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SUMÁRIO
LITERATURA............................................................................................................ 04
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................04
PRODUÇÃO DE TEXTOS........................................................................................ 44
6 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 44
7 PRODUÇÃO TEXTUAL......................................................................................... 45
7.1 Primeiras definições ........................................................................................... 45
7.2 Discurso, texto e produção textual ..................................................................... 46
7.3 Tipos x gêneros textuais.. ............................................................................ .......52
8 AS ORIENTAÇÕES DOS PCNS ........................................................................ ...55
9 ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA UMA BOA PRODUÇÃO .......................... 59
9.1 Coesão ............................................................................................................... 61
9.2 Coerência ........................................................................................................... 63
9.3 Intertextualidade ................................................................................................. 65
LITERATURA
1. INTRODUÇÃO
Pretende-se com este estudo alcançar alguns objetivos, tais como: conhecer
um pouco mais sobre a Literatura na escola, a arte de contar história como um
instrumento viável da prática na sala de aula, analisar como esta prática pode
colaborar com o fazer docente, refletir como isso pode contribuir com a aprendizagem
de crianças e jovens.
Para obter êxito nos estudos, este referencial teórico está estruturada a
fundamentação do tema abordado através de textos extraídos de livros, revistas
científicas, Internet, entre outros. Sendo assim, apresentam-se primeiramente a
história infantil e a literatura ao longo dos tempos, bem como a sua importância e
conceitos. Trata também da postura do contador de histórias, e uma explanação da
importância dos objetivos do contar histórias como instrumento fundamental para as
relações sociais, afetivas e cognitivas dos alunos.
Em tempos remotos, era tida como maravilhosa a literatura infantil. Como nos
primórdios da humanidade, o acesso ao conhecimento científico de fenômenos
humanos e das ciências era inacessível para a maioria dos homens, a magia do
pensamento tomou lugar e ocupou o espaço da logicidade. Nessa fase fantástica da
magia, o ser humano já apontava preocupações com o relacionamento dos homens
num contexto social e emocional (PIETRO, 1999).
As fábulas foram gêneros literários exclusivos até o século XVII, quando surge
os contos de fadas que se incorporam ao grande acervo da literatura infantil. Para
atender a todas as necessidades das crianças daquela época os gêneros poéticos
bastante ricos se misturavam ao ponto de se confundirem ao folclore e outros gêneros
(PIETRO, 1999).
Não existiam livros e nem nada escrito especialmente para as crianças; não
havia nada que pudesse ser considerado literatura infantil. Portanto, a origem da
literatura infantil estaria nas publicações a partir daquela época, mas com a
intencionalidade pedagógica. Em consequência, surgiram a preservação didática e o
conservadorismo como aspectos estruturais para a literatura das crianças. Eram
educadores que escreviam os livros literários infantis com o intuito de educar e ao
mesmo tempo de manipular a sociedade, começando desde cedo, através das
crianças.
Na escola e na literatura, a criança era vista como se fosse um ser inferior que
só obedecia a regras, normas e valores que os adultos impunham. No Brasil, Monteiro
Lobato destacou-se como escritor da literatura infanto-juvenil na década de 1930. Com
ele ocorreu uma verdadeira revolução no gênero, criando personagens inesquecíveis
como a Emília e outros personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
A literatura infantil acaba sendo àquela que corresponde de alguma forma, aos
anseios do leitor e que com ele se identifica, independentemente da sua idade.
Outros autores afirmam que a literatura infantil é, antes de tudo, ―literatura‖, isto é,
mensagem de arte, beleza e emoção. Destina-se à criança, porém nada impede que
possa agradar ao adulto. E nada modifica a sua característica literária, se destinada
ao adulto, agradar e emocionar a criança. (PIETRO, 1999).
São vários os conceitos que se têm de literatura infantil, como ―os livros que
têm a capacidade de provocar a emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia, a
identificação e o interesse da criança‖.
De acordo com Ana Maria Machado ―Toda literatura é um diálogo com outros
textos. As crianças são capazes de se deliciar com referências culturais ao seu
alcance‖ (Jornal O Globo, 2003, p. 25).
