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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sócias e Politicas

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

Disciplina: Ética e Deontologia Profissional

Ética e Relação com a Empresa

António Cossa Júnior


Belito Benjamim Francisco Rui
Faima Mahmad Hanif
Rossela Gelinho Domingos

Quelimane, Abril de 2022


António Cossa Júnior
Belito Benjamim Francisco Rui
Faima Mahmad Hanif
Rossela Gelinho Domingos

Ética e Relação com a Empresa

Trabalho de carácter avaliativo à Faculdade de


Ciências Sócias e Politicas-Universidade Católica
de Moçambique, com requisito parcial para
obtenção do grau académico de Licenciatura em
Contabilidade e Auditoria.

Docente:

Albertina Dos Santos Caetano

Quelimane, Abril de 2022


Índice
I. Introdução..................................................................................................................1
1.1. Objectivos...........................................................................................................2
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................3
2.1. Contextualização.................................................................................................3
2.2. Conceitos............................................................................................................3
2.3. Ética empresarial.................................................................................................6
2.3.1. Histórico da ética empresarial.....................................................................6
2.3.2. A percepção da importância da ética empresarial.......................................7
2.4. Ética e a gestão corporativa nos negócios..........................................................7
2.5. Ética nas relações do trabalho.............................................................................8
2.6. Ética, empresa e sociedade.................................................................................9
2.7. Ética empresarial x clientes................................................................................9
2.8. Como implantar um programa de ética.............................................................10
2.8.1. Vantagens e recompensas do comportamento ético nas empresas............11
2.9. Virtudes necessárias ao exercício profissional ético.........................................12
2.9.1. Virtudes básicas.........................................................................................12
2.10. Ética na liderança..........................................................................................13
2.10.1. Liderança...................................................................................................13
III. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................16
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................17
I. Introdução

O mercado, como expressão da sociedade, está cada dia mais consciente e critico das
atitudes empresariais, e disposto a "premiar" ou "condenar" praticas éticas e socialmente
responsáveis, ou sua negação. É comum, nos dias atuais, encontrarmos nos jornais
notícias sobre actividades empresariais prejudiciais às pessoas e à sociedade em geral.
Entre os exemplos marcantes estão os produtos cuja qualidade é sacrificada em nome da
redução de custos, a falta de preocupação como o meio ambiente e os procedimentos
duvidosos que afectam a segurança de funcionários e clientes (RODA et al., 2011).

Da mesma forma também, os investidores analisam cada vez com maior atenção a
forma na qual as empresas realizam seus lucros e oferecem retornos a seus accionistas e
investidores. Dilemas e conflitos tão antigos quanto a história da humanidade inseridos
em novas situações nem sempre são vistos como questões éticas. Própria da natureza
das relações sociais, a diversidade de interesses deve ser considerada como uma
oportunidade para a empresa colocar-se, cada vez mais, como organização voltada para
o bem-comum (RODA et al., 2011).

No mundo dos negócios, pode-se dizer que a imagem de uma empresa é directamente
proporcional à sua ética empresarial”.(MORAES, 2009). Objectiva-se, portanto e
principalmente a motivação e conscientização sobre a importância da conduta ética,
salientando-se os pontos fortes deste comportamento que consiste no comprometimento
social da empresa para com outras instituições de qualquer nível.

É preciso sensibilizar e conscientizar as pessoas que constituem as organizações de que


nos dias atuais há uma demanda crescente por transparência, integridade e probidade,
tanto no trato da coisa pública, como no fornecimento de produtos e serviços ao
mercado e nas relações humanas.

Atitudes e decisões tomadas sem ética não constituem soluções duradouras (BANCO
DO BRASIL 1997).

Neste momento, a ética surge como um elemento diferenciador de imagem e, cada vez
mais, as empresas precisam compreender isso.

