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Resumo

O sector da construção civil potencia o crescimento económico mas também de bem-estar


social e qualidade de vida. Relacionar questões éticas com este sector numa altura de crise
financeira revela-se de extrema importância. Este estudo avalia o conhecimento e a aplicação
de comportamentos éticos no sector da construção civil. Baseando-se na entrevista feita pelo
trabalho de pesquisa de Alberto Jorge Daniel Resende Costa Equiparado Professor
Adjunto Unidade de investigação(GOVCOPP). Os principais resultados permitem-nos
concluir que os empreiteiros da construção civil revelam preocupação por questões éticas e
consideram que um código de ética é importante para a sua empresa. Contudo, a maioria não
tem acesso a qualquer código de ética, nem nunca aplicou nenhum. Por outro lado a
existência de comportamentos antiéticos neste sector é explicada pela elevada carga fiscal e
contributiva e pela forte concorrência existente no sector, aliada à crise económica nacional e
internacional a que se assiste actualmente. É essencial para o técnico ampliar uma visão
sistemática do planeta, ou seja: saber que, como actuante de mudança social, ele é
componente essencial. Neste aspecto, é efectivo dilatar capacidades científica e tecnológica
com gestão moral. Ao assumir consciência da obrigação de harmonizar sua habilidade técnica
com a habilidade humana, esse profissional aumentará a habilidade conceitual, a qual está
directamente integrada à constituição e conexão de todas as actividades, caracteres e
interesses da organização à qual pertence ou presta serviço. Seja qual for à particularidade da
engenharia, o seu profissional deve estar entrelaçado e empenhado com o presente e com o
futuro da organização. É a partir dessa hipótese que está implantado o presente artigo, a qual
objectiva expor uma reflexão sobre a força da Responsabilidade Social na formação do
técnico de construção civil. Procura-se no presente artigo ponderar os princípios éticos que
norteiam a Responsabilidade Social como uma plausível ajuda na génese apropriada para os
novos profissionais de construção civil.

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Índice...………………………………………………….…………………………………..2
2 Introdução.........................................................................................................................3
3 Objectivos..........................................................................................................................4
3.1 Objectivo Geral..........................................................................................................4
3.1.1 Objectivo Especifico...........................................................................................4
4 Desenvolvimento...............................................................................................................4
4.1 Ética............................................................................................................................4
5 Ética profissional..............................................................................................................5
6 O código de ética do engenheiro civil.............................................................................6
6.1 Características da ética profissional........................................................................6
6.2 Honestidade................................................................................................................6
6.3 Altruísmo....................................................................................................................6
6.4 Respeito......................................................................................................................6
6.5 Valores........................................................................................................................7
6.5.1 Integridade..........................................................................................................7
6.5.2 Justiça..................................................................................................................7
6.5.3 Lealdade..............................................................................................................7
6.5.4 Virtude................................................................................................................7
6.5.5 Solidariedade......................................................................................................8
6.5.6 Comprometimento.............................................................................................8
6.5.7 Humildade...........................................................................................................8
7 Estabilidade Profissional.................................................................................................8
7.1 Equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.........................................................9
7.2 Desenvolvimento de Competências e Progressão...................................................9
8 As qualidades necessárias para exercício da profissão tendo em conta do
tratamento qualitativo em relação ao género, raça, religião, idade, origem, etnia e
deficiência..................................................................................................................................9
9 Assédio moral e sexual...................................................................................................10
10 Discriminações de gênero, assédio moral e sexual e sua experiência nas vozes dede
engenheiros e engenheiras e Técnicos(as) civis....................................................................10
11 Conclusão........................................................................................................................11
12 Bibliografia.....................................................................................................................13

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1 Introdução
Ética profissional é um dos critérios mais estimados no mercado de trabalho. Ter uma boa
conduta no espaço de trabalho pode ser o passaporte para uma carreira de sucesso. Não só na
construção civil, mas em todas as áreas profissionais esse tema deve ter maior destaque na
vida de qualquer profissional. A construção civil é umas das actividades económicas que
mais intervém, directa ou indirectamente, no diálogo da colectividade. A ética, neste
contexto, é a melhor ferramenta para gerar a assistência social e de valorização deste ofício.
Espera-se que o profissional de construção civil participe da construção social em prol de
uma melhor direcção à conduta humana. Diante de tantas notícias sobre a falta de ética na
profissão, os técnicos civis devem repensar sua função não só como profissional, mas
também como cidadão que é, e que está à busca de uma sociedade melhor para si. Este estudo
tem como objectivo analisar a ética na profissão de técnico de construção civil, estabelecer
correctamente as relações éticas, descrever os comportamentos exigidos e as diferentes
tarefas da função do trabalho e as definições de ética, os seus tipos e as suas características e
definição de estabilidade. Também ira se examinar em detalhes as qualidades necessárias
para exercício da profissão tendo em conta do tratamento qualitativo que se deve acatar em
relação ao género, raça, religião, idade, origem, etnia em deficiência.

