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A palavra tem poder.

O controle e a

Gabriela de Lima Grecco


censura sobre a palavra impressa é
algo recorrente ao longo da história
A análise realizada nesta obra sobre censura e promoção
literária durante o Estado Novo não se concentra somente
Gabriela de Lima Grecco em nosso país, desde os tempos
nos aparatos estatais, mas também no papel desempenhado da Coroa Portuguesa, e foi uma
pelos intelectuais na vida social. Um dos propósitos deste das características mais marcantes
trabalho é compreender o papel do governo brasileiro em da política de Estado durante a
relação à produção cultural e, paralelamente, destacar a
contribuição ou resistência dos intelectuais a esse complexo Palavras que resistem ditadura Vargas, entre 1937 e 1945,
especialmente por meio da atuação
sistema de dominação. O intelectual, como Antônio Cândido
do Departamento de Imprensa e
gabriela de lima grecco é pro- destacou, “parece servir sem servir, fugir mas ficando,
obedecer negando, ser fiel traindo”. Focando neste panorama Propaganda (DIP). Em Palavras que
fessora e pesquisadora pós-doutoral do
Departamento de História Contempo- extremamente complexo, pretende-se responder algumas das resitem, Gabriela de Lima Grecco
rânea da Universidade Autônoma de seguintes perguntas: Quais foram os mecanismos de censura Censura e promoção literária na ditadura investiga a censura e o controle da
Madrid desde 2018. É Pesquisadora literária desenvolvidos pelo Estado Novo? Que papel a literatura informação durante esse período,
de Getúlio Vargas (1937-1945)

Palavras que resistem


Principal, juntamente com o prof. Misael desempenhou neste período? Como os intelectuais se organizaram ao mesmo tempo em que analisa o
Arturo López Zapico, do projeto de pes- para resistir, contribuir ou se adaptar a esse contexto? Qual o
quisa “Las relaciones de las dictaduras outro lado da moeda: a promoção
papel dos órgãos de censura e promoção literária? Quem foram
europeas y latinoamericanas en clave de determinados textos, que, neste
transnacional: entendimientos, rivalida- os articuladores das políticas de restrição e promoção no campo
do livro? Como a população resistiu ao projeto literário oficial do contexto repressivo, deveriam estar
des y conexiones con estados democrá-
ticos (1930-1980)”. Doutora em História Estado Novo? Dessa maneira, busca-se entender como, em que em sintonia com a ideologia do
Contemporânea pela Universidad Autó- direção, contra quem e com que intensidade o Estado exerceu regime varguista.
noma de Madrid com menção inter- seu poder no campo das políticas oficiais do livro; e, por outro Em tempos de fake news e de uma
nacional pela University of California lado, examina-se a relação literário-simbólica entre Estado,
Los Angeles (ucla). Sua tese ganhou verdadeira guerra de narrativas em
intelectuais e sociedade civil.
Prêmio Extraordinário de Doutorado. nossa sociedade atual, é importante
Foi pesquisadora visitante da Freie Uni- conhecer essa realidade não muito
versität Berlin (Instituto de Estudos
Latino-Americanos), da Université Sor- distante, o modo de atuação dos
bonne Nouvelle Paris III, da Fundação governos autoritários –com seus
Getúlio Vargas e da Universidade de São mecanismos de controle e suas

coleção BRASIL REPUBLICANO


Paulo (usp), entre outras universidades.
políticas culturais de restrição à
Foi professora convidada na Universi-
dade de São Paulo (usp) e na Pontifícia liberdade de expressão – e também
Universidade Católica do Rio Grande do o papel dos livros e dos escritores na
Sul (puc-rs). É autora de Literary Cen-
resistência a esses regimes. Afinal, é
sorship in Francisco Franco’s Spain and
Getulio Vargas’ Brazil. Burning Books, também pelo poder da palavra que a
Rewarding Writers (Sussex Academic liberdade se manifesta para todos os
Press, 2020).
indivíduos e sociedades.

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