Você está na página 1de 4

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE COMUNICAÇÃO E GESTÃO– CCG
CURSO DE AUDIOVISUAL E NOVAS MÍDIAS
DISCIPLINA: HISTÓRIA E ESTÉTICA DO CINEMA

RESENHA CRÍTICA

TAXI DRIVER

Raiane Claudia Feitosa Ferreira


121238

SETEMBRO / 2013
FORTALEZA, CE
Raiane Claudia Feitosa Ferreira
1212388

TAXI DRIVER

Trabalho apresentado à disciplina História e estética


do cinema, ministrada pelo professor Glauber Filho,
para obtenção parcial de nota no curso de Audiovisual
e Novas Mídias, da Universidade de Fortaleza –
UNIFOR.

SETEMBRO / 2013
FORTALEZA, CE
O filme Taxi Driver (1976), dirigido por Martin Scorsese, foi gravado em Nova
York, e mostra uma versão suja da cidade, com prostituição, roubos, vandalismos. Isso o
diferencia dos outros filmes feitos em Nova York, que mostram uma versão mais
refinada e elegante desta cidade. A trilha sonora reforça essa característica com a
música romântica, que compõe o cenário das cenas em que o taxi passa pelas ruas sujas
a noite.
Através de travellings rápidos, pontos de vista, câmera subjetivas, o filme convida
o público para um passeio de taxi mostrando os detalhes da cidade através dos olhos de
um observador, que não participa diretamente dos acontecimentos, que pode ser o
protagonista, ou não. Com isso, o público mergulha num universo de uma sociedade
apática, e Travis é um símbolo desta sociedade, pois através do trabalho como motorista
de taxi, ele pode passar por diversos locais em e ter conhecimento do que está
acontecendo na cidade no turno da noite, mas nunca fica em nem um lugar por onde
passa, apenas passa, nem se manifesta. Porém, as coisas começam a mudar quando uma
prostituta de 12 anos, Iris, entra em seu taxi pedindo desesperadamente para sair dali,
porém foi arrancada do interior do veículo pelo cafetão. A partir desse acontecimento,
Travis muda de atitude e sai da neutralidade, agora tem a sensação de que a sua volta
existem outros como ele, que agem e falam menos ainda, mas que também estão
prontos para explodir.
No caso, o filme mostra o conflito de Travis, que é ex-fuzileiro e, por causa da
insônia, arranja um emprego como motorista noturno de taxi, e pelo trauma da guerra,
não consegue mais se comunicar com o mundo. Talvez esse mundo seja uma
exteriorização daquilo que ele sente, que ele é, como é proposto na cena em que seu
colega de trabalho o explica, ou tenta explicar que “o homem arranja um emprego e
passa a ser o seu emprego” quer dizer, o homem é aquilo que ele faz. E ao longo do
filme parece que Travis sofre uma metamorfose, visível pelo cabelo que vai encurtando
ao longo da narrativa até chegar ao moicano, corte de cabelo símbolo de bravura e luta,
representando que o personagem está pronto para a “batalha” que se preparara.
É possível observar em Taxi Driver, na maior parte do filme, o uso da decupagem
clássica. Nele há uma performance realista e natural dos personagens, com expressões
espontâneas frente à câmera, como na famosa cena “You Talkin' To Me?”, a linearidade
dos acontecimentos, a montagem paralela, a utilização da sequencia de ações que vão
tomando proporções maiores até chegar o clímax, em Taxi Driver estas dão a impressão
de que algo vai explodir. Sendo assim, nota-se a estrutura da narrativa clássica, onde
temos os três atos bem definidos. Porém, o filme faz parte de uma nova estética de
cinema que surgiu no pós-guerra, e não possuía as mesmas características da era
clássica do cinema americano.
Taxi Driver foi inovador, por romper com a estética clássica de Hollywood, faz
parte de uma estética que deu seguimento a história do cinema, surgindo, assim, uma
nova maneira de fazer cinema que não estava dentro do padrão. Uma característica
interessante de resaltar é a figura do herói que foi substituída pelo anti-herói. Há o filme
uma cena em que Sport, cafetão de Iris, chama Travis de cowboy. Será que Travis é um
cowboy solitário da cidade que tem como objetivo salvar a mocinha do inimigo, como
nos filmes de Western? Na verdade ele é um anti-herói solitário que vai ao cinema
assistir filmes pornôs, que sonha com o dia em que algo ou alguém irá limpar a cidade
de toda a sujeira e vícios.
O filme trabalha com poucos planos fixos e uma câmera que se mexe todo o
tempo, mas que parece imóvel, como nas cenas que o taxi passeia pela cidade e a
câmera enquadra as causadas de dentro do taxi. Há a utilização de planos psicológicos,
planos com cura duração dando intensidade à cena, (característica da montagem
métrica), panorâmicas e travellings rápidos e lentos, câmera alta, câmera subjetiva, há
utilização da câmera lenta, que não está nem parada nem em ação, podendo observar
principalmente na cena do tiroteio no prostíbulo em que Travis vai salvar Iris. Sendo
assim, há também a representação do conflito interno do protagonista, que também é o
antagonista. Com isso, o público mergulha na diegese do filme e passa a acreditar
naquilo que ele propõe, compreendendo o conflito, sentimento, ambição, e desejo de
Travis, através da narração dos comentários que ele faz no taxi, no diário ou sozinho.
No final há a representação do seu suicídio; ele leva a mão esquerda e com o dedo
indicador imita o cano de um revólver, aponta a cabeça e faz com a boca o ruído de três
tiros, talvez seja isso, um suicídio se revoltar e deixar seus instintos agirem. Porém, o
que ele fez foi considerado um ato de coragem, pois mesmo assassinado três pessoas,
ele fez o que a polícia não foi capaz de fazer, salvou Iris da prostituição e a devolveu
aos pais. Na verdade tudo não passou de uma explosão de Travis, não houve então uma
agressão propriamente dita à sociedade, foi apenas uma defesa intima, um desabafo,
pois mesmo com o reconhecimento de seu ato de bravura, voltou à vida de taxista
noturno em Nova York que a qualquer momento pode explodir novamente.

Você também pode gostar