Conforme abordado por Sisto (1999) muitas das tradições foram deixadas de
lado, a ponto de isso alterar a marcha contínua das coisas, das histórias, da vida.
Nessa perspectiva, o que seria do homem mais sábio da terra se lhe tirassem,
de repente, de sua alma todos os mitos e toda a magia das histórias? Para alguns
estudiosos, ―[...] o mito, a imagem fantástica é uma função interna sem a qual a vida
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psíquica ficaria mutilada. O mito não encontra, naturalmente, no mundo externo o seu
objeto adequado, mas em troca, suscita em nós as correntes indiretas dos
sentimentos que nutrem o pulso vital, mantém a vontade de viver‖. Ele chega ao ponto
de dizer que o mito é ―a harmonia psíquica‖ (GIGLIO, 1993).
Ele se fará presente porque assim o exige o processo evolutivo de sua psique. O mito
é uma espécie de combustível para a imaginação infantil. Seria uma verdadeira
mutilação destruir na criança esta capacidade mítica.
Não se pode negar que existem, ainda, crianças que se deleitam com histórias
de fadas, mas numa época em que a realidade está se tornando mais maravilhosa do
que a fantasia, como é o caso do homem conseguir pisar a Lua, a criança não se
interessa, de um modo geral, pela fada. Dar à criança a realidade unida à fantasia é
que será o ideal. As crianças da era espacial devem ter o fantástico através do
cotidiano.
Um raio laser poderá fazer coisas mais maravilhosas e uma operação plástica
poderá transformar borralheiras nas princesas mais lindas e graciosas. Até meninos
de coração ruim poderão tornar-se bons mediante um simples transplante. Tudo isso
pode ser posto em prática para uma literatura renovada, de acordo com crianças que
ouvem falar continuamente em lua, operações plásticas e transplantes. Nada mais
fantástico do que o simples cotidiano que parece, cada dia, mais irreal, como ensina
Rosamilha (1944), evidenciando a importância da contextualização da linguagem
literária ao universo da criança.
O mundo é um livro sem texto, criado a partir da palavra. Livro sem texto onde
me vejo elaborando orações, apaziguando as imensas emoções percebidas nesse
mar de linhas e horizontes de eternas leituras (QUEIRÓS, 1996, p. 13).
A leitura também, como não poderia ser diferente, passa por fases que devem
ser observadas antes de pretender exigir da criança uma leitura que esteja além ou
aquém de suas capacidades, portanto é necessário respeitar o tempo de cada criança
e planejar estratégias que provoquem a vontade e a criatividade dela, a criatividade
de criar a leitura e releitura das histórias ouvidas pelos professores e pelas pessoas
que estão ao seu redor.
quem ouve com prazer as histórias, certamente, irá compreendê-la com atenção e
despertar-se pelo imaginário.
Segundo Tahan (1966) a história deve ser contada com simpatia, com
acentuada demonstração de sentidos e sentimentos, trazer para a educação a sua
experiência pessoal de infância, quando ouvia histórias. Nesse ponto, é importante
que o educador, contador de histórias, liberte-se para caminhar rumo ao imaginário
para atingir o foco que são os ouvintes.
O cultivo das histórias remonta a época muito afastada, pois o contar história
vem de tempos remotos, pois o homem percebeu que deveria cultivar os talentos
existentes, e compreendeu que contar histórias é uma arte que pode e deve ser
preservada.
oportunidade para que estes mitos, tão importantes para a construção de sua
identidade social e cultural, possam ser apresentados a ela (TAHAN, 1966).
Existe, porém, uma diferença entre contar e ler uma história, porém, ambas
são muito importantes. Um texto escrito segue as normas da língua escrita, que são
completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando uma criança ouve
a leitura de uma história ela projeta funções sintáticas da língua, além de aumentar
seu vocabulário e seu campo semântico.
Porém, aquele que lê a história deve dominar a arte de contá-la, deve estar
preparado suficientemente para fazê-lo com apoio no texto, sabendo utilizar o livro
como acessório integrado à técnica da voz e do gesto.
