa acidez (nem sempre capaz de equilibrar o teor de açúcar)
No período em que permaneceu na Morávia, Napoleão insta- e relativamente baixo teor alcoólico. Os vinhos brancos são protago-
lou-se no Castelo de Mikulov, hoje uma atração turística da região, nistas, mas alguns tintos podem ter boa fruta e equilíbrio. Os vinhos
e podemos certamente especular que tenha provado os vinhos pro- pozdní sběr (colheita tardia) são recomendáveis, bem como alguns
duzidos localmente. Isto porque a Morávia do Sul é o maior e mais sekt (espumantes).
antigo centro produtor de vinhos do país. E, como em quase tudo o que se refira ao país, a nomenclatura das
Com um passado que remonta à ocupação romana, quando as castas pode ser um problema. Não só pela dificuldade em apreender
legiões ocuparam as encostas de Pálava e plantaram as primeiras as designações, mas também pela diversidade de castas, algumas das
vinhas, a viticultura é hoje uma atividade dinâmica na região, esti- quais resultam de cruzamentos realizados durante a época comunista.
mulada em grande parte pelo (devido) aproveitamento dos fundos Desde logo a variedade Pálava, cruzamento de Muller-Thurgau com
comunitários que se seguiram à adesão da República Checa à União Traminer e muito utilizada em Mikulov, a sub-região que visitámos.
Europeia, em 2004. Isso é visível na paisagem vitícola, com a dissemi-
nação de grandes áreas de vinhas novas, e na construção de adegas A ronda de Mikulov
contemporâneas, de traço moderno. Funcionais, sóbrias e direcio-
nadas para a melhoria contínua dos vinhos. Por ocasião da última edição do Concurso Mundial de Bruxelas,
Grosso modo, a República Checa possui duas grandes regiões pro- que decorreu em Brno, foi possível visitar diversos produtores na
dutoras: a norte, junto à fronteira com a Alemanha, surge a Boémia; sub-região de Mikulov, que operam em diversas dimensões, mas têm
OS PREMIADOS
www.adegamor.pt
Para ver e ouvir
Manteiga
O veludo de leite
PRODUTO
Manteiga. Só a palavra já nos põe a derreter por dentro. Aquela suavidade cremosa e
dourada a deslizar sobre uma fatia de pão, a sapidez salgada de uma onda láctea onde nos
espraiamos como quem mergulha num simples prazer. A manteiga das Marinhas é especial,
porque 100% artesanal. Há décadas que nos doa a natureza pura por mãos de mestre.
E, segundo a Wallpaper, é uma das 13 melhores manteigas do mundo.
A
bre-se o papel vegetal decorado em nata. Primeiro, durante 20 minutos, para alimentar. Apenas com o tempo muda de cor,
com vaquinhas azuis a pastar em obter consistência. Depois, num segundo se fora do frigorífico, mas as matizes são sempre
prados verdejantes, ao lado da momento, é batida mais uma hora, sendo o pálidas e esbranquiçadas, pois é nata pura. A
emblemática hélice de moinho líquido remanescente o chamado leitelho ou fábrica nasceu em 1954 na sequência da aqui-
azul e, lentamente, passa-se a soro de manteiga. A manteiga é ainda lavada e sição da Lacticínios de Esposende, Lda. e no
faca pela superfície untuosa. Uma onda de homogeneizada, verificando-se a percentagem início estava apenas certificada para a pro-
manteiga desenha-se sob o nosso olhar con- de humidade “que não pode ser mais de 16%”. dução de manteiga, numa altura em que os lati-
cupiscente. Onde está a fatia de pão fofo e Umas pedrinhas de sal (cerca de 1% do volume cínios davam os primeiros passos em Portugal.
acabado de fazer para barrar com manteiga, a total) completam a magia.
desfazer-se na boca, salina e cremosa? Pronto, Esta manteiga das Marinhas normalmente O primeiro queijo magro português
estamos felizes. esgota. Está-se mesmo a ver porquê. Era o caso
Não há pequeno-almoço digno de registo sem de hoje, pois quem quiser também pode com- Mas esta manteiga de luxo, nomeada em 2006
manteiga, portanto. Por que deixamos de a prar diretamente na loja da fábrica. Não admira como uma das melhores do mundo, só existe
usar? Para não engordar? Porque as tendên- que a Wallpaper a tenha eleito como uma das por causa do motor inicial da empresa, criado
cias nos bombardeiam com horrores de coles- 13 melhores do mundo. “Depois do artigo da por Reinaldo Castilho: um queijo magro que
terol e dietas da moda? Acabamos por recorrer Wallpaper foi o ‘boom’. Esgota quase sempre”, acabou por ser o primeiro em Portugal. No prin-
a produtos “light” pejados de bugigangas muito afirma Bárbara Castilho, hoje um elemento cípio, a manteiga acabava por representar um
piores, mas enfim... Quando a manteiga é pura da terceira geração deste projeto artesanal subproduto. Hoje, com a fama alcançada, tem
nata de leite batido em cadência, sem conser- e também responsável pela área de comuni- já, igualmente, posição de estrela, tal como o
vantes ou corantes, de vacas que vivem perto cação. queijo.
do mar, só pode haver promessas de saúde e Apesar da dinâmica e algumas inovações na “Na altura, o queijo mais comum era o flamengo,
sabor. criação de produtos, o respeito pela memória de bola vermelha, mas o meu avô teve a ideia
E é assim mesmo na Fábrica de Laticínios das e pelos procedimentos artesanais continua a de criar um queijo completamente diferente
Marinhas, em Esposende, com o Atlântico fazer parte da filosofia da casa, que resiste a
aqui tão perto. A paisagem de prados verdes modas e mudanças.
debruados pelo Cávado, a beleza natural de As vacas são oriundas da zona, entre Laúndos, Há várias gerações que a
Fão, Esposende ou Ofir acrescem de tipicidade Vila do Conde e Póvoa de Varzim e o leite é a tradição se cumpre num
a estes produtos lácteos, apesar de ser cada principal matéria-prima. Diariamente, entram
vez mais raro ver vacas a pastar no continente, aqui cerca de 6.000 a 8.000 litros de leite de mesmo ritual: bater a
infelizmente. Tudo é feito à mão aqui – naquela vaca, o que se traduz em cerca de 600 litros uma temperatura certa
que foi a primeira fábrica de laticínios certifi- de natas, como é o caso de hoje, por exemplo.
cada em Portugal, situada mesmo junto à EN Após análise, a nata retirada é colocada em e a um ritmo a compasso
13, que liga Porto e Valença. bilhas de metal de 50 litros e arrefecida numa das batidas do coração,
Mal entramos, um aroma acolhedor a leite e câmara frigorífica durante várias horas, de
nata envolve-nos. Pudera. Há bilhas com flocos modo a acidificar. de forma a transformar-
de natas que parecem neve e tanques onde Depois de batida durante duas horas, pode ser se em nata. Primeiro,
repousam nuvens lácteas, numa espécie de adicionado sal ou não e a manteiga é manual-
espelho branco cremoso. mente embalada em papel vegetal, com vários durante 20 minutos, para
Aqui faz-se a nata, não se compra. A manteiga tamanhos. Se a manteiga com sal deve ser con- obter consistência. Depois,
nasce a partir da nata que se retira do leite sumida em dois meses, a sem sal tem apenas
para o queijo magro, outra das estrelas das um mês de validade. Estamos agora na sala
num segundo momento,
Marinhas. Há várias gerações que a tradição onde a manteiga é embalada à mão por várias é batida mais uma hora.
se cumpre num mesmo ritual: bater a uma tem- mulheres e estranhamos a cor branca. “Esta
peratura certa e a um ritmo a compasso das manteiga não tem corantes, por isso estranha
Umas pedrinhas de sal
batidas do coração, de forma a transformar-se não ser amarela”, alerta Sílvia, engenheira completam a magia.
Manteiga
no formato, e também magro, depois de viajar dias ou até um mês, consoante o gosto, e cada A par da manteiga,
por toda a Europa a visitar fábricas. Era um lote tem escrito, manualmente, a data e o tempo
visionário e um homem muito fora da caixa. de cura. “Nós temos vários tipos de queijo e o o consumidor pode
Foi também ele, aliás, que lançou o cinema em consumidor pode escolher o que preferir, como degustar outros
Esposende”, conta-nos Bárbara. Não seria fácil um menu ‘à la carte’. Há clientes que querem
a introdução no mercado de um queijo branco, um queijo magro quase fresco a sair da cuba e produtos que a fábrica
magro, sem corantes e sem conservantes, num outros que gostam dele bem curado. Podemos, produz também de forma
formato atípico. Contudo, se primeiro se estra- assim, fazer queijo à medida porque esta é uma
nhou, depois entranhou-se. E, atualmente, empresa familiar”, enfaliza Bárbara. artesanal, para além do
a procura é tanta que esgota facilmente. Tal Mas, apesar de se respeitarem os procedi- queijo Marinhas magro, o
como a manteiga, o queijo é totalmente natural. mentos há quase 50 anos, também há lugar
É feito tal e qual como em 1954 ou seja, com- para a inovação. O queijo de cabra e a bisnaga queijo Cávado (flamengo),
pletamente artesanal, e essas são razões para de queijo cremoso fundido com menos 10% de o queijo amanteigado e o
prazos de validade muito curtos. gordura são algumas das novidades. Assim, a
De facto, há quem trabalhe aqui há 46 anos, par da manteiga, o consumidor pode degustar queijo fundido.
como é caso de Fernanda, uma das operárias outros produtos que a fábrica produz também
que confirma que a batedora ainda é a mesma de forma artesanal, para além do queijo
e todo o ritual de preparação completamente Marinhas magro, o queijo Cávado (flamengo),
artesanal. Os métodos de fabrico são, assim, os o queijo amanteigado e o queijo fundido. LACTÍCINIOS DAS MARINHAS
mesmos há 65 anos, mas a obrigatoridade de Esta gama de artigos completa a oferta desta Av. 19 de Agosto, 4399 / 4740-575 Esposende
usar máscara veio densificar os ritmos de tra- empresa que aposta na história para marcar a T. 253 961 176 / M. 966745627 / E. geral@lmarinhas.pt
balho destas verdadeiras heroínas que chegam diferença no mercado. Horário: segunda a sexta-feira, das 9h00 às 12h30 e
mesmo a embalar também à mão os produtos. O queijo Marinhas Mini é um produto natural, das 14h00 às 18h00
“Aqui é tudo 100% natural, até a fermentação, com adição de fermentos lácteos, cloreto de
feita através do frio, sem qualquer tipo de cul- cálcio e coalho. É fabricado com leite de vaca
tura láctea adicionada”, alerta ainda Sílvia. pasteurizado português, de origem regional,
Na sala ao lado, uma bela tina oval acolhe um parcialmente desnatado. Quanto ao queijo cre-
banho de leite em repouso, processando-se a moso é fundido, embalado em bisnaga de alu-
coagulação. Só para um quilo de queijo magro mínio, e fabricado a partir do queijo Marinhas,
são usados 13 litros de leite e o prazo de vali- com adição de sais de fusão. No portefólio da
dade pode ir até aos três meses casa existe ainda o chamado “Queijo Cávado”
O leite é pasteurizado, arrefece e depois é cen- e o “Queijo Ofir”, bem como o Queijo Marinhas
trifugado e homogeneizado, sendo seguida- Amanteigado, de textura característica
mente coagulado. untuosa, o que lhe acentua a sapidez e paladar.
