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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

ANNA TERRA BONI RODRIGUES


JOÃO ROBERTO ABREU
LUÍS FELIPE LIMA RAMOS
MARIA AMANDA SOUSA SANTOS
SARAH ROBERTA GUIMARÃES SALES

ANÁLISE DO FILME “BELEZA OCULTA” A PARTIR DOS


FUNDAMENTOS DA FENOMENOLOGIA E DO EXISTENCIALISMO

MIRACEMA DO TOCANTINS - TO
2022
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

ANNA TERRA BONI RODRIGUES


JOÃO ROBERTO ABREU
LUÍS FELIPE RAMOS
MARIA AMANDA SOUSA SANTOS
SARAH ROBERTA GUIMARÃES SALES

ANÁLISE DO FILME “BELEZA OCULTA” A PARTIR DOS


FUNDAMENTOS DA FENOMENOLOGIA E DO EXISTENCIALISMO

Trabalho apresentado como requisito parcial para


aprovação na disciplina Personalidade IV, sob
responsabilidade da Profª. Drª. Juliana Biazze
Feitosa.

MIRACEMA DO TOCANTINS - TO
2022
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SUMÁRIO

1. Introdução..............................................................................................................................3
2. Fenomenologia.......................................................................................................................4
2.1 Husserl..................................................................................................................................4
3.0 Existencialismo.................................................................................................................... 5
3.1 Kierkegaard......................................................................................................................... 5
3.2 Heidegger............................................................................................................................. 6
4.0 Gestalt-terapia..................................................................................................................... 8
5.0 A loucura como fenômeno psicossocial............................................................................. 9
Referências...............................................................................................................................10
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1. INTRODUÇÃO

O filme “Beleza Oculta” (2017), dirigido por David Frankel, retrata a história de
Howard, personagem representado pelo ator Will Smith que não vê mais sentido na vida e
nada mais parece ter importância após a morte de sua filha. Os colaboradores de sua empresa,
que também são seus amigos, ficam preocupados tanto com ele, quanto com a empresa que
está a beira da falência e procuram o meio de ajudá-lo a reencontrar um sentido para a vida.
Os sintomas do luto do personagem, o levam a escrever cartas para propósitos que ele
acreditava conduzir sua vida e a organização da sua empresa, esses propósitos são: a morte, o
amor e o tempo. O enredo principal do filme, começa quando suas cartas são respondidas por
pessoas que simbolizam esses propósitos, atores contratados pelos integrantes da empresa,
com o objetivo de expor para o personagem que apesar de ele acreditar que eles possuem uma
parcela de culpa na morte da sua filha, ele precisava aceitá-los, pois são eles que constituem o
sentido de permanecer vivendo para os seres humanos.
O filme, apesar de apresentar como foco principal, a história da perda Howard, ele
dialoga entre a vida de todos os personagens, mostrando que todos eles também passavam por
momentos difíceis, mesmo que com intensidade e sintomas diferentes. Demonstrando assim,
como todos os enredos se desenvolvem por esse prisma do sentido da vida e
consequentemente, demandando uma maior percepção da morte, do amor e do tempo.
Desse modo, “Beleza Oculta”, produz uma série de reflexões sobre o sentido da vida e
sobre a importância de sempre alimentar essa busca por uma razão. Assim o presente trabalho
busca fundamentalmente esclarecer algumas perspectivas interseccionais onde se pode
articular o filme, em especial, às concepções fenomenológicas e existenciais, trazendo para a
baila alguns recortes do filme em associação aos conceitos de autores como Husserl,
Kierkegaard, Heidegger e outros trabalhados ao longo da disciplina de Psicologia da
personalidade IV.
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2. FENOMENOLOGIA

