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Fundamentos Epistemológicos e Metodológicos da Ciência Econômica — Uma Análise

e Crítica

Introdução:

Na evoluição do pensamento econômico ,que a partir da definição da economia como


ciência social nos medados doseculo xviii até a atualidade , temos várias análises sobre
como efetuar os estudos e análises sobre a ciência econômica, se por métodos indutivos ,
ou por positivistas-empíricos, se existe um rigor científico como nas ciências naturais
(Química, Fóisica) ou se devemos analisar os fenômenos com proposições justificadas
por análises lógicas com rigor , estabelecendo assim um axioma universal , a priori.

O Problema técnico do Empirismo:

O uso de mecanismos empíricos, tais como aplicações macroeconômicas, econométricas


e etc, não são erradas e podem ser úteis, afinal,
O problema das Escolas Econômicas Positivistas é que suas aplicações empíricas são
tentativas de formular, na ciência econômica, proposições axiomáticas como o
fundamento último da economia, ou seja, como se tão somente o procedimento empírico-
positivista, tanto nas ciências econômicas como nas ciências sociais no geral, fosse o
único capaz de elucidar as verdades nos estudos. Esta postura em relação a economia é
totalmente equivocada, visto que nada é constante nas ciências sociais. A grande
diferença das ciências naturais das ciências sociais, pode ser deduzidas apenas pelo fato
de separarmos estas duas ciências, visto que possuem diferenças essenciais e categóricas.
As ciências naturais (física, química, biologia) são estudos objetivos sobre o mundo
concreto, estudos pautados na natureza inerente do mundo e dos aspectos dados nele. As
ciências sociais, por outro lado, se diferem por serem ciências que estudam a sociedade
ou, mais propriamente, as interações humanas e suas consequências socioculturais.

Se estamos falando sobre uma ciência das interações


humanas, onde a economia está inclusa nesta categoria, logo, não podemos esperar
constâncias, uniformidades ou predições no que tange tais interações. É neste fato básico
que a economia austríaca, mais precisamente a praxeologia, se posiciona, classificando a
economia como uma ciência social da ação humana, i.e, uma ciência que estuda como
funciona as atividades e interações humanas, na busca de alocar recursos e elevar o
padrão de vida, a partir do ponto de vista do indivíduo como agente homo economicus,
como ser que aplica uma ação propositada por ser induzido pelo vislumbre de um fim
desejado e, para tal, é levado a selecionar meios devidos que só ele sabe. É neste axioma
da ação humana que se sustenta todo o arcabouço teórico da Escola Austríaca na
tentativa de estabelecer princípios lógicos que não podem ser falseáveis pelo escrutínio
experimental, princípios tais que servem como fundamentos universais para se
compreender a economia como ciência da ação humana que, neste ínterim, não pode ser,
acima de tudo, quantificável e muito menos previsível, diferente do que pregam as
Escolas Positivistas.

Estas escolas, por trabalharem em economia pelo ponto de vista positivista, logo,
trabalham a partir da formulação de proposições econômicas hipotéticas que devem ser
continuamente testadas para confirma-las ou invalida-las, ou apenas não invalida-las de
alguma forma. Contudo, não é assim que as coisas funcionam nas ciências sociais,
principalmente na ciência econômica como arranjo lógico da ação humana. A ação
humana, se voltada para o sentido econômico e pragmático, consiste no homem que
valora meios para satisfazer os fins que julgar necessários para elevar seu padrão de vida,
i.e, para sair de um estado de desconforto atual para um estado melhor. No que concerne
a sociedade, neste sentido, vários indivíduos, que escolhem entre meios escassos para
satisfazer seus respectivos fins. A economia, portanto, é um estudo que, em última
instância, trata sobre questões interpessoais, intersubjetivas e dinâmicas. Fica mais do
que claro que este processo gera uma infinidade de variáveis não previsíveis que, por sua
vez, são conjunturas de três princípios inerentes do processo econômico; a Ação, o
Tempo e o Conhecimento.