Além disso, quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo
da história; promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo
de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro (TAHAN,
1966).
enredos das histórias, geralmente, são organizados de forma que um conteúdo moral
possa ser inferido das ações dos personagens e isso colabora para a construção da
ética e da cidadania das crianças.
A forma de histórias é vista, por alguns autores, Egan (1987), por exemplo,
como um dos mais poderosos e efetivos sustentadores da cultura. Nesse sentido, a
criança desde cedo interage com a narrativa, ouvindo histórias reais ou ficcionais
contadas pelos adultos. Esse ouvir histórias permite adicionalmente experienciar e
vivenciar determinadas características da linguagem.
Outro aspecto substancial que vemos nos contos de fadas está ligado ao
movimento e tensão dos elementos que estruturam a narrativa, ou seja, o arcabouço
narrativo. Autores como Muth (1989) estudaram o texto narrativo, especialmente os
contos, e concluíram que esses têm uma organização estável e recorrente, como
também, elementos metatextuais que auxiliam as crianças na elaboração de textos
orais e/ou escritos.
A crítica é válida e rica para que se reflita sobre as práticas pedagógicas que
priorizam e utilizam os textos como exemplos para que sejam repetidos de forma
mecânica.
Por trás de tudo isso circula pressões dos pais, dos educadores e de leigos
que pensam que os alunos são capazes de absorver muito mais do que lhes está
sendo dado. Muitos programas de educação estão sendo avaliados em termos de
uma ou de todas essas pressões, os provões da vida, vestibulares e agora, a
avaliação de desempenho para medir o seu conhecimento e calcular o seu salário.
Em alguns casos, o criador da nova ideia pode ter tido uma boa ou má
experiência em sua situação escolar e pede que as crianças tenham uma experiência
tão boa ou melhor do que a que ele teve. Tomarão eles sempre em consideração a
mudança dos tempos, que requer mudanças na educação de modo a servir a um
mundo novo e diferente? Considerarão a educação presente neste terceiro milênio?
Na pós-modernidade (ROSAMILHA, 1984).
Apesar dos sinais de interesse por parte dos alunos serem importantes, o
professor, não pode sempre esperar por interesses espontâneos para estimular a
aprendizagem. Ele poderia ter de esperar o ano todo para perceber que isso pouco
O trabalho direto com os alunos mais novos exige que o professor tenha uma
competência polivalente, seja crítico e reflexivo. Ser polivalente significa que ao
professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde
cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das
diversas áreas do conhecimento. De acordo com Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil (1998, p. 41):
Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla
do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo
constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando
com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o
trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre
a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a
avaliação.
Destaca o educador e terapeuta Bruno Bettelheim (1985) que: para que uma
história realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar a sua
curiosidade. Mas, para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-
la a desenvolver o seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmonizada
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Pode-se concluir que a ética, na prática do professor, deve ser uma constante.
Ele deve estar sempre atento, conhecer e selecionar bem as histórias que leva para
a sala de aula. Desta forma, o professor estará fundamentado para levar os alunos a
uma discussão crítica dos acontecimentos dos contos relacionando-os com a vida real
de cada um.
A pessoa que lê, geralmente senta-se numa cadeira baixa que lhe permite
segurar o livro na altura dos olhos das crianças. Se segurar o livro muito alto, as
crianças vão ficar olhando para as páginas, em vez de olhar diretamente para a
ilustração. Isso poderia lhes dar uma ideia distorcida da ilustração e uma ideia ou
conceito incorreto. Na posição certa, elas têm uma visibilidade clara e nítida do que
está sendo lido e podem visualizar melhor a história.
O professor também pode utilizar quadros para contar histórias que podem
ser feitos sem grande esforço. Pode cortar uma série de ilustrações e colá-las num
grande pedaço de cartolina. A quantidade de ilustrações depende da idade do grupo.