E o presente trabalho pretendemos, então, descrever a ética nas empresas como um


diferencial competitivo. Entendemos que bons resultados profissionais e empresariais
devem ser fruto de decisões morais e éticas e que ter padrões éticos pode significar bons
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negócios a longo prazo. O enfoque principal da nossa proposta de pesquisa é estudar o
comportamento ético das empresas como questão estratégica de sobrevivência, e
especificamente, identificar as consequências favoráveis da adoção de uma política ética
na gestão de empresas.

I.1. Objectivos
I.1.1. Geral
Abordar a ética e a relação com a empresa.
I.1.2. Especifico
Descrever o carácter ético duma empresa;
Falar da ética empresarial.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
II.1. Contextualização

A importância da ética na administração de organizações, ou ética empresarial, cou mais


evidente depois que uma série de escândalos revelaram procedimentos imorais em
relação à administração dos negócios, envolvendo organizações de grande porte, com
alta rentabilidade, e órgãos públicos. Esses casos chamaram a atenção da sociedade civil
e trouxeram à tona a necessidade de novas formas de proceder no ambiente
corporativo(FNQ, 2017).

E nesta linha de pensamento antes de abordar essa tematica, vamos perceber o que é a
Etica!

II.2. Conceitos
II.2.1. Ética

A Ética é um estudo antigo e que pode ser entendida inicialmente como aquilo
que vetoriza determinada acção, ao ofertar-lhe uma origem e uma destinação específica.
VÁZQUEZ (1995), define a Ética como “a teoria ou ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade” (p. 12).

Na apreciação de LEISINGER (2001), a Ética representa um conjunto de valores e


princípios que orientam o comportamento de um indivíduo dentro da sociedade. A Ética
está relacionada ao carácter, uma conduta genuinamente humana e enraizada, que vêm
de dentro para fora (p.9).

Por sua vez (BRASIL, 1998):

A Ética é a reflexão crítica sobre a moralidade. Ela não tem um carácter


normativo, pois, ao fazer uma reflexão ética, pergunta-se sobre a consistência e
a coerência dos valores que norteiam as acções, buscando-se esclarecer e
questionar essas acções, para que elas tenham significado autêntico nas

relações (p.52).

Neste contexto, percebe-se a ética como um conjunto de princípios e valores que


orientam a conduta humana que é esperada de pessoas como resultado de uso de regras
normativas no comportamento social. De uma forma simples, podemos compreender a

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Ética como a ciência dos costumes onde faz-se uma menção em torno da conduta dos
indivíduos numa sociedade.

Para que seja implementado a administração Ética é necessário a distinção de dois


conceitos básicos, sendo eles:

 Questão ética: que se relaciona com a formulação dos problemas;


 Dilema ético: que lida com as soluções para os problemas.
As causas mais visíveis nas organizações devidos os problemas com os dilemas éticos,
são que existem falta de directrizes claras e a falta de comunicação.

II.2.2. Código da Ética

A Ética pode ser interpretada como aquilo que é bom, justo, correcto, honesto ou moral.
Portanto, em conformidade com o que apregoa LISBOA (1997), o Código de Ética
serve para indicar padrões de conduta na vida profissional de cada um, nele estão
contidos os princípios éticos aplicáveis à profissão tanto para o que é permitido quanto
para o que não é permitido (p. 61).

Na perspectiva de MEUCCI & MEGIOLARO (2008):

Código de ética pode ser definido como um documento de texto com diversas
directrizes que orientam as pessoas quanto às suas posturas e atitudes ideais,
moralmente aceitas ou toleradas pela sociedade com um todo, enquadrando os
participantes a uma conduta politicamente correcta e em linha com a boa imagem que a
entidade ou a profissão quer ocupar, inclusive incentivando à voluntariedade e à
humanização destas pessoas e que, em vista da criação de algumas actividades

profissionais, é redigido, analisado e aprovado pela sua entidade de classe (p.32).