2 Objectivos

2.1 Objectivo Geral


 Conceito de Ética e suas características

Examinar as qualidades necessárias para o exercício da profissão (técnico de construção


Civil) tendo em conta do tratamento qualitativo que se deve acatar em relação ao género,
raça, religião, idade, origem, etnia em deficiência.

2.1.1 Objectivo Especifico

 Analisar a ética na profissão de técnico de construção civil


 Analisar o Conceito de Estabilidade Profissional

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3 Desenvolvimento
3.1 Ética
A ética vem do vocábulo ethos, um termo de origem grega que denota ‘caráter moral’ et al., a
ética está integrada a um contíguo de valores morais que orientam a conduta humano em uma
sociedade, desta forma a ética é uma reflexão da moral, de maneira científica, baseada,
teórica e racional. À luz do que esclarece o conceito de ética, muitas vezes, ou na sua
maioria, a ética está consubstanciada à moral. Mas não é bem assim. A finalidade dos códigos
morais é reger a conduta dos membros de uma comunidade, de acordo com princípios de
conveniência geral, para garantir a integridade do grupo e o bem-estar dos indivíduos que o
constituem. Assim, o conceito de pessoa moral se aplica apenas ao sujeito enquanto parte de
uma colectividade. Entretanto, a ética é a disciplina crítico-normativa que estuda as normas
do comportamento humano, mediante as quais o homem tende a realizar na prática de atos
identificados com o bem.

O Engenheiro assim como o Técnico de construção civil trabalha não só com suas máquinas
e seus cálculos, mas também com outros seres humanos dos quais ele está sujeita. São esses
outros indivíduos, de idades, culturas, categorias sociais diferentes, que prezam valores,
seguem regras morais, que vivem sob posturas éticas muitas vezes distintas e contraditórias.
São chefes, gerentes, directores, clientes, fornecedores, estagiários, vendedores e as ilimitadas
equipes da qual esse profissional faz parte ou que se a ele se subordinam, e que diferem
muitas vezes tão fortemente umas das outras que, sem uma gerência apropriada, não obtêm
atender prazos, cumprir metas, prestar o serviço certo; em resumo, alcançara finalidade
ambicionada.

4 Ética profissional
De acordo com os estudos sobre ética, de Edouard Delruelle, “o termo ética permite delimitar
uma dimensão do comportamento que escapa à moral. É a dimensão subjetiva e ponderada
dos valores e das normas; a forma como cada um se conduz, como cada um se define
enquanto sujeito moral” (DELRUELLE, 2004). Nesse caso podemos utilizar os termos, ética
e moral para definir os comportamentos humanos e nada impede de se utilizar essas duas
palavras dando-lhes sentidos diferentes. “A ética, tal como a entendemos, é o estudo lógico
da linguagem da moral” (HARE, 1996).

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A ética no trabalho está directamente relacionada à honestidade, pois não há como ser ético
sem ser honesto. Entretanto, como se compreende no dia a dia de um profissional pode
aparecer muitas circunstâncias onde à sua probidade e integridade são testadas. Para não
sucumbir a nenhuma delas, é essencial contra-atacar, ou seja, distinguir e aperfeiçoar hábitos
positivos e que andem na direcção contraposta aos comportamentos imorais que muitas
pessoas têm sem reflectir nas implicações.

5 O código de ética do engenheiro civil


O código de ética profissional da engenharia, da arquitectura, da agronomia, da geologia, da
geografia e da meteorologia, coloca que seus princípios éticos devem envolver toda sua
conduta honesta, digna e cidadã considerando que a sua finalidade é exercer o bem social,
com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável, tendo como primazia a melhoria da
qualidade de vida do homem, por isso é de suma importância observar a eficácia e a
segurança nos seus procedimentos e o relacionamento profissional honesto, justo e com
espírito progressista dos profissionais para com os gestores, beneficiários e colaboradores de
seus serviços, com igualdade de tratamento entre os profissionais e com lealdade na
competição (CONFEA, 2002).

5.1 Características da ética profissional


A ética profissional abrange uma série de comportamentos e condutas que regem não apenas
as relações humanas no ambiente de trabalho, como também as rotinas operacionais.

