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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
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celebra como pai do cinema enquanto arte (arte de ficcionalizar eventos), tenha
equacionado as formas básicas da representação fílmica a partir da narrativa de
Dickens, nomeadamente o signo técnico-narrativo da montagem paralela, como
sublinhou Eisenstein.
O problema da adaptação
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Marynise Prates, em seu artigo, cita Paulo Emílio de Salles Gomes, que
vai além do parentesco entre literatura e cinema. Para ele, “o cinema é tributário
de todas as linguagens, artísticas ou não, e mal pode prescindir desse apoio que
eventualmente digere” (OLIVEIRA, 2016). De todas essas linguagens, o crítico
menciona a literatura e o teatro como as artes que têm mais afinidade com o
cinema.
“No cinema, a imagem que vemos na tela também passou por um texto
escrito, foi primeiro ‘vista’ mentalmente por um diretor, em seguida
reconstruída em sua corporeidade num set para ser finalmente fixada
em fotogramas de um filme” (CALVINO, 1993, p. 99).
Quando trata das lacunas do texto literário, que, segundo Jorge Furtado
e outros autores, já aparecem preenchidas, no filme, Umberto Eco diz que não
pode ser esquecido o fato de o produto cinematográfico exigir também a
colaboração do espectador:
Também no filme, às vezes mais do que no romance, existem os “vazios”
das coisas não ditas (ou não mostradas) que o espectador tem de preencher se
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quiser dar sentido à história. Aliás, se um romance pode ter páginas à disposição
para tracejar a psicologia de um personagem, o filme, não raro, tem de limitar-
se a um gesto, a uma fugaz expressão do rosto, a uma fala de diálogo. Então “o
espectador pensa”, ou melhor, diria, deveria pensar. Como diz Fumagalli, “as
técnicas da escrita dramatúrgica ensinam cada vez mais a trabalhar como se na
tela só pudessem aparecer as pontas dos icebergs”, e frequentemente “vemos
um, mas — se prestarmos atenção — compreendemos dez”. (ECO, 2005, p.
98)
Jorge Furtado reforçou essa ideia, quando citou, em uma palestra
intitulada Adaptação literária para cinema e televisão, em Passo Fundo (RS), na
ocasião da 10ª Jornada Nacional de Literatura, uma lista imensa de recursos e
técnicas que o cinema herdou da literatura.
De Homero o cinema aprendeu o flashback e a ideia de que cronologia é
vício. De Petrônio, o poder dramático da prosódia e a subjetividade do discurso.
De Dante, a vertigem dos acontecimentos, a rapidez para mudar de assunto. De
Boccaccio, a ideia da fábula como entretenimento.
De Rabelais, os delírios visuais e a certeza de que a arte é tudo que a
natureza não é. De Montaigne, o esforço para registrar a condição humana. De
Shakespeare, Cervantes (e também de Giotto) a corporalidade do personagem
e o poder da tragédia. Da comédia de Moliére o cinema aprende que a história
é uma máquina. Voltaire ensinou a decupagem, a técnica do holofote e o humor
como forma avançada da filosofia. De Goethe o cinema (e também a televisão)
aprendem o prazer do sofrimento alheio. De Stendhal e Balzac vem o realismo,
a narração off e o autor como personagem. De Flaubert, vem a imagem
dramática e o roteiro como tentativa de literatura.
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Figura 2 - Rodin
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de ser, foram transpostas para o cinema, como O sol também se levanta (The
Sun Also Rises), Adeus às armas (A Farewell to Arms) e O velho e o mar (The
Old Man and the Sea).
Entre os autores contemporâneos, Paul Auster é um daqueles que mais
clara e substancialmente incorporam a duplicidade entre as duas expressões
artísticas. Homem tanto da literatura quanto do cinema, o respeitado ficcionista
roteirizou a versão fílmica de Cortina de fumaça (Smoke) e Sem fôlego (Blue in
the Face), além de ele próprio dirigir Mistério de Lulu (Lulu on the Bridge) e o
Kimera, adaptado de sua novela A vida interior de Martin Frost (The inner life of
Martin Frost).
Já Philip Roth, talvez um dos maiores escritores norte americanos da
atualidade, teve apenas duas obras levadas à tela, Fatal (no filme de mesmo
título) e A marca humana (The Human Stain), que resultou no filme Revelações.
Em consulta ao IMDB (The Internet Movie Database), em 27 de março de
2008, constatamos que Edgar Allan Poe é um dos autores mais adaptados pelo
cinema em todos os tempos. Há 195 filmes baseados ou inspirados em suas
obras. O primeiro é Sherlock Holmes in The great muder mystery, de 1908,
baseado em Os crimes da Rua Morgue que aliás, teve 8 adaptações para o
cinema. É curioso lembrar que Poe nasceu em 1809, em Boston, e morreu em
1849, mais de 40 anos antes do cinema ser inventado. Julio Verne (1828- 1905),
contemporâneo de Poe, mas com uma vida muito mais longa e uma obra muito
maior, tem 125 adaptações, incluindo um filme famoso de George Méliès,
Viagem à lua, de 1902.