Por seu turno, COIMBRA (2002) diz que:

Código de ética é um acordo que estabelece os direitos e deveres de uma empresa,


instituição, categoria profissional, ONG e etc, a partir da sua missão, cultura e
posicionamento social, e que deve ser seguido pelos funcionários no exercício de suas
funções profissionais. Este é um documento que dita e regula as normas que gerem o
funcionamento de determinada empresa ou organização, e o comportamento dos seus

funcionários e membros(p.33) .

Deste modo, um código de Ética é um documento que apresenta e regula as normas que
gerem o funcionamento de determinada instituição ou organização, e o comportamento

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dos seus colaboradores ou membros. É uma junção de princípios que relaciona as
principais práticas dos comportamentos permitidos e proibidos no exercício da
profissão.

II.2.3. Código de Ética Profissional

O principal objectivo do código de ética profissional é ajudar a encorajar o sentido de


justiça e decência nos membros do grupo da organização. Para se ter um Código de
Ética efectivo dentro da instituição é necessário que este comece de cima, ou seja, que
os administradores da instituição devem seguir com as normais e os regulamentos,
buscando abranger a todos os membros da instituição, ou do grupo organizado. Ele pode
variar conforme de Instituição para Instituição, pois cada um tem uma visão dos vários
códigos de éticas existentes.

De acordo com MASIERO (2007):

O Código de Ética profissional reúne um conjunto de normas de conduta, exigido no


exercício de qualquer atividade econômica. No papel de ‟reguladora‟ da ação, a ética
age no desempenho das profissões, levando a respeitar os semelhantes, no exercício de
suas carreiras. A ética envolve o relacionamento de profissionais, a fim de resgatar a

dignidade humana e a construção do bem comum (p. 455).

Na perspectiva da OCAM - Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique


(2018), um código de ética profissional deve conter preceitos que versem sobre
obrigações do grupo organizado em, no mínimo, quatro áreas: competência, sigilo,
integridade e objectividade.

 A Competência é assegurada pelos conhecimentos e experiências necessárias ao


desenvolvimento do trabalho, devendo aí ser considerado o processo de
educação continuada por meio de treinamentos e cursos de reciclagem. Na era
moderna, não há espaço para a acomodação;
 O Sigilo é de suma importância, uma vez que o contabilista tem como objecto
informações confidenciais de seu cliente ou empregador. Observe-se que o sigilo
é um dever do profissional, somente em relação aos factos e actos lícitos. Para os
actos ilícitos, o indivíduo não tem o dever de guardar sigilo, como tem a
obrigação de denunciar, como um resultado do exercício de sua cidadania;

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 Objectividade, cumprir com as obrigações evitando conflito de interesse e
julgamento ou seja, trabalhar em função da verdade;
 Integridade, deve ser recto e honesto em todos os relacionamentos profissionais
da entidade.

Para que esses preceitos seja cumpridos nas organizações devem optar por treinar os
funcionários, adquirindo instrumentos que conscientização profissional. Os
instrumentos comuns são:

 Elaboração e distribuição de um Código de Ética para todos os funcionários da


organização;
 Seminários frequentes sobre Ética;
 Instituição de uma linha directa de comunicação entre a administração e
funcionário;
 Formação de comité de Ética;

II.3. Ética empresarial

A ética empresarial é o comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando ela


age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela
coletividade (regras éticas) (MOREIRA, 2002).

II.3.1. Histórico da ética empresarial

A evolução histórica da ética empresarial seguiu o próprio desenvolvimento económico.


Em 1890, nos Estados Unidos da América, entrou em vigor a lei denominada Sherman
Act, a qual passou a proteger a sociedade contra acordos entre empresas, contrários ou
restritivos da livre concorrência. Outras leis se seguiram nessa matéria. Ainda nos
Estados Unidos foi promulgada no começo do século XX a lei Clayton, alterada na
década de 30 pela emenda Pattman-Robinson. Essa lei complementou a Sherman Act,
proibindo a prática de discriminação de preços por parte de uma empresa em relação aos
seus clientes (CENE, 1992).

