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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU – SANTO AMARO

FRANCISCO BELARMINO DA SILVA FILHO

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: Comunidade do Tubo

São Paulo

2023
FRANCISCO BELARMINO DA SILVA FILHO

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: Comunidade do Tubo

Projeto de pesquisa apresentado à


Disciplina de Trabalho Final de Graduação –
I, ministrada pela Profa. Me. Bárbara Barioni
no Curso de Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade São Judas
Tadeu.

Orientador(a): Me. Bárbara Barioni

São Paulo

2023
ERRATA
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
EPÍGRAFE
RESUMO

A habitação é um direito fundamental de todo cidadão, garantido pela Constituição


Federal. Infelizmente, muitas famílias ainda vivem em condições precárias, sem
acesso a uma moradia digna e segura. A Comunidade do Tubo é um exemplo dessa
realidade, onde os moradores enfrentam dificuldades por residirem em habitações
irregulares construídas em áreas de risco. Este trabalho se insere neste contexto,
trazendo a proposta de uma habitação de interesse social com o objetivo de
proporcionar melhores condições de vida aos moradores da comunidade, visando a
construção de moradias de qualidade, com infraestrutura adequada e
acessibilidade.

Palavras-chave: Habitação de Interesse Social. Área de Preservação


Permanente. Comunidade do Tubo. Realocação. Moradia Digna.
ABSTRACT

Housing is a fundamental right of every citizen, guaranteed by the Federal Constitution.


Unfortunately, many families still live in precarious conditions, without access to decent
and safe housing. The Tubo Community is an example of this reality, where residents
face difficulties because they live in irregular housing built in risk areas. This work is
inserted in this context, bringing the proposal of a housing of social interest with the
objective of providing better living conditions to the residents of the community, aiming
at the construction of quality housing, with adequate infrastructure and accessibility.

Keywords: Social Interest Housing. Permanent preservation area. Tube


Community. Relocation. Decent Housing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

Habitação e a falta de moradia

Habitação de Interesse Social no Brasil

Déficit habitacional em São Paulo

Aspectos gerais do distrito Cidade Dutra, SP

Caracterização da Comunidade do Tubo

Estudo de caso

Estudo de caso 1

Estudo de caso 2

Estudo de caso 3

Análise da área de intervenção

Análise dos parâmetros e restrições legais e ambientais

Estudos Prévios para implantação da HIS

Programa de necessidades

Proposta arquitetônica

Estudos preliminares

Memorial descritivo

Projeto Arquitetônico

Modelo tridimensional

Considerações Finais

Referências Bibliográficas

Apêndices
1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema

Para este trabalho será proposta a elaboração de um projeto de habitação de


interesse social, aplicado a beneficiar famílias situadas em área de risco e em área de
preservação permanente na Comunidade do Tubo, no distrito Cidade Dutra, zona sul
de São Paulo.

1.2 Problemática

A falta de planejamento é um dos principais problemas que afetam a


urbanização das cidades no Brasil. O impacto do crescimento desordenado das
cidades é historicamente recorrente e está presente na atualidade, instigando sérios
problemas urbanos. Um destes problemas diz respeito a ocupações irregulares
localizadas em áreas que precisam ser preservadas e/ou revitalizadas. Só na última
década, São Paulo teve um aumento de 18% em setores de risco geológico em área
por hectare, seguindo com o aumento de 68% de moradias nestes setores (SÃO
PAULO, 2023).

A Comunidade do Tubo possui habitações que se enquadram nesta mesma


condição, situadas em área de preservação permanente, além de estarem sujeitas a
risco geológico de solapamento, sendo esta situação ocasionada em consequência
da má formação da cidade de São Paulo, causada pelo crescimento populacional
desordenado.

A implantação de uma HIS nesta região pode ajudar a atender e a sanar tais
problemas, além de melhorar as condições de vida das pessoas que vivem nessa
realidade.
1.3 Justificativa

É evidente a necessidade de trazer moradia adequada às famílias residentes


em áreas sensíveis ambientalmente, situadas na Comunidade do Tubo. Esta
exigência, revelada por meio de visitas ao local e entrevistas, traduz a carência dos
moradores e os riscos que passam diariamente, relacionados à precariedade das
edificações em que residem e à saúde, causada pelos córregos poluídos.

1.4 Objetivo Geral

A proposta deste projeto arquitetônico pretende, de forma ampla, reduzir a


desigualdade social e mitigar o déficit habitacional na cidade de São Paulo.

1.5 Objetivos Específicos

Entender o tema por meio de estudos e análises sobre o histórico das


habitações brasileiras; utilizar por meio de pesquisas, referências projetuais com a
mesma tipologia como forma de contribuir para o desenvolvimento do projeto; análises
do entorno da área de intervenção; definir diretrizes urbanas respeitando leis
específicas sobre o projeto; trazer uma proposta arquitetônica para mitigar o déficit
habitacional da cidade de São Paulo, bem como trazer moradia digna à Comunidade
do Tubo.

1.6 Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho, pretende-se utilizar as seguintes
metodologias:
● Pesquisas bibliográficas;
● Levantamento de cartografia;
● Levantamento in loco;
● Visitas ao local e entrevistas;
● Leitura de estudo de casos;
● Desenvolvimento do projeto arquitetônico.

1.7 Apresentação da área para realocação

Mapa 1 - Mapa de localização da área para realocação. Fonte: Desenvolvido pelo autor

A área destinada para realocação de moradias está localizada entre as Ruas


Antônio Corrêa da Silva, Álvaro Viana, Alberto Caeiro e Nova Britânia; constituída pela
delimitação de habitações irregulares situadas nas margens de córregos na
Comunidade do Tubo, distrito de Cidade Dutra, capital de São Paulo.
1.8 Definição do terreno para implantação da HIS

Mapa 2 - Mapa de localização do terreno proposto para implantação da HIS. Fonte:


Desenvolvido pelo autor

O terreno escolhido para a implantação do projeto de habitação de interesse


social fica a cerca de 500 metros da Comunidade do Tubo, localizado na esquina das
Avenidas Lourenço Cabreira e Presidente João Goulart, no distrito da Cidade Dutra,
zona sul de São Paulo – SP.
2 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL E A FALTA DE MORADIA

2.1 Habitação de interesse social no Brasil

No final do século XIX muitos imigrantes chegaram ao Brasil à procura de


trabalho, já que nesse período havia a necessidade de mão de obra industrial. Este
fato ocasionou em uma intensa expansão na população, o que desencadeou
problemas relacionados principalmente à infraestrutura urbana sanitária. (BONDUKI,
1998).

