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VINHO
UMA VIAGEM SENSORIAL
VINHO
UMA VIAGEM SENSORIAL
SOBRE A OBRA

A presente obra é disponibilizada pela


equipe do sommelier André Ribeiro
com o objetivo de oferecer conteúdo
para uso parcial em pesquisas e
estudos ou aprendizado individual de
cada leitor. É expressamente proibida
e totalmente repudiável a venda,
aluguel ou qualquer uso comercial do
presente conteúdo.

FICHA TÉCNICA

Realização: MKT Public


Compilado: André Ribeiro
Direção de Conteúdo: André Ribeiro
Design e Diagramação: Marcos Godoy
e Estéfany Rocha
Revisão: Gabriel Figueira

3
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QUEM É
ANDRÉ RIBEIRO SOMMELIER?
André Ribeiro trabalha com vinhos há
mais de 25 anos, tendo em 2007 se
formado com louvor pela Associação
Brasileira de Sommeliers (ABS-SP),
onde também participou de diversos
cursos e workshops.

Trabalhando desde cedo nos


comércios de sua família, desenvolveu
seu tino comercial, imprescindível
para o começo de sua carreira
profissional com vinhos.

6
“Durante uma entrevista
de emprego para um cargo
no departamento de RH de
uma loja de vinhos, o vice-
presidente da empresa
percebeu minhas aptidões
comerciais e ofereceu uma
vaga na loja, com salário
maior e para trabalhar
diretamente com o público.
Aprendi tudo que podia sobre
vinhos, as curiosidades e
histórias por trás dos rótulos
e isso me ajudava na hora da
venda”.

Em 2004, foi convidado a montar


um empório na Vila Madalena (SP),
assumindo a função de gerente e
sommelier. Logo depois mudou-se
para a empresa Casa Lisboa Bebidas,
no Tatuapé (SP).

7
André Ribeiro também é palestrante,
ministrando aulas com bom humor
e ensinando de maneira leve e
descontraída.

Hoje, com mais de 25 anos de


profissão, se mantém atualizado e
ligado às novidades, pois o mundo do
vinho não para; sempre evolui.

Visitou diversas vinícolas da América


Latina, no Brasil, Chile e Argentina,
e em 2017 foi para a Europa, para
conhecer vinícolas na Itália, Portugal
e Espanha. Aliando a prática da
degustação a pesquisas e estudos
diários, sua busca é por vinhos
que tenham um bom custo e boa
qualidade, privilegiando a experiência
da degustação.

Recentemente, em 2019, voltou à


Portugal, a convite da Vinícola Quinta
do Portal, para conhecer de perto a
produção de Vinho do Porto na região
do Douro e teve a oportunidade de
aumentar seu conhecimento sobre os
vinhos desse país.

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ÍNDICE

OS 5 SENTIDOS
DO VINHO
ASPECTOS VISUAIS 12
ASPECTOS OLFATIVOS 14
ASPECTOS GUSTATIVOS 21
ASPECTOS TÁTEIS 27
ASPECTOS AUDITIVOS 28
O SEXTO SENTIDO 29

CURIOSIDADES
DO VINHO
O SOLO DE CHABLIS 31
VINHO BARCA VELHA 31
VINHOS KOSHER 32
UVA SAINT MACARE 34
ANDRÉ MANZ E A UVA JAMPAL 36
A ORIGEM DA CABERNET SAUVIGNON 38
VIÑA CASANUEVA E SUA CAVE NO FUNDO DO MAR 39
UVA DURIF 41
CABERNET SAUVIGNON EXTRATERRESTRE 42
VINHOS DO PRIORATO 44
VINHO “TORNA VIAGEM” 47
A ORIGEM DE “EST! EST!! EST!!!” 48

9
O MAIOR BARRIL DE VINHO DO MUNDO 49
O QUE É “LATE HARVEST” 50
A VERDADEIRA HISTÓRIA DO
CARMÉNÈRE NO CHILE 51
COMO SURGIU A PODA DA VIDEIRA 53
O VINHO AZUL 55
CHILE - O MUNDO NOVO 57
JÁ OUVIU FALAR EM “VIN DE TABLE”? 59
DUAS TAÇAS DE VINHO POR DIA
PROPORCIONAM UMA VIDA SADIA! 59
DICA SIMPLES PARA ARMAZENAR SEU VINHO 61
VOCÊ TOMARIA UM BRUNELLO
SERVIDO POR AL CAPONE? 61
A VINÍCOLA ARQUEOLÓGICA 63
BEAUJOLAIS NOUVEAU, O BEBÊ DOS VINHOS 63
VOCÊ SABE O QUE É TERROIR? 65
COLOCARAM PERA NO CHARDONNAY? 65
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE
VINHO PORTO RUBY E TAWNY 66
A FERMENTAÇÃO MALOTÁTICA 66
O ENVELHECIMENTO EM BARRICAS DE CARVALHO 67
ESPUMANTE PREMIÈRE BULLE Nº1 70

ESPECIAL PORTUGAL: O PAÍS QUE FEZ DO VINHO


SUA MAIOR RIQUEZA
O PAÍS QUE FEZ DO VINHO SUA MAIOR RIQUEZA 71

10
OS 5 SENTIDOS
DO VINHO
ASPECTOS VISUAIS

• Primeiro - Incline a taça sobre um fundo


branco para poder observar o vinho sem
interferência de outras cores.

• Segundo - Limpidez. Ver se o vinho


é límpido, ou seja, sem nada sólido
flutuando e brilhante. Ver também se não
está opaco ou fosco, pois isso é defeito.

• Terceiro - Transparência. Se for muito


escuro, geralmente tem mais corpo e
taninos. Já se for clarinho, mais levinho.

• Quarto - Viscosidade. Se o líquido é ralo


ou viscoso. Quanto mais denso, mais
corpo; mais leve, mais ralinho.

• Quinto - se tiver borbulhas, são


espumantes ou frisantes; se não, é um
vinho tranquilo.

12
A cor pode nos revelar de qualidade, mas
a idade de um vinho. não, pois se colocar
O jovem tem uma cor álcool de limpeza
intensa, brilhante; um na taça e balançar,
vinho velho, uma cor também vão se formar
alaranjada, atijolada, as lágrimas. Quanto
sem brilho. Se o halo ou maior a quantidade e
unha do vinho estiver mais lentamente elas
todo laranja, aí cuidado: deslizarem pela taça,
se não for um vinho do mais álcool o vinho
Porto, é sinal de que possui.
está velho!

As lágrimas são filetes


que escorrem pelo
copo. Algumas pessoas
acham que isso é sinal

13
ASPECTOS OLFATIVOS

AROMAS - PARTE 1

Você já deve ter reparado que seu cão


de estimação é um ótimo farejador.
Para você ter uma ideia, enquanto os
seres humanos possuem cinco milhões
de receptores de odor no nariz, os
cães possuem duzentos milhões. Uma
enorme diferença, não é mesmo? Isso
acontece porque o ser humano usa
pouco o olfato.

