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UNIVESIDADE DO VALE DO ITAJAI

PSICOLOGIA

ARTHUR ZANDONAI
GABRIEL MARIANO R. DE OLIVEIRA
GABRIEL FELICIO DE OLIVEIRA
ISADORA RAITZ
MANOEL COELHO NETO
KLENIO GONÇALVES
JOÃO RODRIGUES MALTA
RAYSSA AMBROSIO SIMAS
RAIANE ANGELI

ANELISE DO FILME “ANTES DE PARTIR”

ITAJAÍ
2023
ARTHUR ZANDONAI
GABRIEL MARIANO R. DE OLIVEIRA
GABRIEL FELICIO DE OLIVEIRA
ISADORA RAITZ
MANOEL COELHO NETO
KLENIO GONÇALVES
JOÃO RODRIGUES MALTA
RAYSSA AMBROSIO SIMAS
RAIANE ANGELI

ANELISE DO FILME “ANTES DE PARTIR”

Trabalho acadêmico do curso de graduação em


Psicologia UNIVALI, 4º semestre, Analise do filme
“Antes de Partir” equivalente a M2 da disciplina de
desenvolvimento na velhice.

Orientadora: Marluci Camila Gomes

ITAJAÍ
2023
CONTEXTUALIZANDO A OBRA

O longa metragem Antes de Partir é uma comédia dramática dirigida e roteirizado por
Rob Reiner e Justin Zackram e lançado em 25 de dezembro de 2007 distribuída pela Warner
Bros Entertainment, nos Estados Unidos e no Brasil. A atuação principal é fica com os famosos
atores norte-americanos Morgan Freeman de “Um Sonho de Liberdade” e “Seven - Os Sete
Crimes Capitais e Jack Nicholson de “O Iluminado” e “Um Estranho no Ninho”.
O longa apresenta os personagens Cartes Chambers e Edward Cole, O primeiro é
simples mecânico, chamando atenção pelo seu vasto conhecimento histórico e filosófico, que
trabalha para sustentar sua família, ele possui uma esposa, três filhos e netos. Enquanto Edward
é um famoso Milionário excêntrico e administrador de hospitais privados que oferecem serviços
por todo estado, ele passou por vários casamentos e possui apenas uma filha, na qual não tem
mais contato.
Mesmo possuindo realidades completamente diferentes, Carter e Edward acabam sendo
incumbidos de uma dolosa realidade, ambos são diagnosticados com câncer e recebem de seis
a 1 ano de vida restantes. Carter fica hospitalizado no mesmo quarto de Edward, por causa de
uma política do mesmo que impossibilita que o dono do hospital tenha seu próprio leito, eles
começam a construir uma relação de amizade em meio a tragédia.
Edward então, percebe que Carter está fazendo uma lista, “a lista de Bota” de acordo
com ele. Carte explica que foi uma lista de afazeres passada como atividade por um antigo
professor de filosofia do ensino médio, seria uma lista de afazeres para realizar “antes de pater
as botas”, de cordo com o personagem. Edward então sugeri que os novos amigos realizem as
atividades da lista antes que hora de ambos chegue.
A obra acompanha os dois personagens em suas viagens e dilemas da vida enquanto se
preparam para o momento da morte. É uma viagem entre o luto e a busca por um sentido de
vida e os prazeres da vida enquanto há tempo.