De seguida, as liras de corte separam o soro da Quanto ao queijo de cabra Marinhas é também
massa, que é posteriormente lavada e prensada de fabrico artesanal, mas mais raro, dada a
para se enformarem os queijos, quando é atin- maior dificuldade em arranjar leite de cabra de
gida uma textura mais consistente. São cerca origem regional.
de 400 queijos enformados diariamente, à mão, Diabolizada pelo seu teor calórico em época
como tudo o resto, e com vários tamanhos. de barrigas lisas e abdominais desenhados, a
Os laticínios da Marinhas vendem-se pratica- manteiga é, sobretudo, fonte de vitaminas A
mente dentro de portas, no mercado nacional, e D essenciais à absorção do cálcio e possui
já que o seu curto prazo de validade não torna poder antioxidante (Vitamina E e Selénio) que
viável a exportação. O queijo é ainda posterior- protege as artérias. Apesar de dever ser utili-
mente salgado, com procedimentos diferentes zada com moderação, é um alimento funda-
caso seja magro, de bola, em barra, gordo ou mental tanto pela presença de ácidos gordos
amanteigado, colocando-se numa câmara de de cadeia curta como pelo reforço do sistema
cura a 10 graus. imunológico. De facto, o ácido butírico, pre-
sente na manteiga favorece a implementação
Uma escolha “à la carte” da bioflora, bífida e acidófila, reduzindo as con-
dições inflamatórias. Tudo razões acrescidas
Se o queijo magro apenas permanece uma para a consumirmos, moderadamente, mas
semana na câmara de cura, o gordo obriga a 15 sempre com muito prazer.
Por algum trauma alimentar, passei uma boa parte da minha vida florais e de nozes e avelãs. Curiosamente, a manteiga preferida dos
sem gostar de manteiga. Lá pelos meus 20 anos aprendi a aceitá-la, grandes chefes e profissionais pelo mundo fora, do “artisan beurrier”
após ler um livro de um ‘foodie’ e crítico norte-americano que ensi- Jean-Yves Bordier, provém da Bretanha e não goza de nenhuma destas
nava a técnica do “masoquismo benigno”, isto é, expor várias vezes aos denominações.
sentidos um alimento que não se tolera e assim convencer o cérebro e Assim como a uva transporta o meio ambiente ao vinho, o leite cru
os orgãos sensoriais que aquilo sabe bem. E, às vezes, o resultado deste das vacas reflete as condições naturais onde pastou a relva e as ervas
exercício é transformar a resistência inicial num dos ingredientes ou autóctones, com o sabor singular da região. E também as culturas de
pratos preferidos. Atualmente sou apaixonado por manteigas, artesa- micro-organismos que se desenvolvem no leite e no seu creme. Bordier
nais ou industriais, desde que de grande qualidade e que exprimam de celebrizou a frase “a manteiga é um mata-borrão da natureza”. De
preferência o seu terroir, estilo e elaboração, tal como no vinho. Nada facto, mesmo que o creme seja pasteurizado na esmagadora maioria
de barras amarelas sem “somewhereness” que apenas aportam uma das manteigas comercializadas do mundo, o perfil da estação do ano
gordura qualquer à nossa vida. e da cultura lática que atuarão sobre o creme depois da pasteurização
Tal como o vinho é apenas o mosto da uva fermentado, e dessa - esta última espontânea nas manteigas mais artesanais -, far-se-ão
descomplicada origem nasce uma miríade de cores, aromas, texturas sentir na cor, perfil aromático e sabor. Aromas mais herbais e florais
e estilos, dos mais simples “funcionais” de supermercados aos néc- na primavera; cor mais amarela devido aos carotenóides no pasto e
tares mais sublimes e raros, a manteiga é um laticínio com matizes. aromas mais ricos, caramelados e confitados no verão; mais tostados
Acompanha o homem desde que este começou a domesticar os pri- e de castanhas no outono; e uma cor clara e sabores mais doces no
meiros rebanhos de cabra e ovelha, milénios antes de Cristo, na inverno, quando a alimentação é feita, sobretudo, de feno seco.
Mesopotâmia. Como a bacia do Mediterrâneo era relativamente Microrganismos indígenas, tal como no vinho, são menos controláveis,
quente para mantê-la no seu estado sólido e evitar a rancificação, mas podem gerar sabores mais complexos, picantes e típicos da região.
prejudicial ao sabor e à manutenção dos nutrientes do leite - ao con-
trário dos queijos -, ligou-se aos países nórdicos europeus. Os gregos Em Portugal
e romanos, por exemplo, referiam-se à manteiga como um dos poucos
alimentos finos dos “bárbaros do norte”. No nosso pequeno país abençoado gastronomicamente, ainda tão
Embora haja diversas técnicas, mais tradicionais ou modernas, para modesto em vangloriar os produtos ímpares que tem nos seus campos,
inverter a emulsão de glóbulos de gordura na água do creme de leite rios e oceano, e talvez por isso ainda não reconhecidos mundialmente
em emulsão de água em gordura da manteiga, basicamente o que deve como deveriam, dispomos de algumas das melhores barrinhas cre-
acontecer é uma batedura do creme. Assim rompe-se a membrana que mosas do mundo.
envolve os glóbulos de gordura, possibilitando a sua aglomeração e Quando cheguei a Portugal e fui apresentado aos queijos e man-
consequente formação da manteiga, com eliminação de grande parte teigas dos Açores, rendi-me absolutamente ao seu caráter e qualidade.
dos componentes não gordurosos através do leitelho. Em França, onde Para um profissional do vinho, e mesmo sem ter ainda visitado esse
a manteiga é um dos principais esteios da sua prestigiada gastronomia fabuloso arquipélago, ficou claríssimo que ali imperavam condições
pelo menos desde o séc. XVII, faz-se uma grande distinção neste ponto de clima, de solo, ventos e outros fatores naturais muito particulares,
da batedura: nas manteigas mais artesanais, denominadas “beurre determinantes para a diversidade e sabor das suas pastagens, prados e
de baratte”, o processo é realizado em cilin- forragens. Já apresentei a alguns amigos profis-
dros giratórios tradicionais, alguns ainda de sionais estrangeiros um queijo da Ilha de São
madeira, que separam a massa sólida da líquida. Há três denominações Jorge bem curado, e todos se admiraram de
Após a separação do leitelho, adiciona-se água não figurar no rol dos melhores e mais pecu-
gelada para uma segunda “barattage” dos grãos
controladas em França: liares do mundo, com a sua riqueza de sabor
de manteiga. As manteigas mais industriais são “beurre d'Isigny” da e textura, a “tanginess” herbácea e sápida que
elaboradas em máquinas agitadoras contínuas fala de pasto, mar e vulcão. Da mesma forma,
Normandia, aveludada e
de inox, ou “butyrateurs”, os quais não pre- podemos lambuzar-nos com manteigas fabu-
servam tanto os glóbulos de gordura, compro- com notas de avelã, “beurre losas que sabem ao clima subtropical húmido
mentendo assim a textura ultra cremosa que e oceânico e aos solos vulcânicos açorianos,
Charentes-Poitou” - a
encontramos com maior frequência nas man- e aqui cito as minhas preferidas: a potente e
teigas “de baratte”. famosa manteiga Échiré do complexa Uniflores da Ilha das Flores, a mais
Mais ainda, no paraíso das manteigas -
homónimo laticínio provém elegante e texturizada Rainha do Pico e a não
embora existam excelentes exemplares em menos rica e deliciosa Ilha Azul do Faial.
Inglaterra, Irlanda, Dinamarca, Espanha e dessa região - da Aquitânia, No wine-bar em Lisboa de fui o diretor
Itália -, a origem é levada muito a sério. Há três de características mais de vinhos, trabalhávamos com uma man-
denominações controladas em França: “beurre teiga do norte de Portugal continental, para
d'Isigny” da Normandia, aveludada e com frutadas e, finalmente, a sermos diferentes daqueles poucos que ainda
notas de avelã, “beurre Charentes-Poitou” - a “beurre de Bresse”, entre investem em excelência em todos os ingre-
famosa manteiga Échiré do homónimo laticínio dientes e acabam por optar pelas amarelinhas
provém dessa região - da Aquitânia, de carac- a Borgonha, a Sabóia e o dos Açores. Procurávamos semanalmente na
terísticas mais frutadas e, finalmente, a “beurre Jura,com notas herbáceas, fábrica de lacticínios situada na freguesia das
de Bresse”, entre a Borgonha, a Sabóia e o Jura, Marinhas, concelho de Esposende, distrito
fundante na textura, com notas herbáceas, florais e de nozes e avelãs. de Braga, a incrível manteiga das Marinhas.
Elaborada desde 1954 por métodos artesanais, reflete um outro ter- uma textura rica e untuosa pedirão outro perfil de vinho. Devemos
roir e maneiras diferentes das gerações de trabalho, resultando numa contudo sempre evitar as frituras por imersão a temperaturas muito
coloração palha, textura fundente de grande qualidade e um sabor altas, pois o “ponto de fumo” da manteiga é baixo: por volta dos 150ºC
extrememante requintado, adocicado e persistente. Entre Açores e já começa a degradar a sua estrutura de ácidos gordos livres, contra os
Marinhas? É como se comparássemos a explosão salgada e fumada de 200ºC aproximadamente do azeite extra-virgem. No caso da manteiga
um Verdelho dos Açores com a elegância e persistência da fruta de um derretida, por exemplo em vieiras ao forno na concha, ou em molhos
Alvarinho de Melgaço - não há melhores, apenas expressões emocio- de emulsão como no clássico francês para peixes à base de chalotas e
nantes de terroirs distintos. vinho branco, o chamado “beurre blanc”, não falamos já em gordura
sólida, mas em untuosidade. Nesta situação, o melhor é partirmos para
Para harmonização, há gorduras e gorduras… um rico Borgonha branco na faixa dos 13,5º de álcool, ou um belo
Encruzado do Dão já com 14º gr./lt., trabalhado judiciosamente em
A manteiga é um produto perfeito para percebermos bem um dos barricas “à la bourguignonne”.
