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Teoria Democrática Atual: Esboço de Mapeamento

:reoria

Luis Felipe Miguel


M iguel

Háá mais de cinqüenta anos, no


H no. m
mundo
undo prossegue ele, a indefinição quanto às teorias
ocidental, a democracia tornou-se o hcriwme
horizonte da democracia, que discutem
discutem "quanto
“quanto de de- de­
noi;-mativo
normativo da da.prática políricos. 1·
prática e do discurso políticos.1 mocracia é desejável ou praticável, e como
Tamanho
Tam anho consenso esconde um umaa profunda
profunda ela pode ser realizada num numaa formá ins~ituci-
forma instituci­
divergência quanto ao sentido da democra- dem ocra­ onal sustentável" (Bee.th:im; 1993, p.
sustentável” (Beetham, p. 55). N oo
corno é comum
cia: como com um em relação a palavras
palavr.as que entanto, sem um umaa teoria que o sustente, um
tornam objeto de disputa política, os dife-
se tornam dife­ conceito não passa de um umaa casca
ca.sca vazia.
vaúa. O fato
em penhados erri
rentes grupos empenhados em ostentar o ró­ ró- é que toda a idéia de democracia é, hoje, h0je, con-
con­
promovem
tulo prom ovem sua ressemantização,
ressemancização, ade­ ade- troversa; e essa 'ssituação
ituação não deve ser_ ser vista
quando seu significado aos interesses que como passageira ou contingente.
con'tingente. É um efei­ efei- .
defendem. to de seu valor
valor· nas disputas políticas contem-
contem ­
Isso levou, de um lado, à produção de porâneas.
níridas.contrafações, rejeitadas de forma in­
nítidas in- Apenas como
com o contraponto,
co n trap o n to , não c~sta
custa
tuitiva, corno
com o as "democracias
“democracias populares"
populares” do lembrar que o berço da palavra "democra- “dem ocra­
Leste europeu 0u ou a "democracia relativa", for-·
“democracia relativa”, for­ cia"
cia” e·do
e do ideário que a ela associamos, a Gré- G ré­
ma que o general Geisel encontrou para de­ de- cia antiga, percebia com m muito
uito clareza o que ·
signar o Brasil sob m mando
ando militar. Mas o sen-sen­ ela significava. Era o "governo
“governo do povo",
povo”, cla-
cla­
com um , ~o discurso da m
so comum, ídia ée mesmo as
mídia ro - mas esta forma, mais ou menos retórica
ciênciás sociais encontram
ciências encontram pouca dificulda­
di_ficulda- e nunca realizada de forma plena na prática,
de para aceitar a denominação
denom inação de "democra-
“dem ocra­ revestia um conjunto
conjunto m muito
uito bem definido de
cia" aplicada aos regimes concorrenciais do
cia” instituições. A democracia grega incluía a as­ as-
Ocidente,
O cidente, onde, no entanto,
entanto, as decisões po- po­ sembléia popular, o soneio preenchi-
sorteio para oó preenchi­
líticas são efetivament~
efetivam ente tomtomadas ·por umaa
adas por um mento
m ento dos cargos públicos e o pagam pagamento
ento
pequena min~)[ia
m inoria e ao povo resta pouco mais pelo exercício de suas funções, a isonom isonomia,ia, a
do que se submeter
subm eter a elas. isegoria, o rodízio nas posições de governo e
_ Em suma, não apenas o significado da a crença na igual capacidade de todos os ci­ ci-
democracia
dem ocracia ·éé polêmico, como tam também con-
bém con­ polis. O pensamento
dadãos para a gestão da polis. pensam ento
vivemos com um umaa contradição patente entre político antigo se punha a favor ou (mais fre- fre­
seu sentido abstrato ou norm normativo
ativo mais cor-cor­ qüentemente)
qüentem ente) contra a dem democracia.
ocracia. N uum m
rente (o "governo
“governo do povo”)
povo") e as manifesta­
manifesta- caso ou no Ç>Utr:o,
çutro, havia consenso sobre qual quá.I
ções empíricas geralmente aceitas (os regimes era o objeto da discussão.
eleitorais). David Beetham afirma que o con­ con- A referência à Grécia não é ociosa. Dela
ceito de dem
democracia
ocracia é incontestável: é um umaa herdamos não apenas a palavra, mas tam também
bém
forma de tom tomadaada de decisões públicas que rodo um imaginário ligado à democracia. Se
todo
concede .ao ao povo o controle social. Resta, o regime concorrencial contemporâneo,
contem porâneo, que

BIB, São Paulo, n°


nº 59, Io dee 2005, pp. 5-42.
l O semestre d_ 5
um especialista em e m .h istó ria antiga corrto
.história com o insuficiências das "democraciàs
“dem ocracias realmente
realm ente ·
Pierre Vidal-Naq.uet
Pierr~ V idal-N aquet (2002 [2000], p. 14) existentes” e propõem formas de aprofunda-
existemes" aprofunda­
prefere classificar como com o "_“oligarquia liberal”,
o ligarquia liberal", m ento da presença dos cidadãos comuns
mento com uns na
se esforça tanto em manter m anter o rótulo de de- de­ arena política. Fortemente
Fortem ente ideologizada, a
porque deseja se manter
mocrático, é po.rque m anter simbo-
sim bo­ taxonomia propostá
proposta pelo cientista político ita-ita­
licamente próximo d;iquela
~icamente daquela experiência. N ão liano relega as teorias críticas à condição de· de
podem os ter o "governo
podemos “governo do povo"povo” como tal, devaneios utópicos - ou "perfeccionistas",
“perfeccionistas”,
pois nossas sociedades são, são muito
m uito extensas, ele
como ele prefere - que seriam, na melhor m elhor das·
das
m uito populosas e.muito
muito e m uito complexas — so­
- e, so- irrelevantes para a-prática.
hipóteses, -irrel"evantes a prática polícica
política
b re tu d o (embora
bretudo (em b o ra essa·
essa componenre
c o m p o n e n te não • · e, na pior, perigosos, lev:ando
levando à destruição da
apareça com tanta freqüência no discurso es- es­ democracia que, bem ou rrial, mal, podemos
podem os ter.
tilizado que aqui reproduzo), porque a i·ncor- incor­ Isolar uma
um a teoria "empírica"
“em pírica” de outra
. poração de mais e mais grupos à cidadania “prescritiva”, no entanto, significa ignorar que
"prescritiva",
m ultiplicou o nível potencial de conflito. Mas
multiplicou a palavra "democraciá'
“democracia” ganhou valor nas dis- dis­
gostamos de im aginar que alcançamos -uma
imaginar um a putas políticas. Afinal, por que mo~ivomotivo o ar- ar­
adaptação; que a representação
espécie de a°daptaçâo; ranjo institucional em vigor nos países capi- capi­
política permite
p.er~ité.aa realização, no m undo atual,
mundo talistas desenvolvidos - e não algum outro -
de algo similar ao que existiu na Atenas do merece ganhar oo rótulo de democrático? Este
século IV antes era. 2
ar:ites de nossa era.2 arranjo realíza,
realiza, ao menos de forma razoável,
Entre as muitas tentativas de classifica-classifica­ as promessas que a democracia historicamen-
historicam en­
ção dos diversos modelos ou teorias, teorias. da de­
de- te carrega? Em suma, nenhum nenhumaa teoria possui
mocracia,
mocracia; a mais corrente ·na na linguagem co- co­ fundo norm ativo neutro; os critérios que de-
normativo de­
m um
um aponta exatamente a diferença que nos finem o que umaa dem
que é um democracia
ocracia não são de-
separa da Grécia~
Grécia: é a divisão entreentre “dem ocra­
"democra- dutíveis da observação empírica; passam pa;sam por
cia diretà'
direta” e "demoéracia
“democracia representativa”.
representativa". Ela um
umaa definição (implícita) de dé com
como o deve ser
tam bém encontra espaç·
'també-!11 espaço,
o, ainda que em erri ver­
ver- um
uma a democracia.
democracia ..Ao negar seu com ponente
componente
sões modificadas, em certos exemplares do normativo,
norm como
ativo, autores com o Sartori contraban­
contraban-
discurso acadêmico, como os escritos do so­ ,
doso- deiam um umaa perspectiva conservadora, que rei-
ciólogo português
·ciól~-go p~rtuguês Boaventura de Sousa San­
San- fica aquilo que é e nega validade à crítica e às
tos.3
tos.3 Mas a dicotom
dicotomia ia é pouco
pouco frutífera, um umà à alternativas.
vez que
que.aa representação política é inelutável Mais promissora éé a proposta
proposta de C. B.
nas sociedades
sociedades contem porâneas. A idéia de
conrçmporârreas. M acpherson (1977). Seu foco é o que chama
Macpherson chama
democracia direta serve, quandoquando muito, como como "democracia liberal”,
de “democracia liberal", em
em oposição
oposição à “de­"de-
um
um contraponto,
contrapomo: mas não pode pode guiar proje­
proje- mocracia utópica”
utópica" anterior ao século XIX, isto isto.
tos de transformação
rransfor~ação dos sistemassistemas políticos
polfticos é, um
uma a teoria que pressupõe a existência
existênci"a de
atuais. i..lma
um a sociedade dividida em em classes.
classes .. Q
Quatro
uatro
O u tra classificação
Outra classificação é a apresentada por por modelos sucessivos são apontados: a dem demo- o­
Giovanni Sartori
·Giovanni Sartori (1994
(1994 [1987]), distinguin­
distinguin- protecora, de Bentham
cracia protetora, Bencham e James
James·Mill,
Mill,
do
do a “dem ocracia em
"democracia pírica” .(descritiva) da
empírica" da centr;lda na idéia de
centrada de que
que o direito
direito de votovoto
“dem
"dem·ocracia
ocracia racional”
racional_" (prescritiva).
(presc_ritiva). Naa pri­pri- servia
seráa (apenas) de garantia contra contra a tirania
tirania
meira
meira categoria
categoria estão
estão as -construções
construções teóricas
teóricas governantes; a dem
dos governantes; derr:iocracia
ocracia -desenvolvi-
desenvolvi-
que buscam
buscam sistematizar
sistematizar os traços constituti­
constituti:- mencista, de John
mentista, John Stuart
Stuart Mill, voltada à qua­ qua~
vos dos
·vos dos regimes eleitorais
eleitorais dede tipo
tipo ocidental.
ocidental. lificação
lificação dos
dos cidadãos
cidadãos por sua imersão
imersão na na es­
es-
N
~a a segunda,
segunda, todostodos os modelos
_m odelos que que apontam
apóntam pública; a .democracia
fera pública; equilíbrio, de
democracia de equilíbrio, de

66
Schum peter, que se reduz à competição
Schumpeter, com petição elei-
elei­ deliberativa”, inspirada sobretudo pela
· cracia deliberativa",
toral; e a democracia
to~al; dem ocracia participativa, propug­
prop_ug- teoria de Jürgen Ha~etmas,
H aberm as, que nega o cará- cará­
nada pelo
p~lo próprio Macpherson
M acpherson.. ter privado da formação das· das preferências, en-en­
É fácil perceber que os quauo quatro modelos fatizando a necessidade do debate público.5 público. 5 ·
M acpherson oscilam, de faro;
de Macpherson fato, entre
encr_e um Instigante como é, 9o . esquem_
esquemaa de Elster não
pólo protetor (o que a democracia de fato está isento de problemas. l!ma U m a das princi­
prinà-
pode alcançar é a garantia de alguns direitos pais lacunas, reconhecida pelo próprio autor,
individuais, contra o risco de .1despotismo
espotismo dos é que a obra de Schumpeter, com ênfase na
governantes) e um pólo "desenvolvjmentis-
“desenvolvimentis- manipulação
manipula_ ção das preferências individuàis
individuais por
ta” (o acesso à esfera pú~lica
ta" pública amplia
am plia os hori-
ho ri­ meio da ~emagogia
mei-o demagogia política, não se classifica
zontes
wntes do cidadão, perm itindo
permitindo que suas ca­
ca- nenhum a das categorias. ·Com
em nenhuma C om isto
isto,;aa con-
con­
pacidades se realizem mais e m elhor).
melhor). De dom inante da_
cepção dominante da democracia'
dem ocracia perde seu
alguma maneira, ele repõe, em novos termos
algumá principal fundador.
valoração
, e com a val_ o ração invertida, a velha observa-
observa­ Esta ·breve
breve listagem
listagem de algumas propos­
propos-
ção. de C
çãQ onstant sobre a Liberdade
Constam liberdade d0sdos anti-
anti­ tas de classificação dos model~s
modelos de democra-
dem ocra­
gos e a liberdade dos modernos. David Held H eld cia visa, sobretudo, a indicar a dificuldade de
M acpherson e são esses
(1996) inspira-se em Macpherson se chegar a um esquema abrangente, isento
dois pólos ·que balizam sua taxonomia, que · am bigüidades e coeren_re.
de ambigüidades coerente. De-fato,
De fato, não há
contempla
contem pla nove ·— _ ou doze, caso as variações um a taxonomia "correta'
uma “correta” -—daselas são apenas
sejam contadas por si mesmas - modelos de
sejam· menos ou mais úteis; úteis, de acordo com a con- con­
dem ocracia, da Antigüidade
democracia, A ntigüidade aos nossos dias. tribuição podem dar para a compreen-
uibuição que ,podem com preen­
O utras tentativas de classificação pode­
Outras pode- dem ocrática. Aqui, vou optar ·
são da teoria democrática.
. riam ser listadas, mas aqui basta citar uma por trabalhar com cinco diferentes corren- corren­
últim a, -a do cientista político
última, político norueguês tes, sem _a pretensão de haver encontrado um
4
Jon Elscer
Elster (1997).
(1997).4 São três modelos: ·a· a con-
con­ critério exaustivo ou com valor universal. Ao
dom inante de democracia, ligada às
cepção dominante contrário, o critério é assumid~menre
assumidamente circuns-
circuns­
“teorias da escolha social",
"teorias social”, e duas diferentes tancial:_são as corrent.
tancial: correnteses que, hoje, encontram
encontram
contestações a ela. Noo modelo dominante,
contestaçõ~s dom inante, o m aior ressonância no debate acadê'mico
'maior acadêm ico e
processo político instrum ental; óo
polírico é apenas instrumental; político.
polírico. .
m étodo democrático
método dem ocrático resume-se a um umaa forma Todas elas se encontram
Toda~· encontram no campo cam po .da da
de agregação de preferências individuais, sem- sem­ “dem
"d_ ocracia representativa",
emocracia representativa”, 'umaum a vez que
com o prévias e construídas na esfe-
pre tidas como esfe­ qualquer proposta de democracia direta, para
ra privada. A m etáfora do “mercado
metáfora político”
'mercado·político" as so.ciedades contem porâneas, é quimérica.
sociedades contemporâneas,
é levada ao pé da letra: os cidadãos escolhem (1) A democracia
A democracialiberal-pluralista, .deno-·
liberal-pluralista, deno­
entre as ofertas que lhes são apresentadas, minação que amalgama as posições
minaçã0 mais
pos1ções ma_ “des­
is "des-
buscando a maiorm aior satisfação pessoal. . critivas”
cri políticos ocidentais,
tivas" dos sistemas políricos
prim eira vertente de contestação é o
A primeira para a qual a realização dó do projeto demo-
dem o­
que Elster chama de "democracia
“democracia participa­
participa- crático passa sobretudo pela vigência de um um
tiva”, correspondendo aà "deserivolvimen.cis-
ti~a", “deserivolvimentis- _cconjunto
onjunto de liberdades cidadãs, competição
com petição
ta” na rerminologia
ta" term inologia de Macphersori
M acpherson e Held. eleitoral livre e m ultiplicidade de grupos de
multiplicidade
E um
É umaa corrente que rejeita a caracterização pressão, que se env9-lvem
envolvem em ém coalizões e bar­bar~
da política
polírica como possuindo mero .valo valorr_ins-
ins­ ganhas, cada qual tentando promo:ver
ganhas; prom over seus
trum ental, apresentando-a corno
trumental, como um bem em interesses. A idéia de "governo
“governo · do povo”
povo" é

sii mesmo. A segunda contestação é a "demo- “dem o­ m edida em que aos ddadãos
esvaziada, na medida cidadãos

7
com uns ~abe,
comuns cabe, ·ssobretudo, form ar o governo,
obretudo, f<?rmar Com o se vê, não se trata de uma
dia. Como um a volta à
mas não governar. democracia direta, . mas da combinação.
com binação dos
As outras correntes pertencem rodas todas ao·
ao mecanismos representativos com a participa- participa­
campo q,ue que Sanori
Sartori denomina
denom ina de "democra-
“dem ocra­ ção popular na base. Influente sobretudo nas
racional”, isco
cia racional", isto é, são correi:ices
correntes críticas em décadas de 1970 e 1980, ela se faz presente
relação ao arranjo instiru~ional
r<;:lação institucional estabelecido hoje, com ambições bem mais modestas, em
países
nos paí_ capitalistas desenvolvidos.
ses capicaliscas desenvolvidos. iniciativas de reforma da política local, como,. como, ·
(2) A democracia deliberativa, nascida dá da outras, o "orçamento
entre ouuas, “orçamento participa~ivo"
participativo” expe-
expe­
obra de Habermas
obra-de H aberm as e, em menor m enor medida, de rimentado
rim entado em vários municípios
m unicípios brasileiros.
Rawls, aparece hoje como a principal inspi- inspi­ A corrente (2) é contemplada
contem plada no esque-
esque­
ração crítica às democracias realmente exis- exis­ ma de Elster, de forma similar à que apre-
form a si"milar apre­
tentes. Seu ideal ·éé que as decisões políticas semo aqui. O que d~
sento ~qui. ele chama
cham a de "democracia
“democracia
sejam fruto de uma
sej"am um a ·aampla
mpla discussão, na qual participativa”
participativa" engloba, de d.e fato, as correntes
todos tenham
tenham condições de participar em (3) e (4) indicadas acima. A quinta e última últim a
igualdade, apresentando argum entos racio-
ar-gumentos racio­ vertente corresponde a . desenvolvimdesenvolvimentosentos
fim da qual haja consenso.
nais, e ao .fim consenso. Em opo- opo­ mais recentes da teoria políticapolítica..
sição à vertente anterior, liberal, ela conside-conside­ . (5) O multiculturalismo
O multiculturalismo ou âoupolítica da da
a política
ra que os agentes não estão presos a interesses
interesses· éiiferença,
diferença, cujo fundamento
fundam ento é a afirmação das
capazes de alterar suas preferênci­
fixos e são ·capazes preferênci- características distintivas dos díversqs
diversos grupos
as em meio ao debate. presentes na sociedade
sociedade' nacibnal, entendidas
republicanism() cívico, que prega a
(3) O republicanismo como irredutíveis a um umaa identidade única e
revalorização da ação na polis e do sentimen-sentim en­ fontes legítimas de ação política. A ruptura rupcur~
to de com
comunidade, parcialmente inspirado
unidade, parcialm ente inspi.rado com a perspectiva liberal é profunda,
. com profunda! na nà me­
me-
pelo pensam
pensamentoento de H annah Arendt.
Han~ah Arendr. Algu­
Algu- dida em que grupos -—e não só indivíduos indiv(duos — -
mas de suas vertentes desembocam
desembocam no comu- com u- são considerados sujeitos de direitos.
nitarism
nitarismo, o, que polemiza contraconrra o individua­
ind~vidua- É evidente
E eyidente que as cinco vertentes aqui
lismo da tradição liberal. E É_o pertencim
pertencimentoento esgotam a teoria dem
listadas não esgotam democrática
ocrática
à com unidade que dota
comunidade doca de sentido a ação contemporânea,
contemporanea, nem possuem fronteiras bem bem
hum ana; e nesse sentido a participação po­
humana; po- definidas entre si si.. Boa parte
parte dos pensadores,
lítica pode
pode ser entendida
entendida com como o provida de mesmo os que são considerados representan­ representan-
valor em
em si mesmo (ao passo que, para a ver­ ver- tes ememblemáticos
blem áticos de algumalgum dos .grupos,
grupos, li­li-
tente
tente liberal, a política possui apenas valor dam
dam com com outras
ouuas correntes. Além Além disso, nem nem
instrum ental, na
'instrumental, rra busca pela realização
reali~ação ded·e in
in-­ todas
éodas as correntes apresentam
apresentam grau similar de
teresses constituídos
constituídos na esfera privada). elaboração.
elaboração. A preocupação
preocup~ção central dos pprin rin­-
(4) A democracia participativa, que des­
quedes- cipais teóricos do m u lticu ltu ralism o , por
mu°Iticulturalismo, por
taca àa necessidade de ampliação
ampliação dos espaços exemplo, não tem cem sido produzir um umaa teoria
teoria_
de decisão
d~cisão coletiva
coletiva na na vida cotidiana. O cha­ cha- da democracia,
democr~cia, mas um uma a teoria
teoria da justiça.
justiça.
m am ento episódico
mamento episódico à participação
participação nasn~s ques­
ques- Assim, a concepção
concepção de de dem ocracia que
democracia que os
tões públicas, no no período
período eleitoral,
eleitqral, é julgado
julgado anim
anima a - .e que
que se tornou
tornou relevante para para o de­
de-
insuficiente
insuficiente parapara promover
promoyer a qualificação
qualificação das bate
!:>are contem porâneo —
conremporâneo - ainda
ainda possui um um ca­ca-
cidadãs
cidadãs e dos cidadãos.
cidadãos. E ~ necessário
necessário que as . ráter
rárer fragmentário.
fragmentário . Feitas
Feiras essas ressalvas, no no
pessoas
pessoas com uns estejam
comu!1s estejam presentes
presentes na na gestão
gestão · entanto,
entanto, creio que que a divisão proposta
proposta serve
serve
das -empresas, das escolas,
esco_las, enfim,
enflm, que
que a parti­
parti- como guia útil para
como para o entendim
entendimento do esta­
ento do esta-
cipação
cipação dem ocrática faça parte
democrática parte de seu dia-a-
dia-a- do atual da
do da teoria
teoria democrática.