Com o aumento da necessidade de habitações, foi preciso construir com


rapidez, por consequência foram edificadas muitas moradias precárias, sendo os
cortiços que se configuraram como os mais preocupantes segundo os médicos
higienistas (ALMEIDA, 2007).

Souza (2011) descreve que os cortiços se assemelham a habitações locadas


precárias e insalubres para a classe mais pobre, além de possuírem instalações
sanitárias de uso comum. Já a Lei Moura n° 10.928, de 8 de janeiro de 1991 instrui:

Art. 1º Define-se cortiço como a unidade usada como moradia coletiva


multifamiliar, apresentando, total ou parcialmente, as seguintes
características:
a) constituída por uma ou mais edificações construídas em lote urbano;
b) subdividida em vários cômodos alugados, subalugados ou cedidos a
qualquer título;
c) várias funções exercidas no mesmo cômodo;
d) acesso e uso comum dos espaços não edificados e instalações sanitárias;
e) circulação e infraestrutura, no geral precárias;
f) superlotação de pessoas (SÃO PAULO, 1991).

Percebe-se que devido à chegada dos imigrantes, houve uma grande procura
por moradia, e pelo fato destes estarem desempregados, não possuíam condições de
custear uma moradia adequada, sendo obrigados a se abrigar em aglomerados
insalubres com riscos de doenças e sem infraestrutura básica.

No período da primeira república (que se configurou entre os anos de 1889 a


1930), por razão das más condições higiênicas das habitações, surtos epidêmicos
começaram a se alastrar nas cidades brasileiras, o que obrigou o poder público a
intervir, implantando leis urbanísticas, projetos para o saneamento básico e para o
controle sanitário. Leis que, por sua vez, não foram capazes de impedir a continuação
de construções de moradias populares. (BONDUKI, 1998).

O conflito era eminente, visto que determinada a progressão, com a rigidez das
leis relacionadas ao controle sanitário que estabeleciam o fechamento de cortiços que
estivessem fora do padrão exigido, os residentes dos cortiços acabariam
desabrigados, o que contrariava o propósito de melhorias da qualidade da população
(ALMEIDA, 2007).

Segundo Bonduki (1998), até a década de 1930, o poder público e o Estado


incentivaram a produção habitacional por meio de iniciativas privadas para solucionar
a questão entre a necessidade de demolir habitações precárias e a realidade. Nesse
período, surgiu o modelo de vilas operárias, que eram habitações econômicas e
higiênicas baseadas em casas unifamiliares, substituindo os cortiços e casebres. Um
exemplo é a Vila Maria Zélia, construída em 1919 por Jorge Street.

Correia (2001) comenta que a vila operária surgiu no Brasil para constituir
moradias de operários de uma determinada fábrica, mas se estendeu para o termo de
habitações modestas produzidas por diferentes agentes. Vista como uma
reformulação das moradias de classe baixa, considerada uma iniciativa positiva pelo
Estado no âmbito de incorporar significados positivos associados aos projetos
habitacionais fabris do início do século XX.

De fato, conclui-se que as vilas operárias contribuíram positivamente para o


problema habitacional, diminuindo o aumento das moradias precárias e oferecendo
habitações mais higiênicas e com mais privacidade.

Ainda na década de 1920, o Brasil experimentou uma rápida industrialização e


urbanização. Com a Semana de Arte Moderna de 1922 e os Congressos
Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), a arquitetura modernista teve mais
visibilidade.
Figura 1 - Vila Operária da Gamboa, 1933 – Rio de Janeiro, Brasil. Fonte:
https://www.archsearch.com.br/arquitetos. Acesso em: 08 mar. 2023.

Os arquitetos Gregori Warchavchik e Lúcio Costa, foram responsáveis por um


dos primeiros exemplos de moradia moderna para trabalhadores no país, o Conjunto
de Operários da Gamboa (Figura 3), projetado no Rio de Janeiro em 1932
(ROSSALTO RUBIN; BOLFE, 2013).

Até o período Vargas (1930-1945), o Estado não intervia gradativamente na


área habitacional, mas a insuficiência do combate à falta de moradias das iniciativas
implicou na inclusão do mesmo (SILVA, 2020).

Segundo Silva (2020), a partir de 1930 no período de Vargas (1930-1495), o


Estado, que até a década anterior não participava gradativamente no setor
habitacional, é incluído nesta questão. Sua atuação se insere nas primeiras tentativas
de políticas habitacionais, sendo o responsável pela atuação direta ao programa de
produção de moradia denominado Fundação da Casa Popular (FCP), criado em 1946.

Almeida (2007) destaca o debate histórico sobre o problema da habitação


urbana, que produziu soluções, sendo uma delas a regulamentação entre o inquilinato
e o proprietário. Em específico, foram utilizadas, leis de fixação de valores, mais
precisamente dos aluguéis, as quais ficaram conhecidas como as leis do inquilinato
durante a década de 1920. Outra solução utilizada pelo poder público, foi de produzir
e financiar habitações por meio de unidades do Poder Executivo Federal, dos quais
mostraram-se evidentes os IAPs (Institutos de Aposentadoria e Pensão),
responsáveis pela organização de seguros do Brasil, e a FCP (Fundação da Casa
Popular), já mencionado anteriormente, ambos fundados nas décadas de 1930 e
1940, onde foi possível o Estado e os trabalhadores financiarem suas próprias
habitações.

Com o fim do governo João Goulart, o chamado golpe militar em 1964, o então
novo presidente Castello Branco assume um país estático, com grandes problemas
na situação do aumento demográfico, segundo Souza (2005). Os órgãos IAPs e FCP
param de existir, e conseguinte, o Sistema Financeiro de Habitação (SFH),
representado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) é fundado pelo governo atual,
estimulando a economia, geração de empregos e fortalecimento da construção de
habitações de interesse social, conforme aponta Silva (2020).

Em 1966 foi instituído o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)


administrado pela Caixa Econômica Federal (CEF), o qual foi considerável no âmbito
de realizar financiamento para casa própria e no intuito de dar aos trabalhadores
proteção se, demitidos por justa causa (SOUZA, 2005).