14
Vamos aos passos para memória olfativa de
análise olfativa: antes determinado aroma.
de agitar a taça, você O que cabe a nós é
sentirá um tipo de exercitar o olfato, cheirar
aroma. Depois de agitar tudo: as frutas, flores,
a taça, este se vaporiza, especiarias, minerais,
o que resulta em uma balsâmico, animais,
intensificação de aromas. vegetais, químicos, etc.
Agite por alguns segun- Aí teremos uma ampla
dos, coloque o nariz na gama de memória
taça e aspire. Os aromas olfativa em nosso
não são uma ciência cérebro, facilitando
exata, pois puxaremos assim a identificação dos
da nossa mente a aromas.

Curiosidade: o crítico americano Robert Parker


recebeu de presente, pela herança genética, um
olfato super apurado! Seu pai era perfumista,
o profissional responsável por combinar
diferentes cheiros para criar perfumes.

15
AROMAS - PARTE 2

Os aromas encontrados nos vinhos não


são imaginários. As uvas são frutas e,
ao sofrerem a fermentação, liberam
substâncias em comum com outras.
Por exemplo, a Carménère é rica em
pirazina, uma substância que dá aroma
também ao pimentão. Esse tipo de
aroma, chamamos de aroma primário,
porque vem da própria uva. Todo e
qualquer aroma do vinho é decorrente
dessas substâncias químicas presentes
nas uvas.

Os aromas secundários são aqueles


provocados pelo homem. Por exemplo:
com o estágio em madeira, passa a
B-metil-y-octalactona, que é a origem
do aroma de coco e de vanilina, que dá
o aroma de baunilha.

Agora, os aromas terciários são


aqueles que se desenvolvem ao longo
dos anos, em vinhos com potencial
de envelhecimento em garrafa (não é
qualquer vinho).

16
Chamamos de “bouquet” os aromas mais complexos.
No caso do Pinot Noir da Borgonha, surgem aromas de
violeta, caça, couro, alcaçuz, “sous-bois”, misto de terra
úmida, cogumelo e folhas em decomposição. Claro que
isso tudo no caso de ser um ótimo Borgonha.

AROMAS - PARTE 3

Segundo Émile Peynaud, pai da enologia moderna,


os aromas se dividem em seguintes cadeias: florais,
frutados, especiarias, animais, vegetais, minerais,
balsâmicos, químicos e empireumáticos (chocolate, mel,
caixa de charuto, “sous-bois” etc.)

Nos vinhos jovens, os aromas são sempre leves e


“alegres”. Já nos vinhos evoluídos, os aromas são mais
“sérios”, como animais, couro e decomposição.

17
AROMAS - PARTE 4

A diferença entre decantar e aerar.


Decantar um vinho é o processo de
separar o sólido do líquido, usado em
vinhos mais velhos, que têm sedimentos
e borra. Essa borra é constituída
basicamente por pigmentos e taninos,
que conferem gosto amargo ao vinho
tinto. Os brancos não têm sedimentos e,
sim, cristais de bitartarato de potássio,
que também dão sabor amargo.

18
Os cristais de bitartarato devem ser
evitados ao servir na taça. Geralmente,
eles ficam na parte de baixo da rolha
e não são considerados um defeito
do vinho. Pelo contrário, indicam que
o vinho não foi estabilizado a frio ou
filtrado, o que garante mais aromas e
sabores.

Agora, quando colocamos um vinho


jovem no decanter, estamos aerando
para liberar os aromas. Sendo esse o
mesmo motivo pelo qual giramos o
vinho na taça. Hoje, existem aeradores
portáteis que funcionam muito bem.
Sua função é oxigenar as moléculas do
vinho, liberando assim seus aromas.

Por que isto acontece?

Porque o vinho tem uma pequena


reserva natural de oxigênio que, com
o passar o tempo, é incorporada
ao próprio vinho. Por isso temos a
necessidade de oxigená-lo para liberar
seus aromas.

19
AROMAS - PARTE 5

Cuidado com o uso do


decanter, pois nem todos
os vinhos são feitos para
serem decantados ou
aerados. Como vimos
na parte 4, os vinhos
novos e simples, por
exemplo, podem perder
o seu aroma ao colocá-
los no decanter, pois a
superfície é muito aberta
e, como os aromas são
voláteis, irão sumir.

Quando abrimos um
vinho, colocamos na taça
e percebemos que ele
de pia na rolha, ele pode
está sem aroma, damos
estar “bouchonné”, e
o nome de fechado. Aí,
isso se deve a uma
sim, devemos aerar para
contaminação na rolha
oxigenar e liberar os
por um composto
aromas.
tricloroanisol, conhecido
Defeitos: Se ao abrir como TCA. Isso é
o vinho, você sentir o causado por um mau
aroma de mofo ou pano trato na rolha.

20
Depois, temos os vinhos oxidados,
vinhos que tiveram contato com
oxigênio, por infiltração na rolha.
Lembram cheiro de vermute.

Terceiro, vinhos contaminados por


excesso de brettanomyces ou leveduras
ruins. Isso ocorre no processo de
fermentação do vinho. Então, temos que
ter um grande cuidado, inclusive com
controle de temperatura, para impedir
o crescimento dessas leveduras ruins.

ASPECTOS GUSTATIVOS

PALADAR - PARTE 1

Vamos tratar das sensações que o vinho


exerce no nosso paladar, na nossa boca
e também quando esse líquido passa
por ela, o que chamamos de retrogosto
ou olfativas retronasais.

As sensações gustativas revelam


quatro sabores: doce, salgado, ácido
e amargo. São poucas as sensações

21
comparadas ao olfato, onde podemos
sentir múltiplos aromas.

Primeiro: o pH (potencial hidrogeni-


ônico) da boca (saliva) é 7, enquanto o
do vinho é 3,5.

O pH, para quem não sabe, mede o


grau de acidez, sendo medido numa
escala de 0 a 14, onde 7 é considerado
valor neutro e quanto mais próximo de
0, maior é a acidez.

AMARGO AMARGO

ÁCIDO ÁCIDO

SALGADO DOCE SALGADO

22
E agora, o que devemos fazer? Por onde
começamos?

Basta dar um belo gole de vinho e deixar


ele passear por toda a sua boca para,
assim, ir regulando o seu pH. Por isso,
não analisamos o vinho no primeiro
gole, já que o choque de pH causa uma
adstringência, um certo amargor. Só
devemos analisá-lo a partir do segundo
gole!

E quando bebemos água, o pH da boca


fica novamente desregulado, já que o
pH da água está entre 7 e 10, sendo
necessário voltar ao primeiro passo
para regular novamente.