Vejamos abaixo as características que integram a ética profissional:

5.2 Honestidade
A honestidade não deve ser considerada um diferencial, mas sim uma postura básica que
deve fazer parte da formação e do carácter de todo ser humano. Um profissional honesto
mantém a verdade independentemente da complexidade da situação. Portanto, essa
característica deve ser incentivada sempre que possível.

5.3 Altruísmo
A preocupação com os interesses alheios de forma positiva e espontânea, isto é, o altruísmo,
gera valores imensurável para a organização como um todo e faz parte de toda uma cultura
baseada em ética profissional.

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5.4 Respeito
Qualquer relação saudável entre dois ou mais indivíduos é totalmente fundamentada no
respeito. Basicamente, o respeito traduz um sentimento de apreço e preocupação com o bem-
estar do próximo. Dentro do contexto da ética profissional, essa característica assume duas
variantes: o respeito à legislação e o respeito ao próximo.

5.5 Valores
Os valores de um indivíduo podem ser definidos como acções e atitudes que uma pessoa
realiza em seu dia a dia. Sendo assim, a ética profissional preza por colaboradores que
tenham bons valores pessoais, como respeito, devoção, empatia e dedicação.
Esses actos tornam o profissional muito mais valioso para a organização, pois dizem muito
sobre as possibilidades de comportamentos que uma pessoa pode ter diante de diferentes
cenários, assim como as qualidades responsivas que ela pode demonstrar durante o
quotidiano no ambiente de trabalho.

5.5.1 Integridade

Um indivíduo íntegro é aquele que age em prol do que é certo, independentemente de


ocorrerem acções para que ele faça o contrário. Além disso, ele não se omitirá diante de uma
causa moral. Quando um colaborador mostra que tem integridade em um ambiente
organizacional, significa que ele tem potencial para ser uma pessoa de confiança, da mesma
maneira como pode ser alguém honesto. Afinal, honestidade e integridade são diferentes
lados de um mesmo conceito, sendo ambos indispensáveis para a empresa.

5.5.2 Justiça

A justiça é a pedra angular que deve sustentar as políticas internas, relações trabalhistas e
demais questões que integrem os padrões de comportamentos almejados dentro de uma
empresa. Colaboradores que se tratam com igualdade e aceitam a diversidade são
compromissados com a ética profissional.

5.5.3 Lealdade

Esse conceito abrange fidelidade e compromisso com uma determinada causa. No contexto


da ética profissional, a lealdade pode desencadear grandes efeitos positivos para a companhia.
Afinal, contar com uma equipe de profissionais leais não apenas reduz o índice de

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absenteísmo como também diminui o turnover, visto que os melhores talentos do mercado
são mantidos dentro da companhia por acreditarem em suas causas.

5.5.4 Virtude

Virtude é um termo que pode ser descrito como a essência da excelência do ser humano ou o
que o torna autêntico e pleno. Essa característica está ligada à conformidade com o ato de
fazer sempre o que é certo diante de qualquer situação, mantendo a moralidade.

5.5.5 Solidariedade

Por fim, indivíduos solidários contribuem para que o todo seja beneficiado por meio da
empatia. A solidariedade integra os princípios que orientam a convivência harmónica entre as
pessoas que, no contexto profissional, impacta directamente na realização do trabalho em
equipe. Dessa forma, valores como gentileza e compaixão se mostram indispensáveis para a
ética profissional, além de colaborar para o desenvolvimento da humildade.

5.5.6 Comprometimento

O comprometimento deve ser uma atitude constante. Primeiramente, é preciso comprometer-


se com o próprio desenvolvimento e se comportar de forma adequada, ou seja, ter atitudes
apropriadas para alcançar seus objectivos e metas. O único caminho para isso é entregar os
resultados esperados pela organização.

5.5.7 Humildade

No ambiente empresarial, são tomadas todas as medidas para que os erros sejam evitados. No
entanto, empresas são feitas de pessoas e, por isso, os erros podem acontecer, vez ou outra.

Caso aconteça com você, seja humilde para reconhecer o equívoco e corrigi-lo, com o
objectivo de amenizar os prejuízos.

6 Estabilidade Profissional
A estabilidade profissional parece ter uma definição muito simples, principalmente quando
culturalmente nos habituamos a um conceito em que a estabilidade profissional passa por
conseguir chegar a um patamar onde se tem por garantida uma carreira numa empresa sólida

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e com capacidade financeira. Seguir os processos e não infringir as regras será o suficiente
para garantir a continuidade, até ao dia em que se encontre disponível para “arrumar as
chuteiras” e passar a vez a outro. O conceito parece à partida bastante simples, no entanto,
este pode ser bem mais complexo do que possamos imaginar. “Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades”, esta velha máxima mantém-se sempre muito atual e no contexto
profissional as novas gerações só a vêm reforçar.