A REFLEXÃO SOBRE O SENTIDO NA VIDA


O roteiro do filme Antes de Partir traz consigo uma reflexão uma sobre o sentido da
vida, que ao observar a dupla de personagens interpretada por Jack Nicholson e Morgan
Freeman nos transporta frente à finitude e escolhas realizadas como indivíduos.
Com a jornada dos personagens no filme, é observado como o envelhecer não é
sinônimo de se deixar vencer pela idade e/ou doenças, que ainda há possibilidade de fazer o
novo e buscar novas vivências, cito aqui o exemplo de quando os personagens decidem realizar
as atividades escolhidas como atitudes que devem ser feitas antes de morrer, ambos os
personagens se permitiram passar por novas experiências, experienciando o novo. Lima (2008)
traz a reflexão que com o conhecimento científico e empírico acumulado até o momento, é
permitido afirmar que envelhecer não é sinônimo de doença, inatividade e contração geral no
desenvolvimento, apesar de as crenças e atitudes negativas sobre a velhice ainda serem
hegemônicas em alguns contextos culturais, sobretudo entre as sociedades ocidentais, e,
possivelmente, entre algumas sociedades orientais contemporâneas, envelhecer não é sinônimo
de estagnação.
O filme traz consigo uma inspiração, onde o indivíduo transforma a tristeza em sorrisos,
em uma situação difícil, havendo a autorização dos personagens em se conhecerem e se
permitirem a encontrar uma nova relação de amizade, mesmo que em um local totalmente
adverso, é possível sim encontrar novas motivações e inspirações para um novo sentido na vida,
trazendo consigo a reflexão que motiva a grande maioria da humanidade, como: para que
acumular bens? Ou por que sacrificar a vida de um familiar? Suas prioridades são realmente as
coisas mais importantes? Para Neri (2007), a boa qualidade de vida na idade madura excede os
limites da responsabilidade individual e deve ser vista por múltiplos aspectos, ou seja, uma
velhice satisfatória não será atributo do indivíduo biológico, psicológico ou social, mas resulta
da interação entre pessoas em mudanças vivendo em sociedade e de suas relações, conforme
afirmado supra, com a permissão e novas interações os personagens encontram o real sentido
de viver e de seus relacionamentos.
No contexto de soberania da longevidade aumentada, que adia a velhice e a morte, todos
nós estamos convocados a compartilhar ideias e sentimentos que constituem um projeto
pessoal, e ver em Antes de Partir como a relação de amizade construída entre os personagens
auxilia em um momento tão delicado, auxilia e transforma todo sentindo de viver e confronta a
morte e a nossa própria finitude.

A PERDA O LUTO E SUAS FASES


A psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, em sua obra “Sobre a morte e o
morrer”, formulou as cinco fases do luto: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.
Tais fases representam reações psíquicas do indivíduo enlutado para lidar com a perspectiva da
perda/morte e são processos naturais do ser humano.
Negação: A primeira fase do luto se manifesta como uma defesa psíquica, no qual a
pessoa se nega a acreditar no que aconteceu e tenta não entrar em contato com a realidade.
Raiva: Na segunda fase do luto aparecem os sentimentos de revolta com o mundo e com
todos.
Negociação ou Barganha: Na terceira fase, a pessoa começa uma etapa de negociação.
É uma tentativa de aliviar a dor e buscar soluções possíveis para sair daquela realidade.
Depressão: Nesta quarta fase do luto, a pessoa se volta para o mundo interno. Ela se
isola do mundo externo por se considerar impotente e triste.
Aceitação: O indivíduo não se sente mais desesperado diante da perda e da morte
(mesmo que a tristeza dure por muito tempo ou até a vida inteira – principalmente em casos de
falecimentos), e consegue prosseguir na vida de maneira saudável depois de aceitar a sua dor.
Como o filme relata a amizade entre duas pessoas com doenças terminais que se
conheceram justamente lutando para completar o tratamento, dividindo o leito, as dores e
angústias de todo o processo percebemos nas últimas cenas do filme quando Carter vem a óbito,
Edward que vivia uma realidade de luxúria e riqueza, mas com um profundo vazio. Diferente
de seu amigo, pai de família, mecânico e amado em casa percebe o quanto aprendeu nos últimos
três meses realizando as atividades que escreveram em sua lista “antes de partir”, como o filme
traz essa reflexão de amizade e aproveitar os últimos momentos da vida podendo fazer coisas
extraordinárias. Conseguimos relacionar as fases do luto com o personagem Edward, ele nega
seu estado atual, fica com raiva, ambos os protagonistas barganham seu modo de vida, Edward
entra em depressão nos momentos finais do filme e depois do adoecimento e morte de seu
amigo Carter, Edward finalmente aceita a perda, talvez não de sua vida, mas de um amigo
próximo, ele vive uma vida boa, reconcilia-se com a filha e tem um fim digno com suas cinzas
postas ao lado de seu querido amigo no topo do Monte Everest.

