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O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas

Dirigido por Emma Cooper, O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inédita, é o novo documentário da Netflix que
tenta desvendar a morte e segredos de uma das atrizes mais famosas e icônicas de Hollywood, mas o longa oferece apenas
especulações e acontecimentos já vistos.

A recente produção da Netflix usa como base o material do jornalista Anthony Summers colhido na década de 80,
quando as investigações sobre a morte da estrela foram reabertas. Anthony ouviu quase todos que estiveram próximos de
Marilyn durante sua vida e seus últimos dias, para tentar, com isso, criar um panorama mais exato do que teria acontecido
naquela fatídica madrugada.

A tarefa de um documentário é sempre tratar da melhor forma possível a veracidade de um assunto e todos os
problemas que o compõe, tendo isso como estrutura narrativa, as demais coisas são naturalmente posicionadas. E neste
novo projeto da Netflix, inegavelmente, houve essa tentativa. O documentário tem como objetivo: trazer declarações sobre a
infância de Marilyn, sua rede de informações com militantes de esquerda, suas relações com os irmãos Kennedy, chegando a
confirmar que seu envolveu com ambos. De fato, olhando para essa linha argumentativa, vemos um projeto bem sólido,
contudo ele não corresponde a proposta do título e da própria sinopse, que indica uma abordagem nova sobre a atriz, pelo
contrário, tudo que foi apresentado no filme já foi visto outrora em outras mídias, além de não ser honesto com o
telespectador que essa versão do documentário é apenas uma teoria de tantas outras sobre os acontecimentos da atriz, além
de ser uma teria altamente refutada ao longo dos anos.
Inicialmente, o documentário passa seus primeiros minutos recriando a biografia da atriz para depois explorar melhor as
causas que podem ter influenciado a sua morte. O que é muito bem argumentado e estimula o senso de curiosidade no
espectador. A trama se desenvolve com base numa “involução emocional” da atriz. O longa que contém diversas entrevistas,
entre elas, uma das principais, de Gladys Baker, destaca a vida de infortúnios da estrela, fosse por seus anos passando de
orfanatos em orfanatos, ou por sua tristeza constante, fruto das dificuldades e abusos sofridos ao longo da vida, acarretando
muitas cicatrizes na sua vida pessoal. O sofrimento vivido por Marilyn é o tema que mais é apontado nos depoimentos
ouvidos, sendo intensificado nos relatos das últimas semanas de vida quando a instabilidade emocional dela estava cada vez
maior.

Tecnicamente o documentário é bem estruturado. A trilha sonora é interessante, o ritmo é confortável e as entrevistas
dramatizadas com atores dublando os áudios utilizando a sobreposição com imagens da carreira de Marilyn faz o recurso
funcionar, apesar de causar certa estranheza no começo. As gravações são realmente interessantes para oferecer ao
espectador a visão que as pessoas tinham de Marilyn. O tempo de duração é bom, mas caberia mais espaço para outras
considerações, não enfada e é instigante. A conclusão do longa, por mais controverso que seja, é bem elaborada, terminando
com um ar misterioso e dramático, valendo a pena as horas assistidas.

Se este documentário fosse a única versão da história da atriz ou a pessoa que estiver assistindo, investigando a vida
dela pela primeira vez, as informações dadas seriam novas, e talvez o impacto fosse muito maior, contudo para os que já
são, minimamente, interessados pelo assunto, não há nenhuma novidade. A famosa biografia de Norman Mailer, lançada em
1973, já traz uma série de registros sensacionais e cobre grande parte da vida de Marilyn, incluindo detalhes de sua infância
complicada, sua falta de relação familiar, o início até o auge da sua carreira, quando trabalhar com ela já era sinal de
problemas, atrasos e transtornos. O documentário passa por tudo isso sem se aprofundar, apenas conduz o bom ritmo para
os 15 minutos finais, quando se prepara para “teorizar” sua morte.
Há uma certa conformidade entre as pessoas que conhecem sua história, críticos e os próprios médicos de que Marilyn
faleceu em circunstâncias bastante comuns, o que torna este projeto mais uma peça de oportunismo e de desconsideração
com uma atriz, antes de tudo, uma mulher que passou toda sua vida sendo julgada em um período ainda mais conservador,
mas apesar dessa incoerente produção que se vende como um grande mistério não havendo nada mais a ser revelado, é
válido assistir, principalmente pelos amantes de documentário.

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