maiores equívocos em que muitos amadores e até alguns profissionais
da enogastronomia incorrem ao propor um casamento vinho-alimento. “Manteiga no vinho”
Asserções generalistas do tipo “acidez corta gordura” são omnipre-
sentes e assaz perigosas. Como discutimos por vezes neste espaço da Para além dos mais de 80% de gordura e 15% de água e aproximada-
revista, a acidez dos vinhos, ao lado da sapidez (e do gás carbónico dos mente 3% de sal - quando é o caso -, a manteiga é ainda composta por
espumantes), são armas poderosas para, através de um forte estímulo vitaminas liposolúveis A e D e uma centena de compostos diferentes
à salivação, ajudar à dispersão e diluição e consequente emulsionar das que contribuem para o sabor único, como lactonas, ácidos gordos,
gorduras sólidas. O efeito destas gorduras, como é o caso da manteiga diacetil, metil cetonas e dimetilsulfureto. Estes compostos ligam-se
na temperatura de frigorífico, ou de um sashimi de atum toro ou ainda molecularmente muito bem com vinhos de caráter amanteigado, prin-
um enchido de porco, é uma sensação tátil de emplastramento ou pas- cipalmente aqueles que sofreram fermentação malolática. Um dos
tosidade. Vinhos vibrantes e com muita frescura cortam essa sensação corolários desta conversão, pelas bactérias láticas, do ácido mais forte
de riqueza quase enjoativa, trazem vida ao casamento o qual, por sua e duro – málico -, num ácido mais redondo e dócil – lático -, é a for-
vez acalma o ímpeto demasiado festeiro. mação do componente diacetil, cujo aroma é aquele que mais asso-
Se a gordura é líquida, conforme discutido no nosso artigo sobre ciamos à manteiga fresca (ou às pipocas de micro-ondas). O mesmo
o azeite, temos que procurar no vinho elementos que enxuguem ou diacetil é gerado no creme de leite através da ação da cultura lática,
minimizem os efeitos dessa untuosidade na boca - no caso, taninos ou, sobretudo pelos Streptococcus cremoris, Leuconostoc citrovorum,
nos vinhos brancos, o álcool - e não um elemento como a acidez, que Leuconostoc dextranicum e Streptococcus diacetylactis a partir do
induz a uma salivação intensa, ou seja, estaríamos a aumentar a quan- ácido cítrico e dos citratos.
tidade de líquidos na cavidade bucal, em vez de diminuí-la. Nos vinhos, a concentração do dimetil determina a sua intensidade.
Como o ponto de fusão ou derretimento da manteiga é relativamente O limiar de perceção num Chardonnay, por exemplo, é de apenas 0,2
baixo e adquire uma consistência “espalhável” mg./lt. e num Cabernet Sauvignon ou outros
por volta dos 15ºC, torna-se uma gordura tintos estruturados é de 2,8 mg./lt.. A con-
líquida, dependendo da quantidade de sólidos No caso da manteiga centração de dimetil depende por sua vez das
do leite e da composição de centenas de tipos derretida, por exemplo em estirpes das bactérias envolvidas na malolática,
de ácidos gordos, ao redor dos 35ºC, ou seja, da velocidade e disponibilidade de oxigénio na
próxima da temperatura interna da cavidade vieiras ao forno na concha, conversão, do pH do vinho, da sulfitagem e da
bucal. Essa fração de mais de 80% de gordura ou em molhos de emulsão concentração de ácido cítrico.
pura, composta principalmente de triglicerí- De mãos dadas com a química podemos
deos, quando servida próxima da temperatura como no clássico francês para tomar decisões mais informadas e promover
do frigorífico, pedirá um perfil de vinho dotado peixes à base de chalotas e maridagens mais harmoniosas e duradouras.
de acidez cortante, coadjuvada por outros ele- Da próxima vez que sentir as típicas “buttery
mentos de dureza, como a sapidez mineral e vinho branco, o chamado notes” ou notas amanteigadas nos brancos que
a espuma carbónica. Há harmonização mais “beurre blanc”, falamos em passam por estágio em barricas de carvalho e
sedutora para um grande champagne rosé ou que normalmente realizam a conversão malo-
espumante rosado da Bairrada de Baga, do que untuosidade. Nesta situação, lática, traga o diacetil da manteiga para animar
uns canapés cobertos com discos de manteiga o melhor é partirmos para a festa de casamento. E não se esqueça do por-
fria e uma generosa colher de ovas de salmão? menor que faz toda a diferença: se o equilíbrio
O impacto ácido, de frescura e mineralidade
um rico Borgonha branco na do vinho pender para a acidez e baixo álcool,
destes vinhos, reforçados pelo gás carbónico faixa dos 13,5º de álcool, ou normalmente resultante de climas mais frescos,
natural, ajuda a emulsionar a gordura e tem a manteiga também deve ser gelada e sólida; se
o seu ataque de dureza amortecido pela man-
um belo Encruzado do Dão o equilíbrio pender para uma acidez menos
teiga, ou seja, uma perfeita situação de “win- já com 14º gr./lt., trabalhado cortante e maior riqueza alcoólica, registo de
-win”. climas mais quentes, o melhor mesmo é que a
Quando aquecemos a manteiga para diversas
judiciosamente em barricas “à manteiga esteja derretida pelo vinho.
preparações culinárias, sabores maravilhosos e la bourguignonne”.
Zunzum
Gastrobar
O lado B de Marlene
No Zunzum ele é feito com choco e camarão (e sabe e pouco doce -, com compota de ananás no interior e
a tal) e transforma-se num agradável e guloso petisco creme de chantilly de limão galego no topo, uma conju-
depois de mergulhado no ketchup de pimento. gação doce-ácida muito bem conseguida.
Espetada de porco preto frito, milhos fritos, lembra- A segunda é um hino, um verdadeiro orgasmo tân-
-nos a receita típica madeirense, não fosse a carne trico para chocólatras: mousse de chocolate negro do
de porco alentejano ter substituído a de vaca da ilha. Brasil, cremoso de chocolate negro de São Tomé, bolo
Excelente, diga-se: carne tenra, suculenta, com pro- de chocolate (chiffon), e crumble de amêndoa e cacau.
porção certa de gordura e um fumado da passagem Tudo aquilo é finesse e prazer prolongado. A envol-
grelha a dar-lhe um irresistível toque final. vência na boca, o contraste das texturas, a qualidade
Em termos de salgados, o almoço poderia ter termi- e as nuances dos diversos chocolates... Santa Mãe de
classificação nado por ali, mas a gula (e o ofício, vá) levou-me ainda
ao arroz de bivalves. E foi a única semidesilusão. Não
Cristo!
No capítulo dos vinhos, a aposta é comedida, ao
que estivesse mau. Não estava: o arroz vinha no ponto, contrário dos cocktails, por exemplo. Pode ser momen-
cremoso e rico de sabor. Porém, por cá, quando penso tâneo, por causa da pandemia, mas tendo um horário
em bivalves, imagino ameijoa, berbigão, conquilha ou alargado e um escanção como João Pichetti (que
17 lingueirão e não tanto mexilhão, que era o molusco em conheci em São Paulo, quando era sommelier do D.O.M.,
larga maioria no prato, junto com alguns berbigões. de Alex Atala) é uma pena se não aproveitarem essas
Cozinha Acho que seria preferível cobrar mais uns euros e apre- valências. Ainda assim, Pichetti construiu uma carta
sentar um prato mais rico, inclusive na apresentação. de vinhos curta, com pouco mais de 30 referências (3
espumantes, 10 brancos, 10 tintos, 2 rosés, 6 generosos),
Doces tentações mas com critério e opções interessantes e menos evi-
16,5 dentes. Acompanhámos a refeição com um branco de
A doçaria é um tema querido para Marlene Vieira que, talha alentejano, da Amareleja, o Talha Pezgada, um
Sala ao contrário de outros chefes de cozinha, tem um gosto vinho agradável, suave, com alguma complexidade,
especial pela atividade (sendo autora, inclusive, de dois feito com uvas das castas Diagalves, Roupeiro e Antão
livros sobre o tema) e para este projeto foi buscar, como Vaz fermentadas em talhas revestidas com pez.
consultor, Luca Arguelles, um dos melhores pasteleiros Uma última palavra para o serviço que foi prestado
16 do país. Aliás, estava previsto haver um menu de degus- de forma descontraída, afável, com correção e conheci-
tação de sobremesas no bar de entrada, mas a ideia foi mento. Ou seja, com o profissionalismo e simpatia ade-
Vinhos deixada para mais tarde. Enquanto não vem, pode-se quada ao espaço e ao conceito. Enquanto esperamos
ficar com uma ideia provando as propostas do atual pelo Marlene, fica um bom exemplo da cozinha mais
menu. informal com um bom twist de Marlene Vieira.
Preço médio, por pessoa, Como tinha terminado com arroz, não fui na versão
com bebidas: 40,00€. doce, de que já muito se fala. Porém, não resisti ao enro- ZUNZUM GASTROBAR
Pagou-se por esta refeição lado dos Açores, nem às três texturas de chocolate. Edifício Norte, Doca do Jardim do Tabaco, Lisboa | T. 21 050 0347
111,00€ (duas pessoas). Ambas eram muito boas, interessantes e primorosas, Horário: segunda a sexta-feira, das 17h00 às 23h00; sábados e
quer na execução, quer na apresentação. A primeira é domingos, das 12h00 às 23h00
um biscuit choux de chá verde - um enrolado, leve, fofo
Murganheira
A sedução do
espumante
A Murganheira é uma marca portuguesa de
excelência e quando se fala de espumantes de
qualidade, é absolutamente incontornável.
Criada em 1946, no vale do rio Varosa, O rigor do tempo
viria a mudar de mãos em 1986. Orlando
Lourenço tem, desde então, honrado o rigor Da penumbra das famosas caves de gra-
e dedicação que o fundador, Acácio Laranjo, nito azul, conhecem agora a luz várias das
imprimiu àquele que viria a ser um dos mais de 20 referências que a Murganheira
grandes nomes de espumantes em Portugal. produz. Este conjunto de vinhos com-
E na enologia, Marta Lourenço tem sabido prova a diversidade a que o produtor nos
imprimir a continuidade necessária, numa tem habituado, com a sua escolha eclética
produção anual de cerca de 1,5 milhões de de castas, portuguesas e internacionais, a
litros. denunciar um sentido apurado de inves-
Números dignos do historial da empresa tigação e experimentação, procurando a
e da região. A história do vinho em Portugal melhor matéria para os vários estilos.
tem inúmeras referências a Cister e, aqui, Estes espumantes sublinham o rigor com
estamos onde tudo começou. Foi a partir que o tempo é tratado. Os mais recentes,
Estes espumantes sublinham também os mais simples, são de 2017. Depois,
de Tarouca, um dos oito concelhos da
o rigor com que o tempo é região vitivinícola de Távora-Varosa, que os caminhamos na complexidade e delicadeza,
monges brancos espalharam conhecimento. e recuamos para vinhos com estágios mais
tratado. Não é por acaso que
Entre as culturas agrícolas, a vinha era uma longos, até ao extraordinário Murganheira
falamos de cremosidade, de prioridade (no início, para a produção de Grande Reserva Bruto Assemblage 2005.