A ESPIRITUALIDADE DOS PERSONAGENS


O tema de crenças religiosas é transmitido no filme de maneira sutil e através também
de alguns diálogos diretos. Há pelo menos duas falas diretas entre os protagonistas da trama
que relatam com eficiência este aspecto. Porém os comportamentos dos personagens
demonstram com eficiência este tema.
Em uma destas falas Carter infere diretamente a Cole sobre o tema acreditar. Em um
primeiro momento o discurso parece um tanto pragmático entre um ateu e um crente, porém no
decorrer do discurso, parece, assim como visto em sala, que a dimensão da espiritualidade
permeia também o aspecto do conforto e do alimento de esperança da vida após a morte. Até
mesmo na fala de Edward parece que se houvesse um “além desta vida” as coisas seriam mais
confortáveis.
Tal dimensão demostra efetivamente o conforto que a espiritualidade pode dar a ideia
de finitude. No pensamento de vida após a morte o ser humano não coloca brevidade em seu
ser, ampliando assim a esperança de enfrentar o desconhecido e de lidar com o fim. O principal
aspecto desta visão é conseguir lidar com o medo do desconhecido e a coragem de posicionar-
se sobre a morte (BOOF, 1973). Mais do que só lidar com a esperança do fim, os personagens
parecem terem se confortado com a situação infortúnia de lidar com uma doença terminal.
No final, no discurso feito na Igreja, no funeral do Carter, Edward Cole já parece estar
mais confortável com a partida do amigo e inclusive em seu discurso já demonstra uma
profunda comoção a partir do contato com seu amigo, que como ele mesmo disse, a três meses
era um completo desconhecido.
Ambos no final da vida, alimentados pelo desejo de realização, mas também
confortados a partir de princípios de espiritualidade conseguem viver com intensidade suas
vidas. Fazem, como afirma BOOF (1973), viver nesta vida uma vida que vale a pena acreditar
na sua continuidade.

OS CUIDADOS PALIATIVOS
No filme os cuidados paliativos não são o foco central da trama, mas a narrativa aborda
a temática de forma breve e sutil com nuances pontuais entre as cenas. Podemos ver que no
filme é muito enfatizado a questão de dois leitos por quarto o que para doenças terminais pode
ser muito favorável ao tratamento, Edward possui um médico próprio, já Carter precisa
adaptarem aos serviços padrões do Hospital. No cenário do filme podemos ver que é abordada
a Teoria do Cuidado Centrado no Paciente. Ribeiro (2009), que traz a importância de
compreender as experiencias dos pacientes envolver os cuidadores em uma parceria
colaborativa. Nos cuidados paliativos, a abordagem centrada no paciente visa personalizar os
cuidados de acordo com as preferências e valores individuais. Podemos fazer uma comparação
com os desejos que eles têm e que vão atrás antes de morrer.

REDE DE APOIO E REDE DE APOIO EMOCIONAL


A amizade que floresce entre Edward e Carter é caracterizada por um apoio mútuo
profundo. Eles fornecem consolo, compreensão e incentivo um ao outro enquanto enfrentam
seus medos e incertezas relacionados à morte. Nesse contexto, o filme ilustra a função crucial
que uma rede de apoio emocional desempenha em momentos de crise de saúde, demonstrando
como as conexões interpessoais podem ser fundamentais para o enfrentamento.
O filme também explora a interação dos personagens com outras pessoas em suas vidas,
como familiares e amigos, o que ressalta ainda mais a importância das redes de apoio
emocional. As relações existentes são testadas e fortalecidas à medida que Edward e Carter
buscam realizar seus desejos.