Mas foi somente na segunda metade do século XX que o assunto, ética empresarial, de
fato ganhou relevância. Em 1977, o Congresso norte americano aprovou uma lei relativa
à ética empresarial, que chamou a atenção do mundo. Ela foi denominada “Foreign

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Corrupt Practices Act” (“FCPA”). Essa lei passou a proibir e a estabelecer penalidades
para pessoas ou organizações que oferecessem subornos a autoridades estrangeiras, para
obter negócios ou contratos.

II.3.2. A percepção da importância da ética empresarial

Segundo CRISTINA RAMALHO (2010), hoje, para que uma empresa consiga
credibilidade junto ao mercado, não basta só auferir qualidade a seus produtos ou
serviços. Embora esse fator seja primordial e o público consumidor esteja cada vez mais
exigente nesse sentido, a conquista da credibilidade é mais ampla. Ela engloba outros
itens relacionados ao portfólio de uma empresa – e a ética é, notadamente, um desses
principais itens

Em junho de 1993 a Fundação e Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social


(Fides) fez uma pesquisa sobre ética na atividade empresarial, consultando 998
empresas. Destas, apenas 7,5%, isto é, 75 empresas, responderam à pesquisa. Isso prova
que a ética na atividade empresarial não faz parte das prioridades de nossos agentes
econômicos, a não ser que estes prefiram calar-se por nada terem a explicar nesse
terreno.

II.4. Ética e a gestão corporativa nos negócios

Uma empresa é considerada ética se cumprir com todos os compromissos éticos que
tiver, se adotar uma postura ética como estratégia de negócios, ou seja, agir de forma
honesta com todos aqueles que têm algum tipo de relacionamento com ela, também
conhecidos como os stakeholders. Estão envolvidos nesse grupo os clientes, os
fornecedores, os acionistas e investidores, os funcionários, o governo, a comunidade e a
sociedade em geral. Seus valores, rumos e expectativas devem levar em conta todo esse
universo de relacionamento e seu desempenho também devem ser avaliados quanto ao
seu esforço no cumprimento de suas responsabilidades públicas e em sua atuação como
boa cidadã, (FERREIRA, 1993)

TEIXEIRA, (1991) refere que muitas organizações acreditam que não existe correlação
entre a integridade e o desempenho financeiro. Elas estão enganadas. A integridade e o
desempenho não são extremidades opostas de um contínuo. O empresário que obtém

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um rápido ganho financeiro tirando vantagens de clientes, fornecedores ou funcionários
pode acusar um lucro um pouco mais alto em determinado período, mas a confiança que
perdeu no processo pode jamais voltar a ser instaurada em suas relações de negócios.

Ao contrário, e na maioria das vezes, o cliente desapontado passará a consumir os


produtos da concorrência assim que aparecer uma oportunidade. Chegará o dia em que
um fornecedor explorado estará por cima. E os funcionários explorados saberão retribuir
ao mau tratamento de várias maneiras: roubando no almoxarifado ou no patrimônio,
fazendo longas ligações interurbanas, apresentando licenças médicas sem estar doente,
etc.

Falhas éticas levam as empresas a perderem clientes e fornecedores importantes,


dificultando o estabelecimento de parcerias. A prática de parcerias é cada vez mais
comum nos dias atuais.

A reputação de uma empresa é um fator primário nas relações comerciais, formais ou


informais, quer estas digam respeito à publicidade, ao desenvolvimento de produtos ou
a questões ligadas aos recursos humanos. Nas atuais economias nacionais e globais, as
práticas empresariais dos administradores afetam a imagem da empresa para qual
trabalham. Assim, se a empresa quiser competir com sucesso nos mercados nacional e
mundial, será importante manter uma sólida reputação de comportamento ético.