2.1 HUSSERL

Por todo o filme surgem expressões bastante interessantes do ponto de vista


psicológico, em especial no que concerne à fenomenologia de Edmund Husserl1. Um primeiro
ponto salutar que atravessa todo o enredo é o retorno às coisas mesmas, onde se pode articular
paralelos notáveis com as proposições fenomenológicas do filósofo alemão. É notável que
Howard se deparou, com a morte da filha, em um dilema insolúvel, o qual o transformou em
alguém esvaziado de sentido, e que o fizera se esquivar da própria história, das coisas como
foram e como eram, se fixando especialmente no que denominava as “abstrações”: amor,
tempo, e morte.
Pode-se dizer, cum granu salis, que aquelas abstrações compareciam, a princípio como
ferramentas classificatórias da realidade, do ponto de vista intelectual, mas é uma relação que
como mostra o filme, cresce com o correr do tempo. As abstrações ganham um segundo nível
de realidade quando Howard começa a enviar cartas a elas, pode-se perceber assim um
prelúdio ou tentativa da relação com as coisas em si. Na sequência, quando Howard se depara
com as entidades personificadas, pode-se delinear um novo nível. Aquelas que eram a
princípio, puramente categorias abstratas, surgem como uma possibilidade de relação. As
cartas, nunca respondidas, encontravam agora a melhor forma de expressão: A que é
genuinamente humana.
Cabe ressaltar, em um segundo momento, a cena que surge como a iluminação que
enseja todo o plano dos amigos do protagonista: Quando Whit, o amigo que possuia uma mãe
com instabilidades mentais, revela que ao parar de negar a realidade da mãe e se relacionar
verdadeiramente com a vida própria em que ela vivia, eles tiveram uma conexão muito mais
leve e verdadeira. Apenas quando ele suspendeu seus julgamentos racionais, pode se
relacionar verdadeiramente. Isto se articula ao ponto husserliano onde “somente através da
suspensão temporária de nossas concepções e interpretações diante do mundo que haverá
uma autêntica relação de encontro e alteridade com a pessoa escutada” (OLIVEIRA, 2019, p.
5). Assim ele propõe que eles entrem também na realidade de Howard, o que foi feito por
meio da personificação dando vida às abstrações.

1
Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859 - 1938) foi um filósofo e matemático alemão fundador da
escola fenomenológica.
5

Por fim, é possível perceber com clareza no enredo a descrição fenomenológica. A


prática surge em destaque nas rodas de conversa de Madeleine, ex-mulher de Howard.
Pode-se pensar, por exemplo, que todas as pessoas ali viveram traumas análogos. Poder-se-ia,
por outras vias, imaginar que esta é uma experiência em possibilidade de ser reduzida a um
luto, ou à não realização do luto, mas o foco fenomenológico está na singularidade da
experiência, e portanto a explicitação individual do conflito é algo que se pode considerar
essencial. Desta maneira as rodas de conversa atuavam de maneira a promover aquilo que
Husserl denominou como descrição fenomenológica.

3.0 EXISTENCIALISMO

3.1 KIERKEGAARD

Sören Kierkegaard partiu da ideia de que o indivíduo é responsável em dar significado


à sua vida e vivê-la, mesmo com os inúmeros obstáculos que podem surgir. Nesse sentido, é
atribuído ao indivíduo o papel de construtor de sua própria realidade. Ao pensar no filme
Beleza Oculta, observa-se que o personagem Howard Inlet ao perder sua filha Olívia de 6
anos para um tipo de câncer raro, não vê mais sentido na vida, nada mais tem importância,
existe uma falta de iniciativa, está apático e imerso no vazio depressivo. O enredo do filme se
dá justamente no processo de Howard tentar conseguir encontrar significado na sua vida
novamente.
Para Kierkegaard (1859/1986), o homem vive normalmente na ilusão, acreditando ser
o que em ato não é. Seguem daí as determinações do impessoal, tornando-se uma
“ovelha no rebanho”; mergulha profundamente em si próprio e se esquece do mundo;
perde-se no seu imaginário, não retornando ao real. (FEIJOO & PROTASIO, 2011, p.
79)