vinho para a missa, depois para autocon- Não é por acaso que falamos de cremo-
bolhas finas e de texturas
sumo das populações e comércio). sidade, de bolhas finas e de texturas que
que exaltam uma mousse Enquanto a consciência de que a região exaltam uma mousse rendilhada. Toda esta
delicadeza, quase filigrana, apenas se con-
rendilhada. Toda esta tinha características naturais ótimas para
a produção de vinho foi rapidamente segue com o contacto prolongado com a
delicadeza, quase filigrana, adquirida, a história e a experiência foram matéria orgânica da segunda fermentação
apenas se consegue com o demonstrando que a produção de espu- em garrafa (e com uma grande qualidade
mantes era um atributo especial que merecia desses vinhos base). Quando caminhamos
contacto prolongado com a ser explorado, havendo registos de terem para os dez anos sur lies, ou ultrapassamos
matéria orgânica da segunda sido os monges de Cister a iniciar a pro- como em alguns destes exemplos, ser petil-
dução de espumante no século XVII (inte- lant significa muito. Finesse, frescura, pro-
fermentação em garrafa (e ressa referir que esta ordem religiosa estava fundidade. Tudo num outro patamar que
com uma grande qualidade fortemente enraizada em Champagne). nos envolve e nos faz reflectir sobre o que
Távora-Varosa é uma região com uma temos no copo.
desses vinhos base). altitude média de 550 metros. Os solos são A consistência de qualidade destes vinhos
essencialmente graníticos areno-argilosos é por nós reconhecida em cada lançamento.
e o clima é fortemente continental, com O que continua a demonstrar a enorme
verões quentes e invernos rigorosos. Com vocação da região Távora-Varosa para
este cenário, enriquecido por uma escolha a produção de espumantes e o saber da
cuidada das castas, vamos ter bastante fres- Murganheira.
cura e teores de acidez que conduzem a
excelentes vinhos base para a produção de
espumante.
17,5 17,5 17 17
Murganheira Murganheira Grande Murganheira Extrême de Murganheira Velha
Chardonnay Bruto 2013 Reserva Bruto Pinot Blanc Bruto 2015 Reserva Bruto 2014
Távora-Varosa / Espumante / "Assemblage" 2005 Távora-Varosa / Espumante / Távora-Varosa / Espumante /
Sociedade Agrícola e Comercial Távora-Varosa / Espumante / Sociedade Agrícola e Comercial Sociedade Agrícola e Comercial
do Varosa Sociedade Agrícola e Comercial do Varosa do Varosa
Cor palha, com bolha delicada. do Varosa Cor citrina, com bolha intensa. O Dourado claro e luminoso,
Nariz elegante, com maresia, geleia Amarelo limão carregado, com nariz é curioso e sedutor, lembrando apresenta um cordão de bolhas
de marmelo, notas de padaria, bolha fugaz. Vinho adulto e sério, o perfil de alguns champanhes. delicadas. O nariz é elegante, com
num conjunto de grande subtileza. com aromas de evolução e notória Notas de pedra molhada, geleia notas de pão torrado, brioche e
Cremoso e longo, apresenta o matriz portuguesa de vinho branco de fruta, avelã, pão torrado e a alguns aromas mais doces que
mesmo tom de fruta em geleia, com idade. Fruta madura, um elegância das flores brancas. lembram pêssego. Boca complexa,
maçã, limão e uma nota metálica toque de mel e espuma do mar. A Na boca, é cremoso, com notas mousse envolvente e cremosa,
rigorosa. Muito charmoso, límpido, boca segue o perfil dos aromas, de padaria e maçã verde. É um com notas de fruta desidratada,
com acidez vibrante e final de bem desenhada, viva, com mousse espumante estruturado apesar da acidez evidente e mineralidade no
“água das pedras”, é um grande rendilhada. É mineral e profundo, delicadeza, com personalidade e mesmo tom. Termina longo e bonito.
exemplo do clássico “blanc des com final longo e emocionante. classe. Consumo: 2020-2024 Consumo: 2020-2023
blancs”. Consumo: 2020-2024 Consumo: 2020-2023 19,00€ / 8ºC 12,90€ / 8ºC
19,00€ / 8ºC 19,00€ / 8ºC — —
— —
17 16,5
17,5 17 Murganheira Touriga Murganheira Super
Murganheira Cuvée Murganheira Czar Nacional Bruto 2011 Reserva Bruto 2015
Reserva Especial 2007 Grande Cuvée Rosé Távora-Varosa / Espumante / Távora-Varosa / Espumante /
Távora-Varosa / Espumante / Bruto 2015 Sociedade Agrícola e Comercial Sociedade Agrícola e Comercial
Sociedade Agrícola e Comercial do Varosa do Varosa
Távora-Varosa / Espumante /
do Varosa Cor levemente acobreada, com Cor palha claro e bolha média. Nariz
Sociedade Agrícola e Comercial
Amarelo limão, com bolha fina. bolha delicada e persistente. envolvente, com zestes de limão
do Varosa
Nariz discreto, com flores brancas Aromas de flores secas, maçã e limão confit, a par de notas de
delicadas, notas de brioche e Cor salmão, com bolha fina. Nariz madura e alguma tosta são maresia. Mousse intensa, boca séria,
espuma do mar. Mousse etérea, bonito, com pot pourri, notas de os primeiros traços de uma com um lado mineral evidente. É
ligeira manteiga e frescura incisiva, fermento e morango silvestre personalidade vincada. Na boca, um vinho de fácil empatia, bem
pedra molhada, limão e notas mais maduro. A boca é muito equilibrada, sente-se um ligeiro amargor, proporcionado, com amplitude e
evoluídas. É um vinho enigmático, com mousse cremosa e sedutora. mousse fina, notas de geleia, acidez viva. Consumo: 2020-2024
que se exprime com finesse e Final de “água das pedras” que lhe fruta madura e noz, com uma 10,80€ / 8ºC
subtileza, com clara vocação para a dá um tom mais austero, desafiador nota metálica no final. Espumante
refeição. Consumo: 2020-2024 perante o romantismo dos aromas. elegante e diferente, intenso,
Consumo: 2020-2024 envolvido numa acidez bem viva e
19,00€ / 8ºC
24,60€ / 8ºC distinta. Consumo: 2020-2023
15,40€ / 8ºC
texto e notas de prova José João Santos, Luis Costa, Manuel Moreira, Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Ricardo Garrido
Chryseia
A elegância tem
nervo em 2018
A 17ª edição do Chryseia será porventura a mais austera
do passado recente. Todavia, os descritores de elegância e
finesse que desde sempre lhe estiveram associados man-
têm-se. A diferença surge na evidência da barrica e na
eterna questão da juventude aquando do lançamento de
um vinho que possui muita margem de evolução.
Fruto de um ano marcado por um agosto muito quente
e seco, que acelerou as maturações, este Chryseia combina
Touriga Franca (55%) e Touriga Nacional (45%) e esta-
giou 15 meses em barricas de carvalho francês de 400
litros. Com enologia de Bruno Prats, Charles Symington,
Pedro Correia e Miguel Bessa, mostra bastante precisão e
apuro de trabalho com as barricas.
Na apresentação, realizada na Casa dos Ecos, o res-
taurante pop-up da Quinta do Bomfim com autoria de
Pedro Lemos, foram também desvendados os novos Post
Scriptum e Prazo de Roriz, igualmente de 2018. O Post
Scriptum revela-se das mais entusiasmantes edições até
hoje alcançadas, conjugando elegância, frescura e profun-
didade de uma forma copiosamente harmoniosa.
A Prats & Symington é uma parceria entre o enólogo
e produtor bordalês Bruno Prats e a família Symington,
Rupert Symington
iniciada em 1999. A Quinta de Roriz e a Quinta da Perdiz,
ambas no Cima Corgo, são o coração dos vinhos.
@revistadevinhos
Para ver e ouvir
NOVIDADES
Ideal Drinks
Do Loureiro
à Touriga
texto e nota de prova José João Santos, Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Ricardo Garrido
Aveleda
Um vinho de
celebração e
homenagem
A celebrar 150 anos, a Aveleda decidiu homena-
gear o fundador Manoel Pedro Guedes com o lan-
çamento de um vinho homónimo, um Reserva 2018
de Alvarinho (90%) com um perfume de Loureiro
(10%). Fermentou em barricas de carvalho francês
(50%), novas e usadas, e cubas de inox (50%),
durante oito meses, seguindo-se o estágio de um
ano em garrafa. Untuoso e detalhista, é um branco
com pergaminhos de evolução em garrafa para os
próximos anos.
A Aveleda é das principais empresas portuguesas
de vinho, ao faturar 39 milhões de euros anuais em
resultado da produção de 19 milhões de garrafas. A
exportação abrange um total de 75 países.
18
Manoel Pedro
Guedes Reserva 2018
Vinho Verde / Branco /
Aveleda
Dourado. Notas de folha
seca e jasmim, raspa de
lima, pedra molhada e
ligeiro fumo. Generoso
na untuosidade, mostra
estrutura firme, boa acidez,
final elegante e profundo
com um apontamento muito
delicado de querosene e um
ligeiro salino. É um vinho de
detalhes, para evoluir.
Consumo: 2020-2026
60,00 € / 11ºC
Vale D. Maria
Novas referências
no Douro Superior
São os primeiros vinhos da gama Douro Superior
da emblemática Quinta do Vale D. Maria, cuja apre-
sentação à imprensa especializada decorreu no “ter-
roir” que os viu nascer: a Quinta do Vale Sabor, em
Torre de Moncorvo, que a Aveleda resgatou (e reba-
tizou) em boa hora, há sensivelmente quatro anos,
depois do colapso do projeto vitivinícola da então
designada Seis Quintas.
Nestes 45 hectares de vinha no vale do rio Sabor,
quase defronte da Quinta do Vale Meão, a Aveleda
espreitou a oportunidade de criar uma gama de
vinhos “premium” que vem agora juntar-se aos
“super-premium” do Vale D. Maria, no vale do Rio
Torto – uma quinta com vinhas centenárias que está
no universo da empresa desde 2017, tendo Cristiano
van Zeller passado então a integrar a estrutura acio-
nista da Aveleda, onde pontificam António Azevedo
Guedes e Martim Guedes.
17 17 16,5 16 16 16
Vale D. Maria Vale D. Maria Vale D. Maria Vale D. Maria Vale D. Maria Vale D. Maria
Vinhas do Vinhas do Vinhas do Douro Superior Douro Superior Vinhas do
Sabor 2018 Sabor 2017 Sabor 2018 2018 2017 Sabor 2019
Douro / Tinto / Douro / Tinto / Douro / Branco Douro / Tinto / Douro / Tinto / Douro / Branco
Quinta Vale D. Quinta Vale D. / Quinta Vale D. Quinta Vale D. Quinta Vale D. / Quinta Vale D.