No início do governo Collor, o FGTS foi paralisado por suspeitas de corrupção,


após mostrar um desequilíbrio no setor financeiro. Contudo, no governo de Fernando
Henrique Cardoso a busca por financiamento habitacional voltou a subir com as novas
implantadas de programas como o Programa Carta de Crédito associado ao FGTS, o
que beneficiou muitos brasileiros (SOUZA, 2005).

Apesar da diminuição da oferta habitacional entre o final da década de 90 e o


início dos anos 2000, foi estabilizado através do Plano Real, responsável pela
resolução das crises inflacionárias. Já no governo Lula, em 2003 mais um órgão foi
criado relacionado à moradia, sendo o Ministério das Cidades, trazendo objetivos
eficazes à moradia digna, com objetivo de desenvolver uma política urbana e regional,
incluindo habitação, saneamento e transporte, todos juntos em um só órgão
(KLINTOWITZ, 2011).

Ainda segundo Klintowitz (2011), o Sistema Nacional de Habitação de Interesse


Social (SNHIS) foi proposto lado a lado com o andamento da questão de afirmar o
abastecimento habitacional pelo setor privado, atuando diretamente na população
com renda de até 3 salários mínimos. Em 2007 o SNHIS foi ampliado com o Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), que trouxe recursos relacionados à habitação,
economia, aumento de emprego e melhoria da condição de vida da população.
Iniciando 2009 mais um órgão direcionado ao mercado habitacional foi criado, desta
vez destinado às famílias de 0 até 10 salários mínimos, sendo este o Programa Minha
Casa Minha Vida (PMCMV).

Zürcher (2015) conclui que os programas direcionados ao problema


habitacional contribuem indiretamente para segregação espacial, além de
desfavorecer parte da população carente. Discute a respeito do PMCMV, da
impossibilidade de o programa atuar em conjunto com a população.

Percebe-se que as habitações propostas pelos órgãos destinados à melhoria


do déficit habitacional carecem de melhorias associadas ao conforto de seus
moradores, para isto, é importante a participação da população no desenvolvimento
das construções. Este princípio ajuda a traduzir a real necessidade dos indivíduos, o
que colabora para um projeto mais assertivo.

2.2 Déficit habitacional em São Paulo

Pendente

2.3 Aspectos gerais do distrito de Cidade Dutra, SP

O território da Cidade Dutra, localizado na Zona Sul de São Paulo, pertencia à


Companhia Auto Estradas S.A, empresa que foi responsável por implementar o bairro
de Interlagos. Inicialmente o local foi criado para residência dos colaboradores da
antiga Light e Power – proprietária na época das represas Billings e Guarapiranga
privatizada em 1996, a região se desenvolveu e em 1940 passou a receber os
trabalhadores da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (ESTADÃO
IMÓVEIS, 2022).

Uma área considerável da região foi vendida para loteamento, comprada pelo
Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Serviços de Transportes, órgão que
escolheu o nome do bairro e os primeiros imóveis construídos, cerca de 500 eram
casas geminadas e tinham dois dormitórios. Também em meados de 1940, a Cidade
Dutra já se desenvolvia na parte assistencial e cultural, onde foram construídos
hospitais, mercados, igrejas, feira livre e cinema, além do transporte público.
Atualmente a Cidade Dutra é um dos maiores distritos da Zona Sul de São Paulo
(ESTADÃO IMÓVEIS, 2022).

O nome do local foi dado em homenagem a Eurico Gaspar Dutra, militar e


político brasileiro nascido em Mato Grosso, em 1883. Foi eleito presidente da
República, governando entre janeiro de 1946 e dezembro de 1951 (ESTADÃO
IMÓVEIS, 2022).

A Cidade Dutra é contemplada com uma conexão de transporte público. Em


seu contorno existem duas principais estações de trem da linha 9 Esmeralda, sendo
as estações Autódromo-Interlagos e Primavera Interlagos, além de uma média de 19
linhas de ônibus com rota para os terminais de ônibus como Santo Amaro, Grajaú,
Pinheiros, Metrô Jabaquara, Água Espraiada, Praça da Sé, Terminal Varginha, entre
outros. As principais vias da Cidade Dutra são a Av. Senador Teotônio Vilela, Av.
Interlagos, Av. Jangadeiro e Av. Atlântica. O fluxo do sistema viário é alto,
principalmente em horários de pico por se tratar de uma região que está na rota de
diversos terminais de ônibus (MOOVITAPP.COM, 2023).

Dentre os principais equipamentos de cultura e lazer, estão o Autódromo de


Interlagos José Carlos Pace, o UniCEU Cidade Dutra, o Teatro Renato Russo e o
Sesc Interlagos e a igreja Nossa Senhora da Esperança, que foi fundada em 1958 e
realiza eventos gastronômicos, festas e quermesses para os moradores da região.
(ESTADÃO IMÓVEIS, 2022).

O comércio da Cidade Dutra conta com supermercados, agências bancárias,


lojas de elétricos domésticos e eletrônicos, todos concentrados em uma das principais
vias do bairro, a Av. Senador Teotônio Vilela. Os moradores ainda estão próximos do
Shopping SP Market e Shopping Interlagos.

O sistema de saúde da região conta com Hospital e Maternidade Interlagos,


além de Unidade de Pronto Atendimento, Unidade Básica de Saúde, Ambulatórios,
clínicas de radiologia, clínicas médicas e odontológicas (MOOVITAPP.COM, 2023).
Apesar de se tratar de um bairro estruturado, a Cidade Dutra carece de
melhoria relacionada à falta de moradia digna e ao déficit habitacional. No ano de
2010 o distrito tinha 3.353 moradores em situação de risco geológico (SÃO PAULO
[Município], 2016c. p. 32 apud BOCUTTI, 2018, p. 60).

2.4 Caracterização da Comunidade do Tubo

As cidades brasileiras enfrentam diversos problemas urbanos, sendo um deles


às ocupações irregulares, que ocorrem, em sua maioria, nas áreas periféricas e
carentes. Trata-se de um dos principais problemas atuais que existe em função destas
áreas serem remanescentes de ocupação e inspeção do mercado imobiliário. Estas
ocupações causam sérios riscos às famílias que habitam no local, além de prejudicar
o meio ambiente.