II.5. Ética nas relações do trabalho

Ao observarmos o trabalhador moderno, veremos que existem amplas evidências de que


as pessoas, cada vez mais, procuram atividades e relacionamentos significativos. O
suporte psicológico para essa observação é de que os seres humanos prosperam não a
base de prazeres fáceis, mas diante da procura de novos desafios. Nesta nova ética, há
uma progressiva difusão do conceito de que o trabalho deveria ser simultaneamente
recompensador do ponto de vista econômico e emocionalmente gratificante
(TEIXEIRA, 1991).

O princípio ético determina então que a empresa preocupe-se também em atender às


necessidades imateriais do trabalhador como ser humano. Dessa forma, impulsiona o ser

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humano ao progresso contínuo e a romper seus próprios limites. MOREIRA (2002, p.
140) destaca as seguintes:

 Adquirir novos conhecimentos;


 Desenvolver-se profissionalmente, inclusive pelo domínio de novas técnicas;
 Superar os seus próprios limites de criatividade, conhecimento, concentração,
produtividade e outros;
 Obter uma satisfação imaterial com o trabalhador, resultante do seu desempenho
norteado por elevados padrões de qualidade e excelência;
 Obter o reconhecimento e o crédito imaterial pelos seus feitos e contribuições.

Conclui-se, dessa forma, que para ser reconhecida como uma empresa ética e
socialmente responsável, não só na sociedade onde está inserida mas também e
principalmente no plano interno, certamente um dos maiores desafios seja vencer a
aparente contradição entre a sobrevivência e o crescimento, sem descuidar da
humanização do trabalho e do resgate da dignidade da pessoa humana.

II.6. Ética, empresa e sociedade

O advogado JOAQUIM MANHÃES (2017) classifica as empresas em três segmentos,


no que se refere a padrões éticos. "Num primeiro bloco, coloco as grandes empresas,
entre elas as multinacionais, que representam mais de 50% do Produto Interno Bruto
(PIB). Nelas o processo ético está formalizado, escrito e possui mecanismos de
avaliação. Já as empresas de nível médio têm consciência do que é ética, mas o seu
programa não está formalizado, enquanto que as pequenas, que são mais numerosas,
estão preocupadas com a sobrevivência e não pensam no assunto. No entanto, mesmo
estas possuem uma consciência ética diante de uma situação que envolve violação",
sintetiza.

II.7. Ética empresarial x clientes

WHITAKER, (2004) afirma que: No ambiente dos negócios, as empresas precisam estar
atentas à evolução do cliente que está cada vez mais exigindo transparência e correção
de atitudes, a fim de adequar suas estratégias de ações que satisfaçam esse novo padrão
de comportamento. A empresa precisa acompanhar essa evolução para não ficar à

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margem do processo. Ignorar isso é um erro estratégico que pode comprometer a
sobrevivência do negócio a médio e longo prazo

As corporações precisam implantar seu código de atuação ética estabelecendo diretrizes


claras junto aos seus colaboradores de como querem proceder junto aos fornecedores,
clientes, governo, imprensa, meio-ambiente, parceiros internos, acionistas, Ong's,
legislação.

O desafio de elaborar e incorporar uma ética corporativa saudável está baseado nos
pilares de sustentação, a saber: importância da ética nos negócios, conscientização,
envolvimento, comprometimento na aplicação, coerência, comunicação aberta, punição
pelo descumprimento, revisão e atualização periódica e divulgação ao cliente. O
instrumento da boa conduta ética precisa ser bem elaborado, simples e de fácil
compreensão por todos dentro da organização para que não haja imperfeições no seu
cumprimento e pondo em risco a suacredibilidade.

II.8. Como implantar um programa de ética

Segundo o advogado MANHÃES (2017), estabelece três (3) passos a se seguir para a
implementação de programa de ética numa empresa, nomeadamente:

 Primeiro passo para estabelecer um programa de éticanuma empresa é a criação


de um código com a participação de todos os níveis da organização.
 A segunda etapa é a de treinamento para a aceitação dos valores do código, e,
neste caso, para que funcione efetivamente deve ser transmitido pelo chefe direto
do funcionário.
 O último passo para estabelecer um programa de ética numa organização, de
acordo com Manhães, é punir os infratores para que sirvam de exemplo.