Maria Maria Maria Maria Maria Maria
Rubi intenso, muito Rubi opaco. Aromas Amarelo limão. Rubi com rebordo Rubi. Nariz marcado Amarelo esverdeado,
bonito. Aromas com alguma Aromas a fruta violeta. Aromas a fruta pelas notas de fruta mostra referências
expressivos a fruta complexidade a de árvore, melão, silvestre muito fresca, preta, chocolate e aromáticas a fruta de
pura e fresca, amoras pretas, ligeiro floral, nota de vermelha e azulada, ligeiro rebuçado. polpa branca (ameixa
sobretudo mirtilos, chocolate negro, mineralidade (pedra também bergamota Um vinho denso e madura e maçã
com notas de mato rasteiro, húmus molhada). Na boca e arbustivo ligeiro. robusto, com uma Golden), cítrico doce
especiaria branca e e cogumelos. Um evidencia estrutura, Ataque de boca curiosa nota cítrica a e ligeira baunilha. Tem
cítrico de bergamota. vinho envolvente, volume, amplitude, fresco, bela acidez, dar alguma frescura uma boca envolvente
Na boca sobressai a concentrado, com acidez média e elegância, muito e a atenuar sensação com alguma
frescura, graças a uma um final de boca cremosidade. Final equilíbrio. Taninos do álcool. Médio untuosidade e boa
acidez que oculta o persistente, taninos persistente com presentes, mas em corpo, acidez correta, acidez. Vai ganhar
álcool e dá grande notórios mas toque de frescura claro processo de taninos maduros e com mais tempo em
equilíbrio sensorial. maduros. Agradável herbácea. integração. integrados. garrafa, pois precisa
Vai crescer na garrafa, nota balsâmica no Consumo: 2020-2024 Consumo: 2020-2025 Consumo: 2020-2024 de domar a sua
tem alguns anos pela final a deixar rasto de 18,00€ / 11ºC 10,00€ / 16ºC 10,00€ / 16ºC juventude e ganhar
frente. frescura. integração.
Consumo: 2020-2028 Consumo: 2020-2027 Consumo: 2020-2023
18,00€ / 16ºC 18,00€ / 16ºC 18,00€ / 11ºC
texto e notas de prova Nuno Guedes Vaz Pires / foto Ricardo Garrido
A Blandy’s 20
Blandy´s Bual 1920
eleva-nos ao céu
Madeira / Fortificado / Madeira Wine
Company
Tonalidade cobre rodeada por um menisco
esverdeado. Perturbante na intensidade
aromática, ligeiro vinagrinho, iodo, canela,
A Blandy´s, bastião histórico do Vinho Madeira que integra tabaco, café e muitos tostados.
a Madeira Wine Company, é guardiã de muitos milhões de Impressionante pela dimensão, interminável
litros de vinhos velhos e velhíssimos. O Blandy´s Bual 1920, é um vinho capaz de durar para a vida.
Frasqueira que acaba de ser relançado no mercado, aproxi- Charmoso e envolvente, fresco e viçoso,
ma-se do céu, elevando o espírito para um estado de medi-
recusa-se simplesmente a sair da boca,
inesgotável! Monstruoso!
tação. É o poder de um vinho excecional, que nos confunde
Consumo: 2020-2050
os sentidos num misto de admiração e pureza, que alia con-
2.100,00 € / 14ºC
centração, frescura nervo. A par do 1920, outros quatro
vinhos que ajudam a perceber diferentes dimensões do Vinho
Madeira, um dos mais notáveis fortificados do mundo.
18 18 17 17
Cossart Gordon Blandy´s Verdelho Miles Tinta Negra Cossart Gordon
Terrantez 1975 1976 1998 Verdelho Colheita
Madeira / Fortificado / Madeira Madeira / Fortificado / Madeira Madeira / Fortificado / Madeira 2008
Wine Company Wine Company Wine Company Madeira / Fortificado / Madeira
Jovial, nariz elegante mas fechado, O nariz desvenda aromas de iodo Fruto confitado, frutos secos e Wine Company
denunciador de uma enorme e muitos tostados, acompanhado caramelizados, café e charuto. Bom No nariz mel e perfil citrino, notas
frescura que se manifesta de forma por gengibre, marmelada e leves equilíbrio entre o doce e a acidez. de compota de laranja. Elegante na
igualmente eloquente no nariz e insinuações citrinas que refrescam Final complexo. boca e muito equilibrado. Termina
boca. Final poderoso e desmedido. o conjunto. Firme e intenso, jovem Consumo: 2020-2025 com uma secura muito desafiante.
Consumo: 2020-2030 e irreverente, fresquíssimo e 120,00 € / 14ºC Consumo: 2020-2027
346,00 € /14ºC espirituoso.
64,00 € / 14ºC
Consumo: 2020-2030
330,00 € / 14ºC
Novos brancos e um
surpreendente tinto
Quais as probabilidades de num jantar de apresentação de
novidades de vinhos do Pico ser um tinto a grande surpresa da
noite? Aconteceu no jantar vínico da Cooperativa Vitivinícola
da Ilha do Pico recentemente realizado no The Yeatman, em
Vila Nova de Gaia.
O Terras de Lava Reserva 2017, do qual resultaram 1.200
garrafas, é um vinho irresistível, Cabernet Sauvignon (80%)
e Cabernet Franc (20%), obtido a partir de uma vinha da
Candelária (Madalena do Pico) cuidadosamente cuidada por
um casal francês que entretanto se apaixonou pela ilha e por
lá passou a viver.
Do lado dos monovarietais brancos, 2019 foi uma vin-
dima difícil e que se iniciou bem cedo, em 11 de agosto, para
evitar problemas maiores trazidos pela chuva. O Terrantez e
o Arinto alcançaram, porém, um patamar superior. Se o pri-
meiro confirma os créditos que a raridade e as qualidades
intrínsecas merecidamente lhe aportam, o segundo concretiza
um aumento de qualidade face às edições anteriores.
A Cooperativa do Pico, a celebrar 70 anos, trabalha com
270 associados e desde 2017 conta a consultoria enológica
de Bernardo Cabral. O jantar no The Yeatman, duas estrelas
Michelin de Ricardo Costa, saldou-se num elogio aos Açores,
pelas criações do chefe e pelo cartão de visita singular que os
vinhos do Pico atualmente representam. Daniel Rosa
18,5 18 17 17 16
Ilha do Pico Terroir Ilha do Pico Terroir Ilha do Pico Vinho Terras de Lava Terras de Lava
Vulcânico Vulcânico Arinto Licoroso 10 Anos Reserva 2017 2019
Terrantez do Pico dos Açores 2019 Pico / Fortificado / Coop. Açores / Tinto / Coop. Açores / Rosé / Coop.
2019 Pico / Branco / Coop. Vitivinícola da Ilha do Vitivinícola da Ilha do Vitivinícola da Ilha do
Vitivinícola da Ilha do Pico Pico Pico
Pico / Branco / Coop.
Vitivinícola da Ilha do Pico Âmbar. Nariz de folha Rubi claro. Cereja vermelha, Cor salmão. Notas delicadas
Amarelo, laivos dourados. seca, amêndoa, casca de folha de tomate, fumo, de pétala de flor, cereja
Pico
Flor delicada, muita maresia laranja, figo. O manto é ligeiro pimento. O registo vermelha e morango.
Amarelo, rebordo ouro. salino. As notas de maresia é sempre suave. Tanino Fresco, mostra salinidade
Nariz de nectarina, líchia, e fumo. O trabalho com
borras está impoluto, é e alga seca mantêm-se fresco e delicioso, silhueta evidente, tem uma acidez
algum melaço, pimenta na prova, tem dimensão elegante, estrutura que se saúda, termina com
branca e fumo. Poderoso na untuoso e glicerino, sempre
firme e austero. Finaliza em generosa mas afinada, vivaça, final ligeiramente nervo. Contemporâneo e
dimensão, apresenta acidez prolongamento teimoso e especiado, com breve bem elaborado, pode levar
firme mas domada, finaliza profundidade, com nota
de fruto desidratado e sal. interessante. Um meio doce salino. Resumindo, uma à mesa.
com nota de querosene e com semelhanças a alguns tentação!
Antevê larga capacidade Consumo: 2020-2022
fruta desidratada. Mostra vinhos de Jerez.
de evolução e parece, Consumo: 2020-2024 12,50 € / 11ºC
as subtilezas à medida
de longe, a mais bem Consumo: 2020-2030 15,50 € / 16ºC
que vai permanecendo no
copo, tem finura e traços conseguida edição até ao 45,00 € / 14ºC
que lembram Riesling. É um momento.
grande vinho branco! Consumo: 2020-2027
Consumo: 2020-2028 20,00 € / 11ºC
30,00 € / 11ºC
Ensaiar o passado
para projetar o futuro
Parece ter sido ontem mas foi já em 2000. João Paulo Gouveia, uma
das mais brilhantes mentes da viticultura em Portugal que não tem resis-
tido ao bichinho da política, engarrafava com o pai o primeiro Pedra
Cancela tinto, um Touriga Nacional que rapidamente ganhou adeptos.
Seguiu-se um branco, Malvasia Fina e Encruzado, dois anos volvidos, até
que em 2009 a marca passa a integrar o portefólio Lusovini.
Assumindo-se como das principais âncoras da Lusovini, Pedra
Cancela deixou de ser uma espécie de vinho de boutique para assumir
maior dimensão. Até que chegamos à Vinha da Fidalga, propriedade em
Carregal do Sal, adquirida em 2015 e onde foram plantados 15 hectares
de vinhas de raíz. Uma das principais apostas, conta-nos Sónia Martins,
a atual responsável pela Lusovini, é resgatar variedades tradicionais do
passado para ver de que forma poderá ser projetado o futuro, fugindo ao
certo afunilamento Touriga/Encruzado.
Por entre as castas brancas ensaiadas há nomes como Cerceal Branco,
Terrantez, Douradinha ou Uva Cão; nas tintas, Monvedro ou Cidreiro.
Há Cerceal Branco engarrafado há um ano e com provável lançamento
no horizonte, a que se juntam outros ensaios que haverão de resultar em
monovarietais raros ou integrar lotes de outros vinhos. Inspiração no que
se fazia pelo Dão nos anos 60 para projetar as próximas décadas.
Para celebrar a primeira vintena Pedra Cancela, a imprensa especiali-
zada foi convidada a uma breve vertical do Reserva branco, que culminou
com o lançamento do novo Reserva 2018 e a primeira edição do Pedra
Cancela Intemporal, de 2012, obtido a partir de Encruzado, Malvasia
Fina e Cerceal Branco, 20% do lote esteve em barrica usada, após engar-
rafado seguiram-se 7 anos em cave. Um vinho com pergaminhos à altura
da celebração.
João Paulo Gouveia, o criador do Pedra Cancela, garante que todas as
manhãs, bem cedo, faz questão de visitar as vinhas para respirar a pureza
da terra, perceber a evolução das plantas e revigorar corpo e alma para o
resto do dia. E daqui por mais 20 anos, João Paulo, como será?