A situação ocorre, principalmente por falta de planejamento urbano nas


cidades, o mesmo ocorreu na Comunidade do Tubo, onde as ocupações, segundo os
moradores, surgiram na década de 1990, com a instalação de várias famílias vindas
de outras cidades com a promessa de moradia e emprego. Sem ter para onde correr,
as famílias se instalaram entre 3 córregos poluídos que desaguam na represa Billings,
expostas a todo tipo de contaminação. Observaram na verdade, que o mercado de
trabalho estava concorrido, as oportunidades de emprego eram poucas e as
exigências profissionais eram superiores aos perfis dos cidadãos que tentavam uma
vida digna.

A Comunidade do Tubo está localizada na Zona Sul de São Paulo, inserida no


distrito de Cidade Dutra, residem em média 300 famílias que ocupam o território há
30 anos, cerca de 1.200 pessoas vivem em situação precária, sendo destes, em média
200 moradias situadas em área de preservação permanente e em área de risco
geológico de solapamento.

Houve em 2009 um processo na defensoria pública para transferir os


moradores para uma moradia digna, o movimento foi realizado pelo CMP (Central dos
Movimentos Populares), porém o processo ainda não foi concluído e as famílias
continuam expostas a todo tipo de contaminação e doença, como leptospirose,
tuberculose e hepatite. Também enfrentam enchentes, suas residências estão em
estado precário e diariamente convivem com o odor presente na região devido aos
córregos poluídos.

No início de janeiro de 2011, a prefeitura realizou a retirada dos moradores, o


processo envolveu a presença de muitos policiais, houve conflito entre os cidadãos e
policiais pois não foi permitida a retirada dos móveis e itens pessoais dos barracos. O
processo ocorreu devido às enchentes, contaminação e metal pesado.

Após a retirada dos moradores, a prefeitura de São Paulo realocou as famílias


em um abrigo onde permaneceram por 2 meses até ser aprovada a bolsa aluguel de
R $400,00 por mês por tempo indeterminado. Até o momento não existe um programa
habitacional definitivo. Algumas famílias enfrentam dificuldades em locar residências,
outras retornaram para a comunidade e construíram barracos em outros locais mais
próximos do córrego a céu aberto.

É evidente que os moradores da Comunidade do Tubo precisam de amparo


não apenas para a moradia, mas também no acesso à educação, cultura e emprego.
3 ESTUDOS DE CASO

3.1 Parque Novo Santo Amaro V

Figura 2 - Vista aérea do conjunto. Fonte: http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/parque-


novo-santo-amaro-v. Acesso em 14 abr. 2023.

Ficha Técnica

Autor do projeto Vigliecca & Associados


Local Parque Novo Sto. Amaro, Jd. Ângela, São Paulo/ SP

Ano do projeto 2009 Ano de inauguração 2012


Densidade do entorno 79 hab/ha Densidade do projeto 405,8 hab/ha
Unidades habitacionais Área total construída 14.674,3 m²
Quantidade 201 Área de intervenção 21.899 m²
Tipologia 11 Área residencial 11.343,1 m²
Área m² 52,5 a 76,5 Área comercial 66 m²
Tabela 1 - Ficha técnica Parque Novo Santo Amaro V. Fonte: Desenvolvido pelo autor com
dados de Minghini (2019, p.187).
O projeto do Parque Santo Amaro V foi desenvolvido na zona sul de São Paulo,
implantado sobre uma área com topografia acidentada e um córrego, por meio do
Programa de Mananciais da Represa Guarapiranga, que promove ações como:

O Programa envolve ações de: (1) urbanização de assentamentos precários;


(2) regularização fundiária e (3) atendimento habitacional (provisório e
definitivo) de famílias reassentadas de áreas de risco ou de áreas em obras.
O Programa Mananciais também tem por objetivo contribuir para a
despoluição das represas Billings e Guarapiranga e para a proteção ambiental
das áreas de influência dessas bacias hidrográfica (SÃO PAULO, 2022,
Online).

A mata nativa que se permeava ao longo do córrego já não existia devido às


ocupações irregulares. As famílias viviam em situação de risco em razão dos
deslizamentos de terra devido a topografia da área, além de conviverem com o mau
cheiro e risco de doenças que fluíam do córrego, que era poluído por acolher o esgoto
das casas em seu redor e as águas pluviais que vinham das vias próximas.

O projeto teve como diretriz resgatar a área verde apagada pelas edificações
irregulares, trazendo moradia digna para estes moradores, além de expor soluções
de reaproveitamento da água limpa de algumas das nascentes do curso d’água.

Mapa 3 - Implantação e distribuição dos ambientes e equipamentos. Fonte: Desenvolvido


pelo autor com dados de https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santo-
amaro-v-slash-vigliecca-and-associados. Acesso em 14 abr. 2023.
A estruturação do conjunto é feita por meio do parque linear, que se insere com
a paisagem urbana, engrandecendo o sentido de identidade dos moradores com o
local.
A figura 5 apresenta a disposição das intervenções adotadas, onde ao sul
compõe-se o centro comunitário e o campo de futebol junto com a arquibancada. A
presença de vegetação arbórea é incluída, recuperando o verde que era extinto. Ao
longo do parque, da parte mais ao centro até o extremo norte da quadra, são dispostos
equipamentos utilizados como pontos de atração, como os playgrounds e a pista de
skate.

Figura 3 - Corte longitudinal do conjunto. Fonte:


https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santo-amaro-v-slash-vigliecca-and-
associados. Acesso em 14 abr. 2023.

Figura 4 - Vista norte do parque linear no conjunto. Fonte:


https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santo-amaro-v-slash-vigliecca-and-
associados. Acesso em 14 abr. 2023.
Ainda ao sul, o conjunto oferece espaços de descanso com bancos largos,
como mostra na figura 7, aproveitando a topografia em declive do terreno mencionada
na figura 6.

Figura 5 - Córrego antes da implantação / Espelhos d’água implantados. Fonte:


http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/parque-novo-santo-amaro-v. Acesso em 15 abr. 2023.

Conforme visto na figura 8, o córrego, que antes era a céu aberto, é canalizado.
A instalação de espelhos d’água providos de algumas nascentes próximas que foram
revitalizadas, resgata a preservação da natureza local e favorece ao projeto como um
elemento paisagístico.
Figura 6 - Processo de implantação do Parque Novo Santo Amaro V. Fonte: Desenvolvido
pelo autor.