Ainda segundo o autor acima, os livros de literatura devem fazer parte das
atividades diárias das crianças. Esses livros, sempre em exposição, encorajam a
criança a se interessar. Enquanto se interessam em folheá-los, elas vão descobrindo
que há várias espécies de livros – histórias diferentes, ilustrações diferentes,
tamanhos diferentes e com isso vão construindo seu conhecimento.
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Ao educador cabe dinamizar a sua forma de contar histórias. Tanto quanto possível,
deverá ser tão vivido esse processo que fará com que a criança penetre na história e
nas suas personagens, especialmente nos contos de fadas.
A história pode ser contada, lida, com ou sem a apresentação de figuras. Pode
ser curta, de modo a ser contada num mesmo dia, principalmente quando o seu
conteúdo joga com emoções fortes. Poderá também ser contada aos poucos,
dependendo de seu conteúdo, do interesse das crianças e dos objetivos do educador.
Rosamilha (1984, p. 75) salienta que, no que diz respeito aos livros que
estimulam a criança a:
[...] zangar e entristecer, rir e chorar, a lembrar e projetar, sentir a suavidade
e o rigor dos elementos, julgar e mostrar compaixão, imaginar e maravilhar-
se...; levam-na adiante fazendo-a participar de experiências além de seus
horizontes imediatos e tangíveis.
Afirma o referido autor (1984, p. 75) que [...] a literatura tem sido apontada
como transmissora de alegrias, recreação, relaxamento; definição social no lar e na
sociedade; percepção dos diversos estilos de vida; orgulho da herança cultural;
desenvolvimento da hierarquia de valores; sensibilização com a beleza e interesse
pela obra de arte.
De habilidade;
Saber expressar sentimentos de alegria, de tristeza, de entusiasmo, de
animação utilizando gestos, voz e expressão facial;
Uma vez terminada a história, deixar as crianças recontarem a história, falar
das partes que mais agradaram a elas,
Instigar a curiosidade das crianças, desta forma elas poderão usar o imaginário
e fazer relações da história ouvida com a realidade que as cercam (SISTO,
1999).
nas linhas que indicam uma demora ou um processo mais lento, ler com alegria ou
tristeza quando a história requer esses sentimentos de emoção.
Desse modo, as crianças compreendem que o professor tem amor aos livros,
e são influenciadas por esse cuidado com o seu manuseio, os alunos aprendem que
os livros devem ser bem tratados, o professor é um modelo (HELD, 1980).
Na escola, um bom horário pode ser após o recreio para acalmar a turma; em
casa pode ser à noite, antes de dormir (HELD, 1980). É necessário que o docente
determine um dia ou horário para cada aluno ler ou contar uma história; sempre
estimular a criança a recontar a história que ouviu; dê livros a elas. Sempre que
possível sente-se no nível dos alunos; quando necessário, explique o significado das
palavras novas e preserve a atenção das crianças no local em que a história está
sendo contada, evitando muito barulho, pessoas estranhas interrompendo e cuidando
sempre da expressão (SISTO, 1999).
O conto permite:
que o aluno o recrie;
apreenda as ideias centrais e secundários;
Expressão corporal;
Dramatizações;
Desenhos;
Pinturas;
Colagens;
Modelagens individuais e grupais;
É nessa faixa etária que a criança é capaz de contar e recontar histórias com
sequência lógica, inventar brincadeiras, brincar de faz de conta, e memorizar
pequenas histórias. A criança também pode se adaptar facilmente a dar soluções para
problemáticas propostas pela narração, visto que, ela pensa antes de agir.
um lugar faz de conta que é outro. Brincar é, assim, um espaço no qual se pode
observar a coordenação das experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos
manipulados sugerem ou provocam no momento presente.
Além disso, pode-se dizer que as histórias estimulam o interesse das crianças
pela escola e pelo conhecimento. Percebe-se que a história tem em sua literatura o
Nas histórias infantis estão envolvidos vários fatores como o emocional, uma
vez que a criança estabelece relações com a realidade e o imaginário; com o social,
ou seja, quando a criança troca de papéis com o personagem, tendo consciência do
que o outro sente, pensa e vive.