18 17
Pedra Cancela Intemporal Pedra Cancela Reserva
2012 2018
Dão / Branco / Pedra Cancela Dão / Branco / Pedra Cancela
Vinhos Vinhos
Dourado. Notas encantadoras de Amarelo limão. Nariz de flor do
querosene, flor branca, algum feno, campo, limão, espargos, restolho
ligeiro apimentado de barrica. e pimenta branca. A sensação é
Untuoso mas muito elegante, mostra granítica. Apresenta elegância
dimensão generosa e finura geral. estrutural, tem amplitude mas
Termina em profundidade, com silhueta definida e bastante firmeza.
nervo e persistência. Nobre, expõe Nota de barrica no final, que é seco
os benefícios que só o tempo aporta e de apontamento salino. Saberá
aos grandes vinhos. evoluir.
Consumo: 2020-2025 Consumo: 2020-2026
Sónia Martins e João Paulo Gouveia
25,00 € / 11ºC 12,00 € / 11ºC
Loucuras saudáveis
Lés a Lés
As viagens de
Jorge Rosa Santos
e Rui Lopes
A dupla Jorge Rosa Santos e Rui Lopes continua a percorrer
Portugal, de lés a lés. Foram precisamente os milhares de quilóme-
tros partilhados a principal inspiração para o projeto itinerante de
vinhos, que este ano conta uma novidade, a inclusão de um branco
de Távora-Varosa.
Lés a Lés Apeadeiro 2019 combina as castas Cerceal e Malvasia
Fina, em igual percentagem de 50%, apenas foi vinificado em inox
e parece um bom ponto de partida para explorar ainda mais uma
região que embora continue conhecida pelos espumantes possui
igualmente um potencial assinalável para a elaboração de vinhos
tranquilos.
Enquanto a nova edição do Arinto de Pedra e Cal, um entusias-
mante branco de Bucelas, não sai (está por dias), provamos a con-
sistência da restante gama. O Sério de Síria 2017, de uma vinha
velha da Vermiosa (Figueira de Castelo Rodrigo, Beira Interior), o
L’Immigrant Sauvignon Blanc 2018, de cepas da aldeia de Gavinha
(Alenquer), fermentado em cascos usados de 750 litros durante 7
meses e que resulta numa interpretação pouco usual no nosso país
mas muito bem conseguida da casta, e o Medieval de Ourém 2019,
que resgata a tradição dos vinhos palhete daquela denominação –
80% Fernão Pires, 20% Trincadeira.
Para 2021, Jorge e Rui prometem estender o portefólio com
outras duas novidades: um branco da região de Lisboa, das castas
Jampal (50%) e Vital (50%), e um tinto transmontano de vinhas
velhas de Vidago, sub-região de Chaves.
17 17 17 16,5
Sério de Síria 2017 L’Immigrant Sauvignon Lés a Lés Medieval de Lés a Lés Apeadeiro
Beira Interior / Branco / Wine Blanc 2018 Ourém 2019 2019
Attitude Regional Lisboa / Branco / DOC Encostas d´Aires / Tinto / Távora- Varosa / Branco / Wine
Amarelo, laivos dourados. Nariz de Wine Attitude Wine Attitude Attitude
flor branca, palha seca, nectarina, Dourado. Nariz suave de Rubi aberto. Ligeiro floral, notas Amarelo palha. Ligeiro floral, maçã
pêssego, ligeiro fumo. Untuoso mas gramíneas, raspa de lima, pêssego, sinceras de folha de morango, verde, palha seca, limão e raspa
sempre muito fresco, de acidez algum fumo. Bom volume, mostra romã, cereja vermelha, lima, de lima. Revela acidez tremenda,
bem firme, termina persistente e uma dimensão que não estamos groselha, leve vegetal. Tanino o meio palato é vigoroso e cheio
com alongamento, mostra bom habituados a percecionar nos fresco e dócil, estrutura muito de nervo, tem final profundo e
trabalho com as borras, é bastante Sauvignon portugueses. Tem gulosa, boa acidez, final leve e nervoso. Não deixará ninguém
salino e crocante. Muito bem cremosidade, termina com frescura simplesmente irresistível. A terceira apeado e mostra existir potencial
elaborado. e profundidade. Um exótico que edição de um tributo à tradição. para mais.
Consumo: 2020-2024 manifestamente convence. Consumo: 2020-2025 Consumo: 2020-2024
14,90 € / 11ºC Consumo: 2020-2025 21,50 € / 11ºC 14,90 € / 11ºC
14,90 € / 11ºC
texto e nota de prova José João Santos / fotos D.R. texto e notas de prova José João Santos, Nuno Guedes Vaz Pires / fotos Fabrice Demoulin
19
Barbeito Fajã dos Padres
Malvasia Cândida Frasqueira 1993
18,5 Vinho Madeira / Fortificado / Vinhos Barbeito
Aloirado, reflexos acastanhados. Notas de fruto seco e pastelaria fina,
Escondido 2015
melaço, mel, iodo. Equilibra de forma imaculada doçura e acidez, é muito
Regional Lisboa / Tinto / Quinta concentrado e denso mas simultaneamente elegante, tem um final
do Gradil especiado e de folha de tabaco, interminável. Um grande Madeira!
Púrpura. Notas elegantes florais e Consumo: 2020-2045
de folha de tabaco, pimento, cereja 450,00 € / 14ºC
escura, bergamota, folhagem, —
cedro e caruma. Tanino
esculpido em elegância,
muito boa acidez de fundo,
18
final longo, profundo, com Barbeito Verdelho Casco Único 2006
toque de maresia. Tem um Vinho Madeira / Fortificado / Vinhos Barbeito
perfil bastante bordalês e Cobre, reflexos alaranjados. Nariz de tâmaras, líchia, geleia de fruta branca,
esta quinta edição confirma massapão, aniz, iodo. Na boca parece ligado à corrente, de tão elétrico que
todas as credenciais. é. Volumoso, tenso, releva de início a fim uma persistência incrível. Não é
Consumo: 2020-2028 um Madeira de consensos, é um vinho que permanentemente nos desafia.
130,00 € / 16ºC Consumo: 2020-2035
42,00 € / 14ºC
—
17,5
Barbeito Três Pipas Bastardo Reserva Velha
Vinho Madeira / Fortificado / Vinhos Barbeito
Âmbar. Nariz de fermento e bolo inglês, fruto seco, amêndoa e noz. Muito
boa amplitude, acidez crocante, untuoso e elegante. O final é vibrante,
tenso, com notas de algas secas. Prolongadíssimo.
Consumo: 2020-2035
45,00 € / 14ºC
Nuno Guedes Vaz Pires Alexandre Lalas António Lopes Célia Lourenço Guilherme Corrêa
Diretor Revista de Vinhos Crítico de vinhos e Sommelier Crítica de vinhos e Sommelier
wine educator de gastronomia
José João Santos Luís Costa Manuel Moreira Marc Barros Rodolfo Tristão
Crítico de vinhos Redator Revista de Vinhos Sommelier e wine Editor Revista de Vinhos Sommelier
educator
pág. 142 Alentejo · 20 vinhos pág. 146 IVV · 3 vinhos pág. 150 Tejo · 11 vinhos
pág. 144 Bairrada · 3 vinhos pág. 148 Lisboa · 6 vinhos pág. 151 Trás-os-Montes · 1 vinho
pág. 146 Dão · 3 vinhos pág. 148 Península de Setúbal · 5 vinhos pág. 151 Vinho Verde · 4 vinhos
pág. 146 Douro · 6 vinhos pág. 150 Távora-Varosa · 4 vinhos
classificação
A Revista de Vinhos utiliza a ficha de prova e parâmetros são os vinhos mais surpreendentes; “Boas Compras”, os Consulte os vinhos provados pelo nosso
de avaliação da “Wine & Spirits Education Trust”. Em prova vinhos de melhor relação qualidade/preço. Cada nota de painel no portal www.revistadevinhos.pt
cega, classifica os vinhos de zero a 20 valores, sendo que prova reflete a opinião da revista, estando identificada pelas e na aplicação para tablets e smartphones
apenas publica avaliações de vinhos que atinjam mínimos iniciais do respetivo provador. Nuno Guedes Vaz Pires, diretor da nossa publicação.
de 13 pontos. Usa copos Riedel e os preços indicados são os da Revista de Vinhos, exerce o voto de qualidade na tomada
recomendados pelo produtor. “Altamente Recomendados” de decisões.
ALENTEJO
16,5 16
17 Pato Frio Rosé Cashmere
2019
Gáudio Verdelho 2019
Regional Alentejano / Branco /
Explicit 2017
Regional Alentejano / Rosé / Ribafreixo Wines
Regional Alentejano / Tinto / Ribafreixo Wines Amarelo esverdeado. Nariz
Sociedade Agrícola Jorge Rosa
Santos e Filhos Suave tonalidade casca de com notas amanteigadas e
cebola, a lembrar os rosés da raspa de limão a envolver
Rubi escuro. Nariz de algum
Provence. Aromas expressivos fruta de polpa branca. Na
floral, framboesa, cereja
a romã, groselha, framboesa, boca é intensamente cítrico e
vermelha madura, ginja,
ervas frescas e alfazema. herbáceo, muito fresco, intenso,
especiaria e balsâmicos de
Na boca é seco, com acidez com bela acidez. LC
barrica. Tanino musculado,
vincada, alguma untuosidade, 6,99€ / 11ºC
estrutura sedosa, mostra
singular travo vegetal e final
boa dimensão e é teimoso
de boca persistente. Um rosé
no prolongamento final. De
matriz alentejana, quente e
peculiar e versátil, com grande
potencial gastronómico. LC
16
gastronómico. JJS Implicit 2019
7,99€ / 11ºC
18,00€ / 16ºC Regional Alentejano / Rosé /
Sociedade Agrícola Jorge Rosa
17 16 Santos e Filhos
Cor alaranjada, laivos
Connections Chenin acobreados. Nariz de floral
Portalegre 2018
Blanc 2019 suave, cereja, rosa, ligeiro
Alentejo / Branco / Adega
Regional Alentejano / Branco / vegetal. Fresco, revela boa
Portalegre Winery APW
Ribafreixo Wines acidez, elegância e finura geral.
Amarelo definido. Nariz fino e Finaliza bem e de modo muito
Amarelo suave em tom
rico de notória complexidade, convidativo, a desafiar a um
esverdeado. Nariz com
notas de figo, pêra, mel copo mais. JJS
sugestões de mineralidade,
de flores, alperce, cera de
notas cítricas, maçã verde 7,00€ / 11ºC
abelha, com sofisticação e
e avelã. A boca é cítrica e
qualidade. Estruturado, corpo
herbácea, intensa e granítica,
médio, tem na elegância o
seu fator distintivo. Frescura
com acidez incisiva e final
persistente. LC
16
natural, personalidade altiva, Marel 2019
persistente ainda que pouco 9,75€ / 11ºC
Regional Alentejano / Branco /
eloquente. Muito bem! MM Sociedade Vitivinícola Courela dos
16
18,00€ / 11ºC Aleixos
Dourado, reflexos esverdeados.