A exploração do impacto do apoio social e emocional no bem-estar psicológico de


pacientes diagnosticados com câncer avançado. Investiga como as redes de apoio, incluindo
amigos, familiares e outros recursos, desempenham um papel crucial no enfrentamento do
estresse, na qualidade de vida e no bem-estar emocional de pacientes com câncer em estágios
avançados da doença. (SANTANA et al, 2008)

CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS


O filme abre espaço para diversos diálogos envolvendo o preparo psicológico para a
morte na velhice, especialmente se tratando de doenças terminais sendo este um tema tão
delicado para ser abordado, mesmo assim a obra consegue trazer uma leveza e naturalidade
para o assunto. Ela cita os 5 estágios do luto e os usa como recurso narrativo, na obra os
personagens passam a experenciar e a compartilhar esse processo de aceitação do próprio luto
desde o momento que se conhecem no mesmo quarto de hospital.
Esse compartilhamento de experiências, essencial para a preparação da estrutura
psíquica do enfermo, é apenas um dos vários exemplos de lições que o filme deixa para o
público quando falamos sobre cuidados paliativos e preparação para a morte, é possível citar
também a importância da amizade e do apoio mútuo, para além do apoio familiar do qual
carrega muitas vezes uma pressão muito grande para o paciente, a amizade é crucial para ajudá-
los a lidar com suas próprias limitações e medos. A sinceridade com a questão da mortalidade,
a maneira como os personagens são forçados a confrontar sua própria finitude e a encontrar
uma maneira de viver suas experiências de vida de maneira significativa, apesar das limitações
impostas pela doença. E por fim o valor das experiências, a obra enfatiza o valor das
experiências e das relações humanas e que mesmo com a finitude, com um prazo curto de vida
na sua frente, ainda assim é possível realizar grandes feitos.
O próprio filme enfatiza esse aspecto da experiência quando, logo na sua abertura, nos
conta que “Edward Cole viveu mais em seus últimos dias do que muitas pessoas gostariam de
viver a vida inteira.” Mesmo sendo um homem com dinheiro e recursos ele somente se permitiu
viver intensamente e sem preocupações nos seus últimos momentos, ambos os personagens
despejaram desejos de uma vida inteira em uma lista e foram capazes de realizá-los por
completo, independentemente da idade e de suas enfermidades. Essa é a lição de que sempre
que há vida há, ao menos, possibilidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOOF, Leonardo. Vida para além da morte. Petrópolis: Vozes, 1973

KUBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer. Rio de Janeiro: Editora Martins Fontes;
1985

LIMA, Ângela Maria Machado de; SILVA, Henrique Salmazo da; GALHARDONI, Ricardo.
Envelhecimento bem-sucedido: trajetórias de um constructo e novas fronteiras. Interface-
Comunicação, Saúde, Educação, v. 12, n. 27, p. 795-807, 2008.

PY, Ligia. Envelhecimento e subjetividade. In: Tempo de Envelhecer: percursos e dimensões


psicossociais. Rio de Janeiro: NAU, 2006. cap. 5, p. 109-129.

RIBEIRO, Júlia Rezende; POLES, Kátia. Cuidados Paliativos: Prática dos Médicos da
Estratégia Saúde da Família. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, v. 43, n. 3, p. 62-
72, jul./set. 2019

SANTANA, Jeanny Joana Rodrigues Alves. DE; ZANIN, Carla Rodrigues.; MANIGLIA, José
Victor. Pacientes com câncer: enfrentamento, rede social e apoio social. Paidéia (Ribeirão
Preto), v. 18, n. 40, p. 371–384, 2008.

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