Que é exatamente o que ocorre com o personagem Howard, que após a morte de sua
filha fica recluso de todo o resto do mundo, passando a escrever cartas de ressentimento ao
tempo, amor e morte, optando por um determinado modo de existir em detrimento de outro.
Para esse filósofo da existência, a realidade não pode ser alcançada pelo puro ato do
pensamento. Segundo Kierkegaard, é a paixão que possibilita o ingresso no âmbito da
realidade. A existência também resgata o doloroso e escorregadio devir da realidade. Nesse
sentido, voltando ao filme, o protagonista se vê desprovido de paixão após esse
acontecimento tão abrupto na sua vida, é tanto que o mesmo escreve uma carta destinada ao
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amor, lhe dando adeus. Dessa forma, Howard passa a enfrentar essa dolorosa mudança da sua
realidade.
Ademais, Kierkegaard afirma que o homem segue deixando se levar pelas sensações e
pelos desejos, ampliando aquilo que considera como sendo sua liberdade de existir,
abandonando, para isso, todo e qualquer referencial. Em vista disso, pode-se pensar no
personagem Whit que deixou se levar pelo desejo e sensação e traiu sua esposa com a sua
secretária. No entanto, de acordo com esse filósofo existencial toda escolha traz uma
consequência e cada homem deve se responsabilizar por suas escolhas, é assim que surge a
angústia diante desse real estabelecido. Nessa questão, o personagem em questão se
responsabiliza pelas suas escolhas, seu casamento acabou e a sua relação com a sua filha se
tornou péssima, surgindo uma grande angústia nesse indivíduo acompanhada de
arrependimento e culpa.
Nessa linha de raciocínio, para Kierkegaard, o arrependimento e a culpa são os
sentimentos próprios daquele que estabelece uma relação de seriedade com a realidade,
responsabilizando-se assim pelas consequências da sua escolha. Portanto, é na angústia que o
homem se mobiliza no sentido de se apropriar de sua condição de liberdade.
Por fim, vale ressaltar o personagem Simon, que sofre de Mieloma Múltiplo mas não
consegue contar para sua família, negando assim a chance de seus familiares dizerem adeus e
tornando essa situação tão difícil ainda pior para ele mesmo. Nesse sentido, pode-se relacionar
com o pensamento de Kierkegaard, quando o mesmo diz que essa tentativa de escapar da
tensão e da angústia implica justamente a queda, que é quando o sujeito tenta escapar da sua
situação de vulnerabilidade.

Um estado de alma em que falta liberdade é denominado por Kierkegaard de


“hermetismo”, que significa a não comunicação com o outro ou consigo próprio. O
que esconde parece-lhe tão atroz que não revela nem a si mesmo. A retomada da
liberdade está, para o hermético, atrelada à revelação (Kierkegaard, 1844/2010).
(FEIJOO & PROTASIO, 2011, p. 79)

Logo, ter consciência de sua situação permite uma atitude séria diante da própria
existência, quanto maior a consciência de sua situação existencial, maior é a liberdade.

3.2 HEIDEGGER

A priori, para dialogar as questões do filme com as elaborações de Heidegger, torna-se


necessária uma contextualização e explanação acerca do trabalho teórico da filosofia
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ontológica. Filosofia esta, que buscou superar o método husserliano em busca de interrogar o
próprio objeto que estrutura o movimento filosófico: a questão sobre o Ser e seu estar na obra
Ser e Tempo (Heidegger, 1995). Com isso, trata o Ser através de seu aspecto ontológico
fundamental: a existência em aberto, visto que está sempre lançado as suas possibilidades.
Porém, vale ressaltar que, essa possibilidade não se trata de uma liberdade idealizada, mas sim
mas sim coloca em questão trazer a si a pessoalidade de sua vivência, passando do estado de
ente para o ser (Feijoo, 2008).
Em concordância, torna-se necessário pensar a noção de ente, que para Heidegger, o
homem é um ente ek-sistente: “a compreensão do ser é em si mesma uma determinação do ser
do ser-aí. O privilégio ôntico que distingue o ser-aí está em ser ele ontológico.” (Heidegger,
2006, p. 48) e que, quando toca a noção de ente, estamos articulando a esfera ôntica, ou seja,
as coisas como são na esfera material e estão destinadas a ser o que já está dado. Assim,
podemos pensar a analítica existencial como um fazer que aproxime o ser-aí da sua
constituição ontológica, a reflexão que o aproxima de seu ser.
Dito isso, quando articula-se às proposições teóricas de Heidegger e o filme em
questão, Beleza Oculta (2016), observamos que Howard (Will Smith) ao vivenciar a morte de
sua filha percebe-se entificado e afastado de sua condição de ser-aí, ou seja, ao se deparar com
a angústia e finitude da vida, se relaciona a partir da factualidade; a mercê do determinismo
dos fatos (Giles, 1989). Não obstante, por Howard fazer parte de um aí histórico-temporal,
sua condição começa a afetar seus colegas de trabalho que buscam uma forma de tocar seu ser
e fazê-lo tomar decisões importantes coletivamente. Assim, Howard entra em contato com 3
âmbitos ontológicos da vida; O tempo, que o aponta para a finitude da vida enquanto
tempo-espaço, meio termo, contrariando:

