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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH
CURSO DE AUDIOVISUAL E NOVAS MÍDIAS
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA GERAL E DA COMUNICAÇÃO
Fortaleza, CE
Novembro / 2012
FILME: Cinema, Aspirinas e Urubus
Direção: Marcelo Gomes
Gênero: Comédia dramática
Nacionalidade: Brasil
O filme “Cinema, aspirina e urubus” do diretor Marcelo Gomes, é rico para uma
análise do ser humano, dos seus medos, e de desejos, de alguns problemas brasileiros
como a seca, a fome, a miséria, pois possui uma característica que amedronta na
capacidade de mostrar o que se está escondido, possuindo um cenário bastante presente
na narrativa, porém ele é superficial nessas questões, mostrando, na verdade, de uma
maneira bem natural, a verdade de dois homens no seu trajeto, como se fosse uma
história relatada.
No filme o cenário é muito importante para a construção da narrativa, a seca, a
fome, a pobreza do povo que vive no sertão, trazendo um aspecto real ao filme. Sendo
assim podemos perceber a característica de um povo, abrindo-nos os olhos para aquilo
que não é muito percebido ou está esquecido.
Depois do cenário podemos perceber as características dos protagonistas,
Ranulpho é um homem do sertão e leva a vida como todos ali, porém não gosta do lugar
nem das pessoas, mesmo fazendo parte daquela realidade. Ele sonha em ir ao Rio de
Janeiro achando que lá sua vida vai ser melhor, mesmo já tendo escutado histórias de
pessoas que foram para lá e voltaram derrotados. Ele encontra Johann, um alemão que
fugiu da guerra, e lhe dá uma carona. Johann dirige um caminhão para vender aspirinas
pelo interior do Brasil, levando consigo uma tela e um projetor de cinema e pequenos
filmes publicitários sobre o seu produto. Quando chega ao Brasil, Johann se depara com
uma cultura diferente, um cenário diferente, a miséria, a seca, mesmo assim ele acha
interessante, concluindo ser melhor estar ali que na guerra.
Podemos perceber várias questões, uma é a insatisfação dos dois à suas origens,
tanto Johann que não concorda com as ideias de seu país, quanto Ranulpho que sente
vergonha de seu povo, da fome e da seca que faz parte de sua realidade. Outra questão
que se pode levantar é a que Glauber Rocha fala no texto “Estética da fome” quando diz
que o europeu estranha a miséria e a fome que existe no Brasil, mas para o brasileiro é
uma vergonha, quem sente fome não tem coragem de dizer, não tem coragem de mostrar
a sua realidade nem um e nem outro compreende esta fome e nem sabem de onde ela
vem, pois Johann não entendia o que se passava com aquelas pessoas naquele local
precário, é algo diferente e por isso para ele era interessante, porém para Ranulpho
aquela realidade era algo que ele não queria fazer parte. Também podemos ver neste
texto algumas questões superficiais tratadas no filme, como a falta de água e a fome.