O compromisso com o código de ética como um todo deve valer também para os chefes,
que serão avaliados como qualquer funcionário.

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NB: É bom lembrar que o programa de ética deve vigorar a partir da seleção do pessoal
que concorre a uma vaga na empresa – daí o importante papel do setor de RH para
captar o histórico dos interessados a um determinado posto na empresa.

Uma dica do advogado para garantir o funcionamento do programa de ética é a criação


de um canal de comunicação interno na empresa, inclusive com a instituição do cargo
de "ombudsman interno".

II.8.1. Vantagens e recompensas do comportamento ético nas empresas


 Um programa ético rende dividendos.
 É um valioso recurso para o sucesso de uma organização.
 A integridade e o desempenho não são extremidades opostas de um
contínuo.
 Quando as pessoas trabalham para uma organização que acreditam ser justa,
onde todos estão dispostos a dar de si para a realização das tarefas, onde as
tradições de fidelidade e cuidado são marcantes, as pessoas trabalham em um
nível mais elevado.
 Os valores ao seu redor passam a fazer parte delas e elas vêem o cliente
como alguém a quem devem o melhor produto ou serviço possível. (Rosilene
Marton, Advogada e Professora Universitária).

Uma cultura organizacional ética leva a:

 Elevação do clima de confiança e respeito para com todas as pessoas que, de


forma direta ou indireta, se relacionam com a instituição.
 Redução de custos e aumento de produtividade como conseqüência do crescente
nível de satisfação geral pelo clima ético de trabalho.
 Fortalecimento da credibilidade da organização junto ao mercado e à sociedade.
 Melhora das relações de trabalho, com o desenvolvimento das qualidades
humanas e a integridade dos membros da organização.
 Obtenção de respeito dos parceiros comerciais.
 Cumprimento de dever inerente à responsabilidade social da organização.
 Geração de lucro livre de contingências.
 Legitimidade moral para exigir comportamento ético dos empregados.
 Possibilidade de avaliar com precisão o desempenho de sua estrutura.

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 Fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas se sintam seguras ao
adotarem formas éticas de se conduzir.
 Garantir homogeneidade na forma de encaminhar questões específicas.
 Aumentar a integração entre os funcionáriosda empresa.
 Favorecer ótimo ambiente de trabalho que desencadeia a boa qualidade da
produção, alto rendimento e por via de conseqüência, ampliação dos negócios e
maior lucro.
 Criar nos colaboradores maior sensibilidade que lhes permita procurar o bem
estar dos clientes e fornecedores e, em conseqüência, sua satisfação.
 Estimular o comprometimento de todos os envolvidos no documento.
 Proteger interesses públicos e de profissionais que contribuem para a
organização.
 Facilitar o desenvolvimento da competitividade saudável entre concorrentes.
 Consolidar a lealdade e fidelidade do cliente.
 Atrair clientes, fornecedores, colaboradores e parceiros que se conduzem dentro
de elevados padrões éticos.
 Agregar valor e fortalecer a imagem da empresa.
Enfim, garantir dentro de um nível elevado a sobrevivência da empresa (CENE - Centro
de Estudos de Ética nos Negócios, foi fundado na FGV-EAESP em 1992).

II.9. Virtudes necessárias ao exercício profissional ético

SÁ (2010) reforça que “virtudes básicas profissionais são aquelas indispensáveis, sem
as quais não se consegue a realização de um exercício ético competente, seja qual for a
natureza do serviço prestado”. São complementares, segundo o mesmo autor aquelas
que “completam o valor da ação do profissional e ampliam as virtudes básicas, sendo a
transgressão delas infração e perda da qualidade ética”. Vamos utilizar os ensinamentos
deste mesmo autor para conhecer as virtudes básicas e complementares (p.197).