8
A Democracia Liberal-Pluralista se contentar o papel que lhes é cabido: votar
a cada quatro·
quatro ou cinco anos e, no intervalo,
ponto de partida para a amal
O po_!lto atual concep-
concep­ obedecer sem pestanejar às ordens que, eles
ção liberal de democracia é a doutrina do eco- eco­ imaginam, de alguma formc1. forma também
tam bém ema-em a­
nom ista austríaco Joseph Schumpeter, qut
nomista qufe naram de sua vontade.
m udou a históri'a
mudou história da reflexão política ao lan- lan­ De fato.,
fato, Schumpece"r
Schum peter promove a acomo- acom o­
seu Capitalismo, socialismo e democracia
çar ~eu dação da democracia com urna um a corrente de
[1942])...As pouéas
(1984 (1942]) poucas páginas que dedi- dedi­ pensamento
pensam ento que nasceu para negá-la, ateo- a teo­
ca à questão da democracia, numa num a obra vol-vol­ ria das elites (cf. Miguel, 2002a). Os O s autores
sobretudo a uma
tada sobremdo um a revisão polêmica
polemica do elitistas do começo do século XX, como com o Mos-
M os­
pensamento marxista, tiveram enorme reper-
pen~amento reper­ ca, Pareco
Pareto e Michels, procuraram demons- dem ons­
cussão e, de alguma maneira, redefiniram o trar que o socialismo e a democracia
trai; dem ocracia eram
sentido da palavra. fantasias sem possibilidade de efetivação.
efetivação. Tra-
O primeiro esforço de Schumpeter
Schum peter é a ta-se de umumaa perspectiva essenciali~ra,
essencialista, para a
demolição dos mitos m itos que, segundo crê crê, ccr-
cer­ . qual há uma
um a invariávef
invariável das relações humanas
hum anas
cam a política dem ocrática. Os teóricos clás-
democrática. clás­ e do processo histórico: a impossibilidade de
sicos da dem ocracia previam a presença de
democracia umaa organização social em que não haja uma
um um_a
cidadãos interessados e bem -inform ados,
bem-informados, minoria dominante.
m inoria dom inante. Todas as mudanças po­ po-
conscientes de suas preferências no m undo
mundo líticas seriam, por trás das aparências,-repeti-
aparências, repeti­
da política e desejosos de alcançar o bem co- co­ ções do mesmo proc_ esso, 'com
processo, com a substituição
m
mumum - em suma,
suma; pessoas inexistentes no de umumaa elite por outra. A massa é apresenta­
apresenta-
mundo_
m undo real. 1 o entanto
N o entanto, a ''doutrina clássi-
“doutrina clássi­ da como incapaz de intervir no processo his- his­
ca da democracia"
democracia” que Schumpeter
Schum peter pretende
pretende tórico; se parece que o faz, é porque está escá sen­
sen-
refutar é umumaa mistura pouco criteriosa de sen­ sen- do manobrada por outro grupo. A base elitista
so com
comum um e autores clássicos, capaz de ju n­
jun- pensamento
do pensam ento de Schum:Peter
S chum peter aceita tais cais
tar vozes tãocão dissonantes quanto Rousseau e afirmações; ao redefinir a dem democracia
ocracia para
os utilitaristas, para criar um adve.
adversário
rsário mais torná-la compatível com com tais
cais “realidades”,
"realidades", ele
· adequado (Pateman, 1992 1992 [1970]).
[ 1970]). brmalmente
deprecia brutalm ente seus ideais.
Schumpeter, então, redefine a dem ocra­
democra- O sucesso da demdemocracia
ocracia concorrencial
cia como sendo sim plesm ente um
simplesmente uma a maneira
maneira surgimento
foi favorecido pelo surgim forcuit<?, na
ento fortuito,
de
de· gerar um umaa m inoria governante
minoria legítima.
govername ·legítima. mesma época da publicação de Capitalismo, .
Outras
O alcançar· tal legitim
utras fórmulas para alcançar legitimi- i­ socialismo ee democracia, de evidências
ev.idências em empí-
pí­
dade, em em especial as ·monarquias
m onarquias hereditá­
hereditá-· ricas que pareciam
parecíam confirm
confirmar ar elementos
elementos cru­cru-
·· rias, estavam em e·m declínio. O governo, assim, t~oria schum
ciais da teoria schum_peteriana.
peteriana. O Outro imi-
u tro im i­
devia ser formado m ediante a luta
mediante luta com peti­
competi- grante austríaco,
grante auscríato, Paul Lazarsfeld, liderara um um
povo. 6 Dessa forma, aateo-
tiva pelos votos do povo/' teo­ importante
im sobre oo com
escudo sobre
portante estudo comportamento
portam ento
ria concorrencial
concorrencial prom ove um
promove umaa gigantesca
gigantesca durante a cam
dos eleitores durante campanha presiden-
panha presiden­
redução do alcance da democracia,
democracia já já que,
que, . cial estadunidense
estadunidense de 1940,19.40, que
que sairia
sairia emem
para
para ela, o resultado
resultado do processo eleitoral não não pouco depois
livro pouco depois (Lazarsfeld, Berelson
Berelson e
indica
indica a formação de nenhum nenhum tipo tipo de von­
von- Gaudet,
G 1969 [1944]).
audet, 1969 [1944]) . Os
Os traços definido­
definido-
tade
tade coletiva. Trata-se
Trata-se da
da mera
mera agregação de de parte dos votantes
res da maior parte votantes eram
eram a apatia,
preferências
preferências manipuladas,
manipuladas, preconceitos
preconceitos e de­ de- desinformação e o desinteresse
a desinformação desinteresse em em relação
relação
cisões impensadas.
impensadas. E, -para
para que
q~e o sistema
sistema fun­
fun- como oo modelo
à política, tal como modelo de Schum
Schumpeterpeter
cione aa contento,
cione contento, os cidadãos
cidadãos com
comuns devem
uns devem indicava. A sem
indicava. semelhança, porém,, escondia
elhança, porém escondia

99
umaa diferença significativa, a respeito
um respeiw dopa-
do pa­ teresse dos cidadãos pela política não signi- signi­
pel das campanhas
cam panhas eleitorais. Schumperec,
Schumpeter, fica que suas vontades
voncàdes deixarão de ser !_ eva-
leva­
talvez por efeito da experiência da ascensão das em conta pelo ·governantes.
governantes. Já MarcurM arcur
· do nazismo, via 6o eleitorado ·como como ·volátil
volátil e Olson (1965), outro pioneiro da chamada
sugestionável, sempre sob a influência dos
sugestionáv.el, "teoria
“teoria da escola racional”
racional" na ciência políti­ políti-
discursos demagógicos candidatos. Já os
demãgógicos dos can4idatos. ca, invertia a acusação de "irracionalidade'
“irracionalidade”.'
eleitores de Ohio,
O hio, que foram · a matéria-pri-
m atéria-pri­ que Schumpeter
Schum peter dirigia ao eleitor com comum.um .
ma para os surveys de Lazàrsfeld
Lazarsfeld e seus colabo-
colabo­ Desinformação· e apatia são a resp
Desinformação resposta· racio-
o staracio­
radores, estavam presos a padrões tradicionais num contexto em que o peso do eleitor é
nal num
de_
de voto, que dificilmente
dificilm ente eram modificados tão pequeno -—já que éada cada um controla ape­ ape-
po_
porr efeito da campanha ou de informações .
cam panha .ou nas um voto, em meio a milhares r:nilhares ou milhões
transJJ)icidas
transm itidas pelos meios de comunicação de de outros - que não vale o investimento
investim ento de
massa. te.m po e dinheiro necessário
tem n_ecessário para a qualifica­
qualifica-
A ~isão
visão de Schvmpeter
Schum peter é profundamen-
profundam en­ ção política. Seymour Lipset (1963 _[1960]) [I960])
te ·de~encantada
desencantada quanto às possibilidades de · vai além, vendo na ~paria apatia e no abstenseísmo
que a democracia cumprisse quaisquer de suas um indício não apenas da racionalidade do _.
promessas fundamentais
fundam entais — - governo do povo, eleitor, mas de sua satisfação com com o funcio­
funcio-
igualdade política, participação dos cidadãos namento
nam ento do sistema. Por fim, Giovanni Sar-
na tom
tomq.da
ada de decisões. Vários dos autores tori (1994 [1987]), que cominua.vinc;ulado
continua vinculado
inspiraçlos
inspirados por ela, no encanto,entanto, fizeram es­ es- à denúncia schumpeteriana
schum peteriana da irracionalida-
irracionalida­
forços para aproximar a~ teoria dos valores de- de­ de do cidadão com cómum,um , julga que a baixa par-
par­
mocráticos
m A nthony Downs (1957,
ocráticos básicos. Anchony . ricipação
ticipação política é a chave para a realização
p._ 29), por exemplo, declarava se basear nos
p. n"os · da democracia como "meritocracia"
“meritocracia” ou pro­ pro-
"brilha--ntes insights'~ de Schumpeter, mas con­
“brilhantes insights' con- cesso seletivo dos mais aptos.a aptos a governar.
cluía que a comcombinação pouco
binação entre eleitores pouco A demónscração
dem onstração da impossibilidade de
interessados e polícicos
políticos competindo
com petindo pelo voto · realização da democraéia,
democracia, num num espírito pró­ pró-
representava a mais perfeita forma de gover­ gover- ximo ao de Schumpeter, mas de maneira man_eira mais
no do
no do povo.
Pº:Vº· formalizada, está no cerne da-influente
da influente obra
Para tanto, ele transform
transformava
ava umumaa das
das· de W illiam Riker (19
W1lliam 82). Ele enfatiza, por
(1982).
premi~sas do econ·
premissas omista austríaco, postulan­
economista postulan- um lado, a dependência das decisões ein em re­re-
do que os cidadãos têm têm interesses identifi­
identifi- lação aos sistemas.
sistemas, eleitorais, isto é, que a m ma-a­
cáveis e são capazes de perceber se eles ~les estão nipulação dos mecanismos decisórios :1~eta afeta os
sendo bem atendidos ou· ou não. Como
não. Com o o _go­
go- resultados. Por outro,,
re~ulcados. outro, . aponta as patologias
parologias
vernante precisa do voto de todos para per­ per- da racionalidade coletiva, em especial o cha- cha­
manecer no poder, o seu interesse objetivo é mado "paradoxo
“paradoxo de Condorcet",
C ondorcet”, que mostra
_realizar
realizar os interesses do~ dos o-utros· (e, assim,
outros como um conjunto de indivíduos racionais
mànter
m anter su_
suaa confiança). O modelo possui gra- gra­ pode chegar a decisões coletivas incoerentes.
incoerentes.
ves fragilidades, uma um a vez que se baseia numnum A cónclusão.é
conclusão é qu~que a idéia de um governo do
visão demasiado esqueni.á~ica
esquemática do· comporta..:
do com porta­ povo é sempre ilusória. ·conformeConform e já já.foi de-
foi de­
me-nto t·a nto dos cidadãos comuns
m ento tanto com uns corno
como dos . monstrado, o edifício teórico de Riker susten-
(Przeworski, 1995 [1
políticos (Przeworski~ 990], pp. 37-
[1990], ta-se numa
num a premissa
pr~missa duvidosa,
duvido ·a, a de que a de- de­
39; Pizzorno, 1993; Miguel, 20026).
Miguel, 2002b). mocracia se resume ao ª<? ato de votar (Mackie,
Downs
D ow ns buscou dem demonstrar
onstrar que, dado o_ o ·' 198~).
1988). Quando
Q uando a discussão é considerada um
mecanismo da competição
com petição eleitoral, o desin­
desin- ingrediente necessário do processo dem democrá-
ocrá-

10
tico,
rico, tal como fazem os teóricos da dem ocra­
democra- rios em New ew Haven, C Connecticut,
onnecticut, apresen-
apresen­
cia deliberativa, os problemas
problem as '.'insolúveis"
“insolúveis'' como
tada com o cidade "típica"
“típica” da vida urbana es­ es-
apontados por Riker são são, em grande medi-
m edi­ tadunidense. A pesquisa mostra que, embo- em bo­
da, superados. ra um
umaa m inoria
rrii_
n oria de líderes monopolizasse as
A vinculação com o legado schwnpete-schum pete- iniciativas políticas nas três questões
questôes polêmi-.
polêm i­
riano é bem mais complexa na teoria poliár- cas analisadas (nomeações de funcionários
quica de Robert A. A. Dahl, que influenciou de p~blicos, reurbanização
públicos, reúrbanização e educação), havi;:i.havia
forma determ inante a concepção liberal cor-
determinante cor­ conflito dentro
d~ntro dela e a influência de cada
rente d~ de democracia. Nela, ela, a presunção do líder era, via de regra, especializada,
especializaqa, isto é,
desinteresse do eleitorado é relativizada. Os
relativizada. O~ incidia sobre apenas um um dos três assuntos
cidadãos são, sim, apáciapáticos
cos quanto à maioria · (Dahl, 1961). O escudo estudo d~de D ahl está sujeito
Dahl
das questões da agenda _política, mas podem podem a um
umaa série de questionamentos·
questionam entos de -ordemordem
se mobilizar no m om ento .~m
momento em que um de seus metodológica, a começar pela premissa
m~todológi·ca, premis~a de que
interesses específicos é posto em questão. Se o microcosmo é um retrato fiel, erri em escala
não podemos
podem os contar <:Om com o governo
govern? do povo menor, do macrocosmo -—quer dizer, de_ de que
ou mesmo com com o governo da maioria, pode­ pode- o estudo
escudo dos processos de decisão em nível
mos ao menos
m enos ter um um sistema político que local pode servir de evidência para o nível na-
iocal na­
distribua a capacidade de influência entre cional. Afinal, tamqnho
tamanho e distância são fato- fato­
muitas minorias. · As eleições ocupam ocupam um umaa · res essenciais para explicar a apatia política
posição central num ordenamento
ordenam ento poliárqui- popular, que, por su~ sua vez, é um dos elem en­
elemen-
co não porque introduzam
introduzam um “governo de
um "governo tos que favorecem
favoreéem o domínio·da
dom ínio da elite. Além
· maiorias em_ em qualquer maneira significativa, . disso, é difícil crer que um umaa cidade, na época
época .
mas [porque]
[porque] aumaumentam
entam imensamente
im ensam ente o ra-
ta­ com 160 mil habitantes, que sedia a Univer­ Unjver-
manho,
m anho, núm númeroero e variedade das minorias, sidade Yale possa ser considerada "típica",
“típica”, por
cujas preferências têm têm que ser levadas em con­con- mais que ·m uitos de seus indicadores de­ de-
ta pelos líderes quando fazem opções de po­ po- mográficos sejam medianos. Mas a principal
lítica” (Dahl, 1-989-
lítica" [19 56), -p.
1989-[1956], p. 131). crítica foi formulada
form ulada por Bachrach e Baratz Barcj.tz
D ahl adm
Dahl ite que os regimes vigentes no
admite d em o n straram que o .
(1962, 1963), que demónstraram
O cidente não são realm
Ocidente ente "governos
realmente “governos do escudo de·
estudo de Dahl ignorava a determinação da
povo", mas ao mesmo·
povo”, mesmo tem tempopo nega que exista agenda, um umaa · faceta crucial do exercíci-o
exercício do
um
uma a classe dom inante, como ·q
dominante, querem
uerem os mar­
mar- poder.
_•xistas,
xistas, ouoú um
umaa "elite
“elite ~o poder", como dizia
do poder”, As poliarquias ·seriam
seriam o resultado dos
WrighrMills
W right Mills (1 981 [1956])
(1981 [1956]).. Em vez de um umaa ·processos
processos de de~ocrarizaçfo,
d em o cratiza ção , qqueue DDahl
ahl
minoria
m inoria governante, -existemexistem muitas m mino-
ino­ (1971) desdobra em duas dimensões, a in- in ­
rias que disputam
disputam entre si a respeito de ques- ques­ clusividade (.ampliação
clusividad~ (ampliação do núm ero de pes­
numero pes-
tões.- específicas e que devem ser levadas em
tões soas incorporadas
inco'rporadas formali;nente
form alm ente ao processo
conta pelos governantes. Ao seu modelo, o político) e a liberalização (reconhecimento do
autor chama "poliarquia",
“poliarquia”, a palavra designan-
designan­ direito de contestação). Amplamente
A m plam ente utiliza­
~tiliza--
do a existência de múltiplos
m últiplos centros de poder,
poder. do na ciência política, o modelo bidim bidím~nsio-
ensio­
dentro da sociedade - e se distinguindo da nal tam
também
bém enfrenta cr~ticas
críticas recorrentes, a
verdadeira democracia, entendida como ideal começar p· ela ausência de um
pela umaa dimensão so­ so-
r10rmativo
norm ativo cuja plena realização é utópica. ·cial,
cial, que permita
perm ita que os direitos de partici­
partici-
Ele "comprovou"
“com provou” a vigência ~da poliar­ poliar- pação e ·aposição
oposição sejam usados de maneira mane_ira
quia numnum estudo sobre os processos decisó­ decisó- efetiva (ver, por exemplo, W Weffort,
effort, 1992). DD_ ee

r · 11
fato, como
faro, com o a inclusividade é ~penas. apenas formal, (Dahl, _1989, p. 182) .8 A construção dos in-
182).8 in­
reduzindo-se em última últim a análise ao direito de teresses -—isto é, das vontades e identidades
compatível com a exclusão políti-
voto, ela é compacível políti­ coletivas -—é suprimida
coletiv~s suprim ida da política; em seu
ca real dos grupos subalternos:
~a subalternos. · lugar, resta uma
um a agregação mecânica de pre-pre­
N u m a trajetória
t:Juma trajetó ria inceleccual
intelectual invulgar, ferências preexistentes. O aspecto comuni-
com uni­
D ahl tornou-se cada vez mais crítico em re-
Dahl re­ cativo da atividade p~lítica
política é esváziado.
esvaziado. São
lação ao sistema político estadunidense -—que os democratas deliberativos que vão desen-
desen­
a teoria pluralista, a princípio, justificava. Ele volver esta crítica. ·
torno u sensível aps
se tornou aos problemas que o orde- orde­
nam ento capitalista apresenta à efetivação da
namento
dem ocracia, passa~do
democracia, passando a advogar por formas A Democracia Deliberativa
econom ia autogestionária (Dahl,
de economia (D ahl, 1990
[1985]). Passou a expressar simpatia
(19~5]). sim patia pela A corrente deliberativa tornou-se, nos
deliberacionista,1 embora
abordagem deliberaci.onista em bora não a últimos
últim vime anos, a principal alternativa
os vinte
tenha de farofato incorpora~o
incorporado em seu modelo. m odelo.'7 teórica à democracia liberal-pluralista. 9 Sua
demo'cracia liberal-pluralista.9
Independentem ente disso, um
Independentemente umaa versão sim-sim­ principal matriz, embora
em bora não a única, é a fi­ fi-
10
plificada
plifi~da do pluralismo liberal, com sua ên- ên­ J ürgen Habermas.
losofia de Jiirgen H aberm as.1 0 b.s democra-
Os dem ocra­
fase em eleições competitivas
com petitivas e em múltiplos
m últiplos tas deliberativos incorporam
incorporam par~e parte .signifi-
signifi­
grupos de pressão, tornou-se a ideologia ofi- ofi­ cativa do ideal participacionista,
parcicipacionista, mas apre- apre­
cial dos regimes dem ocráticos ocidentais. ·
democráticos sentam
sentam um umaa nova ênfase nos m mecanismos
ecanism os ·
D ois problem
Dois problemas as principais podem
podem ser discursivos da prática política.
polícica. Segundo~
Segundo a sín-sín­
identificados na correme.
corrente. O prim eiro, um
primeiro, um tese de Joshua Cohen (1998, p. 186), eles
traço característico
caracçerístico do liberalismo desde os julgam que as decisões políticas devem ser
julgam
seus primórdios, é o isolamento da esfera polí­ polí- tom adas por aqueles que estarão su
romadás b m eti­
submeti-
tica em relação ao restante do m undo social.
mundo . dos a elas, por meio do "raciocínio
“raciocínio público
As desigualdades presentes na sociedade são iguais". Trata-se de um
iivre entre iguais”. um esforço
“colocadas
"colocadas entre parênteses”
parênteses" (Fraser, 1992), importante
im p o rtante para avançar na com compreensão
preensão
o que sustenta
sustenta as ficções dos “cidadãos
"cidadãos iguais sénrido da democracia,
do sentido democracia, que transcende o
perante
perante a lei" e dos “contratos
"contratos entre
entre pessoas pretenso. empir-ismo
pretenso empirismo da vertente hegem hegemôni-
ôni­
livres e iguais”.
iguais". N. aa verdade,
v~rdade~ as desigualdades ca, schumpeteriana, por po'r levar em
em conta,
cone~, como
materiais e simbólicas transbordam
transbordam para a próprio H
diz o próprio Habermas,
aberm as, “o "o sentido norm
norma- a­
arena política, contribuindo
contribuindo para impedir que genuíno
tivo genuíno da compreensão
compreensão intuitiva da de-
de­
determ
determinados grupos tenham
inados tenham acesso pleno a mocracia" (1997
mocracia” (1 ~97 [1992],
(1992], vol. 2, p. 18) 18)..
ela ou
ou nela sejam
sejam capazes de promover efi­ efi- Em prim
Em primeiro corrente rom
eiro lugar, a corrente rompe pe
cazmente
cazm ente seus interesses. Há
H á aqui umum· ponto
pomo com
com a percepção
percepção da dem ocracia como
democracia como simsim-­
central da crítica à vertente dem ocrática li­
democrática li- ples mmétodo para a agregação de preferências
étodo para preferências
beral, que será apresentado
apresentado com com mais m inú ­ ·
minú- individuais já dadas. Longe de constituírem
individuais constituírem .
cia nas seções seguintes.
eia ·nas elementos prévios, as preferências
elementos preferências são cons­
cons-
O segundo
segundo problem
problema a central dada percep­
percep- truídas e reconstruídas
truídas reconstruídas por meio das intera- intera­
ção
ção pluralista
pluralista da dem ocracia é a redução
democracia redução da ções na esfera pública, em em especial do debate
debace
política
política a umum processo
processo de escolha, no qual, qual, entre
en~re os envolvidos.
envolvidos. Em Em segundo
segundo lugar,
lugar, há
há a
por
por umu_ma a premissa
premissa metodológica, considera-
considera- ênfase na
ênfase na igualdade
igualdade de participação,
participação, um um as­as-
se que
que todos
todos os cidadãos
cidadãos são guiados
guiados por um um · pecto constitutivo
pecto constitutivo dodo sentido
sentido.clássico da de­
clássico da de-
“entendim ento esclarecido
''entendimento esclarecido dede seus interesses”
inceres~es" mocracia, mas que que foi relegado a plano
plano secun­
secun-