Curiosidade (pH): Vinagre: 2,9; Coca-


cola: 2,5; Saliva humana: 6,5 – 7,4; Água
natural: 7; Água do mar: 8; Cloro: 12,5

23
PALADAR - PARTE 2 ácidos próprios da uva
(tartárico, cítrico e
Bom, após regular o pH
málico) ou dos ácidos
da boca, dê um gole
provenientes da fermen-
generoso no vinho e
tação alcoólica (succínico
deixe-o passar por toda
láctico e acético). Ela que
a superfície da língua.
nos dá aquela sensação
gostosa de frescor,
É na ponta da língua que
devido à salivação flui-
sentiremos a doçura, não
da e abundante. Isso
só pelo açúcar residual,
acontece porque, ao
mas também pelo álcool
sentir o ácido, o cérebro
e pela glicerina.
recebe uma mensagem e
Nas laterais frontais, libera saliva para diluir a
o salgado, raramente acidez.
encontrado nos vinhos,
Já o amargor é sentido no
mas peculiar no Jerez de
fundo da língua. Vinhos
Sanlucar de Barrameda.
de boa qualidade não
Nas laterais superiores, têm amargor e quanto
sentiremos a acidez, mais intenso esse sen-
proporcionada pelos tido, pior o vinho.

24
PALADAR - PARTE 3

Umami - O Quinto Sabor

Umami - “sabor gostoso “. Descrever


esse sabor é muito difícil. Agora,
imagina harmonizar algo que nem
conseguimos descrever.

A ciência já reconhece o umami como


um sabor transmitido pelo aminoácido
glutamato e por enzimas chamadas
inosinato e guanilato.

25
O sabor é sentido no centro da língua
e está presente no tomate, queijo
parmesão, presunto cru, brócolis,
aspargos, ovos, cogumelos e outros.

O sabor individual do umami é o mais


sutil de todos, daí a dificuldade em ser
identificado. Geralmente, vem depois
do impacto salgado e causa uma leve
salivação.

Se você acha que umami é novidade,


ele foi descrito pela primeira vez no
século XX, por um professor e cientista
japonês chamado Kukunae Ikeda; mas
essa descoberta levou quase 100 anos
para ser oficialmente reconhecida,
quando a universidade de Miami
comprovou a presença de receptores
do gosto umami na língua humana.
Um exemplo desse sabor é sentido no
tempero aji-no-moto.

Dizem que o Jerez é um vinho salgado


e que é a harmonização perfeita
para sabores umami, mas isso não
é comprovado. Tapas com presunto
cru e Jerez são muito indicados pelos
pseudo-conhecedores.
26
ASPECTOS TÁTEIS

SENSAÇÕES TÁTEIS

Dá a impressão que vamos enfiar a


mão dentro da taça e sentir a textura
do vinho, mas não é nada disso. São
as sensações sentidas na boca, como:
sedosidade, granulado, textura, veludo
e densidade.

Um vinho encorpado dá peso na boca e


parece que podemos mastigar.

Aveludado, leve, granulado, taninos


mais agressivos, podemos sentir a
quantidade alcoólica do vinho. Quanto
maior a sensação de calor na boca,
maior a quantidade alcoólica do vinho.

27
ASPECTOS AUDITIVOS

QUINTO SENTIDO: AUDIÇÃO

Quando abrimos um espumante e percebemos que


ele não emite som de gás saindo é um péssimo sinal.
A causa de estar sem gás pode ser por deixarmos o
espumante muito tempo na geladeira e a rolha retraiu,
deixando escapar o gás.

Estourar espumante é legal em comemorações, mas


não é aconselhável, pois perde muito gás carbônico.

Outra sensação auditiva é ouvir o som do vinho caindo


na taça ou no decanter, um som muito agradável aos
ouvidos.
28
O SEXTO SENTIDO

Se tivermos noção de melhor ao pegar o da


geografia e um pouco Patagônia.
de conhecimento sobre
Outro exemplo: se temos
o plantio, colheita, tipos
R$ 50,00 para comprar
de uvas, produtoras de
um vinho italiano e
vinho, amadurecimento
temos duas opções: um
e regiões, podemos
da Toscana e outro da
utilizar esse sexto
Sicília, qual adquirir?
sentido.

Com certeza, o da Sicília.


Por exemplo: se tiver
Por ser uma região
na prateleira um Pinot
menos valorizada,
Noir produzido na
podemos adquirir um
Argentina, um na região
vinho melhor com menor
de Mendoza, outro na
preço, pois os toscanos
Patagônia, qual escolher?
têm grande fama de
Bom, sabendo que a uva terem transformado a
Pinot Noir é uma uva que “qualidade x preço” em
amadurece mais rápido desequilíbrio, pois leva
e se dá bem em regiões em conta a fama da
mais frias, com certeza região.
teremos um produto

29
CURIOSIDADES
DO VINHO
30
O SOLO DE CHABLIS

Você sabia que o solo de Chablis na França


chama-se Kimeridgiano e é composto
de seixo, calcário, fósseis marinhos e
argila datados da era Jurássica? Um solo
responsável pela mineralidade do vinho,
tornando o vinho Chablis o Chardonnay
mais mineral do mundo!

Melhor harmonização para ostras frescas!

VINHO BARCA VELHA

Você sabia que o vinho Barca Velha foi


criado por Fernando Nicolau de Almeida,
tendo a sua primeira colheita em 1952 e a
sua última safra em 2008?

31
Em 52 dessas colheitas, só 18 deram
origem ao Barca Velha. As demais
safras dão origem ao vinho Casa
Ferreirinha Reserva Especial. Todo
ano o conselho do Barca Velha se
reúne para definir se aprovam ou não
a safra.

Em outubro de 2016, foi lançada a


18ª safra e foram distribuídas 18 mil
garrafas. Delas, 1.500 vieram para o
Brasil, com preço aproximado de R$
3.500,00 cada.

VINHOS KOSHER

Poucas pessoas sabem, mas “Kosher”


significa adequado ou apto, em
hebraico. Para estar apto, o vinho
Kosher só pode ser produzido a
partir de vinhedos que tenham no
mínimo quatro anos de idade e
devem descansar a cada 7 anos sem
colheita. As cepas devem crescer
sem interferência, somente com
adubo, colhidas manualmente por

32
judeus, fermentada por ser engarrafado em
leveduras nativas e a garrafas novas e todo
vinificação é vigiada por equipamento utilizado
um rabino responsável deve ser higienizado de
pela certificação do acordo com o preceito.
vinho.
Caso o enólogo não
Todo o processo só seja judeu, deve passar
pode ser visto e mani- as informações ao
pulado por judeus. A rabino. Após todo esse
vinificação só é reali- processo, recebe o
zada em tanques de certificado pelo rabino e
aço inox ou em barris 1% da venda é revertido
produzidos conforme para a caridade.
a lei judaica, além de

33
Existem dois métodos de produção:

Mevushal: em que o vinho é


pasteurizado e submetido a aqueci-
mento até chegar ao ponto de
ebulição.