Agatha Christie, que viveu entre 1890 e 1976, tem 110 adaptações. Balzac
(1779-1850) tem 145 adaptações. Zola (1840-1902) tem 79 adaptações.
Dostoievsky (1821-1881) tem 147 adaptações. Eça de Queiroz, nascido em
1845, tem apenas 17 adaptações. Machado de Assis (1839-1908) apenas 25
adaptações. Jorge Amado tem 26. O campeão provavelmente é Shakespeare,
nascido em 1564, que tem 701 adaptações.
O grande cineasta Stanley Kubrick, um respeitado estudioso das relações
entre as duas linguagens, afirma que “livro é livro, filme é filme”. Kubrick fez
praticamente todos os seus filmes adaptados de matéria prima literária, uma
predileção que o levou a formar produtivas parcerias com diversos autores, na
sua maioria, norte americanos. Terry Southern, por exemplo, foi parceiro de
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Figura 5 - Frost/Nixon
De Peter Morgan tem sua origem na própria peça de Peter Morgan e,
imediatamente chamou a atenção pelo material de alto nível sendo logo
adaptada para o cinema.
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Figura 6 - Dúvida, filme dirigido por John Patrick Shanley, tem seu
roteiro baseado na peça.
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Assim podemos constatar que boa parte dos teóricos do cinema afirma
que, de modo geral, o cinema tem sido prejudicado em sua dependência da
literatura, embora reconheçam uma proximidade entre estas duas formas de
arte.
Alguns chegam mesmo a profetizar uma proximidade sempre crescente e
fecunda, quando não já corrente em relação a romancistas contemporâneos
capazes de analisar estados de espírito e impressões sensíveis – mais do que
criação de simples enredos – alegorias universais, enfim, alcançando
compreensão plena em qualquer parte do globo terrestre.
Lembram estes autores que, em relação ao modelo real, o modelo
artístico é sempre uma de suas modalidades, a qual se impõe em detrimento de
outras tantas, virtuais, e que, neste sentido, não caberia se exigir pura e simples
fidelidade de um filme ao texto literário original. Caberia sim, precaver-se, isso
sim, de pretender dinamizar um texto estático, como o literário, em relação ao
cinema, com excessiva mudança de câmera ou variação de cenários.
Seja como for, existem algumas aproximações bastante evidentes entre
essas duas formas artísticas: ambas são fruídas com os olhos, tanto os do leitor,
quanto os do espectador, e ambas se desenrolam e se constroem no tempo,
criando certas continuidades e expectativas.
A literatura constitui-se numa linguagem simples, que se transmite pela
palavra, enquanto que o cinema é uma linguagem complexa, compreendendo
códigos superpostos, e por vezes os mais díspares possíveis, bastando um
simples exemplo:
No filme existencialista Profissão - repórter, Antonioni (1975) coloca um
casal chegando a Barcelona e embrenhando-se pelos corredores de um prédio
construído por Antoni Gaudi (1852-1926). Tanto o homem quanto a mulher
apresentam fundamentalmente o desafio da incomunicabilidade, e a relação que
o cineasta cria entre eles e o cenário, num plano geral que os focaliza cada qual
numa sacada, separados por uma parede dizendo dois monólogos paralelos,
exige do espectador um certo conhecimento da arquitetura de Gaudi, para
conscientizar-se do significado daquela sequência.
Em compensação, o cinema pode ser visto como uma forma direta de
apreensão e exploração de dados reais a fim de convertê-los em entidades
representativas, simbólicas – alegóricas; dizíamos antes, caracterizando-se por
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encontram na natureza, pois o cinema não fala das coisas, como a literatura,
mas as mostra, e cada imagem singular tem o poder gerador de uma nova
experiência de um mundo visível.
O cinema não fornece apenas uma imagem (aparência) do real, mas é
capaz de constituir um mundo à imagem do real, o que lhe dá uma dimensão
ontológica, isto é, de testemunha de uma existência, respeitando-a em si mesma
e deixando-a, assim, revelar o que tem de essencial.
Se a literatura sugere, o cinema institui, por meio das associações
provocadas pela montagem, na expressão de Umberto Bárbaro, uma cronologia,
uma geografia e uma anatomia ideais.
A arte cinematográfica resgatou, de certa maneira, a origem oral da
literatura, que só em sua evolução posterior atingiria o grau escrito. Igualmente
o cinema soube herdar duas importantes aquisições de outra arte que o
antecedeu, o teatro.
