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O surto manufatureiro
Embora a ideia de industrializar o país estivesse já em preparação, foi o
impacto da obra Discurso sobre a Introdução das Artes no Reyno, de
Duarte Ribeiro de Macedo, que deu o impulso necessário ao arranque das
manufaturas portuguesas.
Nesta política distinguiu-se, principalmente, D. Luís de Meneses, 3º conde
da Ericeira.
Desde que assumiu o cargo, em 1675, este ministro, a quem chamaram o
Colbert português, procurou equilibrar a balança comercial do reino
substituindo as importações por artigos de fabrico nacional.
Neste sentido:
● Procedeu à contratação de artífices estrangeiros, sobretudo ingleses,
holandeses e venezianos
● Criou indústrias, às quais concedeu privilégios e subsídios, como as
de vidro, de fundição de ferro e de tecidos
● Praticou uma política protecionista da indústria nacional, através da
promulgação de leis pragmáticas, que proibiam o uso de diversos
produtos de luxo importados, tais como chapéus, rendas, brocados,
tecidos e outros produtos similares
● Recorreu à desvalorização monetária com o fim de tornar os
produtos portugueses competitivos no mercado externo e, simultaneamente,
encarecer os artigos que, de fora, nos chegavam.
Ainda de acordo com os preceitos do Mercantilismo, criaram-se várias
companhias monopolistas, às quais se deram privilégios fiscais:
● A Companhia do Cachéu, para o tráfico de escravos
● A Companhia do Maranhão, destinada ao comércio brasileiro
● Outras companhias que, a partir de Goa, operam na África
Oriental, na China e em Timor.
● a redução do défice
● a nacionalização do sistema comercial português
Para isso impunha-se:
● diminuir a importação de bens de consumo
● relançar as indústrias
● oferecer ao comércio português estruturas que lhe garantissem a segurança
e a rentabilidade
Seguindo máximas mercantilistas, Pombal impôs ao Estado e a si mesmo essa
gigantesca tarefa.
Em 1755, é criada a Junta do Comércio, ao qual passou a competir a regulação de
boa parte da atividade económica do reino.
Entre outras funções, a Junta encarregava-se de:
● reprimir o contrabando
● intervir na importação de produtos manufaturados
● vigiar as alfândegas
● coordenar a partida das frotas para o Brasil
● licenciar a abertura de lojas e a atividade dos homens de negócios
A nacionalização e a reorganização do comércio passaram também pela
criação de companhias monopolistas privilegiadas.
Entre estas companhias haverá que realçar, pelo sucesso obtido, as que
operavam no Brasil e também a Companhia das Vinhas do Alto Douro.
Em conjugação com estas medidas, Pombal dá princípio à revitalização do
setor manufatureiro, perseguindo os mesmos objetivos que haviam norteado o
conde da Ericeira.
Assim, procedeu à revitalização das indústrias existentes e à criação de novas
unidades.
Pertencentes ao Estado ou a particulares, todas as manufaturas pombalinas
receberam privilégios (instalações, subsídios, exclusivos).
Consciente de que o progresso económico passava pela promoção social
da burguesia, o Marquês procurou valorizar a classe mercantil, conferindo-lhe maior
estatuto e tornando-a mais capaz.
Foi assim que, em 1759, se criou em Lisboa, sob a designação de Aula do
Comércio, a primeira escola comercial da Europa.
● A instituição destinava-se a fornecer uma preparação adequada aos futuros
comerciantes.
Em 1770, o grande comércio foi declarado “profissão nobre, necessária e
proveitosa”, conferindo à alta burguesia o estatuto nobre, que abria as
portas de acesso a numerosos cargos e dignidades.
Igualmente se ficou a dever a Pombal o fim da distinção entre cristãos-novos e
cristãos-velhos (1768).
Terminado o poder discricionário dos inquisidores, inaugurou-se um período de
estabilidade e segurança para os homens de negócios que conseguiram um
prestígio que, até aí, nunca haviam gozado.
Apesar da sua frontal oposição à teoria da origem divina do poder, a maior parte dos
filósofos iluministas acreditava nas virtualidades do regime monárquico.
Que melhor do que um rei culto, justo e empenhado no bem-estar dos súbditos
poderia contrariar os privilégios da nobreza ou a excessiva influência da Igreja?
A autoridade real era, pois, desejável se, iluminado pela Razão, o soberano a
utilizasse para afastar as trevas do obscurantismo.
Esta interpretação do pensamento iluminista forneceu uma fundamentação racional
para o reforço do poder régio, suscitando a adesão de um grupo significativo de
monarcas.
Ao mesmo tempo que abrilhantavam a sua corte com a presença de filósofos, os
déspotas iluminados entregavam-se, com entusiasmo, À reorganização dos seus
reinos:
● A estrutura governativa, a vida económica, as relações sociais, a influência
da Igreja, a assistência, a instrução pública, tudo mereceu a atenção destes
monarcas que, em tudo, impuseram a sua vontade “esclarecida”
Em Portugal, esta filosofia de governo materializou-se na ação governativa do
Marquês de Pombal.
A reforma do ensino