12
dário pelas vertentes hegemonicas
hegemônicas da teoria pública e o integra num modelo normativo norm ativo
democrática contemporânea. Por fim, a au-
dem ocrática contem porânea. au­ de funcionamento
funcionam ento da democracia.
democracia.
tonomia, isto é, a produção das normas
tonomia, norm as so-so­ N o entanco,
entanto, nesse momentom om ento o impulso
ciais pelos próprios integrantes da sociedade, crítico de süa esvaziado.. Haber-
sua obra já está esvaziado H aber­
é resgatada como 6o valor fundamental
fundam ental que abandonar a pr:eocupação
mas vai aqandonar preocupação com a co- co­
projeto d~m;crático
guia o projeco democrático.. _lonização do "mundo-da-vida"
“m undo-da-vida” pel os ope-
pelos ope­ .
dem ocracia deliberativa apresenta-se
A democracia radores sistêmic~s
radares sistêmicos - dinheiro e poder - que
com o -um
como um modelo normativo
norm ativo que produz a coordenam, de maneira crescente, as rela· ções
relações
crítica da política vigente a~ a partir de um pa- pa­ interpessoais. A açãbação com unicativa
uni cativa passa a ser
râm etro ideal. Esse ideal, porém, remere
rametro remete a com o garantidora, em última
vista como últim a instân_
instância,
cia,
um a matriz
uma m atriz histórica (ou pseudo-histórica), sociedade, num
da integração da sociedad-e, num modelo em
“esfera públiéa
a 'esfera pública burguesa"
burguesa” descrita por Ha- H a- que as tensões entre os diferentes tipos dera- de ra­
berm
bermas as em sua influente tese de 1962. A cionalidade e entre as esferas sistêmica ç'.e do
um a reflexão sobre o surgimento
partir de uma surgim ento da "mund~-da-vida"
“m undo-da-vida” tornam tornam-se -se bem mais bran,..
b ran­
opinião pública, na França, na Alemanha Alem anha e, das (ou mesmo desaparecem), dando lugar a
sobretudo, na Inglaterra dos séculos XVIII e umaa perspectiva mais hàrmônica,
um harm ônica, de mera
XIX, ele apresenta uma um a visão da ''boa
“boa polí­
polí- diversificação funcional (Habermas, (H aberm as, 1997
. tica”,
rica , caracterizada pela discussão livre das [1992], vol. l, p. _4
1, p. 5; para um
45; umaa crírica
crítica focada
questões de interesse (H aberm as,
incerésse coletivo (Habermas, neste ponto, ver Cook, 2001).
1984 [1 [1962]).
9621) . C ontra o pano de fundo des-
Contra des­ Com o observou John Dryzek, Habermas
Como
te ideal norm ativo, H
normativo, aberm as lam
Habermas enta a de-
lamenta de­ inscreve-se no movimento
movim ento mais geral, den- den­
cadência atual da esfera pública, m anipulada
manipulada tro da çorrente
corrente deliberativa, de acomodação
acomodação ·
por estratégias públicitárias.
publicitárias. com o constitucionalism
constitucionalismo Direi- ·
liberal .. Em Direi­
o liberal.
Em sua obra posterior, H
Em aberm as subs-
Habermas subs­ to e democracia, verifica-se um umaa "reconcilia-
“reconcilia­
titu iu o COf?Ceico
tituiu conceito de esfera pública pela teoria ção"
ção” com "faros“fatos [pretensamente] imutáveis
análoga, porém
porém mais
n:i-ais abstrata, da ação com
comu- u­ do mmundo
undo m moderno",
oderno”, vinculados à estrutura estrutura
nicativa. O ideal norm
n icativa. O ativo que guia sua re­
normativo re- n ô m ica, e
político-econômica,
· político-eco possibilida_d e · de
e a possibilidade
flexão é a ação voltada para o entendim
entendimento ento m udança é restrita ao ord
mudança en am en to
o~deiíamen to legal
m útuo, por interm
mútuo, intermédioédio do diálogo, em opo­ opo- (Dryzek, _2Ö00,
2Ó00, p. 224). 4 )."11 Isso levaria Haber-
H aber­
sição àà ação estratégicaj
estratégica; que busca apenasa·penas o mas, por exemplo, a estabelecer
estabelec~r um um modelo
modelo
sucesso e utiliza caracteristicam
caracteristicamenteente opera­
opera- opinião pública gera influência,
pelo qual a opinião
dores sistêmicos com como o o poder e o dinheiro.
dinheiro. transformaa em
que se transform em “poder
"poder com comunicativo"
unicativo”
Mas, quando
quando elabora sua teoria da ação co­ co- por meio de eleições; e este, por por suasua vez, se
municativa, o filósofo alemão trabalha em tal torna “poder
torna "poder admadministrativo"
inistrativo” por meio meio da le­ k-
grau de abstração que, a rigor, não é possível gislação (Habermas, 1997 [1992), vol. l,p
1997 [1992], 1, pp.
p.
falar num
numa a teoria da dem ocracia. A preo­
democracia. preo- 189-190) . Dryzek
189-190). Dryzek (2000, pp. 25-26) obser­ obser--
cupação
cupàção específica com polírica - vista de
específica com a política va que e,·é, no m mínimo,
ínim o, duvidoso se um uma per-
a per­
início
início sob
sob um
uma a perspectiva
p erspectiva integralm
integralmenteente cepção tão estilizada
estilizada do processo político
político será
será
negativa, como um
-negativa, um dos instrum entos de co­
instrumentos co- • capaz de captar
capaz captar pelo
pelo menos um uma pa.rte de sua
a parte
lonização
Ionização da da vida
vida cotidiana,
cotidiana, o “m undo-da-
"mundo-da- dinâm
dinâmicaica real. O O jogo de de forças é despido
despido de
vida”
vida" —- só vai aparecer na na últim
últimaa obra
obra im por­
impor- condicionantes estruturais
todas as suas condicionantes estruturais e o
tante de Habermas, o livro Direito eedemocracia, que sobra
que sobra é um uma sofistica4a dos
a versão mais sofisticada dos
lançado
lançado na Alemanha
Alemanha em em 1992,
199-2, no
no qual o fi­ fi- manuais escolares
manuais escolares de civismo.
civismo. Em Em suma, a
lósofo tam bém -recupera
também recupera oo conceito
conceito de esfera
esfera aceitação
aceitação acrítica
acrítica da da fixação de um ~ma a esfera
esfera

13
política isolada d~s das restahtes
restantes esferas sociais é A regra (1) garante a ausência de repres-
repres­
própria capitulação diante do constitucio-
a pi-6pria constitucio­ são, já que não é possível censurar a parrici-
partici­
nalismo liberal
liberal. ·· paçãq
pação no debate, e também
tam bém a ausência de ex- ex­
contrário do que julga Dryzek, ·tal
Ao c~ntrário tal . clusão, já que a_ a discussão está franqueada a
m ovim ento não é uma
movimento um a "virada"
“virada” imprevista no todos os que possam coimibuir
contribuir para ele. Dois
pensam ento de Habermas,
pensamento H aberm as, mas o aprofun-
aprofun­ problemas evidentes emergem desta forrpu- form u­
dam ento
damento de um traço que já está presente em lação. O primeiro e menor m enor deles refere-se à
sua
suá obra desde a tese sobre a esfera
esferá pública. qualificação de "pertinente"
“pertinente” quanto às con- con­
A idealizáção
idealização da esfera pública .burguesa
burguesa dos tribuições aceitáveis no debate. Ora, O ra, grande
séculos
sécuJos XVIII e XIX dem onstra
demonstra uma um a notável parte de qualquer debate gira sempre sobre
insensibilidade
insensibilidadé ao problem
problema a da exclusão de a pertinência ou não de determinados
determ inados fatos ·
sociais. Trabalhadore~
grupos sociais, Trabalhadores e mulheres, para ou especulações. Ou determ ine -a
O u há quem detérmine a
·citar
citar os exempl9s
exemplos mais evidentes, es"ravam estavam priori a pertinência de cada contribuição, e
ausentes da esfera pública burguesa.burguesa. É claro aí temos um critério de éxclusão,
exclusão, ou é neces-
neces­
H aberm as percebe e anota tal ausência.
que Habermas sário abandonar a qualificação e reconhecer
M udança estrutural, ela aparece
Mas, em Mudança que toda c;oncribuição
contribuição é válida até prov~ prova em
com o algo contingente e não como estrutu-
como estrutu­ contrário. O segundo problema,
problem a, que é o de- de­
radora
rado ra ·de
de características centrais da· da esfera cisivo e será desenvolvido em maior m aior detalhe
pública burguesa setecentista e oitocentista.
oitoc.entisra. adiante diz respeito
adiante, reweico· à capacidade subjetiva
Assim, Habermas
H aberm as reproduz, em seu.mo- seu m o­ que grupos e indivíduos em diferentes posi­ posi-
delo da esfera pública, as premissas dos teó­ teó- ções na estrutura social têm de produzir "con- “con­
_rricos
icos liberais do contrato social.
social.' A igualdade pertinentes" a diferentes debates.
tribuições pertinentes” debates.
.- substantiva não é imponante,
im portante, na m medida
edida em · A regra (2) é uma regra de igualdade; na
que todos podem discu~ir como se fossem
podem discutir medida em que apenas ap~nas a argumentação
argum entação ra­ ra-
iguais —- isto é, a a produção
prodlJ.ção de direitos for­ for., cional é levada em conta, está neutralizada
neutraÍizada
mais de cidadania surge com como o condição sufi-
sufi­ a diferença de autoridade, de riqueza, de sta-
desta-
ciente para
para a efetivação do debate público público tus ou qualquer outra. ~ E claro que isto
i'sto nunca
nu-nca
ideal. As condições de acesso à esfera pública ocorre: no m mundo
undo real, os debates sempre são
· nãonão são tematizadas,
rematizadas, o que permite deixar de desvirtuados por diferenciais de poder, de .
lado, -~orno
com o secundária,
secundári~, a exclusão de traba­ rrã.ba- · autoridade e mesmo de acesso à °fala. fala. E aare-re­
lhadores e mulheres. gra (3) é umumaa condição de efetividade do de­ de-
N ão que H
Não aberm as não perceba
Haberinas pen:eba a ex­ ex- bate, indicando
bate, indicando que que os participantes
participantes estãoestão
clusão política
política vigente nas sociedades con­ con- argumento
dispostos a assimilar o argum outros
ento dos outros
temporâneas:
temporâneas: ele a percebe,
percebe; indica
indica e conde­
conde- prendem a posições
e não se prendem po ições prévias.
na
n~ de form
formaa explícita, segundo
segundo um um critério
critério Habermas
H aberm as está ciente de que seus crité­ crité-
ético.
ético.. Mas desenvolve sua teoria sobre o m mo-o­ rios não são preenchidos na vida real e apre­ apre-
delo utópico
utópico da “situação
"sicuação _de fala ideal”,
ideal", onde
onde situação de fala ideal como
senta a situação como sendo, em em ·
a exclusão, por definição, não pode poqe ocorrer. primeiro
prim eiro lugar, umum ideal norm
normativo
ativo (se bem bem
situação é carácterizada por três
Tal situação é caracterizada por crês regras: o·problem
arbitrário) . O
que não arbitrário). problema a é que, na na ·
(1) qualquer
qualquer contribuição pertinente ao de­
contribuição pertinente de~ · parte de sua
maior parte sua obra, ele não
não apresenta
apr~sema -ne­ ne-
bate
bate pode
pode ser apresentada; (2) apenas a ar­ ar- nhuma
nhum ponte entre
a ponte ~ntre o ideal e a realidade. Sua Sua
gum entação racional é levada em
gumentação em conta;
conta; e •"fala ideal" é um
‘fala ideal” um pouco
pouco com
como "posição origi­
o a “posição origi-
(3) os
os participantes
parti~i.pantes buscam
buscam atingir
atingir o con­
con- nal" de John
nal” John Rawls (em que que um
um “véu
"véu da incer­
incer-
senso.
sens.o. te7.a" afasta todas
teza” todas às
·as desigualdades): um um arti-
arei-

14
fício que gera uma um a siruação
situação em que rodos todos são pere a mera transferência da soberania po- po­
abstratam ente iguais
absuatamente iguais, élidindo
elidindo o desafio de ·pular
pular para uma um a elite, por intermédio
interm édio da au- au­
corno gerar uma um a sociedade igualitária partin- partin­ torização eleitoral
eleitoral.. ·
do de úma um a condição de radical desigualdade. independentem ente deste pon-
Mesmo independentemente pon­
A situação de fala ideal não é arbitrária - to, que a torna um modelo irrelçvante
irrelevante para a
e esta é uma um a diferença importante
im portante em relação consmiç_
construção ão da ordem política, a comµnica-com unica­
aà posição original de Rawls - porque, para ção face a face está marcada por uma um a série de
H aberm as, a ausência-
Habermas, ausência de repressão, a igual- igual­ desigualdades, que a idealização haberma- haberm a-
dade enue entre os falantes e a busca pelo consen- consen­ siana ig1_1ora.
ignora. As diferentes posições sociais dos
so são inerentes aà na_ natureza linguagem.. A
t ureza da linguagem interlocutores contaminam
contam inam a situação d~ de fala -
'“ação
ação com unicativa”,
nicativà' , direcionada pàra para o en-en­ que, portanto,
p o rtanto, é · marcada
m arcada por·
por assimetrias.
te n ddimenco
ten im e n to mútuo,
m ú tu o , está presente em po- po­ Status, dinheiro, poder ou o domínio dom ínio do pa· pa­-
tencial em cada ato de fal~ E a alternativa
fala.. É drão çulto
dráo culto condicionam,
condicionam , de formas muito m uito
aà linguagem
linguagem (o uso da força) que prescinde sutis, o açolhimento
açolhim ento que é dado dâdo à ínterven-
interven­
entendim ento mútuo.
do entendimento m útuo. As características çáo
ção de cada um dos falan res e, na aparência,
falantes
em ancipatórias da lin­
igualitárias e mesmo emancipatórias lin- não agridem as -exigências
exigências do "livre“livre debate ·
guagem apareceriam
guagem apareceriam sobretudo
so b retu d o no '“m un-
mun- entre iguais".
iguais”.
ddo-da-vida",
o -d a-v id a’\ isto é, nas relações interpes-in te rp es­ Os problemas da comunicação face a face
soais cotidianas que escapam à mediação do formam apenas _um
for~am aper:ias u m dos m uitos flancos do
muitos
dinheiro e do poder. O ideal habermasiano, ideal deliberativo. A crítica mais evidente (e,
assim, inspira-se na com unicação face a face
comunicação por isso, ma.is
mais explorada na literatura) diz res- res­
entre
enhe indivíduos privados, o que impõe um uma a peito à impossibilidade prática de efetivação
nova série de problemas. · de um
um debate envolvendo todos .os interessa-
os interessa­
E
É umumaa com unicação gerada pelo con­
cor:nunicação con- dos, em sociedades extensas e populosas como
vívio entre indivíduos como tais, isto isro é, que as contemporâneas. É o problem problema a típico das
não se apresentam
apresentam como representantes
representances ou fantasias de ressurgimento da dem democracia
ocracia ddi-

porta-vozes
porca-vozes de grupos ·específicos.
específicos. De fato, faro, reta, das quais o deliberacionismo
deliberaci9nismo parece, por
em nossa vida cotidiana, em bora tenham
embora tenhamos os vezes, s,er umumaa vertente.
vertente. Trata-se de um um traço
consciência de que o indivíduo A é negro e o obra .de H
marcante na obra.de Habérmàs.
aberm as. Ele vê com com
indivíduo
indivíduo B é branco, e mesmo que precon­ precon- suspeita todas as formas de mediação, aí in­ in-
ceitos
ceiros sobre o caráter de negros e brancos in­ in- cluídos tanto
tanto a representação política
polícica como
como
fluenciem nossa atitude,
atitude, não imaginamos que que os meios de com comunicação
unicação de massa (Peters,
A e B estão '‘representando”
"representando" seus grupos ra­ ra- 19.93) - _e escapa delas m
1993) mediante recur- ·
ediante dois recur­
ciais, no sentido
sentido político
político do term termo,o, nem
nem es­es- sos. Primeiro,
sos. Prim•eiro, a elevada abstração ·de cons-
de sua cons­
peramos que pautem pautem suas ações pela prom promo-. o­ trução teórica, que que perm ite fugir ao enfren-
permite enfren-
ção dos interesses de grupo. / tam ento com
tamente c~m limitações (inclusive físicas) das
O problem
problema a é que a comunicação
comunicação face a sociedades
sociedades_reais. Depois, a distinçãodistinção entre
encre a
face é um um modelo
modelo· im próprio para
impróprio para o enten­
enten- estrutura adm
estrutura administrativa
inistrativa (em _que q ue são tom
tomâ-a­
dim
dimento políti0I-, exatamente por
ento da política, por descar­
descar- das as decisões e operam
operam os mecanismos
mecanismos re­ re-
tar aa questão
questií,o da representação. Nas as sociedades
sociedades presentativos) e a esfera pública
presentativos) pública discursiva,
discürsiva,
contem porâneas, com
contemporâneas, com sua sua com plexidade e
complexidade que
que é o pólo
pólo carregado
carr~gado de positividade
positividade_~ e que
que
dimensões, a representação
representação é ineludível - e aparentemente
aparentem prescindiria da representação,
ente prescindiria representação,
é este o fato que que torna
torna complexa
complexa a ·constru-
constru­ efetivando-se
efe~ivando-se num numa a m ultiplicidade ·de
multiplicidade de locais
locais
ção
ção dede qualquer ordem dem ocrática
ordem democrática que su- que su­ emmomenros.
om entos.