Trata-se da fala e do gesto do ator, sendo que, no caso do cinema, em
grau superior ao teatro, uma fala pode ser dispensada ou substituída pelo
movimento que a câmera – o olho do espectador – realizar.
É de se salientar, contudo, que a literatura permite se, numa leitura
oralizada, entonações diferenciadas (e por isso, eventualmente errôneas).
O cinema brasileiro, por sua vez, vem tendo um nítido crescimento na
quantidade de produções que chegam às salas exibidoras, o que gera
qualidades diversas, novas formas de narrar e novas abordagens do cotidiano.
Podemos afirmar que poucas formas artísticas estabelecem entre si tantas
relações de sentido mútuo, ainda que sujeitas a polêmicas sobre liberdades de
criação, etc. – até porque são diferenciadas as linguagens e distintos os
respectivos códigos e modos de funcionamento: narrativas literárias e narrativas
fílmica distinguem-se e, na maioria dos casos, contrastam-se; são sempre
difíceis as transposições de uma para o outro, pois as características intrínsecas
do texto literário – originalidades, subjetividades, entrelinhas, elaborações – não
encontram, por princípio, a mesma expressão na narrativa cinematográfica.
Entre a página de um livro e a tela branca do cinema há laços estreitos –
em forma de mão e contramão: a página contém palavras que acionam os
sentidos e se transformam na mente do leitor, em imagens; a tela abriga imagens
em movimento que serão decodificadas pelo expectador por meio de palavras.
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Em outra aula, para atender aos interesses dos alunos pela mulher, o
professor direciona o assunto para as mulheres de outra época, as retratadas
por Eça de Queirós. São duas etapas
Etapa 1. Colocar no quadro o tema: Mulheres queirosianas – mistérios,
ambiguidades e traições. Apresentar as características de algumas delas: Luisa,
Leopoldina e Juliana (O Primo Basílio), Maria Eduarda (Os Maias), Amélia (O
crime do padre Amaro). Depois distribuir fragmentos de textos retirados dos
romances apresentando as personagens: O Primo Basílio (capítulo I ); Os Maias
(capítulo XV); O crime do padre Amaro (capítulo IV), de Eça de Queirós. Por
essa mostra, o aluno perceberá que, na literatura de Eça a mulher deixa de ser
aquela heroína idealizada dos românticos e se apresenta como um ser humano
completo, com virtudes e vícios, força e fraqueza, sonhos e desejos. As mulheres
em Eça são personagens fortes, profundas, inteligentes e ativas, que comandam
suas vidas, manipulam seus homens, são misteriosas e ambíguas e têm uns
olhares... inexplicáveis, arrebatadores... destruidores!....
Etapa 2. Dividir a turma em grupos e cada um vai estudar as
características de uma dessas personagens. Depois vão expor para a turma o
que descobriram em relação a cada personagem e farão uma comparação com
as mulheres de hoje. Apresentarão as conjunções e as disjunções em relação a
elas.
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Basílio” (capítulo 1, p. 17), como se vê, o objeto estava sempre presente quando
pensava no primo, revelando pensamentos íntimos, que colaboravam para a
traição.
O romance, A dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, narra a
história de uma elegante cortesã francesa, em meados do século XIX, que
encanta por sua beleza e mantém um romance impossível com um rico homem
da emergente burguesia urbana. Na história, ela ficou conhecida como a guardiã
da falsa moral burguesa da época. Esse enredo é bastante revelador, pois
antecede, como elemento proléptico2 , o drama que Luísa sofrerá. Apesar de
histórias muito diferentes, Luísa agirá, no decorrer da narrativa, como uma
mulher volúvel ao se relacionar com outro homem, fora do casamento, viverá um
romance proibido e morrerá por causa disso, devido aos falsos conceitos
moralizantes da época.
Etapa 5. Propor a análise das imagens. Abaixo um modelo, do filme O
primo Basílio:
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REFERÊNCIAS
BALAZS, Béla. Theory of the film: Character and Growth of a New Art. New
York: Dopver Publications, 1970.
BERGAN, Ronald. Guia Ilustrado cinema. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
BLUESTONE, George. The limits of the novel and the limits of the film.
Novels into films. Berkeley: Univ. of California Press, [s. d.], p. 1-64.
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CHATMAN, Seymour. What novels can do that films can´t (and vice-versa).
Critical inquiry on narrative. Chicago (7): 121-140, out. 1980.
CHIARINI, Luigi. El cine en el problema del arte. Buenos Aires: Ed. Losange,
1956.
ECO, U. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994.
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ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo:
Editora 34, 1996, vol. 1.
LAWSON, J. Howard. Film: the Creative Process. New York: Hill and Wang,
1964.
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QUEIRÓS, Eça. O primo Basílio. Edição integral. São Paulo: Nova Cultural,
1996.
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