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Arquitetura Hostil:

Origens e consequências de um dispositivo


de opressão socioespacial

Autores(as):​
Bianca Dall Commune Canabrava - E-mail: biancadallcommune@gmail.com;
Karoline Dantas de Freitas - E-mail: karolinedfreitas@hotmail.com;
Yan de Moura Feitoza - E-mail: yandemoura@outlook.com.

Professora Orientadora:
Valéria Ferraz Severini - E-mail: valeria.severini@anhembi.br.

Ânima educação.
Introdução
Tema: Arquitetura Hostil: Origens e consequências de um dispositivo de opressão socioespacial

• Com o objetivo de excluir determinados grupos sociais, a


arquitetura hostil (também chamada de design desagradável, design
excludente/urbano defensivo, ou arquitetura antimendigo) é uma
estratégia de construção que objetiva segregar pessoas e tornar
espaços públicos hostis a determinados grupos sociais.
• No Brasil, essa estratégia surge de um ideal higienista que está
presente desde a origem do país e reflete diretamente na
desigualdade social e medidas de políticas públicas até os dias de
hoje.

Fonte: Débora Faria, 2020.


Objetivos
Investigar os motivos do uso da arquitetura hostil
nas cidades brasileiras, procurando compreender
como se iniciou, e se existem evidências históricas
que facilitam o entendimento das relações
humanas com os dispositivos hostis.

Metodologia
Utiliza-se a metodologia qualitativa exploratória,
abrangendo modalidades de interação humana e
elementos culturais e simbólicos. E também a
pesquisa bibliográfica e documental buscando
fundamento em diversas produções acadêmicas
Fonte: Divulgação/ Flickr
multidisciplinares, que encontram correlação na
mesma temática, com a finalidade de associar os
fatos encontrados com a proposta apresentada.
Desenvolvimento

Origens Históricas e Sociais Pelourinho em Salvador/Brasil

Colonização Herança escravagista Higienismo

• Início da colonização • Racismo perdurando • Modernização das


(1500); mesmo após abolição da cidades, que visava
• Escravização de pretos escravidão; construir espaços
e indígenas; • Direito à moradia mais limpos e
•Dispositivos como o desigual para pessoas práticos;
pelourinho e a estrutura pretas e pessoas brancas; • Política higienista
dos calabouços para • Surgimento de favelas disfarçada de avanço
escravizados; e áreas periféricas tecnológico;
• Instauração do medo • Vilas de operários.
nas cidades;
Fonte: Tripadvisor
Desenvolvimento

Política do Medo e Influências Urbanísticas


Pedras instaladas embaixo de viaduto

Resquícios históricos

• Política do medo;
• Sentimento de medo contra as pessoas
mais pobres que moram em locais afastados;
• Medidas de controle social vendidas como
segurança pública;
• Determinismo-racial e a pós-verdade
científica eugenista.

Fonte: Metrópoles, 2022


Desenvolvimento

Transformação dos Espaços Públicos


Aplicação das intervenções hostis

• Replicação dos dispositivos hostis por parte


pública e privada gerando uma falsa
sensação de segurança;
• Insegurança gerada pela falta de utilização
dos espaços públicos;
• Casas muradas e ausência de vida nas
cidades;
• Jovens de baixa renda sendo privados do
lazer gratuito.
Fonte: PHD sistemas de seurança
Resultados preliminares
Padre Julio Lancelotti quebrando pedras
embaixo de viaduto