Assim, as histórias são uma ferramenta essencial para o educador que utiliza
a criatividade, busca a competência na educação e tem comprometimento para uma
educação de qualidade na educação infantil.
insólito é uma necessidade que a criança tem de, vez por outra, escapar de si
mesma, através da literatura, colocando-se na pele de algum personagem, animal ou
um objeto.
PIETRO, Heloísa. Quer ouvir uma história? Lendas e mitos no mundo da criança.
São Paulo: Editora Angra, 1999.
SISTO, Celso. Contando a gente acredita. In: MINAS GERAIS. Secretaria de Estado
da Educação. Da arte de contar histórias. – Belo Horizonte; SEEMG, 1996.
PRODUÇÃO DE TEXTOS
6 INTRODUÇÃO
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.
A linguagem escrita pode ser realizada de várias maneiras: por cartas, por
memorando, por livros, enfim, por inúmeros tipos e gêneros textuais. Não podemos
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nos esquecer de que coerência, coesão, estética, criatividade e até mesmo motivação
são elementos essenciais para uma boa produção textual.
Pois bem, sobre tipos de texto, elementos para uma boa produção e as
orientações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) é que
discorreremos nesta apostila.
Escrita com erros ortográficos, frases e produção textual sem sentido e não
conseguir interpretar textos são situações comuns no cotidiano de grande parte da
população, o que se constitui um entrave e acarreta insucesso na vida das pessoas
quando almejam emprego, passar em concurso, etc. e desde as séries iniciais os
educandos podem desenvolver uma escrita correta tendo no professor um mediador
desse processo, o qual muito pode contribuir para a formação de um leitor/escritor
competente, autônomo, crítico e criativo.
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar
dúvidas e aprofundar os conhecimentos.
7 PRODUÇÃO TEXTUAL
Koch e Travaglia (1997, p. 10) entendem o texto como: (...) uma unidade
linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários
da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa,
como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa
reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.
Nesse sentido, podemos também citar Abreu (1996, p. 11) que delineia a
concepção de texto e discurso a partir das modernas correntes da Linguística Textual
e da Pragmática.
Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo
fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela
constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte.
Assim, o texto, nosso objeto de investigação, ganha valor quando está inserido
num real processo de interlocução. Isto é, quando o que escrevo está direcionado e
faz sentido para o outro (FERNANDES, 1999).
Na prática escolar, a instituição deve aproximar a escrita tal como ela ocorre
em situações de escrita extra escola. Caso contrário, corre-se o risco de o educando
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Por isso, ao solicitar uma escrita, é imprescindível que o texto do aluno tenha
um interlocutor real. Aliás, o processo de escrita exige que ele (educando) se
desvencilhe da sua solidão, no ato de escrever, e tenha uma imagem do seu
destinatário. Caso contrário, é possível que seu texto signifique menos do que
pretendia seu autor. Assim, uma prática interacionista de linguagem pode facultar ao
educando as ferramentas de que precisa para, ao intuir (imaginar) o seu interlocutor,
usar as qualificações pertinentes para desenvolver uma argumentação eficaz e ao
alcance do outro (PÉCORA, 1992).
linguagem se constituem, visto que os sujeitos não são sempre os mesmos e a própria
interlocução molda-os num processo evolutivo constante. Isso ocorre porque novas
informações vão sendo incorporadas e reajustadas às anteriores e, assim, vão
reconstruindo o próprio sujeito (BELACHE, OLIVEIRA, SILVA, 2007).
está realizando tipos textuais, podendo ocorrer que o mesmo gênero realize dois ou
mais tipos. Assim, um texto é em geral tipologicamente variado (heterogêneo). Veja-
se o caso da carta pessoal, que pode conter uma sequência narrativa (conta uma
historinha), uma argumentação (argumenta em função de algo), uma descrição
(descreve uma situação) e assim por diante.