Esse conceito vulgar de uma série de tempos, enquanto dado primário da existência
temporal, resulta da existência inautêntica cotidiana, onde o tempo aparece como
algo que passa momento a momento. (GILES, 1989, p.18)

Com isso, o faz apropriar-se da finitude do nosso existir e, concordantemente, a presença da


morte encarnada na Helen movimenta e convoca o ser-para-morte: é como possibilidade
antecipada que a morte exerce todo o seu poder libertador na compreensão existencial
(Heidegger, 2006), convocando o ser-aí através da facticidade de sua vida, passando
necessariamente pela compreensão e pela angústia ontológica de ter de encontrar seu sentido.
Este sentido para o personagem, se deu pela aceitação da morte de sua filha através da
linguagem, ao falar as condições identificatórias e de falecimento, Howard escuta “a voz
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silenciosa do falado, que é o âmbito misterioso que nos dirige a palavra.” (GILES, 1989, p.
38) assim, se apropriando de sua condição existenciária.
Em consonância com o exposto, a morte encarnada toca os colegas e Howard para
além da atuação, quando seu amigo com uma doença em estado grave, não conta sua situação
para sua família e Helen o diz que “não está morrendo direito”, direito esse que diz respeito
ao sorge (zelar-cuidar) e sua estrutura tri-partidária, pois seus familiares tem o direito de sentir
sua morte; uma vez que só experienciamos a morte através do outro (Fernandes, 2011).
Por fim, ao se tratar de Keira, o amor encarnado, se tornou fenômeno para além da
atriz, mas principalmente com sua ex-esposa, que se desdobrou como o amor enquanto
possibilidade ontológica de transformação através da beleza oculta compreendida por ela
(Heidegger, 2006); como a possibilidade de sentir a existência e a conexão com tudo. Assim,
esse cuidado possibilitou a reconquista do ser-aí que se perdeu no impessoal, mobilizando o
sentido daquilo que era mais próprio de sua existência, a sua angústia que clamava pela
propriedade (Feijoo, 2008 p. 6).

4.0 GESTALT-TERAPIA

Howard, ao refletir sobre o tempo durante esse processo de perda que modificou o
modo de expor seus afetos e emoções, pensa nesse fator como sendo duradouro e que foi
presente, mas que sua filha não pode aproveitá-lo. “Viver neste mundo é estar em uma relação
de controle do tempo. Isso, na prática, implica em um dever de viver intensamente, mas sem
sucumbir à sedução do presente.” (REIS, 2011). Desse modo, o personagem não vê mais
sentido na vida e nada mais tem importância após a morte de sua filha, pois agora ela não
pode mais aproveitar esse tempo.
A fenomenologia, tendo como característica a exploração dos fenômenos que
manifestam-se na consciência do homem, pensa no tempo como um movimento para aceitar
as coisas que precisamos lidar.

A pertença a uma cultura específica, de um tempo também específico, parece


instaurar uma tácita aceitação das coisas com as quais lidamos e acreditamos; isso,
sem dúvida, deve ocorrer ao tratarmos de algo aparentemente tão constante e natural
quanto o tempo. (REIS, 2011, p. 60)

Quando essa abstração do Tempo passa a ser real na vida de Howard a partir do
personagem Jacob Latimore contratado pelos seus colaboradores, é exposta a ideia de que o
9

tempo é presente para ele em todas as horas, mesmo quando ele o está desperdiçando. A
questão presente é que a partir da depressão, Howard compreende o tempo como sendo algo
indominável, excluindo a possibilidade de ver e conseguir se relacionar com o meio. O
passado é o seu principal obstáculo durante esse percurso. Do ponto de vista da experiência,
não existe presente sem referência intrínseca ao passado e ao futuro (Costa 2004).
Posto isto, ao ponderar-se a perspectiva de mudança na vida do personagem, podemos
pensar em consonância com o autor (Reis 2011); para que haja mudança, segundo a visão
gestáltica, o indivíduo precisa se apropriar de si e integrar suas polaridades. Tem que se
reconhecer, aceitar-se para poder mudar. No ponto de vista gestáltico, faz-se necessário que o
indivíduo tenha essa flexibilidade de mudança. Quando deprimido, o sujeito tem suas
emoções barradas por situações passadas que ocasionaram tal sentimento, cabe a ele portanto,
estar disposto a considerar a possibilidade de mudanças trabalhando seu trauma.