Não Mevushal: produzido pelo mé-


todo normal.

Mevushal significa cozido!

UVA SAINT MACARE

O produtor Bill Calabria, apesar de


possuir uma rara alergia causada
pelos ácidos do vinho, o que o impede
de consumi-los, produz um ótimo
vinho usando somente o olfato.

Calabria é um produtor estabelecido


em Riverina desde 1945, começando
a produção com seus pais, imigrantes
italianos, na segunda maior região
produtora da Austrália.

34
Começaram com o nome Westend
State, que posteriormente passou
a se chamar Calabria Family Wines,
em orgulhosa homenagem à origem
humilde da família.

Na propriedade, existia uma variedade


extinta que leva o nome de um
famoso vilarejo francês: Bordeaux.
Tão rara que dificilmente encontra-se
mencionada em livros.

Existem na região de Westend apenas


dois hectares de vinha de mais de
70 anos e essa é a única vinícola
que produz comercialmente, sendo
apenas duas mil caixas por ano.

Curiosidade: é a variedade que possui


maior aroma de flores do mundo,
reunindo violeta e pétalas de rosas.

35
ANDRÉ MANZ E A UVA JAMPAL

Você sabia que entre os 50 melhores


vinhos de Portugal, está um feito pelo
brasileiro André Manz?

Ele foi para Portugal tentar a carreira


de jogador, mas se machucou e
acabou terminando sua carreira de
futebolista, virando empresário de
sucesso na área fitness em Lisboa.

Trinta anos depois, sua vizinha, Dona


Lourdes, sabendo da sua paixão por
vinhos, lhe ofereceu o vinhedo do
seu falecido marido para que fizesse
vinhos para seu próprio consumo.

André gostou da ideia e adquiriu o


vinhedo. Chegando lá, verificou que
estavam plantadas uvas da casta
Castelão e 200 pés de uma uva
branca desconhecida. Os enólogos o
aconselharam a arrancá-los e plantar
outro tipo de uva. Ele, porém, teve
uma intuição de pesquisar que uva

36
era essa e descobriu que era uma já extinta
em Portugal, catalogada pela primeira vez em
1860, pelo monge francês Jean Paul, recebendo
inicialmente o nome dele.

Hoje, a casta tem o nome de Jampal e o vinhedo


de André é o único certificado desta variedade.
É considerado um dos 50 melhores vinhos de
Portugal, produzido em um solo fóssil, como o
de Chablis.

Trata-se de um vinho branco muito mineral,


com uma qualidade aromática fantástica. Os
antigos misturavam a Jampal com Castelão pela
qualidade aromática dessa cepa branca, uma
espécie de Côte Rôtie português. Por isso, no
meio do vinhedo, existiam esses 200 pés de
Jampal.

“Não quero fazer muito vinho.


Quero é fazer bom vinho.”
- André Manz.

37
A ORIGEM DA CABERNET SAUVIGNON

Você sabia que a Cabernet Sauvignon é uma


uva híbrida? Pois é. Descoberta no século XVII,
em Bordeaux, ela é fruto de um cruzamento
espontâneo entre a Cabernet Franc, uma uva
tinta, e a Sauvignon Blanc, uma uva branca.

A partir de Bordeaux, espalhou-se para o


sul da França, atravessou a Espanha, foi para
Itália e cruzou o Atlântico. Hoje, é a uva mais
plantada do mundo!

Ela é titular, quase sempre, no famoso


corte bordalês: Cabernet Sauvignon, Merlot,
Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec.

Características aromáticas: cassis, baunilha


e, principalmente, com o passar dos anos,
ameixa preta, tabaco e cacau.

Sua cor intensa é rubi violáceo,


que vai clareando com o passar
dos anos.

Harmonização: ótima para carnes


grelhadas, massas com molho
vermelho e queijo gruyére.
38
VIÑA CASANUEVA E SUA CAVE
NO FUNDO DO MAR

Você sabia que existe uma cave no


fundo do mar? Pois é. Falaremos
da Viña Casanueva, do Chile, onde
o diferencial de produção está no
processo de estabilização dos vinhos.

Em uma vinícola normal, após o


término da vinificação, passagem ou
não em barrica, dependendo do tipo
do vinho, ele é engarrafado e fica em
descanso por algum tempo na adega.
Já a Viña Casanueva possui uma cave
submarina, onde armazena seus
vinhos em águas do Oceano Pacífico,
a 20 metros de profundidade.

Segundo o enólogo, a temperatura


constante e a pouca incidência de luz
dão ao vinho uma melhor qualidade
aromática e maior concentração de
sabores.

39
A ideia da cave surgiu após alguns
mergulhadores acharem vinhos de
barcos naufragados e verificarem
que, ao abri-los, eles mantinham uma
excelente qualidade.

A vinícola proporciona um passeio


que inclui uma caça ao tesouro no
fundo do mar, onde os mergulhadores
procuram garrafas de vinhos
escondidas em pequenos baús e,
ao chegarem à praia com os seus
achados, são recebidos com uma bela
Centolla, um caranguejo gigante para
acompanhar seus vinhos.

A localização da cave não foi revelada,


se é que você pensou em passar por
lá para dar uns mergulhos…

40
UVA DURIF

A uva Durif é uma uva francesa, sendo


a mesma conhecida também como
Petite Sirah ou Petite Syrah na América
Latina.

Nos Estados Unidos e na Austrália,


onde é muito produzida, é chamada
de Durif.

Muitas pessoas acham que é uma


variedade de Syrah pequena, mas não
é! Ela é uma uva híbrida do cruzamento
entra a Syrah e Perloursin.

Foi criada por François Durif, sendo


primeiramente cultivada na região do
Rhône. É uma uva muito saturada de
cor, com a casca grossa e seus bagos
são pequenos (daí vem o nome Petite).

Em 1884, foi levada para Califórnia,


adaptou-se super bem ao clima e
ao solo e, em 1900, o nome Petite
Sirah começou a ser usado. Hoje, é

41
produzida na sua terra natal, a França,
EUA, Austrália, Chile e até em Israel.

Encontramos no Brasil alguns


exemplares: o legítimo australiano 3
Bridges Durif, o chileno Vinã Maipo
Gran Devoción Petit Syrah, entre
outros.

CABERNET SAUVIGNON EXTRATERRESTRE

Você já tomou um Cabernet Sauvignon


extraterrestre? Ele foi criado pelo
astrônomo e enólogo britânico, Ian
Hutcheon.

O vinho tem o nome Meteorito e é


produzido na Viña Tremonte.

Ele teve a ideia de dar um toque


espacial ao vinho, tendo em posse
um meteorito, que se formou com o
nascimento do sistema solar e viajou
milhões de anos pelo cinturão de
asteroides entre Júpiter e Marte.