Entre as características básicas dos tipos textuais está o fato de eles serem
definidos por seus traços linguísticos predominantes. Por isso, um tipo textual é dado
por um conjunto de traços que formam uma sequência e não um texto. A rigor, pode-
se dizer que o segredo da coesão textual está precisamente na habilidade
demonstrada em fazer essa costura ou tessitura das sequências tipológicas como uma
armação de base, ou seja, uma malha infra estrutural do texto. Como tais, os gêneros
são uma espécie de armadura comunicativa geral preenchida por sequências
tipológicas de base que podem ser bastante heterogêneas, mas relacionadas entre
si1.
1.Descritiva
2.Narrativa
3.Expositiva
4.Argumentativa
1
Esta é uma posição defendida também por Jean-Michel Adam (1999) que julga ser a unidade ―texto
muito heterogênea para ser tomada como uma entidade linguística. Trata-se, pois de uma entidade
comunicativa que é construída com unidades composicionais constituídas pelas sequências
tipológicas.
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5.Injuntiva
Resumindo:
TIPOS TEXTUAIS
GÊNEROS TEXTUAIS
começa com era uma vez, ninguém duvida de que está diante de um conto, porque
todos conhecem tal gênero. Diante da expressão senhoras e senhores, a expectativa
é ouvir um pronunciamento público ou uma apresentação de espetáculo, pois sabe-
se que nesses gêneros o texto, inequivocamente, tem essa fórmula inicial. Do mesmo
modo, pode-se reconhecer outros gêneros como cartas, reportagens, anúncios,
poemas, etc. (BRASIL, 1997, p. 18).
1. Finalidade;
2. Especificidade do gênero;
4. Interlocutor eleito.
Em outro momento,
Os PCNs nos dizem também que para aprender a escrever, é necessário ter
acesso à diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que se faz da escrita
em diferentes circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca
a quem se propõe produzi-la, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de
quem já sabe escrever. Sendo assim, o tratamento que se dá à escrita na escola não
pode inibir os alunos ou afastá-los do que se pretende; ao contrário, é preciso
aproximá-los, principalmente quando são iniciados ―oficialmente no mundo da escrita
por meio da alfabetização. Afinal, esse é o início de um caminho que deverão trilhar
para se transformarem em cidadãos da cultura escrita.
Diferentes objetivos exigem diferentes gêneros e estes, por sua vez, têm suas
formas características que precisam ser aprendidas.
gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de ensino (BRASIL,
1997).
Abreu (1996, p. 12) ressalta: ―Um texto não é uma unidade construída por
uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim,
uma trama semântica a que damos o nome de textualidade.
O texto estará claro para quem lê quando tiver ideias bem articuladas e
objetivas. Para isso, é importante uma seleção cuidadosa das palavras, que deverão
ser distribuídas em períodos curtos. Dessa forma, o escritor evitará erros quanto à
coerência e coesão dos fatos apresentados e o leitor não ficará perdido em meio a
tantos argumentos.
A coerência nos diz da organização das partes para formar o todo do texto.
Os tipos de produção textual, sem exceção, necessitam de sentido, de ter significado,
ou seja, precisam ser coerentes.
quando o escritor se distancia de seu texto e coloca-se na posição de leitor, tem maior
percepção a respeito do que foi escrito, se é compreensível ou não.
Portanto, a revisão do texto deve ser feita sempre, a fim de que haja um bom
resultado, ou melhor, um bom texto.
9.1 Coesão
9.2 Coerência
Os autores alertam para o fato de que o mundo textual não apresenta somente
os sentidos presentes nas expressões empregadas no texto de superfície. Também
contribui para o estabelecimento do texto um processo cognitivo que envolve o
conhecimento partilhado, o senso comum que advém das experiências e das
expectativas dos participantes do processo de comunicação em relação à organização
dos eventos e das situações (BEAUGRANDE E DRESSLER, 1981, p.
85).
21)
Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global. Para
haver coerência é preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma
forma de unidade ou relação entre seus elementos.
Dessa forma, o texto vai além da superfície, do seu artefato textual e busca
uma relação com os usuários numa situação comunicativa. Entende-se, então, que
uma sequência de frases com coesão e coerência, são fatores necessários, mas não
suficientes para garantir a eficiência da textualidade, já que há textos que não parecem
ser totalmente coesivos ou até mesmo coerentes.