II.9.1. Virtudes básicas

Para SÁ (2010), são virtudes básicas: zelo, honestidade, sigilo e competência que é o
mínimo que um profissional precisa ter para o exercício ético de suas atividades. Vamos
discutir um pouco cada uma delas (p. 197-220).

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 Zelo – A presteza, a constância, o cuidado com que se desempenham as
atividades profissionais são próprios de cada pessoa. Se um profissional se
considera inapto para executar determinada tarefa, é mais digno declinar do
convite para assumi-la do que aceitá-la mesmo sabendo que não terá o cuidado
necessário para sua execução. É, portanto antiético aceitar uma tarefa sabendo
que não a executará com o zelo necessário..
 Honestidade – A fiel guarda, a confiança e a sinceridade são princípios
fundamentais na prática honesta da profissão para a qual o indivíduo se prepara
e decide se dedicar. Nos noticiários, diariamente vemos exemplos de pessoas de
diferentes classes sociais, profissões, idades sendo confrontadas por terem se
corrompido. O fato de conviver num ambiente de corrupção não significa que se
deva estar de acordo nem que se deva praticar atos indignos. Nada justifica a
desonestidade.
 Sigilo – Ainda que não tenha sido solicitada, a necessidade do sigilo pode
ocorrer. Cabe ao profissional o discernimento sobre o que pode e o que não pode
revelar a outra pessoa. Sabemos que profissões decorrentes das áreas do Direito,
Medicina, Contabilidade, por exemplo, têm no sigilo a base da credibilidade do
profissional que as exerce.
 Competência – O exercício do conhecimento no desempenho de uma tarefa é
essencial numa profissão da mesma maneira que é digno de louvor aquele que
admite não ter competência para oferecer serviços à altura da expectativa de
quem os demanda. RIOS (2011:85) associam a competência e a ética no
contexto das organizações e valoriza o fato de que muitos profissionais não
praticam o que já apontamos neste livro como sendo walk the talk, ou seja, não
colocam em prática suas próprias palavras.

II.10. Ética na liderança

As palavras inovação, mudança e evolução passam a figurar como a maior preocupação


de quem tem a missão de dirigir organizações, independente de seu grau de influência
no processo de gestão, permeando todos os escalões de lideres, dos facilitadores de
equipes aos presidentes.

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Dentro deste dilema é que surge, como fundamental, o papel especial da liderança
empresarial, para poder conduzir com sucesso toda a transição humana que está em
curso.

II.10.1. Liderança

Para RIBEIRO (2009) aliderança relaciona-se muito mais à capacidade que um gestor
genuinamente possui para “trazer a equipe consigo”, conquistando seu
comprometimento na busca pelos objetivos que a organização deseja.

A liderança tem muito mais a ver com a transmissão de uma visão orientadora, aonde as
práticas de gerenciamento devem cada vez mais levar em conta o encorajar das pessoas
para que desenvolvam e usem muito mais seu potencial, fazendo a costura do somatório
das habilidades individuais em um processo colaborativo e de sinergia.

Acredita-se que a liderança é uma qualidade inata, ninguém é líder por acaso ou é líder
sem querer ser. Seguindo esse linha, a pessoa pode aprender algumas técnicas, mas a
vontade de liderar nasce com ela.

A característica positiva da liderança apontada por LEISINGER (2001), é a ética


individual. O autor {p. 153) afirma que: "as qualidades de caráter e as idéias morais
presentes nas empresas não são diferentes das que são encontradas na sociedade. Não
obstante, pelo menos no pessoal de liderança se deveria prestar atenção às qualidade
profissionais e humanas."