15
15
As respostas dadas por outros teóricos teórjcos da problema da escala é um
O .problema umaa faceta do ir­ ir-
corrente ao desafio da escala da deliberação - real is mo ·que
realismo que contam
contaminaina ·boa
boa parte da teoria
~ambém insatisfatórias. 122 Cc?he;
tam bém são insatisfatórias.1 Cohen (1997;(1997, deliberacionista. Ao postular d~terminadas
. deliberacionisca. determ inadas
sim plesm ente que trabalha
p. 84) diz simplesmente tr~balha num num "c~ndições id~ais" e trabalhar com elas, obs:..
“condições ideais” obs­
nível de geqeralidade
generalidade tal que objeções de táculos do mundo
cáculos m undo real somem como num num
caráter prático não se aplicam. Aq~eles
caráte'r Aqueles que . passe de mágica.
mágicà. E É o caso, notadamente,
nocadamence, da de­ de-·
buscaram gerar modelos efetiváveis de demo- dem o­ sigualdade material e do controle dos meios
'cracia. postulam , em geral, are-
cracia deliberativa postulam, a re­ de comunicação de massa, canais essenciais do
dução drástica da população a ser abrangida, processo com unicativo nas socied~des
comunlca~ivo sociedades ~on- con­
m uitas vezes por meio do uso de sorteios
muitas sorteios.. O cemporâneas (Chambers
temporâneas (Cham bers e Kopstein, 20Ül,
2001,
ideal seria efetivado apenas no microcosmo, p. 858; Dean, 2001, pp. 624 e 628; -Schauer, Schauer,
pequeno o suficiente para evitar a contami- contam i­ 1999;
1999, p. p. 23; Miguel, 2000.a,
2000a, -pp.
pp. 63-64).
nação pela repres~ntação
representação política e _pela pela mmí-í­ O u tro ponto
.Outro ponro da crítica
crícíca diz respeito
respeita à
d ia — capaz de
- isto é, ·capaz d_e se guiar pela comunica-
com unica­ valorização do consenso.
con enso . Para os_ os delibera~
delibera-
ção face a face (Dahl, 1990, pp. 122-125, cionistas, a busca da concordância tam bém
também
1989;
1989, p. p. 340; Barber, 1984; Fishkin, 1991; éé_um
umaa característica própria da ação discur­ diss:ur-
urnheim,, 1996)
Burnheim 1996)..· Mas ·se se trata da simples siva; conforme diz Carol G ould, "o_
Gould, do
“o telos do_
· transferência da ·questão,
q uestão, já que o pri• principal
ncipal discurso, o que caracteriza seu objetivo e seu
problema levantado pela representação (a vin- mérodo,
m étodo, é a concordância. [[...] .. .] Diversidade
culação entre representantes e representados) pode ser a condição original de um discurso
ressurge na relação entre o povo e sua amos- amos­ polivocal, mas a univocidade é seu princípio
tra aleatória.
aleatória. · · · norm ativo” (1996, p. 172). Independente-
normativo" Independente­
O mesmo _se pode dizer daqueles que res­
queres- m ente da avaliação que se faça desta obs,er-
mente obser­
tringem
tringem o espaço da deliberação a fórúns fóruns já vação sobre a natureza do discurso, elá ela repre­
repre-
constitu ídos de representantes. O
constituídos Outras
utras al- al­ senta um ponto de .partida partida pouco
pou<:o confiável
ternativas incluem privilegiar o aspecto de­ de- para a compreensão dos embaces embates políticos,
liberativo em detrimdetrimento
ento do· democrático,
do dem ocrático, que possuem um um acentuado caráter agonís-
julgando que o ideal se efetiva na ação de ór­ ór:- rico, em que o êxito vale mais do que a har-
. tico, har­
com'a
gãos com o a Suprema
Suprem a Corte C orte dos Estados
Esta.dos monia. Sob.rerudo,
Sobretudo, d~considera
desconsidera o fáro fato de que
. Uni'dos
Unidos ou de "elices
"elites capazes e virtuosas”
virtuosas" (Bell, os interesses,
interesse~, muitas
rriuitas vezes, falam mais alro alto
1999); confiar nas novas tecnologias da in­ in- do que as razões (Schauer, 1999; Shapiro,
formação como férrame~tas
ferramentas que transcende­
transcende- . 1999) - por sinal, um tem cernaa recorrente da re­ re-
riam as limitações
limicaç9es ·dede espaço que impedem imp~·dem flexão sobre a polícica,
política, desde a Amigüidade.
A ntigüidade.
a dem
democracia direta;1133 ou, .aind,
ocracia direta; ainda,a, enfatizar o em todos os democratas
N·em deliberaciv.os
dem ocratas deliberativos
aspecto “interno”
"interno". do processo deliberativo, partilham
partilham dessa valorização exclusiva do con- con­
pelo qual cada indivíduo busca consid~rar considerar senso. G utm ann e Thompson
Gucmann T hom pson (1996), que
as razões de todos os outros o·i:uros dentro de sua pertencem a um
pertencem umaa vertente refratária à in- in ­
mente
m ente (Goodin,
(G oodin, 2000). Em Embora
bora engenhosa, . fluência de Haberm Habermas,as, inspirando-se antes
esta última
últim a solução compromete
com prom ete o funciona-
funciona­ julgam que a deliberação reduz a
em Rawls, julgam
m ento do principal benefício
mento b~nefício esperado com zona de discordância
~iscordância sobre questões polêm polêmi- i­
·aa deliberação coletiva: oo_ comaco contato com argu­ argu- cas, mas não a ponto ponto de eliminá-la, gerando
m entos e perspectivas alheios,
mentos alheios; o que exige sobretudo respeito m útuo entre os defensores
mtituo
interação real, não n?O apenas imaginária, com de posições divergentes.
divergentes. John Dryzek (2000; (2000,
os outros.
outros. p. 170) acredita que a meta m eta é um um consenso

16
m itigado, em que todos
mitigado, concordam quanrn
rndos concordam quanto capital econômico ou cultural _- são, um umaa vez
ao curso de ação a ser seguido, "mas “mas por dife­
dife- mais, privilegiados. Mais do que postular a
razões". 14
rences razões”.1
rentes superioridade da ação com unicativa e exor-
comunicativa exor­
É diferente a posição de Btrnard
Bernard MMan"in,
anin, cizar a ação estratégica ou, ainda,
ainda, fantasiar um
que defende a ampla am pla participação na discus-
discus­ espaço em que a racionalidade pura dos indi- indi­
são como um m étodo de legitimação,
um método legirimação, valio­
valio- víduos dialogue consigo mesma até alcánçar alcançar
so justam ente por escapar da exigência (im-
jusramente (im­ o consenso, éi:. necessário e.ptender
entender que desi-desi­
plícita) de unanim idade presente i::ia
unânimidade na vontade gualdades estruturais desequilibram as inte­ inte-
geral de Rousseau (e mesmo nas decisões to to-­ rações entre os diferentes
diferences agentes sociais. _
madas pela regra da maioria, já que elas per­ per- É possível identificar crês
três dimensões nas
dem legitim idade à medida
legitimidade m edida que são menos·
menos quais se manifestam
manifestam· os vieses da deliberação
unânimes) : "uma
unânimes): legfrima não repre­
“um a decisão legítima repre- pública, ligados a desigualdades socialmen-
socialm en­
senta a vontade de todos, mas é aquela que quanto a: (1) capacida~e
te estruturadas quanro capacidade de
todos ’ (Manin, 1987,
resulta da deliberação de todos" identificação dos próp_próprios
rios interesses; (2) ca­ca-
pp.. 352).
352). Outros
O utros enfarizam
enfatizam que, num num contexto
concexco pacidade de utilização das ferramentas 1is- dis­
de deliberação
deÜberação co coletiva,
leriva, a barganha é um ins­
um ins- (-3) capacidade de "_
cursivas; e (3) universaliza-
“universaliza­
trum
trumento alrernativo à argumentação,
ento alternativo argument~ção, e igual­
igual-
. ção"
ção” dos próprios interesses.
aceirável (Elster, 1998, p. 6; Gambetta,
mente aceitável Gambetta,
O primeiro ponto está ligadolig;do ao próprio
própr_io
1998, p. p. 19)
19).. Isto
Isco é, o com
compromisso
prom isso é umumaa
conceito de "interesse",
“interesse”, crucial para o enten-
en ten­
opção ao consenso.
dim ento das práticas políticas e alvo de tan
dimento tan-­
· Por fim, em vez de prom prometer
otor da eman-
em an­
tas polêmicas. O conceito ·não não encontra so- so­
cipação, o _ideal
ideal deliberativo pode se revestir
lução satisfatória em nenhum
nenhumaa das estratégias
esc~atégias
de um caráter profundamente
um carárer profundam ente conservador.
mais correntes daqueles que tentam tentam defini-
A exigência de consenso, e~ em especial, para-
para­
lo. N ão
ão é possível depreender um interesse
lisa a ação política, preservando o statu quo.
“objetivo”, a partir das condições sociais do
"objetivo",
Mas a própria deliberação tam bém pode ser
também
paralisante e prorelacória.
protelatória. Por exemplo,
exemplo, con-
con­
agente, como quer o · marxismo convencio­ convencio-
nal -—sobretudo nas sociedades contemporâ-
contem porâ­
vites para-que
para que representantes de movimentos
participem de fóruns deliberativos neas, onde òsos cidadãos desem penham m
desempenham últi­
múlti-
sociais participem
podem implicar na legirimação
podem insritu.i- -
legitimação de institui­ plos papéis, cujos interesses "óbvio(
“óbvios” podem
podem
ções injustas,
i~justas, levar à desm obilização e ao
desmobilização contraditórios. Tam
· ser contraditórios.- bém não é aceitável
Também
abandono de formas de intervenção mais efi- efi­ afirmar um ·interesse úni~o universal -—a m
interesse único ma-a­
cazes e ser, rµuitas
muitas vezes, um umaa via de coopta- ximização da própria satisfação, segundo os
.ção. Na verdade, o ativismo
~tivismo político - que foi, utilitaristas - ignorando as condições sociais
historicamente,
historicam ente, o principal meio de prom promo- o­ de geração
geraçãq das _preferências. Afinal, tais in- in ­
ção dos interesses dos grupos dom dominados
inados - teresses não são dados da natureza. Eles El'es são
com
con:i freqüência exige a interrupção do pro­ pro- construídos, num processo que depende tanto
cesso deliberativo e a adoção de medidas ime­ ime- dos recursos cognitivos de que dispõe o su- su­
diatas (Young, 2001). · jeito como de códigos sociais com partilha­
compartilha-
Cabe observar, enfim, que os mec~nis- mecanis­ dos.. Por fin:i,
dos fim, a resposta liberal padrão, mais
mos de deliberação pública tam
rnos bém possuem
também um a vez de raiz
uma rai°z utilitarista, segundo a qual
v~eses e favorecem o atendimento
vieses deter-
atendim ento de deter­ “cada um é o melhor
~'cada m elhor juiz seus próprios
juiz de .seus
minado
m inado tipo de interesse.
imeresse. Os ·grupos domi-
grupos dom i­ interesses”, descarta qualqu~r
interesses", qualquer possibilidade
_nantes -—isto _éé,, aqueles que possuem maior de crítica dos constrç1.ngi'memos
constrangim entos cognitivos e

17
m anipulação ideológica a que estão sub-
da manipulação sub­ que ele prevê,.nas
prevê, nas situações concretas de fala· fala-
pessoas.
metidas as pes~oas. a identidade do emissor
em issor não é irrelevante
Tais dificuldades não indicam que o me-
Taís me­ para a consideração que é dada a seu di- s-
dis­
1lhor cam inho seja descartar a noção de in-
.hor caminho in­ . curso. As diferentes posições na s~ci~dadesociedade
teresse . (como fazem,Fazem, por outros motivos, conferem diferentes graus de eficácia dis- dis­
algumas concepções deliberativas), mas sim
algum~s cursiva a seus ocupantes. Pesam, sobretudo)
sobretudo,
que é necessário entender os interesses corno como o reconhecimento
reconhecim ento social de cada posição e
produtos sociais. Grµpos G rupos subalternos ou do- do­ a capacidade de imporim por sanções negativas ou
m inados têm menoi::
minados m enor condição de produzir positivas, fato· res que estão estr~itamente
fatores estreitam ente
a u to n o m a m e n te seus próprios
aurnnornamente p ró p rio s interesses associados ao exercício do poder político e
por conta de diversos mecanismos cumula- cum ula­ econômico.
tivos. Eles são mais suscetíveis às pressões Ainda quando a identidade
iden cidade do falante é
cruzadas, evidenciadas por Offe e Wiesenthal W iesenthal ignorada, a fala ~rrega
carrega marcas que a valori-
valori­
(1984 [1972)) para a classe trabalhadora, mas ~ zam ou desvalorizam: prosóaia,
[1972]) pa,ra prosódia, sintaxe, so-so­
que estão presentes também tam bém para outros gru- gru­ taque; e o mesmo pode ser dito, afortiori, dà da
pos subalternos, dificultando a determinação linguagem .escrita (Bickford, 1996, pp. pp: 97-
de um interesse unívocounív~co (em especial o dile­ dile- 98). Trata-se de problem
problemaa que não receberes-
recebe res­
m a entre assimilação individual e progresso
-~a posta adequada dos teóricos deliberativos;
coletivo)
coletivo).. · afi~al,
afinal, "preconceito
“preconceito e privilégio não surgem
surgem
Além dis~o,
disso, os grupos sub.µternos
subalternos têm nps
nos cenários deliperativos
deliberativos como razões más e
m enor acesso aos espaços de produção social
menor não são revidados por bons argum argumentos.
entos. Eles
sentido, em especial '(mas
de sentido; (mas não só) o apare-
apare­ são demasiado furtivos, invisíveis e pernicio-
pernicio­
lho escolar e a mídia.míd~a. Isto significa que eles J997, p.
sos" (Sanders, 1997,
sos” p: 353). A visão racio-
estão constrangidos a pensar o m undo, em
mundo, nalista do processo político leva a ignorar
ign9rar ou
grande medida, a partir de códigos empres­ empres- minimizar
m caráter de impermeabilidade à
inim izar o carátér
tados, alheios, que refletem mal sua experiên­ exp~riên- ?ºs
discussão racional de boa parte dos obstácu­
obstácu-
cia e suas necessidades.
neéessidades. Estreitam
Estreitamenteente ligado los que irnpe.dem
im pedem a efetivação do seu seu próprio
próprio
a isso há o fato de que eles possuem possuem menor ideal. E
ideál. É infundada a crença de John Dryzek Dryzek
disponibilidade
disponibilida1e de tem tempopo e espaços próprios
pr~prios (2000, pp. pp. 169-172)
169-172) de que que “mecanismos
"mecanis~os
nos quais poderiam
poderiam pensar seus próprios in­ in- endógenos" à deliberação racional exorcizam
endógenos” exorcizam
teresses e construir projetos políticos coleti­ coleti:.. seus inimigos (o discurso intolerante, a aver­ aver-
vos. Por fim, os grupos dom inados possuem
dominados possuem são àa diferença, o auto-interesse mesquinho).
um
uma a perspectiva lim itada do m
limi~ada_ undo social,
mundo Ela pressupõe que intolerantes, xenófobos,
própria
própria de um umaa vivência à qual é negada a estariam abertos àà discus­
racistas e egoístas estariam discus-
possibilidade
poss1bilidade de participação
participação nas principais
principais são. E pressupõe,
pressupõe tam bém , que tais com
tambén:i, por­
compor-
tomadas
tomadas de decisão, tanto tanto políticas como eco­ eco- tamentos
tam entos nocivos se s~·manifestam
manifestam sempre em em
enquanto os dom
nômicas, enquanto dominantes
inantes ficam a ' aberras, ostensivas - e,
suas formas extremas, abertas,
cavaleiro
c~valeiro do do restante da da sociedade (Bourdieu,
(Bomdieu, sujeitas à interpelação
portanto, sujeitas imerpelaç~o alheia.
alheia.
1~79, p.
1979, p. 520).
520). . O terceiro
O terceiro viés dodo ideal da democracia
democracia
A
A assim etria é agravada pela inferiori­
assimetria inferiori- corresponde a~ um
deliberativa corresponde um aspecto
aspecto espe­
espe-
dade
dade dos grupos
grupos dom inados no m
dominados.no anejo efi­
manejo efi- do problem
cífico do problema da eficácia discursiva: a
a da
caz das ferram
caz.das_ entas discursivas exigidas
f~rrarnenÍ:as extgidas - oo capacidade diferenciada
capacidade diferenciada de “universalização”
"universalização"
que
que corresponde
corresponde ao segundo segundo viés 'do do ideal
ideal própüos interesses. Um
dos próprios Uma vantagens
a das vantagens
dem ocrático-deliberativo. Ao
democrático-deliberativo. Ao contrário
contrário do <lo alegadas-do
alegadas procedimento
do procedim deliberativo é que
ento deliberativo que

18
obriga ao uso do vocabulário do bem comum. e0m~m. envolvidos e de ausência de desigualdade for- for­
ão é razoável enrrar
N ão numaa di
entrar num cussão dizen­
discussão dizen- mal e de coação - ,, mas ignora vieses que vi­ vi-
“quero porque
do "quero pàrque é m elhor para mim
melhor m im ’ , argu­
argu- ciam seus resultados.
resultados. Da mesma maneira
ma~eira que
m ento com pouca
mento pouca. possibilidade de gerar a a igualdade formal nas eleições, proclam
proclamadaada
sim patia ou a adesão dos interlocucores.
simpatia interlocutores. É pela máxima liberal '·um “um homem
hom em (ou um umaa
apelar a ;ormas
necessário apdar norm as universais de jus­ jus- •mmulher), voto", não garante paridade de
ulher), um voto”,
tiça ou a benefícios coletivos. influência política, o mero acesso de. de. ·todos
todos · ·
N oo entanto,
entanto, isto não significa.,
significa, como por discussão é ínsufici'en
aà ·discussãq insuficientete para neutralizar a ·
vezes os teóricos deliberativos
deliberativos_parecem pen- pen­ m aior capacidade que os poderosos têm de
maior
sar, que
que-0o interesse egoísta está banido. O fato promoverem seus próprios interesses.
de que um umaa preferência
preferencia vinculada a benefí­benefí-
cios particulares se traduz num num' discurso uni-
versalista, sem que deixe de ser auto-incet;es-
auto-interes- O Rep~blicanismo
Republicanismo Cívico f
sada, é banal e constatável nos embates políti- políti­
cos cotidianos.
cotidianos. A defesa do capitalismo pelos Em bora de forma
Embora form a mais sutil do que na
exemplo, raras vezes é feira
capitalistas, por exempl9, feita vertente liberal-pluralista, ·também
tam bém para os
em nome.
nom e dos privilégios de que usufruem. demoçraras
dem ocratas deliberativos a política aparece
15
geral, apela-se à prosperidade geral, à
Em gêral, como um umaa atividade instrum
instrumental.
ental.1 '5Ela é um
úm
inovação tecnológica, à criação da abundân­ abundâ~- meio para
paras~se alcançar o consenso, talvez seja
cia e de novas oportunidades, enfim, a sub- sub­ indispensável para oó cum prim ento de certas
cumprimento cerras.
produtos da busca do lucro que term inariam
terminariam funçõ~s,
funções, ·m ás não é um
mas um bem
bem em si ,mesmo.
mesmo.
por beneficiar a todos. O caráter secundário da política é nega­ nega-
Mas os grupos dominados
dom inados têm têm menor·
m enor do por uma
um a _longa
l onga tradição, que vai exaltar a
capacidade de traduzir seus interesses num numa a rom ana como
cidade grega e romana com o ideal a ser imi-
im i­
· retórica universalista. Isto se deve, em pri­ pr~- loc.tl em que a par.
tado - um local ticipação nos
participação
meiro lugar, à prempremência
ência -de
de suas demandas negócios públicos era tida como o ápice da
específicas, que os faz exigir mudanças ime­
muc;lanças ime- realização humana. Com Como o sintetizou H annah
Hannah
diatas, com beneficiários e prejudicados m mui-
ui­ [1957], p. 40), aa· polis era a ■
Arendt (1987 (1957),
com o é o caso das políticas re-
to evidentes, como esfera da_
da liberdade, enquanto a .necessidade·
necessidade
distributivas ou de ação afir~ativa.
discribU:rivas afirmativa. Deve-se, imperava na esfera familiar-econômica,
familiar-econ.ômica, onde .
tam bém , ao fato de que os interesses de tais
também, transitavam mulheres e escravos, responsá­
transitavam .mulheres r~sponsá-
grupos se posicionam co ntra as visões de
posicionam contra veis pelas tarefas de produção (e reprodução)
m undo hegemônicas, e precisam realizar o es­
mundo es- do m undo
u.q.do material.
forço extra de desnaturalizar categorias so-· so­ republicanism o traz, assim, a marca
O republicanismo
ciais e pr6por
propor modelos de sociedade altema- alterna­ da revalorização de um um elem ento presente
elemento
.civos. resulta.d o é que á
tivos. O · resultado a retórica universal no pensamento
pensam ento político clássico e ·moderno,
m oderno,
tende
rende a ser m onopolizada por alguns grupos,
monopolizada mas que o individualismo liberal descartou.
enquanto outros têm suas preocupações es- es­ Parte significativa do seu impulso,
impulso. deriva da·da
tigmatizadas
tigm como
atizadas com o "particulares,
“particulares, parciais ou obra de historiadores das id~ias,
idéias, como Q u en ­
Quen-
egoístas” (Bickford, 1996, p. 16).
egoístas" tin Skinner (1996 (-1978),
[-1978], 1998) e J. J. G. A.
Fica claro que
q!-,le o modelo deliberativo pos­ pos- Pocock (1975). Eles Eies foram importantes
im portantes so-so­
tula um
umaa forma legítima de produção de de­ de- bretudo -por
por recolocarem o pensam
pensamentoento de
cisões coletivas — - legítima por preencher seus Maquiavel em em- relação à sua ·época
época (ao lado
próprios critérios, de inclusão de todos os . Guicciardini
. de Guicciardi_ ni e outros), em relação aos seus

19
filósofos morais romanos,
antecessores, os filósofos. que percebem a sociedade como mera agre-
agre­
com o Cícero, Lív!O
como Lívio e Salúsrio,
Salústio, e em relação gação, ou seja, um estabelecimento instru-.~
instru­
àqueles que seriam influenciados por ele nos para a realização de interesses priva-
mental pàra priva­
séculos XVII e XVIII, sobretudo nos países dos. Em seu lugar, ele apresenta -o
d?s. o projeto de
de língua inglesa, dos dois lados do Arlânci- A tlânti­ · um a associação, onde se cria uma
urna um a verdad~ira
verdadeira
co, isto é, radicais ingleses comó como Hatringron
H arrington identidade colêciva
coletiva (Rousseau, 1964 [1762),[1762],
M ilto n e os promorn-
e Milton p ro m otores
res da Revolução p. 359)
359).. Essa associação não é guiada pela
Americana. busca do bem individual ou pela expressão
O Maquiavel D iscorsi O.
M a q u ia v e l dos Discorsi (1 9979
79 de um interesse majoritário, mas pela vonta- vonta­
16
[1513]),1
(1513)), 6 assim, ocupa uma um a posição central de geral, a categoria mais compl~x.
complexaa do pen- pen­
Jean-Jacques
no republicanismo, ao lado de Jean-Jacques sam ento de Rousseau. N ão é a vontade ma-
samento m a­
Rousseau, que no século XVIII apresentou a nifesta pela maioria, nem mesmo a "yo ntade
“vontade
im portante alternativa ·à teoria demo-
mais importante dem o­ todos”, que o autor desdenha como
de todos", com o não
crática liberal. Tanto um com como o o oucro
outro se mais do que "uma
sendo maís “um a sorna
soma de vontades
encontram no pólo oposto da concepção in-
encontram in­ particulares” (Idem, p. 371). É a vontade do
particulares"
·. dividualista e liberal, que localiza o exercício cpdo
tpdo social, do "eu-comum"
“eu-com um ” que nasce com a
da liberdade na esfera privada, que deve ficar associação.
im une, tanto quant~
imune, quanto possível,
possfvel, da interferên­
interferên- A vontade
vontade· geral não é, para o filósofo
. cia
eia repressiva do Estado. Eles entendem
entendem· a li- li­ genebrino, a resultante do debate público de
debace ·público
berdade como "ausência
“ausência de dominação”;
dominação"; ·por- por­ todos,
rodos, como acreditam alguns intérpretes que
tanto, exige a participação ativa na vida
tanto, ela exige· tentam ver nele um
tentam um "democrâ.ta deliberati-
“dem ocrata deliberati­
pública. C om o diz Skinner, ao defender a
públ_ica. Como vo' (Wokler, 1995, p. 117). A vontade geral
vo”
atualidade de tais
cais pensadores, o risco de tira­ tira~ metafísico. Gerada no m
possui um caráter metafísico. mo-

nia sempre estará presente se não não formos ca- ca­ m ento do estabelecimento da associação, ela
mento
pazes de dar “prioridade
"prioridade aos nossos deveres permanece sempre pura pur"a e cerca,
certa, ainda qquan-
u an ­ .
cívicos sobre os nossos direitos individuais”
individuais" toma
do a coletividade tom a decisões erradas. É que
(1992, p. 223).
223) . Rousseau a diferencia da deliberação políti­ políti-
Ao mesmo tem tempo,po, am bos consideram
ambos consideram cem por objetivo identificar (e não
ca, que tem
que tal
cal participação deve ser · marcada pelo podendo ser m
produzir) a vontade geral, podendo me-

com prom isso com
compromisso com interesses gerais da com comu- u­ nos ou mais feliz no cum cumprimento
prim ento da tarefa.
nidade, que estão acima dos interesses pri­ pri- . A discussão pública é útil como processo edu­ edu-
vados ·de
de cada um um de seus integrantes. M Ma-a­ cativo dos cidadãos, mas nada nad_a cria; a vonta­
vonta-
quiavel, seguindo
seguindo os autores clássicos, usa o de geral lhe precede e é superior a ela. ela.
vocabulário da “virtude
"virtude cívica”.
cívica" . Rousseau está Além disso, a abordagem
abordagem que Rousseau
Rousseau
mais próximo
próximo da expressão contem porânea,
contemporânea, comunicação é peculiar. Em
faz da comunicação Em seus nnu- u­
. o “bem
"bem com
comum"um ”.. NNumum caso comcomo o no
no outro,
outro, . merosos textos autobiográficos
3:utobiográficos e sobretudo
sobretudo
o substrato
substrato é o mesmo,
mesmo", comcom claro'
claro· conteúdo
conteúdo no mais imimportante Confis~ões, fica .
portante deles, as Confissões,
norm ativo. A ação política não pode
normativo. pode se resu­
resu- patente
patente que um uma a das experiências decisivas
decisivas
.m ir à barganha
mir barganha -ou ou ao com prom isso entre
compromisso entre em sua formação foi
em foí o sentimento^da
sentimento-da opaci­
opaci-
preferências individuais; ela deve pensar pensar no no dade
da~e de cada
cada indivíduo
indivíduo em em relação ao outro,
outro,
benefício
benefício da coletividade. que
que a linguagem
linguagem era era incapaz
incapaz de su p erar
superar
A expressão
expressão mais elaborada
elaborada desta posi­ posi- . (Rousseau,
(Rouss~au, 1959
1959 [1770]).
(1770)) . Já foi dem onstra­
demonstra-
ção está nana obra m adura de Rousseau, em
madura em da
da a im portância deste
importância deste dado
dado para
para a comcom-­
sua crítica
crí~ica aos autores
au.c?res contratualistas
concracualistas liberais,
liberais, preensão de
preensão de sua
sua teoria
reoría política
política (Starobinski,
(Starobinski,

