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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
Curso: COMUNICAÇÃO – Habilitação: RÁDIO E TV
Disciplina: Estética e Mídia
Professor: Junerlei Dias Moraes
DISCENTE: MARLLON KWE DA SILVA FERREIRA

Análise estética do filme “O Coringa”


Um dos melhores filmes que já assistir Coringa, ou Joker, em 2019 levou
o prêmio de Melhor Filme. Uma obra artisticamente sofisticada, o telespectador
se contagia com a tristeza inerente do filme e mergulha na mente de um
indivíduo “excluído” da sociedade. Este filme não é tanto sobre o “Coringa”, o
eterno vilão das histórias do Batman, mas sobre o “piadista”, uma pessoa que
tenta ser um comediante de sucesso e falha nisso.
Podemos chamar esta obra de revolucionária, pois trata – se de uma
anti-comédia, ou melhor, uma desconstrução daquilo que chamamos de
comédia. Deste modo, o humor atua como a possiblidade de integrar o
protagonista na sociedade, diante do cenário cruel do mundo social, além das
ambiguidades e do terror do silêncio familiar. As distorções da câmara, isto é,
que não seguem a linha convencional do cinema tradicional, que faz o
espectador esperar um plano. Esses enquadramentos “errados” traz um
sentimento de incerteza.

Coringa mostra como a depressão alinhada a perda de si mediada pelas


consequências das ações dos outros. Ao se construir como um filme de arte,
automaticamente ele se torna um filme filosófico: ele já não fala nem de si, nem
dos outros, nem do mal, nem do bem, mas da dinâmica tortuosa das relações
que nos constituem como seres humanos.
 Essa construção empática com um personagem tão tortuoso. A
instabilidade é a característica principal de um personagem que saboreia a
loucura, que na tela de cinema aparece debaixo do rolo compressor de um
mundo cinza que vai se tornando cada vez mais sombrio e desesperador.
As pancadas vêm de todos os lados, de onde todos poderíamos esperar,
mas também de onde jamais gostaríamos que viessem. Entretanto, não são
estas que doem mais, afinal de contas o couro já está curtido.
Sua aura é direcionada para o mal por causa das tragédias que sofreu,
como abuso na infância, a ausência de uma figura paterna e ter de lidar com
problemas mentais sem um atendimento adequado. Ou seja, O Coringa, por
boa parte do filme, mostra como a sociedade lida com pessoas diferentes, ele é
mostrado antes como ser humano do que como monstro.  Uma crítica à
maneira como a sociedade marginaliza pessoas com doenças mentais.
Coringa demonstra com clareza como a manifestação de sintomas
psiquiátricos não é entendida socialmente, e o paciente, mesmo
emocionalmente fragilizado, acaba por ser rechaçado.
Outro ponto fundamental é que o filme não restringe a uma explicação
determinista acerca do sofrimento psíquico do personagem: está muito além
dos diagnósticos, trata-se de um contexto social. 
A apatia quase infantil retrata uma pessoa com sérios problemas
mentais visto de forma íntima, talvez nunca mostrada. Closes, sons e lágrimas
de um homem transtornado que luta para acreditar numa versão que sua mãe
lhe contou. Tecnicamente falando os enquadramentos, iluminação, trilha
sonora e edição dão ao mesmo tempo sensação de intimidade e superioridade.
Nada no filme é realmente o que parece. É preciso refletir cada segundo sobre
o que as imagens mostram, e ainda tem várias "pegadinhas" psicológicas ao
longo da trama que surpreendem os expectadores.

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