O desenvolvimento da implantação da HIS é mostrado na figura 9, onde em


2009 observa-se o córrego passando pela área, ainda com a presença de ocupações
irregulares; em 2012 já contam algumas construções sendo erguidas e as habitações
irregulares demolidas; e no ano de 2021, nota-se o projeto já concluído, com a
distribuição dos blocos de forma linear vindo pela parte sudoeste, interligando com a
outra linearidade de blocos ao leste. Destaca-se também o campo de futebol
requalificado e o parque linear introduzido.
Mapa 4 - Detalhe e localização dos blocos e passarelas/ligações. Fonte: Desenvolvido pelo
autor.

Foram distribuídos 8 blocos divididos em 3 conjuntos que se unem por meio de


conexões e rampas de acesso, formando um único elemento. Verifica-se na figura 10,
que os dois conjuntos com maior dimensão acomodam blocos que se conectam
diretamente à via urbana. O conjunto menor, composto pelo apenas pelo bloco 8,
também possui acesso à rua pública por meio de escadas e rampas. Todos os blocos
oferecem circulações semi-públicas, permitindo o fluxo de pessoas também em seu
interior, colaborando na melhoria da acessibilidade local.

Figura 7 - Passarelas. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-


santo-amaro-v-slash-vigliecca-and-associados. Acesso em 15 abr. 2023.
As duas passarelas presentes na estruturação do projeto, além de estarem
conectadas aos blocos, facilitam o acesso entre as ruas Francisca Queirós e Coelho
Lousada, conforme mostrado na figura 9. A figura 11 demonstra a ideia expressada
por um croqui e o resultado desta ideia implantada no conjunto, destacando a solução
de acessibilidade aos moradores, que antes eram obrigados a atravessar um córrego
poluído, se não andar bastante para contornar a quadra para chegar ao outro lado.

Figura 8 - Distribuição das unidades no Bloco 3. Fonte: Desenvolvido pelo autor com dados
de https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santo-amaro-v-slash-vigliecca-
and-associados. Acesso em 15 abr. 2023.

O Bloco 3 possui 4 andares, com 24 unidades residenciais no total, sendo o


primeiro e segundo andar, pavimentos tipos contendo 6 unidades residenciais da
mesma tipologia em cada. No terceiro e quarto andar são distribuídas 3 tipologias
residenciais do tipo duplex, totalizando 12 unidades, como mostra a figura 12.
Figura 9 - Corte do Bloco 3. Fonte: Desenvolvido pelo autor com dados de
https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santo-amaro-v-slash-vigliecca-and-
associados. Acesso em 15 abr. 2023.

Percebe-se na figura 13 que há uma divisão dos acessos das unidades, sendo
as unidades com 1 pavimento no primeiro e segundo andar com acesso pela escada
voltada frente ao parque linear, e as unidades duplex acessadas pelo terceiro andar,
com vista para a Rua Coelho Lousada, através do corredor de circulação semi-pública.
Figura 10 - Tipologia das unidades residenciais do Bloco 3. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O Bloco 3 possui 4 tipologias de unidades residenciais, sendo 1 tipologia térrea


e 3 tipologias duplex.

A unidade térrea contém sala de estar/jantar, 2 quartos, banheiro social,


cozinha e área de serviço. As tipologias duplex apresentam 3 tipos diferentes, sendo
duas delas dispondo de sala de estar/jantar integrada com a cozinha, e a área de
serviço no pavimento inferior, e 2 quartos e banheiro social no pavimento superior.

A terceira unidade duplex é a com área maior, dispõe de 3 quartos e banheiro


social no pavimento superior, e sala de estar/jantar integrada com cozinha, e a área
de serviço no pavimento inferior.
3.2 Centro Cultural Georges Pompidou

Figura 11 - Fachada do Centro Cultural Pompidou em frente à praça. Fonte: Igor Fracalossi
(2012)

Ficha Técnica
Autor do projeto Richard Rogers e Renzo Piano
Local Beaubourg, Paris, França
Área total construída 103.305 m² Ano do projeto 1971
Área de intervenção 20.000 m² Ano de inauguração 1977
Área em cada piso 7.000 m² Gabarito
Total de pisos 7 + 1 porão 42 m
Tabela 2 - Ficha técnica Centro Cultural Pompidou. Fonte: Desenvolvido pelo autor através de
Fondazione Renzo Piano (s.d.)
O Centro Cultural Pompidou foi implantado no bairro de Beaubourg, localizado
no centro histórico de Paris, por meio de um concurso feito pelo presidente Georges
Pompidou no ano de 1977.

O conceito adotado pelos arquitetos foi de sofisticação tecnológica e


flexibilidade espacial, apresentando uma estrutura capaz de permitir a integração
entre o interior e o exterior, deixando o ambiente interno livre, trazendo uma sensação
de espaço na edificação e transparecendo sua infraestrutura externamente, sendo
essa uma das primeiras obras utilizando esta tipologia de construção.

Figura 12 - Inserção da estrutura do Pompidou na quadra. Fonte: Desenvolvido pelo autor


com dados de Atlas Of Place (2017).

O edifício se insere ocupando metade da quadra, onde sua outra metade vazia
dá lugar a uma praça pública, obtendo neste sentido uma relação de integração da
obra com a cidade, como verifica-se na figura 16.
Figura 13 - Vista aérea do Centro Cultural Pompidou. Fonte: Atlas Of Place (2017).

Sua implantação se destaca em relação ao seu entorno com seu gabarito de


42 metros, sendo o mais alto das edificações próximas, e por meio da configuração
de seus elementos, realçando a estrutura metálica e os tubos divididos por cores e
instalados externamente no edifício. É incontestável o destaque do Centro Cultural
Pompidou em meio a arquitetura parisiense presente no centro onde encontra-se
localizado, como mostra a figura 17.

Apesar de seu grande sucesso, o Pompidou recebeu e ainda recebe críticas


pela maneira em que sua arquitetura e materiais adotados no seu projeto se
relacionam com a cidade. Segundo Meira (2014), a obra cria um contraste com o
contexto urbano, se tratando do centro histórico tradicional de Paris.

Figura 14 - Estrutura metálica do Pompidou. Fonte: Fondazione Renzo Piano (s.d.).


Os materiais utilizados no projeto destacam-se pela forma em que se inserem.
A estrutura é composta por vigas e quadros metálicos sustentados por elementos de
aço fundido denominados “gerberettes” (Figura 18).

Figura 15 - Fachada leste do Pompidou. Fonte: Lizzie Crook (2019).

O conceito high tech em conjunto com o estilo industrial é transmitido pelos


arquitetos no projeto, os quais são traduzidos por meio das instalações na edificação.
Figura 16 - Detalhe das tubulações na fachada leste do Pompidou Fonte: Lizzie Crook (2019).