42
Esse meteorito escapou e finalmente
se impactou com a Terra, no Deserto
do Atacama, no Chile, 4 mil anos
antes de Cristo e se manteve nessa
região inóspita até a sua descoberta.

Unindo suas duas paixões, astronomia


e vinho, Ian teve a ideia de maturar
o vinho em barrica com o meteorito
dentro, criando assim um Cabernet
com notas estelares. Dizem que quem
toma adquire alguns poderes e pode
se comunicar com outras dimensões.
Resolvemos fazer o teste. Tomamos
algumas garrafas. Um Cabernet
impecável! Quanto aos poderes, você
sente depois da quarta garrafa...

43
VINHOS DO PRIORATO

Priorato, na Espanha, é uma das


menores regiões produtora de vinho
do mundo.

Pode ser a menor em tamanho, mas


produzem grandes vinhos e, segundo
Robert Parker (famoso crítico), dali
saem os melhores “custo x qualidade”
do mundo.

Tudo começou no século XII, quando


os monges da ordem Cartuxa
resolveram se estabelecer na Espanha.
Na procura do local para construção
do mosteiro, ficaram sabendo, através
de um pastor de ovelhas, de uma velha
lenda: que naquela região inóspita
e pedregosa havia uma escada onde
os anjos subiam e desciam à Terra
e, ao pararem para repouso, se
alimentavam e cantavam salmos em
agradecimento ao alimento.

44
Fazia um tempo nublado. De
repente, abriu um espaço entre as
nuvens e saiu um facho de sol. Então
entenderam que ali deveriam edificar
o seu mosteiro. O mestre do mosteiro
era chamado de Prior, daí vem o nome
Priorato.

Se estabeleceram e plantaram as
vinhas, que eram rigorosamente
cuidadas pelo mestre vinhateiro,
como era chamado.

45
Com o passar do tempo, seus vinhos
eram apreciados em toda Espanha,
inclusive pelo Rei, que comprava
muitas garrafas do mosteiro,
conhecido como Scala Dei - “escada
para Deus”.

Formou-se uma cidade em volta


do mosteiro, onde os miseráveis se
alimentavam das sobras dos monges.

Em 1835, o Scala Dei foi invadido,


saqueado e incendiado pela
população devido ao grande acúmulo
de riquezas.

Dizem que a vinícola Miguel Torres


encontrou algumas parreiras
resistentes dessa época e produzi-
ram um vinho chamado Salmos em
homenagem a tão devotados monges
que trabalhavam cantando salmos

46
VINHO “TORNA VIAGEM”

Se algum dia alguém te pedir o vinho


de “Torna Viagem” não se assuste.
Trata-se do vinho da Ilha da Madeira.
Sua comercialização era feita pela
Europa através de navio e perceberam
que o vinho que não era vendido
durante a viagem voltava à sua
origem ainda melhor, devido à longa
viagem somada ao aquecimento pelo
calor tropical, o que acelerava o seu
envelhecimento.

Hoje, as vinícolas simulam essas


condições através de estufas e depois
armazenam o vinho em bombonas
abertas para aumentar a oxidação.
Ou seja, um vinho que já passou por
todos os elementos que estragaria
um vinho normal: calor e oxidação,
tornando-o quase indestrutível.

47
Dizem que pelo seu por afogamento num
aroma, era usado nos tonel de Malvasia da
lenços das damas da Madeira.
corte como perfume.
Um dos vinhos mais
O duque de Clarence raros é produzido
deixou o seu nome com a uva Terrantez.
ligado a este vinho Tem um velho ditado
quando, ao ter sido português que diz: “As
sentenciado à morte uvas Terrantez, não as
na sequência de um coma e nem as dê, pois
atentado contra o seu pra vinho Deus as fez!”
irmão, escolheu morrer

A ORIGEM DE “EST! EST!! EST!!!”

Existe uma lenda que conta que, no ano de 1111, o


bispo Giovanni Defuk foi convidado para ir ao Vaticano
na cerimônia de coroamento do rei. O bispo mandou
seu fiel escudeiro, um exímio conhecedor de vinho,
com a incumbência de marcar no caminho as melhores
tabernas, onde estivessem os melhores vinhos. Ele
marcaria na porta “Est!”, que seria a senha: “aqui se
encontra o bom vinho!”.

48
Ao chegar em Montefiascone, ficou tão encantado
com o vinho que encontrou, que escreveu na porta da
taverna: “Est! Est!! Est!!!”.

Chegando à essa taverna, o bispo ficou encantado com


o vinho branco feito de trebbiano e malvasia, seguiu
seu caminho cumprindo o seu compromisso e pediu
ao Vaticano a transferência para Montefiascone.

Hoje, ele está sepultado em uma tumba na igreja


Flaviano e, em sua homenagem, o vinho recebeu a
denominação “Est! Est!! Est!!!”.

O MAIOR BARRIL DE VINHO DO MUNDO

Você sabia que na cidade de


Heidelberg, na Alemanha, no castelo
que leva o mesmo nome da cidade,
existe o maior barril de vinho do
mundo?

Com capacidade para 221 mil litros,


ele foi construído por Karl Theodor,
em 1751. Tem 8,5 m de comprimento,
diâmetro de 7 m e para sua construção
foram utilizados 130 troncos de
carvalho.

49
O QUE É “LATE HARVEST”

Essa expressão encontrada nos


rótulos de vinhos indica um vinho
feitos de uvas colhidas tardiamente.

E o que isso significa?

Que as uvas ficam o máximo tempo


possível no pé, para perder o máximo
de água, aumentando seu açúcar.
Geralmente, são usados nos vinhos
conhecidos como os de sobremesa,
que servem para acompanhar a
mesma. A técnica também é usada
em alguns tintos como Amarone, de
uma forma mais agressiva, com uvas
passificadas; mas isso já é assunto
para uma próxima.

50
A VERDADEIRA HISTÓRIA DO
CARMÉNÈRE NO CHILE

Uma vinícola chilena contratou


um enólogo francês para dar uma
assessoria, visando melhorar os
seus vinhos. O enólogo visitou toda
a instalação e anotou as mudanças
de maquinário para sofisticar e
modernizar a vinícola.

Depois, foi visitar as vinhas e ao


chegar no vinhedo de uva Merlot,
observou que havia algumas plantas
com as folhas vermelhas e outras com
as folhas verdes. Quando a uva chega
à maturidade, suas folhas ficam
vermelhas, mas todas ao mesmo
tempo.

Chamou o responsável e perguntou


o motivo de algumas serem verdes,
mas ele não soube responder.
Então, observou que as folhas eram
diferentes. Pegou uma amostra, levou
para a França e descobriu, pelo estudo
da ampelografia (estudo da folha da

51
uva), que era a uva Carménère. Por isso
que o vinho Merlot que saia daquela
vinícola era ruim, pois o tempo de
amadurecimento da Carménère é
mais longo do que a Merlot.