Esporão Colheita 2019 Notas de restolho, alperce e
17 Regional Alentejano / Branco /
Esporão
amêndoa torrada. Untuoso e
muito largo no volume, tem
Portalegre 2017
Amarelo, laivos dourados. Nariz uma estrutura mais firme que
Alentejo / Tinto / Adega Portalegre lhe é conferida pela boa acidez.
Winery APW sincero de jasmim, lima, toranja,
ameixa e palha seca. Untuoso, O final é seco e exótico. De
Granada intenso. Nariz que perfil oxidativo, obriga-nos a
mostra boa amplitude, volume
denota já alguma riqueza sair da zona de conforto... e
generoso, final seco, salgado
e complexidade. Fruta é essa a grande virtude que
e apimentado. Mostra um
madura, polida, belo trabalho possui. MB
carácter muito próprio. MM/JJS
com barrica de qualidade. 7,50€ / 11ºC
Estruturado, corpo médio, 9,99€ / 11ºC
taninos envolventes, uma
leveza de perfil de certa forma
contrastante com aroma. Final 16 16
requintado, de média extensão, Gáudio Alvarinho 2019 Pato Frio Antão Vaz
a dar mostras de ainda estar na 2019
Regional Alentejano / Branco /
juventude. Prometedor. MM Ribafreixo Wines Regional Alentejano / Branco /
18,00€ / 16ºC Ribafreixo Wines
Amarelo esverdeado. Aromas
a maçã Golden, cítrico doce, Amarelo limão. Aromas
ameixa branca, flores e abacaxi. lácteos, flores brancas, ameixa,
Tem um ataque de boca fresco damasco e cítrico maduro.
e herbáceo, boa textura, acidez Na boca é muito equilibrado,
muito viva, final persistente. LC com alguma untuosidade,
acidez perfeita, travo herbáceo
6,99€ / 11ºC
a dar frescura, potencial
gastronómico. LC
6,99€ / 11ºC
16 15,5 15,5
Planura 2019 Pato Frio Selecção 2019 Rebelde 2019
Regional Alentejano / Rosé / Super Alentejo / Branco / Ribafreixo Regional Alentejano / Tinto / Casa
Bock Bebidas Wines Santos Lima
Tonalidade casca de cebola. Amarelo cor de feno. Aromas Concentrado, fruto vermelho
Aromas de groselha, framboesa a ervas frescas, fruta de polpa compotado, algo maduro mas
e ervas frescas. Na boca é branca e jasmim. Boca com fresco, notas de chocolate,
frutado, tem um ataque seco, interessante travo vegetal, boa toque floral e tostados leves.
mostra bela acidez e equilíbrio. acidez e persistência, sensação Na boca é suave, leve perceção
Final com rasto de ligeira de algum volume. LC de doçura amparada na acidez
untuosidade. LC 6,99€ / 11ºC e nos sabores frutados frescos,
5,29€ / 11ºC que se estendem ao final. MB
3,79€ / 16ºC
15,5
16 Planura 2020 BAIRRADA
Quinta do Paral 2019
Regional Alentejano / Rosé /
Regional Alentejano / Branco /
Super Bock Bebidas 17
Herdade Tinto e Branco Amarelo palha. Sugestões Quinta do Poço do Lobo
Rosa. Notas florais e de aromáticas a fruta de polpa Rosé Reserva 2019
groselha, algum morango e branca, nectarina, amêndoa Bairrada / Rosé / Caves São João
cereja. Breve perceção de crua e flor de laranjeira. Na Baga (50%) e Pinot Noir
tanino, apresenta densidade boca é fresco e singelo, com (50%). Cor provençal. Aromas
e frescura gerais, sensação média acidez e ligeiro travo delicados de cereja vermelha,
agradável de geleia de fruto vegetal. LC morango e um toque vegetal.
vermelho. Finaliza amplo e 4,99€ / 11ºC Muito salino e fresco, apresenta
com nota de secura. Pode uma acidez quase cortante.
acompanhar snacks salgados, Termina austero e persistente.
pastas e risotos. JJS
8,80€ / 11ºC
15,5 De perfil atlântico, é um rosé
moderno e todo o terreno. JJS
Quintas de Borba 2017
13,50€ / 11ºC
Alentejo / Tinto / Adega
16 Cooperativa de Borba
Senses Alicante
Rubi intenso. Belo nariz.
Mostra elegância e alguma 16,5
Bouschet 2017 complexidade. Definido Colinas Chardonnay 2018
Regional Alentejano / Tinto / de fruta, floral e delicada Bairrada / Branco / Colinas de São
Adega Cooperativa de Borba especiaria de barrica. Na boca Lourenço
Granada cheio. Aroma intenso, tem bom porte, afinação, Dourado. Nariz de flor branca,
contudo afinado, sobressai a suporte de fruta dar agradável ameixa verde, líchia, pêssego e
fruta madura, cassis e ameixa volume, taninos sedosos um toque de amêndoa torrada.
preta, envolto em balsâmicos, e muito polidos. Muito Mostra nervo, boa acidez,
especiaria e tostados finos. competente e especialmente combina cremosidade com
Encorpado, estrutura de gastronómico. MM frescura. O final é persistente,
relevo, taninos de certo 3,60€ / 16ºC seco e salino. Acompanha
músculo mas integrados, fruta gastronomia de mar apurada.
madura e alguma secura. Final JJS
persistente. MM
6,86€ / 16ºC
15,5 12,90€ / 11ºC
Quintas de Borba 2019
16
Alentejo / Branco / Adega
Cooperativa de Borba 16
Amarelo claro. No aroma Colinas 2019
Torre de Palma 2019 cativa pelo perfil de finura Bairrada / Rosé / Colinas de São
Regional Alentejano / Rosé / Torre e elegância geral. Fruta de Lourenço
de Palma caroço (alperce e ameixa), Cor salmão, reflexos
Rosa acobreado. Fruto citrinos, sugestão tropical. acobreados. Notas delicadas
vermelho em abundância, Boa estrutura na boca, corpo de folha de morango, cereja
groselha, amora, toque de médio, acidez fina, sugestão vermelha e uma nuance
ginja, ligeiros tostados. Boca mineral subtil, harmonioso e vegetal que agrada. Seco,
ampla e untuosa, boa acidez saboroso. Acertado na prova e suave, cheio de frescura, acidez
e vivacidade, final frutado, a seguramente à mesa. MM bem conseguida e final bom,
sugerir companhia agradável 3,60€ / 11ºC salino. Combina com sushi e
em mesa leve. MB aperitivos de perfil salgado. JJS
15,9 0€/ 11ºC 12,50€ / 11ºC
SOLUÇÕES PROFISSIONAIS
DE HIGIENIZAÇÃO
GUIA REVISTA DE VINHOS
DÃO DOURO
16
17,5 17 Portal Colheita 2019
Douro / Branco / Quinta do Portal
Quinta de Saes Estágio Permitido Rabigato 2019
Prolongado Encruzado Amarelo pálido. Nariz de média
Douro / Branco / Márcio Lopes
2017 intensidade, com aromas de
Amarelo, laivos esverdeados.
fruta de polpa branca, algum
Dão / Branco / Quinta da Pellada Nariz sério, a mostrar flor de
pêssego e ligeiro floral. Na
Dourado. Aroma muito discreto, mato, toranja e lima. Seco e
boca, o lado vegetal surge a par
ainda austero, com notas austero, onde a tensão da
da fruta, num vinho equilibrado,
citrinas, algum fruto de polpa acidez refresca o volume
de relativa estrutura, final
branca, mineral, conjunto geral que possui. O final está
fresco, frutado e floral, tudo a
fino e elegante. Na prova de bem projetado, com nuances
evidenciar a sua juventude. CL
boca mostra-se bem amplo e minerais. Mostra garra e haverá
8,00€ / 11ºC
estruturado, acidez equilibrada, de evoluir em garrafa. JJS
cremoso e frutado, com final 15,00€ / 11ºC
sedutor, a dar mostras do
potencial de envelhecimento. 16
MB
20,90€ / 11ºC
16,5 Pouca Terra 2019
Douro / Branco / Quanta Terra
Proibido Clarete 2019
2019 Amarelo esverdeado. Nariz
marcado pelos aromas
16,5 Douro / Tinto / Márcio Lopes
Rosa escuro. Cheira a uva
florais, laranja, maçã Pink
Quinta de Lemos Touriga Lady, notas de alperce. Na
acabada de vindimar. Notas
Nacional 2015 boca é fresco, equilibrado e
complementares de rosa,
descomprometido, capaz de
Dão / Tinto / Quinta de Lemos morango e framboesa.
gerar consensos nas refeições
Rubi vivo. Alguma Afirmativo na boca, com acidez
do dia a dia. LC
concentração, fruto vermelho, que faz salivar, de final teimoso
7,49€ / 11ºC
componente terrosa, floral, e cheio de sabor. Um clarete
conjunto fresco e apelativo. com alma. JJS
Na boca mostra-se seco, 12,50€ / 14ºC
tanino ainda vincado mas IVV
de qualidade, estruturado e
fresco, que se estende no final
16 16,5
gastronómico. MB Voyeur 2018
Grandes Quintas
25,20€ / 16ºC IVV / Tinto / Niepoort Vinhos
Colheita 2018
Douro / Tinto / Sociedade Agrícola Rubi aberto. Nariz sincero de
15 Casa d'Arrochella
Rubi escuro e violáceo.
flor silvestre, cereja vermelha,
amora e ginja. Complemento
Terras de Santo António Nariz intenso, com esteva, vegetal. A franqueza
2019 fruta vermelha, ginja. Boca comprova-se a seguir, pelo
Dão / Branco / Sociedade Agrícola harmoniosa de taninos polidos, tanino fresco, a estrutura
da Quinta de Santo António notas de mato verde e fruta fluida e o final que apresenta
Amarelo palha. Notas de folha de qualidade. É um vinho uma acidez muito assertiva.
seca, lima, maçã e raspa de sério, com alguma densidade Um vinho “fora da caixa” de
lima. Estrutura suave, acidez e volume, fácil de gostar e que carácter bem interessante. JJS
refrescante e bem integrada pode ascender a um quotidiano 17,30€ / 16ºC
na dimensão geral. Termina mais exigente. CL
com apontamento salgado. 6,90€ / 16ºC
Combine-o com pastas ou
saladas com frutos secos. JJS
16
16
Ânfora de Baco 2019
3,99€ / 11ºC
IVV / Branco / Quinta do
Mazouco 2019 Montalto
16 15 16
Ânfora de Baco 2019 Vinhas do Carneiro 2019 Quinta de Camarate
IVV / Tinto / Quinta do Montalto Regional Lisboa / Branco / Branco Seco 2019
Rubi vivo e intenso. No Sociedade Agrícola do Carneiro Península de Setúbal / Branco /
aroma predomina a frescura. Amarelo vivo. Aroma elegante José Maria da Fonseca
Vivacidade na fruta, a lembrar e fresco, sobressai pelo Dourado. Notas francas de
ameixa preta vermelha, a par de polimento da boa fruta citrina, ervas, lima, maracujá, pera
floral (violeta). Um certo vegetal dos tons a pêssego e ervas e líchia. Espevitado e muito
seco e terroso. A boca replica aromáticas. Apesar da leveza, fresco, sublinha a sinceridade
perfeitamente o nariz, muito tem estrutura de boca, bem da fruta na boca. A acidez é
solto, vibrante, saboroso e de recheado de fruta e acidez prazenteira e o final é leve.
