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ARQUITETURA HOSTIL

TEXTOS MOTIVADORES
Texto I
O que é arquitetura hostil. E quais suas implicações no Brasil
“Arquitetura hostil” se refere a estratégias de design urbano que utiliza elementos para restringir
certos comportamentos nos espaços públicos, dificultar o acesso e a presença de pessoas,
especialmente pessoas em situação de rua.
O termo (“hostile architecture”, em inglês) ficou famoso após a publicação de uma reportagem no
diário britânico The Guardian, em junho de 2014.
Segundo o historiador especializado em arquitetura Iain Borden, citado pelo repórter Ben Quinn, a
emergência deste estilo de arquitetura hostil data da década de 1990, nas gestões de um desenho
urbano que sugere, segundo suas palavras, “que só somos cidadãos se estamos trabalhando ou
consumindo bens diretamente”. Isto é, não trabalhar e não consumir quer dizer não poder estar
presente como cidadão de uma cidade.
“Por isso é aceitável, por exemplo, ficar sentado, desde que você esteja num café ou num lugar
previamente determinado onde podem acontecer certas atividades tranquilas, mas não ações como
realizar performances musicais, protestar ou andar de skate”, disse Borden à época.
Eduardo Souza e Matheus Pereira, editores do site especializado em arquitetura e urbanismo ArchDaily,
dão diversos exemplos de construções e objetos que podem “afastar ou excluir pessoas ‘indesejáveis’”:
cercas elétricas, arames farpados, grades no perímetro de praças e gramados, bancos públicos com
larguras inferiores ao recomendado pelas normas de ergonomia, bancos curvados ou ainda assumindo
geometrias irregulares, lanças em muretas e guarda-corpos, traves metálicas em portas de comércios,
pedras em áreas livres, gotejamento de água em intervalos estabelecidos sob marquises.
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/02/03/O-que-%C3%A9-arquitetura-hostil.-E-
quais-suas-implica%C3%A7%C3%B5es-no-Brasil

Texto II
Políticas higienistas nas cidades podem apenas esconder problemas
Remoção de pessoas em situação de rua, desocupação violenta em espaços públicas e prisão de
pichadores levantam discussão sobre qual é a melhor forma de lidar com conflitos nas cidades
“Espaço público é o espaço das diferenças, onde é possível o encontro com o que não é igual a nós”, diz
Sérgio Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). “À medida que se rejeita a
diferença, estamos rejeitando o próprio conceito de cidade.” De acordo com a definição da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), um espaço público
“refere-se a uma área ou lugar aberto e acessível a todas as pessoas, independentemente do sexo,
raça, etnia, idade ou nível socioeconômico”.
Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2017/05/o-que-voce-faz-para-mudar-sua-
cidade.html

Texto III

É na tenda improvisada em frente a faculdade de direito da Universidade de São Paulo que o Frei João
Paulo e dezenas de voluntários entregam, todos os dias, no almoço e na janta, mais de 1.200 marmitas.
Com a pandemia, os líderes de projetos sociais relatam que o número de pessoas que passaram a morar
nas ruas aumentou consideravelmente e, enquanto o desemprego ainda continua alto, continua
subindo. O último levantamento oficial da Prefeitura de São Paulo apontou aumento de 53% na
população de rua na capital, passando de quase 16 mil em 2015 para 24.300 em 2019.

“Com a pandemia, as pessoas físicas e ongs pararam de doar na rua e a galera toda desceu para o Chá
do padre. E a gente não conseguindo atender toda essa população, a gente ficou inquieto e surgiu a
ideia de uma tenda”, explica.

Entre os principais fatores que podem levar as pessoas a irem morar nas ruas estão: ausência de
vínculos familiares, perda de algum ente querido, desemprego, violência, perda da autoestima,
alcoolismo, uso de drogas e doença mental.

Embora grande parte dos estudos sobre esse tipo de população tenha sido realizada no século XX, há
registros de sua existência desde o século XIV. Portanto, a população em situação de rua não teve a
devida atenção nos séculos anterior es, e sua abordagem pode ter sido impulsionada pelo aumento de
seu contingente, visto que a cada ano mais indivíduos utilizam as ruas como moradia.

Texto IV Aprovado pelo Senado o projeto de lei que rechaça intervenções


urbanas hostis/2021
Com o título “Lei Padre Júlio Lancelotti”, o texto introduz a defesa
por espaços públicos mais acolhedores e vai contra a aplicação de
técnicas de “arquitetura hostil” - o termo, porém, é visto como
equivocado

Na última quinta-feira, 31 de março, o Plenário do Senado


aprovou o projeto de lei denominado “Lei Padre Júlio Lancellotti”,
que apresenta posicionamento contrário às intervenções públicas
urbanas de caráter inóspito que, em si, não permitem
apropriação ou usufruto de espaços da cidade.

O título do texto decorre das ações humanitárias realizadas pelo


Padre Júlio Lancellotti ao lado de pessoas em situação de rua, na
cidade de São Paulo, em específico aquela em que removeram
pedras, com auxílio de uma marreta, sob um viaduto da zona
Leste. Após a extensa repercussão, o senador Paulo Paim (PT-RS),
também relator do texto – porém a autoria é do senador Fabiano
Contarato (Rede-ES) -, acatou a referida emenda.
“Concordamos com o mérito, ou seja, somos contra a instalação de equipamentos urbanos como pinos
metálicos pontudos e cilindros de concreto nas calçadas para afastar pessoas, principalmente as que
estão em situação de rua”, diz a presidente do CAU Brasil, arquiteta e urbanista Nadia Somekh. Porém,
“a essência da arquitetura é o acolhimento, então é incongruente falar em arquitetura hostil, foi um
termo infeliz cunhado por um jornalista britânico e lamentavelmente adotado no Brasil sem uma visão
crítica”.

Segundo Somekh, “o que há é desurbanidade, uma cidade hostil, desumana, como constatamos com as
desigualdades crônicas agravadas pela pandemia da Covid-19 (…). O correto, a nosso ver, seria então
usar o termo ‘intervenção hostil’, mais simples de ser assimilado e difundido pela sociedade”.

Neste sentido o Conselho, que acompanhou a tramitação do projeto, também apoiou a emenda
proposta pelo senador Alvaro Dias (Podemos-PR), defensor do afastamento da expressão “arquitetura
hostil”. Negada pelo relator, a tentativa seguirá para a tramitação na Câmara dos Deputados, onde se
encontra agora o texto.

https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/06/arquitetura-hostil-anatomia-da-cidade-
proibida

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em
norma padrão da língua portuguesa sobre o tema “Os efeitos da arquitetura que
hostiliza e marginaliza cidadãos vulneráveis” apresentando proposta de
intervenção que respeite os direitos humanos.

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