A arquitetura hostil vem de um passado de desigualdades


e preconceitos

Existe uma carência de políticas públicas que possam


resolver ou amenizar o problema da habitação no Brasil

A desigualdade social do país aumenta a aporofobia e


resulta em mais aplicação de dispositivos hostis

Fonte: Henrique de Campos, 2021


BATISTA, V. M. O medo na cidade do Rio de Janeiro: dois tempos de uma história. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2003.
CORTINA, Adela. Aporofobia, a aversão ao pobre: um desafio para a democracia. Adela Cortina; tradução de Daniel Fabre – São Paulo:
Editora Contracorrente, 2020.
CURI, Luiz; SAES, Alexandre. Roberto Simonsen e a modernização do Brasil na primeira república. História Econômica e História de
Empresas. São Paulo, vol. 17, n. 2, p. 313-352. - 17 mar. 2015. Disponível em:
<https://www.hehe.org.br/index.php/rabphe/article/view/324>. Acesso em: 15 ago. 2023.
DINIZ, Ana Paula Santos; GAIO, Daniel .A população em situação de rua e a questão da moradia. Imprensa Universitária da UFMG, Belo
Horizonte, 2021.
FARIA, Débora Raquel. Sem descanso: arquitetura hostil e controle do espaço público no centro de Curitiba / Débora Raquel Faria. -
Curitiba, 2020.
FIGUEIREDO, Patrícia. Brasil registra mais de 17 mil casos de Violência contra moradores de rua em 3 anos. G1, São Paulo, 2019.
Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/06/17/brasil-registra-mais-de-17-mil-casos-de-violencia-contra-
moradores-de-rua-em-3-anos.ghtml>
GIBBS, Graham. Análise de dados qualitativos: coleção pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman Editora, 2009.

Referências
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. História - o Destino dos negros após a Abolição. Desafios do Desenvolvimento, 29
dez. 2011. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2673%3Acatid%3D28>. Acesso em:
18 ago. 2023.
KOHARA, Luiz Tokuzi. A moradia é a base estruturante para a vida e a inclusão social da população em situação de rua. Relatório técnico
final do projeto de pesquisa pós-doutorado sênior (Processo nº 114656/2016-9). Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC). São
Paulo, 2018.
PETTY, James. The London spikes controversy: Homelessness, urban securitisation and the question of ‘hostile architecture’.
International Journal for Crime, Justice and Social Democracy, v. 5, n. 1, p. 67, 2016. Disponível em:
<https://www.crimejusticejournal.com/article/view/792/550>. 18 ago. 2023.
ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. Edição: 2. São Paulo: Boitempo Editorial,
2019.
SAVICIC, Gordan; SAVIC, Selena. Unpleasant Design. Designing Out Unwanted Behaviour. 5th STS Italia Conference. A Matter of Design:
Making Society through Science and Technology. Milan, 14 p, 2014. Disponível em:
<https://www.academia.edu/7475506/Unpleasant_Design._Designing_Out_Unwanted_Behaviour>. Acesso em: 18 ago. 2023.
JÚNIOR, Edivaldo. Alberto Torres e os higienistas: intervenção do Estado na educação do corpo (1910-1930). Saúde e Sociedade, v. 233,
p.1445-1457. São Paulo, 2014.
ROSA, Katemari; BRITO, Alan; PINHEIRO, Bárbara. Pós-verdade para quem? Fatos produzidos por uma ciência racista. Caderno
Brasileiro de Ensino de Física, v. 37, n. 3, p. 1440-1468, dez. 2020
Obrigada!
Desenvolvimento

Origens Históricas e Sociais


Colonização Herança escravagista Higienismo

Com a chegada dos Portugueses Mesmo após a abolição da Com o início da modernização das
no Brasil e o início da colonização, escravidão, ainda perdurou cidades, que visava construir espaços
juntamente com a escravização o racismo na sociedade, mais limpos e práticos, havia uma
de pretos e indígenas, o Brasil onde pessoas pretas não grande política higienista disfarçada
começa sua história com possuíam nem o direito à de avanço tecnológico. Além disso,
violência. Dispositivos como o moradia na mesma área de também foram criadas as vilas de
pelourinho e a estrutura dos pessoas brancas. Assim, operários, que deixavam os
calabouços para escravizados já começam a surgir as trabalhadores vindos de fora, longe do
eram o design hostil que possuía o primeiras favelas. centro da cidade, para que eles não
objetivo de instaurar o medo e a viessem a residir naquele espaço
segregação nas primeiras cidades (como em Brasília e São Paulo)
brasileiras.

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