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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CCH
CURSO DE AUDIOVISUAL E NOVAS MÍDIAS
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA GERAL E DA COMUNICAÇÃO

CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

Nadia Tiemi Horibe


1212381
Raiane Cláudia Feitosa Ferreira
1212388

Fortaleza, CE
Novembro / 2012
FILME: Cinema, Aspirinas e Urubus
Direção: Marcelo Gomes
Gênero: Comédia dramática
Nacionalidade: Brasil

O filme “Cinema, aspirina e urubus” do diretor Marcelo Gomes, é rico para uma
análise do ser humano, dos seus medos, e de desejos, de alguns problemas brasileiros
como a seca, a fome, a miséria, pois possui uma característica que amedronta na
capacidade de mostrar o que se está escondido, possuindo um cenário bastante presente
na narrativa, porém ele é superficial nessas questões, mostrando, na verdade, de uma
maneira bem natural, a verdade de dois homens no seu trajeto, como se fosse uma
história relatada.
No filme o cenário é muito importante para a construção da narrativa, a seca, a
fome, a pobreza do povo que vive no sertão, trazendo um aspecto real ao filme. Sendo
assim podemos perceber a característica de um povo, abrindo-nos os olhos para aquilo
que não é muito percebido ou está esquecido.
Depois do cenário podemos perceber as características dos protagonistas,
Ranulpho é um homem do sertão e leva a vida como todos ali, porém não gosta do lugar
nem das pessoas, mesmo fazendo parte daquela realidade. Ele sonha em ir ao Rio de
Janeiro achando que lá sua vida vai ser melhor, mesmo já tendo escutado histórias de
pessoas que foram para lá e voltaram derrotados. Ele encontra Johann, um alemão que
fugiu da guerra, e lhe dá uma carona. Johann dirige um caminhão para vender aspirinas
pelo interior do Brasil, levando consigo uma tela e um projetor de cinema e pequenos
filmes publicitários sobre o seu produto. Quando chega ao Brasil, Johann se depara com
uma cultura diferente, um cenário diferente, a miséria, a seca, mesmo assim ele acha
interessante, concluindo ser melhor estar ali que na guerra.
Podemos perceber várias questões, uma é a insatisfação dos dois à suas origens,
tanto Johann que não concorda com as ideias de seu país, quanto Ranulpho que sente
vergonha de seu povo, da fome e da seca que faz parte de sua realidade. Outra questão
que se pode levantar é a que Glauber Rocha fala no texto “Estética da fome” quando diz
que o europeu estranha a miséria e a fome que existe no Brasil, mas para o brasileiro é
uma vergonha, quem sente fome não tem coragem de dizer, não tem coragem de mostrar
a sua realidade nem um e nem outro compreende esta fome e nem sabem de onde ela
vem, pois Johann não entendia o que se passava com aquelas pessoas naquele local
precário, é algo diferente e por isso para ele era interessante, porém para Ranulpho
aquela realidade era algo que ele não queria fazer parte. Também podemos ver neste
texto algumas questões superficiais tratadas no filme, como a falta de água e a fome.

Podemos notar ao desenvolvimento deste filme, e dos personagens, Johann e


Ranulpho as mudanças de ideia e atitudes que faz parte de uma complexidade, sendo
esta uma característica dos seres humanos. Lembramos, então, do texto “Inclusão,
verdade da literatura” de Edgar Morin, quando ele fala que o cinema tem a capacidade
de mostrar a complexidade humana, para ele esta complexidade é importante, pois dará
uma visão mais ampla do ser humano, porque mesmo sendo seres racionais, a razão está
sempre ligada a uma emoção, não existe uma pessoa que seja totalmente má, e outra
totalmente boa.
A identificação algo importante para a que um filme possa comover o público e
atingir o seu objetivo, no texto de Morin fala da identificação para enxergarmos a
realidade no filme, e Buñuel também fala um pouco sobre essa questão em seu texto
“Cinema instrumento de poesia”, afirmando que quando o expectador compartilha as
sensações com o personagem é porque ele vê uma ligação com o real com e se
identifica, pois todos nós possuímos desejos, medos, dúvidas, pois temos a consciência
das injustiças, dos problemas que afetam toda a humanidade.
Mesmos estes personagens sendo fictícios e suas histórias inventadas, podemos
perceber nela traços de verdade e termos consciência da realidade que está sendo
representada. Podemos ainda nos identificamos com estes personagens, por serem
humanos, e por serem complexos, assim compreendemos os seus medos, loucuras,
sonhos e derrotas. Morin falou disso em seu texto, mostrando que é importante o
cinema mostrar a realidade mesmo não sendo algo real, mas que possui uma riqueza que
abre os olhos do público para aquela não realidade que está esquecida e é pouco
percebida. Assim podemos juntar com a ideia de Buñuel sobre a importância do cinema,
pois ele acredita que o cinema tem a tarefa de mostrar a realidade de uma maneira
diferente da que é vista durante os dias de maneira mais dramática, pois assim se obterá
uma visão ampla da realidade.
Podemos então intercalar os três textos ao falar sobre a importância que o cinema
tem para mostrar os problemas do ser humano. É de imensa importância que o cinema
fale sobre as questões humanas, tanto os seus problemas individuais e psíquicos, cheios
de desejos, medos, instabilidades, loucuras, quanto questões sociais, pois vivemos em
um conjunto que possui conflitos característicos que atingem de certa forma cada
indivíduo. Este tipo de cinema para Morin é importante porque mostra o ser humano em
sua complexidade agindo de tal forma que afeta a si mesmo e à sociedade, abrindo os
olhos para uma realidade esquecida tornando as pessoas mais compreensíveis. Para
Glauber, mostrar os problemas sociais num filme é algo revolucionário e de estema
importância, porque esclarecerá sobre a realidade dos brasileiros e sobre a sua cultura
“escancarando” algo que está escondido por busca de uma transformação. E para
Buñuel, apesar de ser surrealista, ele afirma que o cinema que revela os problemas que o
homem enfrenta e são questões que fazem parte da vida humana e de sua existência,
sendo importante para causar impacto as convenções, a burguesia, e a ordem, mesmo
não apontando uma solução.
Então o filme “Cinema, aspirinas e urubus” se encaixa em várias questões
apontadas nos textos, sendo também um filme que fala de amizade, companheirismo,
esperança, mostrando um pouquinho de como a projeção de imagens em movimento e
sons encanta e envolve as pessoas, pois o cinema se assemelha ao que se passa na mente
humana, ao pensamento e ao sonho.

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