A obra chama a atenção pela utilização de seus componentes separados por


cores, o que transmite um contraste com o entorno. Cada cor possui sua função
específica, sendo a cor azul, usada nos tubos com a função de transmitir a ventilação,
a verde nas instalações hidráulicas e de incêndio, a amarela e a laranja na fiação
elétrica, a vermelha situada nos elementos associados à circulação, e a prateada
utilizada nas estruturas das escadas rolantes e elevadores, como observado nas
figuras 19 e 20.

Figura 21 - Vista interna do Pompidou. Fonte: Fondazione Renzo Piano (s.d.)

A flexibilidade e o estilo industrial implantados na forma em que os elementos


são inseridos é observada tanto externa quanto internamente no edifício, oferecendo
a possibilidade para futuras modificações, como mostra a figura 21.
Figura 17 - Escada na fachada oeste do Pompidou. Fonte: Lizzie Crook (2019).

A escada inserida na fachada oeste, com cor vermelha nos pisos diagonais
inferiores, proporciona uma ótima vista da cidade, além de ser um dos componentes
que mais chamam a atenção.

Conclusão

De forma conclusiva, a ideia dos arquitetos para o Pompidou foi de implantar


um edifício utilizando das mais altas tecnologias da época, tendo como referência
usinas de petróleo. A inserção das partes de hidráulica e elétrica a amostra, o que não
era comum em centros culturais, é a razão do projeto ser tão contemplado, apesar de
também ser criticado pelo contraste e pela mudança que ocasionou em seu entorno.

Esta notável forma em que são inseridas as tubulações de água e energia


externamente, é a referência em que pretende-se ser utilizada na implantação da HIS
deste trabalho.

3.3 Estudo de Caso 3

Pendente
Lizzie Crook (2019)
https://www.dezeen.com/2019/11/05/centre-pompidou-piano-rogers-high-tech-
architecture/
VIGLIECCA&ASSOCIADOS (s.d.)
http://www.vigliecca.com.br/
ArchDaily Brasil (2014)
https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-parque-novo-santo-
amaro-v-slash-vigliecca-and-
associados?ad_medium=office_landing&ad_name=article
Igor Fracalossi (2012)
https://www.archdaily.com.br/br/01-41987/classicos-da-arquitetura-centro-
georges-pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers
Fondazione Renzo Piano (s.d.)
https://www.fondazionerenzopiano.org/en/project/centre-georges-pompidou/
Atlas Of Place (2017)
https://www.atlasofplaces.com/architecture/centre-pompidou/
Meira (2014) Tese de doutorado
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-27062014-
105015/publico/2014_MarcelRonaldoMorelliDeMeira_VCorr.pdf
Minghini (2019, p.187)
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-16102019-
172517/publico/MEVICTORMARTINSMINGHINI_rev.pdf
SÃO PAULO, 2022, Online)
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/secretaria_exec
utiva_do_programa_mananciais/noticias/index.php?p=332560
MEIRA, Marcel Ronaldo Morelli De. A cultura dos novos museus:
arquitetura e estética na contemporaneidade. Doutorado em Filosofia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-27062014-105015/>. Acesso
em: 28 abr. 2023.
MINGHINI, Victor Martins. A dimensão urbana nos projetos habitacionais
de Héctor Vigliecca. Mestrado em Projeto de Arquitetura, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16138/tde-16102019-172517/>.
Acesso em: 28 abr. 2023.
Centre Georges Pompidou. Fondazione. Disponível em:
<https://www.fondazionerenzopiano.org/en/project/centre-georges-pompidou/>.
Acesso em: 28 abr. 2023.
Centre Pompidou by Renzo Piano & Richard Rogers (226AR) — Atlas of
Places. Disponível em: <https://www.atlasofplaces.com/architecture/centre-
pompidou/>. Acesso em: 28 abr. 2023.
Centre Pompidou: high-tech architecture’s inside-out landmark. Dezeen.
Disponível em: <https://www.dezeen.com/2019/11/05/centre-pompidou-piano-rogers-
high-tech-architecture/>. Acesso em: 28 abr. 2023.
Centre Pompidou: high-tech architecture’s inside-out landmark. Dezeen.
Disponível em: <https://www.dezeen.com/2019/11/05/centre-pompidou-piano-rogers-
high-tech-architecture/>. Acesso em: 28 abr. 2023.
Clássicos da Arquitetura: Centro Georges Pompidou / Renzo Piano +
Richard Rogers. ArchDaily Brasil. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/01-41987/classicos-da-arquitetura-centro-georges-
pompidou-renzo-piano-mais-richard-rogers>. Acesso em: 28 abr. 2023.
PROGRAMA MANANCIAIS | Secretaria Municipal de Habitação | Prefeitura
da Cidade de São Paulo. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/secretaria_executiva_
do_programa_mananciais/noticias/index.php?p=332560>. Acesso em: 28 abr. 2023.
Residencial Parque Novo Santo Amaro V / Vigliecca & Associados.
ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/623191/residencial-
parque-novo-santo-amaro-v-slash-vigliecca-and-associados>. Acesso em:
28 abr. 2023.
VIGLIECCA & ASSOCIADOS. Disponível em: <http://www.vigliecca.com.br/>.
Acesso em: 28 abr. 2023.
4 ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

4.1 Análise dos parâmetros e restrições legais e ambientais

4.1.1 Legislação urbana

De acordo com a Lei de Parcelamento de Uso e Ocupação do Solo (LPUOS)


Lei nº 16.402/16, as ZEIS caracterizam-se como:

As Zonas Especiais de Interesse Social são porções do território


destinadas, predominantemente, à moradia digna para a população da
baixa renda por intermédio de melhorias urbanísticas, recuperação
ambiental e regularização fundiária de assentamentos precários e
irregulares, bem como à provisão de novas Habitações de Interesse
Social – HIS e Habitações de Mercado Popular – HMP a serem
dotadas de equipamentos sociais, infraestruturas, áreas verdes e
comércios e serviços locais, situadas na zona urbana (SÃO PAULO,
2016, Online.)

Mapa 5 - Mapa de Zoneamento no entorno. Fonte: Desenvolvido pelo autor com dados de
https://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/. Acesso em 29 abr. 2023.