A França quase não produz essa


uva, pois ela demora muito para
amadurecer e não produz vinhos com
bom valor comercial.

Na Itália, a região da Lombardia


produz e é conhecida como uva
Carmenero.

Após essa descoberta, foi lançado


o boato que descobriram uma uva
já extinta, para não parecer que os
enólogos chilenos deixaram passar
despercebida uma uva diferente entre
as demais.

Curiosidade: o nome vem de


carmim, pois a cor da folha fica
vermelha antes.

52
COMO SURGIU A PODA DA VIDEIRA

No ano 345 depois de Cristo, o monge


São Martinho saiu para supervisionar
os vinhedos de seu monastério, que
possuía grande quantidade de terras
na França, perto de Tours, no Vale do
Loire.

Ele era um amante de vinhos e, por sua


dedicação e estudos sobre o assunto,
era o orientador dos monges, uma
espécie de enólogo da época.

Conhecido como mestre vinhateiro,


estava sempre a cavalo, mas nesse dia
como não havia um disponível, pegou,
então, um burro. Ao chegar atrasado,
devido ao meio de transporte mais
lento, amarrou o burro e saiu com os
monges para ver o vinhedo.

Ao retornar, muitas horas depois, viu


que o burro havia se soltado e comido
algumas uvas e folhas das parreiras.
Anotou a ocorrência no seu caderno
e partiu.

53
Na época da colheita, veio acom-
panhar e percebeu que nas plantas
que o burro havia comido, as uvas
estavam melhores que as demais.

Então, percebeu que se diminuísse os


cachos, produziria menos, mas com
maior qualidade.

Há um tempo atrás, Angelo Gaja


aprendeu essa técnica na França e a
levou à Itália, na região onde hoje sai
um dos melhores vinhos, o Piemonte.
Quando a população ficou sabendo
que ele cortava metade dos cachos,
ainda verdes, das parreiras, falaram
que ele estava maluco. Hoje, ele
produz os melhores vinhos da Itália,
sendo o mais premiado produtor do
Guia Gambero Rosso.

54
O VINHO AZUL

Seis jovens espanhóis ção de antocianos e


inovaram o mundo do pigmentos índigos, que
vinho, criando um vinho dão coloração à bebida.
azul, feito de uvas tintas
Antocianos são pig-
e brancas, que não são
mentos associados às
produzidas por eles,
cores das frutas; nas
mas compradas para a
plantas, as antocianinas
produção do vinho.
protegem os tecidos, as
Foi necessária uma flores e os frutos contra
pesquisa de dois radiação UV e tem ação
anos até atingir essa antioxidante; para o
coloração, com a adi- ser humano, atua na

55
prevenção do câncer. Funcionam
como anti-inflamatório. Para o
coração, podem diminuir o colesterol
e auxiliam no tratamento de úlcera,
protegendo o estômago. Possuem
função cognitiva comprovada por
estudos que descobriram que em
ratos alimentados com antocianos,
era menos propensa a perda de
memória.

Bom, pelo menos sabemos que


esse corante natural não faz mal e
a proposta da garotada é fazer um
vinho alegre, leve e sem imposições
de harmonização, estando em aberto
para experiência.

O azul nos remete à paz, ao oceano,


ao céu super bonito. O vinho é leve,
fresco e levemente adocicado.

Se Tim Maia estivesse vivo, diria:

“Este vinho é azul da cor do mar!”

56
CHILE - O MUNDO NOVO

O Chile é dividido em 14 vales


produtores de vinho. Suas deno-
minações de origem (DO) são: Bio-
Bio, Casablanca, Colchagua, Curicó,
Leyda, San Antonio, Aconcágua,
Cachapoal, Elqui, Itata, Limari, Maipo,
Malleco e Maule.

Uma curiosidade do Chile é o fato de


não ter sido atingido pela Phylloxera
Vastatrix, que devastou grande parte
dos vinhedos da Europa.

Falaremos desta praga futuramente,


mas a proteção natural foi a sua
geografia: Oceano Pacífico ao oeste
e cordilheira dos Andes a leste. O
Chile é um país estreito, de 177 km
de largura, em média, e 4300 km
de comprimento, formando assim
um ar-condicionado natural, pois o
vento marítimo vem e passa pelos
vinhedos, bate na cordilheira durante
o dia e volta à noite, refrescando os

57
vinhedos. Isso faz com que as parreiras parem de
amadurecer o fruto e mantenham a sua acidez.

A irrigação das parreiras é feita pela água do


degelo dos Andes, onde se formam rios sazonais,
que só existem no verão.

As parreiras foram trazidas por Colombo para o


Peru, em 1493, e trazidas para o Chile em 1548,
pelos monges Bartolomeu de Terrazas e Francisco
del Estero. As primeiras colheitas aconteceram em
Santiago e eram usadas para rituais religiosos.

No século XIX, houve a modernização e a criação


de novas vinícolas como a Carme, Errazuriz, San
Pedro, Cousiño, Macular, Concha y Toro. Mas foi
somente em 1990 que começaram a se destacar
no cenário mundial do vinho. Hoje, fazem vinhos
simplesmente fabulosos!

58
JÁ OUVIU FALAR EM “VIN DE TABLE”?

Ao ouvirmos essa expressão, logo imaginamos


um vinho feito de mesa, mas não é nada disso!

Vin de Table (vinho de mesa) identifica o vinho


mais básico produzido na França. Não é uma DO
(denominação de origem), o que significa que o
vinho não tem origem regional definida, pode
vir de qualquer vinhedo ou região. Geralmente,
são vinhos feitos por comerciantes de uvas, que
saem para garimpá-las em diversas regiões,
juntam todas e produzem um vinho. Podem
mencionar a uva e a safra, mas não é obrigatório.

DUAS TAÇAS DE VINHO POR DIA


PROPORCIONAM UMA VIDA SADIA!

Para os homens, 375 ml diários e para as mulheres,


187 ml diários, são as quantidades necessárias
para evitar os malefícios causados pelo álcool,
beneficiando o sistema cardiovascular, com
redução do risco de infarto do miocárdio e
trombose, aumento do bom colesterol e redução
da adesividade das plaquetas, que são elementos
importantes na coagulação do sangue.
59
Para o sistema neurológico, redução
do ritmo de envelhecimento das
células do cérebro e redução do risco
de demência, melhorando a circulação
cerebral. Para os ossos, proporciona
uma melhora da densidade óssea e
redução do índice de osteoporose.
Para o sangue, melhora a absorção de
ferro pelo intestino.

Consulte seu médico antes, pois


se tiver diabetes, for hipertenso e
consumir regularmente remédios, ou
estiver grávida, nem pensar em vinho
e álcool!

Um brinde à saúde!