9.3 Intertextualidade
9.4 Estética
A estética relaciona-se com o visual, com a organização da produção, do texto.
9.5 Criatividade
9.6 Motivação
Poderíamos dizer que a motivação é uma variável psicológica e que tem seus
impactos na aprendizagem escolar.
Todas as teorias definem motivação como algo voltado para um tipo de meta,
propósito, que direciona o comportamento humano, incluindo escolhas e persistência.
Contudo, o fato de o indivíduo definir uma meta e escolher uma atividade não é
sinônimo de um desempenho eficiente e de persistência em face dos obstáculos
(PINTRICH e GARCIA, 1991 apud COSTA E BORUCHOVITCH, 2010).
A compreensão da motivação pelo ponto de vista de um processo e os fatores
que a influenciam são questões que norteiam, atualmente, a busca de explicações por
parte dos pesquisadores. Conforme o posicionamento teórico, a elucidação de tais
aspectos varia consideravelmente (BZUNECK, 2001).
Quando se discute a respeito dos problemas presentes no contexto escolar, a
falta de motivação dos alunos, ao lado de outros aspectos, costuma ser apontada
pelos professores como um fator primordial que necessita ser mudado. De fato,
pesquisas realizadas nas últimas décadas constatam que a motivação interfere
consideravelmente no desempenho escolar dos alunos (BZUNECK, 2001).
Não falta quem diga que a juventude de hoje não consegue expressar seu
pensamento... E para comprovar tais afirmações, os exemplos são abundantes: as
redações dos vestibulandos, o vocabulário da gíria jovem, o baixo nível de leitura
Produzir texto é dar à luz, novas ideias, é colocar no mundo produções escritas
que nunca foram criadas antes por outras pessoas. Nunca, pelo menos de forma
idêntica. É um parto de ideias, portanto sofrido, que necessita de envolvimento e
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motivação para ser esperado, desejado e vivido com satisfação. Para produzir texto,
o estudante deve estar sensibilizado, motivado a ponto de sentir necessidade de jogar
para fora ideias e sentimentos.
Motivar o aluno é criar nas aulas de produção de texto um clima propício para
relaxar, sensibilizar, extravasar sentimentos e ideias. É fazer com que o aluno se
esqueça das dificuldades da aula anterior, da falta de vocabulário e de conhecimentos
gramaticais. É preciso reinventar, repensar conceitos, reformular hábitos, realimentar
o ideal. Como escreve Miranda (1977, p. 31): ― O homem apreende o mundo.
Reinventa-o. Organiza-o. Enfim, usando a palavra como alavanca, ergue-se de sua
dimensão interior e relaciona-se com a humanidade.
Envolver o aluno implica em fazer emergir a sua própria realidade, deixar que
desabafe os acontecimentos de sua casa, de sua família, de seu bairro, de seu
interesse; implica em considerar que o aluno tem suas preocupações e é sobre essas
coisas que ele quer escrever.
A maneira como pode ocorrer esse encantamento tem tudo a ver com a
criatividade do professor: a leitura e os recursos audiovisuais podem ser trabalhados
pelo professor como uma ―viagem a lugares nunca imaginados.
por paixão ganha em qualidade. E o professor, para motivar o aluno a produzir bons
textos, também ele é fascinado pelo prazer de despertar emoções e sentimentos em
seus alunos, pelo amor que lhe move os passos rumo a uma escola melhor e um aluno
mais comunicativo e, consequentemente, mais feliz (HERREIRA, 2000).
ANDRADE, Ivana Quintão de. Produção de texto: uma questão de diálogo. Revista
Ciência Hoje (2006). Disponível em:
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=4176&op=all Acesso em: 23 jan. 2011.
BELACHE, Carmen L. de S.; OLIVEIRA, Orléia Aparecida de; SILVA, Sirlene da.
Relatório final do grupo de estudos da Língua Portuguesa CEEBJA Ulysses
Guimarães. Colombo, 2007. Disponível em:
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