frescura instantânea. Muito cítrica deliciosa. MM Preparado para momentos
feito para brilhar à mesa. MM 4,00€ / 11ºC descontraídos e para levar à
10,15€ / 16ºC mesa com saladas e snacks. JJS
7,99€ / 11ºC
15
LISBOA Vinhas do Carneiro 2017
15,5
16
Regional Lisboa / Tinto /
Sociedade Agrícola do Carneiro Quinta de Camarate
Boa Noite Lisboa! Granada médio. Fruta vermelha, Branco Doce 2019
Castelão Syrah 2019 madura, calibrada, algum Península de Setúbal / Branco /
herbáceo a dar frescura ao José Maria da Fonseca
Regional Lisboa / Rosé / Vidigal
Wines conjunto. Na boca está muito Dourado. Aromas de alperce,
Rosado salmão, bonito. Aroma afinado, equilibrado, sobressai líchia, banana, manga e
muito polido, fragrante, fruta a frescura do conjunto. maracujá. Muito apelativo,
bem desenhada, sobressai a Taninos polidos, ainda assim apresenta leveza estrutural e
groselha, o morango fresco e a levemente secantes. Perfeito doçura a preceito. Finaliza bem.
melancia. Equilibrado e fino na complemento de refeição. MM Para consumir à entrada da
boca, redondo, com atratente 4,00€ / 16ºC refeição, com umas amêndoas
frescura e sabor. Para agradar à torradas. JJS
mesa ou a só! NGVP 7,99€ / 11ºC
6,90€ / 11ºC 14
Amoras Leve 2019
15
16
Regional Lisboa / Branco / Casa
Santos Lima BSE Branco Seco
Quinta da Romeira Prova Amarelo esverdeado. Aroma Especial 2019
Régia Arinto 2019 fragrante e instantâneo, Regional Península de Setúbal /
tons florais e tropicais, muito Branco / José Maria da Fonseca
Bucelas / Branco / Sogrape Vinhos
apelativo e viçoso. Ligeiro e Amarelo brilhante. Nariz
Amarelo palha. O nariz é bem
refrescante na boca, frutado marcado pelos tons citrinos
fresco, com notas de lima,
simples e agradável, acidez e florais, com elegância e
tangerina, apontamento floral
e ligeira doçura a funcionar frescura. Seco, mostra bom
e sugestão salina. Na boca
bem. Descontraído, para tarde volume de boca, frutado e
mostra-se bem fresco, sabores
ensolaradas. NGVP fresco, final cremoso e amplo.
frutados, boa acidez e volume
2,29€ / 11ºC Consensual e bem conseguido.
de boca, final salivante e toque
MB
especiado. MB
3,99€ / 11ºC
4,99€ / 11ºC
PENÍNSULA DE
SETÚBAL
15 15
Sem Reservas 2018
16,5 Periquita Castelão
Colecção Privada Aragonez Touriga
Regional Lisboa / Tinto / Casa
Domingos Soares Franco Nacional 2019
Santos Lima
Verdelho 2019 Regional Península de Setúbal /
Granada médio. Fruta suave Rosé / José Maria da Fonseca
e madura no aroma, groselha Regional Península de Setúbal /
Branco / José Maria da Fonseca Salmão pálido. Nariz dominado
e ameixa, alguma especiaria.
Cor amarela apelativa, pelo fruto vermelho limpo
Corpo médio/ligeiro na boca,
ligeiro CO2, nariz frutado, e fresco, fruto tropical, que
aveludado e envolvente, fruta
algo exuberante mas fresco se estende à prova de boca,
prazenteira, taninos delicados
e atraente, notas tropicais conjunto bem amparado na
e polidos. Especiaria subtil
e citrinos. Na boca mostra acidez e na fruta final, um rosé
no final de boca. Um vinho de
volume e acidez a equilibrar que dará alegrias com entradas
apelo imediato. NGVP
o conjunto, final saboroso, de ou à borda de água. MB
2,69€ / 16ºC
bom comprimento. MB 4,99€ / 11ºC
9,90€ / 11ºC
TÁVORA-VAROSA
15,5 16
16 Murganheira Tinto Bruto
2017
Escaravelho Ineditus
Unoaked 2019
Murganheira Malvasia
Távora-Varosa / Espumante / Regional Tejo / Tinto / Escaravelho
Fina Bruto 2017
Sociedade Agrícola e Comercial Wines
Távora-Varosa / Espumante / do Varosa Rubi médio. Nariz fresco,
Sociedade Agrícola e Comercial
Bolha média sobre cor de marcadamente frutado, bagas
do Varosa
cereja. Nariz simples, frutado e vermelhas, herbal e torrado
Suave na cor, com bolha média.
vigoroso. Boca jovem, atrevida, ligeiro. Na boca é leve, seco,
Aromas de fruta fresca, com
com marcado carácter vegetal taninos vivos, ligeiro herbal/
notas de pêssego e pêra, a
e fruta vermelha bem madura. vegetal, a contribuir para o
par de um lado mais floral e
Final seco, ácido e petillant, perfil jovial. Algo curto, mas
delicado. A boca é também
com taninos e notas de acertado, a mostrar-se opção
frutada, com mousse generosa,
seiva. Há sempre uma certa em mesa petisqueira. MM
algumas notas que lembram
rusticidade nos espumantes 17,90€ / 16ºC
padaria, acidez evidente,
tintos que este Murganheira
registo mineral, final longo e
sublinha com nervo e
alegre. CL
10,80€ / 8ºC
intencionalidade. CL
9,80€ / 8ºC
16 FALUA DUAS CASTAS TINTO
Falua Duas Castas CLASSIFICAÇÃO Vinho Regional Tej
2014
Távora-Varosa / Espumante /
16 Rubi. No nariz apresenta fruto
vermelho limpo, delicado,
VINIFICAÇÃO Após uma mac
fermentação deco
controle de tempe
do Varosa Tejo / Tinto / João dos Anjos Dias Na boca mostra-se suave, REDUTORES
Cor salmão acobreado, com Rubi intenso. Aroma muito centrado na fruta, bom groselha, pimento
cedro e especia
maduro é seguido
bolha fina. Tosta e aromas fino e bem desenhado. Bagas volume e acidez, final fresco e abundância de
equilibrado com u
vermelhos.
mais evoluídos, a par de vermelhas e azuis, algum floral saboroso. NGVP ACOMPANHAMENTO Acompanha bem
caça, enchidos e q
15,5 15 T RÁS - O S -
M ON T E S
Escaravelho Castas AR Tinto de Azinho 2015
Unoaked 2019
Regional Tejo / Branco /
Tejo / Tinto / João dos Anjos Dias
Granada médio. Aroma a
16
Quinta de Arcossó 2015
Escaravelho Wines revelar evolução, combina
Trás-os-Montes / Tinto / Quinta
Amarelo. Aroma curioso, bagas silvestres pretas e
de Arcossó
um pouco divergente, pois vermelhas com notas e caruma
Rubi. Algum floral, ameixa e
tem perfil de frescura mas de pinheiro, algum feno e
cereja escuras, fumo e notas de
o conjunto pende um tanto eucalipto seco. Perfil fresco.
baunilha do estágio em barrica.
sobre o maduro. Feno e chá, Corpo moderado, estrutura
Tanino firme, corpo médio/alto,
amêndoa e cítricos. Estruturado ainda jovem, um pouco magro,
acidez pungente, estrutura
na boca, acidez elevada, sem prejuízo do prazer. Bebe-se
assertiva. O final é caloroso,
salivante e laivos salinos. Final com muito agrado. MM
especiado e prolongado. De
relativamente curto, mas o todo 4,50€ / 16ºC
perfil clássico, está preparado
é competente. MM
para acolher gastronomia de
12,90€ / 11ºC
15
outono. JJS
7,50€ / 16ºC
15 Curriola 2019
Regional Tejo / Tinto / Sociedade
crocante. Termina seco e
mineral, para acompanhar
Oculto 2019 Ideal de Vinhos de Aveiras de Cima pratos de carnes brancas,
Regional Tejo / Rosé / Quinta do Cor granada, aroma simples, peixes magros ou saladas.
Arrobe agradável, limpo, com fruta NGVP
Cor rosada casca de cebola. vermelha, morango maduro e 5,49€ / 11ºC
Aromas a fruta vermelha com alguma geleia. Redondo, macio
notas herbáceas. Na boca é e fresco na boca, taninos super
fresco, cítrico e frutado. Tem macios, curto e simples. Para
acidez correta e final de boca beber de forma descontraída.
com rasto de doçura. LC MM
6,00€ / 11ºC 2,48€ / 16ºC
GUIA REVISTA DE VINHOS
16 16 15,5
Cardido Grande Encostas de Quinta da Lixa
Escolha Loureiro Melgaço Alvarinho 2018 Touriga Nacional 2019
Alvarinho 2019 Vinho Verde / Branco / Quinta da Vinho Verde / Rosé / Quinta da
Vinho Verde / Branco / Casa Pigarra Lixa
Santos Lima Cor amarelo limão. Muito limpo Cor salmão. Floral delicado,
Amarelo pálido. Nariz e aromático, com citrinos cereja vermelha e folha de
apelativo, fino e fresco, frescos, casca de laranja e morango. Ligeiro carbónico.
tons tropicais e citrinos. ramagem de limoeiro. A boca Leve, fresco, suave. Preparado
Sem exuberância, antes segue o mesmo perfil, com para os derradeiros raios de sol
com balanço e ponderação. algumas notas tropicais, tudo ao entardecer. JJS
Corpo médio, acidez de bem enquadrado em acidez 3,19€ / 11ºC
qualidade, refrescante e incisiva. Final fresco, seco e
salivante, apelativo e com final frutado, para um Alvarinho
requintado. MM alegre e despretensioso. CL
4,74€ / 11ºC 6,00€ / 11ºC
1. 6.
·
·
Nasce em casa, em 1967, Seguiu-se o Alcântara
numa aldeia chamada Cavadas, Café, onde ganha o primeiro con-
perto do Seixal. tato com a cozinha internacional.
APRESENTÁMOS:
TECEDEIRAS LILÁS
Um novo vinho do Douro para o seu dia-a-dia. É um lote das mais tradicionais castas desta nossa região: Touriga Nacional,
Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca. Um vinho fresco mas sedoso que nos encanta com as suas notas de frutos
silvestres e um toque de especiarias. Aprecie e descontraia-se!
www.quintadastecedeiras.pt