O terreno escolhido para a implantação da HIS está situado em uma ZEIS-4


(figura 2), que conforme LPUOS, são áreas vazias situadas em área de proteção aos
mananciais das bacias hidrográficas das represas Billings e Guarapiranga, destinadas
exclusivamente para realocar famílias que vivem em áreas de risco e área de proteção
permanente (SÃO PAULO, 2016).

Coeficiente de Taxa de Ocupação


Recuos Mínimos (metros)
Aproveitamento Máxima
Cota parte
Gabarito de Fundos e Laterais
T.O. para máxima de
ZONA C.A. T.O. para Altura Máxima
C.A. C.A. lotes igual ou Altura da terreno por
máximo lotes até (metros) Frente Altura da
mínimo básico superior a edificação unidade (metros)
(m) 500m² edificação
500m² menor ou igual a
superior a 10m
10m
ZEIS-
0,5 1 2,5 0,85 0,7 NA 5 NA 3 NA
1
ZEIS-
0,5 1 4 0,85 0,7 NA 5 NA 3 NA
2
ZEIS-
0,5 1 4 0,85 0,7 NA 5 NA 3 NA
3
ZEIS-
NA 1 2 0,7 0,5 NA 5 NA 3 NA
4
ZEIS-
0,5 1 4 0,85 0,7 NA 5 NA 3 NA
5
Mapa 6 - Parâmetros de ocupação para ZEIS, exceto de Quota Ambiental. Fonte: Desenvolvido
pelo autor com dados de https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-
regulatorio/zoneamento/arquivos0/. Acesso em 29 abr. 2023.

Conforme mencionado na tabela acima, a área total em metros quadrados que


pode ser construída para a ZEIS-4 é de até 2 vezes a área de seu terreno; observa-
se também que a porcentagem máxima de construção em projeção permitida é de até
a metade do terreno, para lotes iguais ou superior a 500m²; não há limite de altura
para construção; para os recuos, a fachada frontal sempre adota 5 metros, já nas
laterais e fundos, são adotados 3 metros de recuo mínimos para edificações acima de
10 metros; a densidade habitacional dada pela quantidade máxima de unidades
habitacionais permitida no terreno não possui limite específico.
Mapa 7 - Quota ambiental no entorno. Fonte: Desenvolvido pelo autor com dados de
https://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/. Acesso em 29 abr. 2023.

Tabela 2 - Quota Ambiental: Pontuação mínima, Taxa de Permeabilidade


Mínima e fatores por perímetros de qualificação ambiental. Fonte: Desenvolvido pelo
autor com dados de https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-
regulatorio/zoneamento/arquivos0/. acesso em 29 abr. 2023.

De acordo com o mapa xx, o terreno utilizado para implantação da HIS situa-
se no Perímetro de Qualificação Ambiental 12 (PA 12), onde conforme tabela x, é
exigido no mínimo 30% da área total do terreno para área permeável livre de
edificação, que permita infiltração de água no solo; já a pontuação mínima para
qualificação ambiental é de 42%; sobre os fatores, considera-se 50% da área do
terreno tanto para cobertura vegetal (alfa), quanto para drenagem (beta).
TAXA DE
PERMEABILIDADE FATORES
Perímetro de Qualificação TP
Ambiental
PA Cobertura
Lote > 2500 e ≤ 5000 Drenagem
Vegetal
m2 (beta)
(alfa)
PA 1 0,70 0,5 0,5
PA 2 0,64 0,5 0,5
PA 3 0,60 0,5 0,5
PA 4 0,60 0,5 0,5
PA 5 0,46 0,4 0,6
PA 6 0,55 0,5 0,5
PA 7 0,51 0,3 0,7
PA 8 0,60 0,5 0,5
PA 9 0,60 0,5 0,5
PA 10 0,37 0,6 0,4
PA 11 0,42 0,6 0,4
PA 12 0,42 0,5 0,5
PA 13 (c) NA NA NA
Tabela 3- Parâmetros de ocupação para ZEIS, exceto de Quota Ambiental. Fonte:
Desenvolvido pelo autor com dados de https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/marco-
regulatorio/zoneamento/arquivos0/. Acesso em 29 abr. 2023.

A tabela x, estabelece a pontuação da qualificação mínima para lotes maiores


que 2500 e menor ou igual 5000 metros quadrados.

4.1.2 Restrições ambientais

A área de realocação está inserida em uma Área de Proteção Permanente


(APP), que de acordo com o Novo Código Florestal (Lei n° 12.651, de 25 de maio de
2012) na alínea A, do artigo 4°, caracterizam-se como:

(...) área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a


função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas (BRASIL, 2012, pag. 1).
4.1.3 Normas técnicas e legislações específicas

Corpo de Bombeiros

Componentes da saída de emergência

Larguras mínimas a serem adotadas

Pé direito mínimo saída de emergência

Distância máxima a ser percorrida


Dimensões mínimas das portas de emergência

Unidade = PESSOA

Comprimento mínimo dos patamares de rampas

Patamares
Código de Obras e Edificações

Elevador
NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos
Rampas
Escadas

4.2 Estudos prévios para implantação da HIS


4.2.1 Análise da área de desalocação

4.2.2 Localização da área de desalocação

Mapa 8 - APP e solapamento. Fonte: Desenvolvido pelo autor.


Mapa 9 - Densidade demográfica

4.2.3 Análise da área para implantação da HIS

4.2.4 Localização do terreno para implantação da HIS

4.2.5 Mapa do terreno e da comunidade


4.2.6 Mapa com topografia e medidas do terreno

4.2.7 Cheios e vazios

4.2.8 Uso do solo

4.2.9 Gabarito de altura

4.2.10 Sistema viário

4.2.11 Transporte público e ciclovia

4.2.12 Pontos de interesse


4.2.13 Estudo de insolação

4.2.14 Ventos predominantes

4.2.15 Relatório fotográfico


Figura 7 - Mapa de localização da área de intervenção. Fonte: Desenvolvido
pelo autor
O terreno escolhido para a implantação do projeto de habitação de interesse
social fica a cerca de 500 metros da Comunidade do Tubo, localizado na esquina das
Avenidas Lourenço Cabreira e Presidente João Goulart, no distrito da Cidade Dutra,
zona sul de São Paulo - SP.

Falando da comunidade, os problemas dela:


A proposta é deslocar 200 famílias que vivem em áreas de risco geológico,
moradias precárias, nas margens de córregos e em áreas de preservação
permanente, situadas em uma área delimitada de 40 mil m², localizada na
Comunidade do Tubo.