60
DICA SIMPLES PARA ARMAZENAR SEU VINHO

Depois de aberto, transfira metade da


garrafa para uma garrafa menor, de
375 ml, e deixe o mínimo de oxigênio
possível. É importante passar rápido o
vinho para a garrafa menor assim que
aberto, para não dar tempo de oxidar.
Guarde na adega ou na geladeira para
desfrutar dessa outra metade depois!

Uma experiência simples para ver


como acontece a oxidação é partir
uma maçã ao meio e deixá-la
exposta. Ela vai estar bem branquinha
inicialmente, mas quando você voltar
depois de meia hora, vai estar escura
devido à ação do oxigênio.

VOCÊ TOMARIA UM BRUNELLO


SERVIDO POR AL CAPONE?

Dizem que quando um capanga de Al


Capone falhava em uma missão e era
preso, ele dava um jeito e conseguia
soltar o indivíduo.
61
Quando ele se encontrava com o
capanga que falhou, perguntava: “O
que aconteceu?”

Se os argumentos fossem convin-


centes, liberava o rapaz, mas quando
não, ele dizia: “Dá um Brunello pra
ele”.

Então, o capataz bebia aquele mara-


vilhoso líquido sem saber que, ao final
da garrafa, seria executado.

Essa era a senha! Então, se fizer algo


errado e te oferecerem um Brunello,
amigo... Até logo!

62
A VINÍCOLA ARQUEOLÓGICA

Arqueólogos da Universidade da
Califórnia descobriram uma vinícola
de 6.100 anos em uma caverna onde
hoje fica a Armênia, no Oriente Médio.

No sítio arqueológico, foram encon-


trados um prensa para moer uvas,
potes de fermentação e um cálice.

A descoberta foi publicada na revista


científica Journal of Archaeological
Science.

BEAUJOLAIS NOUVEAU, O BEBÊ


DOS VINHOS

Este vinho teve origem na Festa da


Vindima. As primeiras uvas colhidas
eram colocadas para fermentação e
seriam usadas na festa da colheita,
onde muitos turistas passaram
a frequentar e estimularam a
comercialização do vinho.

63
O Beaujolais Nouveau isoamila, que propor-
é feito pela maceração cionam aromas de
carbônica, processo banana e de rosas.
pelo qual as uvas são
Produzido na região de
colocadas inteiras
Beaujolais, situada ao
em tanques de inox
norte de Lyon, França, e
fechado, onde o peso
feito 100% de uva Gamay
das frutas de cima
e é lançado sempre na
esmagam as da parte
terceira quinta-feira de
de baixo. Assim que
Novembro.
começa a fermentação,
que libera gás Deve ser consumido
carbônico, este invade novo, assim como o
o tanque fechado e seu nome, Nouveau
comprime mais ainda as (novo, em francês). Seu
uvas. Nesse momento, tempo de guarda é de
acontece a no máximo seis meses.

fermentação no interior
da uva, ou seja, se você
abrir o tanque e comer
as uvas, vai ter vinho no
seu interior.

Esse processo libera


alguns ésteres como
acetato de etila, o
succinato e o lactato de

64
VOCÊ SABE O QUE É TERROIR?

O termo terroir, que literalmente significa “terreno”,


abrange as características de solo, microclima e
ecossistema do local onde a uva foi plantada.

Influencia a qualidade do vinhedo e do vinho.

COLOCARAM PERA NO CHARDONNAY?

Hoje tomamos um Chardonnay e sentimos muito


aroma de pera. Será que estão adicionando esta fruta
na fermentação?

A resposta é não. Esse aroma é um aroma primário,


que surge a partir da fermentação da própria uva.

A responsável é uma estrutura linear do éster Acetato


de Hexila, encontrado tanto na pera quanto na
Chardonnay.

65
DIFERENÇA BÁSICA ENTRE
VINHO PORTO RUBY E TAWNY

O Porto Ruby é menos envelhecido


e, como diz o seu nome, sua cor é
o vermelho rubi. Além disso, tem
aromas de frutas frescas.

O Porto Tawny é mais envelhecido, a


sua cor é âmbar, meio aloirado e seus
aromas são de frutas secas.

Curiosidade: são permitidos


mais de 40 tipos de uvas, para
a produção do Vinho do Porto.

A FERMENTAÇÃO MALOTÁTICA

A fermentação malolática compreende


a transformação do gustativamente
áspero, ácido málico, em ácido lático,
mais macio, por meio da presença de

66
bactérias láticas que fazem parte da
flora natural do mosto de uvas, tanto
quanto as leveduras que promovem a
fermentação alcoólica.

O ENVELHECIMENTO EM
BARRICAS DE CARVALHO

A utilização de barrica para guarda,


transporte e conservação do vinho é
muito antiga, e já foram encontrados
afrescos na tumba do faraó Hesi-re,
datando de 1800 A.C., mostrando o

transporte e comércio dos vinhos em


barrica. Naquela época, se trocava
uma barrica por um escravo.

Antigamente, eram utilizadas as


ânforas de barro para transporte,
que foram substituídas pelas barricas
pela facilidade de transporte e maior
resistência.

Hoje, ganhou o gosto do consumidor,


pois o álcool sendo um solvente,
absorve, incorporando aromas e
sabor ao vinho.
67
Os aromas mais comuns para você
identificar se passou por madeira
são: coco, baunilha, cravo defumado,
caramelo, Buerscotch e amêndoa.

Um país que adora vinhos amadeirados


é a Espanha, tendo na sua legislação,
na região de Rioja, as seguintes
regras:

Jovem: pode ou não passar por


madeira, geralmente fica 3 meses e é
colocado no mercado após um ano da
colheita.

Crianza: período mínimo de 8 meses


em barrica e é colocado no mercado
24 meses após a colheita.

68
Reserva: mínimo de madeira de 12
meses e colocado à venda após 36
meses da colheita.

Gran Reserva: mínimo de madeira de


24 meses e colocado à venda após 60
meses da colheita.

Após serem retirados da barrica, ficam


engarrafados e estabilizados nas caves.

Curiosidade: o sommelier que


adora vinhos amadeirados é
conhecido como “Sommelier
Pica-Pau”

69
ESPUMANTE PREMIÈRE BULLE Nº1

Dizem que a primeira bolha do mundo


foi criada na abadia de Saint-Hilaire,
onde os monges iam estudar.

Dom Perignon estudou lá e


provavelmente foi onde aprendeu a
fazer espumante. Depois, voltou para
Champanhe e veio com aquela história
de que foi por acaso...

Já repararam que todo champanhe


tem uma estrela desenhada? É em
homenagem a esta célebre frase dita
pelo monge: “Venham, irmãos! Estou
bebendo estrelas.”

70
ESPECIAL PORTUGAL

O PAÍS QUE FEZ DO VINHO


SUA MAIOR RIQUEZA
Portugal, o pequeno grande país da
Península Ibérica.