5.0 A LOUCURA COMO FENÔMENO PSICOSSOCIAL.


Schneider (2009), entende a loucura como um fenômeno psicossocial tipicamente
humano, pois apenas quando deparado com seus sintomas dentro da sociedade, o ser percebe
a estranheza de sua personalidade. Quando Howard (Will Smith), defronta-se com o fato de
poder estar falando sozinho em público, ele percebe que aquele comportamento é
característico de uma psicopatologia que precisa ser levada em consideração. É importante
ressaltar que os transtornos relacionados ao seu luto, são vistos de forma individual, ou seja,
descolado da realidade em que o sujeito se insere, sendo que essa possui uma crucial
responsabilidade no sofrimento psíquico que o atravessa.

A partir da contribuição de Sartre e da ciência hodierna, a psicopatologia tem de ser


compreendida como um complexo de funções alterando-se umas a outras, ou seja,
como um processo, constituído na vida de relações e não como algo dado, cuja
predisposição a pessoa tem, mas ativada pelo meio. (SCHNEIDER, 2009, p. 73)

Segundo Sartre (1997), os comportamentos do ser, apesar de serem reproduzidos


individualmente, são compostos por meio das suas relações com a sociedade em que ele está
inserido, manifestando-se assim por meio de ações sócio-históricas. Sendo assim,
contrariando o organicismo psiquiátrico das “doenças mentais”, pautado por uma necessidade
científica em descobrir a causa e prevenção das psicopatologias, tratando como algo
relativamente físico e neurológico.
10

Esse componente existencialista, é trazido por um dos personagens, quando ele


percebe que pessoas que perdem o contato moral com a realidade, na verdade estão apenas
criando um outro tipo de contato, diferente daquele comumente aceito. Portanto, é necessário
entender que, existe uma forma padronizada de organização social e a “loucura”,
propriamente dita, pode ser apenas uma fuga dessa realidade. No caso do luto, sofrido pelo
personagem principal, negociar com essa realidade, onde sua filha está morta, é algo
extremamente doloroso e aceitar que existe uma outra forma de continuar vivendo é uma
perfeita válvula de escape, mesmo que contrarie o funcionamento psicossocial imposto.

REFERÊNCIAS

BELEZA OCULTA. Direção: David Frankel. Produção de Michael Sugar. Estados Unidos:
Warner Bros, 2016. 1 DVD.

COSTA, V. E. S. M. O aqui-e-agora em uma perspectiva clínica. Revista do X Encontro


Goiano da abordagem gestáltica, 2006. 10, 29-32.

FEIJOO, A, M. L. C de. Fundamentos Fenomenológico-Existenciais Para a Clínica


Psicológica. In SIMPÓSIO DE PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICO – EXISTENCIAL, 1.,
2008, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Fundação Guimarães Rosa, 2008. p. 07-18.

FEIJOO, A. M. L. C.; PROTASIO, M. M.. Análise existencial: uma psicologia de


inspiração Kierkegaardiana. Arquivos Brasileiros de Psicologia. Rio de Janeiro, v. 63, n. 3,
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FERNANDES, Marcos Aurélio. O cuidado como amor em Heidegger. Rev. abordagem


gestalt., Goiânia , v. 17, n. 2, p. 158-171, dez. 2011 .

HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Bragança Paulista: Edusf; Petrópolis: Vozes, 2006.

KIRCHNER, Renato. A analítica existencial heideggeriana: um modo original de


compreender o ser humano. Rev. NUFEN, Belém , v. 8, n. 2, p. 112-128, 2016.
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OLIVEIRA, Thayane Cristine Amaral; BORBA, Jean Marlos Pinheiro. Contribuições da


fenomenologia Husserliana para a Psicologia Clínica. Rev. NUFEN, Belém , v. 11, n. 3, p.
154-169, dez. 2019.

REIS, G. M. O Aqui-e-Agora na gestalt-terapia: um diálogo com a sociologia da


contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, vol.
XVII, núm. 1, janeiro-junho, 2011, pp. 59-67.

SARTRE, J. P. O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Petrópolis: Vozes,


1997.

SCHNEIDER, D. R. Caminhos históricos e epistemológicos da psicopatologia:


contribuições da fenomenologia e existencialismo. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental,
Vol.1, n. 2, p. 57-72, out/dez de 2009.

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