6.1 Equilíbrio entre a vida profissional e pessoal


Vivemos a quarta revolução industrial, as organizações procuram acelerar para não perder o
momento, tudo acontece a uma grande velocidade e muitas vezes tende-se a perder o controlo
sobre equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. O contexto Covid-19 veio agravar esta
dinâmica, que já era uma grande preocupação para as empresas e profissionais. A
possibilidade de conciliar a vida profissional e a pessoal e a percepção de que a entidade
empregadora possui genuinamente esta preocupação, torna-se um elemento essencial na
procura da estabilidade profissional.

6.2 Desenvolvimento de Competências e Progressão


A estabilidade profissional é também conseguida através das competências individuais. O
facto de um indivíduo ter o perfeito domínio sobre as competências que domina e daquelas
que necessita de desenvolver, bem como do valor que estas acrescentam às organizações,
acaba por contribuir para a estabilidade profissional. Cada vez mais é valorizada uma carreira
profissional construída por experiências em diversos ambientes.

7 As qualidades necessárias para exercício da profissão tendo em conta


do tratamento qualitativo em relação ao género, raça, religião, idade,
origem, etnia e deficiência.
A identidade profissional é construída em um processo de socialização que interliga formação
profissional, trabalho e carreira, dentro de empresas e instituições diversas, bem como
participação em sindicatos e outras associações de representação colectiva, e será esse
percurso que legitimará um indivíduo, atribuindo-lhe reconhecimento profissional para si
mesmo, para a comunidade de pares e para a sociedade. Longe de ser estática, a socialização
profissional perpassa o percurso de vida dos indivíduos, está em constante construção e
reformulação, submetida a interferências sociais, económicas e psicológicas mais amplas. O
processo de socialização profissional se encarregará de transmitir uma base cultural comum
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da profissão, composta, entre outras dimensões, de uma visão de mundo, de uma prática, de
um linguajar e de uma ética peculiares.

8 Assédio moral e sexual


A Organização Internacional do Trabalho - OIT - assume que o assédio moral existe, quando
uma pessoa se comporta com intenção de rebaixar o outro, mediante meios vingativos, cruéis,
maliciosos ou humilhantes. Esses actos podem estar dirigidos contra uma pessoa ou contra
um grupo de trabalhadores. Trata-se de uma prática em que as críticas ao outro são
repetitivas, visando desqualificá-lo e menosprezá-lo, isolando-o do contacto com o grupo e
difundindo falsas informações a respeito da pessoa.(HELOANI ; BARRETO , 2015, p. 147)

9 Discriminações de gênero, assédio moral e sexual e sua experiência nas


vozes de engenheiros e engenheiras e Técnicos(as) civis
De uma forma geral, a primeira reacção das engenheiras entrevistadas, quando questionadas
sobre práticas de discriminação de gênero no trabalho, foi afirmar que nunca sofreram esse
tipo de discriminação nem viram acontecer com alguma colega. No decorrer da entrevista,
aos poucos, elas vão se lembrando de episódios e situações vividas, verbalizam- nos e
refletem sobre eles, reforçando a tese da naturalização das situações de exploração no
trabalho e de assédio moral e sexual.

Milu, engenheira orçamentista de 36 anos, casada com dois filhos pequenos, optou por se
desligar de grande construtora em que trabalhava “para trabalhar de outra forma, prestar
serviços de consultoria e porque queria ser mãe. Saindo de casa às 6 horas e voltando às 20h,
quando voltava cedo, ou às 22h, não dava” (Milu, 10/04/2015). Entre suas lembranças da
atividade na área, essa engenheira trouxe situações em que foi alvo, no mínimo, de
estranhamento, mas também de desconfiança e de tratamentos ofensivos pelo fato de ser
mulher. Milu afirma que, se nunca teve maiores problemas com os trabalhadores da
construção, o mesmo não pode dizer de colegas e superiores engenheiros enquanto, anos
depois, trabalhava como engenheira orçamentista em canteiros de construtoras.