Quando existe o objetivo de pôr em prática na empresa as máximas da ética


empresarial, o "profissionalismo" do líder é definido de uma maneira global - além do
conhecimento profissional dos assuntos econômicos, da capacidade de avaliar com
responsabilidade, e do convívio responsável com os recursos da empresa que lhe foram
confiados, são importantes algumas qualidades especificas de caráter e algumas
maneiras de agir especiais, abordadas pelo professor LANZARINI (2002, p. 17):

 Aprender sempre, revisar, reavaliar políticas e práticas morais e éticas;


 Permanecer firme na conduta mesmo nas mudanças da empresa;
 Ter um bom relacionamento interno e externo;
 Ser criativo e perceber a competitividade;
 Ser sensível e saber destacar os valores morais internos;

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 Motivar, incentivar, elogiar e premiar atitudes e metas atingidas;
 Saber distinguir falhas econômicas de falhas éticas.

O Líder do Futuro deve também (LANZARINI, 2002, p.19):

 ter visão abrangente, observar problemas e interpretar acontecimentos;


 ouvir o que as pessoas dizem quando defendem uma idéia;
 manter confidentes por perto;
 defender boas idéias e coragem para rejeitar as más;
 renovar-se espiritualmente;
 demonstrar empatia, respeitar as dificuldades dos subordinados em lidar com as
mudanças.

Para terminar. Líderes de negócios estão frequentemente sujeitos a grandes pressões


para vencer e, por isso, são constantemente tentados a quebrar as regras, muitas vezes,
induzindo seus liderados, silenciosamente, a fazerem o mesmo. Um dos grandes sinais
da liderança ética é a manutenção da _delidade a princípios morais tanto nos bons
quanto nos maus momentos e isso exige uma grande coragem moral, além de enorme
capacidade de enfrentar o risco das perdas imediatas que uma decisão ética pode
implicar.

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III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A omissão em seguir padrões éticos pode ser uma ladeira escorregadia, que corrompe
imperceptível e implacavelmente os valores e a moral do indivíduo e da empresa.

E Discutir a ética no século XXI dentro das empresas é discutir a sobrevivência das
mesmas. Neste momento em que o mundo perde fronteiras geográficas, mas acima de
tudo, econômicas, mais do nunca é preciso reavaliar nossos valores, reafirmá-los
moralmente e nos comprometer com nossas próprias escolhas e suas conseqüências.

E a Empresa despreocupada com os princípios éticos pode ser com parada a um grande
navio com o casco danificado. Está sempre prestes a afundar. Seus problemas são
sempre resolvidos com o pensamento voltado para o curto prazo. Agindo dessa forma,
sua sobrevivência está seriamente comprometida.

O comportamento ético, por parte das empresas, é exigido pela sociedade, sendo a única
forma de obtenção de lucro com respaldo na moral. Esta impõe que as empresas ajam
com ética em todos os seus relacionamentos, especialmente com os clientes,
fornecedores, concorrentes, governo, meio ambiente e sociedade em geral
(stakeholders).

Empresas que fazem o bem, que participam ativamente junto à comunidade, ou seja,
que cumprem também o seu papel social, inspirarão maior confiança e despertarão a
preferência do público consumidor. Não há como não acreditar que a maioria dos
consumidores preferirá marcas e produtos envolvidos com algum tipo de ação social,
desde que eles tenham preço e qualidade competitivos.

Ao estabelecer como regra praticar uma conduta ética, a empresa colocase também em
posição de exigir o mesmo de seus empregados e administradores. Assim, pode cobrar-
lhes maior lealdade e dedicação. O ato de trabalhar numa organização que age com
ética, constitui-se para o empregado em uma compensação abstrata, porém de valor
incalculável.

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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANCO DO BRASIL (1997). A sede por ética - Profissionalização: fascículo 13.


Brasília,.

BRASIL (1998). Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: Terceiro e quartociclos; Apresentação dos temas transversais. Brasília:
MEC/SEF,.

CENE - Centro de Estudos de Ética nos Negócios, fundado na FGV-EAESP (1992),


São Paulo, SP.

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