20
20
1991 [1971 ); Baczko, 1974 [1970))
[1971]; [1970]).. É pos­
pos- rnocrática, sobre a fundamentação
mocrática, fundam entação da moral
sível dizer que até mesmo o isolamento qua­ qua- e sobre a c~nstituição
constituição do "eu".
“eu”. Contra
C ontra o uti­uti-
perfeita dos indivíduos no estado de na­
se perfeito na-· litarismo e· e o individualismo . liberal, a co_ r-
cor­
tureza, tal como descrito no Segundo discurso rente afirma o encaixe (embeddedness) do ser
reme efirma
(Rousseau, 1964 [1755)),
[1755]), é a eXLerrializaçáo
externalização humano
hum ano no ~o meio social (Maclnryre,
(M aclntyre, 1981.;
1981;
desta realidade íntima_.
íntim a. Diante
D iante de tal descon-
descon­ Walzer, 1983~Taylor,
1983;Taylor, 1997 [1989]).Aiden-
[1989]). A iden­
fiança em em relação às possibilidades da comu- com u­ cidade pessoal e a concepção do bem dos
tidade do~ in in-­
nicação, fica claro que Rousseau não seria divíduos são g~radas
geradas na soci~dade
sociedade e só· só são
capaz de produzir um umaa teoria deliberativa d~ da inteligíveis dentro desta m moldüra.
oldura.
democracia. O alvo é Rawls (1997 [1971))[1971]) e, de fato,
-Por
Por outro lado, não é difícil traçar um umaa muito
m uito da corrente nasce como uma um a resposta
genealogia ligando o autor do Contrato tan- tan­ a Uma teoria da justiça. Para apresentar sua
to aos republicanistas com como o aos participa- concepção .de. umaa sociedade bem
de.um bem ordenada ·
cionistas, o que será discutido na próxima como sendo aquela a que chegariam chegari~m indiví-
indiví­
seçáo.
seção. D entro do republicanismo cívico, é es-
Dentro es­ duos· racionais desprovidos de preconceitos,
duos
·pecialmeme
pecialm ente m marcante
arcante sua vinculação com com Rawls cria o artifício da · “posição
ªposição original”.
original".
umaa subcorrente específica, o chamado "co-
um “co- ela,
Nela, todos debateriam .cobertos
cobertos pelo "véu
“véu
munitarismo";
m unitarism o”, que valoriza a com comunidade
unidade incerteza”, isto é, desconhecendo suas ca-
da incerteza", ca­
como
com o fonte de identidade, de valores e do do· rac~eríscicas
racterísticas particulares - ·o
o que inclui d_esde
desde
bem comum
bem com um .. sexo, orientação sexual e raça até a ·geração geração
A fusão que faço aqui, entre republica­
republica- ou a própria concepção do bem. Assim, como .
nistas e comcomunicaristas,
unitaristas, não está isenta de meras encarnaçõ~s
encarnações de um umaa m mesma
esm a Razão
arestas. Michael Walzer (1992), po~ por exem-
exem­ universal kantiana, as pessoas deveriamdeveriam che- che­
plo, divide diferentes correntes do pensamen­
pensamen- gar aos dois princípios
ptincípios da justiça que o pen­ pen-
to político 'de
de acordo com o local que indicam sador estadunidense enuncia em seu tratado.
para a realização da "boa “boa vida": o
vida”: o mercado, N oo vocabulário dos com unitaristas, acu- acu­
espaço da escolha e da liberdade, para oô libe- libe­ sa-se Rawls (e o liberalismo como um um todo)
todo;
ralismo; o _trabalho criativo,
criativo, em que se obje-
obje­ de trabalhar com um concepção do indiví­ indiví}
tiva a essência hum humana,ana, para o marxismo; a duo como "separado"
“separado” de suas características.
· pátria, onde estãoes_tão presentes os laços "reais''
“reais”,, Quer
Q uer dizer, não leva em conta coma que "eu" “eu” só
de sangue, para o nacionalismo.
nacionalismo. E distingue sou "eu"
“eu” porque tenho ceréas caractekísticas,
certas características,
republicanismo,
o republicanism o, ' que localiza
localiza. a "boa
“boa vida"
vida” cerca."concepção
inclusive certa “concepção de bem bem", ”, que an­
an-
na polis, onde os cidadãos afirmam afirmam sua li­ li- coram m minha
inha personalidade. Se as caracte­caracte-
berdad e pelo aro
berdade ato ·de
de debater e decidir, do co- rísticas fossem outras, eu simplesmeni:e
sim plesm ente não
.- munitãrismo,
m unitarism o, para quem quem ela está na socieda-
socieda­ seria eu:
eu: seria um
umaa outra pessoa. Isto não quer
de civil, espaço da solidariedade. Mas creio indivíd~o Qão
dizer que o indivíduo não possa·
possa se ·trans-
trans­
que existem boas razões para fundir as duas formar, às vezes çle formaa radical, mas _sem-__
de form sem­
perspectivas, conforme pretendo dem demonstrar
onstrar pre mediante um processo específico, de um uma a ..
adiante. trajetória de vida determinada.
determ inada. C Como
om o diz
A idéia subjacente à valorização da ex­ ex-- Maclnryre
M aclntyre (1984, -pp.-140-141)
pp. 140-141),, é preciso ver
periência comunitária
com unitária é que, sem o sentimen-
sentim en­ o ^self
^ cconstituído
o n stitu íd o como parte de um umaa história
to de pertencimento
pertencim ento a uma um a coletividade, ne­ ne- de vida, situado numa num a trajetória, em relação
nnhuma
h u m a sociedade pode s~bsistirsubsistir - o que aos outros, com com s~as· trç1.jetórÍas. E
suas outras trajetórias.
combina
com bina discussões sobre -~ organização. de-
a organização de­ Rawls, em suma, levaria às últimas canse- conse­

21
qüências uma um a característica de · todo·to d c roo li-
li­ da coletividàde.
coletividade. Sande!Sandel afirma que os ativis-ativis­
beralismo, que considera o indivíduo uma um a tas dos direicos
direitos civis têm direitos porque pro- pro­
abstração. . movém
movem uma um a sociedade melhor, ao contrário
com unitarista patece
A vertente corymnicarisca parece flertar, dos neonaziscas.
neonazistas.
m uitas vezes, com o discurso da direita mais
muitas Em últimaúltim a análise, porém, os direitos
tradicional, que enfatiza a necessidade de pro- pro­ concedidos aos indivíduos seriam aqueles vin- vin­
determ inados "valores"
teger determinados “valores” (em geral fami-
fami­ culados aos valores compartilhados
com partilhados pela co- co­
contra os riscos do indivi-
liares e religiosos) con~ra indivi­ munidade,
m unidade, que delimitaria
delim itaria os parâmetros da
obra.de
dualismo. A obra. de Christopher Lasch, em diferença legítima -—já qué que não há outro juiz
particular, exemplifica tal posição -—num au- au­ para determinar
determ inar quais fins são moralmente m oralm ente
considerava-àà esquerda no espec-
tor que se consi4eravà· espec­ . bons e quais são nefastos. Nas as sociedades con-
con­
tro político estadunidense. Ao lado da defesa temporâneas, m·arcadasmarcadas pela pluralidade de
um a concepção ~radicional
de uma tradicional de família culturas, ~é drfí-
· estilos de vida, de valores, de culcur~s, difí­
(Lasch, 1991 [1978]), apare.aparecemcem os vilõe~
vilões que cil imaginar que um- u m tal consenso ou quase-
com unidades, um
destroem as comunidades, umaa lista que in­ in- consenso seja possível (ou mesmo desejável).
clui em prim
clui· eiro lugar o mercado;mas
primeiro mercado, mas tam tam-­ Diánte
D iante do desafio ·do 'do multiculturalismo,
m u lticu ltu ralism o ,
bém o femi~i"srno,
feminismo, o declínio da autoridade Sandel (1994, p. 7) sustenta que a intolerân-
Sande! intolerân­
na escola e àté
até a dessegregação racial n©s nos bair-
bair­ cia nasce
nas_ce do do-abandono
abandono das tradições e da per- per­
ros. C om isso, estariam ·sendo destruídas a
ros. Com da de raízes. -Ou O u seja, a comunidade
com unidade seria a
família, a vizinhança, a igreja e a escola, ·isco isto solução, não o problem problema. a. Mas isso é" é mais
· é, as instituições que fornecem a "disciplina
“disciplina wishfal
wishful thinking do que um umaa conclusão sus- sus­
formadora de de·caráter”
caráter" e também o sentimento evidências..
tentada em evidências. ,
17
de cómunidade
com unidade (Lasch, 1995, p. 117). 117).1 Por outro lado, como ainda observa San- San­
Mas os autores mais interessantes da cor- cor­ d~l (1994, 1998), a solução de Rawls (e dos
del
rente se preocupam
preocupam em assegurar que não liberais em geral)geral) é buscar a "neútralidade"
“neutralidade”
negam
negam os direitos individuais, nem nem julgam
julgam quanto a valores e concepções do bem. Mas
que
que. as minorias devem .se se curvar aos valores
vatores· tolerância, liberdade e equanim equanimidade
idade são va­va-
da maioria.
maioria. M ichael Sandel (1998, pp. ix-
Michael lores tamtambém, podem ser defendidos
bém , e não podem
xvi), em especial, explica que o que ele com com-­ com a pretensão liberal de
com de isenção de valo­valo-
bate é a visão
visãÓ liberal de que os indivíduos res. A questão do aborto abono o mé melhor exemplo ·
elhor exemplo
po'ssuem direitos apriori, independentem
possuem independentemen- en­ umaa discussão ética em
de um em que fica claro que que
te de sua concepção
concepção de bem
bem. . Para ele, trata-
trata- ·direito
direito e valores não podem podem ser considerados
considerados.
se do inverso: um um direito 1 é reconhecido comocomo separadamente.
separadamente.
tal quando
quando serve a algumalgum fim moralmente
11_1oralmente im­im- Mais do que apresentar um uma cons~rução
a construção
portante.
portante. Essa regra ajuda aa, resolver alguns alguns teórica que supere o liberalismo e, e~ assim, aju­
aju-
casos
cas~s espinhosos
espinhosos para a concepção
concepção liberal de const~uir um
de a construir uma t~oria aprim
a teoria aprimorada
orada da de­de-
justiça; perm ite, por
permite, por exemplo, que se conce­ conce- mocracia, o com comunicarismo
unitarism o é útil parapara assi­
assi-
da liberdade
liberdade de d!= manifestação para ativistas
~tivistas pensamemo liberal. O tom
nalar as aporias do pensamento com .
pelos direitos
direitos civis dos negros, mas não para para retrógrado que
retrógrado que tinge suas abordagens
abordagens tam tam-­
neonazistas.
ne~nazistas. Um Um liberal
liberal diria
diria que
que todos pre­pre- bém reduz
bém i:-e_d uz sua
sua utilidade
utilidade para
para o enfrentam
enfrentamen- en-
cisariam
cisariam terter direitos
direitos iguais, independente­
independente- co dos desafios da ordem
to ordem política
política contem
contem-­
m ente de seus objetivos. Um
mente Um com unitarista
comunicarista Segundo Gorz,
porânea. Segundo Gorz, umum crítico
crítico desta cor­
cor- ·
estrito
est~ito observaria que que som ente teriam
somente reriam direi­
direi- reme, há
rente, há “a
"a nostalgia
nostalgia de um um m mundo simples,
undo simples,
. tos os que
que com
comungam
ungam nos nos ideais
ideais da
da maioria
maioria transparente, pré-m pré-moderno,
oderno, no no qual
qual a socie­
socie-

22
22
dade funcionaria à maneira de um umaa comu-
com u­ tervenção corretiva do Estado, a com comunidade
unidade ·
origincÍ!ia' (1997, pp.
nidade originária' pp. 190- 191; ver
190-191; pode ser um viveiro da desigualdade e da pre- pre­
também
tam bém Mouffe, 1992).
1992). A aproximação com cariedade das4as condições materiais.
materiais. O resul­resul-
~ousseau,
Rousseau, desta vez com o rom romantismo
antism o do tado é, mmuitas
uitas vezes, a tutela da com comunidade
unidade
filósofo genebrino,
genebrino, mais um umaa vez é possível. por um "poderoso",
“poderoso”, çomo revelam os esque~ esque­ ·
Um dos alv<:>s
Um alvos da V ertente com
vertente comunicarista
unitarista e
mas políticos clientelistas e neoclientelistas.
é o Estado de bem bem-estàr
-estar social; d~
de fato, a co­
co- Para quem está na periferia do capitalis­ capitalis-
munidade,
m unidade, entendida como o terrenoterreno-dada "so-
“so­ mo, fica claro que a ~rítica
crítica do Estado de bem-
lidariedade concreta”,
concreta ', opõe-se tanto _ao ao neo- estar social exige antes a existência de um.
liber~ismo
liberalismo comocom o à intervenção estatal. O ão há dúvida -de
N ão de que a intervenção esçatal estatal
mercado promove o egoísmo e rompe a soli-· s o li­ permanente
perm anente desorganiza .redes redes comu~itárias,
com unitárias,
dariedade social, mas o Estado de bem-estar induz à passividade, faz com com _que o sentifI1ento_
sentimento '
promove a passividade, rom rompepe com o semi-
senti­ de responsabilidade
respo_nsabilidade mútua,
m útua, que existe entre
do de responsabilidade social, subst'itui
substitui a so-
so­ pessoas que vivem-em
vivem. em cqmum,
com um , s.ejaseja substi-
substi­
lidariedade horíwntal ruído pela dependência em relação à insti-
verei- _ . tuído
horizontal -pela assistência verti­ insti­
cal e burocratizada.
burocratizada: · ruição protetora.
tuição protetora. Aliás, .tudo isso já está ein· em
Lasch (1995) extrai ~m um exemplo eluci-eluci­ Tocqueville.
Tocqueville. Mas será que q{ie a "comunidade"
“com unidade” é
·datiyo
dativo .do
do livro clássico de Jane
Jane Jacobs (1993 a solução?
solução?.A _A interação "qu~nte"
“quente” entre ·mu- m u­
[l 961 ], p. 108) contra o planejam
[1961], planejamento ~r-
ento ur­ lheres das favelàs
favelas brasileiras, que cuidam
cuidam dos
. bano m modernista
odernista - livro que, aliás, se tornou
tornou filhos umas das outras devido à ausência de
utna·
um a das grandes fontes
fontes. de inspiração dessa atend_
atendimi mento
ento pré-escblar,
pré-escolar, pode ser vista sim-­
vi·sta sim
corrente. Um Umaa criança atravessa a rua sem paticamente
paticam ente como um umaa dem
demonstração
onstração de so­ so-
olhar para os lados e leva um umaa bronca do pi- lidariedade comun.itária.
com unitária. Mas não seria me­ m~-
poqueiro da esquina. M Muito
uito mais im
importan-
portan­ l~or
lhor garantir a todas -oo atendimento
atendim ento "frio" “frio”
te do que a regra de segurança no trânsito, o proporcionado por -uma um a creche sustentada
pipoqueiro está ensinando à criança um umaa li-li­ pelo Estado e operada por seus funcionários?
ção subjacente, pelo simples fato de d~ ralhar com Aliás, o e~emplo
exemplo mostra tam bém que a críti-
também críti­
ela: as pessoas são responsáveis umas pelas bem-estar; ·que
ca ao Estado de bem-estar, que não é e:xclusi-
exclusi­
outras, serri
. outr3:5, sem que.sejam formal~ence
form alm ente encarre-
encarre­ vidade dos com comunitaristas,
unitaristas, ,póssui
possui um um viés de
gadas disso. Tal lição _é impossível de ser dada d-~da costum a ignorar o
gênero: ela costuma o fato de que o
p lo
pelo Estado de bem-estar.
bem-estar. Uma babá ou assis-
assis­ peso da "solidari~dade
“solidariedade comunitâriài'
com unitária” recai
tente social que ficasse plantada na rua_
rua cuidàn-
cuidan­ quase todo sobre as mulheres (Fraser, 1°989). 1989).
do dos mol~qu~
moleques não poderia transmiti-la,
transm iti-la, já Em suma, a crítica comunitária
com unitária oscila
que a força reside na gratuidade do gesto gesto.. . _entre dois pólos: ou condena ·o liberalismo
Pon:amo, o sentim
Portanto, ~emimemoento de comunidade
com unidade pela atom
atomização
ização do in indivíduo,
d iv íd u o , como
com o faz
promov~ria a cooperação entre seus integran-
promoveria integran­ Lasch, ou aponta como incorreta a visão li- li­
tes por meio de interáções
interações "quentes"
“quentes” e não- beral de umumaa sociédade
sociedade de indivíduos atom atomi- i-
burocratizadas. É
burocratizadas. E algo m muitíssimo
uitíssim o compli-
com pli­ zados, m mostrando
ostrando a perm
permanência
anência e a impor-
im por­
cado, pois insinua que os serviços públicos . tância dos laços comunitários,
com unitários, como com o fazem
podem sc;rser dissolvidos nestas formas de coope-
coope­ ós
os críticos de Rawls. Há, é claro, um umaa im im-­
ração -—e, de fato, um umaa tintura comunicarista
com unitarista possibilidade lógica de que ambas as críticas
costumaa aparecer_
costum aparecer em certos discursos de des­ des- sejam consideradas integralm
integralmente ente corretas.
monte
m onte do Estado, sobçerudo
sobretudo na exaltação do Ta-n to quanto a teoria deliberacionista,
Tanto
mírico "terceiro
mítico “terceiro setor".
setor”. Mas, na ausência de in­ in- a democracia republicana se situa, e~- em pri-
pri­

