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Cultura e Ideologia
Atividade
Indústria Cultural
Várias críticas foram feitas à ideia de que a indústria cultural estaria destruindo
nossa capacidade de discernimento. Uma delas foi formulada por Walter Benjamin
(1886-1940), um companheiro de trabalho de Theodor Adorno. Benjamin achava que
não era preciso ser tão radical na análise e que a indústria cultural poderia ajudar a
desenvolver o conhecimento, pois levaria a arte e a cultura a um número maior de
pessoas. Ele declarava que, anteriormente, as obras de arte estavam a serviço de um
grupo pequeno de pessoas, de uma classe privilegiada. Com as novas técnicas de
reprodução — como a fotografia e o cinema —, essas obras poderiam ser difundidas
entre outras classes sociais, contribuindo para a emancipação da arte de seu papel
ritualístico. A imagem em uma pintura, que tinha unidade e duração, foi substituída
pela fotografia, que pode ser reproduzida indefinidamente. Mas Benjamin não era
ingênuo ao afirmar isso: analisava a questão com mais abertura, sem perder a
consciência de que o capitalismo utilizava as novas técnicas a seu favor.
Que a ideologia dominante está presente em todos os produtos da indústria
cultural é evidente, mas não se pode dizer que exista uma manipulação cultural
integral e avassaladora, pois isso significa declarar que os indivíduos não pensam e
apenas absorvem e reproduzem automaticamente o que recebem. É verdade que
muitos indivíduos tendem a reproduzir o que veem na televisão ou leem nas revistas
semanais de informação, mas a maioria seleciona o que recebe, filtra e reelabora a
informação; além disso, nem todos recebem as mesmas informações.
As relações sociais cotidianas são muito diversas e envolvem laços de parentesco,
de vizinhança, de amizade. Formam uma rede de informação mesclando várias fontes.
Pesquisando a ação da indústria cultural, percebe-se que os indivíduos não aceitam
pacificamente tudo o que lhes é imposto. Exemplo disso é a dificuldade que essa
indústria tem de convencer as pessoas, evidenciada pela necessidade de inventar e
reinventar constantemente campanhas publicitárias.
Fora dessas empresas, há intelectuais que, individualmente ou em organizações,
criticam o que se faz na televisão, no cinema e em todas as áreas culturais. Outros
procuram criar canais alternativos de informação sobre o que acontece no mundo,
desenvolver produções culturais não massificadas ou manter canais de informação e
crítica constantes em sites e blogs na internet. Não se pode esquecer também dos
movimentos culturais de milhares de pequenos grupos no mundo que desenvolvem
produções culturais específicas de seus povos e grupos de origem.