A ação dos agentes promove no mundo econômico uma gama fundamentos


tácitos inter-relacionados entre si, porque as ações se dão num tempo impreciso, tanto
antes de serem efetuadas, como e depois. Neste depois, se criam (ou não) uma
infinidades de informações que não existiam antes da ação efetuada, estas informações
são compartilhadas tacitamente e de forma dispersa, cujas relações, quando percebidas,
só podem praticadas pela iniciativa econômica do próprio agente ou agentes (repare, eu
disse quando percebidas, pois há tantas variáveis que podem fazê-las passarem
despercebidas ou criar outras informações diferentes). Em suma, a ação humana, que por
si só é variável de forma generalizada por assim dizer, causa, per se, outras variáveis
dentro de um tempo, gerando informações que fundamentam o conhecimento
econômico que a esta altura, não são de caráter articulável e completamente variável. O
cerne do problema é o seguinte: como um determinado cientista pode traçar qualquer
predição, se não consegue perceber, articular ou testar toda esta complexidade do
fenômeno socioeconômico? Tendo em vista tudo que fora explanado até agora, podemos
deduzir que os resultados coletados de um possível teste empírico, não podem ter sido
precisos, visto que, como disse anteriormente em outros parágrafos e como deve estar
claro agora, nada é constante se tratando da interação humana, menos ainda
economicamente.
Afinal, existem limitações no próprio método empírico. Se porventura eu proponho uma
hipótese, eu preciso testá-la e tentar confirma-la, ou apenas não falsea-la. Mas mesmo se
a hipótese for confirmada, isto não é grande coisa, nem representada uma verdade em si.
A confirmação de uma hipótese apenas mostra que ela não foi falseada ainda, da mesma
forma que se uma hipótese for falseada, isso não mostra que ela não é verdadeira, só não
foi confirmada ainda. Obviamente o cientista vai fazer outros testes para solidificar seus
resultados mais convincentemente, ou seja, confirmar ou não com mais precisão o
resultado adquirido. Mas ele terá mais problemas ainda, quando os testes derem outros
resultados diferentes dos de antes, gerando apenas um conjunto de dados confusos, cujas
relações poderiam estar em algum dado que ele não colocou no início. Mas na ação
humana, não é algum dado, são vários, são uma infinidades de variáveis que ele
simplesmente é incapaz de aplicar em um teste ao mesmo tempo, a menos se onisciente
fosse.

Logo, é impossível tomar testes empíricos como verdades absolutas tendo em vista que
há limitações para tais testes, pois muito embora tais limitações possam ser contornadas
nas ciências naturais visto que objetividade tornam as observações bastantes próximas a
medida que se fazem mais observações, a ciência econômica não é nada concreta e
objetiva, a atuação econômica hoje, em termos de mudanças, não é a mesma de ontem,
nem será a mesma amanhã, menos que todos os agentes atuassem a ceteris paribus, pelas
mesmas tendências, os mesmos pensamentos e as mesmas ações, sendo evidente que
não, não é assim. Afinal, se classifica ciência naturais X ciências sociais por um motivo,
do contrário, não haveria lógica fazer tal distinção.

Problemas Epistemológicos do Empirismo:

No tópico anterior, analisamos os problemas técnicos do empirismo para que no tópico