23-
23
meiro lugar,
meiro lugar, no
no phmo
plano normativo. A A política
política na"
na” éé comunitário,
com unitário, mas
mas "compatível
“compatível com
com for-
for­
.ddeve perseguir oo bem
eve perseguir bem comum,
com um , oo queque -ecoa
ecoa oo mas pluralistas modernas
mas pluralistas 4e
m odernas de sociedade",
sociedade”, ee
Maquiavel dos Discorsi, sem sem dúvida
dúvida oo "he-
“he­ valoriza
valoriza aa participação, não como
com o bem em em si
si
rói” des.ta
rói" desta corrente.
corrente. Em Em O O príncipe,
príncipe, por suasua mesma,
mesma, mas mas por set
ser necessária
necessária para ·oo gozo
gozo
somos cónstantemenre
· vez, sorrios constantem ente lembrados daqui- daqui­ da
da liberdade como
como não-dominação._
não-dom inação. N Qo en- en­
lo que
lo que aa política
política é.é. Mesmo sob sob risco de
de sim-
sim ­ . tanto, muitas dessas distinções
distinções parecem ser
ser
plificação excessiva, é possível dizer dizer que
que aa ~obrerudo
oobretudo retóricas. O apeloapelo àà participação
ponte que uniria os dois
p~nte dois exuemos
extremos -—da reali-
reali­ cívica e à busca do bem comumcom um tem pouca
dade ao dever ser ser -—seria o reavivamento do substância se não se explica em que se emba-
sentido de comunidade,
com unidade, co·m com a reafirmação saria ral
tal civismo, ou seja, em que see fundaria
dos laços de solidariedade e identidadeidentidade que o "'comum'
“‘com um ’.dodo bem
bem”.. A resposta estar1a,
estaria, pois,
ligam o indivíduo a seu grupo. grupo. na história, na cultura e nas tradições com- com ­
Com a valorização da esferc!, esfera pública, a partilhadas, na sensação de pertencimento
pertencim ento em
republicanaa apresenta
concepção democrática republican_ comum,
com um, na identidade construída; numa num a pa-
pa­
um campo mais férril fértil para o reconhecimen-
reconhecim en­ lavra, na comunidade.
com unidade.
to da importância
to im portância da comunicação no pro- pro­
cesso político. No N o encanto,
entanto, também
tam bém os auto-
auto­
res desta corrente tendem a ignorá-los. Em A Democracia Participativa
primeiro lugar, há a idéia ºde· de que a vontade
com um ) é preexistente, algo
geral (ou o bem comum) Um dos problemas mais evidentes dos
que Rousseau afirma afirm a de forma
form a explícita e regimes eleitorais, para quem busca resgatar
que está presente
presente· também entre os comuni- com uni- o sentido ideal da democracia, é a baixa par­ par-
taristas. exaltarem -o
tari~tas. Ao éxaltarem o consenso social e os ·tici pação da maior parte dos cidadãos e das
ticipação
valores compartilhados
com partilhados na com co"m unidade, el~s
eles cidadãs na condução dos negócios políticos.
ignoram o faro fato de que não se trata de cons­ cons- Embora a influência difusa da "opinião“opinião pú­ pú-
truções neutras, mas construções vinculadas blica" possa se fazer sentir nas decisões go­
blica” go-
a interesses de determ inadas camadas; a pro­
determinadas pro- vernamentais, é apenas esporadicamente, no .
teção e o desafio a tal ·consenso
consenso fazem parte parte momento
m om ento das eleições, que o povo com comum um
da luta
lura pela hegem
hegemoniaonia na sociedade.
sociedade·. dispõe de poder efetivo. Os dem democratas par-
ocratas par­
_Com
Com isso, ocorre um umaa redução da esfera foéam essa questão e propõem
ticipativos focam propõem al­ al-
da comunicação que é semelhante à promovi­ promovi- incremeinem
ternativas, que increm entem a presença po­ po-
da pelos teóricos da democracia liberal. Tanto Tanto pular na política.
política. .
num
nµm caso como no outro, não há espaço para
no-outro, para Mais do do que qualquer
qualquer outra
outra das corren­
corren-
a construção
construção coletiva
coletiva das preferências. A co­ co- tes_críticas
tes críticas aqui estudadas, a teoria
teoria dada dem
demo-o­
municação
municação é, antes antes dede tudo, informação
informação - cracia participativa
cracia participativa — - que
que floresceu sobretu­
sobretu-
embora,
embora·, para
para a vertente
vertente republicana,
r·e publicana, ela tam
tam-­ do nas décadas de 1960
do l 960 e 1970
1970-se apro~ima
- se aproxima
bém possa desem penhar um papel
~ém possa desempenhar um papel significa- significa­ de um
de um modelo
modelo institucional
institucional a ser imimpiemen-
plem en­
tivo
tivo com
cornoo parte
parte dede um
um processo
processo educativo.
educativo. Deliberacionistas e republicanistas,
tado. Deliberacionistas republicaniscas, co­ co-
Cum
Cumprepre assinalar, por
por fim, que
que nem
nem toda
roda mo visto, apresentam
mo apreseptam sobretudo
sobretudo normas
normas gerais
gerais -
a concepção republicana adota
. concepção republicana . adota r:iecessaria- necessaria­ ee critérios
critérios dede apreciação
apreciação dos
dos sistemas
sistemas políti­
políti-
m ente um
meme umaa posição
posição com unitarista. Pelo con­
cornunitarisra. con- cos existentes,
cos existentes, mas
mas pouco
pouco avançam
avançam no no dese­
dese-
trário,
trário, alguns autores preferem dem
alguns autores preferem arcar sua
demarcar sua- nho de
nho d.e instituições
instituições que
que pudessem
pudessem efetivar
efetivar seus
seus
diferença.
diferença. Pettit
Pettic (1997,
(1997, p. p. 8),
8), por
por exemplo,
exemplo, ideais. Em
ideais. Em m menor medida, esse
enor medida, esse éé tam
também
bém oo
afirma
afir,ma que
que seu
seu ideal
ide~ dede “liberdade
"liberdade republica­
republica- caso dos
caso dos mmulciculturalisras. Já os
ulticulturalistas. Já os que
que defen­
defen-

24
24
dem a concepção de democracia participa- participa­ C ham ado a comar
universal. Chamado tom ar parte no pro- pro­
tiva indicam , com razoável nitidez, que tipo cesso decisório, graças a seu direito de voto,
ordenam ento político deveria ser adota-
de ordenamento adota­ o cidadão ou a"a cidadã comuns
com uns teriam incen-
incen­
do _para se alcançar uma um a democracia digna de tivos para ampliar seu conhecimento do mun- m un­
seu nome. escapando dos _eestreitos
do social, .escapando streitos limites de
prim eiro lugar, é necessário·
Em primeiro necessário assina-
assina­ sua vida pessoal e de seu trabalho específico.
lar que - ao contrário do que afirmam al- al­ O resultado se faria sentir não ·apenasapenas na po- po­
guns de seus críticos, ~orno
eus críticos Sartori (1994
com o Sanori lítica, mas em todas as esferas da sociedade:
(1987])
[1987]) - os parti.cipacionistas
participacionistas não vislumvislum­- . pessoas com horizontes mais amplos seriam
pessoa~
retorno d.
bram o recomo daa democracia direta. O ar- ar­ profissionais. A introdução do su-
· melhores profissionais. su­
ranjo institucional que propõem, propõem , bem mais frágio universal, no entanto, logo destruiu
com plexo, aponta
complexo, apo nta para a possibilidade de alim entadas _peío
as ilusões alimentadas peio filósofo inglês.
aprim oram ento da representação por meio
aprimoramento O direito de Voto voto mostrou-se um incentivo
da qualificação política dos cidadãos e das demasiado frágil para a qualificação cidadã,
cidadãs comuns:
comuns. dado o interva_lo
intervalo entre as eleiçõe~
eleições e, em es- es­
Ao contrário dos comunitaristas, eles não pecial,
pedal, o peso ínfimo de cada decisão indi­
decis~o indi-
vêem um umaa '“com unidade” já formada, mas
comunidade" vidual para o resultado geral.
tam pouco recaem na atomiza_
tampouco atomiza.ção
ção social típi­
típi- Os participacionistas entendem,
entendem , assim,
ca da perspectiva 1liberal.
-iberal. A democracia vai que, para se alcançar a cidadania competen-com peten­
ser percebida e valorizada como corno um processo te almejada por Stuart Mill, é necessário
necessário-am-·am ­ ·
educativo; por ·isso,
educativo; isso, mais ainda do que qual­ qual- · pliar os incentivos — - isto é, as possibilidades
quer outra,
outra,_a corrente participacionista
participacionisra rei­
rei- de participação. Como Com o o problema
problem a de escala
vindica Rousseau
Roússeau e John Stuart Mill como se
se_revelou crucial (quanto mais pessoas in­
IT)ais ·pessoas in-
seus precursores intelectuais. clu_ ídas, m
cluídas, menor
enor ·o o peso da presença de cada
N aa obra de Rousseau,
Rousseau, é central a visão uma),
umá) , ümum passo decisivo seria reduzir o âm âm-­
de que a participação políticapol ítica possui um
um-ca-ca­ bito
bitõ das decisões
de~isões políticas, de forma a perm permi- i­
ráter em inentem ente educativo. Participan­
eminentemente Participan- tir a participação direta de d~ todos os envol­
envol-
do da busca pela vontade
vontade geral,
geral , cada cidadão vidos. Rousseau
Rou~seau pode ser incluído,
incluíqo; mais um uma a
se aprim
aprimora arte
ora na arte de identificá-la; há aí uma vez, entre os inspiradores dessa corrente. Se­ Se-
aproximação com com a defesa da democracia na guindo
guindo o pensam
pensamentoento político antigo
antigo' e, em
Grécia antiga,
anrig~, quando se argumentava
argumenra,·a que a especial, M Montesquieu (1748], p. 362),
ontesquieu (1951 [1748],
virtude
virtude cívica era fruto de um um aprendizado
aprendizado ele considerava
considerava que a dem ocracia só seria
democracia
prático
prático (ver ood, 1995, pp. 193-194).
(~er W ood, 193-194). A possível em em ·pequenas cidades-Estado.
pequenas cidades-Estado.
glorificação da am pla participação
ampla participação política,
p~lítica, parcicipacionistas contemporâneos,
Já os participacionistas contemporâneos,
com
com destaque
destaque para seu caráter educativo, ga­ ga- que não advogam
advogam a redução do tam anho dos
tamanho
nhou
nhou nova versão na obra de Stuart Mill (1995 (1'995 na_cionais, se insurgem
Estados nacionais, insurgem · contra
contra a rí­ rí-
..(1 861 ]) . N ão
[1861]). ão se trata
trata mais
m ais de descobrir um a
u...rna gida separação entre entre Estado
Estado e sociedade civil ·
vontade
vontade geral, mas de am pliar os horizontes
ampliar horizontes advogam a im
e advogam implantação
plantação de m mecanismos
ecanism os
dos cidadãos
cidadãos comcomuns,uns, de outra
outra forma limlimi- i­ dem ocráticos nos espaços da
dern~cráticos da vida
vida cotidia­
cotidia-
tados
tados por
por seu am biente imediato.
ambiente imediato. D Daa par­
par- na, notadam
notadamente ente bairros,
bairros, escolas, locais de
ticipação
ticipação política
política nasceriam
nasceriam indivíduos
indivíduos mais
mais trabalho
trabalho e famílias.
famílias . Com
Como o afirm
afirmouou Bobbio
Bobbio
capazes ee.competentes.
com petentes. (1987 [1984]),
(1987 (1984]), já já foi resolvido o problem
probl-ema a
Stuart
Stuart Mill julgava
julgava que
que o grande
grande meca­
meca- quem vota, com
de quem
de com o sufrágio
sufrágio universal; falta
nism
nismo o da
da participação
participação política
polírica era o sufrágio
sufrágio_ enfrentar o problem
problema a de onde st o ta.1188 Mais
se vvota. Mais

25
cidadãos, estes
próximos dos cida~ãos, esteS novos espaços a raiz da d_ esigualdade de riqueza; por ou-
desigualdade ou­
dem ocrática promoveriam a par-
de decisão demo~rática par­ tro, · a propriedade implica necessariaqienre
necessariamente
ticipação política. o controle sobre o processo produtivo, blo- blo­
Mas é difícil imaginar um mundo m undo em que queando.a
queando a efetividade da participação dos tra- tra­
todas as decisões ·mais mais importànces
im portantes seriam balhadores. Se as de. cisões cruciais sobre in-
decisões in­
tomadas em fóruns pequenos e próximos dos vestimento, lucro e salário permanecem
perm anecem nas
M esmo se regredirmos para peque-
cidadãos. Mesmo peque­ mãos dos capitalistas, qualquer introdução
nas economias autárquicas, o que· que está longe de mecanismos democráticos
democráticos-na -na empresa se- se­
de ser desejável, a gama de questões que não rá limitada
lim itada e, em última
últim a análise, contribuirá .
podem ser resolvidas em plano local é imen:- im en­ mais para
para legitimar a exploração do traba- traba­
sa:1
sa: 199 trocas entre as comunidades,
com unidades, comuni-
com uni­ lho. Assim, os teóricos participacionistas são
cações, transportes, epidemias, poluição etc. levados a afirmar, ainda que de forma form a im-
im ­
Assim, aa: participação na base precisará, neces- neces­ plícita, a incompatibilidade
incom patibilidade do aprofunda-
aprofunda­
com binada com uma
sariamente, ser combinada um a estru-
estru­ mento
m ento da democracia com a manutenção m anutenção do
tura representativa piramidal;
/ rnra piram idal; um dos efeitos capitalismo.
benéficos esperados do incremento
benéfjcos esper~dos increm ento parrici-
partici- O moddo
modelo de planejam
planejamentoento centraliza-
centraliza­
patório .é, é, aliás, a ampliação da capaddade
capacidade do, típico dos países do "socia!i.J1rio real", cam.:.
“socialismo real’', tam ­
controle sobre os representantes. ·
de controle bém é concra-in°d1cado,
é co n tra-in d icad o , pois se an:iplia
am plia a
H
Háá um
um ponto adicional, em que a in- in­ igualdade material, oferece, em contraparti-
contraparti­
fluência de Rousseau tam tambémbém é detectável: a da, pouco espaço para a participação efetiva ·
sensibilidade para as desigualdades concretas dos trabalhadores na tom tomada
ada de de. cisões co­
decisões co-
que existem na sociedade e o reconhecimen-
reconhecim en­ tidianas. Mesmo que o plano econômico fosse ·
tidianas.
to de que elas interferem
interferem na esfera política. a resultante de gestões democráticas, um umaa vez
C
Comom os participacionistas,
participacioniscas, o m undo material
mu~do adotado apareceria com c~mo umaa imposição ex­
o um ex-
faz-se presente na teoria política. Por isso, o terior (Gorz, 1988, pp. pp. 56-61). A lógica da
problem
problemaa da 'relação
relação entre democracia e capi­ capi- participação am
participação pliada exige _descentralização
ampliada
. talismo
talisrrio é central aqui, ao passo que é negado As_sim, em geral os parcicipacio_
do poder. Assim, nis- _
participacionis­
no pluralismo
pluralismo liberal (o mercado com petiti­
competirf- tas inclinam-se para propostas -de ecónomia
de econom ia
vo é visto comcomo o fragm entador do poder, por-
fragmentador por­ autogestionária, que não excluem o merca­ merca-
tanto benéfico para aà democracia), abstraído
tanto abstraído . do, mas dão aos trabalhadores a adm admiµistra-
inistra­
no deliberacionismo
deliberacionismo e, e, no republicanismo, em presa.
ção de cada empresa.
sublim ado na questão dos efeitos nocivos,
--(ublimado nocivos. do abrangente das vantagens
Uma defesa abrangente vantagens
· com
comportamento
portam ento egoísta que a econom economia ca-
ia ca­ au~ogestão é apresentada
políticas da autogestão apresentada por por
pitalista
pi'talista exige.
exige;.- A dem ocracia _participativa,
democracia participativa, Ro~erc D
Robert Dahl [1985]), no livro em
ahl (1990 [1985]), em que
que
pelo contrário, traz traz à tona a constatação
constatação que que alcança a distância máxima em em relação a seu seu

já fazia Rousseau (1964 (1762]) : é impossí­
(1964 [1762]): impossí- •liberalism
liberalismo o anterior. C Contudo, aurores
o n tu d o , os autores
vel m
·vel anter aa igualdade política
manter política em
em condições
condições mais representativos da correntecorrente participa-
participa-
de
de. extrema
extrema desigualdade
desigualdade material, quando quando . cionista
cionisca foram a inglesa CaroleCarole Pateman.e
Pateman .e oo
uns são tão tão pobres que
que precisa~ vender,
precisam se vender, canadense C. B. M
canadense Macpherson
acpherson — - o verbo
verbo está
está
outros
outros são tão
tão ricos que
que podem
podem comprá-los.
comprá-los. no- passado
no passado porque
porque M Macpherson
acpherson faleceu e
O
Oss dois pontos
pontos — - a necessidade
necessidade da práti­
práti- Pateman há
Pateman há mmuico dedica exclusiva­
uito anos se dedica exclusiva-
ca cotidiana
cotidiana da democracia
democracia e aa busca da igual­igual- mente
m ente àa teoria
teoria feminista. O O ponto
ponto de partida
partida
dade
dade material — - convergem
c~nvergem na na discussão
di~c1=1ssão so­
so- da_discussão, para
da para ambos, é pensar pensar sese a de­
de-
bre
bre aa propriedade
propriedade privada. Por um um lado,
lado, ela é precisa ficar lim
mocracia precisa
mocracia limitada·
itada aa um uma com-
a com-

26
26
petição entre elites. Uma U m a vez dada a resposta qu~ficação
qualificação da cidadçlllia.
cidadania. Uma U m a proposta si- si­ _
negativa, cumpre analisar por que, historica-
cum pre analis~r historica­ milar
m ilar é indicada
in d icad a pelo último
ú ltim o Poulantzas
P oulantzas
m ente,
_rneme, isto aconteceu. A resposta, também (1985 [1 978]).
[1978]).
para o-s
os dois, é que isto ocorreu devido ao ca- ca­ Macpherson
M acpherson aponta que, para \ligorar, vigorar, o
sam ento instável entre mercado c~pitalista
samento capitalista e modelo participativo exige não apenas uma
democracia muda17:ça
mudança de men,talidade,
mentalidade, ½li~inando
elim inando a ana- ana­
· O modelo esboçado por Pateman (1992 logia da polític~
política com o mercado e a autovi-
introdução de instrumen-
_[1970]) enfatiza a introdução-de instrum en­ são do eleitor co~o com o consumi~or,
consum idor, mas tam- tam ­
dem ocráticos na esfera da vida
tos de gestão democráticos bém a redução das c(esigualdades
desigualdades econômicas,
cotidiana, sobretudo h· nos
os locais de trabalho que levam à disparidade de influência polí-
~e polí­
“democracia industrial",
(a chamada "democracia industrial”, que exi-
exi­ tica. Como-
C om o ?ese pode observar, há urri um éír'culo
círculo
ge formas de autogestão). Com C om isso, haveria_.
haveria viciosó
vicioso emre
entre as.duas
as. duas premissas, qual seja, as
tanto urna
um a ampliação significativa do contro- contro­ desigualdades promovem
prom ovem a apatia do elei- elei­
entendim ento
le da própria vida, como do entendimento torado, de um lado, a apatia impede im pede uma um a
funcionam ento da política e da so-
sobre o funcionamento e so­ participação no sentido de diminuir dim inuir as _de­ de-
perm itiria màior
ciedade, o que permitiria m aior capacidade sigualdades, de o"utro.outro. Escrevendo.
Escrevendo em mea- mea­
de interlocução
interlocução- com seus representantes
rep_resentain~s e dos da década de 197Q, 1970, M acpherson julgava
Macpherson julg;iva _-
m aior fiscalização destes. Em outras palavras,
maior qúe
que esse círculo tinha pontos fracos, o que -
a accountabiliry
accountability (responsividade do represen-represen­ lhe dava esperança quanto à possibilidade de
tante perante os representados), que na dem demo- o­ _ haver um umaa ,ruptura;
ruptura; hoje, talvez, não fôsse­ fôsse-
cracia eleitoral tende a funcionar precaria­ precaria- mos tão otimistas.
m ente, seria aprimorada
mente, aprim orada com o "treinamento
treinam ento participacionista: não
A corrente participacionista nã,o .con-
con­
oferecido pela participação na base. A com corn-­ faro de que à
testa o fato ammaioria
aioria das pessoas, na ·
preensão deste vínculo entre os níveis micro
·preensão parte-do
maior parte tempo
do tem po,, éé apática, desinfor-
e macro, que recupera o caráter educativo da mada e desinteressada, mas ressalta ressaltá que, em
atividade política apontado por Rousseau e -potencial,
potencial, todos tem temos
os condições para pata en­en-
Stuart M ill, entre outros, é essencial para que
Mill, tender e ter um u~ papel ativo na discussão e na
o modelo participativo
par~icipativo ganhe
gap.he sentido. negóci~.s públicos.
gestão dos negócios públicos. Rompe-se
Rompe-se·com com
Fica
Fica claro que a participação na base tem, i'déia, presente de forma aberta
a idéia, aberra ou ou oculta
o_culta
· erítre
erírre suas funções, a de ser um um meio para o ná teoria dem
na democrática liberal,_de que agir po­
ocrática liberal, po-
aprim oram ento das instituições
aprimoramento instiruiçóes representa­
representa- liticamente
liticam ente é um um ·dom "elite" . A
dom da “elite”. Ainda
inda as­~s-
tivas. O modelo sugerido por M acpherson
Macpherson julgar que a apatia seja ·sqmente
sim, ao julgar som ente um um
(1978 [1977]) tam bém julga que aà am
também_julga plia­
amplia- efeito ·da oportunidades e do de-
da ausência de oportunidades
ção das oportunidades
oportunidades de participação gera­
gera- sestÍmulo
sestímulo estrutural, disposição
a aposta na disposição
ria umum salto na qualidade
qualidade da representação. das pessoas para oÓ envolvimenvolvimento políüco é
ento político
Ele dá ênfase menos àà·democracia
dem ocracia industrial
industrial excessiva.
talvez excessiva.
do
d<? que a instituições de tipo
tipo soviético, isto é, Estudos· sobre
Estudos sobre processos de tom tomadaada de .
comitês
comitês a um um só temte_mpo
po deliberativos
deliberativos e exe­
exe- decisão em em nível local revelaram
revelara...-n certas
cerrá:s des-
cutivos, Comtom participação de todos,
a participação t_o-dos, para
para funcionalidades, bem bem como
como a perm permanência
anência
gerir
gerir o cotidiano
cotidiano no no bairro,
bairro, no
no trabalho, na de desigualdades, que que a teoria
teoria em
em geral igno­
igno-
escola etc. Além
Além disso, adm inistrando as es­
administrando es- rava. EmEm especial,
~special, as relações interpessoais
interpes_soais no no ·
truturas
truturas maiores da sociedade, perm
da 'sociedade, anece­ .
permanece- ambiente de participação
ambiente participação democrática
dernocrática"-inibem
inibem
riam
riam os'
os· mecanismos
mecanismos da da democracia
democracia liberal,
liberal, a expressão de de discordâncias; por por outro
outro lado,
lado·,
só que
-só que providos
providos de mais conteúdo,
conteúdo, graças à poçl.er de quem
o poder quem faz a agenda
agenda de deliberação
deliberação