Enfim, essa entrevistada referenda a receita para as engenheiras serem bem-sucedidas na


profissão: agir destemidamente como o modelo masculino dominante socialmente, de forma
proativa e protagonista, demonstrando ser capaz técnica e administrativamente, ter
personalidade forte e se impor com respeito e, sobretudo, estar sempre disponível para o
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trabalho, mesmo com filhos, grávida ou indisposta e sendo, como mulher, a responsável final
pela organização da vida familiar e conjugal. Qualquer resvalo a esse estereótipo
racionalizado contará contra a engenheira, que tenderá, então, a ser preterida nas empresas e
escritórios em favor de um engenheiro. O verso desse espelho está no fato de Saura avaliar
que ter um comportamento feminino acolhedor, ser boa ouvinte e boa conselheira técnica e
pessoal jogou positivamente no seu sucesso como engenheira e empresária. Ela descreveu o
paradoxo a que estão submetidas mulheres em profissões predominantemente masculinas,
sempre andando no fio da espada para conjugar sua identidade de mulher com o desempenho
profissional esperado de homens. Aparentemente esse malabarismo feminino tem sido
possível para muitas engenheiras que construíram suas carreiras na construção civil, embora
traga sofrimento pessoal, em maior ou menor grau. Sofrimento que normalmente é
sublimado, banalizado, muitas vezes nem percebido, admitido ou então é diminuído, nunca
demonstrado, porque é visto como parte integrante da profissão escolhida, principalmente
para a engenheira que teve a chance de ascender nas organizações.

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10 Conclusão
A pesquisa realizada trouxe indícios consistentes sobre a ética que consiste no estudo e
reflexão dos valores e princípios morais que regem a conduta do ser humano em sociedade.
Percebeu-se que o objectivo da ética, de acordo com a pesquisa, é o alcance da finalidade da
vida humana. a ética tem que ter uma consequência, uma utilidade constatamos que a ética é
objectiva e universal, devendo ser sempre uma atitude reflectida também vimos sobre a
imbricação entre o trabalho - sua organização, seu ritmo, as condições de exercício, as
relações de trabalho - e certas práticas de assédio moral e sexual na construção da identidade
profissional do engenheiro e da engenheira de obras no segmento edificações habitacionais da
construção civil. Nesse segmento, é considerado/a um/a engenheiro/a “de verdade” aquele/a
que tem domínio completo da profissão, o que inclui conhecer projetos e obras, resolver todo
tipo de problema, técnico ou gerencial, e assumir a responsabilidade total da obra. Ele/a está
submetido a forte pressão no exercício de suas atividades, para cumprimento de prazos e
custos, dentro dos parâmetros de qualidade e segurança especificados. Os/As engenheiros/as
de obra se acostumaram às jornadas prolongadas, ao ritmo intenso, às condições
desconfortáveis e muitas vezes insalubres das obras e a se colocarem à mercê do ritmo e das
necessidades da obra, de dia e de noite, em finais de semana e feriados. Eles/as se
acostumaram com o linguajar rude, não raro desrespeitoso, dos colegas e principalmente dos
chefes, porque consideram que essas situações fazem parte da trajetória profissional de um/a
engenheiro/a de obras, sem as quais sua formação prática não estaria completa, nem estaria
legitimada a sua identidade profissional. Em outros termos, a identidade profissional do
engenheiro de obras também se forja incorporando práticas de assédio moral e sexual,
banalizadas em padrões de conduta e comportamento, embora, de forma geral, eles/as não
reconheçam essas práticas como tal. As vivências das entrevistadas revelaram inúmeros
episódios de discriminações de gênero, de assédio moral e sexual, mas a maioria delas não os
considera como tal. Ao contrário, entendem que, para se inserirem na profissão com
legitimidade, cabe-lhes ver a discriminação e as práticas de assédio como. Nesse sentido, não
espanta o fato de haver tão poucas mulheres trabalhando como engenheiras em construtoras,
menos ainda em obras e raríssimas como engenheiras residentes ou coordenadoras de obras.
A feminização, particularmente nestes últimos postos de trabalho, enfrenta a cultura
profissional masculina forjada na construção de habitações, como pudemos constatar.

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11 Bibliografia
Alutu, O. E., Udhawuve, M. L. (2009). Unethical Practices in Nigerian Engineering
Industries: Complications for Project Management. Journal of Management in Engineering
(January).

 CASCAES, Tania R. F.; SPANGER, Maria Aparecida F. C.; CARVALHO, Marília G. de;
SILVA, Nanci S. A invisibilidade das mulheres em carreiras tecnológicas: os desafios da
engenharia civil no mundo do trabalho. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE
CIÊNCIA, GÊNERO E TECNOLOGIA, 8., abril 2010, Curitiba. Anais... Curitiba, 2010.
 DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São
Paulo: Martins Fontes, 2005.
 DUBAR, Claude. A construção de si pela atividade de trabalho: a socialização profissional.
São Paulo, Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 42, n. 146, p. 351-367, 2012.

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