após este possamos introduzir ao método mais correto de se tecer análises econômicas, o
método lógico e a priori, a praxeologia. Mas antes, vamos evidenciar os erros
epistemológicos do empirismo (no que concerne a epistemologia no sentido econômico).
Positivismo é essencialmente relativista, onde tudo na ciência é hipotético e deve ser
testado. É neste tipo de relativismo científico que o empirismo peca
epistemologicamente e vamos entender o porquê. Se os princípios econômicos são
meramente hipotéticos, logo, as hipóteses podem ser verdadeiras ou falsas. Por exemplo,
se eu digo que há uma tendência a haver um boom econômico nas fábricas de repelente
no verão, é algo totalmente hipotético. Eu posso simplesmente mudar o sentido da
proposição e dizer que não, não há uma tendência a haver um boom nos setores que
fabricam e vendem repelentes durante o verão. Mas quando aplicado esta postura
hipotética na ciência econômica, fora do campo microeconômico, percebemos algo que a
maioria dos empiristas simplesmente evitam falar sobre.
Vamos colocar aqui proposições simples, como a Utilidade Marginal (que a medida que
uma mercadoria aumenta ou diminui suas unidades, respectivamente, seu valor no
mercado diminui ou aumenta, diminuindo ou aumentando os preços), a Preferência
Temporal (de que o homem tem uma tendência a preferir bens presentes a bens futuros),
ou o Efeito Ricardo (de que um aumento na produtividade causa um aumento real dos
salários, visto que o aumento de bens promove decréscimo de preços), ou a Expansão do
Crédito Natural ou Artificial (de que uma expansão natural ou artificial do crédito
promovido por uma poupança real ou por crédito adicional por impressão de dinheiro
como forma de poupança, gera, respectivamente, uma baixa na taxa de juros real ou
nominal). Agora pergunte-se, leitor, estas proposições são hipotéticas ao passo em que eu
possa apenas inverter seus sentidos precisando testar suas validades? Evidentemente — 
exceto para a maioria dos economistas — não. Estes princípios são leis econômicas,
verdades universais, axiomas a priori que não podem ser negadas. Estas leis são válidas
hoje e serão válidas amanhã, são aplicáveis no Planeta Terra e aplicáveis no futuro se
houver economia em Marte. No entanto, se levado as últimas consequências desta
postura relativista do positivismo teórico e empirismo econômico, logo, então estas
proposições são tão hipotéticas como meras proposições microeconimicas (a medida que
uma mercadoria aumenta ou diminui suas unidades, não há, respectivamente, um
diminuição ou aumento do valor destas no mercado, da mesma forma que nos preços; o
homem não prefere bens presentes a bens futuros; o aumento da produtividade não
promove um aumento real do salário etc). Logo, ou a economia é uma ciência cuja
atuação de estudos é a partir da formulação de princípios lógicos não falseáveis, ou todas
as proposições das quais todos os economistas (acredito) concordam, não são verdadeiras
nem falsas per se.

Se o empirista for honesto o suficiente e dizer que, não, estas proposições não são
meramente hipóteses passíveis de testes, então ele admite que existem princípios
fundamentalmente lógicos e a priori que não carecem de experiência alguma. Outro
problema do qual tentam se esquivar é: como a proposição de que “o único e correto
método apropriado para estudar economia, é o método empírico”, pode ser verdadeira?
Se absolutamente tudo na economia é hipotético, então eu posso formular o sentido
oposto dessa proposição e exigir um teste. Mas aí que está o problema: o próprio método
empírico não pode ser testado para ser confirmado. Se não o pode, então de duas, uma:
ou o método empírico é tratado pelos próprios empiristas como a única verdade lógica
existente, admitindo, arrogantemente, que o empirismo é a única verdade a priori
defensável, ou o método empírico é completamente impróprio para se portar nos estudos
de economia, no que tange a criação de axiomas e verdades econômicas. Ou seja, se o
empirismo é baseado numa verdade a priori, a medida que afirmam que as proposições
apriorísticas não estão relacionadas à nada na realidade, então o empirismo também
não está. Mas, se a proposição de que o empirismo é o único método apropriado para
trabalhos econômicos é uma proposição empírica, podemos, portanto, dizer que esta
proposição é hipotética, causando dúvidas a credibilidade de tal método, não obstante do
fato da proposição não poder ser comprovada a posteriori. O empirismo acaba caindo
numa completa Petitio Principii.

A Praxeologia e a Ciência Econômica:

A Praxeologia, portanto, é o método mais correto para análises econômicas, visto que
suas aplicações exigem que sejam logicamente fatídicas sobre a realidade. Ao basear-se
no axioma de ação para formular uma proposição, esta proposição tenderá a se qualificar
como verdade a medida que tudo o que for contraditório será apenas descartado, como
uma espécie de filtro  lógico. É uma mera questão de obedecer a lei da não contradição
de Aristóteles como método para estudar a economia e seus axiomas.

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