27
27
(Mansbridge, 1983).
. permanece inconteste .(Mansbridge, mas a teoria pressupõe que a experiên-
claro, -mas experiên­
entusiasmo com experiências de
Ademais, o entÚsiasmo cia na gestão direta de poder na base amplia am plia
!- autogestão, sobretudo as da antiga Iugoslá- Iugoslá­ · ~capacidade
a capacidade de compreensão acerca da polí- polí­
via, recuou à medida
m edida que se obtiveram dados tica em geral e de escolha dos representantes.
funcionam ento
mais acurados sobre seu real funcionamento Fica claro que a participação do orça- orça­
(Patem an, 1989).
(Pateman, n:iento
m ento panicipacivo
participativo está ·m uito mais ligada
A partir do começo dos anos 1980, ateo- a teo­ ao sentido fraco do que ao sentido forte da
dem ocracia perde fôlego
ria participativa da democracia Em bora ocorram variações de local
palavra. Embora
no debate acadêmico. No Brasil, no entanto, para local e ao longo qo do tempo,
tem po, trata-se tipi-
tip i­
ganhar força, associá.da
vai ganha~ associada sobr- etudo às ex-
sobretudo ex­ camente de um umaa estrutura delegativa pirami-
piram i­
. periências de "orçamento
“orçam ento participativo"
participativo” mu-
m u­ dal. A princípio, todos os moradqres
moradores têm a
nicipal, consideradas as mais exitosas inova- inova­ possibilidade de participar das discussões em
ções na gestão do poder local. Tal associação assembl~ia§
assembleias de base (embora(em bora apenas uma um a
reside, a meu ver, num interpre­
m~m equívoco de interpre- m inoria o faça), que culminam
minoria culm inam com a elei-elei­
N ão se trata de negar a importância
tação. Não im portância ção de umaum a lista pe
de prioridades e de un:i
um nú-
nú­
de várias inic_
iniciativas orçam ento partidpa-
iativas de orçamento participa­ mero de delegados.
delegados. Esses delegados, por sua
tivo na renovação de práticas políticas locais, vez, escolhem outros, num num processo
proc~sso que ter­
ter-
ru ptura com esquemas clienrelistas
na ruptura clientelistas crista­
crisp- m ina por produzir um "êoriselho"
mina “conselho” com po- po­
lizados e na abertura das instâncias decisó- decisó­ deres para negociar, amalgamar
am algamar e substituir
rias aos movimen~os
movim entos populares urbanos. Mas as prioridades votadas. É o conselho que, no
é necessário
necessá~io perceber que o orçamento
orçam ento parti-
parti­ final das contas, elabora a ·proposta orça-
proposta orça­
cipativo
cipa~ivo não é um instrumento de democracia
deynocracia mentária
m entária - na verdade, um adendo àa pro­ pro-
participativa. Vale analisar, ainda que breve­ breve- posta orçamentária, já que o grosso dos re­ re-
m ente, o sentido da "participação
mente, “participação política”.
política". c~rsos públicos pertence a rubricas fixas e não
cursos
Por um
um lado, qualquer forma de engajamen­
engajamen- passa pelo conselho de d@ representantes da base.
to na esfera política pode ser considerada uma
na.esfera Em todo o processo, a participação popular
participação; é a percepção que orienta a cons­ cons- consiste sobretudo na escolha de delegados;
trução dos “índices
"índices de participação”,
participação", que pas­
pas- sentido, não é qualitativam
nesse sentido, qualitativamente dife-
ente dife­
sam pelo voto, da presença em em comícios, pela experiên-
rente da participação eleitoral. As experiên­
contribuição
contribuição financeira
fip'anceira a partidos e candi­
candi- orçamento
cias de orçam participativo promovem
ento participativo promovem,,
datos, pela discussão de temas políticospolíricos etc. umaa duplicação de instâncias ·represen-
as_sim, um
assim, represen­
N o seu
·No seµ m odelo de dem
modelo ocratização, D
democratização, ahl
Dahl tativas, sem
sem a transferência de poder decisó­
decisó-
(1971) apresenta a "participação"
“participação” como uma rio real para os cidadãos com uns. E trata-se
comuns. trara-se
· das dimensões relevantes a ser considerada,
considerad;, represe~ração complexa, em vários
de uma representação
mas, com
como o já
já visto, o term o, para
termo, para ele, indica
indica estrutura piram
níveis, não só por causa da estrutura pirami- i­
apenas a expansão do direito de voto. voto . Por dal de escolha de delegados, mas tam também
bém
outro
outro lado, a “participação”
"participação" pregada pelos porque
porque é necessário entender
entender os participan­
participan-
teóricos da democracia
democracia participativa
participativa está vin­
vin- tes das assembléias de base como como , represen­
represen-
culada
culada a umum sentido
sentido mais forte da palavra — - tames da
tantes da população
população mais ampla, que na sua sua
20
·significa
significa o acesso a locais de tom tomada
ada final de maioria não com comparece.
parece.;ii
decisão, isto é, implica
implica a transferência de al­ al- definição do orçam
A definição orçamemo participativo
ento participativo
gum
guma a ·capacidade
capacidade decisória efetiva do topo topo com
como o forma política representativa reco­
forma de política reco-
para a base. PartePane im portante das decisões
importante decisões democracia participativa
loca a democracia particjpativa emem seus de­de-
ainda
ainda seria
seria tom ada por
tomada pqr delegados
delegados eleitos, é vidos termos. N aa m
i edida em
medida em que
que engloba
englo~a

28
28
necessariam ente a transferência de capaci-
· necessariamente capaci­ um rótulo qu~ que evita a dis~ussão
discussão de fundo so- so­
dade decisória para os cidadãos comuns
com uns den-
den­ bre · racismo, sexismo, homofobia
br~ e
hom ofobia e ou outras
eras
uo
tro de espaços da vida cotidiana, ela não tem formas de discriminação negativa por vezes
com o se esquivar do problema
como problem a da reorgani-
reorgani­ “invisíveis” no mundo
"invisíveis" m undo social.
zação das relações de produção. Isto é, um
·zação N a arena especifica.rpente
especificam ente política,
p olítica, o
ordenam
orde_ ento democrático
n amento dem ocrático participativo per-
per­ m ulticulturalism o assume a forma d_
multiculturalismo daa "polí-
“polí­
manece
ma· incompatível cóm
n ece inc(?~patível com a,a manutenção
m anutenção ~o
do tica da diferença",
diferença”, para usar parte do título
capitalismo. de um importante
im portante livro de lris
íris Marion
M arion Young
(1990)
(1990).. O deslocamento essencial que a po- po­
diferença faz, em relação ao libera-
lítica da ~iferença libera­
O Multiculturalismo dom inante, é a inclusão dos grupos so-
lismo dominante,. so­
ciais numa
num a reflexão
refkxão política que, marcada pelo .
O ponto ·de partida do m ulticulturalis­
multiculturalis- individualismo, .tendetende a exilá-los. Úm Um grupo
mo -— corrente de pensamen_
pensam ento ro crítico que não é simplesmente
social não_ sim plesm ente um a coleção de
uma·
nas últimas
floresceu nàs décadas, sobretudo no
úkimas décadas indivíêl.uos,
indivíduos, determinada
determ inada de forma arbitrária;· ·
form a arbitrária;
am biente acadêmico
.. ambiente acadêm ico estadunidense -— é a ele se define por um senridosentido de identidade
constatação
const~tação de que as sociedades contempo- contem po­ com partilhada. Em súma,
compartilhad~. suma, as pessoas podem podem
râneas são e serão, cada vez
·rãneas ve_z mais, marcadas · formar associações, mas os "grúpos,
“grupos, por outro
pela convivência entre
enue grupos de pessoas com com indivíduos” (Idem,
constituem os indivíduos"
lado, constituem 45) .
(.Idem, p. 45).
estilos de vida e valores diferentes, por vezes Em bora a filosofia liberal clássica
Embora clássicá não
conflitantes: AA rigor, vivemos
vi~emos o prolongamen­
prolongamen- negue, em abstr:ato,
abstrato, a possibilidade
possibifidade de um um
to de um
umaa situação que ·se se constituiu no prin­
prin- interesse de grupo (que sempre será redutível
. cípio da
d~ era m oderna, quando os desdobra-
moderna, desdobra­ aos interesses
intÚesses de seus integrantes),,
integrantes),. ela nega
m entos da.
mentos da. Reforma protestante sepultaram
sepultaram que os grupos possam ter direitos - o único
a possibilidade de efetivação da velha divisa: ·sujeito
sujeito de direito é o indivíduo.
indiyíduo . Tal indivi­
indivi-
“une foi, · une loi, un roi”
"une (uma fé, uma lei,
roi" .(uma dualismo é um traço constitütivo
constitutivo do liberalis­
liberalis-
um
um rei). mo desde seus prim ptimórdios.
órdios. Quando
Q uando Hobbes
O problem
problema a que se apresenta é a m anu­
manu- (1980 ·[(1651)) e Locke (1998
(19801(1651)) (19~8 [1690]), por
tenção de umuma a mesma lei e de um
um mesmo rei exemplo, form formulam
ulam ·suas contrato
suas teorias do contrato
para súditos'
súditos· que professam
professam diferentes fés; social, no século XVII, XVJI, tamtambém deli'neiam
bém delineiam
dito
dito de um
uma a form
fo~maa atualizada, com como o garantir
garantir um
uma a imagem
imagem atom ística da sociedade.
atomística sociedad~. Seu
a unidade .política e a _igualdade
igualdade de direitos fundam
fundamento ento é o bembem individual, sem sem consi­
consi-
para cidadãos cujas origens,
o,rigens, crenças e valores
valores deração pela ·com c omunidade
unidade (termo, aliás, des­ des-
fundam entais são tão
fundamentais tão diversos. De De acordo
acordo provido de sentido
sentido para
para os dois autores). O
com
c;m o diagnóstico dos autoresaurores m ulticultura-
multicultura- único móvel para a constituição
constituição da socieda­
socieda:-
listas, existem m uitos vieses nas sociedades
existem muitos sociedades de política é a vantagem
vamager:n pessoal
pessoal- - a preserva­
preserva-
contem porâneas, que
contemporâneas, que fazem com com que idéias
idéias ção da vida, no no caso de Hobbes, ou ou da pro­
pro-
e valores de determ inados grupos
determinados grupos sejam
sejam des­
des- priedade, no caso de Locke, ambas ameaçadas
qualificados
qualificados. de forma sistemática.
sistemática. A preo­
preo- pela ausência
ausência de poder
pode_r coercitivo
coercitivo im perante
imperante
cupação
cupação voltou-se,
volrou-se, emem ·grande
grande medida, para para no
no estado
estado de natureza.
nan;reza.
a denúncia
denúncia dos preconceitos ocultos ocul~os na lin­
lin- Com H
Com Hobbes, há um
obbes, há um desvio na na direção
direção
guagem, na na mídia
mídia e no sistema
sistema educacional.
educacional: do
do absolutismo. Em Ero. Locke, porém, a ddoutri-o u tri­
Os
Os exageros dessa denúncia
d_enúncia foram folclori- na
na liberal
liberal· ganha
ganha um umaa expressão
expressã_o inicial
inicial bas­
bas-
zados na fórmula
fórmula dodo “politicam
"politicamente ente correto”,
correto", tante
tante satisfatória,
satisfat~ria, isto é, o filósofo inglês de- de-

29
lineou com precisão as li.nhas linhas mestras que representação mais efetiva. Alérp Além disso, acres-
acres­
guiaram o liberalismo político pelos séculos centa Williams·
W illiam s,, a força moral da reivindi-reivindi­
seguintes. O pressuposto indispensável é a cação está vinculada aos processos históricos
existência de direitos·
direitos individuais, em geral que levaram~
levaram à exclusão: “Os 'Os grupos em mais
(jusnaturalism o), que·
considerados naturais (jusnaturalismo), que profunda desvantagem na sociedade contem- contem ­
restringem o âmbitoâm bito do -poder
poder estatal (Bob- tam bém foram sujeitos à exclusão
porânea também
bio, 1988 (1 [1986],
986]. p. 17). A idéia de direito legal da cidadania e à discriminação patro-- patro­
individual passa a ser a marca do Escaclo Estado ·li-
li­ Estado” (Ide1J1.,
cinada pelo Estado" (Idem , p. 17). Trata-se
Nesse sist.
beral. N~sse sistema pensam ento, é difícil
éma de pensamento, de um critério que inclui trabal~adores,
trabalhadores, mu- m u­
abrir espaço para a idéia de "direitos
al;>rir “direitos coleti-
coleti­ lheres, minorias émi-cas
étnicas e homossexuais, pelo
vos” (salvo quando são entendidos como a
vos" menos.
mera agregação de direitos de diferentes in/ in­
As propostas de mecanismos _rreparado­ eparado-
divíduos). Bàsta
d~víduos). Basta observar a tensão permanen-
perm anen­
res, q~e incluam tais grupos na arena políti-
que incluam políti­
cham ado "direito
te entre o chamado “direito de autodeter-
autodeter­
ca, passam por formas específicaespecíficas de ·finan-
finan­
minação dos povos",
povos”, 1;1m
um direito coletivo por
ciam ento e apoio à_
ciamento auto- rganização, por
à auto-organização,
excelência, e os direitos humanos
ex~elência, hum anos individuais;
individuais.
cocas eleitorais, partidárias ou parlamentares,
cotas
O multiculcuralisrno,
multiculturalismo, portanto,
portamo, opõe-se a
e mesmo, como propôs Young (1990, p. 184),
essa premissa do .p -ensamentq liberal, afirman-
pensamento afirman­
pela fixação de poder de veto sobre políticas
do a relevância e a legitim idade
legitimidade dos grupos
afetem.2211
que os afetem.
na arena.
arena política. D entre os diversos ggru-
Dentre ru ­
A preocupação
prepcupação inicial dessa corrente,
- pos identitários presentes na sociedade, alguns
convém sahentar,
convém salientar, é menos com um umaa teoria
estão em em· posição de desvantagem estrutural,
da democracia e mais com um umaa teoria da jus­
jus-
sistem aticam ente oprimidos
sendo si'stematicameme oprim idos e domdomi- i­
democra~ia
tiça. A democracia é, de certa forma, deriva-
deriva­
. nados - para Young (1990, p. 38), o termo
opressão refere-se como
da, com o o arranjo político mais propício à
refere-sé aos processos institucionais
que im pedem as pessoas de desenvo"lver
impedem desenvolver suas inqoduzir aqui, pela
realização da justiça. Vale introduzir
capacidades, ao passo ·que que a dominação de­ de- . clareza expositiva, o esquema ancy Fra-
de N ancy
signa as condições institucionais
institucion~is que im pe­
impe- ser (19_ 97,
(1997, 2003), que apanca
aponta dois eixos para
dem
dem as pessoas de participar na determ ina­
d~cermina- a reahzação
realização da justiça:
justiça: redistribuição
redistribuição (pará
(para al-
al­
ção de suas ações. São esses grupos, oprimidos
oprimidos cançar maior
m aior igualdade material
material entre
entre gru-
gru­
e dominados, que precisam
precisam ser
ser·protegidos por
por pos· e indivíduos)
pos indivíduos) e reconhecimento (garan­ (garan-
direitos queque lhes garantam
garantam,, entre outras coi­coi- tindo
tindo a todos os grupos ·o
o mesmo grau de
sas,
sa~, um
um acesso efetivo aos espaços de repre­ repre- respeito social). Os grupos subalternos ca­ ca-
sentação
sentaç~o política.
política. redistribuição, de reconhecim
recem de redistribuição, reconhecimento ento
Vale introduzir a contribuição
contribuição de Melis- ou, como é mais freqüente, de alguma com comqi-bi­
sa W illiams (1998, pp. 15-16),
William§ 15-16), que define
define entre ambos. A
nação entre A perspectiva Fraser~
perspectiv.a de Fraser,
os “grupos
"grupos marginalizados im putados” como
imputados' como que gerou enorm
enorme e polêmica
polê1:1ica com
com pensadores
pensadores
sendo
sendo aqueles que que sofrem
sofrem com
com padrões
padrões de em posições próximas, como
em como Butler
Butler (1998),
(1998),
desigualdade estruturados
desigualdade estruturado_s de acordo
acordo com
com o Young (1997) ou ou ainda
ainda Feldman
Feldman (2002),
(2002), afir­
afir-
pertencim
perténcimento ento de grupo, o qual não não é "expe-
expe­ tanto a estreita
ma tanto estreita interdependência
interdependência entre entre re-
rim entado Como
rimentado como voluntário, nem nem como
como m mu-u­ distribuição e reconhecim
distribuição reconhecimento,"como
ento, como sua sua ir-
ir-
. tável, e quando
quando a cultura
cultura dom
dominante
inante ·atribui
a uibui _ redutibilidade
redutibilidade m mútua. Opõe-sé assim,
útua. Opõe-se, assim tanto
tanto
um
um sentido
sentido negativo
negatÍ~o à identidade
identidade dò grupo.
do -grupo. ao .marxismo clássico, que
ao.marxismo que tende
tende a julgar
julgar que
que
São esses os grupos que podem reivindicar
grupos que podem reivindiCTF o
o reconhecimento
reconhecim ento deriva
deriva da redistribuição,
redistribuição,

30
30
H onneth (2003), que
com o à teoria de Axel Honnech
como Afinal, os grup.os
grupos não -ssão ão apen'as
apenas oprimidos
oprim idos
m ovim ento inverso.
faz o mo~imento e dominados
dom inados pela sociedade; eles também tam bém po- po­
problemas que a perspectiva da
Entre os problemãs e
oprim ir e dominar
dem oprimir dom inar parte de seus ince,. inte­
apresenta, crês
política da diferença ap-resenca, três são espe-
espe­ grantes. Este _pomo
grantes. ponto é ~estacado
destacado pela teórica
cialm ente relevantes. O primeiro diz respei-
cialmente respei­ feminista Susan Moller"'Okin
M oller €)kin _(l 999), em tex-
(1999), tex­
determ inação dos grupos que merecem
to à determinação tendo por alvo principal à
to . que, tendo ô filósofo
direitos compensatórios.
os d~reitos com pensatórios. Afinal, é possível canadense WillW ill Kymlicka q 995), discute a
(1995),
pensar que os setores mais necessitados de relação entre o i:nulticulcuralismo
m ulticulturalism o e os direi-direi­
especial seriam aqueles cuja impo-
proteção especi~ im po­ tos das mulheres. N ão é uma um a questão de in- in­
tência política é tão grande que são incapa-
tênéia incapa­ teresse apenas acadêmico; de_ de fato, nos países
colocar em pauta sua pró-
zes até mesmo de C:olocar pró­ capitalistas avançados, parte dos grupos cul- cul­
pria privação. N ão há uma um a solução "técnica"
“técnica” turalmente
turalm ente .dominados
dom inados m~ntémm antém atitudes ex- ex­
para a questão, que é política,
polít1~a, mas um es- es­ trem am ente repressivas em relação às mu~
tremamente m u­
boço de resposta, já viscovisto acima, é dado por lheres. Okin
O kin afirma, então, que a ênfase nos ,
Young e Williams:
Young· Williams: são grupos que estão num numaa direitos das minorias culturais prejudica· prejudica as
posição, historicamente constituída, de opres- opres­ 'mulheres, retirando delas o~ apoio contra a
mulheres, recirando
são e do·minação.
dominação. - opressão que podiam
podiam encontrar nuin num padrão,
padrão,
O segundo problem
problemaa é a relação da dife­ dife- dom inante menos machista. A res-
cultural dominante res­
rença com a igualdade.
igu_aldad~. AA posição
pos~ção progres­
progres- posta de Kymlicka (1999) é incorporar "res- “res­
“clássica”, que_
sista "clássica", que empunhava
em punhava a bandeira trições internas"
internas” aos direitos de grupo, restri­ restri-
da igualdade, transforma-se na descoberta das ções ligadas à m manutenção
anutenção das liberdades e
vantagens
va~tagens da diferença. Com Como o dem onstrou
demonstrou dos direitos individuais. Mas as liberdades
Pierucci (1999), trata-se
craca-sé de um deslocamen­
um deslocamen- e os direitos inqividuais
individuais não são decorrentes
to repleto de "ciladas",
“ciladas”, um
umaa vez que a afir­ afir- da natureza, e sim construídos a partir part-ir de um
mação da diferença - entendidaentendida com co.mo si- si­ · determ
determinado conjunto de valores —
inado conjunto - que ser~a
seria
nônim
nônimo o de
de- desigualdade ou, dito de outra outra imposto a todos, violando o princípio que se
forma, como diferença de m é rro
méri -o - é, desde p·rogredir. Em
desejava fazer progredir. Em outras palavras,
pa1_avras,
há alguns séculos,
séculos-, a bandeira da direita. A a distinção, que Kymlicka (1996, (1996; p. 159) ela­ ela-
tentativa de conciliação entre e!'ltre os valores di­ di- "·rescrição interna”
bora, entre “restrição interna" e “proteção
"proteçã~
. vergentes
yergentes da igualdade
igualdad·e -e~ da diferença exi­ exi- externa" só resolve o problem
externa” problema retó-
a no nível retó­
ge contorcionism
conrorcior-i.ismosos _teóricos e retóricos, e, rico. A prim
rico. primeira co'rresponderia ao direito do
eira corresponderia
quando
quando traduzida para a linguagem
linguagem mais chã chã direito de o grupo
grupo im pedir dissidências in­
impedir in-
da prática
prática política,
polícica, dá margem
margem a equívocos.
equívocos: ternas, gerando tensões com com asas. liberdades in­in-
Slogans vazios (“diferentes
("diferences mas não desiguais”,
desiguais", segunda refere-se ao direito de
dividuais. A segunda dê o
por exemplo) não suprem suprem a necessidade de grupo -se
grupo pro reger das pressões da sociedade
se proteger sociedade
enfrentamento
enfr~mamemo da questão, que passa pela com­ com- mais ampla, e poderia
pod~ria ser maximizada sem serri
preensão · da diferença entre as próprias dife­
preensão dife- contra-indicações. N No
o entanto, um uma outra
a e outra
renças, algumas das quais (como (éomo a diferença
difererwa estão,. na
estão, na mmaioria imbricadas .
aioria dos casos, imbricadas.
de classe ou ou status) devem
devem ser minimizadas
minimizadas . C
Cumpre pàssagem, que
um pre observar, de passagem, que .há

ou
ou abolidas, enquanto
enquanto outras
outras devem
devem flores­
flotes- uma
um diferença de base entre
a diferença entre a perspectiva
pe;specti~a
cer (Fraser, 1997, pp. 203-204)’
{Fràser, 1997, 203-204r. de Kymlicka e a de autores autores comcomo o Young.
O terceiro
O problema;
terceiro problem o mais gravegravè
a, o mais de to-de to ­ Kymlicka
Kymlicka-preocupa-se sobretudo com
preocupa-se sobretudo com países
países
dos,
dos) diz
diz respeito
respeito à acomodação
acomodação entre entre os di­ di- como Canadá
como Canadá ou ou Bélgica, às voltas com com na-
na-
reitos
re1tos dede grupos
grupos e os os direitos
direir?s individuais.
individuais. cionalismos m
cionalismos minoritários.
inoritários. OOm mulcicuhuralis-
ulticulturalis-