Existe um terreno próximo situado em ZMa (Zona Mista Ambiental), Zona Mista
Ambiental (ZMa): porções do território localizadas na Macrozona de Proteção e
Recuperação Ambiental, com parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo
compatíveis com as diretrizes da referida macrozona;
Esta área possui bom potencial, mas foi escolhida uma área de 4000m2. Por
que escolheu esta não a outra? Porque esta possui uma melhor facilidade de acesso
ao transporte público. As pessoas dispõem de ônibus e trem próximo, já que as
avenidas sofrem com o trânsito, a outra opção é o trem, que para ir até a estação a
pé é rápido por conta da proximidade.

DECRETO Nº 59.885 DE 4 DE NOVEMBRO DE 2020

SEÇÃO II
Art. 3º. A unidade de HIS deve atender aos seguintes parâmetros:
I - área útil máxima de 70m² (setenta metros quadrados) e mínima de 24m²
(vinte e quatro metros quadrados);
https://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/decreto-59885-de-4-de-novembro-
de-2020

CÓDIGO DE OBRAS
1 -DAS CONDIÇÕES DE AERAÇÃO E INSOLAÇÃO
5.A.6. Nas edificações novas, os compartimentos e ambientes deverão ser
posicionados e dimensionados de forma a proporcionar conforto ambiental, térmico,
acústico, e proteção contra a umidade, obtidos pelo adequado dimensionamento e
emprego dos materiais das paredes, cobertura, pavimento e aberturas, bem como das
instalações e equipamentos conforme dimensões mínimas elencadas na tabela
abaixo. 1

9 - DAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS


9.1. Toda edificação deve dispor de instalações sanitárias em função da
atividade desenvolvida e do número de usuários
I - residência unifamiliar e unidade residencial em condomínio: 1 (uma) bacia,
1 (um) lavatório e 1 (um) chuveiro;
II - áreas de uso comum de edificações multi familiares: 1 (uma) bacia, 1 (um)
lavatório e 1 (um) chuveiro, para cada sexo, sendo, no mínimo, uma das instalações
adaptadas ao uso por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida.
CÓDIGO SANITÁRIO ESTADUAL SP
Normas Gerais de Edificações CAPÍTULO I Dimensões Mínimas dos
Compartimentos

I - salas, em habitações : 8,00 m²;


II - salas para escritórios, comércio ou serviços : 10,00 m²;
III - dormitórios : 8,00 m²;
IV - dormitórios coletivos : 5,00 m² pôr leito;
V - quartos de vestir, quando conjugados a dormitórios : 4,00 m²;
VI - dormitório de empregada : 6,00 m²;
VII - salas-dormitórios : 16,00 m²;
VIII - cozinhas : 4,00 m²;
IX - compartimentos sanitários : a) contendo somente bacia sanitária : 1,20 m²,
com dimensão mínima de 1,00 m; b) contendo bacia sanitária e lavatório : 1,50 m²,
com dimensão mínima de 1,00 m; c) contendo bacia sanitária e área para banho, com
chuveiro : 2,00 m², com dimensão mínima de 1,00 m; d) contendo bacia sanitária,
área para banho, com chuveiro e lavatório : 2,50 m², com dimensão mínima de
1,00 m; e) contendo somente chuveiro : 1,20 m², com dimensão mínima de 1,00 m; f)
antecâmaras, com ou sem lavatório : 0,90 m² com dimensão mínima de 0,90 m; g)
contendo outros tipos ou combinações de aparelhos, a área necessária, segundo
disposição conveniente a proporcionar a cada um deles, uso cômodo; h) celas, em
compartimentos sanitários coletivos, para chuveiros ou bacias sanitárias, 1,20 m² com
dimensão mínima de 1,00 m; i) mictórios tipo calha, de uso coletivo, 0,60 m em
equivalência a um mictório tipo cuba; j) separação entre mictórios tipo cuba, 0,60 m,
de eixo a eixo.
X - vestiários : 6,00 m²;
XI - largura de corredores e passagens : a) em habitações unifamiliares e
unidades autônomas de habitações multifamiliares, 0,90 m; b) em outros tipos de
edificação : - quando de uso comum ou coletiva, 1,20 m; - quando de uso restrito,
poderá ser admitida redução até 0,90 m.
XII - compartimentos destinados a outros fins, valores sujeitos a justificação

CAPÍTULO V Habitações de Interesse Social Artigo 95 - Considera-se


habitação de interesse social, a habitação com o máximo de 60,00 m², integrando
conjuntos habitacionais, construída pôr entidades públicas de administração direta ou
indireta.
Artigo 97 - No projeto e construção da casa de interesse social serão admitidos
os seguintes mínimos : I - pé-direito de 2,40 m em todas as peças; II - área útil de 6,00
m² nos quartos, desde que um, pelo menos, tenha 8,00 m²; III - área útil de 4,00 m²
na cozinha; IV - área útil de 2,00 m² no compartimento sanitário.

NBR 15575-1 Edificações habitacionais — Desempenho Parte 1: Requisitos


gerais
4.3 Fluxograma / Organograma

4.4 Pré-dimensionamento

4.5 Programa de Necessidades

4.6 Estudos Preliminares

4.7 Memorial descritivo

4.8 Projeto Arquitetônico


4.9 Modelo tridimensional
CONCLUSÃO
GLOSSÁRIO
APÊNDICE
ANEXO
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, 2007 – DISSERTAÇÃO MESTRADO

BONDUKI, 1998 – LIVRO

CORREIA, T. B. De vila Operária a Cidade-Companhia: As aglomerações


criadas por empresas no vocabulário especializado e vernacular. R. B. Estudos
Urbanos e Regionais, Brasil, n. 4, p. 83-98, maio. 2001. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.22296/2317-1529.2001n4p83

KLINTOWITZ, 2011 – ARTIGO

LEI MOURA – SITE

ROSSALTO RUBIN; BOLFE, 2013 – ARTIGO

SILVA, 2020 – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Souza (2011) – DISSERTAÇÃO MESTRADO

SOUZA, 2011 – DISSERTAÇÃO MESTRADO

Zürcher (2015) – ARTIGO

(ESTADÃO IMÓVEIS, 2022).


(MOOVITAPP.COM, 2023).
MOOVITAPP.COM, 2023
(SÃO PAULO [Município], 2016c. p. 32 apud BOCUTTI, 2018, p. 60).

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