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“Os Maias” - Eça de Queiroz

Análise Capítulo 1

Síntese

Neste primeiro capítulo, somos apresentados à família Maia. Afonso da Maia, Pedro da Maia e
Carlos Eduardo são as três gerações de homens da família que aqui têm destaque.

Com histórias carregadas de um inequívoco fatalismo, ficámos a conhecer o passado de Afonso


e Maria Runa, a sua passagem por Londres e o início do romance de Pedro e Maria Monforte,
muito mal visto pelo seu pai, devido à reputação pouco lisonjeira de Maria e de seu pai.

Ação

Tempo:

inicia no Outono de 1875, com a mudança de Afonso e Carlos para o Ramalhete, casa da
família há muito desabitada.

Espaço:

O Ramalhete em Lisboa.

Quinta de Santa Olávia, Douro, de onde se muda Afonso.

Caracterização do Ramalhete

Neste capítulo é feita uma importante descrição do Ramalhete, a casa para onde a família vai
viver, e cuja lenda anuncia um lugar de grande fatalismo e tristeza para a mesma.

Descrito como um “sombrio casarão”, de “aspeto tristonho” e “inútil pardieiro”, esta


propriedade tem o seu nome associado ao ramo de girassóis que revestem os azulejos da
fachada da casa (páginas 7 e 8).

A gravidade clerical do lugar foi motivo de cobiça por monsenhor Buccarini, em 1858.

Com o regresso de Afonso e Carlos, o Ramalhete foi completamente remodelado, mantendo-


se a fachada tristonha, mas com um interior faustoso e resplandecente (página 10)
Personagens:

Afonso Maria
da Maia Runa

Pedro da Maria
Maia Monforte

Carlos
Eduardo

Afonso da Maia: homem idoso (“mais idoso que o século”), rebelde e revolucionário tendo
inclusive, na juventude, simpatizado com os Jacobinos, grupo republicano com ligações à
Revolução Francesa. Era ainda, um homem generoso (“… a generosidade do seu coração…
numa caridade enternecida”, página 14)

Fisicamente, Afonso era “baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes, face larga de nariz
aquilino, a pele quadrada…o cabelo branco…e a barba de neve” (página 14).

Maria Eduarda Runa: “filha de conde, uma linda morena, mimosa e um pouco adoentada”
(página 17). Católica devota, durante a estadia em Inglaterra, aparentava tristeza e nostalgia
pelas saudades do seu país.

Pedro da Maia: “ficara pequenino e nervoso com Maria Eduarda, tendo pouco da raça, da orça
dos Maias A sua linda face oval…dois olhos maravilhosos…faziam-no assemelhar.se a um
árabe”. “Era em tudo um fraco…em crises de melancolia”. Sofria do Complexo de Édipo “O seu
único sentimento vivo, intenso, até aí, fora a paixão pela mãe” (página 22).

Quando conhece Maria Monforte cai de amores por ela “Um amor à Romeu…Escrevia-lhe
todos os dias”

Maria Monforte: “face grave e oura como mármore grego, olhos de um azul sombrio, entre
aqueles tons rosados…Caramba é bonita” (página 31)

Enredo
História de Afonso e Maria Runa

Após uma juventude algo rebelde, Afonso regressa de Inglaterra mais maduro, apaixonando.se
e casando com Maria Runa, com quem viveu um casamento tranquilo, até à morte desta.

História de Pedro e Maria Monforte, a “negreira”

Paralelamente à descrição do Ramalhete, neste capítulo também nos é apresentado o início da


intriga amorosa entre Pedro e Maria Monforte, os pais de Carlos.

Inicialmente, desvalorizada por Afonso da Maia, esta relação foi fruto de uma grande tragédia
para a família.

Linguagem e estilo

Neste primeiro capítulo já é possível identificarmos os grandes momentos de descrição que


caracterizam a escrita de Eça, bem como o recurso a figuras de estilo como a adjetivação e as
comparações.

Também é possível observarmos o recurso à analepse para recordar acontecimentos do


passado, “Esta existência nem sempre… fora, na opinião de seu pai” (página 15)

O Realismo e crítica social, que caracterizavam a postura de Eça são já, neste primeiro capítulo,
evidentes “Este espetáculo indignava Afonso da Maia; e muitas vezes, na paz do serão, entre
amigos…O que não tolerava era o mundo de Queluz, bestial e sórdido” (página 14)

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