31
31
mo de
mo de Young
Young refere-se
refere-se ao
ao modelo
modelo estaduni-
estaduni­ campo
cam po maismais amplo
am plo da da teoria democrática
dem ocrática
dense, com
dense, com grupos
grupos identitários
identitários muito
m uito mais
mais.1cual.
atual. E,E, também,
tam bém , eviçienciar
evidenciar alguns
alguns dos
dos ei-
ei­
fluidos ee dispersos. A tr~nsposição
fluidos transposição do do mode-
m ode­xos
xos principais da da discussão
discussão contemporânea
contem porânea
lo estadunidense,
1~ estadunidense, diz Kymlicka
Kymlicka (1998),
(1998), com-
com ­s9bre
sobre ·oo sign.ifi.cado
significado ee as as possibilidades
possibilidades da da
prom ete aa compreensão
promete com preensão das das outras
outras reali-
reali­
democracia.
dades.22
dades. afirma estar solidamente
2~ Kymlicka f-firma solidamente Um desces
destes eixos é oo sentido e o valor atri-
atri­
posicionado dentro da da tradição liberal,
liberal, ~mbo-
em bo­buídos ao consenso. Trata-se de .uma um a questão
proponha adaptações, como, por exemplo,
ra proponha importante
im portante e complexa. A harmonia harm onia social é
direitos excepcioflais
a concessão de di.reicos excepcionais para um bem comumenre
com um enre exaltado pelo discurso
. grupos minoritários. Young, por sua vez, ma- · político (Miguel, 20006)
ma­ 2000b) e algum grau de
nifesta simpatia
sim patia pela visão deliberativa da unidade é imprescindível para a manutenção m anutenção
democracia, embora
em bora critique alguns dos fun- fun­da sociedade; enrreramo,
entretanto, a democracia se ftm-
fun­
dam entos
damentos da teoria
t~oria de Haberm as, em espe­
Habermas, ·em espe- da, como diz Claude Lefort, no ·reconheci- reconheci­ ·
cial a crença numanum a razão universal, capaz de mento
m ento da Legitimidade
legitim idade do conflito. Para a
consenso. E.
levar ao consenso; E a corrente mulciculcu-
m ulticultu-percepção liberal, o consenso relevante é pro- pro­
ralista,
ral isca, como um todo, mantém m antém uma
um a relação cedimental - os interesse~
interesses privados estão em
contraditória com o comunita·
com unitarism o, já que
rismo, permanente
perm anente disputa e o ganho da democra- dem ocra­
incorpora a percepção da importân im portânciacia doscia é proporcionar formas 1e de solucionar tais
prim ários - com destaque
laços identitários primários disputas, aceitas por rodos todos e que excluem o
sobretudo
sobret. u do nas formulações de Kyml Kymlicka
itka -—ao
ao uso da violência física. De forma form a diversa, a
mesmo tempotem po em que contesta a visão de um idéia de consenso procedim
procedim~ncalental vai ser inin-­ ·
“bem comum"-
"bem com um ” único
único.. corporada pelo multiculruralismo,
m ulticulturalism o, mas aí os
agentes não são indivíduos ·com com interesses
privados conflitivos,
conflitivos, mas grupos com valores
Conclusão
Col)clusão divergentes.
Deliberacionistas e republicanistas apre­ ~pre-
D
Daa discussão
di~cussão acima, fica claro que as senram
sentam um umaa visão bastante diversa do consen­
consen-
fronteiras entre as cinco vertentes são fluidas . so. Ambas as correntes
corren tes consideram
consideram o consenso
e imprecisas. Um Um autor como
como Robert Dahl substantivo, sobre políticas, mais do que o
flerta com
com o participacionism
participacionismo o e proclama
proclama _ mero consenso procedimental. Para a verten­ verten-
sua sim patia pela visão deliberativa da dem
simpatia demo- o­ consenso genuíno
te deliberativa, o consenso genuíno é a meta
cracia, sem nunca abandonar um uma a perspecti­
perspecti- da interação política. Para a republicana, um um
va pluralista; Young e outros
outros teóricos da di­di- consenso sobre sobre o bem
bem “com
"comum" que se bus­
um ” que bus-
ferença enxergam
enxergam o debate
debate público
público como
como ca é necessário para para todos
rodos os que ingressam
ingressam
mecanismo
mecanismo idealideal para
para o funcionam ento da
funcionamento boa fé na
de boa na arena
ar;na pública.
pública. O Oss participa-
parricipa-
dem ocracia em
democracia em sociedades
sociedades m ulticulturais e
multiculturais cior:i.istas, enfim,
cionistas, enfim, possuem
possuem um uma posiçã~ mais
a posição mais
assim
assim por
por diante.
diante. D entro de
Dentro de cada
cada corrente,
corrente, complexa. O que está em em jogo
jogo não
não é tanto
tanto oo
as diferenças
diferenças também
também são muitas,
muitas, como
como exem­
exem- cbnsenso ou
consenso ou o dissenso,
dissenso, masmas aa possibilidade
possibilidade
plificam
plificam osos contrastes
co.ntrasces entre
entre Downs
Downs ee Dahl,
Dahl, de construção
de construção da da autonom
autonomia coletiva. Um
ia coletiva. Um
entre Lasch e Sandel ou entre Kymlicka
entre Lasch e Sandel ou entre Kymlicka e e acordo torna-se
acordo coma-se mais factível àà medida
mais factível medida que
que
Young.
Young. aumenta
aum enta aa igualdade
igualdade de de condições
condições entre
entre osos
Portanto,
Portanto, aa classificação
classificação apresentada
apresentada ob­ob- pamc1 pan tes.
participantes.
jetivou
jetivou apenas
apenas indicar
indicar balizas
balizas que
que perm itam
permitam Um segundo
Um segundo eixoeix~ ·reside
reside nana questão
questão dada
situar
situar os diferentes aurores e obras dentro do
os diferentes autores e obras dentro do igualdade term
igualdade, termo que esteve
o que esteve associado
assoc_iado àà de­
de-

32
32
desde seus primórdios
mocracia desq.e prim órdios - e ainda na A riqueza e a diversidade das teorias refor-
refor­
m etade do século XIX
metade XIX, Tocquevil1e
Tocqueville (1835(1835-- çam a idéia da democracia
dem ocracia como um projeto
1840) usava “democracia"
'democracia" e "igualdade"
“igualdade" pra- pra­ inacabado ou, ainda mais, com9 como hori~onte
horizonte
ticam ente como
ticaméme sinônim os. Para os iiberais,
com o sinonimas. liberais, normativo
norm ativo cuja realização plena sempre nos· nos
a igualdade relevante é a igualdade perante peranre a escapará. N o cerne de muitas das dificuldaâes
dificuldades
reconhecim ento de
lei; em outras palavras, o reconhecimento está a representação polírica,·
política, inevi táv~l nas
inevitável
um mesmo conjunto de direitos e liberdades sociedades contemporâneas,
contem porâneas, nasmas que impõe
para todos os cidadãos. N enhumaenhum a das outras grandes desafios - Como
Com o garantir a-vincula-
a vincula-
questiona a importância
correntes question~ im portância da igual-igual­ . ção de representantes e representados? Como Com o
liberal.. De fato, todas elas se movem den-
dade liberal den­ impedir
im pedir a autonom ização dos interesses dos
autonom ização
tro do universo do liberalismo, entendido governantes? Como
Com o manter
m anter a igualdade? - e
com o respeico
como respeito a direitos individuais inalie- inalie­ que exige ser reconhecida como um umaa realida-
realida­
náveis, desfrutados por todos os integrantes de complexa, multifacetada, que não_ não sé
se es-
es­
da polis, diante dos quais está limitado
lim itado o ar-ar­ gota no processo eleitoral (Miguel, 2003a).
bítrio do Estado. Mas acrescentam novas fa- fa­ cabe lem brar que, dada a divi­
Por fim, cabe-lembrar divi-
cetas à questão. são internacional do trabalho intelectual,
i~telecmal, a
enfatizam a igual-
Os deliberacionistas enfatizam igual­ quase totalidade das teorias influentes da de- de­
dade no debate público, que exige mais do i:nocracia é produzida na América do.No'ne
mocracia do N orte e
que as liberdades formais: exige- exige a àoermra
abertura na Europa O Ocidental,
cidental, o que gera
gera_novos de­ de-
deste debate a múltiplas
desce rnú!ciplas vozes.
vozes . O republica-
republica­ safios, quando são confrontadas com a .reali- reali­
nism
nismo o cívico postula um umaa igualdade identi-
identi-. dade dos países periféricos (Miguel, 2003b).
20036).
tária,
cária, fonte dos valores com uns que possi­
comuns possi- ossos problemas são mais básicos, mas nos­
Nossos nos-
bilitam
bilitam a ação política.
polícica. Mais do que as outras . sas sociedades _e instituições talvez sejam tam tam-­
correntes, a democracia participativa se pre­ pre- bém menos enrijecidas, perm permitindo
itindo novos
ocupa comcom a igualdade substantiva, nas con- con­ majs ousados experimentos democráticos.
e mais
dições materiais, sem a qual o experimento
e~perimemo afinal a razão da reflexão teórica
Pois esta é, afinal,
dem ocrático estará fadado a se transform
democrático transformar ar sobre a democracia: não apenas entender o
em farsa. A posição m ulticulturalista
multiculturali ta é a mais ·mundo, transformá-lo,
m undo, mas contribuir para transform á-lo,
complexa, trabalhando ·permanentemente
perm anentem ente a permanente
no diálogo perm com as forças sociais
anente com
tensão entre igualdade e diferença.
diferenç_a. movimento.
em movim ento.

Notas
Notas

1. Um
Urnaa versão prelim inar deste texto foi discutida
preliminar discutida_ no G rupo de Pesquisa “D
Grupo emocracia e
"Democracia
Democratização" (Demodê) da Universidade
Democratização" Universidade de Brasília. Agradeço
Agradeço as sugestões
sugestões e com
comen-
en­
tários
tários dos participantes,
panicipantes,,.bem
bem como ·de
de Regina Dalcastagnè.
Dalcastagne.
2. ingênua que
Por ingênua que seja essa visão, ela encontra
encontra guarida, por exemplo,
exemplo, em
em Dahl {1989)
(1989)..
3. Ele usa os term os “democracia
termos "democracia representativa"
representativa' e “democracia
"~emocracia participativa”,
parcicipativa", mas a segunda
segunda
claramente
reflete claramente o anseio por presença direta
por presença direta do cidadão
cidadão nos decisóríos (Santos
espaços decisórios (Santos
e Avritzer, 2002;
2002; Santos, 2004).
2004).
4. Usei um
umaa adaptação
adaptação das categorias
categorias de
de Elster em
em texto
texi:o anterior, que, em
em alguma
alguma medida,
medida,
serviu de
serviu de prim
primeira
eira _
aproximação à elaboração
aproximação elaboração que
que_agora
agora apresento
apresemo (Miguel,
(Miguel, 2000a).
2000a).

33
33
5. duas grandes correntes: "agregativa"
Shapiro simplifica o modelo de Elster, identificando duas·grandes “agregativa”
“deliberativa”.. Mas sua afirmação de que ambas partilham da .
(vertente hegemônica) e "deliberativà'
“a tarefa da democracia é expressar ~ma
• posição rousseauniana de que "a um a vontade geral que
reflita o bem comum"
·reflita com um ” (Shapiro, 2Q03,·
2003, pp.. 3) indica uma
um a leitura insustentável da vertente
agregativa.
agregãtiva. _.. .
6. U m a antecipação do núcleo da tese schumpeteriana
Uma schum peteriana está em Weber
W eber (1993 [1
[1918]).
918]) .
7. D ahl está claramente à
Hoje, Dahl a esquertk
esquerda da maior
m aior parte dos deliberacionistas, por suas críti-
críti­
ordenam ento liberal e mesmo
cas ao capitalismo, por sua consciência das limitações do ordenamento
por sua denúncia dos aspectos regressivos da Consticuiçã<?
por· Constituição dos Estados Unidos (Dahl,
2002). JJáá os deliberacionistas, como procuro mostrar na pró?(ima
próxima seção, caminharam
cam inharam para
um
umaa crescente acomodação com ·o capitalismo, com o constitucionalismo
constitucionalism o liberal e, enfim,
com o modelo político estadunid~nse.
estadunidense.
8. A idéia é que a negação de tal premissa levaria à legitimação de ditaduras pai:ernalistas,
paternalistas, que
dariam aos 1.ndivíduos
indivíduos aquilo que, embora
em bora eles não soubessem, m elhor corresponderia
melhor corresponderia a
“verdadeiros” interesses.
seus "verdadeiros"
Esta seção está baseada em texto anterior (Miguel, 2002c).
9. -Esta 2002c) . ·
O: G
110. utm ann e Thompson
Gutmann T hom pson (1 (1996)
?96) são os principais autores
aurores de umumaa vertente alternativa, que
descarta .explicitame1Jte
de~carta explicitam ente a influência de·Habermas
de Haberm as e tom
romaa Rawls com
comoo principal referên.
referência
cia .
filosófica. Rawls,
filosófica; Rawls; no entanto, dificilmente
él.ificilinent~ pode ser tom ado por um autêntico democrata
tomado dem ocrata
deliberativo. Em Uma teoria da justiça (I (1997 [1971]),
997 [l 971]), ele postula um
umaa razão supra-indivi-
. dual que term ina ·afascando
termina afastando a necessidade ou a possibilidade de deliberação coletiva, con­ con-
forme já observaram
observaram vários
v4rios críticos. EmEm O O liberalismo político (2000 (1993)),
[1993]), sua posição
é deliberativa, mas não democrática,
demo_c rática, na medida em que· que privilegia a deliberação em insri-
insti­
tuições exclusivas com
como o a Suprema Corte
Cone dos Estados Unidos.
11. James Bohm an (1996,
Bohrrian (19~6, p. 14) prefere ver, nos últim os escritos de Haberm
últimos as, um
Habermas, “crescente
um "cr:escente
pessimismo”
pessimismo" quanto à possibilidade de c!,e aprofundam ento da democracia, mas trata-se
aprofundamento trata-s~ de
generosidade
ge.n êrosidade sua:
sua: acomodação seria
sena o term o mais adequado.
term_o
12. Parte destas
desta$ respostas é discutida
4iscmida em
em Dryzek (2001, pp. 652-657).
652 -657).
13. Mas as limitações de
d~ tem po permanecem.
tempo per~a.necem.
14. Dryzek
14. Dryzek não usa a palavra “consenso”
"consenso" para seu arranjo, que
que chama de “concordâncias
"concordâncias ope­
ope-
rativas" (workable agreements).
rativas”
15. Esta seção beneficiou-se da discussão sobre
sobre teoria republicana, conduzida
conduz\da no G rupo de
Grupo
Pesquisa “Democracia
"Democracia e Democratização
Democratização"’ (Demodê)
(Oemodê) da Universidade de Brasília por Ga-
. briela
bri~la Cavalcanti
Cavalcanri Cunha,
Cunha, a quem
quem agradeço.
agradeço. . ·
16. Em
16. bora seja possível argumentar, como
Embora como faz Held
Held (1996, pp. 50-55.), que Maquiavel pos-
pos-
.- sui' um
umaa visão de “democracia
"democracia protetora”,
protetora'\ isto
ist~ é, que a participação
participação política obedece
obedece àa
necessidade
necessidade de proteger
proteger interesses privados, seu
seu com prom etim ento com
comprometímemo com o ideal cívico
cívico re­
re-
publicano está bem
publicano bem evidenciado
evidenciado pela literatura
literatura (ver Skinner, 1996
1996 [1978],
[1978), pp. ·178-182;
178- 182;
1998).
Viroli, 1998). . .
17.
17. Cum pre observar que
Cumpre q~e um
um dos núcleos da tese
~ese de Lasch -.q u al seja, a cosmopolitização
Lasch-=.qual cosmopolirização dos
dos ·
grupos
grupos de elite tornou
tornou desprovidas de sentido
sentido as com unidades às quais
comunidades quais o restante
restante da pop u­
popu-

34
34
lação permanece pr~o
preso - está traduzido, de forma sociologicamen.
sociologicamentete mais sofisticada e sem
ranço nostálgico, na discussão sobre a globalização realizada por Bauman (1999 [1998)). [1998]).
Walzer (1990, pp. , 111-12),
p p ./1 -12), por sua vez, sintetiza a percepção da falência dos vínculos ·
rradic1onais n~
tradicionais na idéia das ~as “quatro
'quàrro mobilidades’
mobilidades" contemporâneas
contem porâneas - mobilidade
mobilidade geográfica
(migrações), ~obilidade
mobilidade social, mobilidade
m obilidade conjugal (fim da _crença nà
na indissolubilidade
do m atrim ônio) e m
matrimônio) obilidade política
mobilidade polícica (declínio das kaldades
lealdades partidárias).
parddárias)'.
também,
18. Ver, tam bém , a esse respeito Pateman
Pateman (1970), Bachrach (1980), l\.1acpherson
M acpherson (1977),
Gorz (1987 [198(}])
[1980]) e DDahl
ahl (-1990
(1990 [1985], 1990).
1990).
19. Este argumento,
argum ento, na verdade trivial, é desenvolvido em Dahl (1991 [1982], pp. 24~25).
24-25).
2:0, Um esboço de sustentação teórica para a compreensão da
20. ~a relação entre.presentes
entre presentes e ausentes
como
com o sendo um
un:aa relação de representação
représencação é dado por M
Mansbridge
ansbridge (1983, pp. 248-251). ·
Aautora
21. A autora recuou da proposta em sua reflexão mais recente (Young, 2000).
22. A crítica à “im
«importação"
portação” da discussão estadunidense está presente
pres.ente tam
também
bém eme_m autores
la~ino-americanos,
latino-am ericanos, que negam relevância local ao ·que
que Beatriz Sado chamou
Sarlo cham ou de "identida-
“identida­
des com hífen"
hífen” (afro-americano etc.) e ligam a visibilidade do m
multiculturalismo
ulticulturalism o ao "declí-
“declí­
nio da críüca
crítica socialista ao capitalismo [que) desvalorizar as exigênc.
[que] contribuiu para desvalorizar. ias
exigências
redisuibutivá.s" (García Canclini, 1999, p.·
redistributivas” p. 111). ·

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670-690.

Resumo
Resumo

Teoria_ democrática atual: esboço de mapeamento


Teoria mapeamenJo

Este artigo
artigo discute
discute e contrasta
contrasta as diferentes
diferentes teorias
teorias da democracia presentes
presentes no
no debate
debate acadêm i­
acà.dêmi-
co
có contem porâneo, agrupando-as
~oncemporâneo, ag~upando-as emem cinco
cinco correntes
correntes principais: pluralismo
pluralismo liberal,
l'iberal, teoria
teoria de­
de-
liberativa, republicanism
republicanismo o cívico,
cívico, participacionismo
panicipacionismo e multiculturalism o.
multiculturalismo.

41
41
política contemporânea;
Palavras-chave: Democracia, Teoria pdírica contem porânea; Liberalismo; Republicanismo;
M ulticulturalism
Mui o.
ticul rural ismo.

Abstract

Democratic theory nowadays: a mapping draft


Demo~ratic
' - I
T he article dis~usses
. The discusses ~nd
and contrasts differenr·
different rheories
theories of
o f demo~racy
democracy rhat .on
that are present on ihe
the
contem porary aq1demic
_comemporary academic debate, grouping them in five m·ain
main curreq.ts:
currents: liberal plur~fism,
pluralism, deli-
deli­
berative theory, civic republicanism, parricipàtive
berarive participative democracy, and multiculcuralism.
m ulticulturalism .

C ontem porary political theory; Liberalism; Republicanism; Multicul-


Keywords: Democracy; Contempor'ary M ulticul­
turalism. ·

Résumé

actuelle: esquisse de mappage


Théorie démocratique f!Ctuelle:

article analyse et oppose les différentes théories de la démocratie


Cet arcicle dém ocratie présentes dans lete débat
académique contem porain. Elles soné
contemporain. sont regroupées
r:egroupées en cinq courants principaux: le !e pluralisme
libéral, la théorie
rhéorie délibérative, le républicanisme dém ocratie participative et le m
républ-icanisme civique, la démocratie ul­
mul-
ticulcuralisme. •. ·
ticulturalisme.

Mots-clés: Démocratie; T
Mots-clés: héorie .polirique
Théorie politique contem poraine; Libéralisme; Républicanisme; M
contemporaine; ul­
Mul-
i:iculruralisme.
ticulturalisme. ,

42
42

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