Tudo indica que a produção de vinhos


de Portugal começou em 2000 A.C.,
com a imigração dos tartessos, que
ficaram encurralados ao avistar o
Oceano Atlântico. O que se imagina é
que o chefe da tribo dos tartessos, ao
avistar o Atlântico, disse algo como:

“Nossa, chegamos no fim da Terra.


Para voltar vai dar um trabalho…
Vamos montar nossas tendas aqui
mesmo!”

Os tartessos já detinham uma escrita


rudimentar, com a qual documentavam
suas técnicas de produção de vinho e
azeite. A sua tribo ocupou o Tejo e o
Sado por um longo tempo.

No século 10 A.C., vieram os fenícios.


Se agruparam em uma região e
espalharam a sua cultura pelas terras
portuguesas.

No século 7 A.C., chegaram os gregos


com a sua cultura e filosofia.

72
Existe uma história de que em
determinado momento, o chefe da
agricultura disse:

“Nessa terra nascerá grandes vinhos!”

No século 6 A.C., os celtas ibéricos,


com a cultura da cerveja, montaram
uma tribo e aproveitaram as riquezas
naturais do país até o século 2 A.C.,
quando os romanos invadiram toda a
Terra Lusitana e os expulsaram.

Portugal era usado pelo Império


Romano para a produção de vinho, já
que eles achavam que o vinho feito lá
era o melhor.

73
Os anos foram pas- a Boa Nova. Ele venceu e
sando, o Império virou o Rei de Portugal.
Romano caiu e os
Em 1703, o Marquês
visigodos chegaram.
de Pombal assina o
Reinaram sempre com
acordo de Mathem,
muita cerveja e vinho,
que diz que os ingleses
até a visão de Maomé,
devem comprar vinhos
em 610 D.C., quando
de Portugal, enquanto
os mouros vieram para
Portugal se compromete
converter e dominar a
a comprar o tecido dos
região. Assim o fizeram.
ingleses (um esquen-
O ponto de luz acesa na tava por fora e o outro
Península Portuguesa por dentro). Foi aí que
foi a região de Astúrias, o Vinho Português
que permaneceu for- abriu suas porta para o
te e viril durante a mundo.
dominação dos mouros
Portugal produz vinho
e, no momento certo,
do Minho ao Algarve,
depois de 7 séculos,
de norte a sul, de leste
retomaram as terras.
a oeste. São 14 regiões
Em 1139, Dom Afonso produtoras e 31 DOC/
Henrique teve uma DOP (Denominação de
visão de que Jesus disse Origem Controlada/
a ele que garantiria sua Denominação de Ori-
vitória se ele espalhasse gem Protegida).

74
E as regiões... Uma mais linda que a
outra:

O MINHO: a terra do vinho verde e do


caldo verde.

TRÁS-OS-MONTES: terra dos vinhos


tintos de uva Bastardo, de blends
maravilhosos de azeite e do cabrito
assado cozinhado em forno aquecido à
lenha. E para petiscar, uma alheira vem
bem a calhar.

PORTO/DOURO: lugar mágico. Que


tal tomar uma cerveja Super Bock
às margens do Rio Douro antes de ir
visitar as casas de vinho do Porto, onde
o vinho amadurece, tomando um porto
de cada tipo, de cada cor, e na manhã
seguinte descer para o Douro, pegar
a rota do Vinho e beber um belo tinto
monocasta de Touriga.

75
TÁVORA-VAROSA: entre os rios Távora
e Varosa, essa terra foi escolhida pelos
monges de Cister pela sua beleza
cheia de ruínas romanas, castelos e
é também onde você pode provar um
dos melhores espumantes de Portugal,
acompanhado de cogumelos bravos
com trufas.

DÃO: lugar perfeito para beber um


belo vinho branco de casta encruzado
geladinho, pois é nesse terroir que
ele tem a sua melhor expressão.
Fica melhor ainda acompanhado do
belíssimo queijo da Serra da Estrela,
queijo de leite de ovelha, que quando
se come é tão bom que se pode ver
estrelas.

BAIRRADA: terra bela da casta Baga que


dá vinhos potentes de muito sabor.
Mas o que você não pode perder o é
o leitão assado que é feito na região,
acompanhado de um espumante
rosado, de preferência feito de Baga. A
beleza da região faz festa no paladar e
no coração!

76
LISBOA: eita terra boa! Tem surf, tem
vinho, tem frutos do mar dos bons...
Que tal um bela sardinha portuguesa
assada acompanhada do vinho branco
feito da casta Jampal? Ouvindo, é claro,
o fado ou o rock regional.

BEIRA INTERIOR: lá, você come pelas


beiradas. A gastronomia é muito boa e
a castas principais são a Tinta Roriz e a
Touriga Nacional.

TEJO: um tesouro arqueológico vivo!


Diz a lenda que na época das Cruzadas,
os cavaleiros templários aqui viviam.
Os vinhos têm uma boa qualidade e um
bom preço. E o Rio Tejo é um encanto
só!

77
PENÍNSULA DE SETÚBAL: se prepare para
a sua boca adoçar. Terra do Moscatel,
onde jorra leite e mel. Lugar preferido
pelos lisboetas. Excelente para provar
também um bom Periquita. Pensou
besteira, né? Fique tranquilo, é apenas
o nome dado, na região, à casta
Castelão.

ALENTEJO: terra do porco preto, dos


vinhos de bom custo, das planícies
verdejantes, dos vinhos potentes e
robustos. Lá, você não pode deixar
de beber um bom vinho Alentejano
acompanhado da Carne de Porco à
Alentejana.

78
ALGARVE: prepare o seu espírito, pois
o lugar é muito lindo! Produz muito
pouco vinho, mas o que se produz
é de boa qualidade. Os vinhedos,
com o passar do tempo, deram lugar
aos campos de golfe e aos hotéis 5
estrelas. Se você tiver uma “pipa de
massa” (muito dinheiro), aqui é o lugar
certo para se aposentar.

ARQUIPÉLAGO DE AÇORES: é composto


por 91 ilhas (meu Deus, é muito lugar
pra visitar!). Excelente para tomar um
vinho, ver o Sol se pôr ou raiar, pegar
um barquinho bem pequenininho e
partir para a Ilha da Madeira, onde você
pode beber os vinhos mais longevos
do mundo, que chegam a durar dois
séculos na garrafa (ou dois minutos na
minha taça).

79
Esse foi o nosso passeio através da
imaginação e do devaneio pelas terras
portuguesas. Que tal arrumar as malas
e conhecer de verdade esse país
maravilhoso?

Como diz aquele Velho “deitado”


português:

“Ora, Gajo mandrião! Levanta, acorda.


Só se vive uma vez. Arruma as suas
malas, coloca os teus sonhos na
bagagem, enche o coração de coragem
e vem pra Portugal!”

80
R01 Todas as imagens são meramente ilustrativas.

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